O Uso de Containers na Arquitetura

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O uso de containers na arquitetura


Centro Universitário SENAC Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo

O uso de contêineres na arquitetura

Bruno Vasco de Miranda São Paulo 2016 0


Bruno Vasco de Miranda

O uso de contêineres na arquitetura

Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário SENAC - Campus Santo Amaro como requisito para obtenção de grau Bacharel Arquitetura e Urbanismo

Orientador : Prof. Ricardo Wagner Alves Martins

São Paulo 2016 1

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Resumo Este trabalho tem como objetivo levantar um questionamento sobre o uso de contêineres marítimos adaptados a construção civil, de forma a ressaltar as vantagens e desvantagens dessa solução como método construtivo e os processos realizados para que se possa tornar o mesmo em condições de uso habitável. Para a elaboração deste estudo, foi utilizado a metodologia de pesquisa bibliográfica assim como entrevistas e visitações com arquitetos e projetos já existentes. Surge então, como proposta final de trabalho, o projeto '' Contêiner Bar '' que busca com este novo método de construção alternativa ( contêiner ) , no ramo alimentício, novas possibilidades de uso de materiais e técnicas construtivas , evidenciando também a questão da sustentabilidade. Palavras chave: contêiner , arquitetura , sustentabilidade, conforto ambiental

Abstract This work aims to raise a question on the use of sea containers in construction, in order to highlight the advantages and disadvantages of this solution as a constructive method and the processes carried out so that you can make the same in terms of habitable use. For the preparation of this study , we used bibliographic research methodology as well as interviews and visitations with architects and existing projects . Then arises as a final job offer , the project ' ' Container Bar ' which seeks with this new alternative construction method ( container) , the food industry , new possibilities of use of materials and construction techniques , also highlighting the issue of sustainability Key Words: Container, architecture , sustainability , environmental comfort

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Lista de Ilustrações FIGURA 1 - Sr. Henry Bessemer ( criador do processo para fabricação de aço ) FIGURA 2 - Chapas de aço cortém FIGURA 3 - Malcom Purcell McLean e sua empresa de transportes marítimos ''Sea Land'' FIGURA 4 - Modelo de contêiner 20 ''Dry Standard'' FIGURA 5 - Modelo de contêiner 40 ''Dry Standard'' FIGURA 6 - Modelo de contêiner 40 ''High Cube'' FIGURA 7 - Modelo de contêiner 40 ''Flat Rack'' FIGURA 8 - Modelo de contêiner ''Open Top'' FIGURA 9 - Modelo de contêiner Refrigerado FIGURA 10 - Residência Corbas Vista Frontal FIGURA 11 - Residência Corbas Área Interna FIGURA 12 - Residência Corbas Maquete Eletrônica FIGURA 13 - Container City I e II vista frontal FIGURA 14 - Container City II vista lateral direita FIGURA 15 - Container City - Esquema construtivo FIGURA 16 - Área interna da residência ''Blue Hill'' FIGURA 17 - Cozinha da residencia ''Blue Hill'' FIGURA 18 - Planta Primeiro Pavimento, Residência ''Blue Hill'' FIGURA 19 - Diagrama de Sustentabilidade FIGURA 20 - Tabela de capacidade de carga contêineres 20 e 40 pés Standard FIGURA 21 - Esquema Estrutural do contêiner FIGURA 22 - Esquema componentes estruturais de fechamento do contêiner FIGURA 23 - Peças de travamento FIGURA 24 - Caminhão Munck FIGURA 25 - Processos de cortes e aberturas em contêineres FIGURA 26 - Exemplo de reforço estrutural no contêiner FIGURA 27 - Esquema do comportamento térmico de um contêiner FIGURA 28 - Soluções inteligentes para conforto ambiental FIGURA 29 - Manta de fibra poliéster FIGURA 30 - Piso de Cortiça FIGURA 31 - Argila Expandida FIGURA 32 - Telhado Verde FIGURA 33 - Lã de Rocha FIGURA 34 - Lã Pet FIGURA 35 - Tinta Isolante Térmica FIGURA 36 - Película Solar Para Vidros FIGURA 37 - Numeração do Contêiner (identificação) 3


FIGURA 38 - Numeração do Contêiner FIGURA 39 - Aparelho medidor de radiação modelo Victoreen V-715 FIGURA 40 - Vista da praça interna do estabelecimento FIGURA 41 - Vista da cozinha com destaque para cobertura FIGURA 42 - Cobertura Vegetal da cozinha FIGURA 43 - Área de mesas e cadeiras do local FIGURA 44 - Escada externa de acesso ao segundo andar e balcão de atendimento FIGURA 45 - Detalhe roldanas para abertura da lateral FIGURA 46 - Vista do bar FIGURA 47 - Terreno do projeto - Vista Superior FIGURA 48 - Terreno do Projeto - Perspectiva FIGURA 49 - Mapa de Levantamento de Vias e Transporte FIGURA 50 - Vista Terminal Pinheiros Victor Civita de ônibus FIGURA 51 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo FIGURA 52 - Mapa de Gabarito das Edificações FIGURA 53 - Estudo Volumétrico 1 FIGURA 54 - Estudo Volumétrico 2

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SUMÁRIO •

1. Introdução ................................................................................................... 06

2. O aço ............................................................................................................ 07

3. Introdução ao Contêiner ............................................................................... 08

3.1 História ............................................................................................................... 08 3.2 Mercado ( Tipos, Dimensões, ) ........................................................................... 09 3.3 Do transporte de cargas à arquitetura ................................................................. 15 •

4. Referências Projetuais ................................................................................. 16

5. Arquitetura Sustentável ............................................................................... 22

6. Estrutura, Técnicas Construtivas e Fundação ................................................ 24

7. Conforto Ambiental .................................................................................... 29

7.1 Conforto acústico ............................................................................................ 30 7.2 Conforto Higrotérmico .................................................................................... 31 7.3 Soluções para conforto ambiental ................................................................... 32 •

8. Higiene e Legislação .................................................................................... 40

9. Vantagens e desvantagens ........................................................................... 42

10. Estudo de Caso ( Pitico Bar ) ....................................................................... 44

11. O projeto ( estudo ) .................................................................................... 49 11.1 Localização ....................................................................................................... 49 11.2 Levantamento (Zoneamento, Uso e Ocupação, Gabarito, Vias, Transporte)..... 50

12. Projeto Container Bar ................................................................................ 54

12.1 Maquete Eletrônica ........................................................................................ 72

13. Bibliografia ................................................................................................. 77

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1. Introdução Cada vez mais a humanidade busca alternativas para conter a degradação do meio ambiente, produzindo e consumindo produtos ecologicamente corretos. Com essa atual discussão em pauta, surge uma nova proposta de meio construtivo alternativo a ser explorada. O uso de contêineres marítimos reciclados na construção civil. Muitas vezes, este material é descartado e abandonado, sem ao menos ter percorrido toda sua vida útil, contaminando o meio ambiente, pois mandá-los de volta ao seu destino de origem pode ser mais caro do que comprar um novo. Utilizar os contêineres marítimos como solução estrutural e vedação de construções é algo que vem crescendo no Brasil e no mundo, e sua adaptação para moradia ou fins comerciais tem alcançado alto prestígio no cenário da construção em vários países, por ter se mostrado flexível, versátil e sustentável. O presente trabalho, tem como temática principal avaliar as condições e as adaptações necessárias para tornar este tipo de construção totalmente habitável, ressaltando suas vantagens e desvantagens. A elaboração do estudo foi realizada por meio de pesquisas bibliográficas, e se inicia pela história do aço ( matéria prima do contêiner ), caminhando pela sua história, ainda quando utilizado para transportes, até se tornar um espaço habitável. Técnicas construtivas e de soluções para conforto ambiental são evidenciadas durante o trabalho, assim como referências projetuais que de alguma forma contribuem para o entendimento dos métodos utilizados para obtenção dos melhores resultados de um projeto sustentável, com conforto ambiental e custo-benefício favorável, favorecendo também como parâmetro para o projeto final.

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2. O Aço Para entendermos melhor sobre o container em si, temos que começar por sua matéria prima, o aço. Os Hititas, em 1700 A.C. são os responsáveis pela primeira indústria do ferro , em que o procedimento era muito simples. Se obtinha o minério de ferro em forma de pedras e era aquecido juntamente com o carvão vegetal dentro de um buraco feito no solo. A massa de ferro resultante era, posteriormente, forjada. O uso do ferro trouxe benefícios a agricultura e a expansão territorial de diversos povos, devido aos utensílios, ferramentas e as armas mais modernas fabricadas. Posteriormente, por vota dos anos 500 A.C. os chineses vinham aprimorando as técnicas de sua produção, onde fabricavam o ferro carburado, chamado de ferro-gusa ( produto imediato da redução do minério de ferro, através de forno alto. Os fornos aumentaram e a combustão era feita por foles hidráulicos. Com o passar dos anos, a tecnologia permitiu que se aprimorassem as condições de sopro e aumentassem as temperaturas de combustão do processo, fazendo com que o ferro absorvesse quantidades crescentes de carbono, obtendo-se o metal liquido na parte baixa do forno. ( Warlley Pimenta, 2010 ) A produção, realmente industrial de aço, se deu em 1856, através da descoberta do inglês Bessemer, a qual consistia em uma corrente de ar que atravessava o banho de gusa convertendo-o em aço liquido, por meio de oxidação. A partir disso, foram produzidas grandes quantidades de liga ferro-carbono ( aço ). Nos dias de hoje, o aço é utilizado em diversos campos, sejam eles no dia-a-dia ( brinquedos, ferramentas, eletrodomésticos ) , nas indústrias, na construção civil e também nos transportes ( carros, trem, ônibus, bicicletas ). ( www.açobrasil.org.br ) O aço Corten, ou aço patinável, são os aços que possuem em sua composição , a adição de elementos de liga como fósforo, cromo e cobre, as quais contribuem para uma ação anticorrosiva. Este material é muito usado na construção civil e também na fabricação de contêineres por apresentar maior resistência a intempéries climáticas.

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FIGURA 1

FIGURA 2

Sr.Henry Bessemer - Fonte : http://pt.dreamstime.com/ imagens-de-stock-henry-bessemer-image20442384

Chapas de Aço - Fonte : http://www.anferferroeaco.com.br/

3. Introdução ao Container 3.1 História No inicio das navegações marítimas, a solução do transporte de cargas era realizada por tonéis. Haviam algumas dificuldades a serem enfrentadas na carga e descarga desta embalagem, pois naquela época não existia eletricidade e maquinas a vapor, portanto não era possível o manuseio através de guindastes ou empilhadeiras mecânicas. Outros problemas como deteriorização e desvios de mercadorias eram freqüentes naquela época, pois muitas vezes os produtos não eram adequadamente armazenados, ocasionando enormes perdas.( J Clayton Santos, 1982 ) Pensando numa forma de padronização de armazenamento, para facilitar o deslocamento do material e evitar os problemas de perda de mercadoria e tempo, que o americano Malcom Mc Lean , na década de 50 ,teve a idéia de armazenar os fardos em caixas de aço. De acordo com Slawik( 2010 ), o navio '' ideal '' partiu em 1956 de Nova Jersey com destino ao porto de Houston carregando 58 contêineres, onde o operador teria a facilidade de montar o caminhão inteiro no navio e no local de descarga, somente colocá-lo em outro caminhão ou trem de carga.

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A partir deste momento, não necessitariam mais dias para de abastecer um navio de carga, e sim , apenas horas fazendo com que o comercio mundial assumisse proporções inimagináveis de rapidez e quantidade de mercadoria transportada. A invenção de Mc Lean foi rapidamente aceita no mundo, pois o custo para carregamento caiu de US$ 5,68/tonelada para US$ 0,16/tonelada. A ''containerization'' serviu de combustível para a economia mundial segundo Bill Clinton e Mc Lean foi premiado como '' O homem do século '' International Maritime Hall of Fame ( premiação que homenageia aqueles que mais contribuíram para o setor marítimo ).

FIGURA 3 - Malcom Purcell McLean e sua empresa de transportes marítimos ''Sea Land'' Fonte : www.logisticshalloffame.net

3.2 Mercado ( Tipos, Dimensões ) "O container é um recipiente construído de material resistente, destinado a propiciar o transporte de mercadorias com segurança, inviolabilidade e rapidez, dotado de dispositivo de segurança aduaneira e devendo atender às condições técnicas e de segurança previstas pela legislação nacional e pelas convenções internacionais ratificadas pelo Brasil". Esta é a definição dada pelo Artigo 4º do Decreto nº 80.145 de 15 de agosto de 1977.

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O mercado atual oferece ao cliente duas opções, o aluguel ou a compra dos contêineres. O aluguel é disparado o modelo mais utilizado no mercado atual, pois geralmente são módulos de habitações temporárias utilizadas como canteiros de obras pelas construtoras ou para eventos como banheiros, enfermarias etc. A compra dos contêineres é geralmente quando se tem a intenção de um uso a longo prazo, como por exemplo escritórios, residências, comércios ou serviços.

Todos os contêineres são criados seguindo um padrão modular de acordo com a ISO. No Brasil, as leis e normas que tem como base o sistema ISO, e que regem as '' leis do contêiner '' são : NORMAS DE CONTÊINERES ABNT ( 6 de Junho de 2007 ) NBR ISO n° 668: Contêineres série 1 - Classificação, Dimensão e Capacidade. NBR ISO n° 5945: Dispositivos de Canto - Especificações. NBR ISO n° 5973: Tipos de contêineres - Classificação. NBR ISO n° 5978: Padronização. NBR ISO n° 5979: Terminologia. NBR ISO n° 6346: Códigos, identificação e marcação. Fonte: http://www.cbcconteiner.org/cbc/ CBC - Câmara Brasileira de Contêineres, Transporte Ferroviário e Multimodal

Segue abaixo os contêineres mais comumente utilizados no mundo como transporte marítimo de cargas. As informações e dados foram coletados do grupo IRS e o grupo Tutoya Internacional Trade, que são empresas especializadas em venda e locação de contêineres e fazem assessoria a importação e exportação.

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Container 20 DRY Standard

FIGURA 4 Fonte : http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

Este contêiner é o mais utilizado de todos e é destinado para cargas em gerais. Totalmente fechado de todos os lados , apenas com as portas padrões ao fundo da caixa. Ele pode ser utilizado para transporte de automóveis, roupas , alimentos, mobiliários em geral. Este é o contêiner mais utilizado na construção civil, e também como almoxarifado e depósito de materiais em geral.

Container 40 DRY Standard

FIGURA 5 Fonte : http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

O contêiner 40 Dry Standard é idêntico ao 20 Dry Standard apenas com a diferença de tamanho no seu comprimento. Este possui o dobro da medida do anterior ( 12 metros ), resultando em uma capacidade cúbica maior.

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Container 40 HIGH CUBE

FIGURA 6 Fonte : http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

O contêiner 40 High Cube, é muito similar aos anteriores ( DRY Standard ), com a diferença de 1pé a mais em sua altura , totalizando 2,89m. o que faz com que ele suporte mais carga dentro dele. Geralmente são fabricados com 12metros ( 40pés ), mas com modificações pode ter 10 pés ( 3 metros ) ou 20 pés ( 6 metros ) , de acordo com a necessidade do cliente. Este tipo de contêiner também é muito utilizado na construção civil juntamente com os Dry's standard por ter o uma altura favorável para acomodação de pessoas em seu interior. Pode carregar diversos produtos como cigarros, roupas, papel, eletrodomésticos, cargas a granel e outros.

Container Flat Rack 20

FIGURA 7 Fonte : http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

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Este contêiner não possui as laterais, é uma mistura do container ''open top'' e ''open side'' pois não possui nem as laterais e nem o teto, tem apenas as cabeceiras que podem ser fixas ou móveis. É utilizado para guardar produtos que passam a largura e altura padrão dos contêineres.

Container Open Top

FIGURA 8 Fonte : http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

É um container Dry Standard que não possui teto. Possui travessas de sustentação e uma lona. Normalmente usado para cargas como maquinas, mármore, vidro que não conseguem ser carregados pelas portas padrão que estão atrás do container.

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Container Refrigerated

FIGURA 9 Fonte : http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf

Um container refrigerado, reefer, é parecido com um container dry(standard ou high cube) mas o chão dele diferente do de madeira do container dry possui alumínio, as portas são reforçadas(com aço) e revestimentos em aço inoxidável. O container refrigerado tem um motor próprio que fornece a refrigeração para manter a temperatura da carga do container entre -25º e +25ºC de acordo com o produto. Geralmente os contêineres são ligados na tomada para o funcionamento, porém com modificações um gerador pode ser usado. O container reefer possui a porta traseira padrão do container e ele tem 10 centímetros de revestimento em todo o container.

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3.3 Do transporte de cargas à arquitetura

O contêiner tem vida útil aproximada de 20 anos, porém, pode variar de acordo com o tipo de material que transporta e fatores externos aos quais ele fica sujeito, como a maresia, chuva ou sol. Mesmo após ser descartado, seu reuso aponta potencial como estrutura modular para construção civil, pois é um material superdimensionado. “Dado que é feito para suportar até 25 toneladas de carga e pode ser empilhado em até 8 unidades em cima de um navio”, argumenta Arthur Norgren, sócio-fundador da empresa Contain[it]. De acordo com Slawik ( 2010 ) , o contêiner começou a ser usado fora do transporte marítimo como depósitos e locais de armazenamento pessoal, sem alguma alteração. Posteriormente, por meio de eventos de arquitetura e decoração, começou a ser pensado como moradia e local de trabalho, afinal suas dimensões ja o favorecem para tal uso, pois sua altura (pé direito ) é alto o suficiente e usado como módulos em conjunto e diferentes arranjos, podem-se fazer excelentes espaços internos. Para ser utilizado na arquitetura, o trabalho para sua conversão, pode impactar consideravelmente no custo da obra, uma vez que há a necessidade de equipamentos e mão de obra especializados. Porém, com um bom projeto e com o uso de técnicas adequadas, a aplicação desta estrutura ( contêiner ) , torna-se completamente viável e economicamente mais interessante que a estrutura convencional de concreto. Para que tudo isso seja possível, o contêiner passa por um processo de tratamento e recuperação que inclui limpeza, funilaria, serralheria, pintura, revestimentos e acabamentos. “Tudo varia em função do projeto e do que o cliente quer”, explica Norgren. A preparação da estrutura pode ser feita tanto na fabrica quanto no próprio terreno, dependendo das características de cada projeto e as dimensões do contêiner que esta sendo utilizado. O contêineres aceitam qualquer tipo de acabamento, tanto internos quanto externos.

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4. Referências Projetuais

Casa Corbas A residência projetada pelo arquiteto Danilo Corbas destinada a ser sua própria moradia, situa-se em um condomínio fechado na Granja Viana. A casa tem 196m² de área construída, distribuídos em dois pavimentos. Possui três quartos, sala de estar, sala de jantar, escritório, três banheiros, garagem coberta, área de serviço e cozinha gourmet.

FIGURA 10 - Residência Corbas vista frontal Fonte : http://bioretro.eco.br/casa-container-a-casa-do-futuro/

Foram utilizados sistemas de reuso de água pluvial, sistema de aquecimento solar, ventilação cruzada nos ambientes, telhado verde, telhas brancas, iluminação em LED e janelas basculantes as quais permitem a entrada de luz natural por toda a casa evidenciando o compromisso com a sustentabilidade. Também foram usadas a Lã Pet e o drywall para dar o isolamento das paredes, enquanto no teto foram utilizadas telhas térmicas com camadas de poliuretano juntamente com lã mineral basáltica, trazendo conforto ambiental para a residência.

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FIGURA 11 - Residência Corbas área interna Fonte : http://g1.globo.com/platb/jornal-hoje-hojeemcasa/2012/05/17/conteiner-sustentavel/

FIGURA 12 - Residência Corbas maquete eletrônica Fonte : http://g1.globo.com/platb/jornal-hoje-hojeemcasa/2012/05/17/conteiner-sustentavel/

Os quatro contêineres formam a estrutura da casa sendo dois dispostos no pavimento inferior e outros, perpendicularmente ao primeiro formando o nível superior. Em apenas um dia foi realizado o processo de terraplanagem e limpeza do terreno. Para a fundação da casa foram utilizadas sapatas isoladas nas extremidades dos contêineres e sob as colunas de reforço, para suportar os contêineres superiores. Os objetivos de Corbas eram o de desenvolver uma construção com reaproveitamento de materiais, menos resíduos e com mais rapidez de execução da obra. 17


Contêiner City Container city, é o edifício em contêiner mais famoso do mundo. Localizado em Londres, na Inglaterra, o conjunto possui quatorze contêineres marítimos, totalizando 560m² de área interna. Possui alem do uso residencial, um espaço destinado ao uso do trabalho de seus usuários( workspace , live/work ). Acoplado ao Container City I, está o Container City II , que alcança 5 andares e possui 30 contêineres.

FIGURA 13 - Container City I e II vista frontal Fonte : http://www.containercity.com/projects/container-city-I

Os contêineres mesmo localizados em Londres, não possuem climatização do ar, fazendo com que no inverno seja usado aquecedores elétricos pelos usuários para amenizar o frio. Cada unidade possui uma cor, formando uma fachada variada, trazendo autenticidade para o projeto, algo que foi muito bem aceito e garantiu o sucesso do projeto. É muito interessante ver como as escadas servem de acesso aos pavimentos, juntamente com as passarelas, mostrando como é possivel se ter estruturas externas trabalhando junto com o edifício.

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FIGURA 14 - Container City II vista lateral direita Fonte:https://www.google.com.br/search?q=container+city+um+novo+conceito+em+arquitetura+sustent%C3%A1vel&biw=1366 &bih=667&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi2n_PV6e7MAhUEDJAKHadDBWMQ_AUIBigB#tbm=isch&q=container+cit y&imgrc=WphZ5V41QPgcsM%3A

FIGURA 15 - Container City - Esquema construtivo Fonte:https://www.google.com.br/search?q=container+city+um+novo+conceito+em+arquitetura+sustent%C3%A1vel&biw=1366 &bih=667&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi2n_PV6e7MAhUEDJAKHadDBWMQ_AUIBigB#tbm=isch&q=container+cit y&imgrc=0KHmkSnam2eFjM%3A

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A imagem acima mostra o sistema construtivo escolhido pelo autor do projeto, em que os contêineres são empilhados transversalmente uns aos outros, formando uma espécie de ''malha de xadrez '' e onde foram locados os pilares para dar sustentação as unidades em balanço.

Residência '' Blue Hill '' - Adam Kalkin Adam Kalkin construiu no ano de 2003 esta residência para seu próprio uso. Composta por 12 contêineres marítimos, envoltos por uma estrutura metálica, a casa possui dois pavimentos, sala, cozinha, quartos e um enorme térreo com espaço de convivência. O arquiteto usa uma composição mista de estruturas onde os contêineres, nas laterais, servem de apoio para a extensa cobertura metálica, criando o vão interno. Os caixilhos de vidro, também mostram a diversidade de materiais usados , mesclados com as diferentes estruturas e que combinam muito bem com o contêiner, trazendo também, luz natural ao ambiente interno.

FIGURA 16 - Área interna da residência Blue Hill Fonte : http://www.ecocontainerhome.com/2010/12/adam-kalkin-maine-container-house/

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FIGURA 17 - Cozinha da residencia Blue Hill Fonte:http://www.google.com.br/search?q=blue+hill+residence+adam+kalkin&biw=1366&bih=667&source=lnms&tbm=isch&sa= X&ved=0ahUKEwjq8PeO7ezMAhVHmJAKHZaEDKAQ_AUIBygB#imgrc=LXObJxfiqJ8IKM%3A s

Algo muito interessante que podemos perceber neste projeto, é que os próprios contêineres servem como segregadores de espaços internos, ou seja, cada contêiner por si próprio delimita os espaços como cozinha, biblioteca , quartos, banheiros e são acessados por circulações verticais ( escada ).

FIGURA 18 - Planta 1º pavimento - Residência Blue Hill Fonte : http://www.ecocontainerhome.com/2010/12/adam-kalkin-maine-container-house/

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5. Arquitetura Sustentável

Para que o conceito de sustentabilidade seja cumprido, existem tres variantes a serem pensadas: o âmbito ecológico, o social e o econômico.

FIGURA 19 - Diagrama de sustentabilidade

A utilização dos contêineres na construção civil deve trazer um projeto economicamente viável, ecologicamente suportável, e socialmente justo, para ser considerado, sustentável.

Do ponto de vista ecológico e econômico, utilizar os contêineres como estrutura e vedação possui vantagens significativas em relação aos métodos construtivos convencionais. A começar pelo fato de que é um material de reuso e que suportam enormes cargas com vida útil para construção de até 100 anos. Utilizar este material ( container ) como alternativa construtiva, significa reduzir o uso de material básico usado em uma construção, como o cimento, alvenaria, areia e reduzindo a geração de resíduos durante a obra e o custo de materiais.

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Construções em containers costumam necessitar de fundações simples, o que reduz ainda mais o impacto do local, e são rápidos de configurar, ( estruturas modulares ), o que significa menos poluição sonora e menos tempo na execução da obra e dinheiro. Muitos projetos de containers, principalmente os menores , os conceituais , se esforçam no sentido de ser auto-suficiente, utilizando painéis solares, coletores de águas pluviais , telhados verdes , etc energia ... Os interiores são também muitas vezes favoráveis ao meio ambiente , sendo decorados em madeira e outros materiais naturais ou reciclados. ( KOTNIK , 2013 ) Isso faz com que a arquitetura de containers, respeite o conceito de design 3R ( reutilizar, reciclar e reduzir ). Um fator que cumpre o dever social é o de capacitar funcionários para este tipo de construção nova, dando-lhes experiencia para futuros trabalhos, além de que, o baixo custo do valor da obra, faz com que pessoas com menor renda também tenham acesso a este tipo de construção .

“Nós, arquitetos e engenheiros, temos a responsabilidade de transformar os atuais conceitos da construção civil, das técnicas construtivas e da arquitetura para que não estejamos tão a mercê dos interesses exclusivamente econômicos. Temos que priorizar a qualidade, transformar o mercado para que ofereça uma arquitetura perene, livre de modismos. Isso é sustentabilidade.” ( Danilo Corbas, 2010 )

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6. Estrutura, Técnicas Construtivas e Fundação

O contêineres marítimos por si, já possuem sua estrutura independente a qual é designada para suportar enormes cargas. Poucas cargas apresentam densidade o suficiente para atingir um limite de peso para o volume de um contêiner, ou seja, precisaria de uma densidade muito alta de carga para exceder o quanto um contêiner consegue suportar levando em conta o que ele possui de espaço interno. ( Slawik, 2010 )

FIGURA 20 - Tabela de capacidade de carga contêineres 20 e 40 pés Standard Fonte : NBR ISO nº 668 ( 1190 )

Os elementos principais de estrutura que compõem o contêiner marítimo são trilhos, colunas e travessas, que se conectam por soldas ou parafusos. As travessas inferiores servem de suporte para o piso e os trilhos se conectam entre si, formando a estrutura.

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FIGURA 21 - Esquema Estrutural do contêiner Fonte : www.residentialshippincontaineprimer.com ( RSCP )

Legenda: Inglês / Português

Bottom Ending Rail - Trilho Traseiro Inferior Bottom Side Rail - Trilho Lateral Inferior Corner Fitting - Engate de Canto Corner Post - Coluna de Canto Cross Member - Travessa Door Header - Trilho Superior da porta Door Sill - Soleira da Porta Forklift Pocket Strap - Alça de Empilhadeira Top Side Rail - Trilho Lateral Superior

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Além dos componentes estruturais, existem as peças que fazem o fechamento do contêiner, como as placas de aço laterais trapezoidais ( 3mm ) que servem como ''paredes '' , as portas, e o piso. Todos esses elementos também servem como espécies de 'travas '' para a estrutura, tornando- a mais rígida e estável.

FIGURA 22 - Esquema componentes estruturais de fechamento do contêiner Fonte : www.residentialshippincontaineprimer.com ( RSCP )

Legenda: Inglês / Português Door Assembly - Montagem da Porta Flooring - Piso Front End Frame - Quadro Final Frontal Marking Pannel - Painel de Marcação Roof Panel - Painel do Telhado Sidewall Pannel - Painel Lateral Threshold Plate - Placa Limiar Ventilator - Ventilador 26


O empilhamento dos contêineres é feito por peças de travamento localizadas nas 4 arestas superiores e inferiores , totalizando 8 peças. Este travamento é realizado por conexões do tipo macho-fêmea e são utilizadas tanto no empilhamento para fins marítimos de carga, quanto no empilhamento para fins do ramo construtivo. O caminhão apropriado para realizar este tipo de serviço é o caminhão Munck, o qual apresenta-se com guindaste para o içamento dos contêineres.

FIGURA 23 - Peças de travamento Fonte : www.portosemmisterio.com.br

FIGURA 24 - Caminhão Munck Fonte : http://www.contermaqvr.com.br

Alguns processos para aberturas são necessários ao longo da execução de uma casa contêiner. Para a fixação de esquadrias, é necessário realizar cortes, nas '' paredes '' , implantando os perfis.

FIGURA 25 - Processos de cortes e aberturas em contêineres Fonte : http://www.deltacontainers.com.br/casa-foz-design.html

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Porém quando há estes tipos de modificações, a estrutura se enfraquece, e dependendo do quanto foi modificado, há a necessidade de rever e reforçá-la.

Por exemplo, considerando a remoção de um painel lateral ao longo de um dos lados do contêiner, sem algum reforço estrutural, ele se deformará e falhará estruturalmente. Como regra geral, quando há a remoção de partes ou totalidade dos painéis, cabe a necessidade de estruturas de aço, para enquadrar as aberturas e dependendo do tamanho da abertura, colunas de reforço para o telhado também são necessárias, como demonstra a figura abaixo. ( The Container Traders, Nationwide Container Solutions - How to build a shipping container house - 2010, tradução nossa )

FIGURA 26 - Exemplo de reforço estrutural no contêiner Fonte : The Container Traders, Nationwide Container Solutions

Fundação De acordo com a Shipping Container House Guide ( 2014 ) , assim como qualquer outro tipo de edificação, as construções em contêiner também necessitam de fundação. Porém , estes tipos de projeto costumam manter o terreno preservado, fazendo com que seja mantido o seu relevo natural e conseqüentemente deixando a maior parte do terreno permeável. Ainda que a estrutura dos contêineres sejam firmes , modulares, sólidas, há a necessidade de uma base sólida acima do solo , até para que evite ao máximo umidade e corrosão ao longo do tempo. 28


De acordo com a NBR 6122/2010, as fundações podem ser classificadas como superficial ou profunda. Nas superficiais, as cargas são transmitidas ao terreno e distribuídas ao longo da base de fundação. Podemos citar alguns exemplos desse tipo como: radiers, sapatas, blocos ou vigas de fundação. No caso das fundações profundas, as cargas sao transmitidas ao terreno por uma base, ou também por uma superfície lateral, podendo até mesmo ser uma combinação de ambas. Neste caso podemos citar as estacas, os caixões e os tubulões. De acordo com o arquiteto Guilherme José em um artigo para o site '' galeriadaarquitetura.com.br '' , '' [...] quanto a fundação, não foge da construção convencional. Ela pode ser rasa, pois já é suficiente para receber a estrutura'' .

7. Conforto Ambiental Quando falamos sobre o uso de contêineres na arquitetura, o primeiro pensamento que vem em mente é o conforto do usuário dentro daquele espaço. Por isso, devemse tomar os devidos cuidados para se obter um resultado final agradável e satisfatório. Conforto térmico e acústico, são os principais quesitos a serem resolvidos, pois temos que lembrar o fato, de que o contêiner, se resume basicamente em uma caixa metálica, que facilmente absorve o calor e frio do ambiente externo. ( Slawik, 2010 ) Segundo Jourda ( 2009 ) outras três condicionantes do conforto ambiental, são ventilação, iluminação e orientação solar. O ambiente deve receber a maior quantidade de luz natural qualificada através de aberturas, reduzindo o uso artificial, resolvendo também a entrada de ventilação natural, reduzindo a utilização de ventilação mecânica, que assim como a luz artificial, se torna um vilão no alto consumo energético. Por fim, a orientação solar , deve ser estudada , pois cada região possui uma orientação diferente, portanto, a implantação é algo importante a ser pensado na realização do projeto. 29


A figura abaixo demonstra o comportamento térmico de um contêiner sendo exposto a radiação solar ( absorvendo calor ) e de um contêiner dissipando o calor adquirido para seu exterior.

FIGURA 27 - Esquema do comportamento térmico de um contêiner

Fonte: ( Garrido 2011 )

7.1 Conforto Acústico De acordo com Müller ( 2010 ) o conforto acústico exerce uma forte influencia na qualidade de vida do usuário no dia-a-dia, seja ela no trabalho ou em casa. Fontes de poluição sonora podem causar freqüentemente efeitos negativos como nervosismo, cansaço, ocasionando até problemas de saúde . Podemos distinguir diversos tipos de poluição sonora: - Ruídos aéreos provenientes do interior ou exterior do estabelecimento - Ruídos de impacto, emitidos por exemplo, de um piso intermediário - Ruídos dos equipamentos externos ou internos ao estabelecimento

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A lei NBR 10.152/1987 determina os diferentes níveis de pressão sonora toleráveis em decibéis (dB) e a curva de avaliação de ruído ( NC).

LOCAIS

dB (A )

NC

Residências Dormitórios Salas de estar

35 - 45 40 - 50

30 - 40 35 - 45

Restaurantes

40 - 50

35 - 45

Escritórios Salas de reunião Salas de gerência Salas administração Salas de computadores

30 - 40 35 - 45 35 - 45 45 - 65

25 - 35 30 - 40 30 - 40 40 - 60

7.2 Conforto Higrotérmico

Segundo Müller ( 2010 ) , o conforto higrotérmico se caracteriza pela sensação que uma determinada pessoa tem da temperatura e umidade do local onde ela está inserida, as quais podemos citar as mais comuns de ordem fisiológica ( termorregulação e transpiração ). Como a noção de conforto varia de pessoa para pessoa, as escolhas referentes a construção e seus equipamentos só podem ser efetuadas após a obtenção de um valor de referencia médio, dependendo do local. O objetivo é atingir uma temperatura final satisfatória combinando a temperatura do ar e a temperatura das paredes. Segundo Olygay ( 1973 ) para que um organismo esteja em estado de conforto térmico, o resultado das trocas de calor que o individuo está submetido tem que ser 31


nulo. Atingir esse equilíbrio de temperatura corpórea depende de sete variáveis, sendo apenas quatro condicionadas ao recinto. Variáveis condicionadas ao indivíduo : metabolismo, temperatura da pele e vestimentas. Variáveis condicionadas ao recinto : temperatura do ar, umidade relativa, temperatura radiante média e velocidade do ar.

7.3 Soluções para conforto ambiental ( acústico e térmico )

O aço cortém possui alta condutividade térmica fazendo com que o contêiner ganhe calor de diversas formas durante o dia. A qualidade interna dos contêineres, pode ser resolvida por inúmeras estratégias, desde as escolhas dos materiais utilizados como isolantes térmicos e acústicos em sua construção, como soluções naturais ou induzidas , no seu espaço físico. Abaixo seguem alguns diagramas realizados pelo autor Garrido ( 2011 ) com possíveis soluções naturais induzidas como: beirais entre as janelas, brises, vegetação, isolamento térmico, coberturas ventiladas , pátio interno coberto, espelhos d'água, persianas externas, respectivamente .

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FIGURA 28 - Soluções inteligentes para conforto ambiental Fonte: Garrido (2011)

Segue abaixo uma lista de materiais e seu potencial para solucionar a problemática do conforto ambiental :

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1 - Soluções para pisos: - Manta de fibra poliéster ( manta acústica ) A principal função da manta de fibra poliéster é a de isolamento acustico de superfícies, por meio de fibras recicladas. Aplicada abaixo do piso e acima da chapa do contêiner, absorve com facilidade os impactos gerados, por ser altamente elástica, diminuindo os ruídos.

FIGURA 29 - Manta de fibra poliéster Fonte : http://www.dbestdb.com.br/blog/ruido-entre-pisos/

- Piso de cortiça Os pisos de cortiça são feitos com o uso de placas de cortiça, uma casca de origem vegetal, leve e macia, que possui propriedades isolantes e que são muito utilizadas para criar revestimentos térmicos e acústicos em casas, apartamentos ou escritórios. Este material tem sua origem em fontes naturais renováveis da natureza, aderindo ao conceito de sustentabilidade. Os pisos de cortiça abafam o som, minimizando os ruídos gerados ao caminhar dos usuários. 34


FIGURA 30 - Piso de Cortiça Fonte: http://www.hemad.com.br/hemad/mantas-corticas/

2 - Soluções para coberturas: - Argila expandida A argila expandida, é um material em formato de pequenas esferas de cerâmica leves na qual é formada por uma espuma interna com micro poros e casca rígida e resistente. Possui elevada capacidade de isolamento térmico e acústico e é geralmente utilizada nos telhados e coberturas das edificações ou jardins.

FIGURA 31 - Argila Expandida Fonte : http://www.cinexpan.com.br/enchimento-leve-para-laje.html

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- Telhado verde O telhado verde consiste na implantação de solo e vegetação em uma camada impermeabilizada sobre as edificações, podendo ser usado em qualquer tipo de construção desde residências a escritórios e comércios. A baixa inércia térmica da terra juntamente com a água proveniente dos vegetais da cobertura geram propriedades que melhoram a qualidade de vida dos usuários daquele edifício como também da cidade. O telhado verde consegue absorver ate 90% mais o calor do que as construções convencionais , fazendo com que não seja propagado para o interior do edifício, e a umidade das plantas regula o ar do entorno onde está inserido. Outro fator importante dos telhados vedes, é seu potencial de absorção de ruídos, trazendo conforto acústico aos usuários. Os valores da aplicação podem variar de acordo com o tipo da construção e com a mão de obra, e muitos cuidados devem ser tomados para que o trabalho seja realizado com sucesso e funcione perfeitamente como manutenções periodicamente e um serviço especializado para evitar problemas com vazamentos e infiltrações.

FIGURA 32 - Telhado Verde Fonte : http://www.ecoeficientes.com.br/o-que-e-e-como-fazer-um-telhado-verde/

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3 - Soluções em diversas aplicações: - Lã de rocha A lã de rocha é produzida a partir da matéria prima encontrada na natureza chamada rocha basáltica e outros minerais. Após processo de escória, a 1500º C, os minerais são transformados em firas através do processo de centrifugação. Estas micro fibras são aglomeradas com resinas especiais e aditivos proporcionando propriedades de isolamento térmico e acústico , e proteção contra incêndios. Este material possui alta absorção sonora e baixa condutividade térmica podendo ser aderida a vários revestimentos e acabamentos. Produto tóxico, trazendo malefícios ao instalador, se não for aplicado com os devidos cuidados técnicos.

FIGURA 33 - Lã de Rocha Fonte: http://www.refratil.com.br/produto/la-de-rocha http://www.isolan.com.br/produtos.html

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- Lã Pet Lã de PET , feita a partir de matéria prima reciclada (garrafas PET) é uma ótima alternativa para o isolamento térmico e acústico de pisos, paredes e coberturas, criando uma barreira a passagem do calor. Este produto pode ser produzido em diferentes medidas, e aplicada em diferentes materiais, seja em estruturas metálicas, steel frame, drywall ou pisos, tornando-o um material bem versátil. É atóxica, não se comprime e degrada com o tempo , não propaga chamas.

FIGURA 34 - Lã Pet Fonte : http://www.sulmodulos.com.br/produtos/isolamento-la-pet/

- Tinta Isolante Térmica A tinta isolante térmica é um revestimento que atua por reflexão a radiação solar e ao ser aplicado em ambientes externos, reduz a temperatura do ambiente interno. Depois de seco, o produto forma uma espécie de película protetora transformando a superfície termicamente refletora, podendo refletir até 90% dos raios solares e reduzindo a temperatura interna em até 35%, segundo um de seus fabricantes ( Nanotech Brasil ). Outra vantagem deste produto é a capacidade de eliminar o choque térmico nos materiais, evitando dilatações por aquecimento ou contrações por resfriamento e eventuais trincas.

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FIGURA 35 - Tinta Isolante Térmica Fonte : http://revista.zapimoveis.com.br/funcionais-tintas-podem-ser-usadas-como-isolantes-termicoe-acustico/

- Película Solar para vidros As películas para vidros são feitas de polivinil butiral ( PVB ) ou de poliéster e são fabricadas para criar refletividade inferior a do vidro, dando maior transparência e proporcionando maior proteção ao calor. Segundo a arquiteta Audrey Dias , da consultoria Aluparts, “A alta versatilidade e facilidade da instalação da película permite alterações em qualquer fase do projeto, com a implementação mais rápida e uma menor geração de resíduos”. Esta solução de controle solar dos ambientes, resulta na redução do consumo de energia e emissão de co2, devido a redução do uso do arcondicionado.

FIGURA 36 - Película Solar Para Vidros Fonte : http://www.vidroimpresso.com.br/tecnologia/edicao5/Calor-do-lado-de-fora

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8. Higiene e Legislação

O primeiro passo para se iniciar qualquer tipo de modificação no contêiner, tendo em vista que ele não estará mais exercendo sua função inicial, é a exigir ao vendedor do produto, os documentos referentes aos impostos de nacionalização. Estes documentos são: LI - Licença de importação DI - Documento de Importação Estes documentos possuem a numeração do contêiner, que pode ser comparado com a '' identidade '' ou uma placa de veículo, onde cada contêiner possui a sua.

FIGURA 37 - Numeração do Contêiner (identificação ) Fonte : http://minhacasacontainer.com/

FIGURA 38 - Numeração do Contêiner Fonte : http://minhacasacontainer.com/

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Antes de carregar ou utilizar o contêiner, é de extrema importância que o comprador exija o laudo de habitalidade do mesmo, pois quase tudo pode ser carregado em contêineres marítimos ou de carga, desde produtos sem risco algum a saúde , até produtos químicos ou radioativos. Neste laudo são preenchidas informações como: - Identificação ( código, ano ) - Ultima carga transportada - Se foi lavado e higienizado - Se está livre de cheiro - Se encontra-se seco - Se contém radiação, contaminação biológica ou química - Equipamento utilizado para medição de radiação - Data de validade da certificação

FIGURA 39 - Aparelho medidor de radiação modelo Victoreen V-715 Fonte : http://www.vaughns-1-pagers.com/science/victoreen-cdv-715.htm

O ultimo passo, é a inspeção prévia a qual é feita por um técnico com conhecimento em inspeção de contêiners. O IICL ( Institute Of International Container Lessors ) , criado em 1971 em Whashigton ( Eua ) é o critério internacional mais conceituado para tal avaliação. Os inspetores possuem treinamento para dizer se o contêiner está com condições boas de estrutura, se há algum defeito de fabricação ou reparos feitos de maneira imprópria que possam comprometer a boa condição futura deste material. No Brasil, não existem legislações ou normas que falem sobre o uso de contêineres como modo construtivo, talvez pelo fato de ser algo relativamente novo, portanto, o que se deve fazer, é abrir processo no órgão competente como estrutura metálica, o que de fato é verídico, afinal, como diz Paulo Baruc (2015) '' O uso de contêineres na construção civil é caracterizado como um processo de construções de estruturas de

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contêineres pré-fabricado das quais são incorporados na obra como parte primária exercendo propriedades física e estrutural [...] ''

9. Vantagens e Desvantagens

O uso de contêineres marítimos reutilizados para construção civil, é algo que vem crescendo e gerando novos adeptos no mundo e mais recentemente no Brasil . Alguns projetos nos mostram beleza, conforto, sustentabilidade e rapidez em obra , porém inúmeras adaptações são necessárias para que isto se torne real, e a construção se torne habitável. Portando este item , é uma reflexão destes questionamentos sobre ser vantajoso ou não este novo método construtivo.

Vantagens '' Eles são pré fabricados, produzidos em massa, econômicos e móveis. '' ( Kotnik, 2008 , p.14, tradução nossa ) Podemos citar de início inúmeras vantagens do uso de contêineres na arquitetura como : Modulação; onde há a possibilidade de inúmeras combinações pois suas dimensões são padronizadas e se encaixam facilmente, podendo projetar o volume de diversas formas . Velocidade; pois podem ser montados muito rapidamente e o tempo de execução e finalização de obra é mais curto em relação ao convencional. Flexibilidade; com o passar dos anos, ainda há a possibilidade da inserção de uma nova estrutura, adaptada de acordo com a necessidade do determinado momento e do indivíduo. Outro fator que se encaixa neste item, é o manuseio , pois seu transporte pode ser facilmente resolvido por meio de caminhões, visto que sua largura é padronizada, podendo levá-los a diversos lugares sem muita dificuldade. Estrutura mista; podendo combinar diversos tipos de materiais como concreto, vidro ou madeira. Robustez; sua estrutura é extremamente resistente em relação as condições climáticas, visto que sua utilização anterior era como cargas marítimas, e sua matéria 42


prima é o aço cortém. Além de terem sido projetados para terem uma vida útil longa e suportar enormes cargas. Além destes fatores, as vantagens econômicas são aparentes, pois não só a economia na estrutura e vedação, se comparada com o concreto armado e alvenaria, como também no projeto como um todo, desde a fundação até o revestimento externo. Utilizar o contêiner marítimo , significa poupar cimento, tijolo, areia, ferro entre outros materiais de recursos naturais, fazendo com que a obra seja mais limpa, com menos resíduos.

Desvantagens O aço cortém é um ótimo material para suportar intempéries climáticas e reduzir o desgaste do mesmo com o tempo, porém este material é um ótimo condutor de calor e um péssimo isolante térmico e acústico, fazendo com que haja a necessidade de revestimentos e técnicas que solucionem o fator do conforto ambiental para o usuário. Há a necessidade de uma mão de obra especializada, tendo em vista que não é um tipo de construção convencional, além do fato de necessitar de equipamentos como guindastes e empilhadeiras para o melhor manuseio durante o processo de obra. Por este motivo, deve-se analisar o terreno a ser construído anteriormente do início da obra para que não tenha nenhuma surpresa, pois são veículos de grandes tamanhos e necessitam de grandes ângulos de manobra. Um fator que deve ser analisado é no momento da compra do contêiner pois há possibilidade de contaminação, já que este material pode ter transportado cargas de diversos tipos anteriormente. Para isso , existem os laudos comprovando higienização e quais materiais foram carregados naquele recinto.

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10. Estudo de Caso ( Pitico Bar )

O Pitico Bar, é um estabelecimento comercial localizado na rua Guaicuí, nº 61 no bairro de Pinheiros, próximo ao largo da batata. O local funciona no terreno o qual era um estacionamento anteriormente, e serve aos clientes um cardápio variado de comidas árabes , sanduíches, cervejas e drinques.

Figura 40 - Vista da praça interna do estabelecimento Fonte : Arquivo pessoal

O projeto da arquiteta Marina Portolano, é formado por 5 contêineres marítimos reutilizados, dispostos três separadamente e dois sobrepostos. No primeiro contêiner funciona a cozinha industrial onde são preparados os lanches. Uma cobertura se estende pela sua lateral se encaixando na parede de limite do terreno. Este foi o único local onde se obteve tratamento térmico e acústico, por não conter tantas aberturas e a absorção de calor ser maior. Existe uma cobertura vegetal a qual serve para trazer mais umidade e não deixar que o calor se propague para dentro do contêiner.

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Figura 41 - Vista da cozinha com destaque para cobertura Fonte: Arquivo pessoal

Figura 42 - Cobertura Vegetal da cozinha Fonte : Arquivo Pessoal

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O segundo ambiente é formado por um contêiner com suas laterais totalmente abertas, com sistema de roldanas para abertura, e dois contêineres sobrepostos ao lado, onde funciona o balcão de atendimento e acima, um deposito para materiais. Todos sobrepostos em um deck de madeira , formando um local agradável e de convivência para os clientes do bar.

Figura 43 - Área de mesas e cadeiras do local

Figura 44 - Escada externa de acesso ao segundo andar e balcão de atendimento Fonte : Arquivo Pessoal

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Figura 45 - Detalhe roldanas para abertura da lateral Fonte : Arquivo Pessoal

O ultimo ambiente, funciona um bar, onde é servido cervejas e drinques variados aos clientes. Logo a frente uma área generosa ao ar livre com cadeiras de praia forma uma espécie de praça onde a vegetação está sempre presente, trazendo conforto, e sombra ao local.

Figura 46 - Vista do bar Fonte : Arquivo Pessoal

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Por serem ambientes com grandes aberturas laterais , existe uma ventilação cruzada, a qual soluciona grande parte da problemática do conforto térmico. A arquiteta utilizase de vegetações tanto nas coberturas, quanto no terreno como um todo, para trazer mais umidade e sombra para o recinto, fazendo com que o calor seja absorvido, resultando em um ambiente mais agradável. A disposição dos contêineres no terreno, possibilitam a existência de uma praça interna , favorecendo o convívio, circulação e entrada de luz natural para os clientes. Outra técnica utilizada é o deck de madeira , que impede o contato direto do contêiner com o solo, preservando sua integridade com o efeito da corrosão proveniente da umidade. Pode-se dizer que a sustentabilidade é um ponto forte deste projeto, pois quase todas as medidas para solucionar a problemática de conforto ambiental são medidas naturais, não havendo utilização de ar condicionado em nenhum dos locais.

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11. O projeto 11.1 Localização

O terreno escolhido para ser realizado o projeto de um café/bar , situa-se na Rua Pais Leme com a Rua Butantã. Trata-se de um terreno de esquina, localizado no bairro de Pinheiros em São Paulo.

FIGURA 47 - Terreno do projeto - Vista Superior

Localização do terreno

O terreno triangular possui 45 mts. x 45 mts. x 47 mts. totalizando uma área de aproximadamente 1000 m².

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FIGURA 48 - Terreno do Projeto - Perspectiva Vista esquina da Rua Pais Leme com a Rua Butantã

11.2 Levantamento Mapa de Vias e Transportes da Região do Entorno do Terreno

FIGURA 49 - Mapa de Levantamento de Vias e Transporte

Área do projeto

Pontos de ônibus CPTM

Bicicletário CPTM Terminal de ônibus Pinheiros Linha Amarela CPTM Linha Esmeralda CPTM Ciclovia Marginal Pinheiros

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Podemos observar que este terreno é de fácil acesso tanto por transporte público quanto por transporte particular. A Rua Pais Leme é uma via importante pois liga a Marginal Pinheiros e a Brg. Faria Lima, que são dois eixos viários de grande movimentação. Na marginal temos a opção da locomoção pela ciclovia e na estação Pinheiros há um bicicletário de acesso pela rua Capri. A estação Pinheiros faz baldeação da linha 9 Esmeralda com a linha 4 Amarela do metrô CPTM e integrado a ela existe também um terminal de ônibus ( Terminal Victor Civita Pinheiros ) que estimula os usuários a usarem o transporte público com um estacionamento para carros subterrâneo com 400 vagas.

FIGURA 50 - Vista Terminal Pinheiros Victor Civita de ônibus

As linhas de ônibus que estão presentes nas proximidades do terreno são: 177 H-10 , 477 P-10 , 701 U-10 , 719 R -10 , 775 A-10 , 775 V-10 , 778 J-10 , 778 J-41, 7002 -10 , 7013 -10 , 225 , 458 , 801 , 809 A-10 , 809 D-10 , 809 R-10 , N705-11 , N74211 , N835 - 11 , N842 - 11 .

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Mapa de Uso e Ocupação do Solo da região do entorno do terreno

FIGURA 51 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo

De acordo com o zoneamento da cidade de São Paulo, a região do terreno escolhido em Pinheiros, é uma ZM -2 , o que a caracteriza como uma zona mista de densidade média. Apos levantar dados e realizar um mapa de uso e ocupação do solo do entorno do terreno, podemos observar que há tanto comércios e serviços, quanto residências na região. A construção com o uso misto geralmente está voltada para as avenidas mais movimentadas o que atrai os transeuntes e veículos mais facilmente para os comércios e serviços do local. Há também pequenas vilas residenciais próximas ao terreno escolhido, e a presença de alguns estacionamentos, que suprem as necessidades dos trabalhadores dos prédios comerciais, serviços e lojas da região.

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Mapa de Gabarito das Edificações da região do entorno do terreno

FIGURA 52 - Mapa de Gabarito das Edificações

Ao levantar dados sobre o gabarito das edificações da região, observamos a extrema predominância de construções com ate dois pavimentos e algumas eventualidades mínimas de construções com 3 a 4 pavimentos. Existem na área 3 edifícios comerciais com gabarito acima de 15 pavimentos, que resultam num grande impacto no que se refere ao transito de automóveis e circulação de pedestres durante os horários de ''pico '' do local.

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12. Projeto Container Bar Após todos os estudos e pesquisas realizadas acerca da temática do contêiner, surge o projeto ''Container Bar'' no qual consiste em uma construção realizada com o uso de contêineres marítimos reciclados, de 20 e 40 pés do modelo '' High Cube ''. A ideia deste empreendimento é de fornecer ao cliente comidas e bebidas, em um lugar descontraído e despojado, acompanhado de música e muita interação entre os usuários, assim como um bar convencional, porém com a temática do contêiner. Quatro contêineres de 40 pés e um contêiner de 20 pés, formam a composição do projeto que somado ao deck resulta em aproximadamente 410 metros quadrados de área util. Aos finais de semana, uma praça projetada ao lado, recebe em parceria, food trucks com variados estilos gastronômicos, para trazer público e movimento ao local.


O módulo um, funciona o bar e a cozinha industrial no primeiro pavimento contendo 41 metros quadrados e administração e terraço para banda e música no segundo pavimento com 41 metros quadrados. O módulo dois, é uma área coberta de uso dos clientes para refeições a qual conta com cadeiras e mesas e um mezanino de estrutura metálica somando 100 metros quadrados. O terceiro e último módulo, funcionam os sanitários e área para depósito de materiais de limpeza, que possui 15 metros quadrados. A área externa é composta por um grande deck em madeira onde ficam algumas mesas e cadeiras, cobertas parcialmente por uma cobertura verde feita com estrutura metálica.

FIGURA 53 ‐ Estudo volumétrico 1 FIGURA 54 ‐ Estudo volumétrico 2















Por tratar-se de uma obra em estruturas de contêiner, alguns detalhamentos são importantes para que o conforto ambiental seja alcançado. Para isso, foi utilizado a Lã de PET ( figura 34 ) em todas as paredes externas , entre a parede metálica do próprio contêiner e o revestimento em DryWall. Feita a partir de matéria prima reciclada ( garrafa pet ), sua instalação é feita de maneira fácil e rápida, otimizando tempo e custo na obra. Para os pisos, foi escolhido o piso vinílico sobre a manta de fibra poliéster. Esta solução foi adotada, devido ao fácil processo de instalação, além de ajudar no conforto térmico e acústico pois absorve com facilidade os impactos gerados pelas pisadas. Na área externa no contêiner, foi aplicada a tinta isolante térmica que atua por reflexão a radiação solar, diminuindo assim, as temperaturas internas. Uma solução natural também foi introduzida no projeto para trazer maior conforto térmico aos usuários. Os contêineres foram implantados de forma inteligente e com aberturas em suas faces laterais, como grandes janelas , de tais formas que ocorra ventilação cruzada, diminuindo assim o uso de ar condicionado. Aberturas e fechamentos em vidros, também são presentes , para que haja uma maior entrada de iluminação natural em determinados pontos das composições. O telhado verde foi escolhido para o projeto pois , pode diminuir em até 90% a transmissão de calor pelo telhado e reduzir efeitos sonoros pela massa proporcionando um maior conforto térmico e acústico no ambiente do deck.

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A intenção do projeto é a de manter o conceito de sustentabilidade, e para isso, foi introduzido um sistema de captação de água pluvial a qual fará a captação de toda a água da chuva da cobertura, encaminhando‐a para o reservatório sob o deck, que terá uma bomba de recalque, levando a uma caia d'água superior para armazenamento e distribuição.


12.1 Maquete Eletrônica

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Considerações finais O interesse no uso de contêineres na construção civil vem crescendo, pois novas formas de construção tem sido exigidas para atender ao apelo pela sustentabilidade, visto que seu reaproveitamento é algo ecologicamente correto. Existem inúmeras vantagens que incentivam sua utilização no mercado da construção, como o aproveitamento de material descartado, otimização do tempo de obra uma vez que seu manuseio e transporte é facil e rápido, pouco acumulo de resíduos, a economia, pois reduzimos matéria prima na execução da fundação, estruturas e vedação e além de tudo isso são ótimos nos quesitos modularidade e flexibilidade, permitindo diversos arranjos e balanços arquitetônicos diferentes, agregando valor ao projeto. Com um bom projeto de conforto ambiental e,todos os cuidados térmico e acústico, podemos obter ótimos resultados e mostrar que este tipo de solução está ganhando espaço e novos olhares no mercado atual.

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12. Bibliografia SLAWIK, H. Container Atlas, A Practical Guide To Container Architecture. 1.Ed Berlin: Ed Gestalten, 2010 Gauzin Müller, Dominique Arquitetura Ecológica Editora Senac São Paulo, 2011 KOTNIK, J. New Container Architecture, Design Guide ‐ Linksbooks, 2013, Barcelona, Spain http://www.acobrasil.org.br/site/portugues/index.asp http://www.tutoya.com.br/containers_e_medidas.pdf http://wwwo.metalica.com.br/container‐city‐um‐novo‐conceito‐em‐arquitetura‐ sustentável http://www.dcomercio.com.br/categoria/opiniao/mclean_e_o_conteiner_a_reinv encao_da_roda http://www.acobrasil.org.br/site/portugues/index.asp www.logisticshalloffame.net http://www.cbcconteiner.org/cbc/ http://bioretro.eco.br/casa‐container‐a‐casa‐do‐futuro/ http://www.containercity.com/projects/container‐city‐I http://www.ecocontainerhome.com www.residentialshippincontaineprimer.com NBR 5973 : Tipos de Contêineres ‐ Classificação. (2010) NBR 668 : Contêineres série 1 ‐ Classificação, dimensão e capacidade. (2010) NBR 15220 : Conforto Térmico. ( 2003 ) 77


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