SEMINÁRIO DE TOXICOLOGIA CIAVE Centro de Antiveneno da Bahia Salvador
30 de Agosto/2010
“Acidentes por Escorpiões e Aranhas: Diagnóstico e Tratamento” Francisco Oscar de Siqueira França e-mail: fosfranca@gmail.gov.br Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HC da FMUSP
Biologia dos escorpiões Classificação: • Filo Arthropoda • Classe Arachnida • Ordem Scorpiones (18 famílias) Características gerais: • 400 milhões de anos • Mais de 1500 sp conhecidas (no Brasil, 160 espécies) • Habitat terrestre: florestas tropicais, subtropicais, savana, florestas temperadas, cavernas • Atividade noturna • Baixa taxa metabólica • Visão pouco desenvolvida; Adaptação de órgãos sensoriais para captação de vibrações do ambiente • Alimentação carnívora • Reprodução vivípara
Morfologia do Escorpião
• • • •
Carapaça (prossoma) tronco (mesossoma) Cauda (metassoma) Telson e espinho sob o ferrão
Anatomia externa do escorpião
Epidemiology of scorpionism: A global appraisal P. Chippaux, M. Goyffon.
Acta Tropica 107 (2008) 71–79
Escorpionismo no mundo
(J.‐P. Chippaux, M. Goyffon, 2008)
Espécies de escorpião de importância médica (Família Buthidae)
(J.‐P. Chippaux, M. Goyffon, 2008)
Considerações gerais •
Principais regiões: Norte da África, Sul da África, Oriente Médio, Sul da Índia, México e sul da América Latina;
•
Acidentes ocorrem principalmente durante o verão, à noite e em casa;
•
Condições climáticas como lugares secos e quentes representam fatores de risco;
•
Representa um risco para quase 2 bilhões de pessoas;
•
Mais de 1,2 milhão de acidentes por escorpião ocorrem anualmente;
•
Taxa de óbito: 0,27 %
•
Tratamento com antiveneno diminuiu significativamente a mortalidade;
•
Principais vítimas: Adultos
•
Severidade maior em crianças: Alta mortalidade
Oriente Médio Turquia: • 36 acidentes por 100 mil habitantes; •
Mortalidade anual: 0,01 por 100 mil habitantes.
Leiurus quinquestriatus
Arábia Saudita: • 90 acidentes por 100 mil habitantes •
Mortalidade anual é de 0,0013 por 100 mil habitantes
A. crassicauda
América do Norte
Centruroides sculpturatus
Arizona: • 15.000 a 16.000 chamadas por ano; • 70% das vítimas são maiores de 19 anos; • 56% mulheres • 94% dos acidentes ocorrem em casa e 88% não necessitam de internação; • 22 acidentes por 100 mil habitantes; • Mortalidade é menor que 0,0002 por 100 mil habitantes
América Latina México: • 11 espécies importantes; • 200.000 picadas de escorpião suspeitas; • 53 % dos casos apresentam quadros sistêmicos; • Mortalidade anual: 0,07 por 100 mil habitantes
C. limpidus
Colômbia: • 5 acidentes por 100 mil habitantes • Baixa mortalidade: uso de antivenenos em casos graves • 32 % das vítimas: crianças Tityus pachyurus
Venezuela: • O escorpionismo cobre todo o norte do país; • 40 acidentes por 100 mil habitantes; • 0,04 por 100 mil habitantes; Tityus caripitensis
Tityus discrepans
Acidentes por Escorpi천es no Brasil
Escorpionismo no Brasil Principais agentes de importância médica: • T. serrulatus • T. stigmurus • T. bahiensis • T. paraensis (obscurus)
Escorpionismo no Brasil
Tityus cambridgei
Tityus metuendus Tityus stigmurus
Tityus bahiensis Tityus serrulatus
Escorpionismo no Brasil (Gênero Tityus)
T. obscurus
T. stigmurus
T. serrulatus
T. bahiensis
Scorpions, Scorpionism, Life History Strategies and Parthenogenesis
- Partenogênese do T. serrulatus expande a distribuição da espécie para o Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste.
W.R. LOURENÇO, O. CUELLAR. J. Venom. Anim. Toxins vol. 1 n. 2 Botucatu 1995.
Acidente por Tityus serrulatus e suas implicações epidemiológicas no Rio Grande do Sul Encontro de T. serrulatus no Rio Grande do Sul.
João Batista Torres, Maria da Graça Boucinha Marques, Rodrigo Klafke Martini e Cássio Vinícius Aguiar Borges Rev Saúde Pública 2002;36(5):631-3.
Características epidemiológicas dos acidentes escorpiônicos ¾ Sazonalidade: varia de acordo com a região estudada ¾ Procedência: tendência maior na zona urbana ¾ Tempo picada – atendimento: início precoce dos sintomas ¾ Gravidade: maior por acidente por T.serrulatus maior em crianças
Escorpionismo Distribuição Segundo Procedência IGN.: 6.8% RURAL 25.9%
URBANO 67.3%
DIV. ZOONOSES/ CVE SP - 1995
Acidentes escorpi么nicos notificados no Brasil 1988 a 1999 UF
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
Brasil
3.198
3.802
4.495
5.262
7.134
8.081
8.093
8.113
6.124
5.159
6.191
9.548
9
29
31
90
73
153
149
244
322
303
362
510
NE
563
608
899
1.43
1.702
2.792
2.523
2.514
1.498
1.100
1.231
4.147
SE
2.968
2.911
3.266
3.675
4.754
4.497
5.038
4.890
3.686
2.868
3.741
4.055
94
115
140
267
308
308
201
267
340
278
312
331
107
139
159
187
297
331
182
198
278
610
545
505
N
S CO
12.000 10.000
Brasil
8.000 6.000 4.000 2.000 0 1988 1989 1990 1991 1992 1993
1994 1995 1996 1997 1998 1999
Notificações de Acidentes por animais peçonhentos no Brasil (2000‐2009) 2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
Ign/Branco
12
1
2
2
4
2
30
6.356
6.367
5.431
18.207
Serpente
29
4
4
6
8
8
148
27.029
26.792
21.446
75.474
Aranha
30
4
5
1
4
6
118
22.836
21.202
1.7147
61.353
Escorpião
51
7
6
3
16
15
123
37.440
38.805
33.834
110.300
Lagarta
4
0
1
0
1
2
15
3.305
3.907
3.286
10.521
Abelha
7
1
1
0
3
3
47
5.386
5.744
4.574
15.766
133
17
19
12
36
36
481
102.352
102.817
8.5718
291.621
Total
Total
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Notificações por tipo de acidente e por sexo no Brasil (2000‐2009) 100% 90% 80% 70% 60% Feminino
50%
Masculino
40% 30% 20% 10% 0% Serpente
Aranha
Escorpião
Lagarta
Abelha
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Acidentes por escorpiões por regiões do Brasil (2000‐2009) 110.332 casos relatados
3.972; 4% 2.656; 2%
6.137; 6% Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
44.137; 40% 53.430; 48%
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Tempo de atendimento após o acidente por escorpião no Brasil (2000‐2009) 50000 45000 40000 35000 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0 as as as as as as co r r r r r r n ho ho ho ho ho ho ra B 4 + 2 6 3 1 1 2 n/ e a a a a a 4 3 1 0 Ig 2 2 6 1
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Acidentes por escorpião por faixa etária no Brasil (2000‐ 2009) 40000 35000 30000 25000 20000 15000 10000
Em branco/IGN <1 Ano 1a4 5a9 10 a 14 15 a 19 20 a 39 40 a 59 60 a 64 65 a 69 70 a 79 ≥ 80
5000 0
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Acidentes por escorpião por faixa etária no Brasil (2000‐ 2009) 40000 35000 30000 25000 20000 15000 10000
Em branco/IGN <1 Ano 1a4 5a9 10 a 14 15 a 19 20 a 39 40 a 59 60 a 64 65 a 69 70 a 79 ≥ 80
5000 0
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Escorpionismo Regiões Anatômicas Atingidas (HVB -SP/88-93 # 2425 Casos)
Maõs: 45,1%
Pés: 28,7% (HC-FMRP-USP/1982-1998)
Escorpionismo no Brasil (90-93) FAIXA ETÁRIA (ANOS)
No CASOS
No ÓBITOS
%
<1 1-4 5-14 15-24 25-49 >50
99 1964 5094 4024 6579 2500 4566 24826
4 44 79 11 3 2 143
2.8 30.8 55.2 7.7 2.1 0.0 1.4 100
NÃO INFORMADO
TOTAL LETALIDADE: 0.6 %
MS/FNS
Envenenamento por Tityus stigmurus (Scorpiones; Buthidae) no Estado da Bahia, Brasil -
237 casos confirmados Quadro local, basicamente Dor: 94,4% dos casos Vômitos: 4,4% dos casos 94% dos casos: leves 51,1% dos casos: por T. stigmurus Outras espécies no Estado da Bahia: T. stigmurus (principal agente etiológico), T. serrulatus, T. brazilae, T. neglectus, T. mattogrossensis, Rhopalurus rochae, R. acromelas. - Nenhum óbito
Rejâne Maria Lira-da-Silva, Andréa Monteiro de Amorim e Tania Kobler Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 33(3):239-245, mai-jun, 2000.
BAHIA • Acidentes Escorpiônicos: 17% do total de casos do País em 2009. -
2003: 4.055 2004: 4.469 2005: 6.110 2006: 6.003 2007: 5.836 2008: 6.100 (11 óbitos) 2009: 8.978*
* Dados preliminares
Fonte: SINAN/SVS/MS
Mecanismo de ação do veneno escorpiônico Ativação de canais de Na+
Despolarização de terminações nervosas: •Sensitivas •Motoras •SNA
Simpático Parassimpático
Composição dos venenos: • Proteínas e peptídeos
NEUROTOXINAS
agem em canais iônicos Na+, K+, Cl‐ e Ca2+
presentes nas terminações nervosas e nas membranas de células excitáveis ou não
• α toxina: inibe inativação do canal • β toxina: induz abertura do canal Goyffon et al. 2008 / Arantes et al. 2009
Veneno de Tityus serrulatus (TsV): De Matos et al., 2001
degranulação de mástócitos.
Coelho et al., 2007
liberação de PAF, KC e ativação do receptor CXCR2 migração de NEUTRÓFILOS
Bertazzi et al., 2003, 2005
Petricevich et al., 2007, 2008
ativação do sistema complemento e liberação de anafilotoxinas (C3a, C4a e C5a). atividade imunomoduladora ativação de MACRÓFAGOS
liberação de citocinas pró‐inflamatórias : IL‐1α, IL‐1β, IL‐6 e TNF‐α; liberação citocina anti‐inflamatória : IL‐10; reativos do oxigênio: NO e H2O2.
Outros componentes:
ENZIMAS
também estão envolvidas no mecanismo de ação do veneno.
Tan & Ponnudurai, 1992
proteases presentes nos venenos de diferentes gêneros de escorpião.
Possani et al., 1977
hialuronidase presente em veneno de Tityus serrulatus.
Almeida et al., 2002
atividade gelatinolítica
Bertazzi, 2007
Tityus bahiensis Tityus serrulatus
veneno deTityus serrulatus contém proteases capazes de ativar o sistema complemento.
Scorpion Venomand the Inflammatory Response -
Extensa revisão
-
Composição do veneno escorpiônico: mucopolissárides, hialuronidase, fosfolipase, serotonina, histamina, inibidores enzimáticos, pequenas proteínas e peptídeos neurotóxicos.
-
Peptídeos neurotóxicos atuam em canais iônicos voltagem dependente, particularmente de Na, mas também de K e Ca.
-
As toxinas que atuam sobre os canais de Na podem ser Alfa ou Beta: Induzem o prolongamento do potencial de ação e ou retardam a inativação dos canais de Na.
-
Tityustoxina 1, importante componente do veneno de T. serrulatus, é uma Beta toxina.
-
Abertura de canais de sódio é acompanhado pela entrada deCa nas células e bloqueio dos canais de K ativados pelo Ca resultando em hiperkalemia e liberação de catecolaminas.
-
Há, também, aumento de glucagon, cortisol e angiotensina.
-
Papel das citocinas inflamatórias no quadro de Síndrome Inflamatória da Resposta Sistêmica: altos níveis séricos e em tecidos de FNT alfa, IL-1, IL-6, IFN gama.
-
A tempestade inflamatória pode resultar na disfunção de múltiplos órgãos e sistemas.
-
Papel do balanço entre citocinas inflamatórias e a indução de uma contraresposta antiinflamatória irá definir a evolução do envenenamento escorpiônico
Vera L. Petricevich Mediators of Inflammation. V. 2010, Article ID 903295,
Sinais e sintomas causados pelo veneno: Abertura de canais iônicos
liberação de neurotransmissores (catecolaminas)
hiperatividade simpática e parassimpática (estímulos adrenérgicos e colinérgicos) Órgão efetor
Estímulos simpático (Adrenalina)
Estímulos parassimpáticos (Acetilcolina)
Olho
Midríase
Miose
Glândulas
Sudorese
Aumento secreção nasal, lacrimal, salivar, brônquica e pancreática
Coração /arteríolas
Aumento da freqüência cardíaca periférica, arritmia ventricular
Diminuição da freqüência cardíaca, parada vagal, vasodilatação
Pulmão
Relaxamento da musculatura brônquica
Broncoconstricção, aumento da produção de muco
Trato gastrointestinal
Pele
Aumento da motilidade, da secreção pancreática e diminuição do tônus dos esfíncteres
Palidez, piloereção
Genitais
Priapismo
Músculo
Tremores, contrações
SNC
Ansiedade, tremores, estimula a respiração
Excitação ou inibição
Efeitos Metabólicos
Aumento da glicemia, do ác. Lático e do consumo de oxigênio, diminuição da potassemia
Aumento da amilase
Medula adrenal
Animais Peçonhentos no Brasil, 2009
Aumento da secreção de adrenalina e noradrenalina
Disfunção miocárdica: • Excesso de catecolaminas; • Aumento da demanda de O2; • Liberação de mediadores inflamatórios.
Isquemia miocárdica
Edema agudo de pulmão: • Cardiogênica: aumento da pressão hidrostática extravasamento de líquido = edema • Não cardiogênica:
9 Ativação do sistema complemento; 9 Liberação de citocinas; 9 Ativação do sistema calicreína‐cinina.
Fukuhara et al.,2003; D’Suze et al., 2003; Addel‐Haleem et al., 2006 Pacientes severamente envenenados
IL‐1β / IL‐6 / IL‐8 / TNF‐α
Análise de variáveis relacionadas à evolução letal do escorpionismo em crianças e adolescentes no estado de Minas Gerais no período de 2001 a 2005 -
14.406 casos Maior letalidade na faixa etária de 1-4 anos (24,36 vezes maior quando comparada à de 1519 anos). A letalidade é 8,77 vezes maior nos atendidos entre 6 e 12 horas, quando comparados aos atendidos na primeira hora. Para cada hora de aumento do tempo, até o primeiro atendimento: acréscimo de 9% na razão de chance de evolução para óbito. A razão de chance (RC) de evoluir para óbito do grupo grave foi 46 vezes maior que nos grupos leve e moderado. RC de evoluir para óbito, nos pacientes hipotensos: 2,7 vezes maior que naqueles que não apresentavam hipotensão à admissão. Para cada ano a menos na idade do paciente: aumento de 13% na RC de evolução para óbito. A RC do paciente com insuficiência respiratória à admissão evoluir para óbito foi 6 vezes maior que a do paciente sem esse sintoma.
Cláudia M. N. Guerra, Luís F. A. Carvalho, Enrico A. Colosimo, Heliane B. M. Freire. Jornal de Pediatria. Vol. 84, Nº 6, 2008.
Escorpionismo em crianças e adolescentes: aspectos clínicos e epidemiológicos de pacientes hospitalizados -
325 prontuários. Estudo retrospectivo Ausência de dor Sonolência Intervalo maior que 3 horas entre a picada e a chegada no hospital com fatores de pior prognóstico - 325 prontuários. - Estudo retrospectivo
Fátima Maria Barbosa Horta, Antônio Prates Caldeira, Janer Aparecida S. Sares. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 40(3):351-353, mai-jun, 2007.
Avaliação da Perfusão e Função Miocárdicas em Vítimas de Escorpionismo Utilizando o GatedSPECT - O déficit de perfusão e da função miocárdica, por espasmo da microcirculação coronária, fortalece a hipótese de que isto se deve, provavelmente, à hiperestimulação adrenérgica. - Comprometimento tardio da função miocárdica?
Alexandre Baldini de Figueiredo, Palmira Cupo, Antônio O. Pintya, Fábio Caligaris, José A. Marin-Neto, Sylvia E. Hering, Marcus Vinicius Simões Arq Bras Cardiol 2010;94(4): 444-451.
Escorpionismo Achados Clínicos Mais Frequentes Pacientes UTI (N= 33) HIPERTENSÃO HIPOTENSÃO SIALORRÉIA EAP ICC HIPERTERMIA SUDORESE AGITAÇÃO TAQUIPNÉIA TAQUICARDIA DOR VÔMITO
0% AMARAL, CFS & REZENDE, NA:1990
20%
40%
60%
80%
100%
Dor, eritema discreto e sudorese local
Escorpionismo grave: edema agudo de pulm達o
Espino‐Solis, 2009
Escorpionismo - Quadro Clínico CLASSIFICAÇÃO LEVE
MODERADO
GRAVE
QUADRO CLÍNICO Dor, eritema, sudorese local Alterações locais + sistêmicas: Agitação, sonolência, sudorese, náuseas, vômitos, hipertensão arterial, taquicardia, taquipnéia. Vômitos profusos, sialorréia, sudorese profusa, agitação, tremores, espasmos musculares, bradicardia, bradipnéia, alterações de ECG, EAP, ICC, choque
Escorpionismo Gravidade
Cupo et al., FMRP-USP (N: 7.880) Lira da Silva et al., 2000. (N: 237) Salvador
LEVE
MODERADO
GRAVE
97%
1,3%
1,7%
94%
4.0%
2.0%
Escorpionismo: quadro clínico, tratamento e freqüência dos acidentes quanto à gravidade CLASSIFICAÇÃO
LEVE (97%)
MODERADO (1,3%)
GRAVE (1,7%)
QUADRO CLÍNICO
Tratamento
Dor, eritema, sudorese local
Sintomáticos
Alterações locais + sistêmicas: Agitação, sonolência, sudorese, náuseas, vômitos, hipertensão arterial, taquicardia, taquipnéia.
SAE ou SAA
Vômitos profusos, sialorréia, sudorese profusa, agitação, tremores, espasmos musculares, bradicardia, bradipnéia, alterações de ECG, EAP, ICC, choque
SAE ou SAA
2 - 3 amp. EV
4 - 6 amp.EV
Antivenom for Critically Ill Children with Neurotoxicity from Scorpion Stings - Melhora rápida dos fenômenos neurotóxicos após a soroterapia específica e neutralização da venenemia.
Leslie V. Boyer, Andreas A. Theodorou, Robert A. Berg, Joanne Mallie, the Arizona Envenomation Investigators, Ariana Chávez-Méndez, Walter GarcíaUbbelohde, Stephen Hardiman, Alejandro Alagón. N Engl J Med 360;20, may 14, 2009.
Manual de Controle de Escorpiões - Excelente referência sobre identificação e controle de escorpiões no Brasil - Disponível on line
Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Brasília/DF, 2009. série B. textos Básicos de Saúde.
Prevenção dos acidentes por escorpião
• Manter a casa limpa, evitando acúmulo de lixo • Cuidado ao manusear tijolos, blocos e outros materiais de construção • Tampar buracos e frestas de paredes, janelas, portas e rodapés • Sacudir roupas, sapatos e toalhas antes de usar • Verificar a roupa de cama antes de deitar, afastando a cama da parede • Preservar os predadores naturais (sapos e galinhas) dos escorpiões
Instituto Butantan Hospital Vital Brazil
â&#x20AC;&#x153;Acidentes por Aranhasâ&#x20AC;?
Araneísmo Aranhas de importância médica no Brasil • Phoneutria • Loxosceles • Latrodectus • Acidentes causados por Lycosa (aranha de jardim) e caranguejeiras são destituídas de maior importância.
ARANEISMO distribuição por gênero 1992 Phoneutria 27,0%
Não informado 29,9%
Loxosceles 36,6%
Brasil: 4.500 casos/ano 1,5 acidentes/100.000 hab
Outros 6,0%
Latrodectus 0,4%
ARANEISMO distribuição dos casos por região 1990-93
Gênero
N
NE
SE
S
CO
Phoneutria
1
6
2.885
1.912
5
Loxosceles
1
15
267
6224
5
Latrodectus
0
56
0
13
0
Epidemiologia • Segundo dados do Ministério da Saúde, ocorreram 90.558 acidentes em 2009 • 1ª : Escorpiões: 45.721 acidentes • 2ª: Serpentes: 22.763 acidentes • 3ª Aranhas: 18.687 acidentes • 4ª Lagartas: 3.387 acidentes • Total de óbitos: 309, sendo 103 por Escorpiões
ACIDENTES POR ARANHAS Número de casos notificados no Brasil, 1988-99 Região N NE SE S CO BR
88
90
5 62 1069 796 40 1972
92
94
96
99
13 80 1213 1649 24
11 179 1378 2869 71
50 214 1781 3504 80
57 126 1758 4498 77
52 157 1636 4902 112
2979
4508
5629
6516
6859
BAHIA • Acidentes por Aranhas: aproximadamente 8,0% do n° total de casos do País -
2003: 139 2004: 159 2005: 156 2006: 223 2007: 206 2008: 216 2009: 210*
* Dados preliminares
Fonte: SINAN/SVS/MS
Acidente por Phoneutria
Acidentes por Phoneutria: Região anatômica da picada
braço/antebraço: 4%
mão: 53% coxa/perna: 7%
pé: 33,5%
Acidentes por Phoneutria: Circunstâncias do Acidente CIRCUNSTÂNCIAS
N
%
Limpeza
127
38,4
Calçando
67
20,2
Manipulando frutas/legumes
53
18,4
Outros
73
22,1
Ignorado
3
0,9
331
100
Total
HVB
AÇÃO DO VENENO DE PHONEUTRIA Canais de Na+
despolarização de terminações nervosas
sensitivas
motoras
SNA
catelcolaminas Ach
Mecanismo de ação do veneno de Phoneutria Ativação de canais de Na+ Potencial limiar Potencial repouso
Na+
K+
Despolarização de terminações nervosas
sensitivas
motoras
SNA simpático parassimpático
Acidente Por Phoneutria Manifestaçþes locais observada em 330 pacientes HVB-IB Sinal/sintoma
N
%
Dor
317
96,1
Edema
205
62,2
Eritema
161
48,8
Sudorese
25
7,5
Acidente por Phoneutria: Manifestações sistêmicas segundo idade Manifestação Clínica
<15 anos (N:24)
>16 anos (N:18)
12
-
Sudorese generalizada
8
9
Vôimitos
8
1
Tremores
3
7
Agitação
5
-
Sialorréia
4
2
Sonolência
3
-
Arritmia cardíaca
1
-
Apnéia
1
-
Hipotensão/choque
3
2
Hipertensão
-
6
Náuseas
-
2
Tontura
-
3
Edema agudo pulmão
1
-
Priapismo
(HVB/89-98)
ACIDENTE POR PHONEUTRIA: QUADRO CLÍNICO GRAVIDADE
LEVE
MODERADO
GRAVE
QUADRO LOCAL DOR, EDEMA ERITEMA, SUDORESE
DOR, EDEMA ERITEMA, SUDORESE
DOR, EDEMA ERITEMA, SUDORESE
QUADRO SISTÊMICO
TAQUICARDIA, HIPERT. ARTER., VÔMITOS SIALORRÉIA, SUDORESE PRIAPISMO. BRADICARIDA, HIPOTENSÃO DIARRÉIA, ARRITMIA CARD. EAP, ICC, CHOQUE
ACIDENTES POR PHONEUTRIA TRATAMENTO sem tratamento 24,1%
bloqueio 3x e+ 2,2% bloqueio 2x 9,6%
bloqueio 1x 64,1% sim 3,4% n達o 96,6%
Acidente por Phoneutria Tratamento GRAVIDADE
TRATAMENTO GERAL
TRATAMENTO ESPECÍFICO
LEVE
ANALGESIA OBSERVAÇÃO
MODERADO
ANALGESIA INTERNAÇÃO
2-4 AMPOLAS SAA
GRAVE
ANALGESIA UTI
5-10 AMPOLAS SAA
Acidentes por Phoneutria Tratamento
sem tratamento 24,1%
bloqueio 3x e+ 2,2% bloqueio 2x 9,6%
bloqueio 1x 64,1% sim 3,4% n達o 96,6%
Acidente por Loxosceles
DISTRIBUIÇÃO DE LOXOSCELES NO BRASIL
L. gaucho L. amazonica
L. laeta L. intermedia
Sazonalidade do Loxoscelismo em S達o Paulo
Jan Fev
Fonte: HVB, 1970-80
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov Dez
LOXOSCELISMO DISTRIBUIÇÃO POR SEXO E GRUPO ETÁRIO masc
50
40
30
20
10
0 <10a
Fonte: HVB, 1985-94
10-19a
20-29a
30-39a
40-49a
50-59a
60-69a
70a e+
fem
Loxoscelismo em SĂŁo Paulo ProcedĂŞncia e intervalo entre picada e atendimento 72h e+ 13,6%
zona urbana 81,4%
48-72h 24,2% 24-48h 27,3% 12-24h
zona rural 18,6%
Fonte: HVB, 1986-94
18,2% <12h 16,7%
Loxoscelismo em São Paulo Região anatõmica da picada cabeça/pescoço: 8% braço: 17% tronco: 12% mão/antebraço: 8,5% coxa: 36% perna/pé: 16%
LOXOSCELISMO EM SÃO PAULO: PROCEDÊNCIA E INTERVALO ENTRE PICADA E ATENDIMENTO
72h e+ 13,6%
zona urbana 81,4%
48-72h 24,2% 24-48h 27,3% 12-24h
zona rural 18,6%
Fonte: HVB, 1986-94
18,2% <12h 16,7%
Loxoscelismo Formas Clínicas MANIFESTAÇÕES GERAIS CUTÂNEA
- edema local endurado
• febre • mal-estar • exantema
- dor local - equimose, isquemia - vesícula, bolha - necrose
CUTÂNEO-VISCERAL - hemólise intravascular - CIVD - IRA
COMPONENTES DO VENENO DE LOXOSCELES
• Fosfatase alcalina
• 5 Ribonucleotídeo fosfohidrolase • Hialuronidase • Esfingomielinase D
VENENO DE LOXOSCELES: AÇÕES
• Eritrócito;
• Plaqueta; • Célula endotelial; • Complemento; • Neutrófilo; • TNF-α / IL-6 / IL-10 / Óxido Nítrico
LOXOSCELISMO: FORMAS CLÍNICAS
MANIFESTAÇÕES GERAIS CUTÂNEA
- edema local endurado
• febre • mal-estar • exantema
- dor local - equimose, isquemia - vesícula, bolha - necrose
CUTÂNEO-VISCERAL - hemólise intravascular - CIVD - IRA
LOXOSCELISMO COMPARAÇÃO em SP, PR e SC Local
HVB-SP 1985-94 UBS-AS Curitiba 1994 CIT Floripa 1984-96
Casos/ ano
% forma cutânea
% forma cutâneovisceral
% soro terapia
letalidade
agente
37
97
3
70
0,3
l. gaucho
456
97
3
3
0,0
L. intermedia
22
87
13
47
1,5
L. laeta
FORMA EDEMATOSA DA FACE.
Exantema escarlatiniforme
IcterĂcia conjuntival
Loxoscelismo Tratamento CUTÂNEO
CUTÂNEO-VISCERAL
•
SAL: 5 amp.
•
SAL: 10 AMP.
•
CORTICÓIDE
•
CORTICÓIDE
•
DAPSONA
•
O2 HIPERBÁRICO
ACIDENTES POR LATRODECTUS
LATRODECTUS AÇÃO DO VENENO α-latrotoxina • Terminações nervosas sensitivas Æ dor • Sistema nervoso autônomo Æ mediadores adrenérgicos e colinérgicos • Pré-sinapse neuromuscular Æ alteração da permeabilidade Na+ e K+
ACIDENTE POR LATRODECTUS QUADRO CLÍNICO CLASSIFICAÇÃO
LEVE
MANIFESTAÇÕES - Local: dor, edema, sudorese - Dor MMII, parestesia membros,tremores, contraturas
MODERADO
Anteriores + Dor abdominal, sudorese generalizada, ansiedade/agitação, mialgia, dificuldade de deambulação, cefaléia, tontura, hipertermia
GRAVE
Todos acima e: Taqui/bradicardia, hipertensão arterial,taqui/dispnéia, náuseas/vômitos, priapismo, retenção urinária
ACIDENTE POR LATRODECTUS TRATAMENTO CLASSIFICAÇÃO
TRATAMENTO
LEVE
.Geral: analgésicos, gluconato de Ca++, observação
MODERADO
.Geral: analgésico, sedativos .Específico: SALatr 1 amp IM
GRAVE
.Geral: analgésico, sedativos .Específico: SALatr 1 a 2 amp IM
www.funasa.gov.br www.cve.saude.sp.gov.br
Instituto Butantan – Hospital Vital Brazil Av. Vital Brazil, 1500, Butantan, São Paulo-SP Tel.: 3726 7222 – 3726 7962