Jornal fev2017

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Um jantar inesquecível

Fernando Milfont (*) Houve tempo, lá pelos anos de 1960, que ir ao Copacabana Palace era o máximo da sofisticação, principalmente para os eventuais ou, anda mais, para os que imaginavam um dia, quem sabe, poder dizer, de boca cheia (de orgulho): “Ontem jantamos no Copa!” assim mesmo, tratando na intimidade, por ter alcançado o elevado grau da ascensão social, coisa de matar de inveja os vizinhos, que lambiam os beiços ao ouvir a saga dos felizardos que haviam jantado no Bife de Ouro, servidos por garçons alinhados ,impecavelmente bem trajados, com serviço de mesa de primeira qualidade, o suprassumo do bom gosto: copos de cristal, jarros com flores frescas no centro da mesa forrada com tolhas de linho branco, sonho inalcançável para o vivente comum assalariado. Um desses sonhadores com o impossível foi um colega meu, que fez o maior esforço para realizar o desejo de sua jovem esposa. “Vamos ao Copa!” Foi o sinal mágico, o acender a chama já quase apagada dos sonhos. E a mulher partiu para os arranjos pessoais, combinar com os amigos mais íntimos para dividirem esse prazer, só comparável a uma viagem a Miami e ver de perto o Pato Donald e toda a família Disney. Essa viagem, só mesmo ganhando na megassena. Um dia, quem sabe! Tudo combinado, o dia acertado, era data para ficar na História dos felizardos. Comer o bife no Bife de Ouro. Foram todos, roupa nova, nos trinques da modernidade, mesa reservada com antecedência, menu a ser decidido na hora , com vinho, se fosse possível, provavelmente era, dadas as circunstâncias. E foram todos, cabelos bem tratados, brincos e colares para darem um brilho extra às damas, paletó e gravata para os cavalheiros, a hora perto das 10 da noite, não muito cedo nem muito tarde, para que no dia seguinte tudo voltasse à rotina, com o trabalho, limpeza da moradia, lavagem da roupa das crianças, ainda com o sabor dos acepipes deliciados na véspera, quando estiveram no salão iluminado, mesas vizinhas cheias, música com piano e violinos para dar o tom do requintado ambiente. Os quatro extasiados, porém ocultando a timidez do encanto, mostrando-se sem exibicionismo. Pratos escolhidos, pedidos anotados, era aguardar as iguarias sofisticadas enquanto se deliciavam com o serviço. Antes, e esse o detalhe, foram postas pequenas tigelas de louça, ao lado de cada comensal (o termo serve para dar mais elegância ao momento). Ficaram todos em silêncio, olhando-se com certo espanto, indagando-se o que seria um fino líquido com algumas pétalas de rosa. A jovem esposa do meu colega, depois de um pouco de hesitação, levou a tigela à boca de lábios finos, sorveu dois goles, parou, olhou para os demais e recomendou: “Bebam, tem gosto de flor!” Não terão sido os primeiros a passar por esse vexame mas, para o alegre grupo, o constrangimento jamais será esquecido. Meu colega se disse já não me lembro, se os demais seguiram o gesto. Mas confessou, consternado, que aquela água era para lavar os dedos. Voltaram em silêncio a quietude suburbana da Penha, combinando que a gafe não deveria ser comentada. Afinal, tirando da boca a tigela com as pétalas de rosa, terá ficado o sabor das deliciosas iguarias servidas no sofisticado Bife de Ouro, de doces lembranças. Terá também valido o esforço e compensada a despesa. E aproveitado o dizer do provérbio: “Mais vale um gosto que seis vinténs.” Eis história do gênero, contada por um amigo, que viajara a Suiça com um colega, a convite de uma fábrica de relógios da qual eram representantes. Por falta de intérprete, em um restaurante, o colega do meu amigo apontou para um nome do cardápio, do qual só identificavam os preços, comeu, foi ao banheiro, vomitou, pediu o segundo, comeu um pouco, foi ao banheiro, no terceiro, reconheceu: Era restaurante especializado apenas em chucrute. (*) Fernando Milfont (Fortaleza) é jornalista, sociólogo e escritor, membro da Academia Cearense de Ciências,Letras e Artes do Rio de Janeiro. (milfont90@ gmaiul.com)

Fevereiro/17

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Depois de cinco anos, Ceará perdeu o 1º lugar no Instituto Tecnológico da Aeronautica-ITA. São Paulo venceu. Mas vejam as proezas dos cearenses ITA. Os cabras são bons O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), divulgou na manhã desta sexta-feira, 30, a lista de classificados em seu vestibular 2017. Após cinco anos seguidos como líder, Fortaleza apresentou uma queda no número de aprovados. Este ano, 33 estudantes foram selecionados, enquanto em 2015, o ITA aprovou 61 alunos da Capital cearense. “A cidade de Fortaleza caiu bastante. Acho que foi por conta da redução de vagas, saindo de 140 para 110. Os resultados de outras cidades aumentaram bastante. São Paulo caiu muito pouco. No geral, os outros estados cresceram”, ressalta ao O POVO Online o coordenador do Colégio Ari de Sá, Leonardo Bruno. São Paulo, líder na lista dos estados, conseguiu aprovar 42 estudantes; seguido pelo Ceará, com 33 aprovados; Paraná, com dez; Rio de Janeiro, com oito; Distrito Federal, com quatro; Pernambuco, com quatro; Piauí, três; Bahia, dois, e Goiânia, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, com apenas um cada. No total, 12.484 candidatos se inscreveram no vesti-

bular em todo o País. Em Fortaleza, 1.090 alunos se candidataram às vagas, sendo 851 homens e 239 mulheres. A nota de corte diminuiu de 69.4 para 68.5, com índice de abstenção de 36,3%. A média geral do vestibular também apresentou uma queda passando de 72.8, em 2015, para 72,3, neste ano. “As provas estavam mais difíceis”, comenta Leonardo. O Vestibular do ITA ocorreu entre os dias 13 e 16 de dezembro, com questões de Física, Português, Matemática e Química, além de uma Redação. Os cursos mais procurados são de Engenharia Aeronáutica, com 2.957 inscrições, Engenharia Aeroespacial, com 2.570, e Engenharia Mecânica-Aeronáutica, com 2.366, respectivamente. Os selecionados deverão comparecer ao instituto no próximo dia 22, às 10 horas, para inspeção de saúde. Os exames médicos e psicológicos, que compõem a inspeção de saúde, são obrigatórios para todos os candidatos convocados e tem caráter eliminatório. Os procedimentos, instruções e datas de matrículas serão informados posteriormente na página do ITA na internet

Lucas Maia tira maior nota do Brasil na prova de matemática do ENEM

Lucas Maia dá dicas para ter um bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio. Atingir a maior pontuação em uma das áreas de conhecimento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um verdadeiro desafio. O motivo deve-se ao curto período de tempo disponibilizado para resolver as questões. Os candidatos Lucas Maia, 18, foi aprovado vestibular do ITA e está têm de estar bem atentos e ágeis no morando em São José dos Campos, SP. Pessoal) durante as quatro ou cinco horas de prova. Lucas Maia, 18, alcançou essa conquista. Ele tirou a maior pontuação do Brasil (991,5) na prova de matemática do Enem. Para atingir essa nota, o estudante e bolsista do colégio Farias Brito buscava fazer uma leitura mais concentrada e resolver o maior número de questões de diversas maneiras nos seus momentos de estudo. Em entrevista ao O POVO Online, Lucas explica que essas estratégias são essências para quem deseja ter um bom desempenho no Enem. Leia Mais: Cearenses que tiraram nota mil na redação do Enem trocaram lazer por estudo “Algumas questões ocupam muito tempo. Procurava ler somente uma vez e marcar o que é mais importante. Quando tava lendo, já tinha estratégia para a questão, pois fazia vários exercícios antes de fazer a prova”, conta Lucas ao O POVO Online o seu método de estudo. Desse modo, o candidato pôde administrar melhor o seu tempo. “Ler mais de uma vez uma questão poder ser uma perda de tempo”, acrescenta.

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A decisão de pensar nessa estratégia partiu de alguns erros que o estudante cometeu em outras edições do exame. Ele conta que havia perdido uma questão de matemática por ter lido “100 milhões” ao invés de “100 milhões de toneladas”. A falta de atenção resultou na diminuição da sua nota. “Os textos são muitos grandes para cansar você. É preciso ler com mais atenção”, explica. Aprovado no ITA Além de ter tirado 991,5 na prova de matemática do Enem, Lucas também foi aprovado no vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Entrar na instituição era o seu objetivo na época do colégio e do cursinho pré-vestibular. “As oportunidades são maiores no ITA. Lá, eu posso ser engenheiro, trabalhar com gestão de empresas ou até mesmo dar consultorias”, diz o que lhe motivou a fazer o vestibular. Mas para ser aprovado, foi preciso muitas horas de estudo. Lucas estudava mais de 12 horas por dia. Começava às 7h30min, dava uma pausa no horário do almoço. Logo em seguida, ia para aula às 13h30min e retornava para casa às 22 horas. Durante os fins de semana, essa carga horária diminuía para 10 horas de estudo. Por estar na adolescência, Lucas teve que conciliar as horas de estudo com os momentos de lazer. Nos fins semana, por exemplo, priorizava os livros e somente à noite buscava sair com os amigos. “Como os meus amigos também estavam na mesma situação, não foi tão difícil conciliar. A gente tinha momento juntos de lazer”, afirma. Hoje, ele desfruta do investimento realizado nos últimos anos. Redação O POVO Online

Ceará em Brasília

(Foto: Arquivo

Leituras VII


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