Filosofia_23

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estilo da escrita filosófica de Walter Benjamin (1892-1940) não é somente uma preferência metódica. é também a construção e representação de uma imagem que caracteriza a modernidade, a saber: a da fragmentação e da transitoriedade no mundo prosaico. Katia Muricy a nos diz que “experiência e linguagem são os dois grandes temas que estruturam a filosofia de Benjamin” (1998, p. 18). É claro que não se trata da linguagem no sentido que os analíticos usam, mas sim de uma ousada e inovadora proposta, que coloca a experiência vivida em primeiro plano. Ainda para Muricy, O ensaio, o fragmento, o aforismo – formas privilegiadas da descontinuidade – dão expressão em sua escrita ao ritmo intermitente que Benjamin reconhece como adequado ao pensamento, que volta, recomeça sempre e faz do desvio o seu método. (id. Ibidem.) Essa forma de interpretação do mundo e do pensamento é útil aos propósitos de Benjamin de resistir ao capitalismo e de oferecer um outro modelo de construção do conhecimento e das relações sociais. Assim, o termo “passagens”, na obra de Benjamin, tem sentido alegórico, isto é, não só diz como mostra um modelo de figuração da realidade que foge à linearidade lógico-positivista, pois, “a alegoria é uma escrita por imagens em que a fragmen-

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