Revista Très #24 - Outubro.Novembro

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Imagens meramente ilustrativas.

A exuberância estå na moda.


Uma coleção completa para você arrasar neste verão.




da redação

T

em uma frase que gosto muito e cresci escutando minha mãe dizer: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Frase do livro O Pequeno Príncipe, do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, publicado em 1943, que narra a história do Pequeno Príncipe, herói de uma fábula, que sonhava um dia voar, virou piloto de avião e passou a reinar pelos céus, visitando os planetas e fazendo “amigos”. “A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa.- Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!” Cativar, criar laços. A descoberta de um melhor amigo talvez seja uma das mais importantes experiências da nossa história, é quando descobrimos que podemos encontrar, fora da nossa família e em um lugar qualquer, alguém que nos faz viver melhor, que completa nosso dia, onde encontramos apoio e dividimos alegrias e tristezas. O tempo passa, às vezes muda-se de cidade, de turma, trabalha-se mais e passase a ver menos, mas nada muda, apenas a quantidade de novidades a dividir no próximo encontro. Alguns ficam para trás, não foram cultivados o bastante para permanecer, mas com certeza deixaram a sua marca e abri-

ram espaço para os novos, afinal, o caminho é longo e o coração enorme. E por se tratar de um amor tão nobre, dedicamos nossa edição a ele. Em nossa matéria princial, “Entre-laços”, falamos sobre os laços que criamos, como renovamse, reinventam-se e ressuscitam. Recheamos também este exemplar com a magia de ser criança, afinal, comemoramos em outubro o Dia das Crianças, época de nossas vidas em que conhecemos aqueles melhores amigos responsáveis por infinitas histórias, risadas e boas lembranças. E sabe quem conversou com a gente em um bate-papo divertidíssimo? A Turma da Mônica! Confere lá, está “inclível” (como diria o Cebolinha). Nosso Editorial de Moda “Yummy Doll” elege as candy colors como as protagonistas da vez! E, ainda apostando no universo lúdico, convocamos uma modelo que é uma boneca (de tão linda!). Têm ainda aqueles que chamamos de “o melhor amigo do homem”, e para sorte deles, existem pessoas como a entrevistada da seção O Famoso Quem, Dulce Birolli, um exemplo de ser humano. Muito obrigada a todos os nossos leitores pelo laço de amizade que mantemos através das páginas da Très. Desejamos uma ótima leitura! :) Amanda Carvalho



sumário

62

CAPA 62

EDITORIAL DE MODA “Yummy Doll”

BASTIDORES

DICAS 30

#LEIA

32

#ASSISTA

34

#ESCUTE Meschyia Lake & The Little Big Band

12

COLABORADORES

14

INSTAGRAM

36

82

PONTO FINAL Cor de Mel

40

entrevistas 22

FAMOSO QUEM Dulce Helena Birolli

48

54

46

48

34

GALERIA Rio de Janeiro a Janeiro - por Gabriela Nehring

MATÉRIAS

70

VITRINE Candy Things

72

EDITORIAL SEMI-JOIAS Viva

16

ESPECIAL “Entre-laços”

#EXPLORE Gramado-RS

54

ARQUITETURA Brinquedoteca

78

#PROVE Crianças: mão na massa!

56

COBERTURA For You Store

SAÚDE TDAH

80

SOCIAL Por Priscyla Poll

CULT

MODA E ESTILO

42

HARDECOR

58

BELEZA Como conquistar a pele bonita e bronzeada antes do verão chegar?

60

MODA Alto Verão 2015

24

RESUMO Sol Galvão Prudêncio

44

26

PONTO DE VISTA O afeto

BATE-PAPO Turma da Mônica

46

BIOGRAFIA Friends

ACONTECE

UM POUCO MAIS 38

DACHÔ Amor à culinária Oriental - do berço ao sucesso



Colaboradores Renan Egalon Beleza

Fernanda Chiebao Arquitetura

Estreante no quadro de colaboradores da Très, o cabeleireiro acaba de retonar à cidade depois de uma temporada em São Paulo. Foi responsável pelo cabelo da modelo Andi Rosés nos dois editoriais de moda desta edição.

Arquiteta prudentina formada na Unopar (Londrina-PR) e desde 2006 atuou na Europa, residindo na Grécia, Itália e em Portugal. Há dois anos está de volta a Prudente e nesta edição apresenta o projeto de uma brinquedoteca, na seção Arquitetura.

Priscila Vella G. Braga #Explore

Mauricio de Sousa Bate-Papo

A fisioterapeuta e voluntária na Escola de Formação Movimento Mariana Braga nos dá dicas para visitar a cidade de Gramado, localizada nas Serras Gaúchas, no Rio Grande do Sul. “Viajar é um dos meus prazeres, alegra e revigora a alma.”

É o cartunista mais reconhecido e premiado do Brasil. Lançou a revista da Mônica em 1970 e hoje com de mais de um bilhão de revistas publicadas, leva seus trabalhos a cerca de 50 países. Colaborou com o inusitado bate-papo desta edição.

Dr. Kaled El Sahli Saúde

Gabriela Nehring Galeria A publicitária e fotógrafa prudentina já morou no Havaí e no Rio de Janeiro (cidade a qual fotografou para a Galeria desta edição) e reside hoje em São Paulo, atuando nas áreas de fotografia de moda, casamentos, gastronomia e arquitetura.

PUBLICAÇÃO: GRUPO TRÈS: AMANDA CARVALHO E THYANE BRITO JORNALISTA RESPONSÁVEL: PRISCILA NASCIMENTO ESTAGIÁRIA DE JORNALISMO: FERNANDA CANTERO REVISÃO DE TEXTO: LUCAS MIOLLA FOTOGRAFIA: ESTÚDIO TRIZ PROJ. GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: DANIEL F. LUIZARI - AGÊNCIA ID

O médico especialista em Psiquiatra da Infância e Adolescência transcorre sobre aspectos do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH – e peculiaridades envolvidas para um planejamento terapêutico adequado.

Tiragem: 3000 exemplares

(18) 3222-0435 CONTATO@REVISTATRES.NET.BR WWW.REVISTATRES.NET.BR DEPARTAMENTO COMERCIAL (18) 3222-0435 COMERCIAL@REVISTATRES.NET.BR COLABORADORES FIXOS: LETÍCIA ANDRADE, GABIH VEIGA, PRISCILA POLLINI, IARA VALIENTE, HENRIQUE CHAGAS, LUIZ DALE, VIOLETA ARAKI, CAMILA GALINDO E VALÉRIA COELHO

Très #24 CAPA Foto: Estúdio Triz Modelo: Andi Rosés



#Instatrès O

utubro é o mês das crianças e, não importa a idade, tem que entrar no clima! Convidamos os leitores a usarem hashtag #INSTATRES_SERCRIANCA em fotos relacionadas ao tema, e adivinhem? Nosso concurso no Instagram transbordou fofura! Amamos ver os pequenos em seus momentos mais sapecas e até gente grande querendo voltar no tempo com retratos antigos. Se você quer fazer parte da próxima galeria, fique de olho no Instagram da Très e participe do concurso! Esperamos você!

@biancamizusaki

@camillehiedamatsuno

@carlamorenomm

@chico_zaidel_fotografia

@fabiperetti

@isabelatn

@lucienezanette

@nanafarrapo

@viniciocarvalho



ESPECIAL

ENTRE-LAÇOS Uma matéria sobre amigos pra você se amarrar

FORMAMOS OS MAIS INESPERADOS PARES, DAQUELES QUE PARECEM NÃO COMBINAR EM NADA, MAS SÓ QUEM VESTE ESSES TÊNIS, CHINELOS E SAPATOS SABE O QUANTO DUAS ESSÊNCIAS TÃO DIFERENTES SE COMPLEMENTAM E LEVAM A UM LUGAR MELHOR QUANDO ESTÃO JUNTAS. VOCÊ VAI SE AMARRAR NO QUE DESCOBRIMOS SOBRE AMIZADES! Por: Lucas Miolla Fotos: Cedidas / Arquivo

Um espelho invertido

A

nos atrás, pesquisadores do Instituto de Tecnologia do Massachusetts conduziram um estudo sobre as amizades. Lá, observaram os contatos que aconteciam em um prédio de dois andares com apartamentos de solteiros, e notaram que a maioria das amizades acontecia entre pessoas do mesmo andar. No entanto, aqueles que moravam no térreo, perto da caixa do correio e aqueles que moravam perto das escadas sempre tinham amigos nos dois andares do edifício. Ficou claro que amigos são geralmente aquelas pessoas que cruzam nossos caminhos com frequência, como colegas de trabalho, de faculdade ou escola, de academia. Até aí, nenhuma surpresa. Para ter laços, é propício que seja com pessoas com quem interagimos. Entretanto, por que a gente se aproxima mais daquela pessoa específica na aula de pilates e o santo simplesmente não bate com aquela outra? – Que aliás, te parece até feia e antipática. A resposta está em nós mesmos. Aquela pessoa específica que você gostou, é como se fosse você no espelho. Não é necessariamente igual, pois a imagem está invertida, diferente. É outra pessoa, só que semelhante nos pontos

“ 16 _ Revista Très #24

POR QUE A GENTE SE APROXIMA MAIS DAQUELA PESSOA E O SANTO SIMPLESMENTE NÃO BATE COM AQUELA OUTRA? A RESPOSTA ESTÁ EM NÓS MESMOS”


#24 REVISTA TRÈS _ 17


ESPECIAL

mais importantes. É comum ter um amigo que curta o mesmo estilo de música ou talvez divida a mesma paixão artística que você. Quem sabe, as mesmas ambições e, em um futuro próximo, vocês abram um negócio juntos. A amizade pode ser porque, na companhia um do outro, a coragem surge para superar os próprios limites e a corrida de seis quilômetros vira 10 (opa, quilinhos a menos!). Por fim, pode ser que você veja no seu amigo ou amiga o companheiro ideal para passar o resto da sua vida. Aí, o amor de sempre fica romântico e ganha outros princípios, meios e fins. Nas mais variadas causas e consequências, em ambas as pontas, a amizade é um amor que estimula o melhor de cada pessoa porque aprecia os mesmos ideais e horizontes. Chegar nesses objetivos certamente fica mais fácil quando bem acompanhado. O esforço parece menor quando estamos com nossos amigos, bem como o tempo parece passar mais depressa. Melhor ainda, quem tem mais amigos tende a viver 22% a mais de tempo do que os que têm menos, levantou um estudo australiano. O motivo? Bons amigos desencorajam comportamentos como fumar e beber excessivamente. Para coroar de vez, a companhia diminui a depressão, aumenta a autoestima e oferece apoio nas horas difíceis. Sem contar que ao longo da vida temos cada vez menos tempo e assim selecionamos com cada vez mais critério quem estará por perto para nos influenciar.

150 é o número de quantos amigos conseguimos manter em mente, por grupos. Recordamos seus nomes, traços e características de maneira imediata.

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05 é o número de amigos íntimos, pra quem você correria pra ajudar de madrugada ou pediria dinheiro emprestado. O filósofo Aristóteles considerava este o número máximo de amigos verdadeiros. Também é quantos grandes amigos cada personagem de “Friends” tinha dentro do seriado.

Quase irmãos Já reparou que seu amigo ou amiga se parece muito com você e não é só na personalidade? A semelhança física também é algo que aproxima as pessoas inconscientemente, a começar por ser um fator de identificação, pois almejamos uma extensão de nós, que reafirme o sentido da própria existência. Assim, lidar com pessoas com quem nos identificamos ajuda na sensação de inclusão e de pertencimento dentro de uma sociedade com tantas disparidades. Platão já havia alertado para isso antes, mas Nicholas Christakis, físico e cientista social da Universidade de Yale conduziu um estudo, agora científico, comprovando que essa semelhança vai além, beirando a genética. Segundo esse trabalho, estatisticamente você e seus amigos próximos tendem a compartilhar até preferências de aroma e sabor. É claro que ninguém anda por aí com um medidor de marcadores genéticos para fazer amizades, no entanto, pessoas com o mesmo tipo físico, cor de cabelo ou timbre de voz, espontaneamente se aproximam mais e firmam elos mais duradouros. Quem nunca foi perguntado se o amigo ou amiga ao lado era seu irmão? Ou então ser comparado – e não poder discordar – com seu cachorro ou gato, que é a sua cara? Mas tudo bem se você é afrodescendente e sua amiga é nipônica. A conexão entre amigos verdadeiros excede o físico. É transcendental. Evitando as más influências, sua mãe ou sua avó talvez já tentaram convencer você sobre andar com as pessoas certas com a seguinte frase: “Se um cachorro convi-

15 é o número do grupo de empatia. Pessoal selecionado que se partisse ou morresse, te deixaria triste. Aqui entram pessoas próximas do trabalho ou apenas bons amigos.

50 é o número de amizade mantidas na prática pela maioria das pessoas.



ESPECIAL

Fundamental é mesmo o amor...

ve demais com uma planta, ele vira uma planta”. Soa a mais pura crendice, mas será que essa frase não tem um pingo de referência? Em partes. Sendo assim, sua mãe e sua avó até têm razão sobre você acabar sendo muito parecido com as suas amizades. Só estão erradas em afirmar que sua personalidade é total influência delas. Você estava desde o início à procura de si mesmo.

A conexão do par Nem o telegrama, nem as cartas, muito menos o telefone. O que mudou mesmo nossa perspectiva sobre amizades foi a ascensão das redes sociais. Desde o Orkut e agora com o Facebook, é possível afirmar que temos centenas, às vezes milhares de amigos. Felizmente, apesar dessa aparente pulverização do nosso afeto, a tecnologia não afetou a maneira como fazemos amizades. Nosso círculo de amizades continua persistentemente pequeno, definido não pela internet, mas pela natureza humana. Só o que a internet mudou drasticamente foi permitir que nós mantivéssemos nossos círculos essenciais, em uma rotina cada vez mais corrida, fragmentada. Uma pesquisa feita por Robin Dumbar, professor de antropologia evolucionária em Oxford e autor do livro “De Quantos Amigos Uma Pessoa Precisa?”, comprovou essa notícia feliz sobre a essência dos nossos vínculos. Segundo esse estudo, podemos ter 100, 500, 1000, 3000 “amigos” no Facebook, mas a maioria de nós vai firmar no máximo até 150 amigos verdadeiros – online e off-line. Ou seja, poucas pessoas e seletas fazem parte importante em nossas vidas. No entanto, engana-se quem pensa que a rede social não faz um papel importante e positivo: Antes, diante de uma mudança de endereço, de cidade, de escola, enfim, de ambiente, o vínculo diminuía drasticamente porque a interação caía muito. Ainda segundo Dumbar, antes das redes sociais, o vínculo emocional diminuía 15% por ano à medida em que não acontecesse contato ao vivo, de modo que em cinco anos sem contato, um grande amigo se tornaria tão importante quanto o Seu Manoel da padaria. Assim, o Facebook, hegemônico no contato entre amigos, é um aliado e tanto para que os laços que realmente importam fiquem ainda mais fortes e bem amarrados. Amor que nunca morre.

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É impossível ser feliz sozinho, completou Tom Jobim. Eis a beleza da amizade, que não se limita às semelhanças ou complementaridades. Sua beleza está nos mais simples gestos. Acolhendo todas as nossas simples interações, a ela é a essência de toda relação e o ponto de partida de todas quaisquer que sejam sadias – grandes amizades, casamentos, pais, mães e filhos, alunos e professores, cachorros, gatos e donos, enfim. Para descontento dos altruístas radicais, a amizade verdadeira é sim, por interesse. Por interesse mútuo na felicidade. Por interesse naquele universo brando e inédito, pelo conhecimento que não é seu, pela piada velha que terá sempre graça, pelo conselho que você daria pra alguém, mas precisa de alguém para dar a você. Pelo brilho que a voz do outro acende no seu olhar. O fato é que a amizade é uma troca. Percorrer o caminho juntos e formar aquele nó é a certeza de que a existência de um influencia positivamente a vida do outro. Fica como uma simbiose. A felicidade de uma pessoa aumenta e muito a felicidade do amigo. Não à toa um sorriso desperta o outro, afinal, todo cadarço precisa de outra ponta para o laço. E por que não deixá-lo mais forte? É só chamar quem você se amarra pra um sincero abraço.



O famoso quem

Dulce

Helena Birolli

Exemplo de amor aos animais

Ela não é veterinária, tampouco devota de São Francisco de Assis, mas com certeza tem qualidades e garra comuns aos dois perfis. Com 66 anos e uma disposição de impressionar até mesmo os mais jovens, traz na mente e no coração a certeza do dever de auxiliar aqueles que vieram ao mundo para alegrar nossos dias, nos proteger e proporcionar amor incondicional: os cães – melhores amigos do homem. Atualmente abriga 60 animais, parte em sua própria casa, parte em uma propriedade rural

Por: Iara Valiente Foto: Estúdio Triz

Très: Como começou esse trabalho de resgate? Dulce Helena: Eu sou vice-presidente em uma Organização não Governamental (ONG) em Sorocaba (SP). Comecei ajudando uma pessoa, resgatando animais, quando ela teve problemas com um desses resgates; mas sempre fiz isso, desde os meus 12 anos. Lembro que eu resgatava animais, pegava cabritos escondida. Tenho tartaruga, carneiro abandonado e uma égua branca que resgatei esses dias e faço feiras de adoção de cães aqui (Presidente Prudente). Très: Em Prudente você atua sozinha ou faz parte de alguma ONG? Dulce Helena: Sozinha, mas sou voluntária e auxilio a Pastoral de Proteção aos Animais São Francisco de Assis, da Igreja Maristela, em um trabalho de conscientização nas escolas, com as crianças. O que é amizade, a escolha de um bicho, necessidade de castração, cuidados e o que se encaixa em cada perfil (dono). Très: Como funcionam as feiras de adoção (Adotar é o bicho)? Dulce Helena: Trato esses animais resgatados por um tempo, castro, vacino, faço todos os exames e divulgo em televisão ou rádio. Em média são de 15 a 20 animais e às vezes trabalho com o pessoal do “Amigo Bicho” e “Anjos de Quatro Patas”, que também cuidam desses bichinhos. Recentemente realizamos uma e no mês de novembro acontece a próxima.

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Très: Você obviamente se apega aos animais que passam por seus cuidados. Como lida com a separação, quando ela acontece? Dulce Helena: Me apego demais, toda feira eu choro (risos) – a cada cachorro que vai, tenho vontade de ir embora. Porque sou quem ajuda a limpar, aplicar remédio (ela mostra as mãos para comprovar que lida pessoalmente com isso). E de todos os animais que tenho sob os cuidados, 32 são meus, porque já não tem como doar. Tem alguns sem perna, um que é completamente surdo, tem um que é agressivo, uma com diabetes... Très: Quem te ajuda com todos esses cuidados e qual o “pagamento” por esse seu trabalho? Dulce Helena: São duas pessoas e me considero abençoada, o animal é incondicional, não impõe nada para te amar. Se eu chegar lá (chácara) agora e tiver outras pessoas, eles vão querer ficar comigo (os olhos dela brilham ao falar isso). Não tem nada igual. Esse contato com animal me faz ser uma pessoa extremamente intuitiva. A gente é um pouco bicho, um pouco natureza e se você é um pouco natureza, você é feliz.


“Me considero uma pessoa abençoada, o animal é incondicional, não impõe nada para te amar”

Très: Tem algum história marcante? Dulce Helena: Quando eu tinha 12 anos de idade, morava na fazenda e era época de política. Entrou um pessoal para fazer propaganda lá e ao voltarem pela sede atropelaram minha cachorrinha mesticinha/vira-latinha, chamada Cátia. Eu quebrei o vidro do homem, tacando pedra. Isso tudo me marcou muito. Meu pai até me pôs em colégio de freiras em São Paulo para ver se me botava jeito, porque eu vivia no curral brincando com os bezerros.

#23 Revista Très _ 23


Resumo

4

2 3

1

8 5

6

7

Sol Galvão Prudêncio Fotos: Estúdio Triz

I

mpossível resumir uma criança sem tocar no assunto: guloseimas! A nossa convidada, Sol Galvão Prudêncio, 5 anos, deixou bem claro que em sua seleção de itens faltou o sorvete de creme (por motivos técnicos) e o doce de leite ninho da bisa, que mora em Quatá (seu lugar preferido para viajar). Em meio a nossa conversa ela diz: “quando eu crescer, quero ser uma atriz de cinema como a Mila da série D.P.A (Detetives do Prédio Azul)”. Já deu pra notar que o gosto artístico vem de berço (o pai, Daniel, é produtor musical e a mãe, Juliana, empresária na mesma área). Espiem só!

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1- Acessórios do ballet - “Acho que vou duas vezes por semana. Adoro as brincadeiras. Nossa apresentação do fim do ano será Tinker Bell no Mundo das Fadas”. 2- Desenho - “Adoro pintar, mas escolhi este porque foi meu pai quem pintou para mim.” 3- Boneca - “O nome dela é Gabriela, o mesmo da minha prima que mora lá em Araçatuba e com quem eu gosto de brincar. É a minha boneca preferida. Tenho outras, mas esta é grande e parece um bebê de verdade. Ela está usando um vestido meu de quando era pequena e tem sua própria mamadeira.” 4- Caderno de desenhos - “Este comprei lá na Disney. Brinco de pintar depois de terminar a tarefa.”

5- Óculos, maiô e touca - “Faço natação e gosto muito de ir. Meu pai também faz aulas comigo.” 6- Batons - “Adoro maquiagem. Uso batom para passear e manteiga de cacau todos os dias.” 7- DVD Portátil - “Gosto de assistir filmes quando vou viajar. Hoje, meu preferido é o Doutora Brinquedos.” 8-Rádio e fone de ouvido - “Nas sextasfeiras trago minhas amigas pra casa, ligo meu rádio com o cabo no iPod e começamos a dançar. Gosto muito das músicas do Frozen (filme), Luan Santana, Michel Teló, Justin Bieber, Chiquititas e não lembro mais...”


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bate-papo

Turma da Foi complicado, mas a Très conseguiu! Essa garotada abriu uma brechinha na agenda lotada (de brincadeiras) e respondeu a nossa entrevista com muito bom humor e simpatia. Só foi difícil evitar algumas coelhadas aqui na redação. No mês em que se comemora o Dia das Crianças, confira a conversa especial que tivemos com a Turma da Mônica! Por: Violeta Araki Fotos: Cedidas

Très: Cebolinha, há muito tempo você e o Cascão vêm bolando planos infalíveis para pegar o coelhinho da Mônica. As ideias não acabam nunca? Cebolinha: Clalo que não! A minha cliatividade não tem limites... Pena que as asneilas que o Cascão aplonta também não tem limites, e ele semple acaba estlagando tudo! Uma hola ele levela todo o plano, outla hola ele esquece de um detalhe impoltante... Mas eu sou um pelsonagem blasileilo e não desisto nunca! Eh, eh, eh...

Très: Mônica, você já passou por tantas aventuras junto com seus amigos! Há alguma história que você ainda tem muita vontade de viver? Qual seria? Mônica: Ah, tem sim! Uma história sem planos infalíveis, sem coelhadas, só com muita brincadeira e diversão... E nessa história, a gente poderia brincar de casinha, todos unidos, e o Cebolinha seria o meu marido, o pai do Sansão...

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Cebolinha (interrompendo a Mônica): Nada disso, golduch... Quelo dizer “Moniquinha”, eh, eh, eh... Não vai falando essas coisas, polque pode dar ideias pala o Maulicio. E aí já viu, né? Tô fola!

Mônica: Como você é bobo, Cebolinha. Aposto que você iria a-do-rar ser marido de uma menina tão carinhosa como eu. Cebolinha: Eu, heim!?


Mônica Magali, em se tratando de comida, qual o seu maior sonho de consumo? Uma geladeira que ficasse cheia para sempre? Um restaurante aberto 24 horas? Magali: Uau! Já pensou? Eu ia adorar uma geladeira assim. Pena que não existe, né? E um restaurante aberto 24 horas, então? Hum... seria um sonho. Você tem ideias muito legais. Vou anotar tudo agora mesmo e mandar para o Mauricio, quem sabe ele cria uma história recheada dessas coisas? E poderia ter também um pé de melancia que desse frutos o ano inteiro, um céu lotadinho com nuvens de algodão doce, e que no bairro do Limoeiro passasse um rio de leite condensado, e... Cascão: Chega, Magali. Assim não vai dar tempo pra eu ser entrevistado também!

Très: Cascão, qual foi a situação mais perigosa que você já enfrentou ao lado de seus amigos? Cascão: Eu já passei muitas situações perigosas com os meus amiguinhos, mas nada se compara a uma chuva que se forma de repente, ou a minha mãe me chamando no final da tarde para tomar banho... Uiiii! É isso, a coisa mais perigosa no mundo pra mim é água, turminha! Ai, que medo!

Biografia

Maurício de Sousa

Très: Cebolinha, como vocês são na escola? Quem tira as melhores notas? Cebolinha: Modéstia à palte, quem tila as melholes notas sou eu. É que sou muito inteligente, né? Afinal bolo planos infalíveis geniais... Cascão: Ai, que mentira. Primeiro porque ele troca os erres pelos eles e, às vezes, ninguém entende o que ele fala direito. Os planos infalíveis todo mundo conhece, não é mesmo? Nenhum, nunca, deu certo, e tem mais... Cebolinha: Meus planos não dão celto por sua causa, seu... Magali: Que coisa feia, meninos. Parem de discutir. Mônica: É isso mesmo! Parem com isso, antes que eu perca a paciência, heim?

Très: Mônica, qual a importância da amizade dessa turma para você? Mônica: Amigo é tudo, né, gente? Tá certo que, às vezes, temos opiniões diferentes, que gostamos de coisas diferentes... Mas todo mundo se gosta muito. E a vida é assim, porque se todos fossem iguais, a vida seria tão sem graça...

Pouca gente sabe, mas antes de se tornar um dos cartunistas mais reconhecidos do Brasil, Mauricio de Sousa foi repórter policial na antiga Folha da Manhã, jornal de São Paulo. Passou cinco anos nesse ofício até que suas primeiras ilustrações fossem publicadas naquele periódico. Os primeiros personagens criados para tiras em quadrinhos foram o cãozinho Bidu e seu dono Franjinha. Tempos depois apareceram outras figuras, como Cebolinha, Piteco, Horácio e Penadinho. Em 1970, lançou a revista da Mônica, já com tiragem de 200 mil exemplares. Em seguida, surgiram as publicações do Chico Bento, Cascão, Magali, entre outros. O cartunista detém a marca de mais de um bilhão de revistas publicadas e seus trabalhos chegam a cerca de 50 países. Em 2007, Mauricio foi nomeado “Escritor para Crianças do UNICEF” e Mônica ganhou o título de Embaixadora na mesma cerimônia. Crescida, a “Turma da Mônica Jovem” atingiu o número de mais de um milhão de exemplares vendidos em 2008, nas quatro primeiras edições da revista. Incontáveis itens com os personagens criados pelo cartunista são produzidos por mais de 150 indústrias nacionais e internacionais licenciadas. No ano passado, a Turma da Mônica completou 50 anos de muito sucesso.

#24 Revista Très _ 27


bate-papo

Très: Cascão, e se você ganhasse de presente um curso de natação? Será que a relação entre você e a água não melhoraria? Cascão: Como? Nunca! Só se eu ganhasse um presente desse no “inimigo oculto”. Mas eu daria esse presente para o Cebolinha, porque ele adora nadar.

Très: Se vocês pudessem ter superpoderes, o que fariam para melhorar a vida das crianças? Mônica: Eu gostaria de ser ainda mais forte, para proteger todas as crianças do mundo, principalmente as que têm amiguinhos que vivem aprontando com elas, como fazem comigo! Não é, Cebolinha??????? Cebolinha: Eh, eh... Calma, amiguinha. É tudo de blincadeila. Glup! Agola, se eu se tivesse super podeles, gostalia de voar, assim podelia levar mais aleglia para as clianças do mundo inteilo. Cascão: E eu gostaria de ser super rápido e fazer brinquedo com toda a sucata que existe no mundo. Assim a gente ia se divertir muito mais, em vez de ficar poluindo tanto o planeta e causando tanto mal ao meio-ambiente. Magali: Que lindo, Cascão! Pois eu queria ter uma superpanela e preparar comidinhas deliciosas para todas as crianças do mundo. Mas é claro que eu também precisaria ter uma super-resistência à tentação de comer tudo sozinha, não é mesmo?

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“E A VIDA É ASSIM, PORQUE SE TODOS FOSSEM IGUAIS, A VIDA SERIA TÃO SEM GRAÇA...” MÔNICA

Cebolinha: Eu?! Adolo nadar?! Cascão: Pois é! Faz planos infalíveis, e nada! Quer ser o dono da rua, e nada! Pensa que é o mais esperto, e que nada! Ah, ah, ah... Cebolinha: Que piada mais boba. Hunf...

Très: Na opinião de vocês, qual é a melhor coisa de ser criança? Très: Magali, qual o segredo para estar sempre com este corpinho, mesmo não recusando nenhuma sobremesa? Magali: Não sei, uma vez minha mãe falou que deve ser a genética. Mas eu nunca comi essa coisa, e nem sabia que ela pode manter a gente assim, tão esbelta, sabe? Cebolinha: Ai, ai, ai... genética é uma coisa que vem da família, Magali. Digamos que você é como os seus pais, que também não engoldam, entendeu?

Mônica: Brincar! Cebolinha: Aplender coisas novas! Cascão: “Aprender”, Cebolinha. Mônica: É, acho que ele não está aprendendo direito. Magali: Gosto de comer, de dormir, de tomar um banho bem gostoso, ficar cheirosinha...

Cascão: Diferente de umas e outras, né, parceiro?

Cascão: Tá de gozação, né, Magali? Tirando o banho, tudo o que a turminha falou é legal, principalmente fazer todas essas coisas com as pessoas que a gente ama, inclusive os nossos amiguinhos.

Mônica: Como é que é?

Mônica: É isso aí!



#leia

O Pintassilgo

Por: Henrique Chagas

Autor: Donna Tartt Tradutor: Sara Grunhagen Nº de páginas: 792

“O

Pintassilgo” é uma hipnotizante história de perda, obsessão e sobrevivência, um triunfo da prosa contemporânea que explora com rara sensibilidade as cruéis maquinações do destino.

A ilha do conhecimento

Os limites da ciência e a busca por sentido Autores: Marcelo Gleiser Nº de páginas: 364

Q

uanto podemos conhecer do mundo? Será que podemos conhecer tudo? Ou será que existem limites fundamentais para o que a ciência pode explicar? Se esses limites existem, até que ponto podemos compreender a natureza da realidade? Essas perguntas e suas consequências surpreendentes são o foco deste livro, um ensaio sobre como compreendemos o Universo e a nós mesmos.

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O livro do corpo

ALIMENTE-SE, MEXA-SE, ENTENDA E AME ESSE SEU CORPO FANTÁSTICO Autora: Cameron Dias / Tradutora: Ana Beatriz Rodriguez Nº de páginas: 304

A

o longo de sua carreira, Cameron Diaz foi um modelo para milhões de mulheres ao redor do mundo, porém, como ela própria admite, nem sempre foi tão consciente com relação ao corpo quanto é hoje. Em “O livro do corpo”, a autora não formulou um programa único para todos os tipos de mulher, tampouco estabeleceu objetivos a serem alcançados em sete, trinta dias ou um ano; diferentemente disso, ela apresenta aqui uma abordagem de longo prazo para uma vida duradoura, com força e saúde. Fundamentado em informações de especialistas e baseado em fatos científicos.

Jerusalém; sabores e receitas

Autores: Yotam Ottolenghi e Sami Tamimi Tradutora: Eni Rodrigues Nº de páginas: 320 Lançamento previsto no Brasil: 14/10/2014

Y

otam Ottolenghi, dono de restaurantes ao redor do mundo, e seu sócio, Sami Tamimi, usam receitas para desenhar o panorama de uma das cidades mais diversas do planeta. As receitas do livro trazem o leitor para essa realidade e o inspiram a testar pratos deliciosos e práticos. “Jerusalém: A Cookbook”, publicado nos EUA há menos de um ano, já vendeu 410 mil cópias impressas

Boa noite a todos Autor: Edney Silvestre Nº de páginas: 208

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aggie, a personagem, conheceu na Europa dos anos 1960 e 70 a liberdade que os anos de chumbo tolhiam no Brasil de então. Essa liberdade teve, no entanto, como revés, a ausência de uma terra firme à qual se prender. “Boa Noite a Todos” representa mais um patamar no edifício literário em que Silvestre abriga e situa a geração que se formou sob as grandes transformações políticas e sociais da segunda metade do século XX.



#Assista

Por: Luiz Dale

A Batalha que não cessa The Normal Heart NOTA: 9.0 Título Original: The Normal Heart (EUA, Produção HBO, 2013) De: Ryan Murphy Drama / 133 minutos (longa-metragem para TV)

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he Normal Heart é um filme para a TV produzido pela HBO, que mantém a qualidade artística de suas produções. A medicina estava aflita com o avanço do vírus HIV, que causou uma verdadeira revolução social na década de 80, particularmente na comunidade gay, quando a sociedade julgara ser uma doença de propriedade exclusiva dos homossexuais. Inspirado na prestigiada peça teatral de Larry Kramer, o filme retrata a luta do ativista Ned Weeks (vivido por Mark Ruffalo, em seu melhor momento) que funda uma empresa de advocacia com o objetivo de ajudar a comunidade gay, especialmente os portadores do vírus, após presenciar a morte de um amigo. Compra briga com políticos, familiares e conselhos de medicina, enquanto vai perdendo aos poucos

os amigos, conhecidos e companheiros sexuais para a doença. Ao seu lado, a Dra. Emma Brookner (Julia Roberts) tenta avançar no controle da AIDS e amenizar o sofrimento de seus pacientes. Assim como o cinema propôs, mais uma vez, uma conversa sobre o tema com o ótimo Clube de Compras Dallas, no mesmo período The Normal Heart surge como um equivalente para a TV. Bem conduzido por Ryan Murphy, o filme retrata de maneira fiel a angústia instaurada em Nova York na década do “câncer gay”, a calamidade da saúde pública e o preconceito de gêneros e, sem rodeios, como é de se esperar em obras com o tema, sobe o tom melancólico nos dramas particulares das personagens centrais. Atenção especial para os trabalhos de Alfred Molina e Matt Bomer.

Confira também: 12 Anos de Escravidão Um relato histórico preciso da escravidão NOTA: 10 Título Original: 12 Years a Slave, EUA, 2013 De: Steven McQueen Drama / 133 minutos

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daptação autobiográfica escrita em 1853 por Solomon Northup, interpretado magistralmente por Chiwetel Ejiofor, o filme retrata a vida de Solomon, um escravo livre na cidade de Nova York que recebe a proposta de dois “empresários” para ganhar dinheiro com o seu dom artístico, a música, em Washington, capital americana. Entretanto, é vendido como escravo e levado à força até Louisiana, sul do país, onde trabalharia como escravo durante 12 anos para o escravocrata Edwin Epps (Michael Fassbender, excelente). A partir de

então, o que presenciamos é uma saga de sofrimento em um momento que o cinema cumpre muito bem uma de suas maiores virtudes, o de servir como uma espécie de testemunha ocular da história. Além da pontualidade histórica, surge Lupita Nyong’o, que a essa altura você já deve ter ouvido falar, merecidamente oscarizada, protagonizando os momentos mais memoráveis do cinema nos últimos anos. Vencedor do Oscar de melhor filme, roteiro adaptado e melhor atriz coadjuvante.



#Escute

Meschyia Lake

& The Little Big Horns Por: Violeta Araki Foto: Cedida Tradução e adaptação de texto: Carlos Adriano M. Teixeira. Agradecimentos: Vanessa Hanayo Sakotani

Ao personificar a vivacidade com que o jazz vem arrebatando corações ao longo das décadas, a cantora norte-americana espalha pelos mais diferentes palcos a cultura viva de Nova Orleans. Para conquistar o público, só precisou até hoje de uma boa banda, simplicidade e uma voz de outra dimensão

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Très: Você começou sua carreira de cantora ainda criança e, mais moça, viajava pelos EUA com trupes de circo. O que mais te marcou nessa época? Meschyia Lake: Foi a completa liberdade daquela rotina. Nós vivíamos dentro de veículos e viajávamos de cidade a cidade entretendo as pessoas. Compartilhávamos nosso dinheiro, nossas refeições e todo o nosso tempo juntos. O circo realmente me mostrou que não é necessário viver em um estilo tradicional; que se pode prosperar sem precisar trabalhar em escritório ou ter uma família; que o estilo de vida convencional pode ser bom, mas que não foi feito para mim.


Très: O que trouxe de experiência das apresentações em turnês pela Europa e EUA? Meschyia Lake: As turnês pelo mundo abriram minha mente para diferentes culturas. Sempre fui aberta às diferenças entre povos, porém, minhas viagens me tornaram ainda mais receptiva a elas. Existem pessoas boas e de bom coração por todo o mundo. Já vi imensa hospitalidade de vários tipos de pessoa e podemos, sim, nos comunicar, mesmo não falando a mesma língua, pois todos temos música dentro de nós. Très: Mesmo Nova Orleans, consagrada há muitas décadas como capital mundial do jazz, passou por um processo de renovação desse estilo musical. Gostaria que comentasse a nova fase. Meschyia Lake: O Jazz tradicional e os conjuntos de instrumentos de sopro e percussão (conhecidas como “brass bands” e típicas de Nova Orleans) têm permanecido com suas características. Alguns músicos são conservadores, mantendo-se fiéis ao estilo e às músicas antigas. No entanto, algumas bandas, como a nossa, tomam outras influências e as misturam com seus próprios estilos, escrevendo, por vezes, seu próprio material. Très: E por falar em Nova Orleans, de que forma você acredita que a alma dessa cidade tão vibrante e rica em história e cultura se reflete nos seus trabalhos (suas canções)? Meschyia Lake: Nova Orleans é o motivo pelo qual eu canto minhas músicas. É um lugar de contrastes, cores vivas e pessoas únicas e vibrantes. Minhas canções são uma visualização direta dessa cultura. Très: Muitos julgam que o Jazz é um ritmo direcionado apenas à elite. Ao seu ver ele pode ser democratizado? Meschyia Lake: Acredito que nosso tipo de Jazz seja a música do povo. Serve para todos. É dançante, como uma balada. Nossas músicas têm a batida 4/4 na maior parte do tempo, assim como uma forte influência caribenha. É como o rock punk no início do século XX – vibrante e rebelde. Caminhando através da história do Jazz e chegando ao bebop (variedade do Jazz, marcada pela complexidade harmônica) e ao Jazz improvisado, as músicas tornam-se menos acessíveis aos leigos. O tempo, as letras e a melodia ficam mais difíceis. No entanto, nosso Jazz deve preencher seu coração e fazê-lo querer dançar.

Très: O que acha importante ser resgatado do passado do Jazz e o que pode ser acrescentado de novo e criativo a este cenário atual? Meschyia Lake: Penso que seja muito importante estudar os estilos e músicas dos compositores tradicionais para preservá-las, mas também acredito que seja crucial adicionar algumas influências modernas às músicas para atrair gerações mais jovens, garantindo, dessa maneira, longevidade às composições. Très: Como é levar esse ritmo tão próprio da cultura norte-americana a outros países? Meschyia Lake: Percebi que as pessoas ao redor do mundo podem adorar isso. Nossas composições têm os sons das emoções que todos os humanos sentem. Quando viajamos, compartilhamos nosso som com músicos locais e, em troca, eles nos mostram suas próprias músicas tradicionais. Isso é capaz de unir as pessoas e fazer do mundo um lugar menor. Por dentro, somos todos os mesmos. Independentemente de nossas diferenças, todos sentimos amor e perda. Todos temos sangue vermelho. Tenho muito orgulho e honra por poder compartilhar a música e a cultura de Nova Orleans com o resto do mundo. Très: O álbum “Fooler’s Gold”, que é seu mais recente trabalho com a banda que formou em 2009, The Little Big Horns, foi bem elogiado pela crítica. Conte sobre a essência principal do disco. Meschyia Lake: Este álbum é a representação da nossa música atual. É uma marca na nossa progressão artística. Tem um toque mais balançado, no estilo brass band, além de um material mais original e algumas músicas gravadas em estúdio, ao contrário de nosso primeiro álbum, que baseou-se principalmente em gravações ao vivo. Escolhemos músicas mais antigas e obscuras e adicionamos alguns traços às nossas composições originais. Um exemplo disso é a faixa título do álbum, Foolers’ Gold, que mistura uma batida latina com uma espécie de doo wop (música vocal originada em comunidades negras norte-americanas). Em resumo, nosso álbum está mais rock ‘n’ roll, porém, manteve bastante a tradição.

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#explore

Entrada da cidade

Um passeio por

Gramado-RS

A combinação de pontos turísticos encantadores e uma gastronomia de dar água na boca atrai milhares de turistas todos os anos. Conheça os lugares que você não pode deixar de visitar quando for a Gramado Por: Priscila Braga Fotos: Arquivo

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ma área de 237.019 km2 e cerca de 34 mil habitantes. Prestes a completar seis décadas, Gramado/RS contempla a lista de trajetos mais requisitados para passeios. A arquitetura e o clima lembram a Europa, enquanto a recepção acolhedora é um dos destaques da cidade. Na entrada, um pórtico em estilo normando dá as boas-vindas. A fisioterapeuta Priscila Braga visitou a cidade serrana em duas oportunidades e apresenta um roteiro aos leitores da Très.


Copo e prato em Gramado: Café Colonial: Essas casas oferecem muitas opções entre cafés, sucos, vinhos e tortas alemãs e holandesas. São deliciosas, há mais de 300 itens para você escolher entre bebidas e comidas. Fondue: Quem for até Gramado também precisa experimentar o famoso fondue. Antigamente era servido no óleo, depois começou a ser servido na pedra. Geralmente a pessoa começa pelo fondue de queijo, depois de carnes e, por último o de chocolate.

Para visitar: Mini Mundo: É uma réplica de diversos lugares do mundo. Você vai caminhando e observando toda a arquitetura e urbanismo em miniatura, desde árvores, pessoas até meios de transporte. Possui uma construção encantadora, pois também tem castelos, estações, igrejas, entre outros. Igreja Matriz São Pedro: Localizada no centro da cidade, a igreja foi construída em madeira no ano de 1917 e, em 1943, em pedra basáltica. Chamada de “Igreja de Pedra”, tem um estilo arquitetônico romano e uma torre de 46 metros. Lago Negro: Espaço rico em hortênsias e azaleias e convidativo para reflexões. Você pode explorá-lo através dos pedalinhos em formato de cisnes, caminhadas ou passeios de bicicleta. Natal Luz: Vai de novembro a janeiro. Cada dia há um evento, como desfiles repletos de efeitos, teatro ambulante, cinema 4D, show de acendimento, entre outros. A apresentação de coral montado no meio do lago é deslumbrante. O tenor anda pelo barco e o show das águas completa o espetáculo. Há também a Árvore Cantante, um coral composto por crianças e bailarinas que apresenta várias músicas natalinas na Rua Coberta.

Observações: Recepção: O povo é educado, tem muito respeito com os turistas. O interessante é que várias pessoas passam informações quanto aos pontos turísticos, além da cidade contar com um bom policiamento. Visita: Ela pode ocorrer em qualquer época do ano, porém eu destaco o período do fim de ano por causa do Natal. É encantador! Canela: Se quiser aproveitar ainda mais a viagem, percorra sete quilômetros até chegar em Canela. A cidade vizinha enriquece o roteiro com a Cascata do Caracol, que oferece um teleférico de tecnologia suíça. São mais de 800 metros de percurso. Além disso, tem o Parque Florybal, construído dentro de uma reserva. Você caminha pela floresta, vê personagens em estátuas, conhece a réplica da fábrica de chocolate e ainda ganha um de presente!

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um pouco mais

Amor à culinária oriental – do berço ao sucesso Conheça a história de Luciana Lee, SÓCIA proprietária dos restaurantes Dachô

Por: Iara Valiente Fotos: Estúdio Triz

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ra 1972 em Presidente Prudente e a cozinha do já tradicional restaurante Shikai estava a todo vapor. Seu proprietário, um chinês vindo de Xangai, há nove anos se desdobrava entre a rotina da cozinha movimentada e a família. Negócios e lazer em um mesmo local, berço da recém-nascida Luciana Lee. Inegável constatar que panelas wok, cutelos, espátulas e peneiras, instrumentos de trabalho do pai, sempre tiveram a devida proporção na vida da menina que, de primavera em primavera, aprendia sobre aquele universo de adultos – do fogão à recepção. A mãe, que também era prudentina, tinha pais vindos do Japão e era a administradora do local. Influência não lhe faltaria jamais. Mas em 1991 o pai faleceu e seis anos depois, com pouco mais de três “a gente foca no ser humadécadas de sucesso, as atividades do no. Equipe e clientes têm restaurante foram encerradas. Já com que estar 100% sintoniza30 anos, a mulher determinada, carredos. O resultado é sempre gada de ancestralidade, comprou outro favorável para todos” restaurante (Skally Beer), mas o vendeu Luciana oito anos depois. Os dias passavam e o sonho de um dia ter seu próprio restaurante oriental só crescia. “Eu queria resgatar a história do meu pai, a essência da minha família, da minha mãe também. Sempre sonhei em ter vários restaurantes, só não sabia como”, conta a empresária. Em junho de 2013 a caminhada teve início quando Luciana se associou a um grupo de empresários e de uma só vez, inaugurou a unidade do Dachô Jardim Morumbi e concluiu as reformas do Dachô unidade Jardim Paulista, na Avenida Washington Luiz que havia sido inaugurado em 2010. A condução das 2 unidades resultou em um forte crescimento transformando os restaurantes numa forte referência para quem quiser comer muito bem. Aberto todos os dias. Unidades Presidente Prudente: E qual o segredo? Um deles, que é o bom atendimento, não Rua Engenheiro Alfred J. Liemert, 33 (Morumbi) - 3908-6019 nasce sozinho, nem de repente. Luciana comenta que tudo coAvenida Washington Luiz, 2256 - 3222-3155 meça quando as portas ainda estão liberadas apenas para sua equipe. “A gente visa o ser humano em primeiro lugar. Ele precisa estar bem para atender bem e estar realizado. No ramo de alimentos queremos ser modelo. Mostrar que não é só o lucro, só ganhar, tem toda uma estrutura, uma preocupação.” Será que esse processo é mesmo eficiente? A resposta chega rápido. “O ambiente é familiar, os pratos são maravilhosos e a comida é saudável. Gosto da agilidade do atendimento”, conta Andréia Mesti, empresária, 35 anos, que vai ao restaurante de duas a três vezes por semana.

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#prove

Crianças Mão na massa!

O dia das crianças está chegando, então que tal sair do óbvio e aproveitar essa data de uma maneira mais saudável e divertida?

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ideia é aproveitar a presença dos pequenos e cozinhar junto com eles. Quanto mais a criança participa do preparo da comida, mais ela sente vontade de comer, e, por isso, trouxemos aqui uma receita que vocês poderão preparar juntinhos! Vamos aprender a fazer um cookie integral com gotas de chocolate?

Por: Camila Galindo Foto: Estúdio Triz

Ingredientes:

Modo de preparo

1 xícara de farinha de trigo integral 1 xícara de aveia em flocos 1/2 xícara de margarina 1 xícara de açúcar mascavo ou cristal 2 ovos 1 colher de sopa rasa de fermento em pó 1 colher de chá de essência baunilha 1 colher de café de canela

1- Misturar os ingredientes sólidos (farinha, aveia, açúcar, canela e fermento); 2- Adicionar a margarina, os ovos e a baunilha. A massa deverá ficar mole; 3- Coloque com a ajuda de uma colher pequenas porções bem espaçadas em uma forma untada. A dica para a forma não ficar com excesso de óleo é espalhá-lo com papel toalha; 4- Deixe no forno médio por 15 a 20 minutos, ou até dourar. Você pode adicionar uvas passas, gotas de chocolate ou ameixa picadinha. Fica uma delícia, mas gostoso mesmo, com certeza foi a festa que virou a mesa, não é? Bom apetite!

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hardecor

Por: Valéria Coelho www.hardecor.com.br

Renovar a decoração da casa é injetar ânimo e modernidade na vida da família. Uma nova cor para as paredes, novos objetos, almofadas, cortinas ou um novo tecido para o sofá fazem toda a diferença, e, muitas vezes, apenas o fato de mudar tudo de lugar já faz toda diferença! Mobiliário e objetos que contam histórias sempre devem ser inseridos na nova proposta e fique atento à correta organização dos objetos e quadros, imprescindível para uma decoração bacana. Pesquise e crie a sua fórmula!

Coleções Todos temos vasos, castiçais, livros ou objetos similares na função ou na cor, espalhados pela casa. Agrupe os seus. O conjunto faz volume e confere importância e força à composição. Sobre a mesa de centro, resista à tentação de colocar várias peças distintas. Uma bacana ou uma pequena coleção agrupada de forma descentralizada faz “a diferença”.

A luz A iluminação é um dos itens mais importantes e negligenciados da decoração, e que faz uma diferença brutal. As lâmpadas frias de tonalidade branca, não podem e não devem ser usadas além da cozinha. A luz fria é triste e acaba com qualquer projeto, e se você não abre mão da lâmpada econômica, eleja a de tonalidade amarela. Ótima pedida é usar e abusar da iluminação indireta. Faça o teste.

Cores Pintar as paredes de cores mais escuras traz elegância a jato para a decoração. O cinza pode ser usado em todas as suas variações, desde o mais claro (C160), até um mais escuro (D161). O azul marinho (R075), verde folha (R052), preto e berinjela (D092), todos Suvinil, são outras excelentes opções. Para um efeito candy, opte pelo rosa (B100) ou azul (E023) em tons pastéis. As duas cores estão em forte alta no mundo da decoração, e ao contrário do que possa parecer, produzem efeito lindo e chique.

Estampas

Acima, os espelhos são contraponto interessante à delicadeza do azul claro, cor atualíssima. Repare na coleção de castiçais sobre a mesa de centro. Em seguida, a parede azul recebe os retratos, mesmo tema da coleção de máscaras.

Da esq. para a dir., a parede em berinjela recebe bem a decoração colorida, e pode ser combinada com rosas e azuis. O verde intenso aparece também no teto, tons terrosos equilibram a composição. E por último, o cinza recebe muito bem o camelo, o verde, azul, amarelo, rosa e quase todas as cores.

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Lembranças Todas as famílias guardam recordações e objetos queridos. Escolha os mais significativos e enquadre-os. O Marcos e o Anderson, da Artgesso, podem ajudar na escolha da moldura. Essa é uma solução incrível para o que ficaria guardado no armário para sempre, como um colar bacana, mas quebrado, uma roupinha especial das crianças, assim como as obras produzidas nos primeiros anos da vida escolar ou as toalhinhas de crochê da tia preferida. A altura correta é na altura dos olhos.

Um tecido estampado ou listrado na cortina ou no sofá praticamente resolvem a decoração. Se for muita ousadia para a sua casa, comece pelas almofadas, pufes e pequenas superfícies.

Mix charmoso de estampas. As telas têm temas e técnicas diversas que tornam o conjunto mais rico. Mix lindo de estampas no hotel Thomieux, em Paris. Misture sem medo.



ponto de vista

O Afeto Uma das pinturas mais reproduzidas da história da arte, “O Beijo” é considerado o ápice da obra considerada erótica de Gustav Klimt. E por que não romântica?

Por: Lucas Miolla Fotos: Arquivo

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té que ponto uma obra de arte pode ser reproduzida para que não perca o seu valor? No caso de “O Beijo”, de Gustav Klimt, ela pôde ser repetida tanto quanto os ditos beijos. Mesmo sendo um dos quadros mais imitados e aplicados em improváveis produtos, – de almofadas de hotel a releituras em Pop Art – este em especial conseguiu se manter dentro do que os críticos e historiadores consideram como limite para evitar a banalização de uma obra: você tem que vê-lo ao vivo. Só mesmo analisar “O Beijo” de perto permite experimentá-lo completamente. Isso porque Klimt utilizava técnicas e influências irreprodutíveis digital ou graficamente. No estilo, por exemplo, ele trouxe a composição fragmentada dos mosaicos bizantinos, com detalhes caprichosos. Essa técnica resultava em uma atmosfera de fantasia e sonho, porque assim, ornamentais, as figuras não ficam ligadas a nada real e despertam em nós a imaginação. Já na essência, ele refletia uma hereditariedade nobre. Filho de pai ourives, Klimt decorou “O Beijo” e muitas outras obras com folhas de ouro e pedras preciosas. Por isso, apenas presenciar o quadro ao vivo, em Viena, proporciona sua experiência real.

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É uma unanimidade entre os historiadores que o tema das principais obras desse austríaco era o erotismo e seu acervo conta com mais de 3.000 retratos de nudez para comprovar. Contudo, há fatores que levam a uma impressão menos arbitrária, a começar pelo comportamento do autor. Passional, intenso e devoto à mãe e à irmã, Klimt cultivava flores e endeusava a figura feminina, sendo a ruiva a sua evidente favorita, ao analisar seus quadros. Em segundo lugar, seu repertório trazia a ilustração de cenas da mitologia grega e da exposição de suas convicções sobre o existencialismo, influenciado por Schopenhauer e Nietzche. Ou seja, ao retratar a intimidade física da mulher, bem como o carinho do casal do quadro, Klimt buscava mostrar o que não está visível: o afeto. Ele retratava a humanidade e seus laços. Finalmente, a estética deixava clara a extensão divinal que Klimt atribuía à mulher, ao beijo, ao abraço, ao laço em si. Toda a sua atmosfera é decorada com elementos nobres, flores

Gustav Klimt, “O Beijo”, 1907-1908, óleo e folha de ouro s/ tela, Österreichische Galerie Belvedere, Viena.

e um envoltório intocável, sem fundo, infinito. Passa a emoção de que quando aquele casal dá um beijo afetuoso, na bochecha, nada mais existe em volta. Em “O Beijo”, o marcante dourado inclina para o sagrado, e o que Klimt considerava sagrado não era propriamente a divindade, era esse momento de plenitude afetiva. Era o que ele considerava sublime, afinal, homem e mulher no quadro não estão nus de corpo. Dentro da atmosfera onírica tão gloriosamente pintada, Gustav mostrou dois humanos nus de alma. Quer amor mais puro? Para conhecer mais sobre essa e outras obras formidáveis de Gustav Klimt, assista o filme “Klimt”, com John Malkovich e o episódio dedicado ao pintor do documentário da BBC “A Vida Íntima de uma Obra Prima”.


max moveis


Biografia

Por: Fernanda Cantero Fotos: Arquivo

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ma amizade que deu certo: a série de maior sucesso dos anos 90, Friends, foi criada por dois amigos que decidiram levar à televisão suas próprias aventuras vividas em Nova Iorque, enfrentando aquele momento incerto da juventude que é conciliar trabalho, família, relacionamentos e carreira. A união de David Crane, produtor e escritor, com a roteirista Marta Kauffman, fez história no mundo das sitcoms. Sem imaginar, os dois amigos deram vida em 1994 ao trabalho que ficaria eternizado, Friends. Juntos eles produziram vários musicais, peças de teatro e outros seriados, como Dream On, na HBO, e Veronica’s Closet, transmitida pela NBC. Porém, nada chegou aos pés do sucesso alcançado pelos seis amigos que se reuniam no Central Perk. Manter todos os personagens como protagonistas foi uma grande sacada tida por eles. Garantir o mesmo destaque a todos em vez de enfatizar um ou dois atores apenas, trouxe o diferencial da série, permi-

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tindo que todo mundo conquistasse seu espaço. O trabalho mais recente de David foi a série The Class, criada em parceria com um produtor americano, mas o programa não emplacou e foi cancelado já na primeira temporada. Marta, por outro lado, se envolveu na produção de um filme sobre mulheres com câncer de mama chamado “Call me Crazy: A Five Film”. Em 2013 ela veio ao Brasil para um treinamento com escritores da Globo, falando sobre a transformação das telenovelas. Volta e meia, os fãs especulam sobre um possível filme ou retorno do programa, mas Marta garante que não existe a possibilidade disso acontecer. Para ela não teria sentido fazer algo sobre a vida adulta dos personagens, já que o foco do programa David Crane era exatamente

a juventude deles. O que nos resta é lembrar de Rachel e sua relação conturbada com Ross, as manias de limpeza de Monica, os dramas de Chandler, e claro, das loucuras de Joey e as músicas estranhas de Phoebe. Foram 10 temporadas, 263 episódios, inúmeras risadas, confusões e choros partilhados, além de vários prêmios entre Emmys, Golden Globe, People’s Choice Award e outras categorias. De tudo isso restou um seriado atemporal, muita saudade e a certeza de que a vida é muito melhor quando se tem com quem contar.

Marta Kauffman



galeria

RIO de Janeiro a Janeiro por Gabriela Nehring

O belíssimo ensaio sobre a ‘Cidade Maravilhosa’, fotografado pela prudentina Gabriela Nehring, estampa nossa galeria com lindas imagens. Dá até pra sentir o balanço das ondas do mar, a dança das folhas dos coqueiros com a brisa, o contorno das montanhas no pôr-do-sol e o gingado alegre dos cariocas. Pura inspiração!

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Galeria

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Galeria

Making

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Gabriela Nehring Gabriela Nehring desembarcou na ‘Cidade Maravilhosa’ há mais de cinco anos. Na bagagem, levava um diploma de Publicidade e Propaganda e uma câmera fotográfica adquirida enquanto ela morava no Havaí. No coração, a paixão pelo Rio de Janeiro. Lá ela trabalhou com grandes fotógrafos, ganhou experiência profissional, fez cursos de fotografia e desenvolveu um trabalho próprio. Com aguçada sensibilidade artística, dedica-se a diversos projetos, como fotografia de casamento, ensaios de moda, gastronomia - mas tem um carinho especial pelas fotos de decoração. Para conhecer mais sobre o seu trabalho acesse: www.gabinehring.com



arquitetura

Brinquedoteca Muito mais do que diversão, esse espaço permite desenvolver o aprendizado e a criatividade das crianças Por: Fernanda Chiebao Fotos: Estúdio Triz

O papel principal de uma brinquedoteca é o estímulo ao brincar, mas esse ambiente lúdico é ideal para ser explorado, sentido, experimentado e partilhado de modo a promover diversos benefícios às crianças. É por isso que ele deve ser planejado levando em consideração os objetivos a que se propõe: estimular atividades individuais e coletivas, fomentar a cultura, desenvolver concentração e a atenção, permitir maior autonomia, incentivar a responsabilidade e organização, promover raciocínio lógico entre outros estímulos.

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s fotos que ilustram a matéria são de um projeto concebido pela arquiteta Fernanda Chiebao. “Para dar início à brinquedoteca, fez-se necessária a divisão do local por áreas: área de diversão (home theater), área de aprendizado (lousa) e área de criatividade e leitura (escrivaninha e mesinha central). A partir daí foi possível pensar o projeto, definindo como ponto primordial a funcionalidade do espaço”. A área de aprendizado é determinada pela lousa, nichos de apoio e do biombonicho, que tem como função separar os ambientes sem interferir visualmente. No ambiente ao lado foi estabelecida a área de criatividade e leitura, com armário com prateleiras para os brinquedos,

escrivaninha para estudo e mesinha central, que serve de apoio às crianças de menor idade. Para o piso, a arquiteta optou pelo revestimento vinílico, que além de favorecer o conforto térmico, amortece a queda, é extremamente silencioso, fácil de instalar e durável. A disposição dos mobiliários também foi rigorosamente estabelecida em conjunto com a iluminação. O mobiliário lateral (prateleiras) além de dar continuidade ao espaço, serve para organizar livros, revistas, CDs e DVDs.


Da esq. para a dir., na primeira foto a profissional determinou o uso de mobiliários de tons claros, visto que a prioridade de uma brinquedoteca é ser um local agradável, com espaço livre e estimulante às crianças que permanecem ali por muitas horas. Na segunda e terceira; detalhes do projeto. Já na área do home theater foi aplicado um céu estrelado (de fibra ótica) e cristais no forro de gesso. Foram instaladas ainda caixas de som embutidas.

Dicas

Com um planejamento cuidadoso é possível realizar adaptações necessárias para transformar, por exemplo, um quarto em uma brinquedoteca. Se possível, procure supervisão profissional, garantindo o devido aproveitamento do espaço. Confira a seguir algumas dicas:

SEGURANÇA É necessário assegurar-se que o ambiente e objetos não ofereçam nenhum perigo. Procure brinquedos com certificado do Inmetro. Atenção também para as janelas, quinas e tomadas, que devem receber protetores.

ADEQUAÇÃO Os estímulos de uma brinquedoteca devem levar em consideração a idade das crianças que irão usá-la. E com o passar do tempo, as atividades e brinquedos devem ser adequados, acompanhamento seu desenvolvimento.

ORGANIZAÇÃO Crie áreas para atividades diferentes, como o cantinho da leitura, dos jogos e da pintura, entre outros. Nichos, caixas, prateleiras, estantes e baús são essenciais para manter o espaço em ordem.

CONFORTO Uma brinquedoteca deve ser arejada, ter boa iluminação, móveis compatíveis com a altura das crianças e estímulos visuais, tornando-se assim um espaço aconchegante e convidativo.

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saúde

TDAH

Entenda mais sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH – e peculiaridades evolvidas para um planejamento terapêutico adequado Por: Dr. Kaled El Sahli CRM-SP 140740 I RQE 37890 Médico Psiquiatra da Infância e Adolescência

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uitos termos são usados para denominar crianças que apresentam comportamentos caracterizados por desatenção, hiperatividade; a denominação Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é utilizada consistentemente, por se tratar do termo adotado pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou DSM-V. Considerado um problema neuropsiquiátrico, o TDAH tem como principais manifestações a hiperatividade, a desatenção e a impulsividade, com frequência e intensidade superiores às tipicamente observadas em crianças do mesmo sexo e nível de desenvolvimento. O funcionamento da criança estará comprometido em pelo menos dois contextos, por exemplo, no ambiente domiciliar e escolar. De origem biológica marcada pela hereditariedade, pode manifestar-se antes dos sete anos de idade, e 50 a 70% dos indivíduos continuam a apresentar sintomas até a idade

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adulta. Muitas vezes, indivíduos portadores de TDAH que não foram identificados na infância, apresentam maior comprometimento em sua vida e podem apresentar comorbidades como: depressão, ansiedade, abuso de drogas e alcoolismo. As crianças acabam por ser alvo de críticas freqüentes, tornam-se a “ovelha negra” da família quando comparadas com irmãos, primos, e outras crianças da mesma faixa etária. Críticas excessivas e falta de paciência, por parte dos pais ou cuidadores, muitas vezes fazem com que a criança se retraia, apresente autoestima diminuída ou manifeste comportamento agressivo e impulsivo. É importante lembrar o fato que essas crianças são frequentemente punidas, dessa forma desencadeando agressividade e frustração, comprometendo ainda mais seu comportamento. Os pais e/ou cuidadores, por sua vez, sentem-se desgastados pela ne-


cessidade de monitorar constantemente a criança ou adolescente com TDAH, fato que pode acarretar discussões familiares, acusações, agressões e ressentimentos. Após realizado o diagnóstico de TDAH, o tratamento medicamentoso é frequentemente iniciado, ressaltando ainda a indicação de uma abordagem múltipla, que inclui intervenções psicossociais e educacionais. Crianças com TDAH necessitam de uma atenção especial em diversos contextos, como em casa, na escola e no convívio social; assim, uma das tarefas dos profissionais responsáveis pela avaliação e tratamento desses pacientes é ressaltar aos pais e cuidadores as dificuldades enfrentadas pela própria criança, enfatizando a importância que o apoio familiar e social pode ter sobre o manejo do problema. Como o TDAH é um problema crônico, pode ter um impacto significativo ao longo da vida, atingindo o desempenho acadêmico e as relações sociais e familiares. Um diagnóstico adequado do problema é imprescindível para que um melhor planejamento terapêutico e tratamento possa ser indicado e assim tornar possível uma infância e um desenvolvimento mais felizes para essas crianças.

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beleza

Como conquistar a pele bonita e bronzeada antes do verão chegar? Conheça algumas dicas e produtos de bronzeamento

Por: Letícia Andrade Fotos: Arquivo

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verão ainda não aterrissou em terras brasileiras, mas as temperaturas do nosso país tropical começam a subir. E aí, o clima fica bastante propício para conquistar aquele dourado reluzente que deixa a nossa pele ainda mais bonita. A pele bronzeada pelo sol é um desejo de grande parte das mulheres, porém é muito importante utilizar os produtos adequados para evitar mais riscos à saúde. “O ideal, quando o objetivo é bronzear, seria a pessoa ficar exposta ao sol, utilizando o protetor solar, evitando a exposição entre 10h e 16h”, ensina Dra. Danielle Medeiros, dermatologista. No entanto, a médica especialista em saúde e cuidados com a pele, Ligia Kogos tem outra opinião sobre essa questão. “A antiga recomendação de que se deveria permanecer na praia apenas nos horários mais seguros ( das 8 as 10 da manhã e das 15 hs em diante ) não precisa ser seguida tão rigidamente, já que temos atualmente a tecnologia dos filtros para nos permitir maior liberdade ao sol.”, instrui Kogos.

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Episol Proteção 30 com cor para o rosto

A proteção e os cuidados são muito importantes, mas e aquele bronzeado – bonito, dourado e rápido -, como conseguir? “Hoje em dia, existem no mercado autobronzeadores, que garantem um bronzeado rápido, homogêneo, e sem riscos cancerígenos para a pele. Um produto que eu recomendo, inclusive testado por dermatologistas, é o Best Bronze, que é hipoalergênico e aprovado pela Anvisa. Na mesma linha, existe o sabonete esfoliante para que se consiga um bronzeado mais homogêneo, a luva de aplicação do produto, e o iluminador que ajuda manter uma cor mais dourada, além do hidratante corporal”, comenta Dra. Danielle. A tecnologia esta cada vez mais aliada à saúde e beleza das mulheres e isso está se refletindo no mercado que apresenta novidades neste setor. Os autobronzeadores se tornaram um grande aliado para conseguir a tonalidade de que se espera. “Os autobronzeadores, substâncias

Hidrant (www.bestbronze.com.br) Grande poder hidrante, e um valor mais acessível

que “oxidam” a primeira camada da pele, conferindo bronzeado dourado, estão liberadas e até estimuladas pelos dermatologistas, para o corpo e rosto, já que moderam a ansiedade em se tomar muito sol. Muitos produtos prontos, da linha comercial, já têm essa tecnologia e há vários produtos lançados recentemente no mercado. O ritual da pele bronzeada e iluminada começa bem antes da exposição solar. O mais indicado é fazer uma leve esfoliação na pele, em todo tempo tomar líquidos em grandes quantidades, ingerir alimentos que tenham betacaroteno como é o caso da cenoura e após o sol não tomar banho com água quente e usar e abusar dos cremes hidratantes. Esses procedimentos fáceis e simples garantem uma maior fixação e prolongamento do bronzeado. “Hidratantes para o corpo são essenciais no verão, já que a pele resseca com o sol e o cloro das piscinas. Procure “os produtos que contenham uréia (retentor de água) e silicone (proteção e brilho)”, recomenda Lígia Kogos. Com essas dicas e instruções fica bem mais fácil conseguir a pele iluminada, bonita e saudável que as mulheres mais desejam, antes mesmo de chegar o verão. Afinal, o clima tropical favorece a escala de altas e quentes temperaturas. Vamos aproveitar!

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moda

Alto verão

2015

Estamparias, tecidos leves e fluídos são a aposta da estação! Por: Letícia Andrade Fotos: Arquivo

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s temperaturas estão cada vez mais elevadas e todo clima tropical, típico de nossas terras brasileiras, começa a ser evidenciado em vários tipos de tecidos, cortes, estampas e formas. Mas o que vai ser tendência de moda na estação de verão 2015? Na última edição da SPFW verão 2015, os principais estilistas e grifes fizeram suas apostas para a estação de veraneio. Tons terrosos, fortes e vibrantes tiveram grande destaque. O laranja, o marrom e o amarelo ganham mais foco nessa temporada. Assim como as cores bastante vibrantes, temos uma tendência intensa que se baseia em um estilo mais futurista, inovador com uma pegada de heavy metal em cores metalizadas. E por falar em passarelas internacionais, na New York Fashion Week, estilistas como Derek Lam, Rebecca Taylor, Monique Lhuillier e a grife Lacoste elegeram a cor lilás como sendo a tonalidade fashionista da estação. As estampas com listras recebem atenção dos criadores e estilistas nova-iorquinos: Peter Som, Thakoon, Tibi e Custo Barcelona apresentam muitas peças desde calças, vestidos e saias até a múltipla diversidade de acessórios.

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No Brasil, as tendências de moda são as estampas de floresta que têm maior predominância na tonalidade verde. Nas araras das lojas fast-fashion é possível conferi-las em peças mais esportivas como em cropped’s e short’s e também em composições mais clássicas em um visual “mais noite” em vestidos, saias e camisas. A cor “Off-White” recebe ares descomplicados pela composição de tecidos leves, frescos e claros. O verão chega a uma atmosfera luxuosa com muita transparência, tules que ficam no tom da pele, evidenciando um composê bastante sexy e ao mesmo tempo fresh; as rendas e gripers permitem um toque de romantismo à produção fashion. A grande novidade da coleção veraneio para o próximo ano são os macaquinhos. A peça pode ser encontrada em diversos tipos de tecidos como o jeans, em tecidos mais leves e fluídos. Será um

item coringa nesse verão e precisa estar no closet das mulheres mais antenadas no mundo da moda. E para finalizar o look de verão, vamos falar dos sapatos. O salto traz poder a qualquer produção, por mais básica que seja. O salto bloco está em bastante evidência: é moderno, traz conforto e inspira ao sexy. Já a rasteirinha confere descontração, leveza e pode ser usada nas produções de praia, bem como nas produções noturnas. Na confecção, ela apresenta muitas pedrarias, brilhos, cores. Nada básica, pelo contrário bem glamurosa e fresquinha para o nosso tão amado verão brasileiro.



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Por: Priscyla Poll

A For You Store é referência em estilo e qualidade! Para o lançamento da coleção Primavera Verão 2015, a loja ofereceu um coquetel especial aos clientes no dia 25 de setembro. A Très também esteve presente e registrou as novidades, confira!

1 - Lucas, Ana, Tais e Newton 2 - Regiane, Ana, Beatriz e Bruna 3 - Equipe: Elenice Botter, Ana Botter, Lucas Jianelli e Ariane Valle 4 - Matheus, Wesley, Leandro, Lucas, Manoel, Newton e Marco 5 - Ana Botter e o namorado Lucas Jianelli 6 - Flávia e Ana 7 - Idervana e Ana 8 - Sônia, Elenice, Idervana, Bruna, Ana, Elen, Bruna, Regiane, Beatriz, Flávia, Isaura, Tais (de baixo para cima) 9 - Mariana, Elenice, Ana, Silvana, Sônia e Nathalia 10 - Manoel, Cida, Ana e Lucas 11 - Marco, Suzana, Ana e Lucas 12 - Mariana, Matheus, Elen, Ana, Lucas, Alessandra, Leandro, Tais e Newton

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social 01 Por

PRISCYLA POLL

01 - A linda Camila Galante, capa da edição #23, entre as amigas Bianca Ciabattari, Bianca Mizusaki, Isabella Carvalho e Ariane França Nicoletti em nossa festa de lançamento no Bar Brahma. 02 - Equipe do Dachô, badalado restaurante japonês de Presidente Prudente.

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03 – Comemorando seu aniversário em alto estilo, Fátima Pimentel com a amiga Leila Prado. 04 - Thiago Mattos, Leonam Dantas, Preta Gil e Naia Cunha em Trancoso, na Bahia para o evento #modaemtrancoso. 05 - A assessora de eventos Nathália Cavalcanti, da MN Party, com o marido Rafael Sorana em viagem para o Chile. 06 - Camila Carone em Positano na Italia aguardando a chegada de seu primogênito. 07 - Brisa Ferreira comemora o sucesso da nova coleção da Morana - Prudenshopping, ao lado de Satico Sakai, da Jorge Bischoff. 08 – Os primos Izabela e André Aragão em Dublin – Irlanda, no Temple Bar. 09 - Vivian Armelin em recente viagem para Turks and Caicos, ilha paradisíaca localizada na América Central. 10 – Comemorando o aniversário de 3 anos da academia UP4FIT, o casal de proprietários Débora Magrini e Rodrigo de Melo Rossi. 11- Dando uma pausa em Atenas, na Grécia, a bela Marcela Mc Gowan e o namorado, Luis Felipe Junqueira. 12- Ruy Vilela Coimbra recebe o Troféu do Intermed, representando a Escola Paulista de Medicina. 13- Thur Drimell, Karina Mestrinelli Boer, Delo Medeiros e Cid Buchalla curtindo a balada no Cine Bardot.

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ponto final

Cor de Mel Por: Lucas Miolla Ilustração: Danilo dos Santos

Rosinha inspira. Respira. E assopra... Enquanto isso, uma professora acompanha de longe o ensaio de flauta e cantarola junto, só descolando os lábios: “Quando olhei a terra ardendo Qual a fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai Porque tamanha judiação. Eu perguntei a Deus do céu, ai Porque tamanha judiação” Fa Re Mi Do Re Si Do La Si Sol La Sol Mi Sol Sol. Quando acabava a aula, a ruiva Rosinha, xará da dona do coração de Gonzaga, sempre se sentava em uma mureta perto da escola, vendo o sol fornalha se pôr atrás do horizonte do mundão. Lá, ela esperava a carona do pai, que a vinha buscar de corcel para ir para casa, e no tempo livre, ensaiava um pouco mais sua música preferida com essas notas. Um dia, distraída a tocar, ela se deparou com um gato sentado dentro de sua maleta de carregar as partituras, e no susto, parou a música. Era peludo, cor de mel e um pouco dourado ao passar contra a luz. Quando Asa Branca silenciou, ergueu na hora o rabo. Rosinha, de olho no bichano, voltou a assoprar e reparou que o gato ronronou de felicidade. Então assim que chegou à sua parte preferida, o solinho depois da estrofe, o gato pulou da mala e começou a passear entre suas pernas com as pontas dos pés na calçada.

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Daí em diante, ela já sabia: toda tarde era só começar a tocar que o gato cor de mel aparecia para acompanhá-la. Nas assopradas empolgadas da harmonia, o animal chegava a mexer a cabeça de olhos fechados, de contento. Como se a música fosse pra ele um carinho, que ele retribuía da forma que sua natureza deixava. No entanto a moça, certa hora, não tinha mais que ir às aulas. Era flautista formada e entrou em uma escola maior. Foi uma alegria pra família, a bela rosa musicista. Esqueceu-se, por uns meses, de quem a acompanhava nas tardes depois das aulas, mas ao recordar, em um estalo, saiu correndo sem olhar pra trás. Foi praquela rua da mureta, um pouco desanimada. “O gato já não deve estar mais lá”. Só que ao se sentar, molhar o bico e assoprar o primeiro Fa, o seu olho já deu um cisco. Do ReMi-Do ao Re-Si-Do-La, ela ouviu um ronronar. La-SiSol, atrás do sol, a silhueta de algum bicho. Mi-SolSol, miou o gato, que chegou pra acompanhar. Foi assim que, com um sorriso, a Rosinha aprendeu o que é amizade. Fosse onde quisesse, voltaria por gostar. A todo tempo e a toda distância, amigo do peito, forte como o sol que arde, sempre ia esperá-la.



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