Caderno de registros do projeto "Cartografias Sensíveis para territórios expandidos" (2019)

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[Cartografias Sensíveis] Artistas, educadorxs, psicólogxs, terapeutas ocupacionais, cada um bem diferente do outro, movidos por interesses diversos de ação com espaços públicos, reunidos em torno de um processo de investigação e criação artística através da escuta de territórios.

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Uma ferramenta que possibilite uma escuta sensível, para a qual precisamos desaprender a ouvir, a ver e a falar. (Des)aprender: desconstruir o que já tínhamos aprendido até então, para abrir outras possibilidades para além do que já sabíamos. Ou o que achávamos que sabíamos.

[para Territórios Expandidos]


(Des)aprender a falar. Precisamos desconstruir os sentidos aprendidos das palavras, percebendo algo mais do que o nosso vocabulário usual consegue. Encontrar as palavras dentro das palavras, escrever usando parêntesis. Desaprisionar as coisas de suas d(en)ominações: tentar descrevê-las através não de seus nomes, mas de suas qualidades. Perceber que coisas com nomeações diferentes podem possuir qualidades semelhantes. Encontrar as qualidades dentro dos adjetivos. > Desafiador!

Qual a qualidade de “desafiador”?


(Des)aprender a ver. Fec podendo sim ver de out poros. Podendo-nĂŁo ver, maneira. E assim, mesmo


char os olhos para poder-nĂŁo ver o que jĂĄ estamos acostumados, tras formas - com as mĂŁos, os ouvidos, as narinas, todos os , podemos sim (des)ver. Fechar os olhos para abri-los de outra de olhos abertos, continuar enxergando para alĂŠm do evidente.


(Des)aprender a ouvir. Apurar a escuta. Perceber Entender como as coisas se potenciam ou se despotenciam Colocar em desequilĂ­brio - nossos corpos, nossos saberes. Fazer perguntas


Como os espaços afetam as práticas que neles acontecem?

Como entender o território em composição com seu entorno?

Como os corpos têm a potência de se apropriarem dos espaços, para além do que estes lhes impõem?

as diferentes posições que sustentam as com-posições. na relação compositiva, como num jogo de equilíbrio. . Provocar afirmações móveis e afirmar em movimento. que nos levam não a respostas, mas a outras perguntas.



Grandes avenidas, quarteirões amplos, pequenas ruelas de paralelepípedos com iluminação ambientada, praças imponentes, inúmeros espaços comerciais. Confluência de meios de transporte. Terminais cruzam fluxos de diferentes zonas, de dentro e de fora da cidade. CARTOGRAFIA SEXTA: rotativo, plural, agregador, confluente, compositivo, referencial, conector. Intenso fluxo movido pelo comércio. Des-encontros. Apesar dos espaços públicos bem estruturados, usos públicos pouco acontecem > corpos em situação de passagem, inibidos a permanecerem. [expulsão]

CENTRO

CARTOGRAFIA SÁBADO: agregador / segregador, seletivo, aglomerado, desviante, (in)seguro, ludicidade. Pouco habitado. [esvaziamento] Atividades de lazer e entretenimento organizadas em espaços privados e expandidas para os espaços públicos (calçadas e ruas). Corpos em ação de consumo contrastam com corpos desviantes “mangueando”. Agentes públicos garantem a sensação de (in)segurança. Em outro ponto do território cartografado, nesse dia com menos fluxos de carros, alguns corpos que desciam de um território vizinho pareciam à vontade para realizar práticas de diversão (brincadeiras).


EXPULSÃO: [Sexta] Forças reguladoras, espaços que não convidam ao “estar” e fluxos de passagem - essa composição inibe os corpos a permanecerem e realizarem práticas de uso público, direcionando-os para fora dos espaços públicos [A praça que não agrega corpos, serve para que(m)?] ESVAZIAMENTO: [Sábado] Esvaziamento de espaços públicos (praças) provocado por forças de atração. Forças geradas de dentro de espaços privados que incidem nos espaços públicos, agregando corpos em usos privados e íntimos como extensões dos espaços privados [Essas forças de atração, servem para que(m)?] PORTAL: Ponto de transição entre lugares, corpos e práticas distintas, a partir de materialidades e de situações que afetam os corpos > Ruas de paralelepípedos delimitam o centro histórico e o centro comercial Portais e umbrais determinam ritmos, identidades e territórios


Qualidades do nosso Nucleamento dos Cheios

Nucleamento dos Cheios Co-incidência de afetações cartografadas por mais de um participante durante as derivas no território. Não uma casualidade, mas situações e espaços que incidiram nelxs

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COMO TORNAR PÚBLICOS OS ESPAÇOS PÚBLICOS?

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UMBRAL: Zona de transição difusa onde as mudanças de práticas, corpos e lugares acontecem gradativamente > Atividades de lazer em bares incidindo sobre as vias públicas transicionam o contraste do preenchimento e esvaziamento no território


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AÇÃO

Corpos femininos com corporalidade corporalidade de guardador de ca frequentadores na porta de

Perguntas após a ação: > Que corpos participam de linhas de tensões que asseguram a (in)segurança? > Que tipos de corpos são identificados como geradores de insegurança? > As práticas públicas precisam de práticas privadas para se legitimar? > Até onde se estende a incidência do privado sobre o público?


e de sair para um bar. Um corpo masculino com arros. Os dois grupos tentam interagir com os um bar de samba que se estende atÊ a calçada

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Sab e o C res s nos entro obre que hab ant itava da m car es tog rafi a





MORRO DO SÃO BENTO

Ruas que se estreitam e calçadas que se desfazem. Largos, escadarias, becos, vielas, ladeiras se desenham na geografia do morro. A vida acontece no ritmo dessas materialidades. Crianças, famílias, cachorros, mesas de bar, bicicletas, motos, carros compartilham vias comuns de trânsito. CARTOGRAFIA SEXTA: agregador, familiar, colaborativo, estratégia, catalisador, proteção, escuta, emergencial, normalizador. Convívio familiar se estende para os espaços públicos. Corpos em prontidão. Estado de atenção / tensão. Vigia. Agentes públicos normalizadores.

CARTOGRAFIA SÁBADO: (com)viver, atraente, (entre)ter, (os)tentação, demarcador de territórios, fortaleza, atenção, normalizador, vigiante. Ao longo do território, ocupação familiar das ruas e vielas se intensifica ao cair da tarde: brincadeiras, pipas, conversas entre vizinhos, churrasco. Público e privado se diluem. Num espaço (mangueira), corpos se concentram em prática semanal de consumo e lazer > samba. Aparente agrupamento > fragmentação da ocupação do espaço público. Diferentes grupos (com)vivendo no mesmo espaço [(com)domínios], mas com (de)limitações internas / rachaduras [camadas]. Forte presença de agentes públicos normalizadores.


ZONAS: Grupos com identidades, corporalidades, interesses e ações distintas. Suas incidências (domínios) impõem ou compõem modos de se organizar / (com)viver. Interconectadas, sustentam a organização do território > (com)domínios CAMADAS: Microagrupamentos em fragmentos (rachaduras), embora permeáveis e transitáveis. Diferenças e divisões perceptíveis a uma observação mais atenta e próxima [Por que as rachaduras acontecem?] No Nucleamento, cartografamos as camadas da zona 1 > samba >> // CAMADA PÚBLICA: ZONA 1

Corpos diversos em aglomeração, de pé e transitando. Consumo de comércio informal ambulante. Ambiguidade: descontração e observação; relacional e impositiva. Atenção ao externo, filtra os acessos > reguladora // CAMADA PRIVADA: ZONA 1

Corpos ocupam mesas e cadeiras, móveis e fixas. Configuração de exclusividade. Consumo de comércio local privado // CAMADA ÍNTIMA: ZONA 1

“Roda” dos músicos. Corpos focados na apresentação circundam, protegem, regulam fluxos internos e preservam o acontecimento musical > samba


UMBRAL: Organizados por e organizadores de materialidades e corporalidades. Antecedem os portais. Filtram meios de locomoção, tipos de corpos que circulam

PORTAL: 3 portais delimitadores >> // Terreno mais íngreme e diluição das calçadas; menor trânsito de veículos e desaceleração de fluxos > “entrada” da comunidade // Vielas, becos, escadarias; carros não passam > largo de confluência, permanência e convivência social // Mudança de pavimentação; atividades de lazer x estado de espreita e atenção > área restrita implícita unta Perg riz mot ão ç da a

QUE(M) ORGANIZA OS (COM)DOMÍNIOS E AS RACHADURAS?

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AÇÃO

Grupo de corpos ofe Identificados visualmente por um garrafas “de casa”. Transitam e percebendo as rachaduras e tentand

A configuração espacial do Morro nos desafiou: nos perdemos e tivemos que refazer nosso mapa várias vezes. Fomos descobrindo novos becos e vielas a cada cartografia

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Perguntas após a ação: > Qual a relação de troca entre as rachaduras? > Por que a camada do público dá sensação de perigo? > A camada do público protege práticas e corpos? > Quem normaliza e quem é normalizado?

erecendo chá como dispositivo de relação. pano cor fúcsia, com bandejas, xícaras e penetram nas diferentes zonas e camadas, do estabelecer conexões entre os domínios

e obr s s que e r e Sab Morro aram it o hab és s o av n atr grafia to car da





IQUE DA VILA GILD

Última ponte. De um lado, vida de bairro: vizinhos sentados na calçada como extensão de casa, pequenos comércios, escolas públicas, áreas de lazer, conjuntos habitacionais > loteamento planejado. // Do outro, moradias aterradas se convertem em palafitas sobre o mangue. Becos e vielas persistem sobre o ritmo da maré. Estado de instabilidade: matérica, climático-ambiental e político-social. [(re)existência]. Vida de comunidade. CARTOGRAFIA SEXTA: homogêneo, mobilidade, pólo orbital, provedor cotidiano, referencial, protegido // inconcreto, improviso, multi-uso, (in)comum, agregador, conector, comum-unidade.

Sexta CARTOGRAFIA SÁBADO: segurança, e Sábado cuidado, hegemoniza, segrega, bastante lazer // com.partilhar, semelhantes. celebração, produção de Última Ponte > identidade, lúdico, portal divisor de (in)stável. identidades. De um lado, ruas e calçadas pouco habitadas > ocupação concentrada numa praça com serviços públicos e privados. Sensação de estabilidade > moradia urbanizada. // Do outro, corredores estreitos entre as moradias direcionam a convivência domiciliar e comunitária aos espaços públicos [áreas comuns]. Instabilidades > vigia e cuidado coletivo [produção de comum-unidade].


PORTAL: Ponto de ônibus, passagem para pedestres sobre córrego [Última Ponte], mudança na pavimentação e no tipo de moradia compõem o maior demarcador de transição cartografado. Distingue os dois lados do território: do bairro [‘de baixo’] e da comunidade [‘de cima’]. Demarca o espaço da produção de comum-unidade UMBRAL: Transição gradual da área urbanizada para as palafitas. Presença intensa de transporte público (ponto final de linhas de ônibus) > conexão com outras zonas da cidade e o trabalho. Ruas esvaziadas vão sendo preenchidas por corpos e práticas, e acesso de veículos se restringindo. Quarteirão extendido e esvaziado represa fluxos para suas extremidades, formando linha de transição composta por umbrais e portal ÁREA COMUM: Passagens estreitas (becos) que dão acesso às moradias nas palafitas impulsionam os corpos para espaços compartilhadados (ruas sem calçadas e pequenos largos), onde se abrigam práticas de convivência comum PRODUÇÃO DE COMUM-UNIDADE: Lugar de confluência e encontro, bate-papo e troca de informações, para ver e ser visto, vigia > crianças brincando, bares, futebol, paquera. Encontro das diferenças e semelhanças numa convivência para além do público > o Comum. Conector social que agrega práticas que produzem e reafirmam a identidade comunitária [comum-unidade]


Qualidades do nosso Nucleamento dos Cheios

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O QUE PROMOVE A COMUM-UNIDADE?

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As imagens desta AÇÃO são o nosso relato Um grupo de crianças se dispõe a nos levar até o mestre de capoeira. Não o encontrando em sua casa, começamos uma troca de brincadeiras [mancha / pega-pega]. O brincar entre crianças e adultos dissipa a sensação de (in)segurança e possibilita uma maior circulação no território. [Crianças promovem a comum-unidade] Durante a ação, surge um incêndio em uma moradia. Corpos reagem prontamente de forma coletiva. Logo o cotidiano é reestabelecido. [Incêndio promove a comum-unidade]

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AÇÃO

Grupo de bailarinos que se vestem de roupas pretas buscam na comunidade um mestre que apresente capoeira a um integrante estrangeiro

Perguntas após a ação: > Como as diversas instabilidades afetam os corpos? > Qual a relação entre resistência e (re)existência? > Como a (re)existência promove identidade? > Como levar a comum-unidade para os espaços públicos?


Sabe a Zo res sobr que na Noroe e nos hab ste ante itavam s da c arto grafi a

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Transversalidade Análise comparativa das informações nas diferentes cartografias, buscando aprofundar a compreensão. Em cada território, analisamos as cartografias de diferentes dias (sexta e sábado). Ao final, comparamos os mapas e as informações dos três territórios para compreender como eles se relacionam em semelhança, contraste ou composição, e traçar uma perspectiva transversal para a cidade

Afirmações móveis >> Centro x Periferia Centro x Cêntrico Centro > Zona central da cidade

Cêntrico > Modo hegemônico de organização e ocupação da cidade

Periferia x periférico

Periferia > Zona não central da cidade

Periférico > Modo não-hegemônico de organização e ocupação da cidade Corpos cêntricos x corpos periféricos Modos cêntricos x modos periféricos Periferia no Centro / Centro na periferia modo não-hegemônico de cidade Corpos periféricos no Centro Qualidades presentes emModos todoscêntricos os territórios na periferia periferias (bairros),

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TRANSVERSALIDADE

> Centro >> Praça [expandida] dos Andradas

Morro >> Morro do São Bento Zona Noroeste >> Dique da Vila Gilda es açõ e n i m d n)o ida D(e e a c tavam i r sob os hab s n e ant rafias que tog car s da

D(en ) sobr ominaçõe e s a ci que dade nos habi tara a m das través cart ogra fias

Comercial, residencial e domiciliar Diferenças do privado: Centro > privado > comercial Morro > privado > residencial Dique > privado > domiciliar

> Como se configura o cêntrico fora do Centro? > Como a diuição do modo cêntrico para o periférico influencia nos corpos e práticas? > O que faz os corpos serem lidos como cêntricos ou periféricos? > Como os corpos são lidos em cada território? > Quais corpos são periféricos em quais contextos?


Incidência do privado sobre o público > Como a ocupação ou esvaziamento dos espaços públicos é influenciada pelos espaços privados?

> Qual a natureza do privado em cada território? > De que formas o privado incide sobre o público?

Ruas e calçadas > Como a estruturação das vias públicas e dos espaços públicos influenciam em seus usos? > A existência de espaços públicos planejados e urbanizados convida a usos públicos?

Microterritórios

> Quais os microterritórios dentro dos territórios?

> Que(m) determina os microterritórios? > Qual a relação dos portais e umbrais com os microterritórios?

> Qual a rede de relações nos territórios que compõe os microterritórios?

PERGUNTAS

> Como as vias públicas e suas ocupações influenciam nos limites entre público e privado?


TRANSVERSAIS

Práticas agregadoras

> Como os corpos se agregam em cada território? > Quais tipos de usos há nos espaços públicos de cada território? > Quais as relações do público e do privado com as práticas agregadoras? > Como a configuração e gestão dos espaços públicos influem nas suas ocupações e usos?

Agentes normalizadores > Quais as formas de normalização?

> Quais as forças e os agentes normalizadores? > Agentes normalizadores são sempre agentes públicos?

> Como os agentes normalizadores atuam em cada território?

Produção de (in)segurançao

> Perigo para que(m)?

> Que(m) gera a sensação de segurança?

> Que(m) produz a (in)segurança?

> Para que(m) serve a (in)segurança?

> Como a (in)segurança é gerada em cada território?


O que há de comum entre locais aparentemente tão distantes e distintos de uma mesma cidade?

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O que acontece nos territórios para além do que os olhos conseguem ver?

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como as diferentes zonas compõem o tecido da cidade?

Quais usos há nos espaços públicos da cidade?

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Como os corpos criam possibilidades de habitar as especificidades geográficas?

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Como a geografia e o planejamento urbano influenciam a forma de ocupação dos territórios?

quais as semelhanças e diferenças das práticas agregadoras nos diferentes espaços públicos?

O que determina os fluxos dos corpos nos espaços públicos?


Cartografias Sensíveis para Territórios Expandidos foi um laboratório de pesquisa e criação de performances em espaços públicos realizado ao longo de três meses [31 de maio a 3 agosto de 2019] em diferentes zonas da cidade de Santos [Centro, Morros e Zona Noroeste] > SP / Brasil.

Projeto contemplado pela Prefeitura Municipal de Santos, Secretaria de Cultura Programa de Apoio Cultural FACULT – 2017 Idealização e coordenação: Lígia Azevedo e Santiago Cao Participantes: Diego Andrade, Elis Alonso, Ewald Cordeiro, Flávia Lima, Giovana Vilela, Júlia Dias, Leonardo Bacarini, Leticia Diez, Michelle Carneiro, Rafael Ruano, Silvia Dias, Sulamita Batista, Viviane Gorgatti, Tainah La Porta Fotos: Edvan Moteiro, David Santos, Nice Gonçalvez, Santiago Cao, Lígia Azevedo


Agradecimentos: Prefeitura de Santos / Secult, Cadeia Velha de Santos / AGEM, Sociedade de Melhoramentos do Morro do São Bento, Teatro Guarany, Instituto Arte no Dique, Instituto Procomum, Canal Oito de Dança



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