Jornal Novembro 2010

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Documento Orlando Campos (*)

Pelos caminhos de Camocim

Alguns meses atrás forneci material ao meu querido amigo Wilson Ibiapina que ele utilizou para fazer uma bela matéria sobre .o pouso no ano de 1931 de um avião Dornier DOX, obra prima da indústria aeronáutica alemã, no leito do rio Coreaú em Camocim no Ceará, As informações que eu tinha sobre esse fato, e que repassei ao Ibiapina, as obtive em muitas viagens que eu fiz a região no final da decada 80 do século passado. Brasília, Lendo essa reportagem, publicada pelo jornal “Ceará em Brasília”, tive um momento de nostalgia ao lembrar daqueles tempos em que eu, paulista de quatro costados ,fui transferido pela empresa em que trabalhava para Fortaleza, com área de responsabilidade comercial sobre os estados do Ceará, RN, PI e, MA para a colocação de produtos siderúrgicos. Eu que não me dava bem com o calor excessivo, como que conseguiria sobreviver naquelas paragens tórridas ?. Mas como não tinha outro jeito, lá vou eu. Acabei gostando e muito de toda a região, particularmente o Ceará, com a linda Fortaleza e também do interior, que jamais pensei que um dia fosse conhecer e para onde fiz muitas viagens das quais muito me lembro, particularmente dos caminhos de Camocim, palco da pouso do Dornier DOX , que na verdade estava mais para um navio voador pelo tamanho incomum para a época e pelos seus nada menos que doze motores. Saia de Fortaleza para Camocim, no carro do Paulo Clouseau, que tinha esse apelido carinhoso pelas trapalhadas que as vezes protagonizava, lembrando o personagem de Peter Sellers em A Pantera Cor de Rosa, mas que, à parte disso, era um emérito profissional, vendedor de mão cheia. Eu como responsável comercial pela região, gostava de conhecer todos os clientes, grandes, médios e pequenos como os que caracterizavam o interior do Ceará. Era importante saber o que eles achavam da qualidade de nossos produtos e também do atendimento que recebiam nas diversas faces que o ligavam à empresa. Passávamos por Itapagé e suas pinhas e chegávamos a Sobral, uma das mais importantes cidades do interior do Ceará – hoje mais do que nunca.Eram muito boas as conversas com clientes como o Atualpa Parente, o Edvar e o Antonio Carlos, sempre vigiado pela esposa. O calor durante o dia era de matar paulista, mas à noite era muito agradável esvaziar algumas garrafas de cerveja lá no Beco do Cotovelo, onde o visual de meninas bonitas, estudantes na sua maioria, vindas de várias cidades da região amenizava as agruras do clima. Dia seguinte , saíamos cedo passando por Aprazível atingíamos a Rodovia CE 304, e tomávamos a direção do litoral. Logo surgia o Rio Coreaú na cidade do mesmo nome, depois Moraújo, Campanário e Granja. Esta já era uma cidade de mais tradição, com mais de 200 anos, possuindo alguns interessantes edifícios como a Câmara Municipal ,o Mercado Público a Estação Ferroviária e a imponente ponte metálica sobre o Rio Coreaú todos com mais de 100 anos. A Igreja Matriz data da criação do município há mais de 200 anos. Naquele ano de 1989 havia lido numa coluna social de jornal, parece- me que na do Lúcio Brasileiro, que para a posse do prefeito da cidade , Esmerino Arruda, que fora suplente de senador, foi recomendado o uso de smoking, para espanto até mesmo dos sobralenses, muito conhecidos pelos seus hábitos cosmopolitas. Fiquei com mais calor ainda só de imaginar traje a rigor naquele caldeirão, De lá, sem parar em Camocim, seguíamos direto para Bitupitá, povoado de pescadores que surpreendia os executivos de vendas da empresa, até de outros estados, pela quantidade incomum de arame galvanizado que consumiam. A explicação e´que eles eram utilizados na confecção de currais de peixe, armadilhas para a captura de pescados. E como tinha peixe por lá. No cami-

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nho, até Barroquinha ainda havia uma estrada de piçarra, mas dali para frente era por uma trilha ou mesmo pela praia. O gratificante é que em casas ou restaurantes muito simples, comiam- se maravilhosos pratos de peixes como o pargo, arabaiana, camurupim, etc, e oferecidos por moradores ou, quando se conseguia pagar, a preço de banana Na volta passávamos por Camocim e eu não me cansava de admirar a velha estação ferroviária, bem em frente a loja do Hindemburgo Aguiar , um grande papo. Imaginava como era a cidade nos tempos áureos do trem e também dos aviões que desciam no rio Coreaú. O Murilo Aguiar era um doublê de comerciante e político, pois foi prefeito da cidade e tinha grande projeção regional. Grande figura também era o Fernando Trévia que emprestava o seu nome ao estádio de futebol da cidade, palco de renhidas pugnas envolvendo equipes locais e das cidades vizinhas. Com mais de 80 anos Fernando dirigia a sua caminhonete para compras em Fortaleza , indo e retornando às vezes no mesmo dia, não obstante a os quase 400 km de distância, parte em estradas de terra. Os hotéis da cidade, à época, eram muito simples, mas o atendimento era muito bom e só era preciso algum cuidado com um personagem sinistro chamado potó, insidioso inseto voador que soltava um líquido que atingia as suas vítimas, preferencialmente no pescoço, causando queimaduras cujos sinais permaneciam por vários dias. Era o terror das moçoilas vaidosas, mas também de todo o mundo, pois ninguém queria ser atingido pelo tiro certo do bicho, que eu vim a conhecer nessas viagens pelo Ceará. Mas Camocim tinha ainda outra grande e surpreendente atração representada pelo restaurante do João do Algodão, cujos pratos de camarões, lagostas e frutos do mar em geral se igualavam em sabor e qualidade com as melhores casa de pasto que existiam em Fortaleza naquela época e com uma grande vantagem, os preços, muito mais baratos. Em 1993, mudei- me do Nordeste. Baseado que estava em Recife fui transferido para Brasília para novos desafios. De lá para cá, voltei muitas vezes ao Ceará, mais para Fortaleza, algumas vezes para o interior, mas nunca mais para esses caminhos de Camocim. Em resposta à reportagem do Diário do Nordeste sobre o DOX, um concunhado do Hindemburgue, que nela fora citado, residente em Brasília, entre outras observações informava que ele falecera em 2006. Do Fernando Trévia nunca mais ouvi falar. Se ainda estiver entre nós, terá passado dos 100 anos ,sendo pouco provável que ainda dirija a sua caminhonete até Fortaleza distante 400 km e muito menos indo e voltando no mesmo dia. Mas espero que o seu nome ainda ornamente a entrada do estádio de futebol da cidade e que ele ainda seja palco de disputadíssimas batalhas futebolísticas envolvendo equipes regionais. Passados mais de 20 anos o atual prefeito de Granja é o mesmo daquela minha primeira visita à cidade, não sei se com ou sem “black tié”. Só sei que, parece, estar envolvido em renhidas batalhas políticas com os representantes da oposição com alguns episódios sendo alvos de desdobramentos junto ao Poder Judiciário . O Paulo Clouseau até hoje é meu amigo e continua o seu competente trabalho na capital e no interior do Ceará, alvo da admiração de seus clientes e também dos seus chefes. Eu acabei me acostumando e gostando muito daquelas paragens, na verdade nem tão tórridas. Das muitas coisas que observei nessas viagens nunca mais tive informações sobre o que remanesce daquelas visões, Mas soube que Camocim tem hoje um resort de luxo o que significa que os mais endinheirados podem desfrutar com todo o conforto do Carnaval da cidade, há muitos anos um dos melhores do Ceará. (*) Orlando Campos (São Carlos-SP), casado com cearense do Icó, Maria Socorro Siqueira Gonçalves.

veja o site do projeto Brasília 50 anos do Ceará: www.brasilia50anosdeceara.com.br

Correios investiram só 24% da verba em 2010, diz Planejamento

Números do orçamento dos Correios mostram que a situação continua longe da ideal. Dos R$ 640 milhões previstos para investimentos (execução de obras e compra de equipamentos) este ano, somente R$ 151 milhões foram desembolsados pela ECT até agosto, ou seja, 24% do total. A informação foi divulgada pelo Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest), órgão do Ministério do Planejamento. O salário médio nos Correios são um dos menores entre as estatais. Isso faz com que haja uma rotatividade muito alta na empresa, pois os funcionários de nível superior, por exemplo, passam em outras seleções e deixam a ECT. A quantidade de trabalhadores de serviços postais para um país com essa dimensão é ridícula. Na França, por exemplo, há 300 mil funcionários. No Brasil, só 106 mil”, “A empresa tem de levar correios para o interior do país e parar de pagar aluguel de imóveis de pessoas e empresas ligadas a políticos e construir agências. Os Correios preferem pagar R$ 60 mil por mês do que construir, em um terreno já da empresa, um imóvel de R$ 200, 300 mil, sob a visão de ‘correio mínimo’. Isso gera um rombo de mais de R$ 1 bilhão por ano.

Infraero investiu só 16,5% do orçamento neste ano, diz Planejamento A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, responsável por 67 aeroportos em todo o país, desembolsou, entre janeiro e agosto, apenas R$ 16,5% (R$ 258,6 milhões) de um montante previsto de R$ 1,6 bilhão até dezembro. Obras como a construção de nova torre de controle do Aeroporto Internacional de Salvador (R$ 15 milhões autorizados), a adequação do terminal de passageiros do Aeroporto de Juazeiro do Norte, no Ceará (R$ 26,5 bilhões), a construção do novo terminal de cargas do Aeroporto de Vitória (R$ 25 milhões), a ampliação do terminal de carga do Aeroporto Internacional de Curitiba (R$ 9,5 milhões) e a construção do complexo logístico do Aeroporto Internacional de Porto Alegre (R$ 52 milhões) ainda não receberam nenhum centavo em 2010 Questionada se os aeroportos brasileiros terão capacidade de atender a demanda de usuários a partir de 2011, a Infraero afirma que os terminais têm recebido investimentos para garantir o atendimento com conforto e segurança. De acordo com a assessoria, alguns exemplos desses investimentos são os módulos operacionais de Brasília, instalado e prestes a entrar em operação, Goiânia e Vitória (ambos em instalação).

Nova Unidade de AVC evita 300 mortes e reduz 400 incapacitações

300 mortes evitadas e 400 pacientes livres de sequelas. Esse foi o balanço do primeiro ano de funcionamento da Unidade de AVC do Hospital Geral de Fortaleza, unidade da Secretaria da Saúde do Estado, divulgado em 29.10, Dia Mundial do AVC, pelo secretário da saúde do Estado e pelo diretor da Unidade, João José de Carvalho. Inaugurada no dia 29 de outubro do ano passado, a Unidade de AVC atendeu 1.400 pacientes nos últimos 12 meses. A média de mortes dos pacientes com AVC atendidos no HGF é de 3,2%. Bem menor do que a média dos outros hospitais, que é de 24%. O secretário da saúde do Estado, Arruda Bastos, destacou que o Ceará é o único Estado do país a ter um programa de AVC aprovado pelo Conselho Estadual de Saúde. O Programa de Atenção Integral e Integrada ao AVC no Estado do Ceará inclui, além da Unidade de AVC do HGF, o estudo epidemiológico feito em 19 hospitais da capital e também o sistema de notificação compulsória da doença. Arruda Bastos informou que a estrutura de assistência aos pacientes será ampla e de qualidade, com nove policlínicas, em construção, oferecendo exame de tomografia, e a com a universalização do SAMU.

Ceará em Brasília


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