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estruturas modulares

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De acordo com a realidade da região e da transitoriedade presente no meio rural, estabeleceu-se como mais adequado para a unidade escolar adotar uma arquitetura transitória. Não devemos confundir, entretanto, com uma arquitetura efêmera, o critério definidor para tanto não é sua durabilidade potencial, mas sua durabilidade real. Um assentamento rural pode ser contingente, mas propor a continuidade através de manutenções constantes, como também edifícios sólidos são demolidos em pouco tempo após esgotada sua finalidade. Dessa forma, a principal importância do caráter transitório da arquitetura nessa pesquisa é o fato de sua portabilidade, admitindo seu caráter móvel, de montagem, desmontagem e remontagem.

A utilização de componentes leves para o transporte torna-se outro ponto a ser requerido pelo projeto pelo difícil acesso aos assentamentos, geralmente por estradas carroçáveis de barro e distantes dos centros urbanos. Além disso, a distância dos centros urbanos dificulta a contratação de mão-de-obra especializada, portanto esses componentes devem ser passíveis de uma montagem manual e que se aproveite da mão-de-obra local, devendo portanto ser simplificadas. As distâncias e economia também nos sugerem utilização de materiais básicos abundantes na região.Além desses requisitos, não podemos negligenciar que estrutura física da unidade deve oferecer conforto aos usuários, com salas ventiladas e flexíveis ao tamanho das turmas.

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Assim sendo podemos elencar os seguintes atributos no modelo de unidade escolar que buscamos:

Uma das formas de alcançar tais metas é através da racionalização e industrialização da construção em conformidade com os princípios das coordenação modular. De acordo com Greven (2000), podemos entender a modulação como a ordenação dos espaços na construção civil através da repetição de um elemento base - o módulo - que determina a medida de referência a ser adotada, colaborando com a compatibilidade dos diversos elementos do projeto e tornando os demais processos do projeto - concepção e execução - mais simples.

• Controle do conforto ambiental • Resistência e durabilidade • Baixo custo de manutenção • Extensibilidade e adaptabilidade • Rapidez de execução

Ademais, a modulação projetual está fundamentalmente com a sua capacidade de expansão e flexibilização. Assim, o resultado projetual modular

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52 possui capacidade de multiplicação, podendo ser agrupado, formando módulos maiores e flexíveis de acordo com as condicionantes do projeto. Flexibilidade significa a negação absoluta de um ponto de vista fixo, definido. O plano flexível tem seu ponto de partida na certeza de que a solução correta não existe, já que o problema que requer solução está num estado permanente de fluxo é sempre temporário. A flexibilidade parece inerente à relatividade, mas, na verdade, está ligada apenas à incerteza, à falta de coragem em nos comprometermos e, portanto, a recusa da responsabilidade inevitavelmente ligada a cada ação que empreendemos. Hertzerberger, 1999: 147 Com relação a sustentabilidade, a escolha da modulação traz melhor rendimento dos componentes construtivos, e portanto, otimização de matérias-primas, de consumo energético, redução de resíduos e maior rapidez na execução. Todas as cadeias do ciclo projetual são envolvidas nesse processo, desde a matéria-prima empregada na fabricação até sua montagem e manutenção.

Com normas técnicas bem elaboradas seguidas por um eficiente sistema de certificação, os componentes passam por uma padronização dimensional, a partir da qual têm as mesmas características dimensionais, e por uma redução da variedade de tipos, mediante o emprego de medidas preferidas a serem escolhidas na série de medidas preferíveis. A produção dos componentes é seriada, e não mais sob medida. Mesmo sendo os componentes produzidos por indústrias diferentes, essas características asseguram a intercambialidade entre eles, pois passam a ser compatíveis entre si, em função de suas dimensões serem múltiplas do módulo decimétrico. Dessa forma, ruma-se à industrialização aberta.

Greven,2007: 34

A modulação promove a construtividade, ou seja, facilita e simplifica a etapa de execução, que passa a ser uma montagem tipificada, utilizando elementos padronizados e intercambiáveis, sem necessidade de cortes e utilização de mão de obra especializada, o que resulta em maior economia e redução do desperdício.

A modulação visa coordenar as medidas dos componentes de um edifício, estabelecendo flexibilidade de agregação de elementos e facilidade

de produção. A determinação de um módulo resulta que todos os componentes tenham suas proporções resolvidas pela divisão ou multiplicação de uma mesma unidade. Isso acarreta em maior harmonia entre os componentes e o total do edifício. Proporciona também o emprego de elementos da construção com pequenas adaptações locais, sem necessidade de alterações do projeto para a obra, poupando gastos e perda de tempo.

A teoria da coordenação modular é comumente associada aos processos industrializados da construção, mas podese relacioná-la a um período muito anterior a revolução industrial e a produção em série. A simples escolha de um sistema de medidas lógico compõe um passo para a coordenação modular. Desde a antiguidade clássica gregos e egípcios construíam partindo de uma medida básica, os primeiros usavam o raio da coluna como unidade determinante das demais medidas, enquanto os egípcios adotaram a medida alcançada pelo braço estendido de um homem. Na arquitetura japonesa, o módulo adotado era a medida dos tatames. O sentido moderno de módulo aparecerá em épocas recentes relacionado à industrialização. Os ensaios mais evidentes de seu emprego se deu no período do pósguerra na Europa com a grande demanda habitacional do período.

No Brasil, a utilização do conceito de modulação ainda é vista como fator de deseconomia devido a baixa industrialização, o que acarreta que os diversos elementos da obra - telhas, divisórias, telhas, pisos, blocos cerâmicos, não possuam relação métrica entre si, causando diversos ajustes artesanais nas obras.

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