Conjunto Habitacional em Container: Uma alternativa ao convencional

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CONJUNTO HABITACIONAL EM CONTAINER UMA ALTERNATIVA AO CONVENCIONAL

BEATRIZ RIBEIRO GOMES



CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC BEATRIZ RIBEIRO GOMES

CONJUNTO HABITACIONAL EM CONTAINER Uma alternativa ao convencional

SÃO PAULO 2016



BEATRIZ RIBEIRO GOMES

CONJUNTO HABITACIONAL EM CONTAINER Uma alternativa ao convencional Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac Campus Santo Amaro - como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins

SÃO PAULO 2016



“ Acredito que as coisas podem ser feitas de outra maneira e que vale a pena tentar.� Zaha Hadid



Agradecimentos À todos que de alguma forma colaboraram para minha formação. Às minhas amigas Carolina Battistini, Larissa Wetzel, Gabriella Nery, Maria Carolina, Mariana Ruiz e Marília Brancatte, que tanto colaboraram para que mais este ciclo se encerrasse. À Profª. Draª Valéria Fialho e ao meu orientador Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins por toda a ajuda e compreensão. À minha família principalmente, minha mãe e avó que sempre se esforçaram para que eu chegasse até aqui, e à minha irmã que está sempre ao meu lado. Um agradecimento especial ao Pietro Marras, por todo o suporte e carinho durante o desenvolvimento deste trabalho.


Resumo Considerando as questões habitacionais da cidade de São Paulo e a necessidade de projetos alternativos que possam contribuir como uma resposta quantitativa e qualitativa, este estudo aborda o uso do container na arquitetura no âmbito habitacional, considerando suas reais vantagens e também desvantagens nesse ramo em que vem sendo inserido. Como primeira parte do trabalho, foram levantados dados históricos e atuais para a fundamentação teórica do projeto em questão, um Conjunto Habitacional em Container, desenvolvido na segunda etapa. Como base projetual foram relacionados cinco estudos de caso, que contribuíram como referência em diversos aspectos, tanto como projetos habitacionais de cunho popular, como na adaptação do container para seu uso na arquitetura. Estudos de conforto ambiental e ergonomia se fizeram necessários, devido às características do material, além da identificação do container como objetivo sustentável, por seus diversos aspectos, no campo da construção civil. Palavras-chave: conjunto habitacional; container; identidade territorial


Abstract Considering the housing issues in the city of SĂŁo Paulo and the need for alternative projects that can offer both quantitative and qualitative answers to them, this study discusses the use of containers in architecture for housing purposes, considering its real advantages and disadvantages in the field. Both historical and current data were collected for the theoretical foundation of the project in question, a container housing development. As a basis for the project, five case studies that served as a point of reference in many aspects, in both social housing projects and the adaptation of containers for architectural use, were listed. Environmental comfort and ergonomic studies were necessary due to the characteristics of the material to be used, in addition to the identification of the container as a sustainable and economic object in the field of construction, considering its different aspects. Keywords: housing development; container; territorial identity



Lista de Siglas HABISP - Sistema de Informações para habitação Social na

CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano

cidade de

FNRU - Fórum Nacional pela Reforma Urbana

São Paulo

PAR - Programa de Arrendamento Residencial

ONU - Organização das Nações Unidas

ZEIS - Zona Especial de Interesse Social

MTST - Movimento Sem Teto de São Paulo

FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

SEHAB - Secretaria Municipal de Habitação

PNH - Política Nacional de Habitação

COHAB - Companhia de Habitação Popular

PAC - Programa de Aceleração de Crescimento

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PlanHab - Plano Nacional de Habitação

IDH - Índice de Desenvolvimento Humano

PMCMV - Programa Minha Casa Minha Vida

SEMPLA - Secretaria Municipal de Planejamento

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

IAPs - Instituto de Aposentadoria e Pensões

CSN - Companhia Siderúrgica Nacional

BNH - Banco Nacional de Habitação

CBCA - Centro Brasileiro da Construção em Aço

CAPs - Caixas de Aposentadoria e Pensões

USP - Universidade de São Paulo

CIAM - Congresso Internacional de Arquitetura Moderna

PMSP - Prefeitura Municipal de São Paulo

IAPI - Institudo de Aposentadoria e Pensões dos Industriários

WCED - World Comission on Environment and Development

SFH - Sistema Financeiro de Habitação


Lista de Figuras Fig. 1 - Favela de Paraisópolis - São Paulo

mapas/indice5_1.pdf>. Acesso em: 15 de maio de 2016.

Fig.6 Mapa de Rendimento Mensal - 2004 - São Paulo

p. 30

Plano Diretor: Quais os impactos em Paraisópolis?. Disponível em: <http:// jornal.paraisopolis.org/plano-diretor-quais-os-impactos-em-paraisopo-

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Cortiços: A experiência em Sâo Paulo. Disponível em: <http://www.habisp.inf.br/theke/documentos/publicacoes/corticos/>. Acesso em: 05 de

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Cortiços: A experiência em Sâo Paulo. Disponível em: <http://www.habisp.inf.br/theke/documentos/publicacoes/corticos/>. Acesso em: 05 de Junho de 2016

Fig.4 Mapa de IDH - 2000 - São Paulo

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Fig.5 Mapa de Vulnerabilidade - 2004 - São Paulo

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Fig.7 Implantação complexo de cortiços - Bexiga, São Paulo p.56

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Fig.8 Planta tipo - Apartamento Solteiro

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Fig. 3 - Cortiço - São Paulo

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Fig. 2 - Cortiço na Rua do Glicério - São Paulo

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Fig.9 Corte transversal Ed. Japurá.

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Fig.10 Planta tipo - Apartamento A

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Fig.11 Planta tipo - Apartamento B

p.59


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Fig.17 Uso simples e intuitivo

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Fig.13 Edifício serpenteado- “Rua”central

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Fig.15 Equitativo/Igualitário

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Fig.18 Informação de fácil percepção

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Fig.14 Corte Conjunto Pedregulho

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Fig.19 Tolerância ao erro/seguro

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Fig. 20 Esforço físico

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Fig.21 Dimensionamento de espaços para acesso e

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Fig.26 Container Dry Standard

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uso abrangente

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Fig.27 Habitação Temporária de Contêiner

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Fig.22 Ambientes dimensionados para rotação e área de transferência de um cadeirante

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Fig.27 Container High Club

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High Club. Disponível em: <http://containertech.com/about-containers/

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Fig.28 Container Refrigerado/Refeer

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Fig.23 Área de manobra 180º

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Fig.29 Container Open Top

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Fig.24 Módulo de referência

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Fig.30 Container Flat Rack

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Fig.25 Habitação Temporária de Contêiner

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Shigeru Ban. Disponível em: <http://www.designboom.com/architecture/shigeru-ban-onagawa-temporary-container-housing-community-center/> Acesso em: 20 de junho de 2016

Fig.31 Container Ventilado

p.74

Ventilado. Disponível em: <http://containertech.com/about-containers/ 40-standard-vs-40-high-cube-container/> Acesso em: 15 de junho de 2016

Fig.32 Recortes para esquadrias

p.77

Recorte Container. Disponível em: <http://minhacasacontainer.com/


wp-content/uploads/2015/10/recorte-container-4.jpg>. Acesso em: 15 de

Fig.38 Implantação

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Fig.33 Fachada edifício

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Fig.39 Unidades habitacionais/acessíveis

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Fig.34 Corte - Aproveitamento do terreno

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Fig.40 Vista Interna

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Fig.35 Pátios internos

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Fig.41 Pavimento tipo - habitações

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de abril de 2016

projetos/16.181/5879>. Acesso em 04 de abril de 2016

Fig.36 Passarelas metálicas

p.84

Fig.42 Vista interna

p.86

p.86

Corruíras. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/755090/

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de abril de 2016

Fig.37 Pátio e passarelas

Fig.43 Planta de situação p.85

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Fig.44 Setorização por cor dos blocos

p.87

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Fig.51 Planta Térreo

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Fig.45 Acesso ao térreo por passarelas

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Fig.52 Setorização de usos

Fig.46 Pátio interno

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Fig.53 Planta Unidades - Lâmina p.88

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Fig.54 Planta unidades - Torre p.89

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Fig.55 Vista interna p.89

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Fig.56 Relação com o entorno p.90

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Fig.50 Fachada do conjunto

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Fig.49 Unidade habitacional B

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Fig.48 Unidade A adaptada

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Fig.47 Unidade habitacional - A

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Fig.57 Relação com o entorno

16 de abril de 2016

Jardim Edite. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/

p.92


Fig.63 Segundo pavimento

read/projetos/13.152/4860>. Acesso em: 04 de abril de 2016

Fig.58 Construção da casa container

p.93

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Casa Container: Disponível em: <http://www.containersa.com.

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05 de abril de 2016

Fig.64 Maquete eletrônica - sobreposição

Fig.59 Fachada com ciculação vertical

p.93

p.94

Casa Container: Disponível em: <http://www.containersa.com.

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05 de abril de 2016

Fig.65 Conjunto de edifícios de container

Fig.60 Telhado verde e varanda

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05 de abril de 2016

Fig.66 Pátio Interno

Fig.61 Ambiente Interno

p.94

p.96

Ketwonen. Disponível em: <http://www.theguardian.com/cities/2015/

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05 de abril de 2016

Fig.67 Varanda dos quartos

Fig.62 Pavimento térreo

p.94

p.96

Keetwonen. Disponível em: <http://www.livinspaces.net/projects/archi-

Casa Container: Disponível em: <http://www.containersa.com.

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Acesso em: 05 de abril de 2016

05 de abril de 2016


Fig.68 Vista interna dos apartamentos

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Keetowonen. Disponível em: <http://organomix.com.br/blog/2013/09/ um-condominio-estudantil-diferente/>. Acesso em: 05 de abril de 2016

Fig.69 Fluxo de ventilação nos ambientes

p.102

FROTA;SCHIFFER. Manual do conforto térmico: arquitetura e urbanismo. São Paulo: Studio Nobel, 2003, p.132

Fig.70 Vegetação como artifício ao conforto

p.103

FROTA;SCHIFFER. Manual do conforto térmico: arquitetura e urbanis-

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Fig.76 Estudo de gabarito

p.106

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Fig.77 Estudo de fluxos e indicação de acessos

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Editora Senac, 2007, p.130 e 131

Foto do autor

Fig.80 Acesso a favela Jd. Panorama

Modificado pelo autor. Disponível em: < https://www.google.com.br/

Foto do autor

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Fig.81 Exterior da Favela

Fig.73 Contraste entre a favela e o entorno

p.112

Fig.82 Terreno de implantação

junho de 2016

Foto do autor

p.113

Fig.83 Barracos de madeira/ Contraste com o entorno

Modificado pelo autor. Disponível em: < http://geosampa.prefeitura.

Foto do autor

sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx>. Acesso em: 06 de junho de 2016

Fig.84 Composição placa Tetra Pak

Fig.75 Estudo de gabarito

p.114

p.114

p.115

p.115

Foto do autor

Disponível em: < https://www.google.com.br/maps/>. Acesso em: 06 de

Fig.74 Mapa de Zoneamento

p.114

Foto do autor

Fig.79 Estudo entorno

p.112

p.114

Modificado pelo autor. Disponível em: < https://www.google.com.br/

GUGEL,Miram. Projetando espaços: Design de interiores. São Paulo:

Fig.72 Área de intervenção

p.113

Modificado pelo autor. Disponível em: < https://www.google.com.br/

Fig.78 Estudo entorno

mo. São Paulo: Studio Nobel, 2003, p.134

Fig.71 Dimensionamentos mínimos

Modificado pelo autor. Disponível em: < https://www.google.com.br/

Ecopex

p.115

p.115

p.115



SUMÁRIO Introdução ____________________ 26 e 27 1. São Paulo e a problemática habitacional ________ 30 a 33 1.1 Processo Histórico _________________________ 33 a 39 1.2 A segregação socioespacial _________________ 40 a 43 1.2.1 Identidade e desapropriação _____________44 e 45 2. Habitação de Interesse Social ____________ 2.1 Habitação Social no Brasil _____________ 2.1.1 Edifício Japurá _________________ 2.1.1 Conjunto Residencial Pedregulho ___ 2.2 Definindo habitação: Da casa ao lar _____ 2.3 Desenho Universal na HIS ____________

48 e 49 49 a 52 56 a 59 59 a 61 62 e 63 63 a 68

3. Container: Uma nova metodologia de projeto _________ 70 3.1 Dimensão e característica ____________________ 71 a 75 3.1.1 Vantagens e desvantagens ____________ 75 a 78 2.2 O aço na arquitetura ________________________ 78 a 80


4. Estudo de caso _______________________________________ 81 4.1 Conjunto Habitacional Corruíras ___________________ 83 a 86 4.2 Conjunto Habitacional Heliópolis _________________ 86 a 89 4.3 Jardim Edite ___________________________________ 89 a 92 4.4 Casa Container ________________________________ 92 a 94 4.5 Vila Estudantil Keetwonen _______________________ 95 e 96 5. Habitação em Container ____________________________ 98 5.1 Sustentabilidade ___________________________ 99 e 100 4.2 Conforto ambiental e ergonomia______________ 101 a 106 6. Considerações Finais __________ 107 7 . Projeto ________________________________________ 110 7.1 Localização __________________________________ 111 7.2 Programa mínimo _____________________________ 112 7.3 Levantamento de dados 7.3.1 Uso do sola e gabarito ____________________ 113 7.3.2 Fluxograma de acessos ____________________ 114 7.3.3 Levantamento fotografico _______________ 114 e 115 7.4 Conjunto Habitacional em Container - Projeto Final 117 a 153 7.4.1 Conclusão _______________________________ 155 8. Bibliografia _________ 157 a 159



I nt ro d u รง รฃo


Quando falamos da cidade de São Paulo torna-se claro o quadro do déficit habitacional encontrado no município. Segundo o levantamento do HABISP de 2010, 7.74% do território da cidade é ocupado por favelas ou loteamentos irregulares. Existem medidas que vem sendo tomadas pela prefeitura, como políticas e programas de reurbanização de favelas, mas que ainda não atingem a demanda necessária, seja por falta verba pública ou investimentos privados nas obras, bem como a má administração destas políticas, que podem levar muito tempo para serem realizadas, ou até interrompidas antes mesmo de sua conclusão. A questão habitacional da cidade é o ponto chave para a melhoria do todo, é preciso tratar de igual para igual as necessidades da população de baixa renda, investindo em melhorias e instalação destas moradias próximas a infraestruturas, ou vice e versa, bem como a estruturação de um projeto de habitação viável e acessível a essa parcela de moradores do município. A favela, ou loteamento irregular, não encontra-se mais apenas nas periferias, a mesma permeia a mancha urbana, e incorpora-se ao tecido da cidade, para tanto é necessário um programa que entenda essa

26

inserção e que aceite essa população como parte do todo. Levando em conta todo este quadro, este trabalho consistirá na viabilização do projeto de um conjunto residencial acessível a baixa renda, tendo como partido além da redução de custos e tempo, ser modular, para que assim possa ser construído em maior escala, podendo talvez, atender a demanda do déficit de habitação de São Paulo. Um projeto que se adeque mais facilmente as diversas tipologias de terreno presentes no município, tendo como premissa a variabilidade e acessibilidade, podendo assim atender a demanda das diferentes famílias que habitarão estas moradias. A ideia é que o conjunto se integre a cidade, para tanto, a busca do terreno de implantação deverá ser feita seguindo alguns fatores, como áreas de moradias irregulares ou próximas as mesmas, mas que estejam inseridas na mancha urbana, como próximas a centralidades e áreas com infraestruturas. Dito isso, como fundamentação projetual, será realizado um estudo causa e efeito, onde primeiramente será entendido o processo de construção do déficit habitacional da cidade e como o processo histórico de São


Conjunto Habitacional em Container

Paulo influenciou no quadro atual, levando em conta a questão da segregação sócio urbana que se configurou. Será estudado então o início do conceito de habitação social, como ocorreu e o porquê do surgimento deste tipo de construção, além do processo de sua inserção no Brasil. Para isso serão estudados dois projetos de conjuntos residenciais, o Edifício Japurá e o Conjunto Residencial Pedregulho, como eles se configuravam tanto em sua inserção na cidade, quanto como projeto em si. O container foi o artifício que surgiu como alternativa para viabilizar o projeto em questão. Serão estudas suas dimensões e características e como vem sendo inserido no campo da arquitetura, como atua e pode atuar do ponto de vista da moradia. Serão realizados então dois estudos de caso como entendimento do processo necessário para a utilização deste material na construção civil. Chega-se enfim a questão de como viabilizar este projeto, como tornar este conjunto residencial de container habitável, confortável e provedor de qualidade de vida para seus habitantes. Para isso será feito um estudo de ergo-

nomia e conforto ambiental, garantindo então a qualidade do espaço a ser projetado, bem como o estudo da questão da acessibilidade, para que assim ele possa de fato atender a diversas famílias e suas configurações.

27


28


Conjunto Habitacional em Container

1. SĂŁo Pa u lo e a P r ob l em ĂĄt i c a Ha b i tac i o n al

29


Para que se possa realizar uma proposta proje-

tual coerente, é preciso analisar o quadro atual de São Paulo, para assim, ter uma visão geral e adequar as necessidades habitacionais da cidade ao projeto em questão. Segundo o levantamento do HABISP de 2010, na cidade de São Paulo, encontram-se 92,64km² de loteamentos irregulares, número que representa 6.14% do município, 24km² de favelas que representam 1,6% do

Fig.1 Favela de Paraisópolis - São Paulo

território e 1814 cortiços levantados entre 2005 e 2010, sendo 1091 ainda considerados cortiços, 208 em obra para se adequar à Lei Moura, explicada mais à frente, 66 foram interditados por oferecerem riscos aos moradores e apenas 36 foram requalificados. Os núcleos urbanizados, que são favelas que já possuem infraestrutura, representam 2.4km², ou seja 10.49% da área de favelas da cidade. Estes dados demonstram uma melhor ilustração da situação do território urbano, carente de habitação.

30

Fig.2

Cortiço na Rua do Glicério - São Paulo


Conjunto Habitacional em Container

A leitura dos números acima permite a relação

“Vivemos um ciclo de expansão eco-

entre a quantidade de moradias precárias e assenta-

nômica na cidade, que teve aumento

mentos irregulares comparado a área total do muni-

de renda e enorme aumento da dispo-

cípio de São Paulo. Existem hoje, medidas e políticas

nibilidade de crédito para a aquisição de imóveis. O reflexo foi a elevação

que visam a melhoria desta situação, porém como um

nos preços, muito acima do aumento

todo o quadro ainda é grave. Além de medidas de reur-

da renda das pessoas. Isso significa

banização e requalificação é preciso criar uma política

que terrenos e imóveis capturaram

que barre a exploração do preço da terra, como uma

uma parte importante das riquezas

política fundiária, e a especulação imobiliária, que não

que foram produzidas na cidade”

permite um acesso à cidade igual para todos, encare-

cendo o preço de aluguéis e das habitações de forma

O fato é que com o preço dos aluguéis não acessíveis

geral. Moradias próprias ou aluguéis encontram-se

a população e um número de medidas que não aten-

em preços que não condizem com a realidade de salá-

de a massa de baixa renda, o déficit habitacional de

rio da população mais pobre, não deixando escolha a

São Paulo em 2015, por exemplo, girava em torno de

não ser residir em áreas ocupadas ou marginalizadas.

230.000 moradias, segundo a avaliação de Raquel.

Segundo Raquel Rolnik, ex-relatora especial

da ONU para o Direito à Moradia Adequada:

Como alternativa, houveram então as invasões

dos prédios

BONDUKI, Nabil. Origens da Habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade, 2002, p.17 e 18.

31


vazios e abandonados encontrados no centro, bem

A questão é que existem sim políticas voltadas

como a ocupação irregular de terrenos na cidade,

para esta parcela da população, como o Programa de

assim como afirma o coordenador nacional do MTST,

Reurbanização de Favelas da SEHAB, bem como a regu-

Guilherme Boulos:

larização de loteamentos irregulares e construção de “De 2013 para cá, não apenas em São

unidades habitacionais 1, porém não se tornam suficien-

Paulo, mas em várias regiões metro-

tes perante o déficit habitacional da cidade por diver-

politanas no país, houve aumento

sos fatores, que podem tanto se enquadrar na comple-

expressivo das ocupações, o que, na minha avaliação, tem relação direta com a explosão da especulação imobiliária. A terra virou ouro no Brasil e

xidade do quadro da encontrado quando em uma má administração e falta de políticas que previnam o processo especulativo da terra, dificultando a inserção das

o aluguel virou uma coisa impagável.”

políticas habitacionais, assim como afirma Bonduki 2.

Trata-se aqui de uma moradia que

O problema habitacional deve ser prioridade quan-

além de não trazer dignidade, não se

do se fala sobre São Paulo e perante a essa situação

torna definitiva. Por não ser algo de

busco uma alternativa as construções habitacionais

propriedade do morador, a qualquer

populares, que possam ser incorporadas a cidade já

momento podem ser despejados, seja

construída e escassa de terra. A ideia é que a habitação

por reintegração de posse, por regularização da área ou por obras públicas.”

seja acessível tanto a população de baixa renda que

1 SEHAB. Urbanização de Favelas: A Experiência de São Paulo. São Paulo: Boldarini Arquitetura e Urbanismo, 2008, p.14 2 BONDUKI. Nabil. Os pioneiros da habitação social: Cem anos de política pública no Brasil. São Paulo: Unesp, 2014, p.16

32


Conjunto Habitacional em Container

1.1 Processo histórico

irá habitar o conjunto, quanto para a construção, seja ela por investimentos públicos ou privados.

O processo evolutivo de São Paulo influenciou

diretamente na situação habitacional do município, que tornou-se segregado do ponto de vista social e também urbano, bem como insuficiente na proposta de habitação. A conformação deste território começou principalmente no início do século XX3, marcado por uma mudança na configuração social brasileira. Com a transformação econômica, houve a expansão das cidades e portando o surgimento das metrópoles. Em São Paulo, uma das mais industrializadas, as atividades urbanas interligaram-se ao complexo cafeeiro, o que garantiu um crescimento populacional não antes visto4. Com um grande número de migrações houve um aumento significativo da população, assim como indica a tabela 1.

3 e 4 BONDUKI, Nabil. Origens da Habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade, 2002, p.17 e 18.

33


Tabela 1: Evolução percentual da população- São Paulo5

Ano

População

Período

Percentual

1872

26.020

1872-1890

124,78%

1890

64.934

1890-1900

200,20%

1900

260.000

1900-1910

60,38%

1910

314.000

1910-1920

92,58%

1920

541.435

--------------

--------------

vida. Pode se perceber então uma política de interesse e de capital, onde cada vez mais a cidade era das classes mais abastadas, não estendendo o direito à cidade para as mais pobres, deixando portanto de ser democrática. Assim como afirma Raquel Rolnik: “A lei organiza, classifica e coleciona os territórios urbanos, conferindo significados e gerando noções de civilidade e cidadania diretamente correspondentes ao modo de vida e à micropolítica familiar dos grupos que estiveram mais envolvidos em sua formulação. Funciona portanto, como referente cultural fortíssimo na cidade, [...] ao estabelecer formas permitidas e proibidas, acaba por definir territórios dentro e fora da lei, ou seja, configura regiões de plena cidadania e regiões de cidadania limitada.”6

Esta urbanização atrelada ao processo de indus-

trialização deu início a criação de um espaço heterogêneo que propiciava à produção e reprodução de relações capitalistas. Com a baixa valorização no mercado de trabalho, e o encarecimento das terras, os operários com seus baixos salários não conseguiam habitar as regiões mais privilegiadas da cidade, passando assim a ocupar regiões periféricas e cortiços, estes que em sua maioria se localizavam no centro, porém não forneciam uma habitação digna e com qualidade de

Considerando a evolução da cidade e a morfolo-

5 SANTOS, Carlos José Ferreira dos. Nem tudo era italiano: São Paulo e pobreza 1890 - 1915, 2003, p. 33 6 Raquel Rolnik, apud SANTOS, Carlos José Ferreira dos. Nem tudo era italiano: São Paulo e pobreza 1890 - 1915, 2003, p. 13

34


Conjunto Habitacional em Container

gia urbana que se instalava, bem como a configuração

ma de moradia em São Paulo. A pouca extensão das

das habitações em São Paulo, parte-se para o estudo

linhas de bonde para as localidades periféricas não

de como se iniciou e do que se tratava a habitação cole-

proporcionou o surgimento de loteamentos perifé-

tiva, além do processo de formação das favelas, e suas

ricos de cunho popular, bem como a moradia em vi-

necessidades do ponto de vista do indivíduo e sua rela-

las operárias que eram oferecidas apenas por alguns

ção com a cidade. Foi feito um estudo desde as primei-

industriais. A somatória destes pontos relacionada à

ras habitações destes tipos presentes em São Paulo.

inexistência de uma política social voltada para a ques-

O cortiço é uma destas moradias, surgiu como alter-

tão da habitação, gerou a necessidade do trabalhador

nativa aos trabalhadores, migrantes e imigrantes na

de morar próximo ao centro, dotado de terras caras.

capital, principalmente durante o processo de indus-

Não havendo outra opção para ele, surge então a

trialização, onde os salários baixos não permitiam o

moradia de aluguel, que levou a criação dos cor-

acesso à terra ou a uma moradia própria. É difícil afir-

tiços, já que as habitações unifamiliares pode-

mar ao certo a data em que surgiu o primeiro, porém

riam custar até metade do salário dos operários.

foi em 1870 em que houve a proliferação dos mesmos7.

Com um crescimento populacional considerá-

o cortiço tornava-se desde então algo de grande

vel devido a industrialização e a transformação da ca-

rentabilidade para os especuladores, que cobra-

pital em um centro econômico, configurou-se o proble-

vam preços abusivos por locações sem qualquer

Como única alternativa aos trabalhadores,

7 KNOLL, Fabio. Cortiços: a experiência de São Paulo, 2009, p. 21

35


qualidade de vida, assim como afirma Kowarick:

Este tipo de habitação possui características

próprias. É uma moradia coletiva multifamiliar marca“O capitalismo que se instaura baseia

da por uma ocupação excessiva. Tratam-se de casas

seu processo de excedentes na paupe-

unifamiliares subdivididas em vários cômodos alu-

rização dos trabalhadores, e ao mesmo tempo, precisa manter a unidade familiar a fim de explorá-la e garantir a sua continuidade. O cortiço – subdivisão de

as instalações elétricas e sanitárias de uso comum.

De todo modo, foram feitas algumas políticas

moradias em maior número possível

voltadas para este setor, como a Lei Moura, criada em

de cubículos – aparece como a forma

1991, que reconhece o cortiço como uma unidade usa-

mais viável para o capital de reproduzir

da como moradia multifamiliar e que obriga os proprie-

a classe trabalhado- ra a baixos custos

tários a manter padrões mínimos nas habitações cole-

[...] com a industrialização, a terra ur-

tivas, garantindo assim a salubridade das edificações9.

banatransforma-se numa mercadoria

que gera enormes lucros e a construção ou aluguel de casas são realizados com semelhantes expectativas de ganho pelos proprietários de imóveis.”8

gados, cada um abrigando uma família, sendo então

Hoje, existe em São Paulo, o Programa de Cortiços,

em que a prefeitura conjuntamente com a SEHAB busca a reforma e melhora da qualidade de vida destas habitações, tentando garantir o não aumento dos aluguéis e usando como premissa a Lei Moura. Segundo a SEHAB,

8 KOWARICK, Lucio, ANT, Clara, VERAS, Maura. O cortiço em São Paulo: sua. História e atualidade. São Pauto, s.d. p. 1.mimeo 9 KNOLL, Fabio. Cortiços: a experiência de São Paulo, 2009, p. 51

36


Conjunto Habitacional em Container

em 2012, foram levantados 1169 cortiços em São Paulo.

Além das questões aqui levantadas, é im-

portante ressaltar a cultura do medo e a criação,

pela

otipados,

sociedade,

de

marginalizados

moradores e

estere-

descriminados.

As favelas surgem como outra opção de mo-

radia para as classes mais baixas. Com o processo de irradicação dos cortiços, somado ao aumento constan te da população de São Paulo, este tipo de habitação torna-se viável a

população

Fig.3 Cortiço - São Paulo

de

baixa

renda,

e

mantem-

-se presente até hoje na paisagem da cidade.

centro da cidade não comportava toda a população,

que passou a ocupar as bordas da cidade.

Houve entre os anos de 1920 e 2010 um incre-

mento de aproximadamente 95% da população de São

A infraestrutura da cidade não acompanhou todo

Paulo . Essa superpopulação fez com que a ocupação

este crescimento populacional, do ponto de vista do

do território da cidade fosse em sentido à periferia,

abastecimento, do viário e do transporte, da habi-

dito aqui sobre ocupações regulares e irregulares. O

tação e da organização do território. A população

10

10 CASTILHO, Juliana. A favelização do espaço urbano em São Paulo, 2013, p.51

37


foi à busca por uma melhor qualidade de vida, uma

ram de ponta de lança para favelas e

parcela pobre migrava para a cidade de São Paulo,

loteamentos, regulares e irregulares.

vista como símbolo do progresso. Gerou-se assim

O território metropolitano, cada vez mais, estruturou-se por um sistema

um aumento no número dos bairros pobres e deu-

rodoviário. Esse último, que possibi-

-se início as favelas, já que essa população não se

litou a ocupação de áreas cada vez

enquadrava nos padrões do mercado imobiliário.

mais distantes dos centros urbanizados em locais desprovidos dos mais

“A expansão da periferia pela metró-

básicos equipamentos urbanos, foi

pole ocorreu principalmente a partir

um dos responsáveis pelo chamado

da década de 70, quando inúmeros

padrão periférico que ainda domina

loteamentos foram abertos nas periferias dos municípios limítrofes, ampliando a própria periferia da cidade. A política habitacional praticada pela COHAB nos anos 70 e início de 80 rei-

a organização física da metrópole.”11

O desinteresse do mercado imobiliário nas áre-

as próximas a mananciais e a áreas de Proteção Am-

terou a periferização dos moradores

biental, barateou o custo das terras, estimulando o

de baixa renda, com a construção de

crescimento de loteamentos irregulares nestas áreas,

grandes conjuntos habitacionais em

gerando outro problema relacionado ao da habitação,

áreas limítrofes da capital, que servi-

o problema ambiental, já que estas invasões destroem

11 CARVALHO; PASTERNAK; BOGUS apud CASTILHO, Juliana. A favelização do espaço urbano em São Paulo, 2013, p.37

38


Conjunto Habitacional em Container

áreas de proteção e os moradores acabam habitan-

do áreas de risco ou impróprias para moradia, como

das favelas. Segundo a prefeitura de São Paulo, é

beira de córregos e encostas, além de conviver com

um programa novo que desenvolvido pela Secre-

a falta de infraestrutura encontrada nestas regiões.

taria Municipal de Habitação visa a urbanização e a

regularização fundiária de áreas degradadas, ocu-

O termo favela possui várias definições e

também algumas características específicas. Estas características podem ser definidas como ausência de serviços básicos, habitações precárias ou ilegais e construções inadequadas, alta densidade e superlotação, condições de vida insalubre e perigosa, insegurança da posse, assentamentos irregulares ou informais e pobreza e exclusão social.

Hoje, existe o programa de reurbanização

padas desordenadamente e sem infraestrutura.

O objetivo é dar aos moradores o acesso à cida-

de formal, com ruas asfaltadas, saneamento básico e

serviços públicos. O programa também visa o reassen-

tamento de famílias que se encontram em área de risco.

Entretanto há algumas falhas neste programa, é

preciso uma maior participação da comunidade sob as

Este tipo de ocupação se torna cada vez mais pre-

intervenções, como envolver os moradores na tomada

sente na cidade de São Paulo, hoje não ocupando mais

de decisões por exemplo, assim como afirma Bete Fran-

apenas as periferias, mas permeado pela mancha urba-

ça, superintendente de habitação popular da cidade de

na, torna-se cada vez mais evidente. Segundo o Censo

São Paulo. Medidas estão sendo tomadas para tentar

IBGE 2010, em São Paulo, existiam 1020 aglomerados

retratar a falha que houve em termos de políticas habi-

subnormais, que abrigavam mais de 1.200.000 pessoas.

tacionais no passado, porém o quadro de São Paulo é

Essa moradia tornou-se uma alternativa à classe mais bai-

grave, e a ainda vivemos uma emergência habitacional.

xa perante o déficit habitacional encontrado na cidade.

39


1.2 A segregação socioespacial

Entende-se segregação como o ato de iso-

gêneo, a “seleção natural” ocorre na através da sociedade, sendo portanto a configuração do espaço urbano fruto do trabalho humano.11

É possível destacar dois modos de visão da se-

lar ou ser isolado de um grupo, um processo de dis-

gregação espacial, uma visão clássica em que a mes-

sociação ou separação social e/ou física. Existem

ma ocorria em círculos concêntricos e uma visão mais

vários tipos de segregação, mas aqui trataremos

atual, que não permite a primeira, já que a cidade não

principalmente da social e espacial urbana, do ponto

possui mais apenas uma centralidade. Com a criação de

de vista da configuração da cidade, mais especifica-

outras centralidades as regiões periféricas e centrais se

mente da metrópole de São Paulo, com objetivo de

reconfiguram, exigindo uma nova abordagem de estu-

entender o processo pelo qual a questão habitacio-

do, bem como a observação de que a mancha da favela

nal passou em relação a sua inserção no tecido urba-

não se encontra mais apenas nas periferias e sim espa-

no e como se distribuem as habitações cunho popu-

lhada pelas cidades. Todavia, é preciso analisar levando

lar e de mais alta renda no território do município.

em conta estas duas visões, já que mesmo com esta

O

as

mudança no tecido urbano, o contraste e a segrega-

refor-

ção se evidenciam quando comparamos as novas cen-

ma urbana e cultural. Com a vinda de novas tec-

tralidades de São Paulo, por exemplo, com a periferia.

nologias, São Paulo era símbolo do progresso.

Desde então a cidade cresce de modo hetero-

também de outra forma, através da cidade dos muros,

desenvolvimento

grandes

40

cidades

industrial

uma

trouxe

necessidade

para de

Hoje, além do que já citado, a segregação se dá


Conjunto Habitacional em Container

onde a população rica, se separa da pobre através de con-

Fig.4 Mapa de IDH - 2000 - São Paulo

domínios e casas muradas, como uma espécie de bolha.

Configura-se então o quadro de segregação so-

cioespacial, nada mais do que um reflexo da segregação social, relacionado a luta de classes. Chegamos então à discussão e o esclarecimento dos dois modos de segregação existentes, a voluntária – autossegregação – e a involuntária. A primeira consiste em grupos ricos que se afastam do inchamento das cidades e da classe baixa e o segundo de quem não tem opção a não ser residir e locais com pouca infraestrutura. Para ilustrar as pesquisas e dados levantados, analisa-se então a configuração espacial-social do estado de São Paulo, como entendimento desta concentração de rendas e infraestruturas em determinadas áreas da cidade, lembrando que o que será apresentado aqui é a maior concentração encontrada em determinada região:

41


Fig.5 Mapa de Vulnerabilidade - 2004 - SĂŁo Paulo

Fig.6 Mapa de Rendimento Mensal - 2004 - SĂŁo Paulo

42


Conjunto Habitacional em Container

A análise das figuras, nos permite ver a concen-

políticas para eles, sendo principalmente a de moradia,

tração de maior alta renda e desenvolvimento humano

a falta de aluguéis com preços condizentes com a reali-

(IDH) aglomeradas em uma região na cidade, a Sudes-

dade de salário, a falta de terras com infraestrutura em

te, bem como sendo a área menos vulnerável do muni-

um preço acessível. A cidade tornou-se um mecanismo

cípio e mais bem dotada de infraestrutura, como ser-

de segregação, que busca separar ricos e pobres, dei-

viços, grandes comércios, escolas e equipamentos de

xando de ser uma cidade para todos, já que as cama-

saúde. Este dado confirma todo o estudo já discutido,

das menos favorecidas da população encontram-se ex-

a relação entre a segregação social e a espacial presen-

cluídas do ponto de vista político, social e econômico.

te nas cidades, contribuindo para a concentração de

A cidade é um direito de todos e deve ser tratada

determinadas populações em partes específicas, onde

como tal, a principal questão é que enquanto as po-

o ônus sempre cai para o lado da classe mais baixa.

líticas públicas não fo rem condizentes com a re-

alidade destas classes mais baixas,

Todo este estudo é necessário para configurar a

e não forem

discussão da cidade atual, e as reais necessidades habi-

abrangentes o suficiente, atingindo toda a deman-

tacionais de São Paulo, onde as políticas públicas conti-

da, bem como criando projetos alternativos que pos-

nuam ocorrendo em forma de interesse e a cidade con-

sam vir como soluções a esta situação, a cidade não

tinua rodando em torno do capital. Tudo visa o lucro,

será um lugar democrático, dificultando cada vez

as infraestruturas, a especulação imobiliária, o investi-

mais os pobres de exercerem a sua cidadania.

mento em rodovias e avenidas favorecendo sempre o transporte privado, enquanto isso a população pobre, que mais precisa do poder público sofre com falta de

43


1.2.1 Identidade e desapropriação

“A identidade territorial é uma iden-

A desapropriação é tema recorrente quando

que se dá tanto no campo das idéias

o assunto em questão trata de favelas e loteamen-

quanto no da realidade concreta”

tidade social definida fundamentalmente através do território, ou seja, dentro de uma relação de apropriação

tos irregulares. Estas, são ações cotidianas para os

moradores destas regiões, mas que independente

das classes sociais precisam ser olhadas com aten-

tempo por todos que ali habitam, abrigam ge-

ção, visto que possui relação direta com a quebra

rações de famílias, histórias e estilos de vida.

e perda da identidade territorial de cada morador.

Esta identidade deve ser entendida como um

mente as famílias moradoras de ocupações irregula-

caráter simbólico, pois representa o apego ao lugar

res, tratam da remoção destas pessoas, por determi-

onde as casas estão construídas. Assim como esta-

nados fatores, seja por risco, por estarem alocadas

belecemos relações afetivas com nossa moradia, seu

em áreas de futuras obras públicas, entre outros. A

local de inserção representa um sentimento de segu-

realocação, muitas vezes se dá para áreas muito dis-

rança e de posse, além de relações de proximidades

tantes da que originalmente os abrigava, podendo

com o exterior, serviços e vizinhos, que atuam como

ainda não conter todas as infraestruturas que ali se

um prolongamento da vida cotidiana na habitação. O

encontravam. Toda essa mudança afeta diretamente

território garante a sensação de pertencer a algum

as pessoas, que acostumadas com um certo ambien-

lugar. Assim como afirma Haesbaert (1999, p.172)

te, são obrigadas a adaptar-se ao que lhes foi imposto.

44

Muitas

vezes,

construído

ao

longo

do

As desapropriações, que assombram principal-


Conjunto Habitacional em Container

É fato que desapropriações por obras públicas podem

no mesmo local onde as pessoas já residem, entre-

ocorrer em áreas de classe média e alta, onde tam-

tanto, ainda existem casos, como o do Jardim Edite,

bém há a criação e existência da identidade territo-

que apenas após muita luta conseguiram a provisão

rial. Entretanto, fica clara a diferença do tratamento

de um conjunto habitacional naquele mesmo lugar

imposto para com as diferentes classes. Assim como

de onde seriam desapropriados, e ainda assim mui-

demonstra Ermínia Maricato sobre as Operações Urba-

tos foram realocados para conjuntos bem distantes.

nas Água Espraiada e Faria lima e as desapropriações,

sendo a primeira relacionada a Favela Jardim Edite e a

priações são realmente necessárias, podendo ocorrer

segunda a casas de classe média existentes na região:

por diversos fatores, entretanto, em conjunto com

Conclui-se então, que muitas vezes as desapro-

esta ação deve ser pensada a questão da identidade “[...] os dois movimentos não têm o mesmo tratamen-

to e a mesma indenização. Um deles é de cidadãos: organizam-se, buscam e conquistam o apoio dos vereadores e da mídia. [...] Não lograram salvar seus locais de convívio mais conseguiram algumas mudanças no traçado viário e nos planos de desapro-

territorial, principalmente em relação as favelas, onde os moradores dependem muito mais da ajuda pública e da provisão de moradias. Pode-se pensar, sempre que possível, em uma solução, como a manutenção

priação. O outro, o dos moradores das favelas, tem sua resistên-

das pessoas nas proximidades de seu antigo território,

cia quebrada com ameaças, com a pressão cotidiana do entulho

garantindo assim a identidade territorial de cada um.

e do trator na porta de casa, com os cachorros e policiais. [...]”12

Alguns programas de reurbanização de fa-

velas preveem a melhoria e realização de moradias

45



2. Ha bitação d e I nt e r e s s e So c i al


A problemática habitacional sempre es-

ments nova-iorquinos e as Mietkasernen berlinenses.

teve presente no cenário mundial, mas foi após

Todas estas com algumas características em comum,

o período da Revolução Industrial e do proces-

como as altas densidades, instalações sanitárias pre-

so de urbanização das cidades que esta questão

cárias e um local sem qualquer qualidade de vida.

tomou grandes proporções, acelerando o qua-

Uma das primeiras intervenções realizadas pelo Estado

dro de precariedade das condições de moradia.

sobre a questão habitacional, foi a iniciativa de erradica-

Como introdução às habitações de cunho

ção dos cortiços entre outros territórios tidos como in-

popular no Brasil, foi levantado um histórico das

desejáveis. Sempre atuando como medidas de ordem

políticas habitacionais adotadas no mundo, com

sanitária, foram responsáveis por um grande número de

enfoque nos países da Europa e Estados Unidos,

desalojados, uma espécie de antipolítica habitacional.

identificando o surgimento e aplicação destas ações.

As primeiras intenções de reforma da situação

to na regulamentação das produções rentistas, em

habitacional tiveram início no século XIX, aparecen-

relação a criação de propostas de novas moradias, se-

do como vilas, cidades operárias e ações filantrópicas

gunda ideia essa que surge com mais força no fim do

(BONDUKI, 2014). Entretanto, em temos numéricos fo-

século XIX (SILVA, 2001). Na Europa, a reforma social e

ram pouco significativas, a população de baixa renda

o planejamento urbano incorporaram a questão habi-

que crescia nas cidades industriais, em sua grande par-

tacional, e foi aceita a necessidade de produção de no-

te, vivia em casas precárias criadas ou adaptadas pelo

vas moradias, neste momento aliada ao processo sani-

capital rentista. Entre algumas das tipologias destas

tarista citado acima. A remoção dos cortiços dava-se

habitações pode-se citar os slums londrinos, os tene-

conjuntamente a construção de unidades no mesmo

48

Os Estados Unidos preconizaram o investimen-


Conjunto Habitacional em Container

2.1. Habitação de Interesse Social no Brasil

local. Levantava-se cada vez mais a questão de que a garantia das condições de habitação era dever do Estado.

Como um dos maiores exemplos a serem cita-

dos em termos de política e construção habitacional

está o ocorrido na cidade de Viena, conhecido como

sileiro, a habitação social sempre esteve tratada como

Viena Vermelha. Após a primeira guerra e adotando

objeto de segunda categoria. Entretanto, na segunda

questões reformistas, o socialismo presente na cida-

metade do século XX, frente a busca pelo enfrenta-

de deu início a um programa habitacional que busca-

mento do problema habitacional foram tomadas al-

va articular um projeto de desenvolvimento da classe

gumas ações, citadas mais adiante (BONDUKI, 2014).

trabalhadora. Intenção clara na produção dos conjun-

tos habitacionais que eram multifuncionais e abriga-

dos de produção habitacional entre a Era Vargas e o

vam diferentes serviços, escola, cultura e entre outros.

Golpe Militar, sendo a primeira dotada de qualidades

Silva (2011), e após

projetuais mas em menor escala, realizadas pelo IAPs

todos os dados levantados aqui, tem-se a con-

(Institutos de Aposentadorias e Pensões) e a segunda,

clusão de que os programas de moradia e a

produzida pelo BNH (Banco Nacional de Habitação) em

produção em larga escala tiveram maior concentra-

que a qualidade deixa de ser um aspecto relevante, pre-

ção no período do entreguerras, ocorrendo de manei-

conizando uma produção massiva e a homogeneidade.

ra diferente nos determinados lugares e tendo seus

programas implantados pelas administrações locais.

ficada aqui em forma de linha do tempo, destacando

Assim como afirma

No campo da arquitetura e do urbanismo bra-

Num quadro geral pode-se destacar dois mo-

A história da produção habitacional é exempli-

suas principais ações e momentos mais importantes,

49


desde o século XIX até a atualidade, apresentando

quer proteção estatal e qualidade de vida, os cortiços.

os progressos e retrocessos da habitação no Brasil12.

Em um primeiro momento, o Estado limitado

sa a ser entendida como uma questão do Estado.

no setor da habitação devido ao liberalismo vigente,

O período Vargas marca a produção habitacional no

atua apenas com isenções fiscais e políticas sanitatis-

Brasil, e é neste período que são criados os IAPs, or-

tas, sendo a produção e aluguel de moradias pertinen-

ganizados de forma corportativa e divididos por se-

tes ao mercado. A produção rentista encontrava-se

tores. Em 1937, com a implementação das carteiras

favorável visto a economia do país, surgindo a primei-

prediais, a atuação dos IAPs no setor da habitação

ra iniciativa de habitação coletiva, as vilas operárias,

garante condições mais favoráveis ao fincanciamen-

produzidas por duas vertentes. A primeira, investida

to, com juros mais baixos e prazos prolongados. A

pelas empresas, contava com equipamentos coletivos

questão habitacional passa a ser tratada como social,

associados as habitações, introduzindouma tipologia

mas ainda sem existir uma política pública de ha-

que seria desenvolvida adiante. O outro modelo de vila

bitação. Há nesta época a criação do FCP, uma polí-

era produzido pelo mercado rentista, e visava exclusi-

tica habitacional frustrada de caráter universalista.

vamente o lucro, estando este à frente das qualidades

das habitações, que neste caso não contavam com

tativo

dos

equipamentos associados. Entretanto o acesso das vi-

finir

novas

las não era garantido a todos e aos que não podiam

responsável pela produção em massa referenciada inter-

pagar pelos aluguéis sobravam as moradias sem qual-

nacionalmente e relacionada com a arquitetura moderna.

Após a Revolução de 30, a habitação pas-

Período

marcado

projetos

pelo

topologias,

12 BONDUKI, Nabil. Origens da Habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade, 2002, p.17 e 18.

50

e

pelo

lado

impacto sendo

qualiao

o

deIAPI


Conjunto Habitacional em Container

Lei do Inquilinato, que regulamentava a relação entre inquilino e locador, onde foi determinado o congelamento dos valores dos aluguéis e a proibição do

BNH baseando seus programas no financiamento da

despejo, desestimulando

o investimento em casas de aluguel, tornando-se assim

car o fim do BNH e crise do SFH, além da inexistên-

negativo para o processo de produção de moradias, au-

cia de políticas federais de habitação. Entranto po-

mentando o número de carência de habitações.

de-se detacar a tomada de algumas medidas, como

Em 1964 destacam-se outras ações pe-

a criação do CDHU, um dos órgãos de maior produ-

rante oa habitação social, fase que inicia com o

ção habitacional do país. Ainda a criação do Estatu-

Golpe militar e tem seu declínio em 1980 e con-

to da Cidade, que ainda atua como regulamentação

ta com a implementação do BNH e do SFH.

dos instrumentos para regularização do uso do solo

Marcado pela criação de recursos que garan-

urbano, instituindo ainda o IPTU progressivo, para

tiam o financiamento habitacional, ofereceu uma pro-

combater a especulação imobiliária, a outorga one-

dução massiva de habitações, perdendo os projetos de

rosa, usocapião, em terrenos privados e a institui-

arquitetura na diversidade e a qualidade encontrada

ção das ZEIS ( Zonas Especiais de Interesse Social).

nos do período anterior. Os projetos caracterizavam-se

pela homogeneidade e despreocupação com a inser-

objetivo de coordenar uma nova política urbana, in-

ção urbana, além do predomínio do financeiro sobre

cluia questões habitacionais, de saneamento am-

a qualidade. Afastadas as propostas de reformas urba-

biental e mobilidade, estruturando uma nova polí-

nas, a propriedade privada passou a ser o objetivo do

tica habitacional. Entretanto, no fim do século XX,

casa própria. Sendo o único período até agora em que tivemos realmente uma Política Nacional de Habitação. Entre os anos de 1986 e 2002 pode-se desta-

A criação do Ministério das Cidades, com o

51


houve grande aumento do desemprego, o que levou ao aumento dos saques do FGTS e consequentemente à um desequilíbrio do SFH. Este quadro diminuiu a capacidade de investir em habitação e saneamento. Ainda neste período, as favelas e assentamentos precários cresceram significativamente.

Entre os anos de 2007 e 2008 houve o aumento

da demanda por empreendimentos imobiliários , a terra então passou por um processo especulativo, o que influenciou diretamente a produção de habitações.

O Plano Nacional de Habitação surge com o

objetivo de equacionar os problemas encontrados no país, propondo soluções para enfrentar-los, levantando pela primeira vez os déficits do setor. Foi estabelecida também a necessidade da incorporação de demais eixos, como o fundiário. Com a crise global de 2008 as estratégias não sairam do papel.

Como uma dos maiores políticas de habita-

ção pode-se citar o Programa Minha Casa Minha vida, estabelecido em 2009, que deixando de atender as

52

diretrizes do PNH, buscava a produção em massa através de unidades prontas. O PMCMV, segundo Bonduki, “abordou a questão de maneira incompleta, deixando de lado aspectos fundamentais em uma politica de habitação, como a estratégia fundiária”.

Devido a todas estas questões, o programa aca-

bou resultando em moradias periféricas, sendo áreas carentes de emprego e infraestrutura e desaeticulados da malha urbana, além de contar com projetos sem qualidade arquitetônica e urbanística. A distribuição desta política pelo país é desigual, tendo maior concentração na região Nordeste. Mesmo com números e avanço significativos, ainda é insuficiente perante o quadro do déficit acumulado no Brasil (BONDUKI, 2014).

Incorporado ao levantamento da consru-

ção de habitação no país, foram realizados os estudos de dois projetos representativos no aspecto da produçao de habitação social, referenciando o estudo em questão em relação à incorporação de empreendimentos aliados as moradias, funcionando como elementos complementares a mesma.


Conjunto Habitacional em Container

L I NHA D O TEM P O 53


Criação das carteiras prediárias/ IAPs no campo da habitação

Final do Séc. XIX/ Rep. Velha

Implementação do BNH e do SFH

1942 1937

Vilas operárias, intervenção do Estado, mercado rentista

1983

1991

1964 Lei do Inquilinato

Fonte: BONDUKI, Nabil. Origens da Habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade, 2002.

54

Caixa Econômica Federal como agente financeiro do SFH

1990 Fundo Nacional de Moradia

Programa de Urbanização das favelas no Rio de Janeiro, criação do CDHU em São Paulo


Conjunto Habitacional em Container

Estatuto da Cidade

Nova Política Nacional de Habitação

2003

Criação do PAC de Reurbaniza- Instituição do Programa ção de assentamentos precários Minha Casa Minha Vida (PMCMV)

2004

2001

Criação do Ministério das Cidades

2008

2006 2007

Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social

2009

Plano Nacional de Habitação (PlanHab)

55


2.1.1 Edifício Japurá

Fig.7

Implantação complexo de cortiços - Bexiga, São Paulo

Edifício localizado no antigo vale do córrego Bexi-

ga, na Bela Vista, concebido entre os anos de 1945 e 1957, sendo desde a fase de projeto até o fim de sua construção. Realizado pelo IAPI, Instituto de aposentadorias e pensões dos industriários, e mediante ao projeto de Eduardo Kneese de Mello e ao paisagismo de Roberto Burle Marx, situa-se sobre um antigo complexo de quatro cortiços: Vaticano, Pombal, Navio Parado e Geladeira.

A área de implantação, ao sul da região central,

bitação

baseada

nos

princípios

do

Movimen-

situava-se em uma região desvalorizada, onde em 1940

to Moderno, segundo

ele a ha bitação não de-

e 1945 passaram as avenidas e viadutos do Perímetro

veria ser apenas moradia, assim como afirma:

de Irradiação, do Plano de Avenidas, do então prefeito Prestes Maia. A execução do Edifício Japurá contou também com o apoio da Prefeitura Municipal, o prefeito queria mostrar que através de suas intervenções, zonas deterioradas como esta poderiam ser recuperadas.

56

O arquiteto defendia a ideia de uma ha-

“Eu acho que habitação não é só casa. Habitação é um conjunto e, quando nós fazemos milhares de casas, não estamos resolvendo o problema da habitação. Não adianta nada fazer mil casas num lugar qualquer se esses mil, qui-


Conjunto Habitacional em Container nhentos mil, moradores, em média, não estiverem servidos por comércio, por lazer, por escolas, por abastecimento, por trabalho, por cultura; então, este conjunto não é habitação, é um grupo de casas, mas não é habitação.”13

A solução encontrada para a viabilização do pro-

jeto foi a verticalização e aproveitamento máximo do terreno, este irregular e de topografia acidentada. Constituído de dois blocos, o arquiteto aproveitou o recuo do edifício maior para a construção de um bloco de dois pavimentos, onde encontravam-se pequenos conjuntos comerciais e acima, quitinetes destinadas a solteiros.

O outro edifício, construído como uma grande

lâmina e assentado praticamente na mesma implantação do antigo cortiço navio parado, constitui-se de

Fig.8 Planta tipo - Apartamento Solteiro

13 REGINO; PERRONE. Eduardo Augusto Kneese de Mello: sua contribuição para habitação coletiva em São Paulo, 2006

57


288 unidades habitacionais em quatorze pavimentos.

Fig.9 Corte transversal Ed. Japurá

Os apartamentos são duplex, uma solução encontrada para diminuir o custo da construção, já que foi projetada uma rua central que dá acesso as habitações, diminuindo o número de parada dos elevadores. No projeto, pode-se encontrar o uso de elementos presentes nos cinco pontos da Nova Arquitetura, preconizada por Le Corbusier, como o terraço jardim, projetado , que conta com uma marquise curvilínea e projeto paisagístico de Burle Marx.

Construído abaixo do nível da rua, o aces-

so ao bloco é feito por passarelas envidraçadas que remetem as antigas pontes que ligavam os edifícios dos cortiços que ali existiam. Para o aproveitamento máximo do terreno, o

ção e verticalização. A habitação passar a ser ape-

prédio é elevado sobre pilotis, e em seu subsolo aconte-

nas elemento de um complexo onde desenvolve-

cem um restaurante e uma lavanderia, além de outros

-se uma vida urbana (REGINO;PERRONE, 2006).

equipamentos coletivos destinados aos moradores.

dia para a classe média e grande parte de

O projeto busca resolver o problema da

moradia

58

através

da

racionalização,

coletiviza-

seus

Hoje,

reformado,

equipamentos

atua

coletivos

como foi

mora-

desativada.


Conjunto Habitacional em Container

2.1.2 Conjunto Residencial Pedregulho

Pedregulho, ou Conjunto Residencial Prefeito

Mendes de Moraes, fica localizado no bairro de São Cristovão no Rio de Janeiro e foi projetado por Affonso Eduardo Reidy em 1947, tendo sua obra concluída em 1952. Fig.10 Planta tipo - Apartamento A

Vencedor do prêmio na primeira Bienal de

São Paulo em 1953, exemplifica uma obra com sentido social dotada de soluções ambientais e espaciais, com qualidade técnica e plástica. Nesta obra, nota-se princípios defendidos por Le Corbusier, como o estudo das tecnologias aplicadas na construção, na economia dos meios utilizados e nas preocupações funcionais ligadas a aspectos formais, como controFig.11 Planta tipo - Apartamento B

le da luz e da ventilação e facilidade de circulação.14

14 Clássicos da Arquitetura: Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-12832/classicos-da-arquitetura-conjunto-residencial-prefeito-mendes-de-moraes-pedregulho-affonso-eduardo-reidy> Acesso em: 05 de maio de 2016

59


O complexo conta com 328 unidades habitacio-

de acesso ao prédio, bem como uma espécie de rua

nais, além de edifícios de uso público e esportivos, cada

intermediária que garante o acesso as habitações.

qual definido por um volume, onde a forma indica a dife-

rença funcional de cada um. Assim como afirma o Reidy:

apartamentos

Outro recurso utilizado foi a produção de duplex,

garantindo

maior

rendi-

mento, já que era possível acessar os quatro pa“A função habitar não se resume na vida de dentro de casa. Estende-se em atividades externas,

vimentos de habitação sem o uso de elevadores.

compreendendo serviços e instalações complementares que proporcionam ao habitante as facilidades necessárias à vida de todo o dia [...]”

A construção é formada por blocos de

apartamento, sio

esportivo,

creche, piscina,

escola

primária,

playground,

centro

gináde

saúde, lavanderia coletiva e uma cooperativa.

Reidy, projetou um grande edifício de forma

serpenteada. Alocado sobre pilotis, que possuem alturas variáveis, acompanham a geografia natural do terreno, garantindo a vista da baía de Guanabara em todos os apartamentos, outro artifício utilizado para vencer os declives foi o uso de passarelas

60

Fig.12 Conjunto Pedregulho


Conjunto Habitacional em Container

ternacionalmente, quando ligou a arquitetura moderna brasileira, com elementos como plasticidade e rigor construtivo à uma habitação social, dentro de um contexto urbano, este em 1950, que passava por uma grande crise de moradia (BONDUKI, 2013).

Hoje o complexo encontra-se degradado em

vários de seus equipamentos, como pontos de lixo e a falta de telhado no posto de saúde. Sobre a degradação e má administração afirma o arquiteto Lucio Costa: “Contribuiu de fato, mas era uma coisa que visava Fig.13 Edifício serpenteado - “Rua” central

mais longe. E isso aí o ambiente não ajudou. O Brasil negativo sempre interfere nas iniciativas inovadoras.”

O arquiteto garante a integração da construção

com a paisagem montanhosa onde o conjunto está inserido. A concepção da fachada livre, com o recuo dos pilares, permitiu a utilização de cobogós por toda a parte posterior do bloco e a rua intermediária também permite à fachada uma maior permeabilidade visual. Este projeto utilizou artifícios que repercutiram in-

Fig.14 Corte Conjunto Pedregulho

61


2.2 Definindo Habitação: da casa ao lar “A casa segue sendo o lugar central da existência humana, o sítio onde a criança aprende a compreender sua existência no mundo e o lugar de onde o homem parte e regressa.”15

ço próprio e de segurança. Tendo uma relação íntima e direta com o usuário, adequa-se ao modo de vida de cada um, atendendo as necessidades cotidianas.

Entretanto, quando tratamos do termo casa,

precisamos estabelecer as diferenças entre este ambiente construído do lar. Muitas vezes utilizados como sinônimos, possuem características diferentes. A casa abriga o lar e atua como refúgio do homem, o lar, ganha vida na edificação e é a representatividade das relações pessoais, familiares e cotidianas, é um reflexo

A relação entre lar e casa torna-se as-

de seus habitantes e construído por suas memórias e

habita-

identidade. A casa atua como uma proteção e fortale-

ção, sendo esta de interesse social ou não.

cimento destas relações, é apenas um objeto que ocu-

pa o espaço, a vivência das pessoas a tornam um lar.

sunto

relevante

quando

se

trata

de

Construída sempre com o intuito de abrigar

alguém ou alguma família, a casa remete a um invólu-

Em um projeto de habitação, muito mais do

cro que atua como espaço delimitador entre público

que a estética e racionalidade da construção, deve-se

e privado, garantindo uma ideia e sensação de espa-

prever um ambiente capaz de estimular esta relação,

15 Casa e lar: a essência da arquitetura. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.029/746> Acesso em: 20 de maio de 2016

62


Conjunto Habitacional em Container

2.3 Desenho Universal na HIS

garantindo uma distribuição espacial adequada, que gera uma identidade do usuário com sua moradia e admite a verdadeira concepção do lar. Estabelecer espaços que provoquem a sensação de segurança e de ambiente próprio, mas que ao mesmo tempo pos-

sibilitem a integração dos moradores e a convivência.

nos Estados Unidos, como resposta a ideia de homem pa-

O conceito de Desenho Universal surge em 1960

drão. Foram realizados projetos de produtos e espaços utilizáveis por todos, em sua máxima extensão, assim não havendo a necessidade de adaptá-los especialmente para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.

Ron Mace, arquiteto e cadeirante, cria em 1987 a

terminologia Universal Design, que acreditava se tratar do início de uma nova percepção, capaz de aprimorar os objetos e espaços projetados, os tornando acessíveis a todos. Foi durante a década de 90 que Ron, juntamente com outros arquitetos estabelece os sete princípios do desenho universal, exemplificados a seguir.

63


Fig.15

Equitativo/Igualitário:

Espaços, objetos e produtos que possam ser utilizados por pessoas com capacidades diferentes, evitando segregar ou estigmatizar qualquer usuário.

64

Fig.16

Uso flexivel/adaptável:

Produtos e ambientes que admitam adequações e transformações e que atendam pessoas com diferentes habilidades, podendo modificar-se a qualquer uso. Prever a adaptabilidade, de forma que dimensões de ambientes possam ser alteradas.


Conjunto Habitacional em Container

Fig.17

Uso simples e intuitivo:

De fácil entendimento para que qualquer pessoa possa compreender. Eliminar complexidades desnecessárias.

Fig. 18

Informação de fácil percepção:

Quando a informação necessária é comunicada de modo que atenda às necessidades do receptador. Maximizar com clareza as informações essenciais, tornando fácil o uso do espaço ou equipamento.

65


Fig.19

Tolerância ao erro/seguro:

Minimizar riscos e possíveis consequências de ações eventuais. Considerar a segurança na concepção de ambientes e a escolha dos materiais, visando minimizar os riscos de acidentes.

66

Fig.20 Esforço físico :

Dimensionamento de espaços para acesso e uso abrangente: Fig.21

Dimensionar elementos e equipamentos para que sejam utilizados de maneira eficiente, segura, confortável e com o mínimo de fadiga.

Dimensões e espaços adequados para o acesso, alcance, manipulação e uso, independente das dimensões de um corpo, da postura ou mobilidade do usuário.


Conjunto Habitacional em Container Fig.22

Ambientes dimensionados para rotação e área de transferência de um cadeirante:

A habitação é um direito de todos, e não deve

Habitação, juntamente com a Secretaria de Estado dos

prescindir a igualdade, deve contemplar as neces-

Direitos das Pessoas com Deficiência, este livro contém

sidades do ser humano em todas as etapas da vida.

os conceitos de acessibilidade e busca implementar a

Sendo assim, o desenho Universal deve ser tra-

ideia de Desenho Universal nas habitações populares.

tado igualmente quando falamos sobre habitação so-

O objetivo é orientar prefeituras, órgãos públicos, en-

cial. São Paulo é um dos pioneiros a adotar estes concei-

genheiros e arquitetos sobre a implantação dos prin-

to, em 2010 foi lançado o livro “Diretrizes do Desenho

cípios do desenho universal nos projetos de moradia.

Universal na Habitação de Interesse Social no Estado

de São Paulo”, realizado pela Secretaria de Estado da

como a possível realização e acesso a prática de ta-

Entende-se aqui o conceito de universal

67


refas cotidianas, podendo ser realizada por todo ou

acessibilidade. Revisada em 2004, a NBR 9050, con-

qualquer indivíduo, atuando através desta concep-

têm todas as medidas básicas a serem seguidas, como

ção como extensão da promoção de inclusão social.

por exemplo altura de interruptores, tomadas, vão de

portas, inclinação e larguras de rampas, entre outros.

As habitações inclusivas devem conter espa-

ços dimensionados e adequados as necessidades

das pessoas com mobilidade reduzida, proporcio-

o meio urbano, seja nos transportes, no mobiliário e

nando conforto e bem estar ao usuário. No caso de

edifícios públicos, no viário e principalmente nas ha-

uma moradia acessível a um cadeirante, por exem-

bitações, não se restringindo apenas ao interior da

plo, o projeto deve prever áreas de manobra, fle-

casa, as áreas comuns e externas devem ser pensa-

xibilidade de acesso aos mobiliários e aberturas,

das igualmente em termos do desenho universal, es-

garantindo que os deslocamentos e movimentos

tendendo-se aos acessos e áreas de lazer. Uma mora-

possam ser realizados de forma independente.

dia digna e provedora de qualidade de vida é direito

A ABNT, Associação Brasileira de Normas téc-

e desejo de todo cidadão, para tanto os projetos ha-

nicas, estabeleceu em 1985 a primeira norma sobre

bitacionais devem prever apartamentos e implanta-

Fig.23 Área de manobra 180º:

ções de conjuntos que permitam a inclusão social e

Fig.24 Módulo de referência:

A acessibilidade deve estar presente em todo

a inserção do desenho universal. A moradia deve ser capaz de atender as necessidades do usuário, seja pelas mudanças que ocorrem nas fases da vida ou por percalços que podem surgir no meio do caminho.

68


Conjunto Habitacional em Container

3. Con tai n er : U ma nova m e t od ologi a d e P r o j et o

69


Com maior repercussão no exterior e cresci-

permanentes, assim como o projeto a ser proposto.

mento considerável no Brasil, o container vem sendo

Surgindo como um nova vertente de projeto no cam-

utilizado cada vez mais como proposta de projeto na

po da arquite tura, essa tipologia se utiliza de um ob-

construção civil, abrigando desde funções habitacio-

jeto modular e de caráter flexível, que propõem um

nais, como comerciais e de serviços. A arquitetura,

novo modo criativo e eficiente de ocupar o espaço.

entre outros setores, visto a situação ambiental que

nos encontramos, busca em escala crescente o desen-

quiteto Celso Costa, do escritório Costa Con-

volvimento de projetos ecoeficientes, e o container

tainer,

surgiu como uma alternativa vantajosa à construção.

ção, a aprovação das casas feitas de container

Abrigando desde programas permanentes a

junto às prefeituras funcionam da mesma forma e

programas temporários, pode atuar também como

incluem as mesmas taxas que uma casa de alvenaria.

Em termos de legislação, segundo o arespecializado

neste

tipo

de

moradias de caráter urgente, permitindo deslocamentos e modificações futuras, assim como o projeto do arquiteto japonês Shigeru Ban, Habitação Temporária de Contêiner em Onagawa, Miyagi, no Japão, que propôs a criação de blocos de moradia com três andares cada um, servindo como solução às famílias que sofreram com o tsunami. (figura 27)

Por sua Resistência e durabilidade, o contai-

ner, além de habitações temporárias, admite questões

70

Fig.25

Habitação Temporária de Contêiner

constru-


3.1 Dimensões e características

Estas caixas metálicas feitas em aço, possuem

uma estrutura leve mas altamente resistente, capaz de resistir ao uso constante no transporte de mercadorias,

Inventado pelo americano Malcom McLe-

bem como a ações de chuva ou de incêndio. Por serem

an, na década de 50, o container surgiu como uma

modulares e possuírem um encaixe perfeito são facilmen-

inovação e alternativa ao transporte e armazena-

te empilháveis, quando vazios podem ser sobrepostos

mento de cargas, facilitando seu deslocamento e

até dez containers sem qualquer acréscimo estrutural.

empilhamento em navios. Os containers até então

mediam 33 pés, e foi só em 1968 que eles muda-

entretanto algumas são mais utilizadas e in-

ram e passaram a ser os modelos como são conhe-

dicadas para o uso na construção civil, como

cidos hoje, os Standard, que medem 20 e 40 pés.16

o Dry Standard, o High Club e até o Refeer.

Existem

várias

tipologias

de

container,

Responsáveis por 90% do movimento de mer-

cadorias pelo mundo, os containers, que possuem uma vida útil de aproximadamente 100 anos, são descartados após 10 anos de uso amontoando-se nos portos. Muitas vezes é mais vantajoso comprar um container novo do que enviá-lo de volta vazio.

16 A história completa dos container. Disponível em: <http://mirandacontainer.com.br/historia-completa-containers/> Acesso em: 29 de maio de 2016


Fig.26

Container Dry Standard: Destinado ao uso de cargas gerais, é um dos mais utilizados para o transporte no mundo, totalmente fechado, possui portas padrões no fim do container e chão de madeira. Geralmente transportam produtos como alimentos, móveis e roupas, sendo um dos mais utilizados para transformação em casas e escritórios. 20’ Dry 40’ Dry Dimensões Largura Comprimento Altura Largura Comprimento 2,59 m 2,438 m 12,192 m Externa 2,438 m 6,06 m 2,39 m 2,352 m 12,03 m Interna 2,352 m 5,9 m

Fig.27 Container

Este container é praticamente igual ao Dry Standand, a diferença é que possui 1 pé a mais em sua altura, comportando uma carga maior e mais alta. Em sua maioria carregam roupas, brinquedos, eletrodomésticos e cargas a granel. Mais indicado para o uso em habitações por possuir pé direito maior,. 40’ HC Dimensões Externa Interna

72

Largura Comprimento Altura 2,89 m 2,438 m 12,192 m 5,69 m 2,352 m 12,03 m

High Club:


Conjunto Habitacional em Container Fig.28 Container

Refrigerado/Refeer: O Refeer possui chão de alumínio e portas reforçadas com aço e revestimentos em aço inoxidável. Com isolamento próprio, este container possui um motor que mantem a temperatura interna de acordo com a necessidade do produto que está transportando. Apesar de ser mais caro que os outros, também são utilizados em construções por já possuir isolamento térmico. 20’ Refeer Dimensões Externa Interna

Largura Comprimento Altura 2,59 m 2,438 m 6,06 m 2,26 m 2,285 m 5,45 m

40’ Refeer Largura Comprimento 2,438 m 12,192 m 2,285 m 11,57 m Fig.29 Container

Open Top:

Da mesma tipologia do Dry Standard, com a diferença de não possuir teto fixo, com barras de sustentação geralmente é coberto por uma lona, e atua no transporte de cargas que não passam pela porta padrão do container. 20’ Dimensões Externa Interna

Largura Comprimento Altura 2,59 m 2,438 m 6,06 m 2,36 m 2,34 m 5,89 m

40’ Largura Comprimento 2,438 m 12,192 m 2,352 m 12,024 m

73


Fig.30 Container

Flat Rack: Atuando também no transporte de cargas que excedem as dimensões do container, o Flat Rack possui apenas as paredes das extremidades, estas que podem ser fixas ou móveis. Ideal para carregar cabos, bobinas e tubos de aço. 20’ Dimensões Externa Interna

Largura Comprimento Altura 2,59 m 2,438 m 6,06 m 2,31 m 2,352 m 5,90 m

40’ Largura Comprimento 2,438 m 12,192 m 2,41 m 12,020 m

Fig.31 Container Ventilado:

Container semelhante ao Dry Standard, mas que possui pequenas aberturas para ventilação no teto ou nas laterais, sendo ideal para o transporte de cargas orgânicas. 20’ Dimensões Externa Interna

74

Largura Comprimento Altura 2,59 m 2,438 m 6,06 m 2,31 m 2,352 m 5,90 m

40’ Largura Comprimento 2,438 m 12,192 m 2,41 m 12,020 m


Conjunto Habitacional em Container

3.1.1 Vantagens e desvantagens

Hoje, as empresas que vendem, alugam ou modificam containers para usos comerciais e residenciais vem crescendo. Atuam na provisão de habitações temporárias ou fixas, além de fornecer mão de obra especializada para adequar estas caixas metálicas ao projeto em questão.

Apesar desta nova tipologia ainda ser mais conhe-

cida no exterior, o número de projetos cresce no Brasil, bem como arquitetos adeptos a essa nova tecnologia.

Além de contribuir com questões de sus-

tentabilidade através da reciclagem do container, que amontoam-se nos portos, o uso deste material pode trazer muitas vantagens no ramo da construção civil. Cada vez mais, aparece como alternativa aos projetos convencionais, podendo equiparar-se qualitativamente as construções em alvenaria.

Com um grande número de containers ma-

rítimos inutilizados nos portos, o valor de compra deste material é baixo, além de poder ser reutilizado, há também a possibilidade de compra-lo novo. Quando utilizado como base de projeto, dispensa a compra e uso de materiais como água, areia e cimento, preservando recursos naturais e contribuindo para um processo mais limpo, com menos entulho no canteiro de obras.

Por já possuir uma estrutura pronta e alta-

75


mente resistente, o container aloca-se facilmente

meses para ser “construída”, montada e instalada.”17

aos terrenos, economizando no processo de terra-

planagem, bem como nas fundações, que podem

obra especializada, porém empresas que atuam neste

utilizar-se de sapatas rasas, garantindo uma menor

ramo e realizam o preparo do container para habita-

interferência no solo e mantendo uma boa perme-

ções, comércios e escritórios cresce no Brasil, algumas

abilidade do terreno. Todas estas questões, atrela-

das empresas que podem ser citadas são a Delta Con-

das a uma boa administração do projeto, podem ge-

tainers, Bunker Metal e a NHJ do Brasil, entre outras.

rar uma economia de até 30% na construção, assim

Muitas destas já realizam o trabalho de recorte para

como afirma o arquiteto Danilo Corbas em entrevista.

as esquadrias, adequação do ambiente ao projeto,

Outra vantagem do uso deste material é a

como instalações de estruturas para paredes drywall,

possibilidade de uma obra mais rápida. Com o deslo-

além de recortes de portas e janelas, molduras, pin-

camento da base estrutural do projeto, o container,

tura externa e preparação para partes hidráulicas.

já pronta, a alocação no terreno e finalização da obra

torna-se muito mais ágil, assim como afirma o arquite-

montagem mais simples, além de uma possibilida-

to Celso Costa, do escritório Costa Container: “Atual-

de maior de configurações e flexibilidade de projeto.

O trabalho com este material exige mão de

A modularidade do container garante uma

mente, uma casa container com 100 m² leva apenas 03

17 Costa Container Arquitetura. Disponível em: < http://www.costacontainer.com.br/> Acesso em: 29 de maio de 2016

76


Conjunto Habitacional em Container

vel por este tipo de veículo, e permita o uso de empilhadeiras e guindastes que possam auxiliar na montagem.

Por ser feito em aço, um bom condutor de

calor e possuir pouca qualidade acústica, quando não utilizado o modelo Refeer, precisam de um trabalho de isolamento térmico e acústico. Outro ponto a ser observado é a questão da carga que foi transportada, prevenindo possíveis contaminações, bem como um tratamento antiferrugem. Fig.32 Recortes para esquadrias

O uso do container na construção ci-

vil, ainda desperta estranheza e muitas dúvidas, seja por questões culturais, por sua dimen

Por possuir uma estrutura leve, permite o des-

são, pelo tipo de material que é feito, ou por

locamento por terra, realizado principalmente por ca-

antes ter sido utilizado para o transporte de cargas.

minhões. Assim, torna possível a realocação do imóvel

pronto para outro local caso seja necessário. “É possível

las “escolas de lata” implantadas em São Paulo, que

instalá-los em um imóvel alugado e levá-los junto na mu-

realizadas sem qualquer projeto de conforto am-

dança.”, afirma Perci Hultmann dono de uma empresa

biental, obtiveram enormes problemas com rela-

de construção com containers. Entretanto, é preciso es-

ção ao calor, por exemplo, mistificando o uso deste

tar atento a necessidade de um terreno que seja acessí-

material como artefato da arquitetura, quadro este

Muito da questão cultural no Brasil se dá pe-

77


3.2 O aço na arquitetura

que vem sendo e deve ser mudado. Fato é, que desde que estudado e utilizado de forma correta pode trazer muitas vantagens no ramo da construção.

Aqui, o estudo do terreno, do conforto

ambiental e da ergonomia se fazem necessários para garantir um ambiente confortável ao usuário, porém todas estas questões, se olhadas com atenção, podem ser atendidas garantindo um bom projeto sustentável, econômico e funcional.

A construção em aço surge no século XVIII

na Inglaterra e desde então vem incorporando seu sistema a índices de precisão e desenvolvimento no setor. No Brasil, foi apenas no fim do século XIX que o aço passou a ser utilizado, mas sempre

como

peças

importadas

e

pré-fabricadas.

Com o surgimento da CSN, Companhia Siderúrgica

Nacional, em

1946

o

aço

passa

en-

tão a ser um produto de fabricação nacional.18

No Brasil era utilizado principalmente no setor

industrial, diferente da construção civil que foi desenvolvida sempre privilegiando o concreto e alvenaria. Na Inglaterra por exemplo, 70% dos prédios com mais de quatro andares possuem estrutura de aço, já aqui este número não atinge 5%.19 Entretanto, segundo o

18 Centro Brasileiro de Construção em Aço. Disponível em: <http://www.cbca-acobrasil.org.br>Acesso em: 15 de maio de 2016 19 Era do aço. Disponível em: < http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/152/artigo34881-6.aspx> Acesso em: 15 de maio de 2016

78


Conjunto Habitacional em Container

CBCA, Centro Brasileiro da Construção em Aço, este

riais mais eficientes e que gerem

quadro vem mudando, e o que demonstra isto é que

baixo impacto ao meio ambiente”.20

este tipo de construção, em 2014 por exemplo, cor-

Devido a consolidação das construções em

respondeu a 36% do total do consumo aparente de

concreto, mesmo com estes avanços, o aço ainda é

aço no país. Ainda mais, segundo pesquisa Industrial

pouco utilizado quando com- parado principalmen-

Anual do IBGE o número de construções em aço no

te a países como Inglaterra, Estados Unidos e Ja-

Brasil cresceu em média, entre 2002 e 2012, 11% ao ano.

pão. “Com raras exceções, os arquitetos brasileiros

Acredita-se que a evolução deste tipo de cons-

permanecem ain da presos ao racionalismo moder-

trução se dê pelo aumento de projetos mais eficientes,

no, que pouco utilizou o aço como sistema cons-

que procuram soluções que gerem menor impacto

trutivo [...]”, afirma o arquiteto Siegbert Zanettini.

ambiental, assim como argumenta VanderLey John,

professor de Engenharia da Escola Politécnica da USP:

dem gerar muitas vantagens, entre elas estão a pre-

As construções com este tipo de material po-

cisão construtiva, já que diferente das estruturas de “A tendência é que se busquem

concreto, as metálicas são medidas em milímetros,

soluções

cola-

garantindo uma estrutura mais precisa e nivelada,

borem para a produção de edifi-

uma maior preservação do ambiente, reciclabilida-

tecnológicas

que

cações de qualidade, com mate-

de, as estruturas podem ser desmontadas e reapro-

20 Era do aço. Disponível em: < http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/152/artigo34881-6.aspx> Acesso em: 15 de maio de 2016

79


veitas, menor prazo de execução e racionalização de

temas metálicos no Brasil é a questão da cultura e falta de

materiais e mão-de-obra, já que com a adoção de sis-

repertório para propor soluções fora do convencional.

temas industrializados o desperdício de materiais é muito menor, entre outros ganhos. Segundo Zanetti: “O aço é um material com amplas possibilidades de uso – de grandes edificações a obras-de-arte e mobiliário urbano. O controle de qualidade da indústria, da fundição à usinagem e pintura, e a precisão milimétrica da montagem são muito superiores em comparação ao método artesanal.”21

O aço permite muitas qualidades para a constru-

ção que devem ser levadas em conta no desenvolvimento projetual, entretanto, como afirma o arquiteto José Wagner Garcia, a maior dificuldade em trabalhar com sis-

21 Construções Metálicas: O uso do Aço na Construção Civil. Disponível em: <http://wwwo.metalica.com.br> Acesso em: 23 de maio de 2016

80


4. E s t u d os d e C aso


4. Estudo de caso

permitindo um aproveitamento maior do terreno

Os estudos de caso realizados a seguir foram feitos se-

zer reservado, garantindo identidade aos conjuntos.

guindo um protocolo de pesquisa. A escolha das edifica-

Outro fator utilizado para a seleção dos projetos foi

ções buscou elementos projetuais que complementas-

a existência da proposta de habitações acessíveis.

sem o projeto a ser desenvolvido, analisando elementos

que garantem qualidade às habitações estudadas.

containers e aparecem como referência na utilização

Estabelecido em dois blocos de estudo abri-

deste material, bem como a adaptação do mesmo para

gam de forma setorizada habitações de interesse so-

fins habitacionais. O estudo destas edificações propor

cial e projetos de moradias que utilizaram o container

cionam um maior conhecimento de como promover

como base estrutural, esta divisão ocorre devido a

conforto em espaços pequenos como o container ga-

inexistência de projetos que unem as duas tipologias.

rantindo ao mesmo tempo todos os equipamentos

No primeiro bloco, a escolha priorizou conjun-

necessários para a vivência humana. Dois projetos

tos habitacionais alocados sobre ou próximos a fave-

em diferentes escalas, mas com a mesma função, afir-

las e loteamentos irregulares, garantindo a perma-

mam a versatilidade do container tanto em sua adap-

nência da população em seu antigo local de moradia.

tação e modulação como em formas de implantação.

Surgem como referência de programa a ser adotado, incorporando serviços e espaços comerciais complementares às habitações. Apresentam propostas de implantação que valorizam o espaço construído,

e proporcionando aos habitantes um espaço de la-

O segundo bloco, abriga projetos realizados em


4.1 Conjunto Habitacional Corruíras Jabaquara, São Paulo

Localizado ao lado do metrô Jabaquara, e proje-

tado pelo escritório Boldarini Arquitetos e associados em parceria com a Secretaria de Habitação – SEHAB-PMSP, o projeto faz parte da operação urbana consorciada água espraiada, e tem como objetivo o reassentamento da favela Minas Gerais, localizada próxima a construção.

O conjunto possui 244 unidades habitacionais,

Fig.33 Fachada edifício

dispostas em dois blocos que compõem um conjunto escalonado, onde o acesso é feito por ruas em níveis diferentes, já que o terreno onde está implantado possui um declive de quase 20 metros. O projeto tira partido deste desnível, uma passarela de entrada realiza a chegada ao térreo elevado, possibilitando uma disposição dos apartamentos de tal modo em que não há a necessidade do uso do elevador, mes-

Fig.34 Corte - Aproveitamento do terreno


mo se tratando de um conjunto vertical. Dispõe-se quatro apartamentos para cima do térreo elevado e quatro para baixo, permitido pela lei neste caso o uso exclusivo de escadas como circulação vertical.

A implantação do conjunto cria um pátio re-

cuado de 24m², recurso utilizado para garantir a insolação de todos os apartamentos virados para este vazio. O projeto aposta também na força da circulação horizontal, realizada por passarelas abertas, que interligam todo o conjunto, o objetivo é Fig.35 Pátios internos

criar e manter esta relação entre os moradores.

Os apartamentos de 48m² possuem uma tipolo-

gia simples e algumas unidades adaptadas para cadeirantes, possuem medidas mínimas, mas que são confortáveis. A distribuição das moradias foi feita de forma pensada, já que as famílias mais numerosas ficam nos pavimentos inferiores, os deficientes no nível da rua e as pessoas com problemas de saúde nos apartamentos virados para uma rua onde encontra-se um hospital. Fig.36 Passarelas metálicas

84


Conjunto Habitacional em Container

Fig.39 Unidades habitacionais / acessíveis

Fig.37 Pátios e passarelas

Fig.38 Implantação

Fig.40 Vista interna

85


4.2 Conjunto Habitacional Heliópolis Heliópolis - Gleba G, São Paulo Fig.41 Pavimento tipo - Habitações

Projeto realizado em um terreno situado na

entrada da comunidade de Heliópolis, atuando como transição entre cidade formal e informal. Projetado pelo escritório Biselli & Katchborian como parte do programa de Reurbanização de Favelas da Prefeitura de São Paulo e através da Secretaria de Habitação, o projeto é pensado como uma quadra urbana.

Para a construção dos blocos de apartamentos,

foi utilizado o sistema de alvenaria de bloco de concreto. Em sua maioria são blocos repetidos, mas que de toda forma possuem uma singularidade em sua fachada, pela disposição das habitações e reforçada principalmente pelo uso da cor. Os pórticos de entrada de cada Fig.42 Vista interna

bloco, são os elementos não repetitivos na construção, foram realizados em concreto armado e possuem cada

86


Conjunto Habitacional em Container

um uma cor, identificando a entrada de cada edifício.

O projeto se aproveita da geografia do terre-

no, que permitiu a construção de um edifício de oito andares de apartamentos, sem o uso de elevadores. As passarelas, levam aos térreos elevados criados em diferentes níveis, permitindo o acesso aos apartamentos superiores e inferiores, possibilitando a construção de um maior número de unidades de apartamentos utilizando apenas a escada como circulação vertical.

Fig.43 Planta de Situação

Fig.44 Setorização por cor dos blocos

87


Os apartamentos foram projetados de modo a

ter flexibilidade de configuração, já que ali morariam famílias que poderiam variar bastante em seu número de pessoas, de 5 a 11 pessoas. Há também apartamentos para deficientes, que ficam localizados nos térreos dos blocos. Além de contar com um pátio aberto de uso comum, o térreo conta também com salas comerciais, utilizadas pelos próprios moradores.

Fig.45 Acesso aos térreos por passarelas

Fig.47 Unidade habitacional - A

88

Fig.46 Pátio Interno


Conjunto Habitacional em Container

4.3 Jardim Edite São Paulo

Projetado para abrigar os moradores da fa-

vela Jardim Edite, localizada no mesmo terreno de implantação do projeto, situa-se entra as avenidas Jornalista Roberto Marinho e Luís Carlos Berrini, um dos maiores polos de crescimento de São Paulo. Fig.48 Unidade A adaptada

Com a parceria da SEHAB o projeto é uma realiza-

ção dos escritórios MMBB e H+F, faz parte do programa de reurbanização de favelas do município de São Paulo e está dentro da Operação Urbana Consorciada Água Espraiada. Entretanto, é preciso citar que sua realização só foi possível devido a organização e pressão política dos moradores da favela, que seriam realocados para outras moradias, mas que resistiram as desapropriações, Lutaram e conseguiram a construção de um conjunto habitacional no mesmo terreno em que já ocupavam.

Fig.49 Unidade habitacional - B

O

conjunto

habitacional

é

verticaliza-

89


do, e o primeiro que utiliza elevadores desde 200, o uso surgiu como artifício no projeto pela necessidade de adensamento do conjunto. O edifício conta com 15 andares dispostos em 3 torres, e dois blocos lineares, que resolvem no térreo os programas públicos e o acesso aos prédios. A cobertura destes edifícios lineares funciona como um térreo elevado interligando todos blocos habitacionais. O conjunto ainda conta com uma creche, uma unidade de saúde e um restaurante-escola, utilizados por todos.

Fig.50 Fachada do conjunto

Fig.51 Planta - Térreo

90


Conjunto Habitacional em Container

Fig.52 Setorização de usos

Fig.53 Planta unidades - Lâmina

Fig.55 Vista interna Fig.54 Planta unidades - Torre

91


4.4 Casa Container Cotia, São Paulo

Projetada pelo arquiteto Danilo Corbas, foi uma

das primeiras deste estilo a serem construídas no Brasil.

Com uma área total de 196m² e dois andares,

utiliza em sua construção 4 containers reciclados de 40’, com dimensões de 12m de comprimento e 2.90m de altura. A ideia do arquiteto era realizar uma construção o mais sustentável possível, portanto os conFig.56 Relação com o entorno

tainers foram comprados em São Vicente, no litoral paulista, desamassados e reutilizados como estrutura principal da casa. As portas e janelas foram recortadas no próprio local de compra e o container foi transportado já pronto para ser alocado no terreno.

A

casa

é

composta

por

três

quartos,

sala de estar, sala de jantar e cozinha gourmet

integradas,

escritório,

três

banheiros,

área de serviço, garagem coberta e varanda. Fig.57 Relação com o entorno

92


Conjunto Habitacional em Container

Com a premissa de criação de um projeto sustentável, o arquiteto utiliza na construção de sua casa diversos artifícios ecologicamente corretos.

Estes artifícios possibilitaram uma econo-

mia tanto nos recursos naturais quando financeiros. O reaproveitamento do container, representou o ganho em muitos fatores, como por exemplo na economia com a fundação da casa, já que a estrutura metálica sendo mais leve, permite usar sapatas isoladas, pequenas e rasas. As árvores presen-

Fig.58 Construção da casa container

tes no terreno também foram aproveitadas para ajudar no sombreamento e redução do calor excessivo.

Corbas utiliza o sistema de captação de

água da chuva, reaproveitada para serviços domésticos.

Como solução térmica o projeto conta com ven-

tilação cruzada e o telhado verde, que ajuda no isolamento e manutenção da temperatura. Além disto, há na casa um isolamento feito com lã de PET, um sistema de isolamento térmico e acústico ecologicamente correto. São utilizadas também telhas térmicas tipo Fig.59 Fachada com circulação vertical

93


sanduíche de poliuretano na cor branca, que refletem a luz do sol e ajudam a controlar a temperatura.

Fig.62 Pavimento térreo

Fig.60 Telhado verde e varanda

Fig.61 Ambiente interno

94

Fig.63 Segundo pavimento

Fig.64 Maquete eletrônica - Sobreposição


Conjunto Habitacional em Container

4.4 Vila Estudantil Keetwonen Amsterdã, Holanda

telhado que drena as águas da chuva, ajudando na diminuição do calor e no isolamento, protegendo também a estrutura dos containers da ferrugem.

A vila possui ainda uma cafeteria, um su-

Um projeto idealizado pela TempoHousing

permercado, uma área de escritórios e de espor-

ganhou vida em Amsterdã com o objetivo de aten-

tes. Cada bloco de apartamentos possui uma área

der a demanda por alojamentos estudantis. Este edi-

fechada e reservada para o estacionamento de bi-

fício conta com mil containers empilhados em cin-

cicletas, transporte muito comum na Holanda.

co andares e está localizado próximo ao centro da cidade. Os containers atendem as necessidades de seus moradores, contando com todos os equipamentos básicos necessários em um apartamento.

Com banheiro, cozinha, varanda e sala

de estudos, possuem ainda grandes janelas, que permitem bastante incidência de luz natural.

O

apartamento ainda conta com um sistema de ventilação

automática

com

várias

velocidades.

Além do reaproveitamento dos containers,

estes enviados da China, o complexo conta com um

Fig.65 Conjunto de edifícios de container

95


Fig.66 Pรกtio Interno

96

Fig.67 Varanda dos quartos

Fig.68 Vista interna dos apartamentos


Conjunto Habitacional em Container

5. Ha b i tação e m Con tai n er

97


Como produto final do estudo levantado até

estudados a seguir artifícios, tanto naturais quanto

aqui, será realizado o projeto de um conjunto habi-

artificiais, capazes de atenuar e resolver estes pos-

tacional, tendo como base construtiva o uso do con-

síveis problemas. A ergonomia também é essencial

tainer. Esta metodologia de projeto surgiu como

quando tratamos de habitação, para que assim essa

artifício para a realização deste conjunto de habita-

possa prover uma boa qualidade de vida para seus ha-

ções, tanto por suas qualidades construtivas, quanto

bitantes, facilitando as atividades diárias de cada famí-

pelas facilidades que proporcionaram em relação a

lia. Para tanto, o conjunto contará com módulos que

sustentabilidade, custo e tempo, bem como a possi-

serão agrupados ou encaixados para a realização de

bilidade de realocação e maior facilidade de inserção

cômodos com medidas mínimas, porem confortáveis.

desta construção em diversas tipologias de terreno.

Quando tratamos deste tipo de construção,

logo se pensa nas questões ergonômicas e de conforto ambiental, já que trata-se de uma caixa metálica que servirá como base estrutural para uma habitação. Levando em conta as questões já levantadas no capítulo quatro, como a alta condutividade de calor e pouca qualidade acústica presente neste material, serão

98


Conjunto Habitacional em Container

5.1 Sustentabilidade “O desenvolvimento sustentável significa atender as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de

importantes da economia mundial e tem um papel importante no quadro ambiental. Os edifícios são responsáveis por 40% do consumo de energia mundial, 16 % da água potável e 25 % da madeira das florestas, bem como a emissão de 50% do CO2.22

atender suas próprias necessidades”.

Estas informações ressaltam a importân-

(World Comission on Environment and

cia de construções mais sustentáveis, que tenham

Development WCED 1987)

como premissa a diminuição do impacto ambiental das edificações e um melhor aproveitamento dos re-

A questão de sustentabilidade vem sendo aplica-

cursos naturais, com um uso racional dos elementos

da à construção civil, entre outros setores, de for-

necessários para iluminar e ventilar os ambientes,

ma cada vez mais presente. Levando em conta a si-

preconizando a mínima alteração no local em que

tuação ambiental em que nos encontramos, este

será inserida.O container entra como uma inovação

deve ser um assunto relevante no âmbito projetual.

neste tipo de arquitetura, por ser um material reci-

clado e permitir o aproveitamento correto de recur-

A construção civil é um dos setores mais

22 LAMBERTS, Roberto apud SOLANO, Rosana. A importância da Arquitetura Sustentável na redução do impacto ambiental, 2008.

99


sos naturais e a inserção de elementos que garan-

estas questões, com o uso do container e o aprovei-

tam uma arquitetura mais sustentável, vem sendo

tamento correto dos recursos naturais buscará uma

cada vez mais utilizado no ramo da construção civil.

edificação sustentável, podendo possibilitar uma di-

Com o reaproveitamento deste material, tor-

minuição nos gastos após a ocupação. A sustentabili-

na-se dispensável o uso de areia, tijolo, cimento, água,

dade além de garantir um menor impacto ambiental

entre outros materiais utilizados em uma construção

também favorece a economia, já que com o aprovei-

comum. Isso gera uma obra mais limpa, garantindo tam-

tamento dos ventos, da luz solar ou das águas pluviais

bém a diminuição do entulho no canteiro de obras. A

ajuda na diminuição dos gastos como por exemplo,

utilização do container permite também um maior res-

com equipamentos de aquecimento e de iluminação.

peito ao perfil do terreno, por ser modular, acomoda-se mais facilmente no local de implantação, diminuindo o impacto no ambiente a ser inserido, assim como afirma a empresa ESSER, arquitetura e engenharia sustentável.

Ainda sobre a redução do impacto ambien-

tal pela utilização do container, o arquiteto Danilo Corbas afirma que este tipo de construção permite fundações mais rasas, por ser um material leve e já possuir uma estrutura pronta, garante uma menor interferência no solo e respeito ao lençol freático.

100

O projeto a ser realizado preconizará todas


Conjunto Habitacional em Container

5.2 Conforto Ambiental e Ergonomia

O estudo do conforto ambiental torna-se

essencial para o projeto que será realizado. Assim como já afirmado, o container possui características próprias que precisam ser levadas em conta. Entra-se então na questão de como o projeto arquitetônico atrelado as noções de conforto podem resolver estas questões da melhor maneira possível.

A arquitetura tem o papel de conceber um

edifício capaz de prover relações de conforto com o usuário, garantindo assim, condições térmicas compatíveis ao conforto térmico humano, já que quanto mais confortável se encontra o usuário melhor será a sua capacidade de trabalho ou de descanso.

O conforto ambiental, principalmente quando

ligado as questões de habitação, pode ter duas interpretações, a física e a subjetiva. Do ponto de vista físico trata-se de questões ligadas a integridade física

humana, para que assim as necessidades primárias se cumpram. Podemos citar então atributos ligados ao conforto ambiental do contexto físico, como segurança, que funciona como base para a noção de bem estar, a adequação ambiental, como obtenção de um equilíbrio entre meio e corpo e a eficiência, que garante maior facilidade e melhor realização das tarefas no ambiente da habitação, como por exemplo a cozinha, que deverá conter medidas adequadas para o serviço que será executado, garantindo maior conforto ao usuário. Para que possa se realizar uma plena ideia de conforto, os elementos físicos devem estar ligados aos subjetivos, que tratam de uma questão mais psicológica e cultural, como as noções de lar, de privacidade e de território.23

O conforto, neste caso, deve atuar garantindo

a qualidade projetual da habitação. Para isso, será necessária uma adequação do projeto ao terreno em que o mesmo será implantado. O entendimento do vento, da posição do sol, das áreas de sombra e do clima da região tornam-se essenciais para o sucesso do projeto.

101


Aqui, a busca pelo o conforto ambiental será

A ventilação entra como elemento fundamen-

realizada utilizando principalmente elementos natu-

tal, já que a renovação do ar, garante uma melhor

rais, como o vento, o sol, a água da chuva e a vege-

dissipação do calor. A ventilação natural atua no edi-

tação. A construção de um edifício que possua ca-

fício pelas aberturas, que deverão ser previstas e ade

racterísticas que permitam uma resposta térmica

quadas do ponto de vista da dimensão e posi-

coerente, não significa um aumento no custo da cons-

ção, atuando uma como entrada e outra como

trução, e sim uma redução de custo de utilização e

saída,

garantindo

um

fluxo

de

ar

manutenção de equipamentos, garantindo também uma condição ambiental interna mais agradável.24

Como soluções que poderão ser adequadas ao

conjunto, encontram-se, principalmente, a orientação e posição das aberturas e quantidade dos elementos translúcidos e transparentes, além da adequação de possíveis brises-soleil que ajudam no controle térmico natural. Será necessário a previsão do equilíbrio entre elementos opacos e transparentes para a provisão de uma qualidade ambiental dentro do container.

Fig.69 Fluxo de ventilação nos ambientes

23 SILVA, Helga e SANTOS, Mauro. ProArq18 – O Significado do conforto no ambiente residencial, 2011 24 FROTA, Anésia e SCHIFFER, Sueli. Manual do Conforto Térmico, 2006 p.18

102

adequado.


Conjunto Habitacional em Container

As imagens ao lado representam exemplos de

Assim como afirma Joana Golçalves, arquite-

fluxos de ar dentro de um ambiente, sendo este sem

ta e professora da FAU-USP, medida simples podem

divisórias internas, ou parcialmente dividido. A posição

se tornar eficazes para garantir conforto ao usuário:

destas aberturas é muito importante pois exercem grande influência na quantidade e qualidade da ventilação

“Entre outras medidas importantes

do ambiente. A vegetação também pode ser aliada ao

estão o uso de vidros claros para a boa penetração da luz natural, de

conforto térmico do projeto, atuando como um prolon-

esquadrias que se abrem para os be-

gamento da face do edifício, dissipando ou melhor dire-

nefícios da ventilação noturna, e a

cionando os ventos, assim como mostra a figura a seguir.

especificação de revestimentos externos opacos em cores claras para a maior reflexão da radiação”.25

Os containers, como são feitos de aço, pos-

suem uma alta condutividade de calor, portanto, a partir da escolha do container que será utilizado, deverão ser definidas as medidas para atenuar esta Fig.70 Vegetação como artifício ao conforto

questão. Se o escolhido e mais adequado ao projeto

25 Zonas de Conforto. Disponível: <http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/162/artigo60713-1.aspx.> Acesso em: 25 de abril de 2016

103


não for o refrigera do, ou refeer, como é mais conhe-

trução com containers, os isolantes somados as pare-

cido, deverá ser previsto um isolante térmico. En-

des externas e as de revestimento interno formam uma

tre o mais utilizado neste tipo de construção está o

espécie de sanduíche que permite uma melhor qualida-

de lã de PET, sendo o mais ecologicamente correto.

de acústica, podendo ser até superior as de alvenaria.27

Outro

artifício

que

pode

ser

utiliza-

Tão importante quando o conforto ambiental,

do para melhorar o conforto térmico é o telha-

está a ergonomia, que entra como atributo para garan-

do verde. Além de proteger a cobertura do edi-

tir um espaço adequado e com qualidade para o usuário.

fício contra a chuva e os raios solares, a camada

Entende-se ergonomia como a interação entre o homem

de terra ajuda no equilíbrio térmico do edifício.26

e o ambiente, otimizando a realização das atividades,

Há também a possibilidade do uso de telhas

garantindo maior conforto e qualidade de vida. Assim

em cores claras, que refletem a luz solar, ajudando

como afirma Vera Bins Ely, professora de arquitetura e

na diminuição do calor que passa para o ambiente,

urbanismo na Universidade Federal de Santa Catarina:

assim como pudemos observar no estudo de caso

“(...) a Ergonomia é uma disciplina

realizado sobre a Casa Container de Danilo Corbas.

científica que estuda as interações

A questão sonora também é bastante discutida quan-

dos indivíduos com outros elementos

do tratamos do container como habitação, entretanto, segundo o arquiteto Celso Costa, especialista em cons-

do sistema – máquinas, equipamentos, ambientes – fazendo aplicações

26 Benefícios de telhados verdes em casa. Disponível em: <http://atitudesustentavel.com.br/blog/2012/05/14/5-beneficios-de-telhados-verdes-em-casa/> Acesso em: 29 de abril de 2016 27 Casa container: um conceito novo e sustentável de moradia. Disponível em: <http://www.tuacasa.com.br/casa-container/> Acesso em 29 de abril de 2016

104


Conjunto Habitacional em Container de teoria, princípios e métodos de

com deficiência, ou não possa morar com qualidade

projeto, com o objetivo de melho-

e em um espaço projetado para ela. O conjunto habi-

rar o bem-estar humano e a eficá-

tacional de containers contará com habitações des-

cia das atividades desempenhadas.”28

A ergonomia, aqui em relação à habita-

ção, trata desde a relação do homem com o mobiliário quanto com o espaço construído, como por exemplo tamanho de corredores, inclinação e largura de rampas, bem como o tamanho dos ambientes da casa, acomodando mais confortavelmente o usuário.

Considerando as dimensões do container, de-

verá ser previsto no projeto modulações que permitam essa qualidade ambiental, garantindo as medidas necessárias para um bom uso do espaço.

A questão da acessibilidade não pode ser dei-

xada de lado e a ergonomia entra como elemento principal nesta questão, para que assim tanto uma pessoa

tinadas a deficientes físicos, buscando uma adequação do espaço às necessidades destas pessoas.

A ergonomia, desde as dimensões dos am-

bientes até a dis posição dos mobiliários, entra como responsável pela espaciali-dade, habitabilidade e organização dos moradores na habitação.

A função ergonômica é essencial em um am-

biente para que o projeto tenha qualidade, não só do ponto de vista estético mas também funcional. No livro Projetando Espaços – Design de Interiores, Gurgel esboça as medidas mínimas necessárias para uma boa realização das atividades, sem comprometer o uso e o espaço a sua volta.

A vantagem desta construção em containers é a

28 BINS ELY, Vera apud SOUZA, Jacqueline. O interior da habitação popular: uma análise do arranjo do mobiliário pela ótica da Ergonomia, 2012

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Fig.71 Dimensionamentos mínimos

variabilidade de configurações que podem ser criadas, se adequando ao uso de cada família. Isso torna-se importante, já que cada um possui uma necessidade diferente, tanto do ponto de vista ergonômico quanto ambiental.

A vantagem desta construção em containers é a

variabilidade de configurações que podem ser criadas, se adequando ao uso de cada família. Isso torna-se importante, já que cada um possui uma necessidade diferente, tanto do ponto de vista ergonômico quanto ambiental.

106


Conjunto Habitacional em Container

6. Considerações finais

Em vista do número alarmante de pessoas residindo em ocupações irregulares e favelas na cidade de

São Paulo, assim como demonstram os dados percentuais levantados, bem como atrelando os resultados obtidos às pesquisas complementares, como das ações públicas em vigor, chegou-se à percepção da emergência habitacional encontrada na cidade, já identificada e exemplificada por Raquel Rolnik anteriormente.

A configuração desse quadro, juntamente com inquietações pessoais, levaram à busca por uma alternativa

que pudesse incorporar às políticas públicas já vigentes, uma possibilidade de construção mais acessível e rápida de habitações populares. A pesquisa e levantamento de alternativas levaram ao estudo do container como alternativa de projeto, que, assim como já apresentado, vem sendo cada vez mais incorporado no ramo da construção civil.

Adaptando o container através da aplicação dos conceitos de conforto ambiental e ergo-

nomia, a segunda parte do projeto contará com a proposta de um conjunto habitacional de containers, alocado em regiões de infraestruturas e próximas a áreas ou sobre ocupações irregulares. O projeto a ser apresentado busca possibilitar uma nova visão no campo da habitação social, que através de ações sustentáveis, como a reutilização do container, pode ainda contribuir com a produção em maior escala. Entretanto,

de

forma

alguma

prescindindo

das

questões

de

qualida-

de ambiental e de vida, pontos-chave para o desenvolvimento que virá na próxima etapa.

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108


Conjunto Habitacional em Container

7. P r o j eto

109


Buscando atender as inquietações geradas a

ção rápida, será realizado o estudo do terreno

partir dos estudos feitos anteriormente, será realiza-

escolhido, bem como alternativas mais baratas de

do o projeto de uma moradia popular traduzido na

projeto e aproveitamento dos recursos naturais, que

forma de um Conjunto Habitacional de Containers.

possam prover um ambiente agradável e funcional.

O quadro do déficit habitacional da cidade de

São Paulo nos mostra a necessidade da criação de projetos alternativos que possam colaborar como uma resposta rápida e funcional a esta questão. Para isso será incorporado ao projeto o uso do container como estrutura das habitações, já que este material, assim como afirmado no capítulo quatro, permite uma construção mais rápida e com um custo mais baixo.

O

objetivo

é

mostrar

uma

alternati-

va à construção convencional, que possa surgir como solução ao problema habitacional que vivemos hoje, garantindo uma qualidade de vida igual ou superior as construções de alvenaria.

O quantitativo tem que estar aliado ao qua-

litativo, principalmente quando tratamos de habitação, para tanto, vinculada a ideia de produ-

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Conjunto Habitacional em Container

7.1 Localização

Como premissa para a escolha do terreno, de-

finiu-se como um dos pontos principais, a garantia de identidade com o local de moradia, e para isto, buscaram-se áreas próximas ou sobre ocupações irregulares e favelas. Uma boa localização era outro fator que deveria ser atendido, para tanto, o terreno deveria encontrar-se próximo a centralidades ou a infraestruturas, sendo estas viárias, de comércio ou serviço.

O terreno escolhido fica localizado no Jardim Pa-

norama, entre as ruas Armando Petrella, Pedro Avancine, Contos Azuis e Professor Simão Faiguenboim. Inserido na sub-prefeitura do Butantã, é conhecido por seus

A favela Jardim Panorama, que divide

muro com empreendimentos e casas grandiosas, conta com moradias de alvenaria e de madeira, o cenário do local impressiona pelo contraste.

Outro fato que colaborou com a escolha do ter-

reno foi a ligação da favela com o ambiente em que ela está inserida. Com pequenos comércios e restaurantes atendem a muitos funcionários dos prédios vizinhos, que vão almoçar por um preço bem mais em conta, contribuindo para a renda de quem ainda vive ali.

A

vulnerabilidade

encontrada

na

ocu-

pação fica evidente. A favela, que existe deste 1957, vem diminuindo ao longo do tempo.29

grandiosos apartamentos residenciais e pelo luxuoso Parque Cidade Jardim. Entretanto, abriga ainda uma favela, de mesmo nome, em que moram hoje 400 famílias.

29 A favela do Parque Cidade Jardim: uma metáfora da São Paulo moderna. Disponível em: < http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/20/politica/1453318772_454529.html>. Acesso em: 05 de junho de 2016

111


7.2 Programa mínimo Como programa a ser seguido, o projeto contará com a previsão de empreendimentos associados ao térreo das moradias, atendendo a demanda por pequenos comércios, estacionamento e restaurantes já existentes hoje na favela, buscando manter e colaborar com a forma de renda dos moradores. O projeto dispõe ainda de creche, restaurante-escola e uma biblioteca/sala de leitura. Como um todo, serão previstas áreas de lazer e de convívio distribuídas ao longo do terreno, buscando atender a todos. Considerará questões acessíveis, incluindo a acessibilidade não só na habitação mas também na área externa, aumentando assim a inclusão social. O projeto da unidade dos apartamentos, realizados em container, mesmo podendo abranger diversas formas, neste caso, apresenta uma tipologia única, dotada das infraestruturas necessárias para uma residência, buscando promover uma boa qualidade de vida, incluindo as principais questões ergonômicas e de conforto ambiental.

112

Fig.72 Área de intervenção

Fig.73 Contraste entre a favela e o entorno


Conjunto Habitacional em Container

7.3 Levantamento de dados 7.3.1 Uso do solo e gabarito

O terreno localiza-se em uma área de ZEIS e próximo a regiões exclusivamente residenciais e de uso misto. Torna-se ideal por possuir relações diretas com os empreendimentos em volta, que encontram-se muito próximos ao terreno, como por exemplo. A projeto buscará incorporar este núcleo, hoje irregular, ao local onde está inserido. Com uma proposta vertical, mas que possui no máximo seis pavimentos, o edifício mantém relação com seu entorno.

Fig.74 Mapa de Zoneamento

Fig.75 Estudo de gabarito

Fig.76 Estudo de gabarito

113


7.3.2 Fluxograma e acessos O local possui três acessos, sendo dois deles em ruas com menor movimento. Há ainda pontos de ônibus dispostos na frente do terreno, facilitando o deslocamento dos moradores.

7.3.3 Levantamento fotográfico Fig.71 Estudo entorno

Fig.78 Estudo entorno

114

Fig.77 Estudo de fluxos e indicação de acessos

Fig.79 Estudo entorno


Conjunto Habitacional em Container

Fig.80 Acesso a favela Jd. Panorama

Fig.82 Terreno de implantação

Fig.81 Exterior da Favela

Fig.83 Barracos de madeira/ Contraste com o entorno

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7.4 Conjunto habitacional em container Projeto final O projeto final do conjunto habitacional buscou atender grande parte da demanda por habitação encontrada na favela do Jardim Panorama. Com uma implantação não linear, conta com oito blocos de habitações, estas, que possuem os térreos, compostos por pequenos comércios ou serviços. A proposta de inserção dos edifícios buscou interferir o mínimo possível no terreno em questão, tendo em vista sempre a diminuição os custos. Maquete eletrônica - Volumetria

116

Os blocos de habitação encaixam-se no terreno e utilizam de suas curvas de nível como apoio e também como respiro, já que possibilitam a criação de vazios, que deixam o todo mais leve. Ainda sobre redução de custos, o projeto aproveita-se do desnível do terreno e também incorpora o mesmo em sua circulação vertical. Com o objetivo de que que a grande maioria das habitações fossem acessíveis, todos os blocos se interligam por passarelas e rampas que tem como ponto de partida a cota de nível referente a do andar em questão. Todavia, encontram-se dispostas pelo conjunto escadas que permitem um deslocamento mais rápido.


Conjunto Habitacional em Container

Estudo Volumétrico de composição

A acessibilidade encontra-se também nos caminhos que percorrem o terreno. Por possuir declive acentuado, os mesmos são dispostos na diagonal, permitindo vencer as alturas, por tornarem-se mais longos e menos inclinados. O térreo dos oito blocos de habitação localizam-se em diferentes níveis do terreno, mas se encontram e tornam-se únicos em determinados andares,

garantindo uma unidade visual e mantendo a relação de vida em comunidade que os moradores sempre tiveram. As passarelas dispõe-se ao longo dos prédios e garantem esta interligação dos mesmo, contando ainda com espaços de parada para permitir o convívio, ou observar as praças e a paisagem do entorno. A implantação, assim como já afirmado, não é linear, os blocos são dispostos paralelos a

117


rua e também na diagonal. Desenvolvida não casualmente, além de garantir que os prédios se interligassem, o conforto ambiental foi o ponto chave para a determinação da mesma. Nenhum bloco encontra-se disposto com a fachada diretamente para Leste ou Oeste, áreas estas com insolação direta, difíceis de sombrear. Em sua grande maioria estão dispostas entre o Norte e o Sul, aproveitando as fachadas para áreas que necessitam de maior insolação, mas com raios solares mais amenos ou que precisam ser mais frescas.

Estudo área de lazer e circulação

118

Outro fator importante para a determinação da disposição dos blocos foi a criação de praças centrais, que também contribuem para o conforto, já que contam com áreas de vegetação e sombra, permitindo um local mais fresco e ventilado. O conforto ambiental torna-se primordial neste caso, por tratar-se de um objeto metálico que absorve bastante calor, para tanto, foram pensadas alternativas não apenas dentro das unidades, mas também no conjunto como um todo. Nas praças distribuídas pelo conjunto encontram-se “decks”, que atuam como elemento de parada, descanso e lazer. Por estar inserido em um terreno com grande declive, se fazem necessárias áreas de “platô” que permitem o respiro. As áreas de lazer, como quadras, horta e playground, encontra-se nas bordas do terreno, com o objetivo de estimular a interação entre os moradores do conjunto e seus vizinhos, garantindo uma maior integração do projeto ao local em que foi inserido, bem como estabelecendo uma relação entre os moradores da antiga comunidade com o entorno. Outro


Conjunto Habitacional em Container

ponto que reforça esta interação é o térreo livre, que sem grades e muros incorpora-se a cidade e permitem acesso por todas as ruas que rodeiam o terreno. Foi explorado no projeto também o uso da cor. Através de uma paleta de azuis, foi criado um degradê, sendo o mais escuro no térreo e clareando de forma à acompanhar a verticalidade. A opção pelo uso da cor, se deu tanto pela manutenção da identidade dos container, originalmente coloridos , como também para contribuir para a unidade do todo. Os tons

Tem sua estrutura composta por elementos metálicos, sendo estes vigas e pilares em “H” e passarelas que se sobrepoem às coberturas dos container De toda forma os containers sobrepostos estruturam-se sozinhos, podendo aguentar vários andares sem nenhum reforço estrutural, entretanto, como foram realizados recortes nas paredes externas e o conjunto apresenta balanços de diferentes tamanhos, foi necessário a inserção destes reforços estruturais.

de azul, assim como determinados andares do container se encontram e criam uma unidade visual que garante outra interpretação do projeto como um todo. Croqui - Estudo paleta de cores

Composição estrutural

119


Planta c ota 7 29 120


Conjunto Habitacional em Container

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Planta c ota 7 32 122


Conjunto Habitacional em Container

123


Plan ta c ota 736 124


Conjunto Habitacional em Container

125


Planta c ota 7 39 126


Conjunto Habitacional em Container

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P lanta c ota 742 128


Conjunto Habitacional em Container

129


Planta c ota 7 45 130


Conjunto Habitacional em Container

131


Planta c ota 7 48 132


Conjunto Habitacional em Container

133


Planta c ota 7 51 134


Conjunto Habitacional em Container

135


Planta c ota 7 54 136


Conjunto Habitacional em Container

137


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Conjunto Habitacional em Container

c o rte aa 139


140


Conjunto Habitacional em Container

c orte bb 141


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Conjunto Habitacional em Container

c orte c c 143


O projeto conta ainda com o desenvolvimento do layout e infraestrutura dos apartamentos. Dispondo de dois containers cada unidade, os mesmo encontram-se paralelos um ao outro, e formam uma residência de 57m².

Planta Humanizada Nas unidades foram previstas todas as necessidades básicas de um morador, e conta como sala de estar, jantar, lavanderia, cozinha, banheiro e dois quartos. As paredes internas são compostas por chapas, por tanto, o layout permite alterações e pode ser adaptado a qualquer tipo de família, sendo esta maior ou menor, podendo adaptar-se também as necessidades de um deficiente físico ou um morador com mobilidade reduzida.

144

A disposição dos ambientes foram pensadas para garantir o conforto do usuário. Mesmo que encontrando-se dentro de um container, conta com espaços amplos e de fácil acesso, garantindo um fluxo fácil e intuitivo, que assim como visto anteriormente, garante a inclusão e o desenho universal, podendo ser facilmente adaptado à um deficiente visual por exemplo. O conforto ambiental dentro das unidades foi pensado de diversas formas. Todas as unidades contam com um forro rebaixado e recuado a 10cm das paredes internas do container, sendo que neste rebaixo encontra-se uma grelha que permite a entrada de ar. Este artifício foi utilizado para garantir a ventilação cruzada, e resfriamento dos ambientes, estabelecendo a manutenção de uma temperatura mais amena dentro da residência.

Vista externa apartamento


Conjunto Habitacional em Container

bém foi incorporado ao projeto. Instalado na cobertura dos últimos blocos, garante que as coberturas não tenham contato direto com o sol, permitindo o resfriamento da mesma e do ambiente como um todo, já que os raios solares não entram em contato direto com o metal, estabelecendo uma temperatura mais amena.

Detalhe construtivo

Outra técnica utilizada para garantir o confor- Fig.84 Composição placa Tetra Pak to interno foi a utilização de placas feitas de Tetra Pak O projeto do apartamento como um todo bus(fig.84), que além de sustentáveis por serem reutili- cou a alternativa do container como uma forma de bazadas, são extremamente resistentes e diminuem até ratear sua construção, entretanto, tendo sempre como 60% a temperatura do ambiente, além de servirem premissa o conforto e bem estar o usuário, procurando como um bom isolante acústico28. O teto verde tam- dar “uma cara de lar” para um objeto tão industrial.

28 Placa ecológica Tetra Pak Disponível em: < http://www.ecopex.com.br/telhas-e-placas/placa-ecologica-tetra-pak/>. Acesso em: 05 de setembro de 2016

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PLANTA LAYOUT

146


Conjunto Habitacional em Container

PLANTA LAYOUT - ACESSĂ?VEL

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PLANTA PISO

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Conjunto Habitacional em Container

CORTE AA

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TELHADO VERDE

CANO DE EXAUSTÃO DO BANHEIRO

CORTE BB

PLACAS ECOLÓGICAS TETRA PAK TUBULAÇÃO APARENTE

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Conjunto Habitacional em Container

Vistas Internas

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Vistas Internas

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Conjunto Habitacional em Container

Vista Interna

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Conjunto Habitacional em Container

Conclusão A escolha do tema e o desenvolvimento do projeto tiveram como objetivo discutir a inserção de novas tipologias e técnicas construtivas nas habitações de cunho popular. O estudo buscou explorar estas técnicas e como poderiam ser inseridas nos projetos destinado a baixa renda, mantendo qualidade e podendo proporcionar maior rapidez e custo benefício. De toda forma, durante todo o desenvolvimento do conjunto, buscou-se atrelar as questões da demanda habitacional de São Paulo à necessidade de soluções criativas, que pudessem vir a favorecer este mercado. A discussão sobre o déficit habitacional, reinserção dos moradores das favelas e identidade territorial esteve presente tanto na fundamentação teórica quando no projeto em questão. Incorporaram-se todos os elementos pertinentes discutidos durante a pesquisa ao conjunto habitacional, respondendo assim algumas inquietações geradas durante o processo de desenvolvimento.

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8. b i b l i o g r af i a


Conjunto Habitacional em Container

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BONDUKI, na,

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inquilinato

e

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habitação da

casa

social própria.

no São

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Estação

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