Revista Diz Aí Comunidade 8 Edição Especial

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Edição 8- Ano 2021 – Mês Abril


DIZ AÍ COMUNIDADE

A primeira revista da comunidade para a

comunidade Abril 2021

QUEM SOU

EXPEDIENTE Fundada em julho de 2020 Jornalista responsável - Sheila Castro Diagramação e textos - Sheila Castro Revisão Shirley Baptista Comercial Diogo Ribeiro

Sheila Castro a fundadora da revista é graduada em jornalismo e moradora de periferia,engajada com as questões da comunidade. A revista Diz Aí Comunidade nasceu para criar um elo de informações com as comunidades e trazer notícias relevantes sobre questões da própria comunidade, mostrando sempre o lado positivo destas comunidades. Esse espaço é mais um lugar de fortalecimento da voz da periferia e seus moradores.

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QUE PÁGINA ESTÁ?

JUTHAY NOGUEIRA, MULHER GUERREIRA DO MORRO DAS PEDRAS MANTÊM PROJETO SOCIAL PARA AJUDAR CRIANÇAS E MULHERES NA COMUNIDADE. 6 Sr TÔMAS E A LUTA PELA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL, DO ÚLTIMO ESPAÇO DE VERDE DA CIDADE DE BELO HORIZONTE. 9 RÁDIO COMUNITÁRIA BRASIL FM 87,9 MHZ, LANÇA SEU NOVO APLICATIVO PARA CELULAR, E PRESIDENTE CONTA UM POUCO DA HISTÓRIA DA RÁDIO E OS PLANOS DE AMPLIAÇÃO PARA 2021. 12 MORADORES ORGANIZAM FESTA DE 15 ANOS COMUNITÁRIA, E REALIZAM O SONHO DE 16 JOVENS. 15 GRUPO MÃES QUE CHORAM REALIZA PROJETO SOCIAL PARA ACOLHER MÃES QUE PERDERAM OS FILHOS ASSASSINADOS. 18 LUTA E GARRA NA OCUPAÇÃO VITÓRIA. 22 P OA AA AR RÃ ÃO O PR RO OJJE ETTO OE EN N__H HA AC CO OR RÉ ÉA ATTE EN ND DE E 115500 C CR RIIA AN NÇ ÇA AS SD DO OB BA AIIR RR RO ON NO OV VO R RE EIIS S C CO OM MA ATTIIV VIID DA AD DE ES SC CU ULLTTU UR RA AIIS SE E E ES SP PO OR RTTIIV VA AS S.. 26


DANÇARINO DO BAIRRO PALMITAL CONQUISTA TÍTULO DE MELHOR DANÇARINO DE LOCKING 32

GRUPO UAI SOUND SISTEM DA REGIÃO NORTE CONQUISTA A CIDADE E AS COMUNIDADES, COM SEU SOM POTENTE E VERSOS QUE TRAZEM A TONA AS MAZELAS SOCIAIS. 35 MORADOR DO BAIRRO NOVO AARÃO REIS ESPALHA A MAGIA DO MOVIMENTO SOUL NA COMUNIDADE E NA CIDADE DE BELO HORIZONTE. 39 O CLUBE DA RIMA

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A TRADIÇÃO DA FOLIA DE SANTOS REIS PRESERVADA POR MORADORES DO BAIRRO PAULO VI 45

C OS S CA AS SA ALL D DE E D DJJS S M MIIN NE EIIR RO OS SP PU UP PP PE ETT M M44S STTE ER R R RE EV VE ELLA AO OS SD DE ES SA AFFIIO E EN NFFR RE EN NTTA AD DO OS SN NA A P PR RO OFFIIS SS SÃ ÃO O E E N NO OU UN NIIV VE ER RS SO O D DA A M MÚ ÚS SIIC CA AE ELLE ETTR RÔ ÔN NIIC CA A M MIIN NE EIIR RA A.. 50



JUTHAY NOGUEIRA, MULHER GUERREIRA DO MORRO DAS PEDRAS MANTÊM PROJETO SOCIAL PARA AJUDAR CRIANÇAS E MULHERES NA COMUNIDADE.


CRIANÇAS E MULHERES SÃO RECEBIDAS COM AFETO, CARINHO E MUITA DEDICAÇÃO EM PROJETO SOCIAL DO MORRO DAS PEDRAS. Por Sheila Castro

O cenário é o Morro das Pedras, o quarto maior aglomerado de Belo Horizonte localizado na Zona Oeste, da cidade, neste local uma mulher guerreira transforma a comunidade com suas ações, com uma trajetória de vida sofrida pautada pela pobreza e inúmeras dificuldades Juthay Nogueira fez de sua trajetória de vida uma força para lutar por sua comunidade. De um prato de comida, nasceu o Projeto Romper no Morro das pedras em 2015, o projeto surgiu quando ela percebeu a necessidade de amparar e assistir jovens da comunidade entre 03 e 17 anos em suas necessidades básicas, pois em vários lares de onde as crianças vinham nada tinha para alimentá-las , o projeto nasceu inicialmente com o propósito de levar alimentos diários para estas crianças. Entretanto não era só de alimentos que as crianças precisavam havia também o para casa, e outras atividades escolares, havia o lazer e a cultura , as deficiências nestas áreas começaram a se tornar claras, assim Juthay começa sua luta para obter ajuda de doações . Hoje o projeto acontece em uma casa que possui como estrutura uma cozinha, uma biblioteca, e o salão onde são realizadas as atividades. E atende uma média de 71 crianças diariamente com refeições, educação e lazer. Muitos jovens ainda por meio do projeto tiveram acesso a cursos profissionalizantes como de salgadeira, confeiteira, e outros realizados com

Um dos grandes focos é cuidar deste jovem para que ele não ingresse na marginalidade, e para inspirar os jovens Juthay promove passeios para lugares diversos como parques, museus e cinemas, mas o projeto oferece aulas de reforço escolar, e outras atividades lúdicas voltadas para o ato de educar para crescer. Durante o ano acontecem ainda os eventos ligados às datas comemorativas, como festa da páscoa com distribuição de ovos, ou dia das crianças que além de uma festa recheada de guloseimas as crianças recebem presentes, assim como no natal onde as crianças escrevem a cartinha do Papai do Noel, e no dia de seus presentes natal recebem acompanhado de uma ceia solidária que é distribuída a moradores da comunidade. Juthay, vê nos jovens de sua comunidade a esperança de nossa nação e não mede esforços para ajudar, e o trabalho do projeto romper recebeu o reconhecimento internacional em um evento em Nova York, entretanto muitos outros prêmios e homenagem seriam dados ao projeto. Com o andamento do projeto Romper, reconhecemos a necessidade de assessorar também daquelas crianças e outras mulheres do morro das pedras, as empoderando e 6


JUTHAY E ALGUMAS CRIANÇAS DO PROJETO

e gerando oportunidades, mediante a independência financeira. “por isso atendemos, acolhemos mulheres em situação de violência doméstica e outras vulnerabilidades, as encaminhamos para empregos, ainda ofertamos as rodas de terapias comunitárias, além de palestras e debates.” Hoje são em média 80 mulheres assistidas pelo projeto Romper , que encontram no espaço um lugar para recuperar a dignidade perdida durante os atos violentos que sofreram. Há ainda no espaço do projeto um bazar solidário, e além das refeições das crianças Juthay tem outro projeto que distribui cestas básicas e outros alimentos como verduras, e frutas para várias famílias da comunidade , para buscar as verduras Juty conta que acorda sábado às cinco da manhã para buscar tudo no Ceasa, e quando chega

limpa, organiza e realiza a entrega para as famílias que formam fila na espera dos alimentos. Com tanta garra, Juthay se tornou referência em sua comunidade e fora dela também, já foi personagem e contou sua história para inúmeras emissoras de televisão da cidade. Entretanto, o maior reconhecimento segundo ela é quando coloca a cabeça no travesseiro e sabe que fez a sua parte, e que com sua luta uma criança ou uma mãe da comunidade vai dormir alimentada e segura.

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Sr TÔMAS E A LUTA PELA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL, DO ÚLTIMO ESPAÇO DE VERDE DA CIDADE DE BELO HORIZONTE.


Sr. TÔMAS DESBRAVOU TRILHAS, E LUTA A MAIS DE 20 ANOS PELA PRESERVAÇÃO DA MATA DA SANTINHA NA REGIÃO NORTE DA CIDADE. Por Sheila Castro

Em 1969 quando voltava da cidade de Santa Luzia, Sr Tômas que era bombeiro teve sua atenção desviada por fileira de carros parados próximos a uma pequena cachoeira onde mulheres tomavam banho e lavavam roupas, a pequena cachoeira era cercada por uma pomposa mata que se estendia por muitos quilômetros, segundo o Sr Tômas, ele não acreditou que houvesse um paraíso tão próximo a cidade de Belo Horizonte. Esse paraíso que ele tinha encontrado é uma parte de área da mata do izidoro que é uma floresta urbana situada na região norte de Belo Horizonte. Trata-se de uma região extensa remanescente de vegetação do município é que não é uma unidade de transição há também os biomas Mata Atlântica e Cerrado, além de nascentes e o rio Izidoro. A mata também recebe o nome de Granja Werneck, é uma área de 950 hectares localizada na região norte de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, junto à divisa com o município de Santa Luzia. Esta região apresenta um grande potencial para se tornar um dos maiores parque urbanos do mundo, superando em duas vezes o tamanho do parque Cidade Dona Sarah Kubitschek (420 ha), localizado em Brasília (DF), considerado o maior parque urbano da América do Sul, e em quase três vezes o Central Park de Nova York (341 ha). Hoje, a maior área

verde protegida da cidade é o parque das Mangabeiras localizado na região sul da capital com 240 hectares. Curioso e disposto a desbravar a mata na busca da nascente, SrTômas chamou dois amigos do corpo de bombeiros e munidos de uma corda de 30 metros, iniciaram a difícil tarefa mata adentro, mas tal feito revelou a ele uma nascente protegida por uma mata densa e um brejo. Ao retornar ainda fez outra descoberta bem próximo a mata nascia o bairro Ribeiro de Abreu , e Tômas tomou a decisão de comprar uma casa , escolheu a casa mais próxima a mata e dali em diante se tornou o grande protetor da mesma . Sempre com o coração voltado para a preservação SrTômas, fundou a unidade dos patrulheiros mirins e começa sua trajetória de levar conscientização ambiental para crianças jovens e adultos e para realizar tal atividade conduzia esses grupos com sua tutoria para desbravar a mata e aprender com ela o sentido de preservação. Certo dia um morador antigo aconselhou Tômas a não levar mais as crianças para a mata, pois havia visto uma sucuri, tal fala o inspirou a nomear as trilhas que já havia mapeado nascendo ali as trilhas sucuri 1, 2, 3, sendo que a sucuri três e a que apresenta maior grau de dificuldade e acesso. Sr Tômas descobriu o Santinho (que é o poçinho da nascente) esse é um afluente do córrego do onça, mas na mata ainda havia o poçinho azul , que tem esse nome devido a cor de sua água . 9


Conforme Sr Tômas “Estamos nessa região cercados por quatro cursos de água, o Santinho, Izidoro, Onça e o Poçinho Azul”. Foram vinte anos de trabalhos com os jovens realizando a limpeza das trilhas e dos cursos de água Entretanto nos últimos anos a mata do Izidoro que além das nascentes abriga o Quilombo Mangueiras tem sido alvo de inúmeras disputas judiciais e especulações imobiliárias, ainda segundo Sr Tômas algumas partes da mata vem sendo invadidas por pessoas sem teto, que não somente derrubam árvores, mas também sujam e degradam as trilhas e os cursos de água.

“Sinto uma enorme tristeza ao ver que todo esse presente da natureza, esse pequeno paraíso da cidade pode deixar de existir para dar lugar a prédios cinza”. Ainda fortemente engajado na luta pela preservação da mata do Isidoro e da Santinha , Sr Tômas se torna a voz oficial da mata que grita por socorro”.

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RÁDIO COMUNITÁRIA BRASIL FM 87,9 MHZ, LANÇA SEU NOVO APLICATIVO PARA CELULAR, E PRESIDENTE CONTA UM POUCO DA HISTÓRIA DA RÁDIO E OS PLANOS DE AMPLIAÇÃO PARA 2021.


GERALDO MARACUNAIA, REVELA A TRAJETÓRIA DE LUTAS E CONQUISTAS PELA COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA. Por Sheila Castro Na comunidade do bairro primeiro de Maio região Norte de BH, no ano 1988 um sonho ganhava forma no bairro, com o apoio do Padre Pigie, e alguns amigos fundadores da Associação comunitária de radiodifusão surgiu a primeira rádio comunitária, sonho de alguns moradores e fundadores da rádio são eles Geraldo Maracunaia, Alexandre Roberto, Geraldo Magela, Nilza, Maria Lucia, Alexandre Vitor, Padre Pigie, João Reis Moacir Coimbra. Nesse mesmo ano o grupo deu entrada no pedido de autorização do serviço de radiodifusão em Belo Horizonte no Ministério das comunicações, em Brasília, Mas enquanto a burocracia rolava em Brasília; estávamos funcionando a todo vapor como uma rádio Pirata, até sair a documentação legal segundo Geraldo Maracunaia a radio funcionava mas com grande perseguição da Anatel que várias vezes, lacraram os transmissores, e equipamentos. Em 25 de outubro de 20005a Anatel e polícia Federal fizeram uma busca e apreensão de todos equipamentos e levaram preso Geraldo Maracunaia conduzido para a delegacia da Polícia Federal, sendo acusado pelo crime de telecomunicação ilegal , e formação de quadrilha. Após esse episódio realizamos articulações

políticas em vários gabinetes de deputados federais e senadores e presidente na época. Quando enfim o presidente Lula concedeu a outorga, porém no final do seu 2º mandato, depois encaminhado Novamente para presidente Dilma, através do decreto 385 de 2013 que autoriza a Associação comunitária de radiodifusão do primeiro de Maio executar serviço de Radiodifusão Comunitária na cidade de Belo Horizonte MG. Com sede no bairro primeiro de maio e o seu sistema irradiante no Bairro ribeiro de Abreu. A rádio ganhou o nome de Rádio Brasil FM, em uma votação entre os fundadores e a comunidade, e funciona na faixa 87,9 MHZ , entretanto por problemas técnicos de geo-localização mesmo nascendo no bairro primeiro de maio, a sede com a antena de transmissão fica no bairro Ribeiro de Abreu. Hoje a Rádio Brasil FM, alcança os bairros Ribeiro de Abreu, conjunto Ribeiro de Abreu, Novo AARÃO Reis, Monte Azul, Lajedo, Novo tupi, Belmonte, Nazaré, Providência e mais alguns Bairros da Região Norte e Nordeste de BH no raio permitido que é permitido para rádios comunitárias. Com o principal propósito de atender as demandas comunicacionais da comunidade a Rádio Brasil FM, tem programas culturais regionais da comunidade 12


atende e informa quando há calamidades públicas, divulga os artistas Locais, participa e promove eventos culturais, e recreativos etc . Além de promover o Jornalismo, dando oportunidades a estudantes de jornalismo e formação de prestar serviço à comunidade locais onde à emissora . Quando questionado sobre apoios financeiros Geraldo declara “Contamos comum pequeno apoio cultural, da igreja católica Santa Rita , que nos ajudou no começo , e do Projeto Novo Rumo , uma parceria que deu tão certo que hoje o Araújo como é conhecido no bairro fundador do projeto Novo Rumo é um dos membros de nossa diretoria ,porém encontramos muitas dificuldades com os comerciantes do bairro que não aderem muito a programação com propagandas que podem ser uma forma de adquirir renda , , mas continuamos lutado e buscando sempre apoio cultural em forma de parcerias amizades e com parceiros para manutenção da Rádio que funcionam 24 horas, pois as despesas, água, luz, aluguel, passagens, manutenção de equipamentos e outros são caras e temos todos os meses.” Hoje Geraldo Maracunaia,depois de tantas lutas é o presidente da rádio, e revela que mesmo diante das dificuldades agora durante a pandemia revela que já está em obra uma torre que terá 30 metros de altura, com a função de melhorar o Sinal de transmissão , e que o fim da obra está previsto para janeiro de 2021, ele conta também que a rádio agora tem um aplicativo para baixar e ouvir a Rádio Brasil FM, no celular e ouvir a rádio ao vivo , que pode ser baixado no site www.brasilfm87.com.br.

Ele finda a entrevista argumentando “Esperamos que nos próximo ano 2021tenhamos um apoio maior por parte comerciantes locais que entendam a importância de divulgar seu estabelecimentos na rádio Brasil FM, para ampliarem suas vendas , e esperamos também uma participação maior da comunidade nas programações da rádio, ligando, e participando dos programas e nos enviando notícias com seu próprio celular para colocamos no ar .” e conta que a luta continua a nova meta é transformar a rádio comunitária em uma emissora educativa, com possibilidades de ampliar a potência de transmissão para toda região metropolitana de Belo Horizonte.

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MORADORES ORGANIZAM FESTA DE 15 ANOS COMUNITÁRIA, E REALIZAM O SONHO DE 16 JOVENS.


A FESTA NOITE DOS SONHOS DEBUTANTES COM TUDO GRÁTIS MOVIMENTOU TODA COMUNIDADE. Por Sheila Castro

No início do ano de 2019, Serginho Paizão educador social e morador do Ribeiro de Abreu começou o ano com um sonho no coração, realizar uma festa de 15 anos gratuita para jovens da comunidade. De acordo com Serginho o desejo de fazer uma festa surgiu ao ver várias jovens de 13 e 14 anos que frequentavam suas oficinas de percussão, sonharem com uma festa de 15 anos, entretanto essas jovens não tinham condições econômicas. “toda menina tem esse sonho, mas devido a nossa realidade na comunidade para algumas esse sonho é muito distante. Com a ajuda de alguns moradores Serginho montou um time de solidariedade e assim dividiram as tarefas de buscar os itens da festa, a primeira dificuldade que time da solidariedade enfrentou foi os definir Por - Sheila Castro Serginho Paizão o Vice Prefeito e as debutantes. As dificuldades que time da solidariedade enfrentou, foi os definir como seria selecionadas essas jovens. Para solucionar esse problema realizaram um pré-cadastro das jovens interessadas da comunidade, e dentre os critérios para seleção todas participantes deveriam enviar um texto contanto sua história de vida, Serginho conta que essa escolha foi uma etapa dolorida ter que escolher somente algumas das várias histórias nas cartas que narravam trajetórias de vidas emocionantes e algumas muito tristes.

Mas para realizar a festa ainda havia muitas outras demandas como espaço, convites, Buffet, roupas para as debutantes, fotógrafos, decoração, mobiliário, equipe e etc. Para alcançar esse objetivo Serginho, abraçou o trabalho com garra, ele deixava sua casa bem cedinho. O projeto ganhou o nome de NOITE DOS SONHOS DEBUTANTES, Foram sete meses de trabalho intenso, entre a busca de parcerias e a organização da festa, mas enfim no dia 30 de novembro a NOITE DOS SONHOS DEBUTANTES se tornou realidade para as 16 jovens da comunidade e 300 convidados, (cada jovem tinha direito a levar 10 convidados). A festa foi completa, teve decoração especial, cerimonial, DJ, Buffet completo, garçons, vestidos para debutante e para as mães das debutantes, na noite cada jovem ganhou de presente uma pequena lembrança, e um book fotográfico realizado antes da festa, mais as fotos da festa e DVD da festa. Evelyn Vitória, 15 anos moradora do Ribeiro de Abreu, foi uma das jovens selecionadas, segundo ela ter uma festa de 15 anos, era um grande desejo seu desde pequena, porém ela e seus dois irmãos foram criados somente pela mãe, o que impossibilitava a mãe de realizar o sonho da filha. 15


Mas ao saber da inscrição pela internet para a seleção das jovens da comunidade para a festa, Evelyn viu ali uma chance, uma luz, e escreveu sua história e seus sonhos, na carta que enviou, tudo com muita esperança e fé de que seria uma das selecionadas. “Não acreditei quando recebi a ligação que eu era uma das jovens selecionadas, lembro que todos meus familiares se uniram e fizemos uma oração agradecendo a Deus por este sonho realizado, ter se concretizado isso para mim foi muito importante, e jamais vou me esquecer desse momento. Tive uma festa linda com direito a tudo, e com a presença de todos que amo. Ainda foi maravilhoso dividir esse momento com outras jovens da nossa comunidade.” Evelyn Vitória, 15 anos.

A festa NOITE DOS SONHOS DEBUTANTES movimentou a comunidade naquela noite, e marcou a vida de muitos moradores, entretanto aquela noite foi mais especial para o Serginho Paizão, pois foi a concretização de seu sonho de fazer algo pela comunidade e pelas jovens. . “Na noite da festa recebi uma placa de homenagem feita pela comunidade como forma de agradecimento pelo trabalho realizado, fiquei muito emocionado com essa surpresa e me senti realizado, com o sentimento de missão comprida”. Para Serginho, outro motivo de orgulho foi o número de voluntários que se engajaram na luta para realizar a festa, segundo ele toda equipe trabalhou com afinco para buscar doações na organização da festa e mesmo durante a festa, foram ao todo 40 voluntários, entre fotógrafos, seguranças, cozinheiras, garçons, serviço de Buffet e outros. “Nada disso seria possível se a

comunidade

não

tivesse

abraçado esse sonho, a força do voluntariado

dos

moradores

foi

muito importante”. Ações Sociais como está que Serginho Paizão realizou, mostra que a força das comunidades nasce de sonhos e desejos, e podem virar realidade através da luta conjunta por um mesmo ideal. 16


GRUPO MÃES QUE CHORAM REALIZA PROJETO SOCIAL PARA ACOLHER MÃES QUE PERDERAM OS FILHOS ASSASSINADOS


ATRAVÉS DE RODAS DE TERAPIAS COMUNITÁRIAS, EVENTOS, PALESTRAS E OFICINAS O GRUPO ESSA DOR EM LUTA SOCIAL. Por- Sheila Castro

O ano era 2012, o bairro era Paulo VI que fica na zona norte de Belo Horizonte, lugar onde os índices de violência se destacam nos gráficos da cidade, uma mulher simples guerreira destas que trabalham arduamente durante todo o dia para levar o sustento para os filhos, recebeu a pior noticia que uma mãe poderia ouvir em sua existência, seu filho havia sido brutalmente assassinado. Naquele momento o coração da mãe guerreira da comunidade se desfez em pedaços, e ela sentiu a maior dor que uma mãe poderia sentir o mundo para ela naquele momento perdeu o sentido, como se tivessem tirado o chão abaixo de seus pés. Ela se isolou em sua casa deitada na cama se contorcia de dor, mas não era uma dor física e sim uma dor na alma. O nome desta mãe que estava dilacerada é Elizete Marques, uma mulher de sorriso largo e coração bondoso, que agora inerte na cama sentia o corpo dilacerado, esse processo de dor consumiu Elizete por cinco dias, na sua dor uma luz de sabedoria inundou seu coração que algo deveria ser feito para aliviar a dor das mães que tiveram seus filhos arrancados da vida pelas brutalidades da sociedade. Neste dia Elizete levantou da cama e saiu a caminhar na comunidade em busca de outras mães que assim como ela passavam por aquele momento de dor, e como era esperada ela achou várias mães nesta situação,

com as mães da comunidade Elizete encontrou alento, um abraço amigo, e mulheres que entendiam sua dor. Naquele dia nasceu no bairro Paulo VI o grupo Mães que Choram, um grupo de mulheres passaram a se encontrar para dividir a sua dor, essas mulheres passaram a se encontrar em uma escola da comunidade quinzenalmente para uma roda de terapia comunitária, a partir deste momento Elizete buscou formação e parcerias com psicólogas para ajudar as mulheres. O pequeno grupo foi crescendo a cada dia , e assim também as ações do grupo mães que choram na comunidade , eram lanches comunitários, piqueniques e até um casamento comunitário gratuito para as mães que tinham encontrado novos parceiros ou queriam oficializar a união com os parceiros que tinham . Entretanto as ações do grupo começaram a incomodar e bombas foram lançadas na escola no durante as reuniões do grupo, e muitas mulheres deixaram de ir aos encontros com medo das represálias. Shirley Baptista, moradora do bairro Paulo VI e proprietária de instituto infantil na comunidade abriu as portas de sua escolinha para abraçar as causas das mães, e as atividades do grupo começaram a ser realizadas na escolinha. Hoje o grupo Mães que Choram conta com 10 voluntárias fixas, e já atendeu mais de 1000 mulheres na comunidade. 18


o grupo realiza ações eventos em datas especiais como dia das mulheres, dia das crianças, dia da paz e outros . Em 2018 o grupo ganhou um reforço a jornalista da comunidade Sheila Castro se juntou ao grupo e assumiu o gerenciamento das redes sociais , também em 2018 o grupo se uniu a Rede Mães de luta que é uma rede que reúne mais de trinta coletivos de mulheres de todo Brasil , entre o grupos há nomes de peso como as Mães de Maio (SP) e outros coletivos importantes da cidade de Minas Gerais. Também em 2018 o grupo começou a ofertar para a comunidade oficinas de empoderamento financeiro e como oficina de bordado, e diversos tipos de artesanato, e oficinais que geram o bem estar como capoeira , dança, judô .Mas ao longo deste trajeto o carro chefe do grupo ainda é as rodas de terapias.

Baseada na fala de Elizete Marques sobre contar a historia do grupo para o mundo, a jornalista e membro do grupo Sheila Castro com o apoio da Secretaria de Cultura de Belo Horizonte em 2019, fez um documentário para contar a jornada de algumas mulheres do grupo e do próprio grupo no documentário Mães que Choram Mulheres de Luto e Luta, que será lançado via redes sociais em breve. Com a chegada da pandemia em 2020 as atividades do grupo foram parcialmente suspensas , as rodas de terapias , feiras, eventos e bazares não aconteceram , o grupo atendia as demandas pessoais e urgentes individualmente na casa das mães,neste contexto o grupo percebeu a enorme situação de urgência financeira de algumas mães que não tinham como colocar alimentos em suas residências, pois varias perderam suas fontes de renda. 1917


Assim o grupo fez parcerias diversas e buscou ajuda, assim em 2020 o grupo doou para as mulheres e famílias da comunidade mais de 500 cestas básicas, além de máscaras confeccionadas pela própria Elizete, foram doadas também livros infantis, roupas e produtos de limpeza, tudo no intuito de aliviar a dor da fome que essas famílias enfrentam. Ainda há muito a se fazer pela comunidade através do grupo Mães que Choram, que já prepara as ações para 2021 “ Temos ainda uma longa trajetória , pois não temos apoio financeiro de nenhuma instituição e temos o sonho de regularizar os documentos do grupo para buscar verbas para o grupo sobreviver e ampliar a oferta de atendimento na comunidade... e quem sabe ampliar o trabalho para outras comunidades de Belo Horizonte, “Pois há Mães que Choram em todas as comunidades da cidade” afirma Elizete Marques.

Para saber mais do grupo Facebookhttps://www.facebook.co m/maes.quechoram.9 BlogSpot maesquechorambh2019.b logspot.com

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LUTA E GARRA NA OCUPAÇÃO VITÓRIA


CARLOS EDUARDO CONHECIDO COMO “O PASTOR” REALIZA TRABALHOS SOCIAIS PARA AJUDAR FAMÍLIAS NA OCUPAÇÃO. A região da Izidora, localizada no vetor norte da capital mineira é uma área de histórica disputa entre a apropriação do território por terceiros e pelo estado, a área da Izidora tem cerca de 10 km² e está localizada no vetor norte do Município de Belo Horizonte, fazendo fronteira com o Município de Santa Luzia. Sua principal característica física é abrigar vultosa extensão de área verde preservada, em sua riqueza natural encontramos árvores do cerrado mescladas com mata atlântica, contêm cerca de 280 nascentes de água, 64 córregos, incluindo o Córrego dos Macacos, último curso de água limpa da capital. Em 1914 o Município de Belo Horizonte doou área pertencente à região da Izidora, à época qualificada como suburbana ou rural, para a família Werneck, sob a condição de ali ser construído um sanatório modelo rodeado de área verde, a região ficou intacta por muito tempo até o falecimento do patriarca da família, , onde iniciou uma disputa interna da família pela posse do terreno .Em 1914 o Município de Belo Horizonte doou área pertencente à região da Izidora, à época qualificada como suburbana ou rural, para a família Werneck, sob a condição de ali ser construído um sanatório modelo rodeado de área verde, a região ficou intacta por muito tempo até o falecimento do patriarca da família, , onde iniciou uma disputa interna da família pela posse do terreno

Por Sheila Castro

Com uma grande extensão de área verde vários olhares se voltaram para a região e iniciou a disputa de interesses entre ambientalistas que buscam a preservação da mata, e o interesse do mercado imobiliário de se apropriar da última grande área não parcelada em Belo Horizonte pois essa área seria um importante elo para lugares como a cidade administrativa, o aeroporto de confins e outras empresas de grande porte. Em 2013 surgiram as 3 primeiras ocupações urbanas localizadas na Região da Izidora, essas ocupações surgiram a partir de uma jornada pela busca por moradias em sua maioria eram pessoas que fugiam de altos preços dos alugueis e da vida degradante de outros lugares. As famílias ocuparam um terreno que até então não cumpria sua função social,os ocupantes construíram suas casas de forma autônoma e começaram a produzir o espaço de forma totalmente distinta da lógica do Estado e do mercado imobiliário. Diferente de como normalmente acontecem ocupações de terrenos vazios, a ocupação da Região da Izidora foi espontânea e após um tempo os movimentos sociais se juntaram nessa luta com intuito de construir uma rede de apoio em torno da luta das ocupações, A primeira ocupação a surgir foi a Rosa Leão, em maio de 2013 e, em menos de um mês, em junho de 2013, despontamse outras duas: Esperança e Vitória. 22


E na ocupação vitória que encontramos o Carlos Eduardo, 39 anos, pastor ele é uma dessas pessoas que luta pela dignidade e bem estar do próximo começou sua jornada de trabalhos sociais há doze anos servindo marmita aos moradores de rua, deste fato em diante sempre buscou formas de ajudar o próximo fazendo campanhas diversas para arrecadar roupas , alimentos, brinquedos , moveis e etc... Em meio a ruas de terra e casebres simples, muitas delas ainda em construção da ocupação Vitória Eduardo com hoje anda com alegria, mas segundo ele quando chegou à ocupação a alguns anos atrás viu muitas famílias necessitando de ajuda das mais diversas formas e em seu coração sabia que tinha que ajudar aquelas famílias . . Carlos Eduardo começou sua trajetória dentro da ocupação reunindo alguns moradores e a cada encontro o número de moradores aumentava, assim ele começou a conhecer melhor os problemas e necessidades dos moradores da ocupação. “quando uma família precisa de ajuda e me procura busco formas de ajudar aquela família, já abri mão de objetos pessoais meus para comprar itens para ajudar famílias aqui na ocupação, disponibilizo meu carro e tempo para buscar itens se for necessário, mesmo cansado do trabalho diário sempre estou correndo pelas pessoas da ocupação. O pastor revela que tem um imenso sonho e que uma pequena semente já foi plantada , segundo ele seu maior sonho e construir um prédio que funcionará como uma ONG e ofertar para os moradores diversos tipos de cursos profissionalizantes, espaço para cultura como aulas de dança, teatro e outros. Ele ainda vai mais longe nesse sonho onde visualiza uma quadra para pratica de 23 esportes e atendimentos diversos.


já temos o terreno e uma pequena escultura marca o local, construí sozinho nos finais de semana o alicerce do que no futuro será esse espaço, mas tenho muitas dificuldades, pois não tenho nenhum tipo de ajuda ou apoio e tudo que gasto sai de meu próprio suor...gostaria muito de ter um apoio para erguer mais rápido esse local e ter mais infraestrutura para ajudar as famílias que residem aqui na ocupação” Mesmo diante de tamanho desafio Carlos Eduardo se mostra com coragem e força todos os dias, em sua rotina acelerada para ajudar as famílias na ocupação, ele demonstra com seu gesto que quando acreditamos e queremos ajudar o próximo o primeiro passo e o mais importante e acreditar que você pode começar uma mudança e colocar a mão na massa. 24


PROJETO EN_HACORÉ ATENDE 150 CRIANÇAS DO BAIRRO NOVO AARÃO REIS COM ATIVIDADES CULTURAIS E ESPORTIVAS.


O PROJETO AINDA OFERECE PARA AS FAMÍLIAS BIBLIOTECA; ACOMPANHAMENTO DE PRESTADORES DE SERVIÇOS COMUNITÁRIOS; ATENDIMENTO JURÍDICO E DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS. Por Sheila Castro

Na década de 1990, na região norte de Belo Horizonte havia uma ocupação chamada “Ocupação Ribeiro de Abreu" nela havia várias famílias lutando por moradia digna, e habitando pequenas barracas de lona pretas. A senhora Sônia Souza, vendo as dificuldades destas famílias iniciou uma ação voluntária para distribuição de

alimentos, calçados e roupas, Assim fundava ali naquela pequena comunidade a primeira ONG chamada Sociedade Beneficente Uma Nova Esperança , foi também nesta época abriu uma pequena creche para acolher as crianças. A ocupação se transformaria no bairro que hoje é conhecido como

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o Novo Aarão Reis, mas a ONG fundada pela dona Sônia encerraria suas atividades no ano de 2002. Porém o desejo de ajudar a comunidade foi plantado no coração do filho de dona Sônia, João Marcos,35 Anos, morador do Bairro Novo Aarão Reis que vendo a dificuldade da comunidade com a fome e a pobreza, e o aumento da violência decide iniciar em 2009 o Projeto En-Hacoré, que tem este nome devido a uma passagem bíblica. João Marcos explica o significado do nome que é FONTE DOS QUE CLAMAM . “A escolha foi pautada na história de sansão, o homem que era escolhido por Deus e que tinha muita força, e que na época matou mais de 1000 homens com uma queixada de jumento para fazer justiça ao povo de Israel. Logo após o feito, Sanção teve sede e de nada serviria sua força para conseguir água. Assim ele clamou a Deus dizendo: Senhor, eu com toda essa força após matar 1000 homens morrerei de sede neste local? Então Deus fez brotar água da rocha para saciar a sede de Sansão, e deu-se o nome da rocha de EnHacoré”. João Marcos, seu irmão Felipe Sousa e o amigo Renato Rodrigues, que é instrumentista na igreja onde frequentava (igreja Evangélica Redenção em Cristo) fundaram assim oficialmente o projeto EN_Hacoré ,na garagem da casa de João Marcos .

A busca dos moradores pelo projeto começou a crescer novamente e João Marcos aumentou as atividades para duas vezes na semana. Nesta época o projeto EN_Hacoré atendia cerca de 40 crianças.

Inicialmente era oferecido para a comunidade aula de percussão aos sábados para os meninos, e como a procura das meninas foi grande, o projeto começou também a ofertar o atendimento para meninas com aula de dança ministradas pela professora Julie Kelly.

"Com o crescimento das atividades e a frequência de aulas oferecidas, recebemos doações de instrumentos de percussão da Igreja Redenção Em Cristo ( igreja que é parceira até hoje), 27


e começamos a realizar nossos ensaios na rua, formando uma banda já com média de 20 crianças tocando. Ali, começamos a chamar a atenção da comunidade através do som que fazíamos. Diante dos resultados tivemos vários convites para realizar apresentações”. Conta João Marcos. Porém sua garagem começou a ficar pequena, para o número de crianças que atendia e João Marcos e os outros voluntários decidiram ocupar um espaço que estava abandonado e cheio de mato na comunidade, que era o antigo PPO da Polícia Militar. Este foi um dos primeiros desafios, transformar o PPO em um lugar adequado para receber as crianças ,ainda havia outros conta João. “Todos que estávamos à frente tínhamos que além de do arcar com as despesas de lanche e manutenção dos instrumentos, roupa de danças para apresentações, tudo isso era custeado pelos voluntários e por mim mesmo”.

Antes da pandemia o projeto estava atendendo cerca de 150 alunos matriculados nas oficinas, e com uma lista de espera de mais de 100 crianças, pois mesmo ampliando a estrutura física do antigo PPO , construir e ampliar a estrutura sem verba é um grande desafio, “Na maioria das vezes eu faço o serviço de pedreiro com outros voluntários.” Revela João. Atualmente o projeto EN- Hacoré oferta Oficina de Balé, Futsal, Musicalização, Taekwondo, Biblioteca comunitária; acompanhamento de Prestadores de Serviço Comunitário; atendimento Jurídico e distribuição de alimentos. Através das oficinas os alunos têm a oportunidade de interagir e conhecer outros projetos e lugares, através dos jogos, de campeonatos e apresentações que são realizados durante o ano. 28


O projeto sobrevive ainda hoje, em grande parte pelo amor ao próximo e dedicação que João Marcos e sua Família, têm para com a comunidade, pois não existem muitos apoios conforme marcos, “O nosso funcionamento é mantido por doações de colaboradores, empresas parceiras e também com realização de feiras e bazar na instituição”.

O projeto ainda realiza a “Festa das Crianças” no dia 12 de Outubro, realiza também o “Arraiá do EnHacoré” em Junho, ambos são eventos de grandes proporções e se tornaram tradicionais em nossa comunidade. As festas são uma forma de entrada para que pessoas possam desenvolver um trabalho voluntário junto com o EnHacoré.João Marcos ainda explica “ Esses eventos em nossa instituição, trazem uma sensação de pertencimento e de segurança, para os moradores da comunidade, pois vivenciam os momentos familiares e ainda usufruem do evento no local onde residem”. Com o propósito de ser uma instituição de referência e apoio social na comunidade, o En-Hacoré tornou-se um parceiro dos Equipamentos públicos, buscando sempre uma forma de melhorar o seu atendimento aos moradores e usuários do projeto.

De acordo com João Marcos, o projeto tem o objetivo de assegurar o direito de cada indivíduo em seu desenvolvimento colaborando em garantir um lugar seguro longe de qualquer ameaça que possa comprometer seu convívio comunitário. Busca ainda assegurar o direito à liberdade nos aspetos: ir e vir , estar nos espaços comunitários; ter liberdade de opinião e expressão, liberdade de crença e religião . Mas principalmente desenvolver um espaço para as crianças brincarem praticarem esportes e divertir-se, Participando assim ativamente da vida familiar e comunitária, sem discriminação. Confirme o art. 15, 16 e 19 da lei 8069 de 1990. Estatuto das Crianças e Adolescentes. Para ajudar e saber mais sobre o projeto. Contato: 34458786 E-mail: projetoenhacore@gmail.com Instagram: enhacore.projeto Facebook: En Hacore

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DANÇARINO DO BAIRRO PALMITAL CONQUISTA TÍTULO DE MELHOR DANÇARINO DE LOCKING DO MUNDO NA RÚSSIA. 27


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Negro e morador de periferia, Luís Fernando Nunes enxergou na dança um caminho para transformar sua história. Por Sheila Castro Dançarino há mais de 30 anos, Luís Fernando Nunes, 40 anos, conhecido como Black A, realiza um estilo de dança chamado locking que é uma dança que surgiu nos Estados Unidos, nos anos 70, e se caracteriza por movimentos rápidos e seqüenciados, porém muito precisos, usase braços, pernas e cabeça. Black A reside no bairro Palmital, local onde os índices de criminalidade são enormes, e mesmo diante de uma realidade tão difícil, marcos destacou-se, como dançarino e se formou como professor de educação física, ele atua como educador social e professor de dança para jovens do sistema sócio educativo. O primeiro contato de Fernando com a dança ocorreu aos 10 anos, na década de 1990. Em frente a um trailer em Santa Luzia, onde os jovens se reuniam para ensaiar passos de hiphop. Em 1995, ele criou o grupo Planet of Dance e a atu ação como profissional da dança começou em 1999, na Companhia de Dança de Rua de Minas Gerais – Mix of Dance,( união de bailarinos de Santa Luzia, Ribeirão das Neves e Belo Horizonte). O grupo viajou pelo Brasil para competir em festivais. Mas em 2013, Fernando se desligou da companhia, e passou a se dedicar ao aperfeiçoamento e pesquisa do estilo Locking.

Com uma grande bagagem, na dança, Black A já conquistou mais de 30 títulos, em um deles foi vice-campeão em Paris. Em outro Ficou entre os oito melhores dançarinos em Las Vegas, onde aproveitou para fazer aulas de dança com uma professora que já ensinou Michael Jackson. Com o advento da pandemia o mundo da dança migrou para o universo virtual, e essa foi uma grande oportunidade para Black A, pois foi através de um festival totalmente online que o bailarino venceu seu primeiro concurso mundial, a competição russa Locking4Life. O coletivo Locking4Life tem filial em todo o mundo, e Luís Fernando faz parte do grupo brasileiro, por isso foi convidado a participar da primeira etapa, que contou com batalhas individuais ao som de DJs. Todas as coreografias eram gravadas e publicadas no Instagram dos concorrentes. Foram selecionados apenas 32 candidatos para disputar as próximas etapas, e Black A foi um deles. A grande final aconteceu na Rússia, e o festival aconteceu de forma online sendo transmitido também pelo Instagram, contou com 170 participantes de diversos países, Black A disputou a final com a japonesa Yura Fonkxy 32


e o mineiro acabou ganhando seu primeiro campeonato mundial ao derrotar a japonesa. Com o sentimento de dever cumprido, ele virou referência mundial em seu estilo de dança, e ganhou notoriedade nas mídias. Ele afirma que sua vitória transformou-se em inspiração para os jovens de sua comunidade, onde foi procurado por vários jovens para parabeniza-lo, e muitos destes jovens ainda estão envolvidos na criminalidade e viram no seu trajeto uma luz para mudar seus caminhos. Após o concurso e a notoriedade nas mídias, Black A relata que mesmo vencendo a competição ele vai começar a se preparar para outras competições ainda este ano, mas que por enquanto está se dedicando a escrever um livro que conta sua trajetória e pretende lançar no ano que vem.

Outro foco que tem neste momento é estudar a dança no universo do e empreendedorismo, “tenho me dedicado aos estudos, pois enxergo que o universo da dança depende do empreendedorismo para sobreviver, e muitos dançarinos e bailarinos ainda tem grandes dificuldades nesta área, por isso vejo a necessidade de buscar conhecimentos para compartilhar”. Esse humilde morador do palmital que conquistou o mundo com sua dança revela que, almeja alcançar muitas vitórias e por isso está se preparando para as futuras lutas, pois para quem saiu da periferia e conquistou o mundo nada agora é impossível, tudo depende de esforço, dedicação e paixão pelo que faz.

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GRUPO UAI SOUND SISTEM DA REGIÃO NORTE CONQUISTA A CIDADE E AS COMUNIDADES, COM SEU SOM POTENTE E VERSOS QUE TRAZEM A TONA AS MAZELAS SOCIAIS.


QUATRO MORADORES DA REGIÃO NORTE DA CIDADE MUDAM A HISTÓRIAS DE COMUNIDADES COM UM TRABALHO CHEIO DE CONSCIÊNCIA SOCIAL E MUITO SOM. Por Sheila Castro

Quatro moradores da região norte de belo horizonte tem transformado a história das comunidades através da música, são eles Gordão Uaiss , Brunão Uaiss , Vivi Uaiss , e Selecta Shom, juntos eles formam o grupo e equipe de som UAI SOUND SYSTEM, seu trabalho tem a musicalidade focada no rap, reggae, ragga, dancehall e vertentes com letras que falam sobre questões sociais e o cotidiano brasileiro. Os membros do grupo são ativistas e participantes de vários movimentos sociais, seus integrantes atuam em oficinas em escolas e centros culturais da cidade. “Estamos sempre trabalhando com discussões e atividades que englobam tanto o social, quanto a cultura do Hip Hop” Afirma Gordão um dos membros do Grupo e morador do bairro Ribeiro de Abreu. Mas o que é Sond System? Para entender temos que voltar um pouco na história quando Reggae e dancehall foi apenas um brilho nos olhos dos criadores pioneiros, e quando os primeiros sistemas de som foram instalados nos anos 50. Esses sound systems - pilhas de alto falantes instalados nas ruas de Kingston, Jamaica, tocavam blues e músicas vindas dos Estados Unidos, foram liderados por Duke Reid e Sir Coxsone que ganharam sua classificação ao vencer os sound clashes –que são batalhas, até então informais, entre dois sistemas de som instalados perto um do outro.

Nos anos 60 e 70, DJs e seletores tornaram-se tão importantes quanto a música. Eles tinham que escolher a dedo as músicas locais, como King Tubby, Joe Gibbs e Lee 'Scratch' Perry. Tubby, o pioneiro do Dub, que começou a criar os "especiais" - ou trilhas exclusivas para serem tocadas pelo seu e por outros sistemas de som. Com o advento do dancehall e com o surgimento de DJs, o movimento se tornou maior e começou apresentar ao público vocalistas e MCs que cantavam ao vivo em cima de suas batidas e falavam sobre seus sistemas de sons e seus concorrentes, na batalha entre sound systems. Neste contexto os dubplates são usados como "armas musicais", sendo essas as músicas que vão fazer o baile de cada equipe mais especial ainda. Então o grupo UAI SOUND SYSTEM, Nasce desta mistura do Sond System, do Raggae, do Hip Hop e da mineiridade de seus integrantes, Segundo Gordão o “UAI” vem desta característica mineira e da identidade com a língua. Então o grupo UAI SOUND SYSTEM, Nasce desta mistura do Sond System, do Raggae, do Hip Hop e da mineiridade de seus integrantes 35


Segundo Gordão o “UAI” vem desta característica mineira e da identidade com a língua. Brunão membro do grupo lembra que a primeira vez que pegou em um microfone foi no Bairro Paulo VI e que não havia equipamentos somente uma caixa de som emprestada, mas desafios como este não impediram os membros do grupo de levarem literalmente o seu som para diversas comunidades da cidade de Belo Horizonte, pois segundo os membros esses eventos eram custeados pelos próprios integrantes do grupo, desde equipamento de som até o transporte e a montagem da estrutura nas comunidades. Mesmo sabedores das dificuldades o grupo criou o projeto HIP HOP a luta continua? É um projeto que o grupo desenvolveu para circular as comunidades promovendo intervenções artístico culturais , Segundo Mis produtora Cultural do grupo, estes eventos tem o propósito de fomentar a cultura local e dar visibilidade aos artistas que moram na periferia e que e que têm algum envolvimento com a cultura Hip Hop.

O primeiro CD denominado Uai Sound System, foi lançado em 2012 também com recursos próprios dos integrantes, uma das músicas que chama a atenção neste cd é “Eu vou queimar” que possui o vídeo disponível no Youtube. Para gerar uma renda o grupo vendia os Cds a preço de custo em eventos e shows que promoviam pela capital . Em uma trajetória de luta pela cultura o grupo lançou em 2018 o segundo CD (Flores da Guerra) também de forma independente, com músicas novas mas mantendo a mesma vertente de som e letras de cunho social. Em 2019 o Grupo participou da Virada Cultural e ocupou com suas caixas de som a praça sete coração da cidade de Belo Horizonte, Também em 2019 participaram do FAN ( Festival de Arte Negra) com um super baile que abalou as estruturas do Viaduto Santa Tereza . Mas ainda em 2019 o grupo fez parte da programação do 6º Festival Descontorno Cultural no Centro Cultural Alto Vera Cruz. Todas as apresentações foram gratuitas. 36


E para fechar o ano de 2019 com chave de ouro, o grupo UAI SOUND SYSTEM foi homenageado com o Diploma de Honra ao Mérito pelas iniciativas culturais e sociais ligadas à cultura Hip Hop. Entretanto no ano de 2020 com o advento da pandemia as atividades do grupo que aconteciam de forma independente nas comunidades foram suspensas, segundo Mis, produtora do grupo os impactos econômicos o grupo não sentiu, pois todos são voluntários e trabalham em outras profissões “Nosso sonho é viver da música, mas ainda não conseguimos”. Mas para manter o contato com o publico o grupo realizou em 2020 lives, parcerias com amigos do universo Hip Hop com intuito de ofertar conhecimento sobre a cultura Hip Hop, todas as lives foram transmitidas nas redes sociais do grupo.

Para conhecer mais sobre o grupo, ouvir as músicas,, assistir as lives deixaremos aqui os links para o acesso. Palco MP3 http://palcomp3.com/UAISOU NDSYSTEM Facebook https://www.facebook.com/Uai SoundSystem/ Instagram https://www.instagram.com/uai _sound_system/ Spotifyhttps://open.spotify.com/artist/ 5IW6ZfWjuorHwU7oM5w7Zr

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MORADOR DO BAIRRO NOVO AARÃO REIS ESPALHA A MAGIA DO MOVIMENTO SOUL NA COMUNIDADE E NA CIDADE DE BELO HORIZONTE.


INTEGRANTE DA ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA E BAILARINO DE SOUL BLACK ESTEVE, TROUXE A CULTURA, A FILOSOFIA E A DANÇA PARA A COMUNIDADE PARA MUDAR HISTÓRIAS DE VIDA. Por Sheila Castro

Black Esteve é um morador da comunidade do bairro Novo Aarão Reis, que fica na periferia de Belo Horizonte na regional norte, é um bairro que nasceu de uma grande luta social por moradia e dignidade e nos dias atuais tem elevados índices de violência e diversas carências sociais Black Steve está na comunidade desde do início de sua formação quando as pessoas ocuparam por meses barracas de lonas na luta por moradia , ele já estava envolvido nestas lutas sociais e na luta diária para conseguir melhorias para os moradores assim ele se tornou um membro ativo da associação comunitária . Mas esse morador antenado nas lutas sociais é também apaixonado pelo movimento Soul , que é advindo de um estilo de música Soul que nasceu nos Estados Unidos no final da década de 1960 como um movimento de afirmação da identidade negra. Nos anos 70, participar desses bailes era uma forma de resistir às diversas pressões sociais, à discriminação contra os negros. Hoje, os tempos são de democracia. Porém os rituais do vestir, das danças em conjunto das performances individuais e permanecem os mesmos nos bailes. Black Esteve teve seu primeiro contato com o Soul foi ainda adolescente quando tinha 14 anos, e segundo ele naquela época ele era um jovem negro, que veio de uma cidade pequena para uma cidade grande e não tinha muita experiência para lidar com o preconceito , Segundo Black quando conheceu o movimento Soul encontrou ali a autoafirmação que buscava como cidadão negro.

“A cultura Soul tem muito a ver com a vida de cada um de nós, temos inúmeras dificuldades na vida por sermos negros e moradores de periferia, Há muito preconceito e no movimento Soul encontramos uma forma de lutar e mostrar que nós resistimos e temos direitos, foi no movimento aprendi um forma de lutar contra esse preconceito’’ afirma Black

Steve. Uma peculiaridade do Movimento Soul está exatamente na maneira de se vestir com sapato bicolor lustrado e terno bem alinhado e a famosa cabeleira black power, chama atenção dos cuidados nos detalhes do figurino, essa elegância evidencia uma forte influência do cantor e James compositor norte-americano Brown. Muitos nomes fizeram a história do soul music. A batida soul é o ritmo que embala os passos complexos deste estilo de dança, que por vezes pode ser realizado em grupo ou individualmente, Black Steve cuida com carinho de cada detalhe quando sai para as apresentações , pois Black Esteve é um dos fundadores do Movimento Soul na cidade de Belo Horizonte . Pois o Movimento Soul segue vivo em Belo Horizonte entre dançarinos animados, com seus trajes elegantes e sapatos bicolores. E se ele continua forte na capital mineira, a cidade tem em seu coração bem no centro o espaço onde acontece o Quarteirão do Soul , a cada quinze dias no final de semana e podemos encontrar neste espaço todo o charme da dança e os figurinos impecáveis dos bailarinos. 39


Hoje temos várias bandas que tocam este estilo em BH, como o Berimbrown, o Cromossomo Africano, a Black Machine, que é mais nova. Belo Horizonte chegou a ser adotada como a capital do soul no Brasil. O primeiro Baile que Soul que Black estive realizou no Aarão Reis aconteceu perto dos quebra- molas no final da década de 70, anos depois como morador da comunidade e integrante da associação sentiu a necessidade de dividir com a comunidade sua paixão. Assim ele inicia uma oficina de Soul no espaço da escola municipal aos finais de semana. O projeto é destinado a crianças e adolescentes, um dos propósitos além de ensinar os movimentos complexos da dança e também ensinar os jovens a lidarem com situações do dia a dia que ele já e venceu como o preconceito, e ajudar esse jovem a fazer a escolha certa, afastando ele da criminalidade.

Segundo Black Steve tem uma demanda na comunidade por cultura e ensinar os jovens é prazeroso, “Quando

realizamos algum evento na comunidade a juventude em peso participa me sinto muito grato.” Conhecido em toda comunidade por seu estilo de vida e sua luta social pelos moradores, Black Steve se destaca na sua comunidade com um trabalho social que busca mudar vidas e histórias seja através da dança ou das lutas pela comunidade.

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O CLUBE DA RIMA


A CULTURA DO HIP HOP QUE TRANSFORMOU A COMUNIDADE Por Sheila Castro

Rey é b- boy e escritor de grafite, também e conhecido pela tagname Reyone Ribeiro, com uma trajetória na área da cultura de mais de 10 anos de atuação , Rey ministrou oficinas de grafite e breanking em diversas regiões dentre elas nossa comunidade . A trajetória de Rey é a história de quem viu a cultura reduzir as distâncias e superar as fronteiras da comunidade, como um dos membros e Bboy (bailarino) do grupo Spin Force grupo de dança que existe desde de 1992 de Belo Horizonte, e em atuação até hoje, Rey trouxe a cultura do Hip Hop para a comunidade , e por suas oficinas já passaram mais de 5000 mil jovens e até estrangeiros da Alemanha, França e outros estados vieram buscar o conhecimento ministrado por Rey. Rey foi um dos impulsionadores do clube da rima que nasceu no Ribeiro de Abreu, o clube da rima é formado por jovens da comunidade que buscam no Rap e na Rima a forma de expressar suas ideias e desejos através da música marcada por beats. O clube da rima surgiu no Ribeiro de Abreu sete anos depois do lançamento do Duelo de MC no viaduto Santa Tereza, esse evento movimentava os jovens de toda cidade e ganhou grande repercussão no meio da cultura Hip Hop, comando por monge MC, que fazia o mestre de cerimônia do duelo.

A repercussão do Duelo MC, inspirou o desejo de alguns jovens de nossa comunidade de se expressar através da linguagem da rima , os primeiros duelos na comunidade aconteceram durante o horário de recreio de uma escola estadual do bairro , porém a “nova” linguagem dos jovens não foi bem recebida pela direção da escola , que proibiu que os duelos de rima acontecessem na escola , sem apoio da instituição os jovens que já faziam oficina de grafite com Rey buscaram ajuda para levar o clube da rima para outro lugar da comunidade. A primeira batalha que aconteceu depois da proibição da escola , foi no espaço da toca do onça no Ribeiro de Abreu, onde Rey ministrava suas oficinas , mas antes das batalhas ele buscou apoio de amigos e parceiros , que segundo Rey foram de extrema importância , ele trouxe o apoio de pessoas como o Wallisson bboy, Monge Mc, Dmoro , Djs como FM Matos, Guimits dj da Radio Ufmg , Dj Lau , MC Demoro , Vinicin ... e outros nomes de peso dentro da cultura Hip Hop, esse processo foi fundamental para fortalecer o clube da rima . Cada um dos apoiadores trouxe um conhecimento diferente sobre a cultura Hip Hop em forma de workshops, ou mesmo emprestando seus equipamentos para a realização dos duelos na comunidade. 42


“Lembro que a Clara Lima moradora do Ribeiro de Abreu, que venceu o Duelo MC , e hoje é famosa no mundo do Rap , tendo ela musicas gravadas com artistas de peso como o Froid uma das maiores revelações do rap nacional, e outros artistas de peso. Lembro dela quase uma menina e ela estava no primeiro workshop que o Monge MC ministrou para os jovens do Ribeiro de Abreu, ela naquela época iniciava sua trajetória no Rap , buscando conhecimento para construir sua história e sinto orgulhoso de ver onde essa busca e sua dedicação a levou e saber que fiz parte dessa trajetória ”

Assim o clube da rima ganhou força e Rey lembra que houve um grande duelo no CRAS na via 240 que marcou o clube da rima , neste evento o clube da rima reuniu diversas comunidades levando o clube da rima para além dos limites de nossa comunidade . Com o passar do tempo a função de organizar o clube da rima ficou por conta do Maycon que deu continuidade ao trabalho do Rey, levando o clube da rima a ocupar uma praça abandonada do bairro Ribeiro de Abreu e transformar a praça no point dos jovens que buscavam batalhar através da rima e expressar seus pensamentos através do Rap. Hoje com a pandemia os duelos estão acontecendo de forma online e agora não se limita a cidade de Belo Horizonte, o duelo de rimas agora é mundial com inscrições de pessoas dos mais diversos lugares do mundo. 43


A TRADIÇÃO DA FOLIA DE SANTOS REIS PRESERVADA POR MORADORES DO BAIRRO PAULO VI


VESTIDOS COM ROUPAS QUE REPRESENTAM OS TRÊS REIS MAGOS, UM CONJUNTO DE MORADORES DO BAIRRO PAULO VI LEVAM A TRADIÇÃO DA FOLIA DE REIS PARA A COMUNIDADE. Por Sheila Castro A Folia de Reis é uma manifestação cultural religiosa, praticada por adeptos do catolicismo, a Folia é uma representação da visita dos três reis magos ao menino Jesus , que segundo o evangelho de São Mateus, aconteceu da seguinte forma , o menino Jesus recebe a visita de três reis magos que guiados por uma estrela vão até o menino Jesus , os reis Gaspar, Belquior e Baltazar levam consigo presentes para o menino Jesus , e após a visita os reis seguem por um caminho diferente para evitar que o rei Herodes encontre o Menino Jesus que desejava matar. Dentro da cultura brasileira os festejos relativos ao natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas tocando musicas como forma de louvar os “Santos Reis “ e o nascimento do menino Jesus , os festejos perduram até o dia seis de janeiro , data consagrada no catolicismo como dia de Reis surgindo assim a tradição do Grupo de Folia de Reis. O grupo Folia de Santos Reis existe há 18 anos no bairro Paulo VI. Todo mês de dezembro, os foliões batem de porta em porta e adentram as casas na comunidade com alegria, brincadeiras e músicas que contam a história do nascimento do Cristo, em Belém da Judéia. Em agradecimento, a vizinhança ajuda a Folia com doações e o grupo repassa essas ajudas a paróquias e comunidades na região que precisam, o senhor Claudeci José da Fonseca integra o grupo há quatro anos e é o presidente do grupo.

AS SEIS VOZES DA FOLIA O grupo foi fundado há 18 anos pelo Seu João Domingos, José Benedito Miranda, o Jânio Quadros conhecido como “Janin”, e o Zé Reis que era o capitão da Folia, mas por motivos particulares, ele larga a Folia vai pra outra religião. O Sr Janin se muda para Tocantins de Minas assim o Sr Claudeci assume a presidência do grupo com o intuito de não deixar morrer a tradição. O primeiro nome oficial era Coral Foliões de Reis, mas houve uma troca de nomes há cinco e o Sr claudeci junto com os membros em votação troca nome do grupo. A sede da Folia de Reis do Paulo VI ,é na casa do sr Claudeci. O grupo conta hoje com 32 membros que frequentam o grupo constante entre os membros há várias crianças, entretanto a maioria é adulta. Bastião “o Palhaço”, amigo de Claudeci afirma, que o grupo e muito unido e que cresceu muito depois que Claudeci assumiu a presidência, casa. “eu faço o divertimento das crianças. para distrair as crianças, enquanto os outros membros cantam alegrando o dono da casa.”

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Claudeci conta que no início era

é cantado duas vezes, Ele canta a primeira

um coral que não tinha um ‘dos reis’. “Aí,

vez e depois repete com o restante,

com a entrada do João Evangelista,

formando essa gaita, essa melodia, levando

começou a ter a figura do rei.” Então

o evangelho de Jesus Cristo cantado a

podemos ser um grupo realmente de folia

todos os devotos.”

de Reis.

A música na Folia de Reis é feita Na folia são seis vozes e segundo

no improviso. O grupo tem alguns versos

Claudeci o grupo se organiza da seguinte

que são tradicionais, de cantar na porta das

forma “O João Bento puxa a música, o

casas, mas grande parte é feita de

Geraldo ou Antônio respondem pra ele.

improviso. “A cada casa que a gente chega

Tem outros que também respondem com a

à gente depara com um fato diferente.

segunda voz e vem a terceira voz, que é a

Então, aquele fato é que faz o puxador

Lucilene; vem a quarta voz, que a Maria

fazer o verso e as pessoas responderem

faz; a quinta voz, a Conceição faz e a

esse verso.” Afirma Claudeci. Se na casa

sexta voz é com o Altamiro.

tem uma pessoa doente, o grupo canta pela

Então, da forma que a gente vai cantando,quando o João canta a primeira parte, o verso é repetido por ele e por todos.

recuperação dela, se na casa tem uma pessoa aniversariante, o grupo comemora cantando pelo aniversário, assim o grupo cria novas musicas de casa em casa. 46


A FOLIA E A VIZINHANÇA Lucilene

Costa

membro do

grupo e uma das vozes conta que o objetivo do grupo é evangelizar. Levar o Evangelho cantado. E que os donativos que o grupo recebe, assim como os alimentos,

são

organizados

pelo

Claudeci, os alimentos são enviados para Sociedade São Vicente de Paula e o dinheiro é enviado para a Paróquia Pai Misericordioso que utiliza o dinheiro para investir em obras na igreja. “No último ano, nós colocamos o telhado na Comunidade

Nossa

Senhora

das

Graças e agora nós vamos ajudar a comunidade Santa Luzia, que fica lá no Conjunto Paulo

A relação do grupo

com a região é muito grande, porque o grupo frequenta de casa em casa, de porta em porta. São conhecidos em praticamente em todo o bairro,VI.” A relação do grupo com a região é muito grande, porque o grupo frequenta de casa em casa, de porta em porta. São conhecidos em praticamente em todo o bairro, mas o grupo de folia também atende outros bairros. O espaço para folia conforme Claudeci cresceu bastante e hoje eles atendem o São Gabriel,Ribeirão das Neve ,e o bairro Ouro Preto hoje o grupo possui até temos componentes outros bairros.

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PARA MANTER O GRUPO UNIDO AS

dificuldades

do

grupo

segundo Claudeci hoje são menores, “antes a gente tinha dificuldade de manter o grupo unido”. Segundo ele a dificuldade era manter o grupo unido todo ano não somente em dezembro (época tradicional da Folia de Reis) agora ele relata que são realizadas reuniões

mensais,

confraternizações

e

encontros, busca

locais

voltados para cultura para levar o grupo “Isso tudo a gente faz pra manter o grupo

unido,

ocupado

e

sempre

encontrando, porque senão fica aquela coisa muito longe, dum dezembro até no

outro

dezembro

pra

conseguir

participar e encontrar novamente.”

Ao

longo

dos

18

anos

de

caminhada do grupo para Claudeci a grande vitoria foi o aumento no número de membros “Quando você sente que o grupo aumentou que tem crianças, que tem gente nova chegando a todo o momento, dizendo “ah, eu vou entrar na folia...”, então isso dá o ânimo, mostra agente que o grupo vai crescer, que o grupo vai expandir,que vai alcançar universos maiores, que daqui a um certo tempo o grupo não vai estar esquecido.” A grande busca de Claudeci e manter o grupo sempre vivo , ele considera a presença dos jovens fundamental para plantar a sementinha da folia no coração destas crianças , assim elas podem levar a mensagem

e tradição da Folia de Reis

para o futuro. 48


CASAL DE DJ MINEIROS PUPPET M4STER REVELA OS DESAFIOS ENFRENTADOS NA PROFISSÃO NO UNIVERSO DA MÚSICA ELETRÔNICA MINEIRA.

CASAL DE DJS MINEIROS PUPPET M4STER REVELA OS DESAFIOS ENFRENTADOS NA PROFIS SÃO E NO UNIVERSO DA MÚSICA ELETRÔNICA MINEIRA.


COM O CRESCIMENTO DA MÚSICA ELETRÔNICA NO MUNDO, A PROFISSÃO DE DJ RETOMOU SUA FORÇA, E GRANDES NOMES SURGIRAM NO BRASIL, EM MINAS O CASAL DE DJS PUPPET M4STER TÊM SE DESTACADO EM VÁRIOS EVENTOS. Por Sheila Castro

Um dos mercados culturais que teve grande crescimento nos últimos anos em Minas Gerais é a cena eletrônica, a cada ano grandes festas de renome acontecem em cidades mineiras e mesmo na região metropolitana de Belo Horizonte.

CDJotas, nas festas eletrônicas também há uma estrutura pesada de som e iluminação , mas o que diferencia este ambiente de shows por exemplo são as decorações tecnológicas ou com vertentes psicodélicas que dão um ar futurista ou transcendental ao evento.

A cena eletrônica, ganhou este nome devido ao estilo de som apresentados durante os eventos que são embalados pela música eletrônica , que são músicas criadas ou modificadas utilizando aparelhos eletrônicos como CDJotas digitais , que são os irmãos mais novos dos discjotas equipamentos analogicos usados pelos DJS para criar ou modificar músicas nas décadas de 70 e 80.

Quem comanda as festas eletrônicas são os Disc Jockey, ou DJ, O primeiro DJ do Mundo (Kool Herc) é que desenvolveu as técnicas dos famosos “sond systems” de Kingston. Organizando festas nas praças do bairro, ele não se limitava a tocar discos, mas usava aparelhos de mixagem para construir novas músicas.

As festas eletrônicas também são conhecidas por festas "rave" este termo foi originalmente usado por caribenhos de Londres em 1960 para denominar sua festa local. Existe uma outra vertente que considera R.A.V.E como um acrônimo ( rock and voice eletronic). Em meados da década de 80, o termo começou a ser usado para descrever uma cultura que cresceu do movimento "acid house" de Chicago e evoluiu no Reino Unido. Diferentemente de eventos como shows que possuem um artista principal como o cantor ou banda e vários instrumentos nas festas eletrônicas, os grandes artistas são os DJS e seus

Porém há Também há registros na História de que o DJ “Big Youth” já tocava na Jamaica na década de 50, O fato é que durante a década de 70 e 80 as discotecas invadiram o país e ajudaram a popularizar a profissão . Com o crescimento da Música eletrônica no mundo , a profissão de DJ retomou sua força , e grandes nomes surgiram no Brasil e no mundo, dois grandes nomes na cena do eletrônico mineiro e o casal Puppet M4ster, ( Yáskara Tonetti – 30 anos e Marcos Daniel – 32 anos) o nome artístico do casal foi inspirado em uma sequência de filmes antigos de terror. O casal narra que conheceram as festas eletrônicas ainda jovens, em 50


em 2009 quando foram na sua primeira festa Rave , que era uma festa Opem Air ( festa em ambiente aberto , geralmente em grandes áreas verdes ou sítios ) ali se apaixonaram pelo estilo , Marcos Daniel relembra “ Quando a gente chegou na festa a gente viu aquela energia que o DJ passava para o público através da música , e como o público respondia a esta energia , achamos aquilo surpreendente”. Em 2012 surge a vontade de se tornarem DJ e criarem um projeto para criar suas próprias músicas eletrônicas e seu estilo próprio. O primeiro grande desafio enfrentado pelo casal foi a aquisição do equipamento para se tornarem oficialmente DJS , teriam que comprar um CDJota é o equipamento mesmo que de qualidade mediana no Brasil é muito caro. Outro desafio encontrado pelo casal foi aprender a manusear o equipamento, pois naquela época não existia em Minas Gerais uma escola para DJS ou mesmo cursos Conta Yáskara.

“Para aprender a tocar tivemos que ser bem autodidatas, e pesquisamos muito, mas depois de um tempo um amigo que já era DJ nos deu dicas valiosas … daquele momento em diante não paramos mais de buscar conhecimentos”. O casal também conta que naquela época foi uma grande dificuldade se estabelecer como DJ dentro do universo do eletrônico mineiro, pois havia uma “ panelinha” um círculo fechado de DJS que sempre se apresentavam e não cediam espaço para a nova geração. O casal Puppet M4ster ainda no início de sua jornada tomou outra decisão difícil, tocar um estilo O Full on é a vertente mais melódica do Psychedelic, o estilo foi originado em Israel evoluído em Ibiza no final da década de 1990. Já o fullon hitech é um derivado do fullon e utiliza de muitos efeitos eletrônicos bem sequenciados com batidas às vezes mais pesadas, brakes , baixos de alta qualidade , vozes e melodias, sendo um som cativante para dançar. 51


Segundo Marcos Daniel uma festa que marcou muito a carreira do casal foi se apresentar na festa substance uma que é um dos melhores eventos de música eletrônica de Minas Gerais, “Logo que decidimos ser djs a festa lançou duelo entre DJs iniciantes da cena mineira , o prêmio seria se apresentar na festa, a escolha era feita por votação e ganhamos mesmo tocando um estilo que não estava em alta na época que era o fullon hitech, e tocamos ao lado de grandes artistas internacionais.” O casal Puppet M4ster além de DJs também são produtores de evento , duas áreas que foram enomermente afetadas pela pandemia do covid 19, assim como para eles a pandemia impactou gravemente o setor de eventos, e segundo o casal os tempos estão sendo difíceis para todos . Durante a pandemia mesmo sem nenhum tipo de apoio financeiro o casal se reinventou e realizou várias LIves e trabalharam na produção de novos sons, Yáskara conta as novidades. “Lançamos no beatport dia 22 de março pela gravadora UPtrance records o ep Resiliência. o ep traz bastante de nossa identidade e com um tema que achamos que é de suma importância nos dias de hoje, o vocal em português e traz mensagens positivas. O Brasil é um polo de música eletrônica mundial e nem sempre o público consegue se conectar 100% com a música se não entender o que está sendo dito. Por enquanto o ep só está disponível no beatpor, e a partir de 5 de abril estará disponível em todas as plataformas digitais e ao longo do ano dependendo de como a pandemia se desenrolar teremos vários lançamentos...”

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