O Chip da Perfeição

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O Chip da Perfeição

O CHIP DA PERFEIÇÃO

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ANTÓNIO MARIA PINHEIRO

O CHIP

DA PERFEIÇÃO

título: O Chip da Perfeição

autor: António Maria Pinheiro

edição: Edições Vírgula® (Chancela Sítio do Livro)

revisão: Inês Dias

arranjo de capa: Ângela Espinha

paginação: Paulo Resende

1.ª edição

Lisboa, agosto 2025

isbn: 978‑989 9284 03 6

depósito legal: 550366/25

© António MAriA Pinheiro

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publicação e comercialização: www.sitiodolivro.pt publicar@sitiodolivro.pt (+351) 211 932 500

INTRODUÇÃO

O chip da perfeição humana é uma obra de ficção utópica, a pensar num futuro ainda longínquo. Se será realidade, não serão os vivos de hoje que o poderão dizer. Trata de um ser humano, a quem lhe foi dado o nome de Arthur. Filho de um casal de estudantes, viciados em drogas. Após a morte dos pais, ainda bastante jovens, é recolhido por Tici, sua vizinha. Foi ela que desde a sua nascença, cuidava dele como filho, por perceber a incapacidade dos pais, para o fazer. O seu interesse pelas novas tecnologias começou desde o início da escola primária, com seis anos de idade. Sempre interessado em saber, passava o tempo com o minicomputador que Tici lhe comprou, no seu sexto aniversário.

Ao terminar o curso de medicina nuclear, o seu interesse pela robotização e tudo o que se ligava às novas tecnologias, das quais já tinha conhecimentos muito avançados, leva-o a concretizar um projeto pensado desde criança, sobre um chip, para aplicar no ser humano.

O romance e posterior casamento de Arthur com Leika, filha do presidente da Jet Word, facilitou o progresso do seu projeto.

As grandes turbulências sociais que se viviam, em todas as cidades mundiais, que se inundavam de gente sem trabalho, sem

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futuro, de gente formada nas universidades e com uma visão da vida completamente diferente dos séculos passados.

Com o desinteresse pelos robôs, nas grandes empresas, as avarias constantes passam a ser mais prejudiciais, do que a utilização da mão de obra humana, de há quase uma centena de anos atrás.

Após vários anos de trabalho no seu projeto, e já preparado para iniciar as experiências na macaca Hilda, num recurso de vida ou morte, ia aplicar pela primeira vez o chip em gémeos, filhos do maior empresário mundial, mas, no dia marcado para implantar o microchip nos gémeos, um grande acidente de helicóptero termina com a morte de todos os ocupantes. Todos da família Shi Won faleceram no acidente, exceto a filha Leika, a única da família que não ia no helicóptero, ficou a ser a única herdeira do império Shi Won. Dá continuação ao projeto e casa com Arthur.

O chip da perfeição humana, passa à realidade, a partir do ano dois mil cento e cinquenta. Sendo aplicado em todos os seres humanos à nascença.

Às filhas: Dália, Ana e Maria

Aos netos: Guilherme e Madalena

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IBetty vivia e estudava na sua aldeia, no interior do país. Filha de agricultores de médios recursos financeiros. Ao terminar o curso secundário no seu concelho, os pais queriam que Betty frequentasse um curso superior, mesmo sabendo que os custos seriam muitos, muitíssimo elevados, para as suas parcas capacidades financeiras, mas estavam dispostos a vender algumas coisas que tinham e fazerem mais alguns sacrifícios. Para eles era um objetivo ver a filha com outra profissão e não a queriam ver ali a seguir a “rude vida” que tinham escolhido para eles.

Betty não tinha muita certeza do que queria para o seu futuro, embora tivesse tido sempre boas notas, escolheu advocacia, apenas porque queria fazer a vontade aos pais. Inscreve-se numa universidade pública na capital do país e inicia o primeiro ano. Passados três meses conheceu o seu colega de turma Matheus, os dois faziam um casal de bom porte. Matheus já tinha algum contacto com drogas, Betty já se sentia muito próxima dele, a situação dos dois era muito idêntica. Matheus também era oriundo do interior do país e, tanto um como o outro, tinham pouca experiência da vivência das grandes cidades. Matheus começou a ter contacto com drogas mais duras e a fazer com que Betty também começasse a consumir. O segundo semestre na universidade já estava a ser muito complicado para Preview

A ntónio M A ri A P inheiro os dois, as faltas às aulas já eram muitas. Os pais de ambos tinham alugado um apartamento próximo da universidade, num prédio que tinha sido remodelado há cerca de cinco anos. Um rés do chão, com três assoalhadas, bem cuidado, mas ao fim de uns meses, já começava a ter sinais de maltratado, desde que eles se aprofundaram no consumo de drogas. O final do ano letivo aproximava-se e ambos tinham vindo a piorar, tanto em faltas como no estudo que deixaram completamente de o fazer. Matheus começou a ir para os parques de estacionamento ao ar livre esperando ganhar algum dinheiro para os alimentar com as drogas. Betty estava perto de dar à luz uma criança de sexo masculino. Os pais de ambos é que pagavam o aluguer do apartamento e mandavam algum dinheiro para a alimentação e despesas, não sabendo eles, que tudo o que os filhos angariavam, era gasto no consumo de drogas, que para eles era prioritário. A alimentação passou a ser mínima.

A vizinha Tici, mulher com trinta e oito anos de idade, bem-parecida, solteira e enfermeira especializada em pediatria, morava no rés do chão em frente ao deles, era ela que os ajudava, conhecia-os desde que vieram para ali morar e gostava de ambos. Tici já tinha tido alguns namoros, embora nunca tivesse acertado com nenhum deles, dedicando-se à sua profissão da qual gostava muito. A sua independência também era um dos entraves a ter um compromisso, sem que tivesse de dar contas fosse a quem fosse, e assim se deixou ficar deixando que o tempo lhe trouxesse algo de diferente. Talvez um dia, se à sua frente se cruzasse a pessoa certa, assumisse um compromisso.

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De momento, eram os animais de estimação, a quem dedicava o seu tempo e que muito defendia. O casal de gatos que tinha, eram a sua companhia, a Rebeca e o Pintas, não deixando de prestar atenção a muitos animais que via abandonados. Não podendo tratar de todos, procurava resolver com pessoas amigas, através das redes sociais. Era, sem dúvida, uma pessoa de sentimentos pelo ser humano, assim como pelos animais, interessando-se pela natureza, que era uma das suas ocupações de lazer, passear pelo campo ou passar algum tempo na praia, tomando sol. Tici ajudava o casal com alguma alimentação e, por vezes, na compra de medicamentos, mas nos últimos tempos, já tinha receio, quando percebeu que estavam ligados ao mundo das drogas. Betty estava perto de dar à luz. Quando nasceu o bebé, foi Tici que deu assistência a Betty no parto, na maternidade do hospital onde trabalhava. Tici, percebendo que os pais do bebé pouco se interessavam, devido ao estado avançado em que estavam pelo consumo das drogas, preocupava-se. Agora não só pelos pais, mas também pelo bebé.

Os avós não podiam deslocar-se frequentemente e já se tinham apercebido que os filhos não estavam a fazer uma vida de boa conduta nos estudos. Eram pessoas que nunca tinham saído das aldeias, apenas iam de vez em quando à vila mais próxima e a ida à grande cidade era para ambos uma grande confusão. Vieram a saber que os filhos estavam envolvidos nas drogas e, para os pais de Betty e de Matheus, foi o desânimo total, sentindo-se incapacitados para os recuperar deixaram de os visitar.

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Arthur foi o nome que escolheram para o bebé. Tici, vizinha que desde a primeira hora de nascença do bebé o acompanhava e tratava dele, como se seu filho se tratasse, por se aperceber da incapacidade dos pais para o fazer. Arthur estava a fazer quatro anos de idade, Betty morreu devido às maledicências das drogas. Matheus estava muito mal no hospital, os médicos davam-lhe pouco tempo de vida e passado um mês faleceu. Tici já gostava demasiado de Arthur, tinha sido ela que praticamente o criou até à data. Os pais de Betty e Matheus, sabendo que o neto seria como um filho para Tici, decidiram que fosse ela a cuidar dele, e que fariam visitas sempre que pudessem. Combinaram entre todos e ficou oficializado que Tici seria quem ficaria com a responsabilidade de criar Arthur. Tici comprometeu-se a levar Arthur nas férias alternadamente, a casa dos avós, paternos e maternos. Ficou radiante com a decisão dos avós de deixarem Arthur ao seu cuidado. Tinha uma amiga mais jovem de nome Mary, que trabalhava na secretaria da maternidade. Mary com vinte e três anos era muito dedicada ao seu trabalho e, entre as duas, criaram uma grande empatia. Quando Tici disse que ia ficar com Arthur, Mary prontificou-se a ajudá-la. Principalmente quando ela estivesse de serviço na maternidade do hospital. Preview

No sexto aniversário de Arthur, Tici compra-lhe um minicomputador. Para ele, foi a melhor prenda que podia receber. Com a sua grande curiosidade em conhecer as novas tecnologias, podia ver um mundo infinito de coisas. Foi gastando o tempo disponível na descoberta. Tinha muita curiosidade em conhecer como apareciam as coisas por detrás daquele vidro que lhe transmitia as imagens. Foi preciso pouco tempo para que Arthur começasse a entender muito das novas tecnologias daquele pequeno retângulo que o acompanhava sempre. Aos dez anos de idade, a terminar a quarta classe, já o alcunhavam de o menino chipado, porque ele já falava na escola, dentro da sala de aula, que iria descobrir um chip para aplicar no ser humano, que seria o chip para que o Homem fosse perfeito. Todos o olhavam quando ele falava no assunto e havia até professores que entre eles falavam se Arthur seria normal. Tici, preocupada com as informações que lhe transmitiam da escola, levou Arthur ao médico, para fazer todos os exames necessários e saber se afinal ele tinha algum problema. Após vários exames médicos a que foi submetido, a notícia que a sua saúde estava muito boa, e as suas capacidades de aprendizagem estavam acima da média, com um coeficiente de inteligência altíssimo, ficou aliviada. Tici era uma mulher interessada na cultura a nível mundial. Desde Preview

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cedo, nas férias grandes, todos os anos fazia uma viagem, conhecendo e dando a conhecer a Arthur vários países.

Mostrando-lhe o modo de vida e a cultura de cada país. Dando assim conhecimentos que Arthur soube acumular, aproveitando para um maior e mais rápido desenvolvimento, nos anos em que foi criança.

Arthur estava a terminar o décimo ano, já as suas experiências iam muito avançadas. Fazia tudo em segredo no seu quarto. Tici arrumava o quarto, e nem ela se apercebia ou desconfiava das muitas contas em cadernos, rabiscos e pequenos chips, onde ele ia desenvolvendo o seu projeto, pois o que ali via, pensava ela, eram trabalhos escolares. Cada dia que passava, Arthur sentia que o seu projeto estava a ser um êxito, a alegria já começava a ver-se no seu rosto, que a sua luta estava quase a ter fim, sabendo que a partir daí teria ainda muito para fazer. No aperfeiçoamento do chip, teria de fazer muitas experiências e não seria fácil um jovem apresentar uma invenção tão arrojada, num mundo onde quem manda e quem controla a política mundial, são as multinacionais. Ele já tinha ideias bem definidas como caminhar no sentido de vencer, com o seu projeto. Ia continuar os estudos, como até à data, assim como o seu objetivo de se especializar em medicina nuclear, muito apoiado por Tici.

Arthur sentia-se bem com a sua mãe adotiva, de quem gostava muito, ela também o tinha como sua principal preocu–pação.

Tici deixou de pensar em si dedicando-se aos sobrinhos e, desde que nasceu Arthur, também ele é parte das suas Preview

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preocupações, embora mantenha um grande amor pelos sobrinhos que visita assiduamente.

Quando fazia os fins de semana, ou trabalho noturno, no hospital, na enfermaria de pediatria, preocupava-se com Arthur, mesmo sabendo que estava bem entregue aos cuidados de Mary, a melhor amiga de Tici. Ele já tinha idade e ela ensinou-o a fazer o necessário para quando estivesse ausente, saber o que fazer. Sempre preocupada, Tici telefonava para Mary, de vez em quando, para saber se estava tudo bem com Arthur. A terminar o último ano escolar que lhe dá acesso à universidade, já tinha as ideias para a finalização do seu projeto, não deixando de continuar a pensar nele, sabia que nada podia falhar, quando entrasse para as experiências finais. Arthur entrou para a universidade sendo o candidato com a nota mais alta, dezanove e oitenta e oito, no curso de medicina nuclear. A nota mais baixa exigida era a de dezoito valores. O seu interesse em conhecer bem o corpo humano, era o objetivo que o levava a estudar medicina, seria o complemento necessário para finalizar o seu projeto. A sua ideia para as primeiras experiências com o chip seria num macaco, sabendo que teria de passar várias barreiras para o conseguir. A sua vantagem era a de que em medicina nuclear podia adquirir a sua cobaia, apenas teria de esperar algum tempo. Os estudos na universidade, no final do segundo ano, estavam a ir muito bem.

A continuação do seu projeto, no aperfeiçoamento do chip ia no bom caminho e já tinha a promessa que a sua cobaia em breve lhe seria entregue. Sabia que ainda precisaria de muitos anos, com muitas experiências nos animais, para que pudesse aplicar Preview

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o seu chip no ser humano. Seria ele o primeiro humano que ia servir de cobaia.

Tici, mãe adotiva de Arthur, também conhecedora de medicina, pelos seus dezasseis anos como enfermeira especializada em pediatria, apoiava e acompanhava o filho no seu projeto, depois de este lhe ter explicado o que andava a fazer há anos. Tici ficou maravilhada em saber. Apenas lamentou que fosse só agora que lhe dizia, porque o podia ter ajudado em uma ou outra situação em que precisasse de apoio. Era um segredo, que só os dois guardavam. Na universidade, o que sabiam era muito pouco, para o avanço que ele já tinha nos resultados obtidos até à data.

A frequentar o quarto ano na universidade, no curso de medicina, é-lhe entregue a tão esperada e desejada cobaia. Arthur já podia programar todo o seu tempo que ia ser dedicado à sua nova companheira cobaia e dar continuação ao seu projeto. O animal que lhe trouxeram, com dezasseis anos de idade tinha bom aspeto, com aproximadamente noventa centímetros de altura, era sem dúvida o que ele sonhava para completar o seu projeto. Hilda era o nome da sua futura companheira. Sabia que ainda precisava de longos anos, mas não era nada que ele não tivesse preparado e tinha a certeza que o tempo que já tinha gastado e o que ainda teria que gastar, valeu e valeria a pena, porque seria um grande avanço para a humanidade. O sonho e a persistência, seriam compensados, cada dia se sentia mais confiante, mais ainda desde que contou à sua mãe, Tici, de onde sempre sentiu apoio, que muitas vezes lhe faltava,

o C hi P d A P erfeição 19 e era com ela que desabafava, ou tirava algumas dúvidas, recebendo conselhos ou palavras de incentivo. Os conhecimentos práticos de Tici em medicina, também lhe eram muito úteis, e ele gostava de a ouvir falar neles. Sabia que os estudos eram importantes, mas a prática era o complemento necessário para compreender mais facilmente o que estudava. Arthur passou a preocupar-se com a sua companheira, cobaia Hilda. Ainda precisava de muito tempo para iniciar a instalação do microchip na sua agora companheira. Levaria uns três a quatro anos, no mínimo. A alimentação, os cuidados para que ela tivesse sempre de boa saúde, além de todas as vacinas necessárias, seriam de sua inteira responsabilidade. Era com agrado que ele a tratava e passou a ser uma ocupação agradável para ele, assim como para Tici, que também gostava muito de animais. Passado um mês de Hilda ser entregue a Arthur, já sentia que a empatia entre os três era bastante saudável. Preview

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Tinham passado catorze meses desde que Hilda estava a conviver com Arthur e a mãe. Para eles, ela foi uma bênção que entrou na casa. Tici paparicava-a muito e, cada dia que passava, entendiam-se na perfeição, pelos gestos que Hilda fazia, tanto Arthur, como Tici percebiam-nos todos, como também os guinchos e gemidos.

Os namoros de Arthur eram de pouco tempo, a sua dedicação ao sonho de criança, não dava para que fosse dividido, entre o seu objetivo e uma companheira. Teve uma fraqueza com uma sua colega da universidade, de nome Gabi, de quem se enamorou, sendo até o mais duradouro dos namoros. Conviviam, mas não avançava muito, como ela gostava muito dele, percebeu que Arthur tinha a sua vida dedicada ao seu projeto, e procurava não o incomodar, desconhecendo o que era e qual a sua finalidade. Ele também nunca se manifestou sobre o assunto, embora se encontrassem de vez em quando. Os estudos iam bem, assim como a sua vida com Hilda e Tici, estavam cada dia mais familiarizados e a sua cobaia estava a ir muito bem no relacionamento e compreensão, para atingir os objetivos de que ele, desde criança, ia lutando.

Arthur sabia que ao conseguir completar o chip da perfeição humana, teria posteriormente uma grande luta para convencer o Preview

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