R.Nott Magazine Issue #03

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março de 2014

ISSUE#03

Interrogando Damian L. Felitte - Ensaio Entre os Atos - a minha geração é irônica de formação - Uma Arte-código-binária - Moonassi Drawing: A expressiva arte de Daehyun Kim - Experiências Sensoriais de Babi Bertoldi - Curitiba não tem mar mas tem BAR.


WHO ARE THESE PEOPLE?

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ISSN 2358-0127

VINICIUS FERREIRA BARTH

RAFAELA LAGARRIGUE

SE AUTO-INTITULA: EDITOR CHEFE

SE AUTO-INTITULA: DIRETORA DE ARTE

NA VERDADE É: Fotógrafo de rua, Mestre em Literatura pela UFPR.

NA VERDADE É: Produtora de moda, excêntrica.

vinicius.rnott@gmail.com

rafaela.rnott@gmail.com

JULIANO SAMWAYS

GUILHERME GONTIJO FLORES

SE AUTO-INTITULA: COLABORADOR

SE AUTO-INTITULA: COLUNISTA

NA VERDADE É: Professor de filosofia, autor, músico, estudante, ex-enxadrista, ex-filatélico.

NA VERDADE É: Poeta, tradutor e professor no curso de Letras da UFPR.

jspetroski@hotmail.com

ggontijof@gmail.com

mas ficou finesse.

O ensaio de capa, realizado nas dependências do

Lolitas Salon de Coiffure, em Curitiba, ainda se mantém como a nossa maior super-produção para uma capa, com uma grande equipe, tanto de modelos como de assistentes à digníssima produtora. O resultado vocês veem de novo nas próximas páginas, é de lamber. E falando em correria, editamos como loucos para que surgisse o Interrogatório com alguns dos principais bares de Curitiba; mais um ponto para este número, é de longe o vídeo mais apetitoso que produzimos. Ademais, tivemos ainda a participação especial de Fernanda Maldonado como colunista convidada para Visuais, onde ela apresentou a entrevista realizada – com exclusividade – com o artista sul-coreano Daehyun Kim, mais conhecido como Moonassi. Juliano Samways e Guilherme Gontijo, no Ruído e na Literatura, nos proporcionaram mais duas visões sobre a nossa própria contemporaneidade, nossa vida em torno da discurso irônico e das obras de arte condensadas em códigos binários. E por último, as fantásticas participações de Babi Bertoldi no R.You! e do argentino Damián Felitte no Interrogatório. Vá lá e veja, porque nenhuma palavra faz jus a esses trabalhos. Vinicius Ferreira Barth

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PROPOSTA DA REVISTA

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Issue #03 nos deu um trabalho enorme,

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INTERROGATÓRIO

Interrogando Damian L. Felitte

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onfira o que o artista argentino Damián L. Felitte nos contou sobre o seu processo criativo e sobre as influências que vêm da infância e das ruas de Buenos Aires. Fotografia, literatura, ilustração, retrô, tudo faz parte dessa viagem a diferentes pontos da memória. Conheça aqui o seu trabalho.

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RUÍDO

Uma Artecódigo-binária

perda da “materialidade” do objeto-arte e a sua reencarnação no código-binário. O que é o belo e o estético quando tratamos de “zeros” e de “uns”? Juliano Samways questiona a respeito do “ser” das coisas nessa atualidade de arte-via-monitor.

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LITERATURA

a minha geração é irônica de formação

A

o que parece estamos mergulhados (e afundando?) em um oceano cada vez maior de ironia, e não sabemos bem o que fazer com isso. A sua geração também padece desses sintomas? Leia a coluna de Guilherme G. Flores e pense a respeito.

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VISUAIS

Moonassi drawing: A expressiva arte de Daehyun Kim

onheça o trabalho do artista sul-coreano Daehyun Kim, conhecido como Moonassi, e saiba mais sobre a sua produção e sobre como as relações interpessoais caracterizam o seu estilo. Matéria realizada por Fernanda Maldonado, exclusiva para a R.Nott Magazine.

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ENTRE OS ATOS

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R.YOU

Experiências Sensoriais de Babi Bertoldi

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ara esta edição selecionamos o incrível trabalho de Babi Bertoldi, artista independente que fala sobre a sua trajetória e suas principais influências. Confira aqui o trabalho da jovem autora, apresentado por ela mesma.

Curitiba não tem mar mas tem BAR

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e o assunto é cerveja, chopp ou pratos especiais, por que não falar diretamente com os Especialistas? Preparamos esta matéria exclusiva em cinco bares de Curitiba que dão o que falar. Recomendado para novos e velhos clientes! Saúde!

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SUMÁRIO

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INTERROGATÓRIO EM VIDEO

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INTERROGANDO

Damian L. Felitte 6

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INTERROGATÓRIO

"

O que eu busco é recuperar um pouco essa magia de encontrar velhas publicidades ou

lembranças de nossa infância, da infância de nossos antepassados, a emoção de redescobrir nosso

mundo, de descobrir o mundo de outros, de todos.

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Como, quando, onde e por que?

Bom, eu sou de Remedios de Escalada, Buenos Aires, Argentina. Minha formação é quase exclusivamente autodidata. Desde pequeno, meu pai me mostrava todo tipo de ilustrações e desenhos, lia para mim histórias em quadrinhos – geralmente de super-heróis – e me mostrava artes de todos os tempos – os clássicos de todas as épocas. Quando comecei a ler, segui com o fanatismo aos quadrinhos – ou comics – até o dia de hoje, o que me levou a começar minha “carreira artística”, segundo o que lembro, aos 5 anos, quando decidi que desenhar era o que eu queria fazer da vida, e desse momento nunca mais o abandonei. Anos mais tarde, com 14, comecei a agregar música às minhas inquietudes artísticas,

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"

graças ao fato de que meu irmão, Alfredo Felitte – baterista da banda Ararat –, tinha uma bateria em casa e eu logo segui com a guitarra, sintetizadores e sequências no PC. A música acabou resultando em uma colaboração com o grupo Impacto Teatral, na obra El olvido de los cuerpos, em que não só participei com a música, mas também com as ilustrações. Há uns sete anos minhas atividades incluem ainda a fotografia e o desenho gráfico para a marca de roupas Verborragiafemme, da desenhista independente Liz Martinez (também argentina), trabalho este que desempenho até hoje. Meus principais trabalhos: . 2005 - Caperucita Roja (Texto, ilustrações e música)

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INTERROGANDO DAMIAN L. FELITTE

[06-07] Jermu y guapo del 900. Série: Arrabalero, 2013

[09] Malevo Série: Arrabalero, 2013

. 2007 - Drago, el monstruo bueno (Infantil, texto e ilustrações) . 2008 - La trágica historia del gato y el pájaro herido (Texto e ilustrações) . 2009 - La vida de Elisa (Mostra de ilustrações exposta no Centro Cultural Borges) . 2010 - El Olvido de Los Cuerpos (Ilustrações e música da obra teatral) . 2010 - 2013 (Falsas) Publicidades e Ilustraciones Antiguas . 2011 - La Metamorfosis, de Franz Kafka (Ilustrações sobre o texto original)

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INTERROGATÓRIO

. 2012 - Bernarda, la cucaracha intolerante (Texto e ilustrações) . 2013 – Arrabalero Além dos trabalhos aqui mencionados, também realizei outros tantos contos de minha autoria (texto e ilustrações), ilustrações para clássicos literários, adaptações de clássicos infantis, uma hq de Tango em parceria com Martín Gutierrez, Thaunus y la historieta del Tango; capas de livros como o Iron-Times de Gabriel Rojo e várias séries de ilustrações e fotografias. - O Retrô parece ser uma marca distintiva no seu estilo de ilustração. O que você busca com esse enfoque e de onde veio esse tipo de influência? Novamente é uma influência do meu pai, que desde quando eu era pequeno me mostrou as maravilhas de todo tipo de arte, não só a do museu, mas também de qualquer tipo de desenho, seja de onde for. Eu aceitei tudo isso como influência, para mim não há muita distância entre o que eu gosto, esteja isso pendurado na parede o impresso em um papel de baixa qualidade. A arte que eu gosto, que me transmite algo, tudo isso é artisticamente válido para mim. O que eu busco é recuperar um pouco essa magia de encontrar velhas publicidades ou lembranças de nossa infância, da infância de nossos antepassados, a emoção de redescobrir nosso mundo, de descobrir o mundo de outros, de todos. Por isso trato de recriar essa sensação, de pensar “Quem será que escreveu seu nome sobre essa imagem?, Que terá sido de sua vida?”, que se abra uma interrogação e um mistério, “de que ano será, na mente de quem estará como uma recordação?”, e tantas coisas que possam sair da mente de cada um.

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INTERROGANDO DAMIAN L. FELITTE

[10] Buen Mozo

[11] Malevo (otro)

Série: (falsas) ilustraciones y publicidades antiguas vol II, 2013.

Série: Arrabalero, 2013.

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INTERROGATÓRIO

- Que tipo de técnicas definem o seu estilo? Meu estilo varia de acordo com a época, já que uma vez que agrego um novo, ele fica à disposição das ideias e histórias seguintes, dependendo de qual seja, que possa se adaptar a cada situação. Por exemplo, meu estilo clássico desde já uns dez anos é escuro, mas não é um estilo que eu tenha abandonado, ele apenas está esperando para ser usado em ocasiões futuras. Neste momento as últimas criações e contos levam o selo “retro”, mas quem sabe que outro estilo despertará em mim em outro momento. Tudo depende da necessidade de dizer, de contar, de transmitir algo novo dentro das minhas possibilidades.

- A literatura está sempre presente no seu trabalho? Qual é a sua relação com o texto literário? A literatura está sempre presente na minha vida. Desde pequeno estive rodeado de livros. Meu pai novamente é o “culpado” disso; a casa sempre teve livros nas paredes. Em todas as paredes. Minha mãe era professora de literatura, e logo uma narradora, e por isso sempre houve não só a arte gráfica mas também literatura em minha vida. No meu trabalho há casos como de ilustrações sobre textos originais, como, por exemplo, A metamorfose, de Franz Kafka, ou a Revolução dos bichos, de George Orwell; em outros casos trabalho sobre textos meus, mas sim, creio que a literatura forma parte presencial em meu trabalho.

[12] imagem 4 WHAT A MESS!

12] imagem 5 AQUEL OTOÑO

[13] imagem 6 BALÓN

[13] imagem 7 FRÍO

Série: (falsas) ilustraciones y publicidades antiguas vol II, 2011.

Capa livro, 2012.

Capa livro, 2011.

Capa Livro, 2011.

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INTERROGANDO DAMIAN L. FELITTE - Você acredita que a sua produção esteja dirigida a um tipo específico de público?

- Como surgiu a ideia para a criação das (Falsas) Ilustraciones y Publicidades Antiguas?

A minha intenção é não limitarme a um só tipo de público. Acho que cada estilo está dirigido a um grupo de gente, por exemplo, as imagens mais escuras, ou “dark”, ou as imagens “retro”. Mas por outro lado, em casos como “A trágica história do gato e do pássaro ferido”, apesar de ter uma imagem evidentemente escura, por ser um conto chegou igualmente a vários tipos de pessoas. Também os contos com imagem “retro” são mais acessíveis por um lado – por imagens mais luminosas –, e menos por outro – imagens desgastadas, envelhecidas. Em suma, cada estilo leva seu público, mesmo que em alguns casos haja gente que goste da totalidade dos meus estilos e épocas, e isso me agrada muito mais, saber que nem todo estilo esteja encaixotado, que se possa desfrutar das obras e não só seguir estilos ou modas.

Novamente, acho que vem do carinho por épocas passadas, pela infância repleta de publicidades ilustradas, de ilustrações com folhas amareladas; em outros casos, de recuperar as fontes, ilustrações dos 1900, o tango, a época de nossos avós, nossos bisavós, chegar mais perto de nossa cultura geral, deixar um pouco a cultura exterior, voltar ao país. Gosto muito de conhecer artistas que mostrem seu país, sua cultura, e eu acho que na Argentina, neste momento, a maioria dos artistas não está mostrando a sua voz, sua vida através de sua arte, senão a voz de outros, de outro país, de outra cultura; quero tentar não seguir isso. - Conte da concepção e produção de séries como Frío, Aquel Otoño, Balón, e Bernarda, La Cucaracha Intolerante. O estilo dos contos infantis está conectado aos seus contos?

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INTERROGATÓRIO

[12] imagem 8 Hombre de blanco

[13] imagem 9 Señora Arrabalera

[13] imagem 10 BERNARDA, La Cucaracha Intolerante

Série: Arrabalero, 2013.

Série: Arrabalero, 2013.

Capa Livro, 2011.

Os contos Frío, Hey!! e Aquel Otoño, têm uma dinâmica de contos infantis, mas são dirigidos a um público mais adulto. A ideia é mostrar uma ideia específica, uma moral com o antigo estilo de fábulas ou contos infantis, bastante diretos, em vez de ocultá-los dentro de camadas e camadas de texto ou histórias complexas. No caso de Bernarda, la cucaracha intolerante ou Balón, estão direcionados não só a um público adulto, mas também a seus filhos, a gente de todas as idades. Acho que têm muito o que contar a todas as gerações, sobretudo sobre a intolerância, a igualdade, que considero assuntos pendentes na sociedade de hoje em dia.

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- Se vê na série Arrabalero um pouco de, como você mesmo diz, “a gente de Buenos Aires”. Conte um pouco do que é essa série e de como a gente da cidade aparece no seu trabalho. Em "Arrabalero" eu quis recuperar, como já disse um pouco antes, um pouco da cultura que já não vemos, tanto para nós como para a gente d outros países que busca nos conhecer, aprender do nosso passado e presente cultural. O Tango, o bairro, os malfeitores, as senhoritas “paquetas” – muito arrumadinhas –, o senhor da esquina... tudo o que se encontrava na cidade em épocas passadas, o que se vive e se viveu. A ideia

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INTERROGANDO DAMIAN L. FELITTE

é também dar um lugar aos esquecidos, os que formam parte de nossa vida através dos anos, os rastros de nossas famílias que seria bom não perder, que não se apaguem da nossa memória e da memória dos nossos filhos. - Quais são as suas principais influências e ídolos?

- Projetos futuros, planos para 2014? Editar alguns contos em papel, ilustrar o Martín Fierro, continuar criando contos próprios, fotografia artística, filmar curtas e videoclipes musicais... em resumo, seguir adiante com a arte, dar às pessoas algo com o que se entreter e se divertir, mas, sobretudo, algo com que se emocionar.

Minhas influências são muitas, são todas, em alguns casos inclusive o que não nos agrada, que às vezes é o que mais nos marca. Falando especificamente da arte nacional, poderia nomear a Carlos Nine, um excelente ilustrador, muito especial; Ricardo Carpani; os ilustradores da revista Caras y Caretas (à qual cheguei por Alejandro Sirio, um dos meus preferidos dessa época); e falando de internacionais – vindo do lado das hqs – seriam Bill Sienkiewicz e Dave McKean, duas pessoas que influenciaram a maioria dos artistas gráficos dos últimos anos.

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a minha geração é

irônica

de

formação por Guilherme Gontijo Flores

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a dureza é que, em geral, diante do abismo do fim dos valores transcendentais (malandragem, o nietzsche venceu), a minha geração pena pra recriar valores sem transcendentalidade: caímos na ironia como caráter de recorrência.

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LITERATURA

a

minha geração é irônica de formação. ou ao menos o penso.

ou ao menos o digo da boca pra fora, pra cumprir com esta coluna de literatura. ou ao menos aquela frase já não serve mais pra nada. o problema é que a frase ficou, com ou sem minha concordância, então vamos seguir com ela, certo? é mais fácil pra todos. a minha geração é irônica de formação. quando falo de ironia, não penso só naquela velha técnica de dizer algo pelo seu oposto. pra quem não entendeu, por exemplo: “eu te acho inteligente pacas”. mas ironia pra mim não é isso. não é só isso. em geral, eu entendo por ironia a coexistência de dois ou mais discursos potencialmente incompatíveis dentro de um mesmo discurso que se apresente como unívoco. pronto, fiquei teórico. metade dos leitores vão abandonar o barco (agora fui autoirônico). mas voltemos ao leitor inteligente: ele percebeu o que é o oposto daquilo. na verdade, dizendo que eu o achava inteligente eu queria (ou assim se supõe) dizer que ele “é burro pacas”.

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viram? dois discursos: o realizado e o que pode ser depreendido a partir do contexto. vualá, chegamos no ponto. a ironia só acontece — ou só pode ser percebida, o que dá no mesmo — quando o contexto original nos dá essa chance, ou quando o nosso contexto nos faz percebêla mesmo onde ela talvez não estaria, se contássemos apenas com o desejo do autor. enfim, ele se deu mal, porque eu vi aquela ironia sim, eu saquei tudo que ele queria dizer por trás daquelas outras coisas que ele falou, eu percebi que nada do que ele falava era sério de verdade. mas não saquei certinho o que ele quis dizer com tudo aquilo, se nada era tão sério... bem, a minha geração vê isso em muito lugar, em parte — acho — porque ela foi aprendendo a ser assim. nós somos capazes de gostar de algo exatamente porque é péssimo i.e. porque nós, no fundo no fundo, achamos péssimo. exemplos: a-ha, rocky balboa, roberto carlos. a lista é infinita. tudo bem, alguns de nós realmente gostam disso, mas um grupo maior gosta porque é ruim. o intenso revival dos anos 80 é

provavelmente o sintoma mais notável da minha geração. todo o ridículo dos anos 80 agora é revisto como kitsch no sentido mais cult

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a minha geração é irônica de formação possível (citei duas palavras-chave que não pretendo desenvolver). só que. a ironia e a autoironia são brinquedinhos perigosos, porque confusos. já tentei demonstrar que a ironia não precisa estar essencialmente num discurso: basta encontrarmo-la (num uso verbal arcaico e horrendo, por exemplo; mas pode ser mero mau gosto). e. ela é uma máquina infinita: uma vez identificado um caráter irônico (pensando no kierkergaard, rapaziada), não é mais possível delimitar com clareza onde começa e onde termina a ironia. por exemplo, dos três exemplos citados anteriormente, eu gosto de um, mas não vou dizer qual — eles permanecerão como índice de ironia. enfim, a ironia da minha geração sempre se arrisca a cair naquele poço confuso da indistinção. e ele até tem pontos positivos: um deles é eliminar a pretensa distinção qualitativa entre o cinema do stallone e do godard, passo fundamental para revermos o lugar da cultura na nossa sociedade. isso faz parte de um processo mais profundo de reconhecimento do outro, de apagamento das categorias metafísicas etc. (usei metafísica, é. mas será que eu sei do que estou falando?). a dureza é que, em geral, diante do abismo do fim dos valores transcendentais (malandragem, o nietzsche venceu), a minha geração pena pra recriar valores sem transcendentalidade: caímos na ironia como caráter de recorrência. em geral, é mais fácil simplesmente gostar do a-ha e do roberto carlos do que ter de explicar a

beleza das sinfonias do shostakovitch, ou os paradigmas do saber na épica de john milton. e, convenhamos, é muito mais bacana no boteco, dá pra descolar uns pegas para todas as orientações sexuais. além do mais, já aprendemos que não há um fundo real que justifique o que é melhor. são modelos humanos, históricos, datáveis, passíveis de avaliação epistêmica, antropológica, etc. são arbitrários. o futuro pode preferir (e demonstrar por a + b) que a poesia musical do a-ha deixa cummings no chinelo. last but not least (bordões em textos irônicos funcionam superbem, tente aí, ah metatexto também é joia, ah, gíria velha é supimpa), defender a importância do pensamento de leibniz para o desenvolvimento da metafísica ocidental tende a diminuir a nossa vida sexual. mas eu estou me alongando. a questão maior, pra mim, é que minha geração é irônica por formação. a gente foi aprendendo a ser assim. é talvez nossa defesa. ou condição de existência. a próxima geração virá — está vindo — irônica de berço. caberá a eles, com tem cabido a nós — e eu ainda não sei avaliar se houve sucesso — reinventar uma política da ironia.

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uma

artec贸digo-

bin谩rio

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por S Juliano a m w a y s

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RUÍDO

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Talvez o que se coloque seja uma nova

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forma, no caso um não-forma, ainda não compreensível para pessoas do nosso

tempo, mas sim para uma geração futura.

A

questão sobre o ser das coisas assombra a Civilização Humana desde a sua fundação. Cada período, povo, cultura, trata dessas questões à sua maneira, respondendo a esses problemas em uma série de mitos, religiões, cosmologias, filosofias. A música pode, talvez até deva, ser um caminho para responder estas questões, ou até mesmo para melhor formulá-las. Pensar desta maneira é acreditar que a arte é o acesso, a conexão com o verdadeiro ser das coisas, e a música, um canal sonoro, uma cantiga do ser. Em nosso tempo histórico, apostaria minhas poucas fichas na tese de que vivemos o período (não a era) da mídia. Se a grande questão é abordar o ser, apostaria que o ser da música, o ser da arte, é em muitos aspectos, nos dias de hoje, o ser das mídias. Para tal abordagem, que uns dirão tola, outros apodíticas, são necessárias as seguintes questões: 1 - Limites da arte: Se arte é uma mídia, então toda mídia é uma arte? 2 - O corpo da arte: Em dias de mídia

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digital, é possível ser digital e ter fisiologia? A mídia, em teoria, sempre foi um meio, um mecanismo, e nesse sentido seria uma falsa pretensão transformar um meio em final de algo, meios que seriam fins. Mas a questão que se coloca é a de como as várias artes (visuais, sonoras, táteis, literárias) conectam-se nas mídias digitais e parecem romper limites de certas tradições artísticas que sempre tiveram um meio material, sendo ela, a mídia, uma só expressão artística, por mais que se apresente aos vários sentidos. Observamos através do Youtube, Vimeo, e outros receptáculos de arte online, as mídias em transmissão digital, que muitos já não associam como música, poesia, vídeo, etc., mas sim um canal direto de arte: imagens, narrativas, trilhas sonoras. Os computadores, celulares, mecanismos de e-arte, ars-digital, pan-museus, são onde o individual torna-se Earth. Daí o grande problema: quando a mídia tornase digital não é mais um meio – assim como o mármore era o meio, a causa material à la Aristóteles e suas estátuas – mas sim o meio e o fim, pois teria em

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Uma arte-código-binário si todos os meios juntos, um meio universal baseado em códigos digitais, em codificação binária, para ser mais específico. As mídias digitais possuem algo de universal, uma arte-código-binário, que se decompõe em uma série de bits e bytes invisíveis a olho nu. Seriam essas artes feitas para computadores se deleitarem? A outra questão que se coloca é de como algo puramente digital pode possuir no futuro algo parecido com um corpus, como será o registro, se não material, dessas artes? Talvez o que se coloque seja uma nova forma, no caso um não-forma, ainda não compreensível para pessoas do nosso tempo, mas sim para uma geração futura. E talvez essa geração futura não estratifique as artes a partir de seu meio, pois o meio não existirá. Essa polifonia de problemas aparenta ser o samba de uma nota só, ou melhor, duas notas que perfazem o 0 e o 1. Não somente na vinculação e entrega dessa obra para as redes digitais, mas também na criação, manipulação, tratar os timbres de guitarra como “plug-in’s”, modelar andamentos, ritmos, batidas, o advento dos manipuladores profissionais de remix, recriação e criação de músicas somente em meio digital. Formas de criar a partir de uma codificação básica, através de programas, softwares que podem ser reduzidos a um código binário. É difícil estabelecer um filtro para essa quantidade inapreensível de música produzida por esses simuladores, e também outras artes, nessas mesmas vias digitais, podendose até pensar que um depurador de tudo isso seria uma espécie de Estética Musical Digital aprofundada. Um estudo do bom e do belo na mídia. Porém, ai de quem fizer isso! “Opressor do mundo digital!” Gritariam e bradariam os blogs libertários de plantão. A internet, nesse sentido, não parece ser uma Democracia, mas sim uma tempestade, chuva meteórica de informações que talvez impeçam os direitos igualitários. É como imaginar um tribunal de infinitos acusadores, o dobro infinito de testemunhas, o triplo

infinito de juízes. Voltemos à música, a música no contexto da mídia universal, mídias intermináveis no vasto rincão da internet. Reforço minha ideia básica: quem propor um filtro razoável para as mídias digitais será um grande renovador da Estética Musical, criador da Estética Musical Digital, a Navalha de Ockham da rede. Crivo que dirá que nem toda mídia é arte, mesmo a arte tendo esse meio como final. Penso até em algo mais fantástico, uma espécie de algoritmo, uma fórmula que através da análise dos trilhões de 00001000111100, dissesse: isso é bom, isso é ruim. O dia em que isso chegar, poderemos alegremente dizer: a arte digital está morta, e é encerrado o período da mídia como uma arte-código-binário.

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Entre os os os Entre os

Atos Atos

Outra cena, de outra peça. A plateia reunia-se outra vez. A música os chamava. Pois estamos ouvindo música, diziam. Vozes tagarelavam. E a voz interior, a outra voz, dizia: “como podemos negar que, brotando das cortinas, essa brava música exprime uma harmonia interna?” A música nos impele. A música nos faz ver o que está oculto e juntar o que está separado. Olhem, escutem.

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EQUIPE Fotógrafo: Zeca Milleo Produção e estilismo: Rafaela Lagarrigue Assistente de produção e estilismo: Thalassa Reis Modelos: Leonarda Glück, Maite Schneider e Priscila Buse Maquiagem: Amali Mussi Cabelo: Beta e Jefferson (Lolitas Coiffure) Imagens de Back: Vinicius F. Barth

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Agradecimentos muito especiais ao Lolitas Salon de Coiffure (Curitiba-PR) por nos ceder o espaço do salão como locação.

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Moonassi Drawing

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por Fernanda Maldonado

A expressiva arte de Daehyun Kim www.rnottmagazine.com

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VISUAIS 34

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Moonassi Drawing: a expressiva arte de Daehyun Kim

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ormalmente produzidas em pequeno tamanho e utilizando como matéria prima somente papeis em branco, tinta nanquim e canetas pretas, as ilustrações do sul-coreano Daehyun Kim -mais conhecido como Moonassi- vêm atraindo os olhos atentos de amantes das artes do mundo todo. A série de desenhos batizada “Moonassi Drawing” traz a representação de personagens idênticos entre si em variadas situações, que buscam simbolizar com uma sensibilidade extrema diversos sentimentos intrínsecos do ser humano. A solidão, a comunicação interpessoal, os relacionamentos, a fragilidade dos laços humanos, a compreensão existente entre duas pessoas semelhantes: todos são temas bastante caros à obra de Daehyun Kim. Em tempos de modernidade, vida e amores líquidos, até Zygmunt Bauman ficaria impressionado com a densidade desse trabalho. O jovem artista, nascido em Seoul em 1980, cursou Artes Plásticas e especializou-se em Pintura e Arte Tradicional do Leste Asiático, mas acabou trilhando carreira no mercado do design. Paralelamente, porém, começou a desenvolver um projeto pessoal em 2008 que tomou um espaço grande demais na sua vida para que ele continuasse com seu emprego. Conforme o tempo passava, sua arte, divulgada por ele mesmo em seu site oficial, foi sendo notada e reconhecida por curadores e especialistas de Nova York, Seoul e Viena. Seis anos depois do início da série, Daehyun Kim –ou melhor, Moonassi- já teve exposições individuais em salões de arte e museus de Nova York e Seoul, participou de exibições coletivas em galerias na Coreia e Estados Unidos, recebeu um convite da marca de câmeras analógicas Lomography para produzir, em Viena, ilustrações para uma série exclusiva de câmeras La Sardina, além de assinar a arte de capas de discos e contribuir com ilustrações periódicas para artigos do The New York Times. Com um currículo desses, é de se imaginar que qualquer contato com o artista seria uma missão de pura paciência oriental. Mas graças às ferramentas úteis da internet e à gentil disposição de Daehyun, mais de 30 mil quilômetros de distância entre Brasil e Coreia do Sul foram reduzidos a algumas boas trocas de e-mails. A entrevista aseguir foi feita no mês de fevereiro, exclusiva no Brasil para a R.Nott Magazine.

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VISUAIS

-

Em seus desenhos você representa sentimentos bastante humanos, como conflitos internos, a comunicação e os relacionamentos interpessoais e, sobretudo, a solidão. Você se inspira em seus próprios sentimentos ou através da observação de terceiros? Eu diria que ambos. Compreender meus próprios sentimentos me faz sentir que consigo compreender bem a mente de outras pessoas também. - Por que “Moonassi”?

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- Quando você começou a perceber que sua arte passou a tomar uma importância maior na sua vida do que seu próprio trabalho, na área de design?

"

Quando eu conheço um estranho, não

‘Moonaa’ foi um tipo de pseudônimo que adotei desde meus 17 anos. ‘Moo’ significa “nada” ou “vazio”, e “Naa” significa “eu”. Isso pode ser mais ou menos entendido como “ausência de ego” ou “eu sou nada”. Depois que escrevi esse nome no meu primeiro livro de ensaios em 2005, as pessoas começaram a me chamar de Moonassi. Foi como se eu ganhasse uma nova identidade enquanto artista. Desde então estou usando esse nome.

- Você afirmou em uma entrevista para a Peut-être Magazine que quando está sem inspiração procura conhecer estranhos. Como eles podem te inspirar? Quando eu conheço um estranho, não preciso mais ser a pessoa que eu sou ou que era até aquele momento.

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Então eu observo a mim mesmo como um estranho também. A partir desse “estranho eu”, consigo ver algo novo. Posso dizer que me inspiro em mim mesmo enquanto “um estranho conhecendo outra pessoa estranha”.

preciso mais ser a pessoa que eu sou ou que era até aquele momento.

Então eu observo a mim mesmo como um estranho também. A partir desse “estranho eu”, consigo ver algo novo. Quanto mais eu recebia e-mails vindos do mundo todo de pessoas completamente desconhecidas, mais eu sentia que o que eu estava fazendo era realmente importante. Não sei como explicar, mas hoje já é algo que vai além de mim mesmo. - Como seu trabalho reverbera fora da Coréia? Eu venho postando meus trabalhos no

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Moonassi Drawing: a expressiva arte de Daehyun Kim

[32 - 33] imagem 1 want to be like i wasn't there

[34] imagem 2 i'm too tight for us

[37] imagem 3 stacks of you

2009

2009

2013

meu website e na página que mantenho no Facebook desde que comecei a desenvolver a série Moonassi Drawing. Talvez por isso nunca enxerguei nenhum tipo de fronteiras entre meu país e o restante do mundo. - E quanto ao seu processo criativo? Não tenho regras no meu processo criativo, e não gosto de ter um “processo” propriamente dito. Não ouço música

quando faço meus esboços, mas gosto muito de ouvir música quando finalizo as ilustrações. Ouço programas de rádio online enquanto desenho, ou então deixo playlists tocando em modo shuffle no Soundcloud. - Você pode falar sobre alguma ilustração em especial que pessoalmente representa algo significativo e qual o sentido e a inspiração por trás dela?

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VISUAIS 38

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Moonassi Drawing: a expressiva arte de Daehyun Kim

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VISUAIS

[38 - 39] imagem 4 Slepless days 2009

[40] imagem 5 Hearing hearing 2009

[40] imagem 6 I wait you bad 2009

[40] imagem 7 Seing seing 2009

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Moonassi Drawing: a expressiva arte de Daehyun Kim

É difícil escolher um desenho especial porque eu estive muito imerso em cada um deles. Mas um dos meus favoritos é “The Moon I See”. Eu visualizei aquela imagem durante muito tempo, mas levei um bom período para terminar. Era sobre um longo sentimento por uma pessoa que eu não poderia encontrar mais. - Sua arte foi estampada em câmeras lomo (Lomography Cameras), ilustrou colunas do The New York Times e foi exibida em diversas galerias e exposições na Coréia e Estados Unidos. Pessoas de diferentes países têm diferentes reações a respeito do seu trabalho? Estrangeiros parecem expressar seus sentimentos mais facilmente e de forma muito direta. Coreanos nunca fazem isso. Alguns dias atrás recebi uma carta escrita à mão de uma fã coreana. Ela escreveu dizendo que tinha decidido enviar a carta porque havia lido uma entrevista minha, na qual eu dizia que os coreanos não expressam seus sentimentos (risos). Então observo essas coisas. - Muitas pessoas estão tatuando suas ilustrações. Você gosta dessa ideia? Pessoalmente eu não consigo me imaginar tendo uma tatuagem na pele. Para as pessoas que têm ou terão meus desenhos tatuados, eu não posso pensar em parar de produzir! - Você está trabalhando em novas séries de Moonassi? Acabei de fazer duas ilustras para a capa do novo álbum de uma banda francesa, e sim, estou trabalhando em algumas novas séries de Moonassi também.

Para saber mais sobre a arte de Moonassi, acesse seu site oficial ou sua página no Facebook: Página oficial: http://www.moonassi.com/ Facebook: https://www.facebook.com/daehyun.moonassi

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ExperiĂŞncias Sensoriais de

Babi Bertoldi

Texto por Babi Bertoldi

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Experiências Sensoriais de Babi Bertoldi

B

abi é uma artista independente recém formada pela escola de Fotografia & Mídia de Florença – Itália. O interesse pela arte surgiu após seu primeiro ano vivido na Dinamarca, aos 17 anos. O contato com a cultura nórdica revelou sua afinidade pelo expressionismo alemão e suas distorções, Ingmar Bergman foi sua primeira relação de interesse pelo cinema. Sabia-se que o cinema era como um sonho, em que nada faz muito sentido, porém nos apetece o desbravar do desconhecido, é aí que o espectador conecta sua memoria, e adequa-se ao filme de acordo com a sua própria história. Quando retornou ao Brasil, decidiu então comprar uma câmera e iniciar seus pequenos projetos e ideias. Os primeiros passos foram convergidos para o cinema, com o seu projeto inicial ‘Wasted Hours’, pré-selecionado e exibido no Festival Internacional de Perugia – Itália. Logo em sequencia ainda desenvolvendose nas complexidades da pósprodução, Babi reintegrou as cenas restantes da gravação anterior, elaborando parte do seu primeiro experimento visual, ‘Side B’ que conquistou o terceiro lugar no festival Fronteiras Imaginarias – RJ. Aquilo tudo então passava a progredir para além de uma ideia, agora a proposta era explorar a ingenuidade da mente e sua

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Sabia-se que o cinema era como um sonho, em que nada faz muito sentido, porém nos apetece o desbravar do desconhecido, é aí que o espectador conecta sua memoria, e adequa-se ao filme de acordo com a sua própria história.

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pureza, sem qualquer limite educacional. ‘All you need is salt water’ foi selecionado pelo projeto Gesamt, à cura do renomado diretor dinamarquês, Lars Von Trier, exibido em Copenhagen no mesmo ano. Recentemente um de seus trabalhos, fundamentados no surrealismo de Luis Buñuel que abrangem o inconsciente da mente humana, ‘’Blinded’’ tornou-se parte do festival nacional Movimento HotSpot. Concluindo então o primeiro ciclo de experiências cinematográficas. Babi decidiu retomar seus estudos na Europa, em uma escola local de fotografia em Florenca, Italia. Durante o mesmo ano, pedaços biográficos e imaginários se uniram, traduzindo-se em seu primeiro roteiro de longa-metragem, o que favoreceu a sua

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aproximação com diretores italianos, que colaboraram para realização do seu filme. A proposta reuniu atores que dispuseram-se a gravar sem cache, aderindo a proposta do poder do cinema independente. ‘’Esperamos que alguma produtora abrace nosso projeto. O futuro desse filme estará então, nas mãos de grandes festivais .’’ Preservando a fotografia clássica, onde o preto e branco simbolizam o contraste entre as partes. O objetivo do trabalho é confrontar; o divino e suas religiões fanáticas, a beleza inocente e a exibição do corpo como reposição de caráter. Com esse contexto Babi direcionava-se à fotografia de nudez feminina. Nessa linha de trabalhos, ‘Pieta’, baseia-se na obra de Michelangelo, com um intuito provocativo, a pureza feminina e a sua conotação sagrada, sendo a mulher a representação incorrupta e de beleza eterna. ‘'Pieta I, II’ ‘Lady’s High’ e ‘Breakwater’ são projetos que remetem a plenitude do corpo feminino e sua relação com a natureza envolta. A forma com que o corpo se comporta, adaptando-se as condições impostas." A jovem artista, ainda com muito sede de vida e arte, continua a explorar fragmentos visuais, sonoros, táteis e virtuais espalhados no mundo, transformando-os com muita sensibilidade em novas experiências sensoriais.

Para entrar em contato com a artista: Página oficial: http://www.babibertoldi.com Vimeo: http://www.vimeo.com/babibertoldi

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INTERROGATÓRIO EM VIDEO 54

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Curitiba não tem mar, mas tem BAR

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e o assunto é cerveja, chopp ou pratos especiais, por que não falar diretamente com os especialistas? Preparamos esta matéria exclusiva em cinco bares de Curitiba que dão o que falar. Recomendado para novos e velhos clientes! Saúde!

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