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Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo UFU ano 15 • 55ª edição abril de 2024
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Esportes
Confira como a Liga de Xadrez transforma a realidade de alunos da UFU
Página 3
Ciência e Tecnologia
Saiba como o LABME equilibra ética e avanço científico nos trabalhos acadêmicos
Página 9
Políticas
Veja como trotes violentos trazem consequências para os universitários
Página 11

EDITORIAL//
Entre marcas e memórias
Como um livro infinito, cada dia vivido se revela como uma nova página O tempo, que se desdobra constantemente, deixa marcas, cria experiências e impulsiona o avanço. Transforma celebrações e feridas em memórias que moldam uma trajetória.
Das lembranças da infância à metamorfose da felicidade em tristeza, o tempo deixa sua marca Marcas que resistem ao passar das páginas
Páginas que não se preocupam só com o passado, mas também com o presente Com uma nova chance de viver o agora, como uma tatuagem que ressignifica uma marca, e descobrir possibilidades com uma dança ancestral. Do movimento de uma peça de xadrez à alegria de se reinventar, criar e inovar
É necessário entender que não há porque esperar por um tempo oportuno Sempre é tempo para tudo Para ter novas experiências, reviver sensações e sentimentos que há muito tempo estavam escondidos. Descobrir que sempre esteve ali a força de vontade de deixar para trás aquilo que um dia foi ferida, mas tornou-se força de vontade para reinventar e mudar vidas
E o tempo certo para você explorar a edição 55 do jornal Senso (in)comum é agora! Aqui, você se surpreenderá com a ciência que acontece no bloco ao lado e descobrirá a Universidade por diferentes perspectivas Convidamos você a folhear as páginas do nosso jornal e, como nossos personagens, encontrar a esperança no livro da sua própria jornada .
Errata
NA MATÉRIA CASA DE ÀKÀRÀ GANHA CLOSE COM DANÇA VOGUE , VEICULADA NA EDIÇÃO 54, PÁGINA 3, ERRAMOS AO IDENTIFICAR O
MESTRANDO ALEXANDRE ROIZ COMO SENDO FORMADO EM
TEATRO A FORMAÇÃO DELE É EM DANÇA
NA EDIÇÃO 52, NÃO FORAM DADOS OS CRÉDITOS À REPÓRTER QUE
REALIZOU O FOTOENSAIO NA PÁGINA 12, "A DESUMANIZAÇÃO NAS
ÁREAS URBANAS DE UBERL NDIA" AS FOTOS FORAM REALIZADAS
POR ELOISA OLIVEIRA

As costas marcadas indicam um passado ainda em aberto
As feridas que seguem sendo tratadas, alertam a violação recorrente
da regulamentação.
A proibição não se fez suficiente, muito menos a campanha que não
tem adesão
Me pergunto então, qual a solução?
Quinze alunos foram queimados Rostos, pernas e costas marcados
Feridas de 1º e 2º grau e, até então, nenhuma denúncia policial.
Meses de processo institucional, depoimentos, reuniões e a punição?
Sessenta dias de suspensão
Um aluno foi responsabilizado e os cúmplices, apaziguados
Por parte das vítimas: indignação e injustiça
Cansados de pensar em suas feridas. Aguardam do tempo, a cicatrização.
Já para a instituição, resta preocupação O alerta do novo semestre deixa em questão: os novos calouros serão
marcados ou chegarão conscientizados?

CAMPANHA #DIGANÃOAOTROTE E A REPRESENTANTE DA PROAE QUE ACOMPANHA CASOS DE TROTES VIOLENTOS - FOTOS E COLAGEM: MADU PORTO
Entenda mais sobre o tema na reportagem "Trotes ‘marcam’ iniciação de calouros na UFU" Pág 11
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Reitor Valder Steffen Jr - Diretora da FACED Mariana Simone Ferraz Pereira - Coordenadora do curso de Jornalismo Nicoli TassisProfessores Gerson de Sousa, Nuno Manna, Nicoli Tassis e Patrícia Amaral - Jornalista responsável Patrícia Amaral (MTb 24.518) - Editores chefes Aléxia Vilela e Felipe Domingos - Editores Giulia Brandolezi e Eloisa Oliveira (Ciência e Tecnologia) / Madu Porto e Felipe Pirovani (Cultura) / Mariana Gulo e Mell Santos (Esportes) / Bruno Stocco e Felipe Regal (Políticas) - Opinativo Carolina Bernardes e Laura DuarteFoto e Arte Bruna Paula, Enzo Stroppa, Théo Noguti e Wender Freitas - Redes e Site Gabriel Augusto, Gabriel Ferrer, Vítor Turolla e Wyllorrany Amorim - Checagem Letícia de Paula, Matheus Mazon, Miguel Santiago e Sarah Doralice - Revisão Geovanna Pedra, Greicy Silva, Kathleen Cristina, Lucas Mendes, Maria Eduarda Amorim, Murilo Cardoso e Sofia Volpi - Divulgação André Lima e Julia CoêlhoDiagramadores Ana Camfella, Igor Fernandes, José Matos, Luiz Claúdio, Giulia Brandolezi, Mariana Gulo, Julia Coêlho e Wyllorrany Amorim Finalização Ana Camfella - https://sensoincomumufu wixsite com/jornal

O rei ao final ficará de pé

Treinos regulares se transformam em Liga de Xadrez da UFU que pretende ir para fora do campus
Agilidade, pensamento rápido e estratégia são elementos necessários para o xadrez, um dos esportes mais populares do mundo que foi capaz de unir alunos de diferentes cursos na UFU. O torneio interno da Liga de Xadrez (LX) foi o marco para uma nova trajetória do esporte dentro da Universidade, sendo símbolo do que a comunidade busca conquistar ao longo dos próximos anos Disputado em fevereiro, a intenção foi movimentar os atletas ainda no começo do semestre Demetrius Costa, aluno de História e um dos co-fundadores da LX UFU, conta como surgiram os torneios “A partir do crescimento da comunidade, começou a existir o interesse de criar torneios internos. Afinal, na Olimpíada UFU os mesmos jogadores se reúnem toda semana no espaço. Faz todo o sentido existir esse tipo de competição” , afirma o estudante Um dos pilares para a construção da Liga foi a integração, sendo a casualidade de chamar um amigo para um jogo um dos fatores principais. As reuniões eram feitas em blocos espalhados pelo campus Santa Mônica, mas com o passar do tempo, o Centro de Convivência (CC) foi se tornando a melhor opção O espaço é de livre acesso e um dos locais mais movimentados da UFU, o que traz uma grande visibilidade não só para a LX, mas também para o próprio xadrez

O Gambito da Rainha
A partir de setembro de 2023, as partidas deixaram de ser apenas ocasionais e tornaram rotina para os jogadores Todas as sextas-feiras, eles se reúnem durante a tarde para praticar Um dos enxadristas que está desde o começo nesse processo é o estudante de Medicina, Eduardo Marangoni, que começou a praticar ainda no ensino médio e acompanhou a movimentação de formação LX UFU “Surgiu essa iniciativa, principalmente do Marcos, Paulo e Demetrius de fazer o grupo, reuniões, torneios internos, e principalmente divulgação” , relata o atleta. Co-fundador da Liga, Marcos Vinícius teve contato com o xadrez com influência da série da Netflix “O Gambito da Rainha” , o que gerou interesse em conhecer cada vez mais o assunto Ele completa que: “A Liga de Xadrez se formou com o intuito de promover a prática desse esporte dentro da universidade de forma mais organizada para conectar estudantes e também o público externo à faculdade”
Ataque Trompowsky
Há relatos de jogos similares ao xadrez ainda no Egito antigo, mas o formato atual parte do século XV No Brasil, teve sua chegada com João VI, que trouxe as primeiras peças para o país, a primeira competição nacional veio a se realizar setenta anos depois. Conforme o tempo, o jogo fez cada vez mais parte da sociedade, tornando-se ainda mais popular O Brasil revelou entre grandes mestres Octávio Trompowsky, que defendeu o país duas vezes nas Olimpíadas de Xadrez e tinha como característica sua abertura com bispo e rainha
Logo após a pandemia, por conta do isolamento, os jogos online ficaram mais consolidados
nas mídias Para o xadrez não foi diferente, o primeiro “e-sports”
do mundo também seguiu essa tendência. Mesmo com esse crescimento, a visibilidade dian-
te dessa prática diante de outros
esportes praticados no Brasil,
como o futebol, continua baixa.
Há também uma estigmatização em torno da dificuldade do esporte, pelo senso comum de ser um esporte de “gênios” e por ser majoritariamente masculino.
A respeito desse processo, Demetrius comenta: “O Xadrez desenvolve o reconhecimento de padrões e isso é essencial para a vida, esse estigma tem que ser desconstruído Ele é para todo mundo e para qualquer gênero”
Próximos passos da Liga: o Xeque Mate
O desejo dos fundadores é oficializar a Liga como um projeto consolidado. Para ajudar
nesse desenvolvimento, eles en-
traram em contato com o pro-
fessor de Matemática, Danilo de
Oliveira, que realiza um projeto de xadrez em Monte Carmelo com oficinas desde 2017, mas foi pausado por um tempo por con-
ta da pandemia “Foi bem inte-
ressante esse contato do pro-
fessor Danilo e a confiança dele no nosso projeto, uma vez que
ele é um dos exemplos que que-
remos seguir” , afirma Marcos
A Liga deixará de ser apenas no CC do Santa Mônica e se expandirá até o campus de Monte Carmelo, além de estar presente em duas escolas estaduais. O professor de matemática da UFU prevê o início das aulas neste mês de abril e, ainda, um acordo para ministrar aulas na E.E. Professor Vicente Lopes Perez, em Monte Carmelo, aos alunos do Ensino Fundamental e na E E Joaquim Saraiva, em Uberlândia, ao Ensino Médio. “Queremos organizar um circuito de Xadrez da UFU com etapas em Monte Carmelo e Uberlândia No momento, contamos com estas escolas, porém, caso alguma outra tenha interesse no projeto e nas aulas de Xadrez, podemos estudar a possibilidade” , comenta Danilo. O planejamento a médio prazo é de que tenha a realização de mais torneios ao longo dos próximos períodos e posteriormente que a Liga seja oficializada e reconhecida na UFU, como um projeto extensionista Embora esteja ainda no começo das oficinas, a perspectiva é que mais escolas na cidade possam ser englobadas futuramente



O resgate da capoeira ao som do tambor
Capoeira Angola prevê ajuda institucional em abril para realizar eventos culturais pretendidos
LUIZ CLAUDIO E LUCAS MENDESA capoeira é um dos maiores destaques da cultura brasileira no mundo. Além de ser um ícone cultural, o esporte é uma válvula de escape para alguns alunos da UFU A partir disso, Raul Guimarães, aluno do curso de Engenharia Biomédica da UFU, criou o projeto ‘Capoeira Angola’ , que atende estudantes, desde 2023 e recentemente se inscreveu no edital do Projeto de Incentivo à Cultura (PIAC) O PIAC Estudantil tem uma verba destinada a projetos culturais de alunos e uma das metas é realizar dois eventos de capoeira no final do ano
Na roda de capoeira os praticantes encontram um espaço para se expressar, se conectar com as raízes culturais e desafiar as injustiças sociais. A música tem um papel central nesse processo, guiando os movimentos dos jogadores e transmitindo história e espiritualidade do povo afro-brasileiro
Além da prática física, a capoeira é uma filosofia de vida que enfatiza valores como: respeito mútuo, solidariedade e autoconfiança Hoje, a luta brasileira é praticada em todo o mundo, unindo pessoas de diferentes origens e culturas. É uma forma de arte que transcende fronteiras e idiomas, transmitindo uma mensagem universal de união e empoderamento
Raul foi apresentado à capoeira por sua avó, uma mulher indígena negra que valorizava profundamente as manifestações culturais afrodescendentes
Essa conexão com suas raízes influenciaram sua decisão de mergulhar na prática da capoeira desde novo. Quando se mudou pa Goiânia teve a oportunidade de iniciar s jornada na capoeira sob a orientação do Me tre Suíno O encontro marcou Raul profund mente e o inspirou a continuar sua busca pe maestria na arte
A capoeira e sua relação com a UFU
No hall do bloco 5M, um grupo de alun pratica a centenária arte da capoeira Mui mais que um esporte, a capoeira é uma filos fia de vida que traz inúmeros benefícios a seus praticantes, como o aprimoramento fís co, o alívio do estresse diário e a ressignific ção da vida daqueles que praticam primeiro evento planejado é uma vivência d três dias com o Professor Canoa, mestre d Raul. O objetivo é oferecer uma experiênc aberta a todos os interessados na UFU e pr porcionar um contato direto com a tradiç da capoeira Em seguida, está prevista a vin de Mestre Cabelo, mestre da Bahia, para out vivência de três dias com os alunos O ra branco, como é conhecido nas rodas de capo-
eira, enfatizou a importância de conectar os alunos com capoeiristas mais experientes, destacando a necessidade de compreender a linhagem e a história por trás da prática da capoeira
A expectativa é de que o resultado do edital seja divulgado neste mês, e se o projeto for aprovado, Raul espera receber o Professor Canoa em agosto e o Mestre Cabelo em outubro, para enriquecer ainda mais a experiência dos alunos da UFU na arte da capoeira.
Inclusão através da capoeira
A jornada de Winter Valbão, estudante de Ciências Contábeis na UFU, na capoeira é significante. Por pertencer ao espectro autista, ela enfrentou desafios na comunicação e na compreensão de sinais não verbais Na capoeira, Winter encontrou um ambiente acolhedor e inclusivo, onde pôde desenvolver suas habilidades de interação social. A prática se tornou mais do que apenas um esporte. “Agora é um estilo de vida Acho que melhorou um pouco da minha fluidez, comunicação e no geral” , afirma o aluna
“Agora é um estilo de vida.”
WINTER VALBÃO
O ritmo e a dinâmica dos movimentos na roda de capoeira exigem uma sincronia precisa e uma compreensão profunda dos sinais emitidos pelos companheiros de treino Essa experiência não apenas fortaleceu suas habilidades
de comunicação não verbal, mas também promoveu um maior senso de conexão e pertencimento dentro da comunidade capoeirista. A prática trouxe uma oportunidade de aprimorar sua percepção dos gestos e movimentos dos outros praticantes, permitindolhe entender melhor as nuances da comunicação não verbal “Eu não pego tanto os sinais não verbais que as pessoas dão Quando você vai dar um golpe, ou fazer alguma movimentação, você tem que fazer de acordo com a resposta do outro. Você tem que responder de acordo com a movimentação” , ressalta Winter Vitor Rodovalho, estudante de Artes Visuais, conta que conheceu o projeto através do amigo. “Eu cheguei aqui por indicação do Winter Ela falou da capoeira em si, de como seria a aula, e eu me interessei” Sua primeira incursão na roda de capoeira foi uma experiência intensa e memorável, proporcionando uma imersão em um mundo de movimentos e ritmos vibrantes. Embora enfrentasse desafios iniciais devido à falta de prática física recente, foi conquistado pela energia contagiante do ambiente e pela riqueza cultural da capoeira Além disso, ele conta das suas expectativas para o futuro. “Espero aprender mais sobre os cânticos, que foi uma parte que eu gostei muito, e conseguir fazer mais exercícios também” , finaliza



Universitários buscam Ayuhasca para autoconhecimento
Terapia alternativa com chá proporciona experiencias imersivas e tratamento de transtornos psicológicos
POR FELIPE DOMINGOS E VÍTOR TUROLLA
Um ambiente com música calma, luz baixa, véus e velas. Mesa farta com pães e frutas. Contato direto com a natureza, árvores, arbustos e grama Animais soltos pelo espaço, cachorros e galinhas andando lado a lado. Paredes com divindades, mandalas E, claro, a Ayahuasca, chá à base de cipó de Mariri e arbusto Chacrona Esse é o Instituto Rainha da Floresta, que em 2024 completa 4 anos e aceita qualquer pessoa, independente da religião, para consumo da bebida No dia 13 de abril, a entidade realiza mais uma cerimônia no Instituto, localizado no bairro Roosevelt, em Uberlândia, e o tema do encontro será a "Reverência à Terra"
A Ayahuasca foi legalizada no Brasil em 2010, por uma resolução que a considerava compatível com o uso religioso e medicinal O interesse pessoal por alternativas medicinais foi o que levou Vinicios Rodrigues, líder do Instituto Rainha da Floresta, a conhecer a bebida Ele estudou o chá por 10 anos até tomar a decisão de participar de uma cerimônia. "Estava atendendo uma cliente e disse que gostaria de comungar com o chá Depois de todo o processo, eu e meu marido tivemos a nossa primeira experiência com a Ayahuasca" .
Ciência e consciência
Ansiedade, tensão e estresse são sintomas comuns em estudantes da UFU Em busca de uma solução para isso, Lucas Regatieri, aluno de Filosofia da UFU, afirma fazer uso do chá de forma terapêutica: “Por ter passado por outros tipos de tratamento, pra mim, tomar o chá equivale a um ano de terapia tradicional, é uma terapia com você mesmo”
Lorena Terene, doutoranda em
Saúde Mental e Ciências do Comportamento na Universidade de São Paulo (USP), participa de uma pesquisa sobre os efeitos cognitivos do uso do chá Ayahuasca em pessoas portadoras de transtornos psicológicos, orientada pelo Prof° Doutor Rafael Guimarães do Santos, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP). Ela relata que um dos sintomas dos transtornos, como o Transtorno de estresse

ENCONTROS MENSAIS REALIZADOS NOINSTITUTORAINHA DA FLORESTA FOTO:VITORTUROLLA
pós-traumático (TEPT), é a dificuldade do paciente em lidar com emoções e lembranças
A Ayahuasca atua nas áreas do cérebro responsáveis pelas memórias eemoções, e poderia ser um
para saber se sua condição de saúde é apta a passar pela experiência
“Acontecem várias perguntas, se a pessoa tem surtos psicóticos, quadro de esquizofrenia, síndrome do pânico
“É uma terapia com você mesmo”
tratamentoparaos sintomas. “Acreditamos que o efeito desta substância pode ajudar o voluntário a processar emoções difíceis e intensas vinculadas ao trauma” , explica
Lorena. Ela enfatiza que para alguns
dos transtornos não existem medicações específicas que os combatam e a Ayahuasca poderia ser uma alternativa.
Para muitos, o consumo do chá
é visto com receio e preconceito Esse estigma se fortificou com o caso da morte de Rian Britto, neto do humorista Chico Anysio, em 2016, no Rio de Janeiro O óbito do jovem de 26 anos se deu por conta do consumo exacerbado do chá
Em entrevista ao podcast Inteligência LTDA, apresentado pelo humo-
rista Rogério Vilela, Nizo Neto, pai de Rian, contou que o jovem consumiu 4 doses de aproximadamente 300 ml cada – quantidade por dose que equivale ao dobro do que é co-
mumente consumido
Assim como qualquer remédio
controlado, a Ayahuasca deve ter a aprovação médica. No Instituto Rai-
nha da Floresta, todas as pessoas passam por uma breve entrevista
Essas pessoas não podem comungar
Ayahuasca” , afirma Vinícios, que faz as perguntas por indicação do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad)
Raízes da tradição
Em 2020, mais um capítulo foi adicionado à discussão referente a chá. As instituições que faziam
uso da Ayahuasca passaram a s
consideradas entidades religiosas, que lhes davam livre exercício proteção dos locais de culto. E
Uberlândia não se sabe ao cer quando as comunidades começa
ram a se organizar, mas existem d
versas delas, como a União Veget
- ampla religião fundada por Mest
Gabriel em 1961 na Amazônia, e qu
cresceu no Brasil e no exterior apó
isso
O consumo do chá de Ayahua
ca é uma tradição de povos indíge
nas originários da Amazônia Ele
utilizado há milhares de anos em r
tuais que envolvem aspectos cultu
rais, sociais e medicinais Esse
povos creem que o chá seja um
forma de se conectar e comunic
ansmissão de conhecimento Mesmo que tenham sido ressignifiadas por diversos grupos, as cemônias que envolvem a Ayahuasca nda são uma forma de preservar a ultura indígena
A bebida também pode ser deominada de “Santo Daime” , devido fundação de uma religião sincrétia brasileira conhecida como "Douina do Santo Daime" , fundada por aimundo Irineu Serra, ao final do éculo XIX O seringueiro teve suas rimeiras experiências com o chá m rituais indígenas "Santo" referee à qualidade sagrada atribuída à yahuasca, enquanto "Daime" é ma expressão regional que signifia "dá-me" , que expressa o pedido de bênçãos, cura e orientação espiritual, feitos durante as cerimônias. “Beber o chá te dá uma visibilidade interna muito grande Se você estiver com alguma dúvida sobre si mesmo, não vai resolver, mas vai te evidenciar muito. Vêm pensamentos não resolvidos, coisas que estavam armazenadas em você e não lembrava” , relata Lucas Regatieri De acordo com quem consome Ayahuasca, a experiência traz muitas lembranças e desperta sentimentos escondidos, Vinicios explica que a experiência é individual O Santo Daime potencializa suas sensações, e segundo o líder espiritual, essa vivência é de expansão da consciência

com espíritos, além da cura física e

"Minha marca vai fica
Tra
POR ANA CAMFELLA E CAROLINA BERNARDESRegistrar memórias, contar histórias e atender ao desejo estético são propósitos que a agulha e a tinta podem oferecer em uma sessão de tatuagem Luiza Novaes, tatuadora e estudante de Artes Visuais na UFU, busca expressar sua conexão com a natureza por meio de seu projeto autoral “Eternos Amazônicos” , desenvolvido desde janeiro de 2024 Nele, a estudante produz desenhos em estilo xilogravura de espécies da Amazônia ameaçadas de extinção. Enquanto isso, Jooy Fava, tatuadora especialista em Fineline - as linhas finas dedicadas às tatuagens mais delicadas - e em cobertura de cicatrizes, utiliza sua habilidade para devolver a autoestima das pessoas que se incomodam com suas marcas e procuram meios de escondê-las
Ao trabalhar com técnicas específicas, Jooy camufla as cicatrizes físicas, e também ajuda a curar as feridas emocionais. A tatuagem, que por muito tempo foi vista como algo associado à marginalização e sequer considerada um tipo de arte, hoje recebe outro olhar, que Luiza e Jooy procuram mostrar com seus trabalhos As duas compartilham o objetivo de transformar narrativas e criar laços.
UMA PELE GRAVADA
Luiza começou o projeto "Eternos Amazônicos" este ano, durante as disciplinas de Ateliês de Arte Computacional e de Processos Gráficos A primeira é voltada para a produção de arte no meio digital, enquanto a segunda utiliza a técnica de gravura em relevo. A estudante combina as ferramentas aprendidas e utiliza moldes para dar vida aos traços de suas tatuagens, de forma a relacionar suas artes em xilogravura (que é a gravura em relevo) com o tema das espécies amazônicas em extinção. Marcel Esperante é professor de Artes Visuais da UFU e orientador de Luiza em Processos Gráficos De acordo com ele, inicialmente, os alunos têm contato com a xilogravura e a produção de carimbos e, posteriormente, chegam à imagem resultante para desenvolverem os projetos "Luiza utiliza como se fosse um carimbo e depois realiza a tatuagem tradicional, mantendo a essência da xilogravura, uma imagem gravada" , explica Ela utiliza uma placa de linóleo, um objeto flexível no qual faz os desenhos em relevo, para gerar o decalque da tatuagem, diferentemente do método convencional, que é impresso
Ao transferir as artes para a pele, são criadas texturas e linhas que as tornam únicas
A inspiração de Luiza em unir seu trabalho


ar nela para sempre"
de sua profissão e da trajetória de clientes. com o procedimento de gravuras veio de uma experiência pessoal com a tatuadora paulista Flora Ramos (Instagram: @floraramos ) Ela já acompanhava o trabalho de Flora pelas redes sociais e a admirava por fazer tatuagens em gravura, então pensou consigo mesma: “Eu já fiz gravura, faço tatuagem, porque não tentar fazer?” A estudante também tinha como referência o gravurista Eduardo Ver (Instagram: @eduardo ver), com quem já havia participado de uma oficina, onde conheceu a gravura. Ao conversar com Marcel, ela descobriu que ele também havia sido professor de Eduardo “Então, na teoria, Marcel quem era minha referência” . A ideia de tatuar espécies da Fauna e Flora amazônicas surgiu pelo gosto em estudar a natureza e pela preocupação ambiental Luiza queria fugir do básico, mas criar tatuagens que fossem atrativas esteticamente. Ela desenvolveu 12 artes de espécies diferentes e pretende continuar mesmo após encerrar a disciplina, com o objetivo de eternizar na pele das pessoas esse alerta. Conta, ainda, sobre seu desejo de ter uma profissão em que ela possa fazer parte da vida das pessoas e com o projeto, ela encontrou essa possibilidade “O sentido para mim é ser escolhida para marcar uma pessoa. E minha marca vai ficar nela para sempre” , descreve.
FLORESCENDO CICATRIZES
Jooy, assim como Luiza, faz da sua profissão um meio de marcar pessoas Com o projeto de cobertura de cicatrizes, a tatuadora conseguiu unir seu desejo de impactar o outro com o ato de criar novos significados às trajetórias de seus clientes. A ideia iniciou em 2020, ao cobrir cicatrizes de câncer de mama
O projeto também se estendeu para todas as marcas que Jooy pudesse ressignificar, em especial as cicatrizes.
Ela iniciou os trabalhos gratuitamente, mas devido à alta demanda, hoje presenteia uma pessoa por semana com a seguinte dinâmica: ao realizar uma cobertura de cicatriz, Jooy publica imagens do resultado em seu perfil do Instagram, com a frase “A arte de ressignificar” Aqueles que têm o desejo de participar compartilham suas histórias nos comentários, sendo o mais curtido o que ganha a sessão de tatuagem. “Eu tive um cliente que me falou uma vez: ‘Por que você faz isso? Se você quiser, as pessoas vão querer pagar para fazer a
cicatriz com você’ . Eles não têm consciência do ponto que isso me faz bem também" , conta Para Jooy, as cicatrizes carregam histórias, traumas e julgamentos sociais, e a cobertura delas deve ser pessoal para cada cliente. As artes são pensadas a partir do que aquela pessoa viveu “Ela tem que sentir orgulho daquilo Eu gosto de ter tempo, de sentar, tomar um café e conversar sobre coisas aleatórias, porque no meio de uma dessas conversas, eu penso: ‘Nossa, essa pessoa vai gostar disso’” . No início do projeto, tatuou uma fênix no peito de uma vítima de facada “Ela não morreu por milagre e eu não consegui pensar em outra coisa, porque, de fato, ela ressurgiu” , relembra
A tatuadora pretende prosseguir com a iniciativa, pois, sente que cada tatuagem contribui imensamente para seu crescimento pessoal e profissional “Toda cicatriz é uma história diferente, tem um processo diferente” , afirma Jooy, que também absorve para si as histórias de seus clientes
Ana feriu-se e levou cerca de 50 pontos. A marca tornou-se um incômodo para sua autoestima "Eu não usava biquíni nem maiô, eu sempre usava um short" , recorda
“É algo que me nutre.”
JOOY FAVA
Durante a sessão, as emoções tomam conta do estúdio: “Eu termino, vou lá para dentro
e desabo a chorar. Eu tenho que trazer para a pele algo que faça sentido” .
Em janeiro deste ano, Ana Caroliny, estudante de Medicina da UFU, teve a oportunidade de cobrir uma cicatriz com Jooy, decorrente de um acidente doméstico que cortou a parte lateral de sua perna quando tinha apenas 11 anos Naquela época, ela usava uma "sandália Havaiana branca" , presente da mãe, que sempre insistia para que ela a lavasse e a deixasse limpa. "Foi quando eu terminei de lavar que escorreguei no chão ensaboado"

Ana acompanhava Jooy nas redes sociais há mais de cinco anos e conheceu o projeto, de ressignificar cicatrizes, assim que a tatuadora iniciou Ao participar da dinâmica do Instagram, contando sua história, seus amigos se uniram para ajudá-la a conseguir as curtidas necessárias. “Acho que umas 250 pessoas curtiram o comentário e eu consegui Foi incrível” Ana deu à Jooy a liberdade de criar a arte, que se estendeu para além da cicatriz “Você vê o olhinho dela brilhando e, mesmo depois de oito horas seguidas de sessão, ela ainda estava feliz ” , comenta Ana sobre Jooy “Eu acho que é uma coisa que realmente muda a sua vida, porque agora, depois que eu fiz a tatuagem, eu uso biquíni em todos os lugares” , celebra A arte deu outro significado à área, que antes era da cicatriz, agora é ocupada pelos traços florais. “As pessoas ficam olhando e falam assim ‘nossa, que linda essa tatuagem’ e eu falo 'realmente, é linda' . Uma coisa que me dá orgulho"



Pesquisa auxilia no diagnóstico de câncer
Grupo da UFU reduz custo do equipamento usado na mamografia
POR GEOVANNA PEDRA, THÉO NOGUTI E WYLLORRANY AMORIMO Phantom, ferramenta utilizada no controle de qualidade das imagens e dos mamógrafos, é o foco da pesquisa da mestranda de Física Médica na UFU, Moara Pinheiro, associada ao grupo de pesquisa Grupo de Imagens Médicas (GIM). Orientada pela professora Ana Cláudia Patrocínio, do curso de Engenharia Biomédica, a pesquisa estima redução no valor comercial do equipamento em mais de 90%. A ideia é produzir a ferramenta com materiais de fácil alcance, como cera de abelha e filamento de PLA, através da impressão 3D até agosto, prazo final da bolsa de mestrado de Moara No Brasil, o instrumento pode custar até R$30 mil, assim a iniciativa busca torná-lo mais acessível, com um preço estipulado de aproximadamente R$1,5 mil Dessa forma, o controle de qualidade e a calibração do equipamento podem ser realizados com maior frequência. Sua função é simular os tecidos da mama para a produção de imagens de raio-x que permitam a verificação da resolução da foto gerada. “Ele tem que estar calibrado para que eu consiga ver microlesões e calcificações no tecido mamário O contraste adequado para fazer diagnóstico da mama” , afirma Ana Cláudia sobre o aparelho de radiografia Para que o Phantom seja funcional, os materiais utilizados devem ser capazes de atenuar a radiação (contraste de cor da imagem) no mesmo nível dos tecidos mamários Por isso, antes de iniciar a produção dos protótipos, Moara realizou diversas pesquisas para descobrir quais matériasprimas seriam mais adequadas Por meio de testes e investigações literárias os pesquisadores concluíram que o filamento de PLA, a cera de abelha, a fibra de vidro e o pó de PVC eram os que chegavam mais próximos do nível de atenuação, produzindo imagens de raio-x semelhantes às do órgão No protótipo atual, a cera de abelha substituiu o tecido adiposo, o pó de cano PVC imita as microcalcificações que indicam as lesões, a fibra de vidro imita as fibras do tecido e o PLA imita a musculatura

ANA CLÁUDIA: COLOCAR UM ESMALTE SOBRE OS MATERIAIS TENDE A ATENUAR MAIS A
RADIAÇÃO FOTO: GEOVANNA PEDRA
Controle de qualidade
De acordo com a Instrução Normativa (IN) n° 92, de 27 de maio de 2021, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os testes de controle de qualidade do mamógrafo devem ser realizados diariamente ou
mensalmente a depender do teste O uso da ferramenta tem como instrução a periodicidade
mensal, com a condição de ser analisado sempre que forem feitos reparos na máquina.
O professor e especialista em
radiologia da UFU, Túlio Augusto Alves Macedo revela que geralmente os testes com o equipamento são realizados em sua
clínicas conseguem realizá-los
mensalmente “A verificação com
Phantom depende muitas vezes de
um profissional habilitado que
consiga identificar bem aquelas
imagens” , afirma
Túlio. De acordo
dade em Mamografia (PQM), o instituto oferece o serviço de análise de qualidade gratuito por meio de inscrição prévia
Exames que podem salvam vidas
“Se toda clínica tivesse esse controle, seria possível realizar o teste todos os dias "
com ele, os testes de qualidade são realizados por um técnico, normalmente um físico médico de uma empresa terceirizada
ANA CLÁUDIA PATROCÍNIO
contratada para realizar as avaliações
Uma alternativa para as clínicas que não podem arcar com os
custos é buscar o apoio do Instituto Nacional de Câncer (INCA)
“Se toda clínica tivesse esse controle com um tipo de simulador de imagem, seria possível realizar o teste todos os dias" , afirma Ana Cláudia. Segundo a professora, essa observação facilitada pela ferramenta desenvolvida na UFU é importante, pois, caso o sistema seja reprovado, os exames não serão realizados na máquina defeituosa e ocasionarão menos mortes O caso de Maysa Brasileiro Guimarães Silva, técnica administrativa em educação do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) no campus de Patos de Minas, reflete a importância da calibração da máquina e do diagnóstico precoce Maysa tinha 34 anos quando descobriu o nódulo, e somente após sua segunda mamografia o diagnóstico se tornou possível
O tumor encontrado já havia atingido o estágio 2, mas a preocupação estava no subtipo, triplo negativo, caracterizado por ser muito invasivo “A metástase dele é muito mais rápida que a dos outros subtipos Foi muita sorte desobrir ainda no início Todo forço para garantir que as pesas tenham acesso a exames mais onfiáveis e precisos salvam vidas” , onta Maysa

A expectativa dos envolvidos na esquisa é que o barateamento ossa influenciar no acesso aos xames e permitir que mais clínicas ossam efetuar os testes com maior eriodicidade, garantindo maior ualidade das imagens De acordo om o aluno da engenharia bioméca, Pedro Faria de Bessa, responvel pela modelagem dos otótipos e aluno de iniciação cintífica do grupo GIM, a intenção permitir o acesso do Phantom nto para a rede pública quanto para a privada

LABME celebra um ano de bem-estar animal

Em meio ao Abril Laranja, pesquisadores equilibram avanços científicos à ética profissional
POR JOSÉ MATOS E LETÍCIA DE PAULA
Em abril se comemora o mês de Prevenção Contra a Crueldade Animal, assim como o primeiro ano de atuação do Laboratório de Biotecnologia em Modelos Experimentais (LABME) na UFU Nesses últimos meses, o laboratório chama a atenção para seu trabalho na área de desenvolvimento de tecnologia em modelos experimentais Com foco na prestação de serviços, como controle sanitário, genético e reprodutivo de animais utilizados em pesquisas laboratoriais. Murilo Vieira, médico veterinário e coordenador do LABME, explica que as ações do laboratório implicam na diminuição de custos e na otimização do desenvolvimento dessas tecnologias para o avanço de medicamentos, vacinas e produção de conhecimento Mas antes disso, qualquer pesquisa necessita da aprovação da Comissão de Ética na Utilização de Animais (CEAU), responsável pela revisão ética das propostas científicas e educacionais que envolvam animais não-humanos, seguindo normativas globais “É necessário relatar todo o processo. Desde o momento em que você vai pegar o animal, qual o tipo de experimento e como ele será finalizado” , detalha Flávia Batista, doutoranda em Biologia Celular e Estrutural Aplicadas
Wellington Barbosa de Paiva, graduando em Biomedicina da UFU, passou pela experiência de desenvolvimento de uma pesquisa de iniciação científica, mas não alcançou a aplicação nos modelos experimentais “Eu estudei alguns compostos para testar suas atividades antiparasitárias, mas somente in vitro” , conta Wellington De acordo com o estudante, o estudo in vitro ou em placa limita à observação somente ao estado de ovo ou larva e que para a análise do parasita
adulto seria necessário um
corpo hospedeiro. A decisão de não seguir para as aplicações partiu do próprio aluno ao longo da condução de sua pesquisa “Obtive bons resultados, mas só levaria para frente se tivessem sido perfeitos, e eu tivesse a certeza de que no animal teriam mais benefícios do que malefícios” , finaliza.
Já para a doutoranda Sandra Klem, o modelo experimental é necessário para evoluir seu trabalho com biomarcadores espectrais, uma ferramenta diagnóstica para monitorar o bem-estar dos animais Instrumento esse que, de acordo com ela, já existe no mercado, mas com um custo elevado. Sandra explica: “É feita a coleta de uma gota de sangue do animal e a partir dela é possível mensurar se ele estava em bem-estar ou não” Os discentes apontam que quando não há a possibilidade de utilizar outro método, entra em ação o Princípio dos Três R’s
O Princípio dos 3 R’s

DOUTORANDA EM BIOLOGIA : PESQUISAS COM CAMUNDONGOS POSSIBILITAM
AVANÇOS NO COMBATE À DOENÇAS FOTO: JOSÉ MATOS
Modelos de testagem
É um compromisso da comunidade científica mundial, que teve início com dois pesquisadores no ano de 1959, e se baseia em substituir, reduzir e refinar (replacement, reduction and refinement) o uso de modelos experimentais. Caso não haja uma alternativa que não
utilize o animal, os pesquisadores passam para os outros
dois R's. “Se no momento em que você

A REBIR fornece o suporte integral às pesquisas envolvendo animais de laboratório, principalmente roedores, no âmbito da universidade e de seus colaboradores nacionais e internacionais. Além de fornecer os modelos experimentais, realiza o controle sanitário e genético dos animais “O biotério fornece a cada seis meses um curso de capacitação de pesquisadores no uso de roedores, com a validade de dois anos e que é obrigatório para a realização de uma pesquisa envolvendomodelos experimentais” , conta Wellington
“As ações do laboratório implicam na diminuição de custos”
MURILO VIEIRA
ua pesquisa, detalhou a utilização de 15 os, por exemplo, você vai tentar ao uzir esse número. Mas, para isso, o que ser de qualidade” , explica Welling-
iliza o exemplo do transporte de um
igorífico para explicar o que seria o o. “O caminhão não pode passar de o motorista desce a cada duas horas
r o animal, porque se ele já vai ser nte morto, que todo o processo seja m a técnica mais refinada possível” , a redução quanto no refinamento
o ao pesquisador saber a proceanimal que será utilizado Tendo sa importância, o LABME só utili-
s pesquisas os modelos experi-
mentais fornecidos pela Rede de Biotérios
(REBIR) da UFU
Os roedores ainda são a grande preferência para os modelos experimentais, pois mesmo possuindo uma estrutura corporal diferente da humana, ainda existem muitas semelhanças genéticas “Eles também se replicam muito rápido, são dóceis, e a gente consegue hospedar muitos em um pequeno espaço” , explica Murilo Ainda assim, a UFU trabalha para buscar outras alternativas, como a utilização de peixes e moscas, que devido a uma camada externa do corpo que os protege de lesões, muito semelhante à pele humana, os torna uma opção popular À medida que o LABME comemora seu primeiro ano de atividades, seu impacto se faz cada vez mais evidente tanto no âmbito científico da UFU, quanto na sociedade em geral Focado em modelos experimentais, o laboratório tem se destacado na produção de conhecimento relacionado à reprodução animal, bem como nos estudos da malária e da silicose, prometendo continuar sendo uma referência em pesquisas tanto nacional quanto internacionalmente Com o compromisso de se dedicar no avanço científico e no bem-estar tanto humano quanto animal


O abrir e fechar de portas diante de uma greve
Os impactos da ausência dos técnicos administrativos na vivência da Universidade
Cadeiras vazias e mesas que antes pos suíam fotos, agora se encontram desocupa das. Corredores desertos e setore paralisados Diante da greve técnico adminis trativa, portas se fecham na UFU Quando quem trabalha por trás das cortinas sai do bastidores é que o público percebe a reper cussão de sua falta
A Divisão de Fomento à Cultura (Dicult) que tem por finalidade a realização e imple mentação de ações culturais na Universidade com elaboração de editais para apoio, tam bém está paralisada na UFU “Com a greve, o Cine UFU e o Coral vão ser diretamente im pactados pela falta de controle dos contratos vales transportes e programações” . Argumen ta o técnico Vinícius Soares, responsável pel gestão e organização dos processos de pro moção cultural na Dicult Para o Cine UFU, que está totalmente pa ralisado com a falta de técnicos administrati vos (TAE’s), as consequências da greve j batem à porta O projeto faz as reservas de auditórios com os TAE's e depende deles n transmissão da produção audiovisual. Além dos discentes perderem o acesso democrático ao cinema, não existe mais essa oportunidade de socialização e relaxamento no espaço universitário

tamos muito defasados em nosso rendimento. Há dez anos, eu ganhava praticamente o que eu ganho hoje, e lá o nosso dinheiro não consumia tanto quanto atualmente” , afirma
O bolsista da Dicult, Tiago Rodrigues, delegado para a organização do projeto, junto a outro encarregado e a equipe técnica, explica que a paralisação traz um prejuízo para a Universidade“O Cine é uma forma de lazer e entretenimento para os discentes, principalmente agora, fim de semestre, não ter a chance de descansar e distrair é uma grande perda” , conta Em 16 anos de serviço público prestados à UFU, essa é a primeira greve que Vinícius participa Sua adesão se dá pelo fato de que a situação está ligada à própria condição do cargo profissional, que segue sendo desvalorizado sem reajuste salarial. “Eu percebi a im-
O destrancar de um futuro
Decidida em assembleia no começo de março na UFU, a greve dos técnicos administrativos iniciou dia 18 do mesmo mês, diante do Comando Nacional da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em
Instituições de Ensino Superior Públicas do
Brasil (Fasubra) A condição desses profissionais foi previamente discutida em uma reunião do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições Federais de Ensino Superior de Uberlândia (Sintet) com outras Gestões Superiores interligadas à Universida-

e. “As perdas salariais que tivemos nos últimos
anos, a falta de reajuste mesmo com a inflaão e o aprimoramento da nossa carreira, para
ue haja maior valorização dos técnicos, são as rincipais defesas de nossa greve” , comenta obson Carneiro, coordenador geral do Sintet
técnico na Prograd A greve é nacional e foi roposta neste momento pela abertura de diáogo entre o atual governo, com suas propostas ducacionais, e os TAE's, que cobram a efetiviade dessas políticas Já que, como declarado elo coordenador, no último governo não valea a pena colocar a cabeça a prêmio, por haver ma necessidade de defesa à vida. A greve é um direito dos trabalhadores, previsto pela Constituição Federal na Lei
7783/8, que determina a paralisação de serviços por um período determinado de tempo, mas sua ocorrência necessita de uma série de procedimentos As propostas requeridas devem ser aprovadas em assembleia ou, caso seja de âmbito nacional, em plenária da Fasubra. Posteriormente, é necessário publicar o edital de convocação, iniciar a greve e informar o servidor e os dependentes de seu trabalho no mínimo três dias antes
A saída de um período sem reconhecimento
De acordo com Alexandre Molina, Diretor de Cultura da UFU, o apoio dos técnicos é de extrema importância para o bom funcionamento do setor “A diretoria depende totalmente do trabalho do corpo técnico Praticamente todas as nossas ações estão comprometidas” , pontua o servidor. Os processos de seleção dos editais 05/2024, o credenciamento de Estudante-Artista; o Programa de Incentivo à Cultura (Piac) - Servidores/as e Estudantil; a Ocupação Graça do Aché são exemplos de outros projetos que estão suspensos enquanto perdurar o período de greve Ao reconhecer a necessidade da greve, o
DCE debate com os técnicos para entender como os alunos podem contribuir para a causa e evitar o prejuízo das atividades acadêmicas estudantis "Temos que passar por esses problemas em conjunto sem fazer com que uma categoria seja prejudicada, principalmente os estudantes que são os menos favorecidos" , afirma Luiz Otávio, coordenador geral do DCE

Trotes marcam iniciação de calouros na UFU
Chegada de novo semestre traz atenção para linha tênue entre tradição e agressão
“Eu ajoelhei para tomar uma dose e esse menino abriu o frasco e virou nas minhas costas” . Murilo Buissa era calouro no curso de Agronomia em Monte Carmelo, em agosto de 2023, quando foi queimado junto a outros alunos com Creolina em uma festa de recepção Segundo a vítima, o trote seguia de forma respeitosa até que um estudante surgiu com um borrifador, sem rótulo Sua justificativa? Era para “feder os bixos”
Diferente dos demais, o veterano não pedia permissão ao espirrar o líquido. “Ele chegava e falava: ‘ vem cá, você já tomou? Já passou desodorante hoje?’” Com tom de brincadeira e desconhecimento sobre quais eram todos os produtos presentes no frasco, os universitários continuaram a festa. Enquanto isso, a mistura de químicos com Creolina agia e queimava a pele dos calouros
Segundo sua bula, a Creolina é um desinfetante germicida de uso veterinário. A prescrição em caso de contato com a pele é retirar imediatamente roupas e sapatos que foram atingidos “No outro dia, quando eu percebi, já estava bem pior. Fui ao banheiro, olhei a situação e entendi a magnitude do que aquilo tinha causado” , relembra Murilo Assim como o calouro, os ingressantes que almejam a integração também carregam a expectativa em participar desses eventos “Fui na mentalidade de conhecer o povo Curtir até que eu me sentisse confortável” , conta Murilo. Porém, a experiência dele e dos demais calouros com queimaduras pelo corpo demonstra como uma atividade, inicialmente destinada à diversão, pode perder o controle e ter graves consequências. Devido à prática de trotes ser proibida e sujeita a punições, o processo administrativo prosseguiu na busca da penalização dos responsáveis

MACHUCOU
“NanossaUniversidadenãoé admissível qualquer tipo de agressão”
VALDER STEFFEN
Carmelo, José Humberto, contatou a reitoria para promover o apoio aos discentes. “Nós fizemos contato com a administração superior e formou-se uma equipe especializada para o atendimento” Segundo Karine Zago, enfermeira que acompanha situações de trot foi feita um entre a UFU e uma clínica particul lândia, que se deslocou até Monte C evitar que os alunos ficassem com c
Práticas de recepção e a proibiçã

A tradição começa a feder
André Febermam recorda que, durante seu trote, os veteranos passaram urina e esterco nos calouros. Hoje, o atual integrante da Moca, única atlética do campus Monte Carmelo, enxerga as problemáticas, apesar dos esforços da Associação em promover eventos amigáveis “Sempre foi muito organizado A gente fazia campanha de doação para ONGs, era bem-visto até acontecer isso” Em agosto de 2023, quando tudo aconteceu, a Moca assumiu a iniciativa de encaminhar os feridos, no primeiro momento, até o pronto-socorro da cidade “A Atlética ficou com eles e comprou a medicação” , relata André. Ao mesmo tempo, após ser informado da situação, o assessor do reitor no campus Monte
A Resolução n°15 de 1993 do Co versitário é responsável pela proibiç na UFU Essa decisão surgiu mediant de ofensas físicas e morais dos alun direcionadas aos ingressantes. “Na n sidade não é admissível qualquer ti são Nosso estudante não pode
constrangido ou ser obrigado a fa
não gostaria” , destaca o reitor Valder Steffen
cas já extintas “A plaquinha de bixo, fazia anos que a gente não via” . O início de um semestre traz junto aos calouros, preocupações aos gestores “Os alunos estão num momento de transição Eles querem desesperadamente pertencer a esse lugar” , afirma Karine Diante disso, em busca de tornar essa nova fase mais leve, a Proae desenvolve a Semana de Recepção e Acolhimento
“Nós temos atividades para promover a integração dos veteranos e calouros, como o City Tour para que possam conhecer pontos atrativos da cidade” , conta José Humberto
Elaine destaca a importância da recepção com boas ações, como cafés da manhã, doações de sangue e outras dinâmicas desenvolvidas. No entanto, os recém-chegados ainda se envolvem com tradições além das oferecidas pela Universidade
Apesar das iniciativas, a resolução tem 30 anos, e ocorridos como em Monte Carmelo ainda rodeiam os muros da UFU e ignoram os cartazes #DigaNãoAoTrote que estampam as paredes dos sete campi Enraizada há décadas, a “tradição” persiste mesmo com as consequências que marcam uma vida toda. Diante do novo semestre que se aproxima e a preocupação com a situação do trote, o reitor Valder enfatiza: “O ingressante que se sentir agredido deve procurar e reclamar, porque nenhum direito individual pode ser agredido

Apesar da medida, essa prática ainda é recorrente nos campi. Para reduzir sua incidência, à Dirco junto a Proae, desenvolve a campanha
#DigaNãoAoTrote O objetivo da iniciativa é a conscientização e maior adesão dos alunos à campanha. A diretora de comunicação da UFU, Renata Neiva ressalta que discutir esse tema faz da universidade um ambiente acolhedor: “A brincadeira só tem graça se todo mundo se diverte”
Embora o movimento esteja presente na universidade desde 2019, nos últimos anos a pró-reitora de assistência estudantil, Elaine Calderari, percebe o reaparecimento de práti-
VÍTIMAS DE TROTE VIOLENTO PODEM
DENUNCIAR SEUS AGRESSORES NA
OUVIDORIA UFU.
Denuncie pelo QR Code ou e-mail: ouvidoria@reito ufu br



Raízes da Identidade
Jovens celebram a diversidade capilar afrodescendente

COM A POPULARIZAÇÃO DAS LACES E PERUCAS, A EXPRESSÃO IDENTITÁRIA DOS CABELOS AFRODESCENTES GANHOU UM NOVO OLHAR FOTO: WENDER FREITAS

ELOÁ AFIRMA QUE A REPRESENTATIVIDADE É ESSENCIAL PARA A NOVA GERAÇÃO SENTIR-SE PERTENCIDA FOTO: CAROLINA BERNARDES
O foto ensaio busca expor a diversidade de fios e combater o preconceito contra a ideia da obrigatoriedade de pessoas negras usarem seus cabelos naturais Nos últimos anos as laces se popularizaram, potencializando a liberdade de expressão identitária, porém, discursos surgiram contra essa livre expressão que pode transacionar desde os fios naturais até as perucas Nosso objetivo é capturar essa relação íntima entre os modelos e seus cabelos e discutir socialmente o significado da identidade como um fenômeno multifacetado
“Meu cabelo não está ligado só à minha autoestima, mas ao meu cuidado” (Alíka Hortênsia)
“Amo meu cabelo mesmo alisado, e entendo que cada um pode escolher como quer o seu sem ter sua identidade racial questionada” (Laura Freitas)
“Durante a infância meu cabelo era uma fonte de angústia Hoje em dia posso dizer que encontrei felicidade em tê-lo natural” (Eloá Maria)
“É sobre liberdade! Ele sempre será uma parte importante de nós, até mesmo em falta” (Fábio Vladimir)

O PARTIDO POLÍTICO CONHECIDO COMO 'PANTERAS
NEGRAS FOI FUNDAMENTAL PARA A EXALTAÇÃO DA ESTÉTICA NEGRA FOTO: MARIANA GULO

O MOVIMENTO 'BLACK IS BEAUTIFUL' NOS ANOS 60 E 70
PROMOVEU A ACEITAÇÃO DOS CABELOS NEGROS FOTO:
CAROLINA BERNARDES