Dar uma segunda vida às garrafas plásticas as mantem fora dos aterros sanitários e oceanos. Reciclamos mais de 40 bilhões de garrafas em fios de alto desempenho certificáveis e rastreáveis.
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Editor Chefe: Frederico Haydu
Diretor de redação: Ricardo Gomes
Diretora de redação: Ursula Orlando (MTb 031433)
Designer: André Luiz Vilela Gaiteiro
Diagramação: Plataforma Editorial
Comercial: Frederico Haydu
Digital: Daniela Marx, Henrique Pereira e Ursula Orlando
Capa: Walter Rodrigues, Foto: Daniel Herrera
Quarta capa: Arte textil de Monica Romeiro. Arte de Carlos Viera da Reachr. Obra: Arara Azul.
Colaboradores: Daniela Marx, Milena Abreu, Eric Vigiani, Sarah Caldas, Clarissa Magalhaes, Vanessa San Jorge, Bruno Leonard, Guia Jeanswear e Carla Angelini.
Agradecimentos: Dani Marx, Dudu Bertholini, TexApex, Marta De Divitiis, Guia Jeanswear, Carlos Vieira e a Reachr, Henrique Pereira, Carlos Tartaglioni, Thiago Arruda, Bruno Leonard, Ricardo Gomes e Lea T.
Agradecimento Especial: Camila Borelli e Senai SP Textil e Moda do Brás pelo cuidado e entrega de todo acervo da Revista Textil com todas edições desde 1931, imensa gratidão por todo empenho em preservar nosso legado e a história da Industria Textil brasileira
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Redação
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Esta edição marca um novo capítulo para a Revista Têxtil: lançamos a seção Mulheres de Fibra, que estreia com Ligia Santos, profissional que por mais de duas décadas deu voz à ABIT e à têxtil brasileiro. Ligia representa a força de quem entende que comunicar também é tecer, conectar pessoas, histórias e propósitos.
Enquanto o mundo se prepara para a COP30, o Brasil se coloca novamente no centro da conversa sobre sustentabilidade e futuro. O encontro em Belém simboliza mais do que uma pauta ambiental: é a afirmação do Sul Global como espaço de criação, inovação e liderança ética. E é nesse contexto que a moda ganha novo sentido, como cadeia viva que vai do campo à passarela, do artesão à indústria, do fio à ideia.
Repensar essa cadeia é essencial. É valorizar a produção local, os saberes tradicionais, os biomas que nos cercam e as pessoas que constroem cada etapa. É apostar em uma bioeconomia que respeite ecossistemas e em uma estética que não prescinde da ética. É ser transparente sobre origens, processos e impactos.
Referências como Walter Rodrigues mostram que é possível unir forma e consciência, tradição e tecnologia, criando uma moda que reflita o nosso tempo sem ferir o planeta.
Que esta leitura inspire novas perspectivas, sobre o que vestimos, o que produzimos e o que escolhemos sustentar. Boa leitura.
Source the Latest Textile and Garment Technologies Across the Entire Manufacturing Chain for Sustainability and Competitiveness View
COLUNISTAS
Clarissa Magalhães Diretora executiva da RegenMaterials, mestre em gestão ambiental e apres. do podcast Raízes do Propósito
Dani Marx Palestrante e Mentora de Negócios de Moda
Milena Abreu e Eric Vigiani CEOs TexApex
Vanessa San Jorge Braga Sócia Co-fundadora e COO Reachr
Sarah Caldas Agente AVA e Coordenadora do Núcleo São Paulo da ABTT
IGUALDADE TRIBUTÁRIA É BOM PARA O BRASIL
E DEVE VALER PARA TODOS
Em 2024, após intensa mobilização, engajamento e trabalho de entidades de classe e saudável debate entre o Legislativo, o Executivo e os setores produtivos, o Congresso Nacional aprovou a cobrança de 20% de Imposto de Importação para encomendas internacionais de até 50 dólares. Foi um exemplo emblemático de exercício da democracia participativa em favor dos interesses maiores do País.
A medida, embora ainda insuficiente para equilibrar totalmente o ambiente concorrencial, foi um passo importante na direção de um nível menor de desigualdade tributária entre os produtos importados vendidos por plataformas estrangeiras de e-commerce e os produzidos e comercializados no Brasil. Sem dúvida, tivemos um avanço.
No entanto, de maneira surpreendente e preocupante, voltam a surgir propostas para revogar a taxação e restabelecer a isenção total do imposto para essas encomendas. A ideia é um retrocesso na contramão do fomento econômico nacional e ameaça não apenas a indústria e o varejo brasileiros, mas também a coerência das políticas públicas voltadas à reindustrialização do País.
Defendemos há tempos, e seguiremos mantendo essa posição, a igualdade tributária como princípio essencial para um ambiente econômico saudável. Se um produto nacional paga impostos em sua fabricação e comercialização, não faz sentido algum que o importado chegue ao consumidor com tributação reduzida ou inexistente. Essa assimetria estimula um desequilíbrio concorrencial perverso, que afeta negativamente a produção, o investimento, a inovação e a geração de empregos no Brasil.
É importante desconstruir o argumento de que a alíquota de 20% do Imposto de Importação penaliza os consumidores de menor renda. Levantamento realizado em 2024 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que a maior parte dos consumidores que deixaram de comprar produtos brasileiros on-line pertencem às faixas de renda mais alta. Apenas 28% têm renda familiar inferior a um salário-mínimo, enquanto 43% apresentam valor superior a cinco salários-mínimos. Ou seja, o discurso de proteção às camadas
Por Fernando Valente Pimentel
mais vulneráveis não encontra respaldo na realidade. Além disso, o próprio desempenho recente da indústria nacional comprova os efeitos positivos da taxação, em vigor desde agosto de 2024. Observamos uma redução significativa na média mensal de encomendas internacionais, bem como na movimentação financeira dessas operações. Ao mesmo tempo, o setor têxtil e de confecção cresceu 11,8% na indústria e 5,4% no varejo, entre janeiro e maio de 2025, com a criação de mais de 21 mil empregos formais.
É hora de avançar, não de retroceder. Se é necessário apoiar o consumo popular, que se criem mecanismos para isso com foco no produto nacional. Uma proposta viável seria a implementação de um cashback tributário para consumidores brasileiros que adquirissem produtos nacionais de até 50 dólares (em reais), o que estimularia o consumo interno e fortaleceria a produção, o investimento e o emprego local.
Apoiar o produto importado com isenção fiscal, exatamente quando os Estados Unidos e a União Europeia impõem restrições cada vez mais firmes às plataformas internacionais, é uma estratégia míope e com forte potencial para gerar danos profundos à nossa economia. A igualdade tributária é uma pauta de justiça, desenvolvimento e soberania econômica. O eventual “barato” oferecido por essas equivocadas propostas pode sair muito caro para o Brasil.
Fernando Valente Pimentel é diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit)
BRASIL LEVA 41 MARCAS À COTERIE NEW YORK
O Brasil será representado por 41 marcas na Coterie New York, uma das mais prestigiadas feiras de moda feminina e acessórios dos Estados Unidos. A edição outono-inverno acontece de 14 a 16 de setembro, no Centro de Convenções Jacob K. Javits, em Nova York. A participação brasileira é viabilizada pelo Texbrasil — Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira — fruto da parceria entre a Abit e a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
“Levar um grupo tão expressivo de empresas brasileiras à Coterie, neste momento, é uma ação estratégica que reforça o posicionamento internacional da nossa indústria. Com o apoio do Texbrasil, promovemos não apenas a geração de negócios, mas também a valorização da moda nacional em um dos principais palcos globais do setor", destaca Lilian Kaddissi, superintendente de Marketing e Negócios da Abit.
As 41 marcas participantes estão divididas entre as entidades parceiras do Texbrasil:
Abit, Aura, Swim, Cacay, Constantinopla, Dolps, Dress To, Jungle Society, Karla Vivian, Kostura Store, Lybethras, Maria Pavan, Patricia Motta, Ruela, Silvia Schaefer, The Dressing Project, Verosenso, Zoew Beachwear e Zsolt Rio. Associação Brasileira de Estilistas (Abest): Água de Coco, Belle Paiva, Cristina Sabatini, Fenda Jewellery, Ficcare, Gissa Bicalho, Gustavo Eyewear, Lavish by Tricia Milaneze, Lis Fiaschi, Meggy, Min, Modus Rio, Priscila Torres, Serpui, Waiwai Rio e Zambia Brand. Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados): Carrano, Irá Salles, Melissa, Redeplast (Catatoes) e Schutz. Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM): Ayla, Donna Si e Possebon Pedras Naturais. A Coterie New York é um dos principais eventos comerciais do setor, reunindo marcas, especialistas em moda e calçados, estilistas, varejistas, influenciadores e profissionais de mídia de todo o mundo. Além da exposição, a feira oferece showrooms e espaços dedicados ao networking, em um ambiente propício à geração de negócios. Na edição anterior, realizada em 2024, foram registrados cerca de 1.026 novos contatos, resultando em US$ 2,39 milhões em negócios imediatos e uma projeção anual de US$5, 24milhões.
Maior importador de vestuário do mundo, os Estados Unidos retomaram o crescimento das importações em 2024, com alta de 2% em relação ao ano anterior. A expectativa para 2025 é de continuidade nesse crescimento, mesmo com a entrada em vigor de novas tarifas de importação.
Fonte: ABIT
MULHERES DE FIBRA
LIGIA SANTOS: A VOZ QUE FORTALECE A INDÚSTRIA TÊXTIL BRASILEIRA
Aindústria têxtil e de confecção brasileira é uma das maiores do mundo, com mais de 25 mil empresas formais, milhões de empregos diretos e uma presença histórica no desenvolvimento econômico do país. No centro das estratégias de articulação e imagem institucional da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), está a jornalista Ligia Santos, que há anos atua como gerente de comunicação da entidade.
COMUNICAÇÃO COMO EIXO ESTRATÉGICO
Com formação em jornalismo, mestrado em Ciência da Comunicação e MBA em Comunicação Empresarial, Ligia trouxe para a Abit uma visão de comunicação integrada, que vai além da assessoria de imprensa tradicional. Ela estruturou projetos de marketing digital, redes sociais e conteúdo institucional que conectam empresas, governo, universidades e a sociedade civil.
ENGAJAMENTO E POSICIONAMENTO
Sob sua coordenação, a comunicação da Abit passou a dar maior visibilidade às pautas de inovação, sustentabilidade e competitividade, temas essenciais para manter o setor alinhado às transformações globais. Um exemplo é o projeto “Malha da Comunicação”, que ampliou a difusão de informações e gerou engajamento junto a milhares de empresas.
PONTE COM A SOCIEDADE
Ao mesmo tempo em que fortaleceu a presença da Abit em canais digitais, Ligia também tem sido uma defensora do diálogo setorial, aproximando a entidade de movimentos de sustentabilidade, diversidade e inovação, e abrindo espaço para uma narrativa que une tradição industrial com futuro tecnológico.
IMPACTO PARA A INDÚSTRIA
Graças à sua atuação, a indústria têxtil ganhou mais visibilidade em veículos de imprensa, maior relevância nas redes sociais e um reposicionamento diante
por Fred Haydu
da opinião pública. Esse trabalho contribui para atrair investimentos, valorizar o produto nacional e reforçar o papel estratégico do setor para a economia e para a moda brasileira.
ENTREVISTA COM LIGIA SANTOS, HEAD DE COMUNICAÇÃO DA ABIT
“Minha caminhada no setor têxtil iniciou-se em 2001, quando fui convidada e recebida por Paulo Skaf, então presidente da Abit, que, após sua saída, tornou-se presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Depois de dois meses, recebi a ligação e fui contratada para assumir a área de comunicação da Abit. A primeira coisa que fiz foi levantar uma pesquisa sobre a casa que sedia a Abit, na Rua Marquês de Itu, no coração de Higienópolis, em São Paulo. Durante estes anos como head de comunicação, muitos segredos e surpresas foram revelados nesta casa. Enigmas como “a janela que nunca se abre”, o grande cofre onde ficaram escondidos os quadros de Assis Chateaubriand em segurança antes de serem doados para o Masp, ou o bordão “minha elegância é meu chapéu”, que faz referência à galeria de presidentes da Abit que fizemos no segundo andar.
Fui atrás da história desta casa. Ela foi construída em estilo neoclássico francês, comprada pelo Barão do
“A
Café Roberto Álvares de Almeida em 1912. Consegui contatar a família e escutei lindas histórias desde as dificuldades que o Barão teve na quebra da bolsa, no fim da década de 20, o que deixou sua família em dificuldades financeiras por uns anos até que se reestruturassem e fizessem a abertura da casa no baile de debutante de uma das filhas. Depois disso, muitas suntuosas festas da elite paulistana fizeram ali morada. A ternura do relato do leiteiro que levava diariamente o leite para as quatro meninas, filhas do Barão, e, nesta inspiração, acabei apelidando e batizando o palacete de “A Casa das Quatro Meninas” in off.
O Sinditêxtil era antes na Rua Vitória. Em 1958, comprou-se a casa e, com o receio do governo militar, porque a casa sediava um sindicato, criou-se a APTEX, Associação Têxtil Paulista. Por ser uma associação, a casa estaria mais segura, sem chamar a atenção como um sindicato. Teve a gestão do Senhor Luís Américo Medeiros, presidente por 40 anos. Convido sempre a visitar a galeria que fiz dos presidentes da Abit. Em 1988, agregou-se a confecção a esta associação, já como Abit, e responsável pela indústria têxtil nacional, já que muitos polos já existiam e a representação se estendeu por todo o Brasil. Com a saída de Paulo Skaf, o Sinditêxtil e a Abit se separaram. O Sinditêxtil, fundado em 1932 e bem consolidado, reformou toda esta casa nos anos 2000. Eu passei por quatro presidentes aqui. Foram 24 anos e muita coisa mudou! A comunicação no início dos anos 2000 era tudo à base de fax e um site estático. Meu Deus! Quanta demora! Lembro-me do primeiro e-mail que apresentei ao Paulo Skaf
MULHERES DE FIBRA
e de como nossa comunicação para a indústria têxtil poderia ser simplificada e muito mais rápida! Bingo!
Um universo muito masculino, o da indústria têxtil, mas isso não me assustou, pois sabia que não poderia “bater de frente” com ninguém. Tinha de mostrar competência em resultados, na comunicação e, principalmente, nas ações. Tinha 38 anos, já tinha muita experiência e comecei a mostrar que tudo o que acontecia virava notícia. Abit Online está no ar e, dois anos depois, em 2004, quando entrei, consegui mostrar aos homens do setor têxtil a importância da comunicação e, assim, foi enviado o último fax. Hoje temos 25 mil pessoas/empresas conectadas. Tenho muito orgulho de como fizemos.
Em 2002, fui cobrir a Fenit, numa sala enorme e lotada, em meio a tantos homens de negócios do setor têxtil, quando entrou Vivi Haydu, elegantérrima diretora da Fenit (ex-editora-chefe da Revista Têxtil). Lembro-me que foi a primeira mulher que vi no setor têxtil que, quando falou, todos escutaram, com respeito e admiração: uma mulher em um cargo de liderança! Me encheu o peito de esperança e pensei: “existe vida dentro desta indústria”. Depois, conheci Graça Cabral, braço direito de Paulo Borges na SPFW, que fazia tudo acontecer. Hoje, creio que 50% ou mais dos cargos de liderança aqui na Abit são compostos por mulheres. A gestão e influência de Fernando Pimentel, carioca e despojado, deixou a formalidade mais tranquila, trouxe leveza ao ambiente de trabalho e, com maior presença de mulheres, com certeza fez com que a Abit crescesse. Nós, mulheres, temos mais cuidado com
casa das quatro meninas”.
MULHERES DE FIBRA
tudo, temos um olhar com outra perspectiva e sempre estivemos presentes aqui para somar e não competir. A comunicação, com feeling e mostrada por uma mulher, deu certo!
Mas criei ações que ficaram na história. Tive a ideia, em 2005, de levar os empresários para uma passeata na Paulista, no vão livre do Masp, em mobilização contra os produtos chineses, e, assim, fechamos o regime de cotas com a China, com o objetivo de nos preservar. Outra ação foi no Anhembi, durante a Gotex, há muitos anos, onde colocamos 200 cruzes em instalação artística, simulando um cemitério de empregos, pela realidade desleal que tínhamos. Não podemos esquecer, em 2012, do Impostômetro na entrada da casa, com visão direta da rua, onde todos que passavam viam um painel com números vermelhos enormes que não parava de mostrar os números subindo, indicando o volume (em toneladas) de produtos chineses que entravam no país e o quanto perdíamos em negócios.
A Abit se tornou muito mais presente, importante e até mesmo luxuosa, pois me lembro do Prêmio Abit, que era um evento de gala no Teatro Municipal, Sala São Paulo, com show de Maria Bethânia e estrutura digna até para novela global. Ficamos encarregados de unir as marcas e, assim, começamos a fazer feiras e workshops fora do Brasil. A Abit se abriu para o mundo e começou a ser mais vista.
A comunicação na Abit tem a finalidade de nutrir a indústria têxtil e cocriar um fluxo e um compromisso de informação com a sociedade e a indústria, o que foi uma barreira que tive de vencer.
Estudei moda com o professor João Braga e, 24 anos atrás, nossa moda era muito copiada. Via-se em Paris e copiava-se aqui no Brasil. Não se entendiam as tendências e as confecções ainda eram muito incipientes. A cópia se proliferava. Hoje estamos em outro nível: a moda encontrou estabilidade e o Brasil hoje tem DNA e influencia o mundo todo. Temos marcas e moda autoral. A sustentabilidade tem perspectivas enormes na nossa indústria hoje.
Desde o meu início até hoje, quando deixo a posição de head de comunicação da Abit, posso compartilhar tantas histórias e tantos desafios que tive de desenrolar.
O setor têxtil me mostrou que, a cada seis meses, temos de começar do zero. Sempre temos de trazer algo
novo. Hoje sinto tranquilidade para recomeçar, para sair da caixa, e isso rende muito: ser resiliente!”.
A Revista Têxtil deixa toda sua reverência pela incrível profissional Ligia Santos, que com certeza agregou e foi um pilar enorme para a indústria têxtil brasileira. Desejamos-lhe lindos caminhos e realizações em novos horizontes e enorme gratidão por sua expertise e o quanto nutriu a nossa indústria têxtil. É uma honra abrir com a Ligia nossa nova coluna da Revista Têxtil, “Mulheres de Fibra”, que tem como inspiração notórias mulheres da indústria têxtil brasileira.
A Groz-Beckert está consigo, todos
os dias
As nossas ferramentas de precisão estão ao serviço do mundo têxtil. Através dos nossos cerca de 70 000 produtos assim como abrangentes serviços, que prestam auxílio às indústrias da tricotagem e da urdidura, da tecelagem, dos não tecidos, da tufagem, da costura e da fiação, são criados tecidos indispensáveis para o nosso dia a dia: desde vestuário e tapetes a tecidos técnicos para veículos ou para o setor médico.
Mais de 170 anos após a sua fundação, a Groz-Beckert continua a ter a sua sede nos Alpes Suábios, mas está presente em todo o mundo. Na nossa sede de Albstadt, empregamos atualmente mais de 2200 dos nossos cerca de 9500 colaboradores.
Juntos no dia a dia para avançarmos juntos.
www.groz-beckert.com
ESG E RH: O ELO ENTRE PROPÓSITO E COERÊNCIA
Por Vanessa San Jorge
Nos últimos anos, o ESG deixou de ser uma agenda periférica para se tornar um divisor de águas na forma como as empresas são avaliadas, não apenas por investidores, mas por toda a sociedade. Entretanto, os acontecimentos recentes no Brasil, da demissão em massa em um dos maiores bancos do país à saída de executivos de Recursos Humanos de uma grande mineradora após críticas à “cultura woke” — revelam um ponto cego persistente: a distância entre o discurso e a prática, especialmente quando o tema envolve pessoas.
O ESG SOB PRESSÃO: QUANDO O “S”
DEIXA O POWERPOINT E ENTRA NA
VIDA REAL
Em nível global, o ESG vive um paradoxo. À medida que ganha força nas agendas corporativas e regulatórias, impulsionado por investidores institucionais, fundos soberanos e compromissos internacionais de sustentabilidade, também enfrenta uma onda crescente de ceticismo. O termo, usado de forma indiscriminada, passou a ser contestado por lideranças que o veem ora como ativismo, ora como retórica de marketing. No Brasil, onde as desigualdades sociais são mais visíveis e o escrutínio público cresce com a hiperexposição digital, o “S” de Social tornou-se o ponto de maior tensão. É no campo das pessoas que a coerência do ESG é, de fato, testada. E é justamente aí que o papel do RH se torna decisivo.
O desafio não é mais redigir relatórios de diversidade, mas construir culturas organizacionais que sustentem esses princípios quando a realidade contraria a narrativa. O caso do banco, por exemplo, reacendeu o debate sobre
a legitimidade de um discurso de cuidado humano frente a práticas de desligamento em massa. Já o episódio na mineradora evidenciou a dificuldade de equilibrar liberdade individual e representação institucional em tempos de identidades amplificadas pelas redes.
Ambos os casos convergem em um ponto: a coerência entre o que a empresa diz ser e o que demonstra ser, especialmente em decisões difíceis, é o verdadeiro teste de maturidade ESG.
RH: O CURADOR ÉTICO E O ARQUITETO DA COERÊNCIA CULTURAL
Durante décadas, o RH foi visto como executor de políticas e processos. Hoje, é chamado a ser o guardião da coerência institucional, o elo entre propósito e prática. Essa transição exige uma competência rara: a de equilibrar a pressão por performance com o compromisso com princípios.
O RH deve ser o fórum que questiona, traduz e contextualiza valores. Precisa estar preparado para tensionar decisões que, ainda que legalmente corretas, possam ser eticamente frágeis. E mais: deve atuar desde a origem do ciclo de pessoas, garantindo que o processo de atração e seleção já reflita o alinhamento entre comportamento, visão de mundo e cultura organizacional. Em essência, o ESG começa antes mesmo do primeiro dia de trabalho, ele se manifesta na forma como a empresa escolhe quem representa seus valores. Selecionar pessoas não é apenas preencher funções, mas perpetuar coerências. O recrutamento, nesse sentido, é o primeiro filtro de sustentabilidade cultural.
Nas organizações mais maduras, o ESG é transversal: está presente nos critérios de avaliação de liderança, nas políticas de reconhecimento, nas métricas de clima e na governança da cultura. Essa integração só é possível quando o RH deixa de ser um executor e passa a ser um arquiteto, alguém que desenha conexões entre estratégia, valores e comportamento.
UM NOVO TEMPO PARA A SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA
Eventos globais, como as conferências internacionais sobre clima e sustentabilidade, lembram que os desafios ambientais e sociais estão profundamente interligados. Eles servem menos como agendas políticas e mais como espelhos: refletem o quanto a humanidade ainda precisa integrar propósito e coerência, tanto em escala planetária quanto dentro das próprias organizações.
Para o Brasil, país de diversidade humana e ambiental sem paralelos, isso representa uma oportunidade singular: mostrar que sustentabilidade não é apenas sobre preservar o planeta, mas também sobre preservar o ambiente humano, aquele que se constrói todos os dias dentro das empresas.
ENTRE O DISCURSO E O EXEMPLO:
A ERA DA COERÊNCIA RADICAL
O futuro das empresas será definido não por suas campanhas de ESG, mas por sua capacidade de agir com coerência diante da complexidade. Cada decisão, um desligamento, uma promoção, um posicionamento público, é um micro teste de integridade cultural.
O RH, nesse contexto, é a linha de frente da coerência. É quem transforma valores em critérios de decisão e propósito em comportamento visível. É quem garante que o ESG não seja apenas uma agenda reputacional, mas uma estratégia de legitimidade.
A lição que emerge, tanto dos casos recentes quanto da observação global, é clara: empresas sustentáveis não são aquelas que dizem o que o mundo quer ouvir, mas as que fazem o que seus valores exigem, mesmo quando ninguém está olhando.
Porque, no fim, ESG não é um rótulo. É um pacto silencioso entre o propósito que se declara e a coerência que se pratica. E esse pacto começa, e se renova, em cada escolha humana.
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SISTEMA INTELIGENTE DE FIAÇÃO COMPACTA
RIETER PARA DESEMPENHO MÁXIMO
A PT Embee Plumbon Tekstil, na Indonésia, é uma das fábricas de fiação mais modernas do Sudeste Asiático. Com base no sucesso de sua primeira fábrica de fiação Rieter em 2018, a Embee escolheu novamente um sistema completo de fiação compacta Rieter quando decidiu construir sua segunda fábrica. Toda a operação de fiação tem o suporte digital do Rieter Digital Spinning Suite ESSENTIAL.
A Embee investe continuamente em tecnologia de fiação de ponta para fortalecer a sua posição competitiva e garantir o sucesso a longo prazo. Após o excelente desempenho de sua primeira fábrica de fiação Rieter, inaugurada em 2018, a empresa decidiu construir uma segunda fábrica de fiação compacta Rieter – optando novamente por um sistema completo da Rieter. Cada fábrica está equipada com 40.000 fusos. A Embee também atualizou suas capacidades de jato de ar, substituindo as máquinas J 10 de primeira geração pela mais recente máquina de fiação a jato de ar J 70, que oferece uma produção significativamente maior e uma qualidade de fio superior.
Totalmente equipada com máquinas Rieter, da preparação da fibra à bobinagem, a Embee confia plenamente nas máquinas da Rieter. A segunda fábrica de fiação compacta está equipada com a carda C 80, a penteadeira E 90, a máquina de fiação compacta K 47 e a máquina de bobinagem automática Autoconer X6. Essas máquinas proporcionam produtividade máxima, eficiência energética e confiabilidade do processo. Ao contar com um sistema totalmente integrado, a Embee se beneficia da coordenação ideal entre as etapas do processo, re-
Da preparação da fibra à bobinagem, a Embee confia plenamente nas máquinas da Rieter
dução do tempo de inatividade e menores custos operacionais. Otimização digital para um desempenho consistente Toda a operação de fiação é monitorada pelo Rieter Digital Spinning Suite ESSENTIAL. Essa plataforma permite o monitoramento em tempo real e a análise de dados em todas as principais áreas de produção. A Embee é capaz de detectar desvios antecipadamente, realizar manutenção preventiva e manter um nível de qualidade elevado e estável. A transparência e o controle oferecidos pelo ESSENTIAL permitem que a empresa ajuste continuamente seus processos e responda rapidamente às demandas do mercado.
PARCERIA DE LONGA DATA EM PROL DA INOVAÇÃO
As empresas cultivaram uma parceria estreita ao longo dos anos. A Rieter teve várias oportunidades de colaborar com a Embee como parceira de desenvolvimento. O feedback profissional e a abertura à inovação permitiram à Rieter aperfeiçoar e evoluir ainda mais suas tecnologias. Esses esforços conjuntos levaram a melhorias práticas e soluções centradas no cliente, criando valor para ambas as partes. A parceria com a Embee é um exemplo de como a confiança, a colaboração e os objetivos comuns podem impulsionar o progresso na indústria têxtil.
A Rieter é o principal fornecedor mundial de sistemas para a fabricação de fios a partir de fibras descontínuas em fábricas de fiação. Com sede em Winterthur (Suíça), a empresa desenvolve e produz máquinas, sistemas e componentes utilizados para converter fibras naturais e sintéticas e suas misturas em fios da maneira mais econômica. A tecnologia de fiação de última geração da Rieter contribui para a sustentabilidade na cadeia de valor têxtil ao minimizar o uso de recursos. A Rieter atua no mercado há 230 anos, possui 18 pontos de produção em dez países e emprega cerca de 4.560 colaboradores em todo o mundo, dos quais aproximadamente 15% estão sediados na Suíça. A Rieter está listada na Bolsa Suíça SIX com o símbolo RIEN. www.rieter.com
Veja a nova fábrica de fiação compacta da Embee em ação
A loja virtual ESSENTIALorder sabe o que está dentro de cada fábrica de fiação e oferece uma experiência de compra personalizada. Ela facilita o gerenciamento de pedidos, permitindo que as fábricas de fiação otimizem seus níveis de estoque interno. ESSENTIALorder está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana. Para mais detalhes, visite nosso site ou entre em contato com seu representante de vendas Rieter. ESSENTIALorder – Compra de peças com apenas alguns cliques
https://login.rieter.com/
Visite-nos na ITMA Ásia 28 a 31 de outubro de 2025 Hall 3, estande número A 201 www.rieter.com
CANTON FAIR 2025 REFORÇA PROTAGONISMO
DO SETOR TÊXTIL NO COMÉRCIO GLOBAL
Feira reúne mais de 30 mil expositores, com destaque para a Área de Exposição Têxtil na 3ª fase do evento
A Canton Fair, uma das maiores plataformas de comércio internacional da China, prepara-se para abrir sua 138ª edição em 15 de outubro de 2025, estendendo-se até 4 de novembro na cidade de Guangzhou. Com uma área de 1,55 milhão de metros quadrados, o evento consolida sua posição estratégica no cenário global, atraindo a atenção de milhares de compradores e fornecedores do mundo inteiro.
A feira acontece em três fases:
• Fase 1 (15 a 19 de outubro): Eletrônicos, Eletrodomésticos, Manufatura, Veículos, Duas Rodas, Iluminação e Ferramentas.
• Fase 2 (23 a 27 de outubro): Utilidades domésticas, Presentes, Decoração, Construção e Móveis.
• Fase 3 (31 de outubro a 4 de novembro): Brinquedos, Bebês e Maternidade, Moda, Têxteis para o Lar,
ESCALA E INOVAÇÃO MARCAM A EDIÇÃO DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2025
A edição deste ano da Canton Fair contará com aproximadamente 30.000 expositores. Entre eles, mais de 9.000 empresas industriais de alta qualidade e 2.600 marcas próprias da Canton Fair apresentarão soluções inovadoras, fortalecendo ainda mais a feira como vitrine global de negócios.
Além disso, a feira investe em sua plataforma digital, que passou por avanços significativos, com recursos de casamento inteligente entre oferta e demanda e mensagens instantâneas, permitindo negociações mais ágeis, eficientes e seguras.
ÁREA DE EXPOSIÇÃO TÊXTIL: O TOQUE FINAL DA MODA
De 31 de outubro a 4 de novembro de 2025, a Área de Exposição Têxtil apresentará uma seleção diversificada de produtos, incluindo têxteis para o lar, decorações, de vestuário e acessórios.
Com designs exclusivos e propostas inovadoras, esses itens funcionam como o toque final na composição do vestuário, agregando valor e vitalidade à indústria da moda mundial.
É nesta última fase que o setor têxtil ganha destaque especial, com a Área de Exposição Têxtil, que reúne uma ampla variedade de produtos e tendências para a moda e o design. Textil doméstico, matéria prima e tecidos brutos, fibras naturais e sintéticas, fios, tecidos técnicos, não tecidos. Uma atenção para grande ênfase de produtos sustentáveis como fibras de bambu, fibras de fungos e tecidos reciclados. Além de toda cultura chinesa, em bordados, seda, estamparia tradicional chinesa e toda tecnologia de ponta para tecidos funcionais, maquinário e automação.
Hoje a Canton Fair recebe muitas delegações e empresários brasileiros em busca de know-how, inovação, inspiração e negócios na bela e riquíssima cultura chinesa.
Método de Participação na Canton Fair: Se você deseja participar da Canton Fair, pode se registrar através do seguinte link: https://buyer.cantonfair.org.cn/register/buyer/email?source_type=42
CAPA
WALTER RODRIGUES:
"QUEM É VOCÊ NA FILA DO FIM DO MUNDO?"
A reinvenção da moda e do têxtil brasileiro entre memória, ética e inovação por Fred Haydu
Nos anos 2000, enquanto a moda brasileira buscava sua identidade em meio à globalização e à expansão do setor, Walter Rodrigues surgia como uma das vozes mais marcantes da cena autoral. Com desfiles memoráveis no São Paulo Fashion Week, ele conquistou reconhecimento por sua estética refinada e pela construção elegante das formas — um verdadeiro alfaiate do minimalismo tropical.
Sua moda não era estridente, mas carregava força: explorava silhuetas arquitetônicas, tecidos estruturados e paletas sofisticadas. Na mesma época, sua participação na FENIT (Feira Nacional da Indústria Têxtil) reforçou seu vínculo com a base produtiva
do setor. Foi lá que cultivou uma amizade com Vivi Haydu, então diretora da feira e figura histórica da indústria têxti l brasileira.
Vivi foi uma das grandes admiradoras e incentivadoras do trabalho de Walter, reconhecendo nele uma combinação rara de rigor criativo e sensibilidade ética. Em 2021, Walter prestaria uma homenagem emocionante a ela nas páginas da Revista Têxtil, relembrando sua importância como mulher visionária, promotora da moda brasileira e amiga leal:
"Ela era puro entusiasmo, acreditava no poder transformador da moda e me deu força nos momentos em que ser autoral no Brasil era um desafio ainda maior."
DO ATELIÊ À INDÚSTRIA: WALTER COMO ELO ENTRE CRIAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO
A partir de 2010, Walter decide pausar os desfiles para aprofundar sua atuação em ensino, pesquisa e inovação. Seu olhar se volta à estrutura da cadeia produtiva, às matérias-primas, aos insumos e à sustentabilidade. Em 2012, assume a coordenação do Núcleo de Design do Inspiramais, projeto que articula moda, design, indústria têxtil e desenvolvimento de tendências com base na cultura e na realidade brasileira.
Desde então, Walter atua como professor, mentor e pensador da moda contemporânea, defendendo uma produção mais consciente e alinhada a práticas regenerativas. Suas cartelas de cores, materiais e conceitos passaram a influenciar centenas de empresas em toda a América Latina, promovendo o uso de fibras naturais brasileiras, o reaproveitamento de resíduos, a
valorização da tecelagem artesanal e a pesquisa de novos materiais.
“Walter é um dos profissionais mais generosos e profundos que temos no setor. Ele transforma complexidade em narrativa, e tendências em pontes para a indústria real.”— Rafael Cervone, presidente da ABIT
“No Inspiramais, Walter é mais que coordenador de design: é um articulador cultural e um ativador de pensamento. Sua escuta e leitura de mundo fazem dele uma referência incontornável.”— Graça Cabral, curadora e coordenadora do Inspiramais
Walter promove um olhar sistêmico que valoriza o tecido tanto no sentido literal quanto simbólico: do fio à passarela, da fibra à identidade. Ele evidencia a importância de se investir em matérias-primas com baixo impacto, processos mais limpos, pesquisa em novos materiais, resgate de saberes artesanais e desenvolvimento de tendências aplicadas que respeitem o território e a cultura local.
CAPA
A PERGUNTA QUE ECOA
Em suas palestras, mentorias e encontros com estudantes e profissionais do setor, Walter provoca com uma frase que virou sua assinatura existencial:
“Quem é você na fila do fim do mundo?”. A pergunta ecoa como um chamado. Convida todos — estilistas, tecelões, estudantes, empresários, consumidores — a refletirem sobre seu papel em um mundo marcado por colapsos ambientais, excesso de produção, desigualdades e crises de sentido. Para Walter, a moda só continuará relevante se estiver a serviço da transformação: social, ambiental, simbólica. Sua trajetória comprova que é possível aliar estética com consciência, tradição com modernidade, tendência com propósito, moda com sustentabilidade. E sua história segue sendo tecida com afeto, rigor e coragem.
No momento em que o setor encara mudanças urgentes, sua voz se ergue como bússola. E a pergunta permanece: quem somos nós na fila do fim do mundo? Talvez sejamos aqueles que escolheram — ainda dá tempo — tecer um novo futuro.
ENTREVISTA COM WALTER RODRIGUES DURANTE A FEIRA FOCUS
TÊXTIL NO DISTRITO ANHEMBI
Revista Têxtil: Walter, o trabalho seria sua paixão?
Walter Rodrigues: Essa é uma coisa muito importante, que eu digo que é um privilégio, mesmo. Aqui, ó. Sou completamente apaixonado. E a minha primeira leitura de horóscopo falou algo muito fascinante para mim: que o trabalho era a minha libido. Eu teria que tomar muito cuidado com isso. Nunca tomei cuidado com isso. Na verdade, é realmente um prazer. A única vez na vida em que tive (não vou citar nomes) foi quando trabalhei seis meses em um lugar que odiei.
RT: E isso já era ligado com a moda?
WR: A moda entrou na minha vida de uma forma muito interessante. Eu nasci em uma cidade chamada Herculândia e cresci em Herculândia. Cresci em uma cidade chamada Tupã. Quando mudamos para Tupã, eu tinha mais ou menos 10 anos. Fui para estudar, porque tinha mais escolas, mais oportunidades. Com 16, arrumei meu primeiro emprego de verão: vendendo.
Então, para mim, vender é um prazer, a coisa de fazer a pessoa acreditar naquilo que estou falando. Venho de uma família simples, e só me conheço há pouquíssimo tempo, no sentido de me compreender, né? Meu pai era tropeiro, aquela pessoa que levava o gado de um lugar para outro. Sou caçula de nove irmãos. Meu pai teve três filhos com minha mãe e seis com a outra esposa dele. E minha mãe criou três filhos dele. Porque é uma história triste no começo, mas que no final deu tudo certo. Por exemplo, música japonesa, escuto desde pequenininho, mas só fui me tocar disso como influência de moda – ela só foi aparecer no meu trabalho em 98. De 92 a 98, eu só falava dos anos da década de 30; a "avioneira" era a minha favorita. Eu tinha outra expressão, achava uma época mais elegante do mundo. Para mim, era à beira do precipício, porque os anos 30 tinham toda a questão do hedonismo que desembocaria na Segunda Guerra. Então, para mim, os anos 30 tinham essa energia de "eu vou viver tudo o que posso viver, porque o mundo pode acabar". Aí, quando descobri que tinha essa percepção japonesa, bom, daí para a frente, todas as minhas coleções têm uma referência ao Japão, não tem como. Em 99 foi a primeira vez que fui ao Japão, e nesse dia fiz uma
coleção na sequência. Em 1999, fiz 40 anos. Glorinha Kalil escreveu algo muito bonito. Fiz um desfile que é realmente um dos meus favoritos, acho que é o inverno de 2000, se não me engano, e ela escreveu: “Não se faz 40 anos impunemente”. Essa frase abria o texto da Glorinha, e era muito lindo, porque era realmente eu me reconectando, talvez, com tudo aquilo que eu achava que era necessário e perfeito para ser eu mesmo. E quando você fala... "Para de novo, ser imperfeito, para eu ser eu mesmo". Exatamente isso. No sentido de que "não se faz 40 anos impunemente", você tem um peso e uma vivência para olhar para trás e ver onde está o errado e o que pode melhorar dali para a frente. Daí, quando você fala da minha relação com a indústria, isso sempre foi muito forte, porque no início de 1993, mais ou menos 1994, a Rhodia implantou um sistema novo: a poliamida. Isso porque, em 1992, tivemos algo engraçadíssimo: quando o Collor – que foi a única coisa boa que ele fez – abriu a importação e tivemos os malheiros comprando tecnologia, enquanto o tecido plano ficou estagnado. As malharias, por outro lado, prosperaram, tanto que hoje somos mil vezes mais maravilhosos na malha do que no tecido plano. Não temos nada de tecido plano, a não ser o denim. E aí, a Rhodia — que na época contava com o Padeiro e a Dani — conectou, num primeiro momento, a mim e a Herchcovitch com as fábricas. Então fizemos um desfile em uma Fenit/Fenatec que foi uma quebra de paradigmas.
RT: Vivi Haydu já era diretora na época?
WR: Já, já era. Sim, e aí a Rhodia fez esse desfile. Ele foi um divisor de águas, e era lindo, porque nós éramos absolutamente... (Eu sou muito mais velho que o Alê, claro, acho que uns 20 anos, talvez 10 anos. Mas sim, vou fazer 66 anos este ano.) E aí é muito interessante que as pessoas acordaram para nós, e ganhamos a fábrica. Então, por exemplo, a Marlys sempre foi a minha festa. O Sr. João, que a gente chamava de João Francês, era um engenheiro têxtil que trabalhou a vida inteira na Marlys. E eu chegava lá com minhas ideias e dizia: "Eu queria este jacquard com essa aparência japonesa", e ele falava para mim: "Vamos ter que fazer isso em um fio que tinge e outro que não tinge". Ele sabia exatamente interpretar minhas ideias. Meus desfiles sempre tiveram tecidos incríveis e coisas diferentes, porque as fábricas me aceitavam, naquele momento, principalmente as malharias, com as ideias.
Era, e isso foi muito natural. E eu tenho um processo criativo que sempre falo para as pessoas: primeiro vem uma história — que pode ser um livro, um filme, uma viagem, uma pessoa. Depois que essa história está montada, é que vou atrás da matéria. Depois de a matéria ser escolhida, é que vem a forma. Então não sou a pessoa que desenha, não. Preciso sentir, preciso entender o pano, a matéria, para depois fazer o que quero. E esse entendimento do pano foi fundamental nesse período, por exemplo, nesse desfile da Fenit/ Fenatec.
RT: Você disse que foi o divisor de águas o desfile da Fenit?
WR: Sim, foi incrível o que a Vivi Haydu fazia na Fenit, e a inserção na moda e na Indústria Têxtil nos deu muita visibilidade e credibilidade. Ateliês de tendência europeus, o público, moda, maquinários, fios e tecidos, e compradores, todos ali reunidos. E daí, desse lugar, desse momento em que também todo mundo olha para você nessa situação e te coloca em um lugar de destaque, de criação, disso tudo, como o tecido ali, aquele tecido daquela época... Meu Deus! E, olhando o tecido com que você está trabalhando hoje, como foi a evolução em termos têxteis? Acho que é exatamente isso que te falo. Acho que o Brasil aproveitou essa questão da malharia, aproveitou essa riqueza das fibras artificiais. Não estou falando só de poliamida, mas estou falando de poliéster. Porém a conta chega também, e hoje nos perguntamos: "Quem é você na fila do fim do mundo?"
EVENTOS
INSPIRAMAIS 2025 DESVENDA O REENCANTAMENTO
DA MODA SUSTENTÁVEL E CRIATIVA
A pergunta provocadora “Quem é você na fila do fim do mundo?” de Walter Rodrigues, marcou o InspiraMais 2025 nos dia 15 e 16 de julho no Centro de Eventos ProMagno. O evento que está na trigésima segunda edição, transformou São Paulo em um espaço de reconexão, ética e inovação e reuniu profissionais da moda, design, couro, têxtil e calçados. A proposta era criar uma indústria mais consciente e regenerativa, focada em três pilares: matéria, sensibilidade e responsabilidade.
No salão, foram apresentados mais de 1.500 materiais inovadores. Este é o fruto do trabalho aproximadamente 80 expositores brasileiros. O evento atraiu um público com números que superaram a marca de 7.000 visitantes em seus dois dias, incluindo compradores internacionais de 10 países. O setor têxtil e de confecção brasileiro é um pilar da nossa economia. Responsável por mais de 8% do PIB industrial, gera cerca de 1,5 milhão de empregos diretos. Em 2024, o segmento faturou mais de R$ 120 bilhões. A expectativa de crescimento é de cerca de 5% para
este ano, conforme dados da ABIT.
Por Fred Haydu
ABIT E SEBRAE UNIDOS FORTALECEM A TÊXTIL BRASILEIRA
O InspiraMais 2025 ganhou ainda mais força graças ao apoio estratégico da Abit e do Sebrae. Essas instituições, pilares para o desenvolvimento do setor, trouxeram um dinamismo único ao evento. A Abit, representando aproximadamente 30 mil empresas, uniu-se ao Sebrae para criar um ambiente onde grandes indústrias, pequenas marcas e startups pudessem interagir e colaborar. Essa sinergia não apenas estimulou uma valiosa troca de experiências, mas também solidificou, de maneira marcante, a cadeia produtiva brasileira.
Maria Helena Santana, diretora-executiva da Abit, descreveu o evento como um marco: “O Inspiramais é um espaço único onde a inovação encontra a tradição da nossa indústria. Com a Abit, trabalhamos para que a sustentabilidade e a competitividade caminhem juntas, posicionando o Brasil na vanguarda global da
Entrada do InspiraMais
moda consciente. O setor tem potencial para crescer ainda mais, gerando empregos qualificados e inovando com responsabilidade.”
O Sebrae, por sua vez, apoiou intensamente micro e pequenas empresas, startups e empreendedores. Esse suporte ocorreu principalmente no Espaço HUB, com mentorias e capacitações. Julia Ferreira, gerente de marketing do Sebrae, resumiu: “O Inspiramais é mais que uma feira, é um ambiente de conexões reais, aprendizado e inspiração. Nosso foco é dar voz e ferramentas para que pequenos negócios possam crescer com inovação e responsabilidade socioambiental.”
TENDÊNCIAS GUIADAS PELA
LÓGICA 10% / 30% / 60%
Ao adentrar o salão, os visitantes eram convidados a mergulhar na metodologia 10% 30% 60%. Criação perspicaz do Núcleo de Design do InspiraMais, essa abordagem singular esclarece as etapas de absorção das tendências, exibindo sua evolução da vanguarda à aceitação plena do mercado.
10% Aqui pulsa a inovação mais disruptiva. Encontram-se materiais experimentais e tecnologias inéditas, desafiando o convencional.
30% Representa as tendências em ascensão. Sua presença no mercado cresce, sinalizando uma adoção progressiva por parte da indústria.
60% Tendências já estabelecidas. Conquistaram a preferência do público e a assimilação da indústria, tornando-se parte do cotidiano.
Graças a essa curadoria apurada liderada por Walter Rodrigues, designers e compradores visualizavam prontamente como cada novidade poderia ser aplicada em suas respectivas criações e processos.
REPREVE IMPULSIONA A CIRCULARIDADE EM ESCALA INDUSTRIAL
Uma das colaborações mais marcantes desta edição foi a Repreve, marca global de fibras sustentáveis da Unifi Inc., empresa norte-americana que ganhou destaque por transformar bilhões de garrafas PET descartadas em fibras têxteis recicladas de alta performance.
No InspiraMais 2025, a Repreve demonstrou sua força
no Brasil, consolidando parcerias com importantes tecelagens e confecções nacionais. A Repreve oferece soluções versáteis para moda, itens esportivos, vestuário casual, jeanswear e calçados. Desse modo, a empresa comprovou a viabilidade de unir escala industrial, inovação técnica e um forte compromisso ambiental.
Desde sua fundação, a Repreve já reciclou impressionantes 40 bilhões de garrafas. Durante o evento, destacou suas avançadas tecnologias de rastreabilidade, como o FiberPrint™. Este sistema permite verificar a autenticidade e a origem das fibras nas peças, uma inovação fundamental em um cenário de combate ao greenwashing e de crescente exigência por transparência.
No estande, os visitantes tiveram a oportunidade de conhecer tecidos produzidos com a fibra Repreve. Esses materiais oferecem benefícios como secagem rápida, proteção UV, toque suave e maior durabilidade. A iniciativa também exibiu peças prontas de diversas marcas brasileiras, já incorporando essa tecnologia em suas coleções.
“Sustentabilidade não pode ser um luxo, tem que ser uma nova base de produção. Com a Repreve, mostramos que é possível fazer isso em grande escala,
EVENTOS
com rastreabilidade, inovação e parceria local”, afirmou Eduardo Vasconcellos, diretor da Repreve para América Latina.
A Repreve consolidou seu papel no InspiraMais ao fomentar conexões sustentáveis, promovendo painéis e encontros com fornecedores, estilistas, startups e instituições de ensino.
ENTREVISTA – JÚLIA WEBBER –
DANIELLA AZEVEDO
Tivemos o prazer de ter um bate papo rico, didático e inspirador com Julia Webber, gestora de Design no núcleo de pesquisa e design do InspiraMais e Daniella Azevedo gerente de marketing da Unifi Brasil. A Unifi produz o fio Repreve e foi a principal patrocinadora do evento.
Daniella Azevedo: Nosso objetivo aqui é mostrar aos nossos parceiros, clientes diretos, expositores, marcas e consumidores o que a Repreve tem feito no Brasil e no mundo. Queremos que todos saibam que já existem soluções com menor impacto ambiental disponíveis no mercado. Nesta edição do InspiraMais, apoiamos alguns parceiros que estão utilizando a nossa matéria-prima reciclada, a Repreve, e auxiliamos na comunicação desses produtos. Sempre realizamos alguma ação de comunicação, mas, nesta edição, firmamos uma parceria especial com a Júlia. Contamos a história da jornada sustentável da Repreve como um caso de sucesso na indústria. A Júlia pode falar mais sobre isso, mas nossa ideia foi mostrar o que está disponível hoje.
RT: Vimos a comunicação no exterior, com o nome Repreve em grande destaque. E o Walter Rodrigues comentou algo interessante: o objetivo é que o evento nem precise mais dizer que é sustentável — porque isso já é parte do conceito, é natural. Como vocês enxergam essa parceria com a Repreve dentro da proposta do InspiraMais?
Júlia Webber: Gosto sempre de lembrar como o InspiraMais começou. Sua proposta era justamente criar uma cultura de design e inovação dentro da cadeia da moda. Isso aconteceu no início dos anos 2000, quando a China entrou com força no mercado e tudo passou a ser muito focado em preço. Foi então que surgiu a pergunta: “O que mais podemos oferecer além do preço?” E o design vem como uma ferramenta para mostrar o verdadeiro valor de um produto. Ajuda a identificar o
que a empresa entrega além do preço e como isso se reflete nos produtos, conectando todos os setores e os elos da cadeia produtiva.
RT: Desde o início da cadeia até o consumidor final?
Júlia Webber: Exato. Às vezes, o valor começa lá no início, no fornecedor da matéria-prima, mas, se não for bem comunicado, não chega até o consumidor. O InspiraMais ajuda a conectar esses elos. É sobre criar uma cultura que envolva design, inovação, sustentabilidade e uma visão de cadeia como um todo. A moda é uma vitrine, mas, para que essa vitrine faça sentido, precisa ter todo o processo por trás — e ele nem sempre é glamouroso.
RT: O que percebo é que o que vocês estão trazendo, e que é muito importante, são os valores por trás dos produtos. Por exemplo, quando o Anselmo fala que prefere pagar mais por algo com propósito, ele está dizendo que o valor não está apenas no preço, mas na história, na marca, e é isso que todos estão buscando hoje: informação, saber a origem dos produtos. Além da Repreve, todos os expositores aqui estão conectados com sustentabilidade?
Júlia Webber: Ainda não todos, mas há um movimento forte nesse sentido. Há empresas com diferentes olhares para a sustentabilidade. Uma parte é o processo da operação e, nesse ponto, o InspiraMais conta com o programa Origem Sustentável, uma certificação ESG
Julia Webber e Daniella Azevedo
promovida pela Assintecal e pela Abicalçados. Quase todas as empresas aqui possuem essa certificação. A Assintecal, que organiza o InspiraMais, é a associação das indústrias de componentes para calçados. É por isso que há tanto couro por aqui.
RT: Mas vocês também estão expandindo isso?
Júlia Webber: Sim, com certeza. O evento começou mais focado no setor calçadista, mas sempre com a ideia de ampliar. O Walter, desde o início, trouxe esse olhar de que moda é mais do que calçado, é comportamento. Hoje, enxergamos a moda como algo que atravessa vários universos: pode estar no vestuário, no mobiliário, no setor automotivo… A moda não é só tendência de cor ou estampa, é comportamento das pessoas. E os materiais podem fazer parte de todos esses setores.
RT: Até no automotivo?
Júlia Webber: Sim! O setor automotivo já participava do InspiraMais, mas agora está mais presente, com projetos especiais. Eles perceberam o potencial e estão investindo mais.
RT: E sobre os produtos sustentáveis que estão expostos? Todos aqueles na exposição têm esse apelo?
Júlia Webber: Nem todos. Na exposição, temos mais de 100 artigos com atributos sustentáveis, entre 110 e 120 itens. Eles estão sinalizados com uma etiqueta verde. Pelo QR Code, você acessa a ficha técnica de sustentabilidade. Todas essas fichas passam por mim. Analiso se os argumentos são coerentes e completos. Por exemplo, às vezes vejo um material da Repreve e percebo que não está sendo comunicado. Então, corrijo e incluo, porque conheço bem o sistema. A ideia é valorizar o que realmente tem valor.
RT: Ou seja, vocês ajudam os parceiros a comunicar melhor?
Júlia Webber: Exato. Às vezes, a empresa envia a ficha técnica, mas não mostra todo o valor que o material possui. Então, ajudamos nesse processo de mostrar como comunicar isso melhor. É um trabalho conjunto para fortalecer a percepção de valor e consolidar essa cultura de sustentabilidade.
RT: Achei muito interessante o que você me contou na Arte da Pele. Eles trabalham com couro de pirarucu e me explicaram que há diferença: um é pirarucu de tanque, o outro é de um projeto específico com o Mamirauá… Eles também falaram sobre a Suntex, que fabrica laminados
sintéticos. A pergunta foi: “É feito de petróleo?” E eles disseram que sim e mostraram toda a parte sustentável desse material, que já não é mais tendência, é algo que já está acontecendo. Contudo, ainda não é o carro-chefe. No entanto, a Arezzo comprou o principal parceiro deles para esse couro ecológico novo, o que significa que está indo para o grande mercado.
Júlia Webber: Sim, e há um detalhe importante: existem termos com os quais a cadeia é bem rigorosa. Por exemplo, “couro” só pode ser usado para materiais de origem animal. Há até uma lei que proíbe o uso da palavra “couro” para produtos sintéticos. Então, “couro vegano” ou “couro sintético”, tecnicamente, não podem ser chamados assim. O correto é dizer laminado sintético.
RT: E o pirarucu é couro mesmo?
Júlia Webber: Sim, porque é couro de peixe, é de origem animal.
Unifi, Repreve
EVENTOS
RT: Surpreendente! O termo “couro sintético” é amplamente utilizado, mas poucos imaginam que ele possa causar problemas.
Júlia Webber: Pois é. E como trabalhamos com comunicação, é importante usar os termos certos. Isso evita confusão e até questões legais. “Couro é couro.” Se for sintético, deve ser chamado de laminado mesmo.
RT: E o InspiraMais também investe bastante na educação sobre sustentabilidade?
Júlia Webber: Com certeza. Promovemos isso com palestras, conteúdos, oficinas, como aquela que você viu agora há pouco. A ideia é inspirar quem visita o evento.
RT: Seria ótimo ter esses dados com mais frequência. Por exemplo: quantos artigos têm apelo sustentável em cada edição. Seria interessante ver esse número crescendo.
Júlia Webber: Sim! É algo que acompanhamos. E percebemos que muitos parceiros estão se engajando cada vez mais. Nesta edição, por exemplo, dois deles decidiram comunicar de forma mais robusta o uso de matérias-primas sustentáveis. Às vezes, o material tem um atributo incrível e ninguém comunica. Então, reforçamos: é preciso mostrar isso! Seja com totem, visual, digital… caso contrário, esse valor se perde.
Daniella Azevedo: Um exemplo incrível disso é o da Branil, que colocou um totem explicando que o laminado deles é feito com garrafa PET reciclada. É algo que precisa ser mostrado! Porque, se não for, passa despercebido.
Júlia Webber: Sim! E, nesse caso, o laminado usa a fibra da Repreve como base, que é feita 100% de garrafa PET reciclada. Então, é importante mostrar que a tecnologia está presente no produto final e que ela pode ser rastreada. Existem marcas de moda que já utilizam isso e contam essa história de forma mais clara. A Repreve está cada vez mais visível. Mas nem sempre os consumidores sabem que estão usando um produto com essa tecnologia. Às vezes, o material é usado por grandes marcas, mas essa informação não chega até o público. Então, precisamos alinhar melhor essa comunicação.
Daniella Azevedo: Há muito disso. A marca compra o fio, desenvolve a peça, e o consumidor final nem imagina que há algo reciclado ali. Esse é um dos nossos desafios. Por isso, investimos tanto em comunicação e rastreabilidade. Por exemplo, hoje temos o Repreve Smart Label, um QR Code que pode ser inserido dire-
tamente na etiqueta da peça. Com ele, o consumidor consegue saber quantas garrafas foram usadas para fazer aquele produto e pode acompanhar toda a cadeia de produção.
RT: E esse QR Code pode ser usado por qualquer marca?
Daniella Azevedo: Sim, se a marca usar nossa matéria-prima e quiser valorizar esse atributo, ela pode usar o QR Code. Claro, há um processo para garantir a veracidade das informações, mas a tecnologia está pronta. O mais importante é que essa ferramenta empodera o consumidor. Ele deixa de ser passivo e passa a fazer escolhas com consciência, sabendo exatamente o que está comprando.
Júlia Webber: Gosto sempre de reforçar que a sustentabilidade precisa ser comunicada com clareza. Se a empresa investe em matéria-prima reciclada, energia renovável, rastreabilidade… isso tudo precisa estar visível. Porque, se não há comunicação, ninguém valoriza.
Às vezes, o produto é mais caro, o consumidor reclama, mas ele desconhece o que está pagando. Quando ele entende o valor real, ele se sente parte de algo maior. Assim, a compra deixa de ser apenas consumo. Passa a ser uma escolha com propósito.
Daniella Azevedo: É isso. As pessoas estão buscando produtos com história. A moda já não é só beleza ou tendência. Precisa fazer sentido. E quando uma marca mostra que usa fio reciclado, que rastreia, que se preocupa com o meio ambiente, isso conecta com o consumidor.
Júlia Webber: E, também, conecta toda a cadeia. Porque, no fim, todos fazem parte: o fornecedor, a indústria, a marca e o consumidor. Se um desses elos não estiver bem alinhado, a comunicação fica comprometida.
RT: Muito bom ouvir isso de vocês. É visível que esse movimento está crescendo e que muita coisa boa está acontecendo, mas precisa ser divulgada, precisa chegar às pessoas.
Daniella Azevedo: Exatamente! Por isso é tão importante estar em eventos como o InspiraMais. Aqui, conectamos inovação, sustentabilidade e moda de forma prática, com soluções reais. A Repreve está aqui para mostrar que é possível fazer diferente e fazer melhor.
Júlia Webber: E é isso que queremos: inspirar. Mostrar que há caminho, há solução e há muitas pessoas trabalhando por um futuro melhor para a moda e para o planeta.
Palestras Hub
Couro de pirarucu
Couro exotico com tingimento
Cervera, palmilhas de sisal Area para compradores
EVENTOS
ESPAÇO HUB PROMOVE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL
O Espaço HUB, um dos ambientes mais vibrantes do InspiraMais, funcionou como um laboratório vivo de ideias. Marcas, coletivos, startups, pesquisadores e estudantes apresentaram ali soluções em design circular, biotecnologia, novos materiais, consumo consciente e reconexão com saberes ancestrais.
O destaque ficou por conta do trabalho da Muush, marca brasileira desenvolvedora de biomateriais de cogumelos (micélio), alternativas ao couro animal e sintético. O foco está no design e na circularidade. O estande atraiu olhares pelo design sensorial e pelo impacto simbólico das criações: tecidos que crescem, respiram e se decompõem, iniciando um novo ciclo de vida. “Nosso material é cultivado, não fabricado. Ele nasce do solo e a ele retorna, sem deixar rastros tóxicos”, explica a fundadora da Muush, Isadora Freitas, bióloga e designer. Além da Muush, o espaço recebeu nomes como: Malwee Lab (com tecnologias de baixo impacto e tingimentos naturais), Furf Design (apresenta soluções de design social e regenerativo), Resíduo Zero (com logística reversa de resíduos têxteis), CLO Studio (combina moda digital com tecidos sustentáveis), Ifesp (Instituto Federal com projetos de alunos sobre reaproveitamento de tecidos e desenvolvimento local).
O HUB também ofereceu palestras e mentorias para novos empreendedores e designers independentes. A iniciativa promoveu conexões entre saberes técnicos e experiências sensoriais. A curadoria mostrou-se sensível, plural e propositiva. “O HUB mostra o futuro sendo desenhado agora. Ele será colaborativo, biodiverso e emocionalmente inteligente”, disse a curadora Giovana Menezes.
WALTER RODRIGUES DETALHA PESQUISA TURNING POINT
Walter Rodrigues apresentou, em 26 de agosto, a pesquisa de inspirações Turning Point. Este trabalho dará origem a mais de mil produtos no próximo InspiraMais, em Porto Alegre/RS. O estudo foi detalhado em formato híbrido, na sede da Assintecal (Novo Hamburgo/RS) e on-line.
Como de costume, o estilista iniciou a apresentação com a metodologia da Pirâmide. O modelo orienta a
pesquisa de lançamentos do salão de moda, considerando insights dos 10%, 30% e 60%.
10% representam o laboratório de inovação, o topo da pirâmide.
30% são materiais em desenvolvimento, o meio da pirâmide.
60% englobam produtos já aprovados pelo mercado, a base da pirâmide.
Na 33ª edição do InspiraMais, a pesquisa apresentada nos materiais lançados será a Turning Point, os 10% da pirâmide. O estudo tem como referência a obra “Ponto de Mutação”, de Fritjof Capra, de 1981. Rodrigues comenta: vivemos tempos muito parecidos com a década de 1980. O mundo está “mais fechado”, com protecionismo crescente, tarifas extras e polarização. A obra ressalta a necessidade de um ponto de mutação sob uma ótica ecológica e feminina.
Nesse contexto, a pesquisa aponta uma transição: saímos de uma Modernidade Líquida, popularizada por Bauman (onde tudo era fluído), para uma Modernidade Gasosa. Nela, as coisas não apenas fluem, mas “evaporam no ar”, sugerindo volatilidade e velocidade. A partir deste ponto, a Turning Point desenvolve três temas.
Gasoso Holístico: Com um ponto de vista feminino, aponta o design como meio de contemplação, regeneração e afeto por meio da tecnologia. “Aqui, vemos leveza e silhuetas em materiais que se transformam, remetendo a movimento, luz e vapor. A moda, nesse contexto, é muito auxiliada pela Inteligência Artificial (IA) em suas criações”, frisa Rodrigues. Ele adiciona: “Cada vez mais, os criativos desenvolvem coisas para colocar nos pés”. Predominam transparências, tules, nylons, volumes e misturas.
Walter Rodrigues
Gasoso Biológico: É influenciado pelo ancestral digital. Apresenta texturas orgânicas, muitas camadas, aspectos celulares (plasma), características gelatinosas, amorfismo e futurismo. Tudo com o auxílio da IA. Materiais de destaque são biopolímeros, nanoceluloses e tecidos de cultura de bactérias.
Ruptura: Reforça a necessidade de transformação e a criação de “desordens narrativas”. É importante ir contra o status quo e recuperar a individualidade, perdida num mundo homogêneo e cheio de repetições. A revisão da forma, forte tendência dos anos 1980, provoca estranhamento. Mantém bases clássicas e destaca a inventividade nas formas. As influências para materiais incluem construções tridimensionais, dobras abruptas, sobreposições e fragmentações. O corpo serve como base para novas geometrias. A cartela de cores traz violeta ice, amarelo e acqua como principais.
OS 30% E 60% DA PIRÂMIDE
Os 30% e 60% da pirâmide, que estão em desenvolvimento ou já no mercado de massa, também foram abordados pelo estilista.
30% (Human): Palavras-chave são Esperança, Comunidade e Utopia. As criações incluem bases tecnológicas que remetem a dança e movimento, com transparências, acetinados, modelagens circulares, bases de neoprene, maleabilidade, maximalismo, brilhos, luzes e linguagem pop.
60% (Burnout): Apresenta um cenário mais sombrio. Traz referências ao fetiche, romantismo e era vitoriana. Há uma contraposição com o sci-fi e seus aspectos inorgânicos e tecnológicos. Nos materiais, a Burnout se traduz em grandes volumes, vernizes, brilhos, banhos de metal, muitas tachas e pins. Remetem aos anos 80 e a uma cultura “dark”.
Realização e Próxima Edição
O InspiraMais é uma realização da Assintecal, em parceria com o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e Associação Brasileira das Indústrias de Mobiliário (Abimóvel). O Brazilian Materials o realiza, com parceria do Sebrae Nacional. A próxima edição do evento ocorre em 27 e 28 de janeiro de 2026, no Centro de Eventos FIERGS, em Porto Alegre/ RS. Saiba mais no site www.inspiramais.com.br .
EVENTOS
FOCUS FASHION SUMMIT
Em São Paulo entre 5 e 7 de agosto, no Distrito Anhembi (SP), realizou-se a 7ª edição do Focus Fashion Summit
A feira, que reuniu 6.500 visitantes na edição deste ano, encerrou seu último dia com palestras de profissionais de instituições como Renner, Isa Silva, Dod Alfaiataria, TikTok, Chilli Beans, Senac, C&A, entre outras.
Assim, diversas companhias varejistas, atacadistas, cooperativas, autônomos, estudantes e profissionais do ramo têxtil e da moda se atualizaram por meio dos conteúdos, além de fazer networking.
Entre os temas abordados nos painéis do dia 7, destacam-se a humanização como estratégia do varejo, o futuro da moda e os desafios e oportunidades para 2026, o uso do TikTok Shop, o poder de construir oportunidades, moda e sustentabilidade, a força regenerativa dos biomateriais de látex, o DNA dos uniformes profissionais, entre outros.
Segundo Regina Durante, Vice-presidente de Gente, Sustentabilidade e Relações Institucionais da Renner, que palestrou sobre a humanização como estratégia para vender no universo da moda de hoje, é preciso pensar em aproximação e encantamento dos consumidores para um crescimento sólido das companhias.
“Ninguém entra em uma loja querendo comprar uma camisa branca, e a encontra e vai embora encantado. O brilho nos olhos acontece quando há, por trás do processo, pessoas engajadas que querem dar algo a mais ao público. Esse engajamento no desenvolvimento de coleções encantadoras, conectado ao que o cliente precisa e deseja, e somado a um atendimento humanizado, é o que realmente cativa o cliente. É assim que o consumidor retorna e se torna fiel, resultando em ganhos consistentes para as marcas”, diz.
Trazendo outros insights para atuar de forma estratégica no mundo fashion, Jorge Grimberg, Especialista em Pesquisa de Tendências, Isa Silva, Fundadora da Isa Silva, e Jubba Sam, Fundador da Dod Alfaiataria, abordaram o futuro da moda e os desafios e oportunidades para 2026. Os profissionais contaram suas histórias a fim de inspirar o público e trouxeram dicas relacionadas à ope ração de negócios, desenvolvimento de autenticidade e personalidade, à importância do atendimento a diferen tes tipos de corpos, vendas online e offline, entre outros.
Sr. Jacques Stern CEO Focus Textil e seu amigo Walter Rodrigues mentor Instituto Focus
“Cada vez mais, no universo da moda, serão criadas marcas para nichos específicos, a fim de atender às necessidades particulares de cada público. Hoje, é importante criar comunidades e entender suas preferências de consumo”, afirma Grimberg.
de palestras
Auditorio
ATUALIZAÇÃO DO MERCADO
Durante os três dias de Focus Fashion Summit 2025, aconteceram mais de 35 palestras, desfiles de moda, mentorias, rodadas de negócios e oportunidades de networking. Os visitantes puderam, portanto, estar em contato com expositores do universo da moda e profissionais com amplos conhecimentos.
“Estamos muito felizes com todos os resultados obtidos na 7ª edição do Focus Fashion Summit. Os estudantes, empresas, estilistas e os mais variados visitantes puderam imergir profundamente no universo da moda e da cadeia têxtil, acessando o que há de mais inovador e importante para alcançar o sucesso no mercado. Já estamos animados para as próximas edições da feira”, informa Renato Hojda, Diretor Comercial da Focus Têxtil.
O Focus Fashion Summit é idealizado e promovido pela Focus Têxtil, uma das maiores importadoras de artigos têxteis da América Latina, e pelo Instituto Focus Têxtil, cuja missão é fomentar a sustentabilidade na cadeia têxtil por meio de ações de conscientização e desenvolvimento social onde Walter Rodrigues e Lucius Vilar são mentores.
Estamparia focus textil
A arte de fazer estampas manuais
EVENTOS
(RE)ESTAMPA
O projeto do Instituto Focus Têxtil foca na inovação e na sustentabilidade por meio da formação de novos talentos no mundo da moda. Nesta última edição, 20 alunos participaram e apresentaram peças autorais na feira, o que marcou o encerramento da versão deste ano do projeto.
Durante as aulas, mais de 800 kg de resíduos têxteis foram reutilizados, o que resultou no desenvolvimento de novas peças de roupa sem prejudicar o meio ambiente. O (RE)Estampa é uma iniciativa que impulsiona uma nova geração de profissionais para uma moda mais ética e responsável, e é realizado por meio de uma parceria com a empresa Brother, o IED (Instituto Europeo di Design), a companhia Future Print e o programa AL-INVEST Verde, da Comissão Europeia. “Foi a primeira vez que aconteceu esse desfile e o foco, tal como o do projeto, é mostrar a potência da estamparia como instrumento de circularidade. Os alunos apresentaram criações autorais desenvolvidas a partir da intervenção em tecidos estampados que seriam descartados, mas foram doados pela Focus Têxtil. O grande diferencial está no próprio método de criação. É um processo que subverte a lógica tradicional linear, propondo uma abordagem circular, experimental e ética. O público pôde perceber que as roupas contam histórias, não apenas pela modelagem, mas principal-
mente pelas camadas de estampas, cores e interferências gráficas que dialogam entre si”, conta Lucius Vilar, designer e especialista em estamparia, e que também é um dos mentores do projeto.
Os alunos do (RE)Estampa também tiveram mentorias com Walter Rodrigues, estilista e referência em moda autoral, e Rita Comparato, estilista conhecida por seu trabalho com cores e formas. No final do desfile, todos os alunos subiram ao palco.
Desfile Reestampa
Afro pé
BORDADO: DA TRADIÇÃO ANCESTRAL À
INOVAÇÃO QUE IMPULSIONA NEGÓCIOS CRIATIVOS
Por muito tempo, o bordado foi sinônimo de tradição. Carregado de memória afetiva, conectava gerações através de fios, agulhas e narrativas culturais. Hoje, essa mesma arte ressurge com novo protagonismo: tornou-se ferramenta de inovação, personalização e, acima de tudo, de geração de negócios. A evolução do bordado mostra como a união entre técnica artesanal e tecnologia pode criar oportunidades reais para empreendedores e transformar a criatividade em fonte de renda.
Com a chegada das máquinas modernas — domésticas e profissionais — o bordado deixou de ser apenas expressão artística e passou a ocupar espaço relevante na economia criativa. Esses equipamentos possibilitam que qualquer pessoa, mesmo com estrutura reduzida, inicie um negócio com baixo investimento e alto potencial de valorização. A personalização de roupas, acessórios e itens de decoração, feita com qualidade profissional, atende à crescente demanda por produtos únicos, com identidade e propósito.
A conexão com o mercado é evidente. Em especial, a Geração Z impulsiona essa transformação ao buscar um consumo mais consciente e autêntico. Roupas bordadas, peças reaproveitadas com design exclusivo e acessórios personalizados ganham espaço como alternativas ao fast fashion. O bordado, nesse cenário, se consolida como diferencial competitivo: agrega valor simbólico, amplia o ciclo de vida das peças e transforma o vestir em posicionamento pessoal.
Além de ser uma escolha estética, o bordado representa estratégia. Com equipamentos com alta tecnologia embarcada — como conectividade Wi-Fi, múltiplas agulhas e softwares intuitivos — os empreendedores ganham agilidade, precisão e escalabilidade. Isso permite a produção sob demanda, o atendimento a nichos e a redução de desperdícios, com ganhos diretos na margem de lucro.
Empresas de confecção, pequenos ateliês, criadores independentes e marcas iniciantes têm no bordado uma oportunidade concreta de diversificar portfólio, agregar valor ao produto e atender um consumidor
Por Paulo Akashi, diretor de Vendas da Brother Brasil
mais exigente e conectado. A personalização passou a ser não apenas um atrativo, mas uma exigência em mercados de alto valor agregado.
Investir em bordadeiras hoje é investir em inovação com base artesanal. É transformar tradição em diferencial de mercado. O bordado, ao unir passado e futuro, impulsiona negócios com identidade, propósito e escala.
Fonte: Roberta Koki
SUSTENTABILIDADE
SEGUINDO O FIO DO ALGODÃO: HISTÓRIA,
IMPACTO E SUSTENTABILIDADE NA MODA
Por Clarissa Magalhães
Para entender o mundo em que vivemos, basta seguir o fio do algodão. A história dessa planta está diretamente ligada ao desenvolvimento das civilizações humanas. Evidências arqueológicas sugerem que o algodão foi utilizado há mais de 5.000 anos por comunidades ancestrais em diferentes continentes.
A domesticação do algodão não foi um evento único, mas sim um processo que ocorreu de forma independente em várias regiões, levando ao surgimento de diferentes espécies cultivadas e inúmeras variedades. Ao longo dos séculos, muitas desapareceram. Um exemplo disso é a Phuti karpas, uma variedade específica de Gossypium arboreum (var. neglecta), que era cultivada exclusivamente nas margens dos rios próximos a Dhaka, em Bangladesh, e usada para produzir a Musselina de Dhaka. Suas fibras eram tão finas que só podiam ser fiadas nas primeiras horas da manhã quando o ar estava mais úmido. Sua extrema delicadeza fez do tecido um símbolo de luxo nas cortes europeias dos séculos XVII e XVIII. Apesar disso, a Musselina de Dhaka não resistiu à pressão colonial britânica para reduzir seus custos de produção e, como consequência, o Phuti karpas, sua matéria-prima, acabou desaparecendo com a expansão industrial.
Com a Revolução Industrial, a padronização ganhou força, e a diversidade do fazer manual cedeu lugar à eficiência das máquinas e, consequentemente, ao barateamento da produção, tornando-se o novo paradigma de produção global. O algodão se consolidou como a matéria-prima do primeiro movimento de globalização moderno, abastecendo as máquinas inglesas com cultivos do Brasil, dos EUA, do Caribe, da Índia e do Egito. Nascia assim o modelo de cadeia fragmentada que conhecemos hoje e, com ele, o estabelecimento da Divisão Internacional do Trabalho1.
em larga escala. Mas a história do Phuti karpas ilustra uma tensão que atravessa toda a agricultura industrial moderna: entre diversidade e eficiência, entre patrimônio genético e produtividade. Quando priorizamos materiais que se moldam às demandas industriais, perdemos não apenas em variedade genética, mas também em saberes ancestrais e na resiliência que vem da diversidade no plantio, ao contrário da monocultura. É um empobrecimento que vai muito além do campo, é a redução da nossa própria capacidade de adaptação diante de mudanças climáticas e crises futuras. Por esses motivos, o algodão carrega consigo as contradições do nosso tempo: é natural, mas frequentemente cultivado com química intensiva. É renovável, mas produzido em sistemas que esgotam solos. É acessível, mas sua cadeia produtiva perpetua desigualdades globais.
Para analisar esse cenário, convidamos Yamê Reis, autora do livro O Agronegócio do Algodão, que investiga, sob uma perspectiva sociológica, como a sustentabilidade pode ser medida e validada na cadeia do algodão. Um debate essencial para a moda brasileira e global.
Hoje, predominam as variedades de algodão que se adaptam às máquinas modernas e à produção
ENTREVISTA COM YAMÊ REIS
Clarissa: Para quem trabalha com têxtil, o algodão é uma matéria-prima central, mas suas contradições ambientais e sociais são complexas. O que te motivou a mergulhar nessa investigação?
Yamê: Eu tinha completado meu mestrado nos anos 80, mas a dissertação ficou pendente, pois não encontrava um tema que me instigasse além do ambiente acadêmico. Em 2015, quando comecei a refletir sobre sustentabilidade na moda, ouvia constantemente que 'o algodão era sustentável'. Só que eu sabia que ele era cultivado junto com a soja, e já conhecíamos a insustentabilidade da produção de soja. Como esse algodão podia ser sustentável? Essa contradição me intrigou: quais eram os parâmetros dessa sustentabilidade? Era algo recente, o impulso do algodão para exportação com selo (de sustentabilidade) internacional. Ninguém sabia explicar por que o algodão tinha recebido esse selo, apenas diziam que 'era sustentável'.
Percebi que ali havia uma pesquisa real. Voltei ao mestrado com esse projeto, encontrei um orientador especializado em História do Brasil e mergulhei na investigação. Foi quando descobri que o algodão é a primeira cadeia produtiva global da história. A Revolução Industrial começa na indústria têxtil, e o algodão é sua base.
Clarissa: Ao investigar o algodão, você percebeu que essa cultura está profundamente ligada à história econômica e política do Brasil. Como essa trajetória histórica influencia a forma como o algodão é produzido hoje, e que desafios ela impõe para pensar em modelos realmente sustentáveis?
Yamê: O algodão é uma fibra muito antiga, usada desde os primórdios das civilizações, uma das primeiras a ser tecida em tear. Ele aparece em vários continentes, da Ásia à África e, também, na América do Sul. No Brasil, já era utilizado pelos povos indígenas, mas começa a ser cultivado para exportação no período colonial, com mão de obra escrava. Não foi a nossa primeira commodity, porque antes tivemos o açúcar, mas já nos séculos XVII e XVIII o algodão ganha força, sempre baseado nesse trabalho intensivo e em monoculturas. O modelo era muito parecido com o dos Estados Unidos. Aliás, Brasil e Estados Unidos sempre disputaram essa pole position da exportação, ao lado do Egito e da Índia. Foram esses países que abasteceram a In-
glaterra e alimentaram a Revolução Industrial. Mas, na verdade, nessas plantações não existe biodiversidade. Não há pássaros, insetos, nem barulho de animais. Ali, a natureza é destruída, literalmente. Porque a natureza é biodiversa e, sempre que você vê uma monocultura, não importa do que seja, significa que a biodiversidade foi eliminada. É um preço alto.
Clarissa: E esse modelo histórico de produção ainda molda o presente. Apesar da liderança do Brasil nas exportações, a produção orgânica continua mínima. O que seria necessário para que modelos mais sustentáveis, como agroflorestas ou cooperativas, fossem de fato priorizados?
Yamê: Então, o estudo me mostrou algo fundamental: tanto no período colonial quanto no avanço do agronegócio no Cerrado, nos anos 1990, tudo foi feito à base de política pública. Não foi o capital privado que ergueu isso... Foi o Estado, com isenções fiscais, incentivos e desapropriação de terras. Ou seja, não dá para falar de algodão sem falar de política pública, de questões de classe e de economia em escala macro.
Na época colonial, a produção tinha isenção total de impostos para os senhores de engenho, voltada à exportação. No Cerrado, a mesma lógica: o Estado tratava o território como ‘terra de ninguém’, a ser ocupada com soja primeiro e depois com algodão. O maquiná-
SUSTENTABILIDADE
rio, as terras, tudo foi financiado.
Então, quando me perguntam se é possível produzir algodão em agrofloresta no Brasil, eu digo: claro que sim! Só precisamos de políticas públicas que apoiem esse modelo, que façam a Embrapa trabalhar para os pequenos produtores, em vez de criar sementes resistentes aos agrotóxicos. Porque foi isso que a Embrapa fez para atender às necessidades da indústria química. Essa mesma indústria, inclusive, é sustentada pelo nosso imposto, que também financia maquinário que expulsa milhares de pessoas do campo.
Então, quando se pergunta: “É possível? Esse algodão escalona?”, basta ver a Índia, onde o algodão é cultivado por pequenos produtores. Na China também. Aliás, o próprio Better Cotton Initiative (BCI) mostra no mapa deles que esse modelo de grandes latifúndios é uma configuração típica do Brasil e dos Estados Unidos, o que tem tudo a ver com nossa colonização. E se voltarmos à história, a luta de Gandhi na Índia passava justamente pelo algodão. Para ele, o algodão era ancestralidade, e a apropriação inglesa era dominação. Aquela imagem do Gandhi no tear é muito simbólica dessa resistência à colonização.
Clarissa: Sim, inclusive o tear se tornou um símbolo da resistência de Gandhi à mecanização inglesa e à produção em massa. Ele via na produção artesanal uma forma de dignidade para o trabalhador, em contraste com as máquinas, que praticamente eliminam ou minimizam a presença humana na produção têxtil. E é semelhante ao que vemos no campo, em agriculturas industriais: não empregam muita gente. Parece um campo nevado a perder de vista.
Yamê: Esse campo que parece nevado… você nunca verá ninguém ali dentro. É deserto. Quem faz a colheita são as grandes máquinas, que vão passando e levando tudo, além de ainda arruinar o solo. É uma situação bem com-
plicada, porque hoje o algodão acaba sendo produzido dentro das propriedades de soja, formando um trio de culturas: soja, algodão, milho… e, às vezes, trigo. É esse o ciclo. Essa rotação é uma forma de aproveitar mais o solo. Por exemplo, se você procurar no Google, verá que o maior produtor de algodão do Brasil também produz soja e milho. Sempre. Ele faz essa rotação das três culturas na mesma propriedade. O algodão, que é mais lento, com apenas uma safra anual, acompanha o ciclo da soja e do milho. No Brasil, dependendo da região e do uso de tecnologia, é possível ter até três safras de soja e milho por ano. Assim, nessa mesma terra, conseguem plantar e colher durante o ano inteiro, sendo todas essas culturas voltadas para exportação.
Clarissa: E, diante desse cenário, além das políticas públicas que mencionamos, você acredita que iniciativas de grandes marcas brasileiras de fast fashion investindo em algodão agroflorestal podem realmente impulsionar mudanças no sistema de produção?
Yamê: Não, eu acho que, quando uma grande marca faz um projeto desses, ela não está pensando que vai suprir toda a cadeia produtiva dela com esse algodão. Ela está, na verdade, alimentando um projeto piloto, para entender o tempo de produção, as condições e os preços para, eventualmente, escalonar.
Sem dúvida, a intenção de escalonar existe, mas não tenho como saber o planejamento completo. Outras marcas menores, no entanto, já conseguem trabalhar direto com algodão agroecológico, porque a quantidade que precisam é pequena. O que difere do caso de uma grande varejista.
Acho que o papel dessas grandes empresas é justamente esse: mostrar que é possível, provar que é viável. Sem uma política pública forte, alguém precisa tomar a iniciativa, e nesse sentido, o trabalho delas é louvável. Independentemente de ser uma fast fashion ou não, elas estão cumprindo um papel muito importante.
Clarissa: Então, como você enxerga o papel do consumidor nesse processo? É possível criar um movimento de “baixo para cima” que pressione políticas públicas e incentive práticas mais regenerativas na indústria têxtil?
Yamê: É, eu acho que é muito complexo, pois envolve várias frentes. A indústria busca aliados no Congresso, que possam pautar leis a favor dos pequenos produtores. Mas também há um papel das marcas como comu-
nicadoras e educadoras. Comunicação, nesse sentido, é uma forma de educação ambiental e ecológica. E não falo só sobre a origem dos materiais, mas também sobre o hiperconsumo: orientar para um consumo mais consciente, mostrar o que realmente precisamos, como descartar o que não usamos mais e como fazer nossas roupas durarem, para não precisar comprar toda hora.
Toda marca, nesse sentido, tem um papel importante. Por exemplo, quando eu entro na loja da Veja em São Paulo e levo meu tênis, que já tem 10 anos, para recuperar, há uma área com um especialista que o renovará. Isso muda completamente o modelo. Não vou jogar o tênis no lixo; ele será renovado, com uma nova sola, um novo interior. Você recebe um tênis praticamente novo. É um exemplo concreto de como marcas podem educar e incentivar um consumo mais consciente.
Clarissa: E você paga por essa renovação?
Yamê: O preço ficou pela metade do de um tênis novo. E, no geral, as marcas poderiam manter suas costureiras dentro dos pontos de venda, oferecendo serviços de conserto e recuperação das roupas. Isso é muito importante, porque permite que o consumidor prolon-
gue a vida útil das peças. Mas, infelizmente, muitas marcas veem isso apenas como um custo.
Clarissa: Entendo, muitas ainda pensam de forma linear. Mas como você vê a possibilidade de as marcas incorporarem de forma consistente essa lógica de renovação e economia circular, criando até uma nova fonte de renda que não dependa apenas da venda de produtos novos?
Yamê: Por exemplo, no second hand: se eu tenho uma roupa que não serve mais, posso vendê-la de volta para a marca, que entra no seu sistema de roupas de segunda mão.
São sistemas de negócios secundários que podem compensar a queda do hiperconsumo. Mas, infelizmente, as marcas ainda estão presas à lógica do crescimento (linear) do negócio. E essa é a lógica que precisamos combater.
Precisamos empregar a lógica da diversificação: soluções para economia circular que toda marca poderia implementar. Pode ser doação, ou se não quiser usar para o próprio bazar, pode doar para instituições ou comunidades que organizem bazares locais, gerando renda e benefício social.
São muitas alternativas. Mas a questão é: quem quer ouvir isso? Quem quer implementar isso? Quem quer contratar gente para fazer isso? É justamente essa comodidade do modelo atual que precisamos questionar.
Clarissa: Sim, se a marca está adaptada ao sistema, crescendo, lucrando, não há um grande incentivo à mudança. É difícil arriscar implementar um novo modelo que possa não ser aceito pelo público…
Yamê: É, mas é exatamente por isso que eu te digo: quando uma marca faz uma iniciativa como, por exemplo, investir em algodão agroflorestal, ela está direcionando uma parte dos recursos, que poderiam ir para o marketing, para inovação. Se todas as marcas fizessem isso, destinando uma parte do lucro ou da verba de marketing para inovação, a situação hoje seria bem diferente. Não precisam fazer uma mudança radical de uma vez só.
Em vez de gastar 20 mil reais com um post de influenciador, poderiam estar construindo soluções reais. Se você se rende à lógica do hipercapitalismo, o sistema entra em colapso. Marcas que não mudarem vão ficar para trás, pois o tempo vai engolir essas que continuam presas nesse modelo.
Clarissa: Perfeito! E daí a inovação retroalimenta o próprio marketing da marca. E acaba talvez sendo mais eficiente na mudança de percepção do público sobre a marca.
Yamê: Sim, verdade. Mas depende muito também, sabe? Muitos projetos, que pareciam inovadores, também já foram denunciados como greenwashing. Então, temos de ter um certo cuidado nessa verificação. Quem está liderando o projeto? As comunidades locais estão participando de que forma? Estão trabalhando com eles com práticas de comércio justas? E uma série de outras coisas que precisam ser checadas. O greenwashing é um grande inimigo da sustentabilidade hoje em dia.
Clarissa: Ficou muito claro na nossa conver sa que não basta olhar só para a fibra em si, mas para o sistema como um todo. Nesse sentido, que caminhos ou inicia tivas você enxerga como possíveis para melhorar esse sistema? E de que forma o Rio Ethical Fashion e outros projetos em que você atua já estão contribuindo?
Yamê: Então, o Rio Ethical Fashion surgiu em 2019 justamente dessa necessidade de diálogo e de entender as múltiplas questões que envolvem a nossa indústria. A moda faz parte da economia criativa, mas ela também se conecta com muitas outras indústrias, com o design, com as cidades, com a cultura, com o comportamento e com o que está acontecendo com as novas gerações. E, ao mesmo tempo, é uma indústria que gera muito impacto negativo. Então, a grande questão é: como sair dos dilemas que ela mesma criou, entende?
E, como é uma indústria global, eu tinha muita vontade de pensar globalmente. De trazer pessoas de fora, alinhar pensamentos, conhecer visões diferentes. Não só olhar para dentro, porque temos uma cadeia produtiva completa aqui, mas também olhar para o que está sendo feito em outros lugares, o que já deu certo em contextos tão diversos como África, América Latina ou mesmo a Europa, com seus avanços tecnológicos.
O Rio Ethical Fashion nasce, então, dessa necessidade de diálogo: de dentro para fora e de fora para dentro. É sobre juntar pessoas que, naquele momento, estão participando de iniciativas inovadoras, criando soluções em seus territórios e trazendo isso para a conversa.
Este ano, por exemplo, é uma edição pré-COP. O foco é o impacto histórico da moda nas mudanças climáticas e, principalmente, nas soluções que podemos trazer para enfrentar isso. Quais soluções podemos apresentar? Como cada um pode agir, seja uma marca grande, uma pequena ou mesmo o consumidor?
Nós não estamos aqui para dizer o que é certo ou errado. O que queremos é mostrar que cada um pode cumprir um papel dentro do seu espaço: como ativista, como consumidor, como empresário, como educador. O que importa é participar. Porque estamos dentro de um contexto macro e há muitas formas de atuar nele.
Para fechar nossa conversa, Yamê, o que significa moda ética para você?
Olhar para as pessoas. A moda ética, para mim, é muito isso. E, quando você fala disso, engloba também o ambiental, porque quem preserva o ambiental são as pessoas. Então, a moda, em primeiro lugar, é ética porque ela tem de cuidar das pessoas.
QUILOMBOLAS REALIZAM PRIMEIRA COLHEITA DE ALGODÃO AGROECOLÓGICO
Batizado de Algodão da Liberdade, o projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos está colhendo os primeiros resultados na comunidade quilombola São Maurício, localizada no município de Alcântara, no Maranhão. No dia 10 de setembro, foi realizada a colheita da primeira etapa do projeto-piloto implantado na comunidade em dia de campo promovido pelo Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Embrapa Algodão, Prefeitura de Alcântara, Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alcântara e Consórcio Nordeste.
Na ocasião, foram realizadas uma retrospectiva da implantação do projeto, em março deste ano, e a apresentação dos resultados do cultivo do algodão consorciado com outras culturas alimentares em sistemas agroecológicos.
Uma das beneficiárias do projeto é a agricultora Eliane Rodrigues, moradora da comunidade São Maurício. “O Algodão da Liberdade é mais que um projeto, é um sonho realizado e a esperança para o futuro dessa comunidade.
A nossa expectativa é certificar esse algodão, expandir a produção, gerar renda para a comunidade, produzir roupas, comercializar, trabalhar o artesanato”, afirmou.
Para o secretário da SAF, Bira do Pindaré, o momento de colheita marca uma nova fase para o sucesso do projeto. “Alcântara, no passado, foi uma grande produtora de algodão utilizando mão de obra escravizada. Hoje, a cidade renasce com a expectativa de que, agora, a liberdade vai gerar renda, incentivar a produção de alimentos e garantir segurança alimentar das famílias de agricultores, por meio das ações que o projeto Algodão Agroecológico vem desenvolvendo na comunidade São Maurício. Vimos as sementes serem plantadas aqui, e agora testemunhamos a colheita,” disse Bira do Pindaré.
O coordenador do projeto e pesquisador da Embrapa Algodão, Frederico Lisita, apresentou a evolução do projeto que culminou na colheita do algodão. “Essa é a colheita do primeiro ciclo do projeto no Maranhão, e que é um projeto que engloba todos estados do Nordeste para fortalecimento e ampliação do algodão agroecológico em consórcios alimentares na região
NO MARANHÃO
Fonte: Embrapa
do Semiárido. Aqui, em São Maurício, o projeto está sendo executado em uma área demonstrativa de um hectare, onde foram plantados algodão em consórcios com culturas alimentares como o gergelim, milho, mandioca, moringa, e variedades de algodão branco, marrom e verde,” afirmou o pesquisador.
Na ocasião, foi firmado o acordo de cooperação técnica entre a SAF e a Embrapa Algodão para transferência de tecnologia e capacitações de técnicos e agricultores do projeto. As capacitações abordarão orientações técnicas sobre cultivo de algodão agroecológico e orgânico, desde o preparo do solo até a colheita e certificação, através da prática e da experimentação participativa, com a implantação de unidades de aprendizagem e pesquisa, promovendo uma produção sem o uso de insumos químicos e com preços diferenciados.
SOBRE O PROJETO
O Algodão da Liberdade integra o Projeto de fortalecimento do algodão em consórcios agroecológicos, cujo objetivo é ampliar as áreas de cultivo do algodão agroecológico para beneficiar agricultores de todos os estados da região Nordeste, além do Semiárido de Minas Gerais. Coordenado pela Embrapa Algodão, com financiamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), o projeto conta com a parceria da SAF, do Consórcio Nordeste e da Prefeitura de Alcântara.
Marca reforça protagonismo do denim ao unir tecnologia, sustentabilidade e cultura durante a semana de inovação no Rio.
ASantista Jeanswear marcou presença na Brazil Immersive Fashion Week (BRIFW), realizada dentro da Rio Innovation Week 2025, reafirmando sua liderança ao conectar inovação, sustentabilidade e cultura. A participação da marca se dividiu entre palco e passarela: um talk estratégico sobre o novo sistema de moda e o apoio ao desfile que encerrou a programação.
No dia 13 de agosto, a Santista ocupou o palco principal do Pier Space com o painel “Algodão, Biotecnologia, Blockchain e Macrotendências Globais do Novo Sistema de Moda”,conduzido por Olivia Melquior, criadora da BRIFW. Para Newton Coelho, Diretor de Negócios da Santista Têxtil S.A., o encontro apresentou a visão da marca e destacou suas tecnologias em sustentabilidade aplicadas à cadeia do denim.
Na passarela, a Santista apoiou o desfile do coletivo Abacaxi (Jeanderson Martins), que encerrou a BRIFW no dia 15 de agosto com a Delusional Garden Experience — uma performance imersiva que uniu moda periférica, arte digital e tecnologias emergentes. Expoente do Brazilcore e fundador da marca Piña, Abacaxi traduz referências da periferia em
moda e performance, e já vestiu nomes como Anitta, MC Soffia e Arielle Macedo.
Segundo Sueli Pereira, Head de Comunicação da Santista Jeanswear, a presença na BRIFW dentro da Rio Innovation Week reforça a vocação da marca para liderar a agenda de inovação no setor. “Participar da BRIFW é reafirmar que o jeans integra o ecossistema de (tecnologia/inovação) e transformação. Nosso painel evidenciou como tecnologia e design responsável já moldam um novo sistema de moda. E apoiar o desfile do Abacaxi foi celebrar a criatividade e a potência da cultura urbana brasileira — caminhos que inspiram o futuro do jeanswear”.
Com atuação nacional e internacional desde 1929, a Santista reafirma seu compromisso em construir pontes entre tradição e vanguarda, impulsionando soluções que unem design, inovação digital e responsabilidade socioambiental — posicionando o jeanswear como protagonista de uma indústria têxtil mais consciente, transparente e preparada para o futuro.
DENIM CITY
JEANS EM MOVIMENTO: SEMANA DE
LANÇAMENTOS
DENIM CITY SP
Inovação, posicionamento e conectividade: a nova face do jeans nacional
O jeans brasileiro atravessa um novo ciclo mais tecnológico, sustentável e conectado às novas demandas do consumidor. Essa virada ficou evidente durante a Semana de Lançamentos da Denim City São Paulo, realizada entre os dias 9 e 11 de setembro de 2025, que reuniu marcas, tecelagens e profissionais para apresentar produtos, ideias e colaborações que reposicionam o denim nacional.
No centro da programação, o talk promovido pela LYCRA®, com mediação de Daniela Marx, trouxe o tema “Sua Marca é Conhecida ou Autêntica?” — um dos momentos mais comentados da edição. O encontro reuniu nomes como Camila Yahn (VML para C&A), Fábio Monnerat (Forbes Life / Harper’s Bazaar), Camila Toledo (Future Snoops) e Maria Luiza Amaro (LYCRA® LATAM Brands & Retail Leader), para discutir o valor da autenticidade no mercado de moda.
“A autenticidade pode ser o grande diferencial competitivo das marcas de moda, fortalecendo posicionamento, criando engajamento verdadeiro e gerando valor real, do B2B ao consumidor final.” — Daniela Marx
Após o talk, os convidados participaram de um café especial oferecido pela LYCRA® e pela Santista Têxtil, em um ambiente de conexão e relacionamento entre indústria e mercado.
LANCAMENTOS
Canatiba: Tendências no auditório e Collab com Lenzing em evidência
A Canatiba ocupou o auditório Nelson Levada com duas sessões conduzidas por Bia Aidar, “Tendência do Agora e do Amanhã” e a apresentação do projeto “Villa Lazuli – Encantos Tropicais”, conectando comportamento de consumo, inspiração tropical e direcionadores de produto para o Verão 26/27.
No showroom, a marca reforçou sua parceria com o grupo Lenzing e colocou em evidência a collab com o estilista Marcelo Sommer (anunciada em 2024), sinalizando a combinação de fibras sustentáveis e as-
Por Daniela Marx
sinatura de design como eixo competitivo, Sommer apresentou shorts de denim com sua modelagem impecável. Entre os artigos destacados no circuito, apareceram Specialitá e Mágico Maxskin, além de paletas em denim color e linho em novas cores.
Santista Têxtil: O Denim como Experiência Sensorial e Sustentável
Entre as presenças mais fortes da Semana de Lançamentos da Denim City SP, a Santista Jeanswear apresentou sua coleção Verão 2027, sob o tema “Viver, Vestir e Sentir”. O conceito, que uniu tecnologia, sensorialidade e sustentabilidade, reforça o novo posi-
DENIM CITY
cionamento da marca: o denim como experiência, não apenas produto.
Durante o evento, a empresa recebeu clientes e parceiros em seu showroom na Denim City para apresentar, em primeira mão, os oito novos tecidos que compõem sua linha de lançamentos. As bases exploram fibras naturais e processos de menor impacto, sendo metade delas 100% algodão, evidenciando o compromisso da tecelagem com uma moda mais responsável.
Entre os destaques técnicos estão os artigos Soft 11 Light Blue, Frank Galaxy, Eclipse e Âmbar, que se unem a novas construções com apelo de conforto e brilho natural. Esses tecidos foram pensados para traduzir o que a marca define como “o toque do jeans brasileiro contemporâneo”: leveza, autenticidade e versatilidade.
“A energia do verão 2027 invadiu nosso showroom e transformou a Denim City. Foi mais do que moda — foi troca, foi toque, foi sentir.” - declarou Sueli Pereira, diretora de comunicação da Santista.
Com essa coleção, a Santista reafirma sua posição como uma das principais referências do denim brasileiro, unindo inovação de produto, responsabilidade ambiental e consistência industrial.
Nicoletti Têxtil: Great Summer une Tecnologia e Identidade Brasileira
No showroom da Nicoletti, o destaque foi a coleção “Great Summer”, dirigida por Thaísa Peralta, Denim Head da marca. Inspirada nos povos originários da Amazônia, a coleção uniu inovação tecnológica e referências culturais brasileiras, apresentando novas aplicações de superfície no denim e soluções de baixo impacto ambiental.
Durante a apresentação, Thaísa comentou: “A nossa coleção Great Summer foi inspirada nos povos indígenas, nos povos originários do Brasil. Tudo que está conectado com a flora e a fauna do nosso país, a gente tentou extrair para os nossos produtos.”
Revista Têxtil #793
Equipe Nicoletti
Karina Bachi da ONG Florecer
DENIM CITY
Entre os principais destaques, a Nicoletti apresentou uma parceria com a SEI Laser, empresa responsável por uma tecnologia de impressão a laser que permite criar desenhos diretamente sobre o tecido — uma inovação que elimina o uso de tintas e otimiza o processo produtivo. Uma das peças mais comentadas trazia a textura das escamas do tambaqui, peixe típico da Amazônia, aplicada sobre denim 100% algodão.
Outra colaboração apresentada foi com a Xampool, tecelagem especializada em matelassê, que trabalhou a técnica sem o uso de manta, resultando em um efeito mais leve e comercial. A peça inspirada na arara azul, símbolo da fauna brasileira, uniu acabamento artesanal e apelo sustentável, reforçando o conceito de brasilidade que permeia toda a coleção.
O resultado final mostrou o novo posicionamento da Nicoletti dentro do circuito da Denim City: um denim com propósito, tecnologia e identidade.
Capricórnio: grande novidade foi a linha Bossa, onde entram quatro versões de listras exclusivas, todas em 100% algodão. O Jeri, com listras verticais em efeito maquinetado na cor índigo, e pode ser explorado do avesso. O Pipa com listras irregulares de diferentes espessuras resultante de um inovador processo de tingimento. O Noro com listras verticais com trama branca em destaque e o Mare que possui um efeito em forma de grade, quadriculados, com listras no sentido do urdume e trama em cor indigo, proporcionando um visual geométrico e moderno. Sempre um convite para acessar a CapriTrends com toda pesquisa e lançamentos que a Capricórnio traz em cada temporada.
Santana Textil: trouxe uma super palestra com a Garmon Chemicals, “Tecnologia Smart Foam e o Futuro Sustentável do Denim”
A empresa italiana Garmon Chemicals apresentou uma das soluções mais comentadas do circuito: a tecnologia Smart Foam, sistema patenteado que utiliza espuma como veículo para aplicação química no beneficiamento têxtil.
Davide Vagnetti da Garmon Chemicals
A inovação reduz drasticamente o uso de água e energia, já que todo o processo ocorre a frio, sem necessidade de aquecimento e substitui métodos tradicionais de imersão por um sistema de espalhamento controlado da espuma sobre o tecido, garantindo precisão, economia e menor impacto ambiental.
Representando a marca no Brasil, o diretor criativo da Garmon Studio, Davide Vagnetti, destacou que a empresa tem investido fortemente em produtos de base biológica (bio-based), desenvolvidos a partir de matérias-primas naturais em substituição aos compostos derivados do petróleo. O objetivo é acelerar a transição da indústria para soluções químicas mais limpas, seguras e rastreáveis, sem comprometer performance ou estética.
“O futuro do jeans depende de inovação consciente. A Smart Foam é um passo nessa direção, aliando eficiência industrial e responsabilidade ambiental”,
afirmou Davide Vagnetti durante o evento na Denim City. Com essa abordagem, a Garmon reforça sua posição como uma das empresas mais avançadas do setor químico têxtil, unindo tecnologia, pesquisa e sustentabilidade na construção de um novo capítulo para o denim mundial. Entre os Lancamentos da Santana o destaque da parceria com a Garmon, num processo que o tecido cria uma camada emborrachada que lembra um couro, com brilho e textura, porém sem o grande peso de um couro normal. A Santana trouxe sete lançamentos dentre eles o Bahamas Blue em um novo tom de azul onde fica possível criar estonagens e clareamento diferenciado,
Palestra promovida pela Lycra
Show room Vicunha
DENIM CITY
o Bahamas Super Intense traz um tingimento blue intenso e inédito juntando profundidade da cor com a potencia no tecido rígido.
Vicunha: o Denim que reflete o Tempo e o Impacto
A Vicunha apresentou uma nova etapa de sua coleção SS27, com foco em tecidos que unem design contemporâneo, performance e consciência ambiental. O destaque ficou para os artigos denim e denim colour, que ampliam as possibilidades criativas sem abrir mão da sustentabilidade.
A tecelagem reforçou sua aposta em processos de baixo consumo hídrico, com tecidos produzidos a partir de 100% de água de reúso, além de novas formulações dentro da linha Regen, desenvolvidas com algodão regenerativo e menor uso de químicos.
INSIGHTS DO SL11: O QUE O DENIM NOS MOSTROU
A Semana de Lançamentos da Denim City SP reafirmou que o futuro do jeans brasileiro será construído na interseção entre tecnologia, identidade e estratégia — e que o protagonismo não estará só na matéria-prima, mas em quem sabe costurar valor em cada etapa.
Não basta ter elastano ou acabamento especial — o tecido precisa ser consistente com a narrativa da marca. O talk da LYCRA® deixou isso claro: a autenticidade exige que produto e comunicação conversem.
Palesta Davide Vagnetti, Garmon Chemicals e Airam, Santana Textiles
Thaisa Peralta, head comunicação e marketing Nicoletti
Palestra de tendencias Vicunha
PROGRAMA KOSTURA 60+ INICIA EM POMERODE
PARA VALORIZAR PROFISSIONAIS ACIMA DE 60
ANOS NA CONTRAMÃO DO ETARISMO
Karsten e Senai criam iniciativa pioneira de capacitação e inclusão voltada à maturidade
Santa Catarina vive um processo acelerado de envelhecimento populacional. Segundo o Censo 2022 do IBGE, o estado tem 1,18 milhão de pessoas com 60 anos ou mais, o que representa 15,6% da população, um aumento de quase 80% em apenas 12 anos. O índice de envelhecimento também atingiu o maior patamar das últimas décadas: são 55,8 idosos para cada 100 crianças, sinalizando uma inversão demográfica inédita. Em Blumenau o fenômeno demográfico é ainda mais evidente. De acordo com dados do IBGE, a cidade já conta com cerca de 56 mil moradores acima dos 60 anos, número que cresceu 83,4% entre 2010 e 2022.
Em paralelo, o etarismo, forma de discriminação baseada na idade, ainda impõe barreiras significativas à permanência e à reinserção de pessoas maduras no mercado de trabalho. Um estudo do Grupo Croma (2024) revela que 86% dos brasileiros com mais de 60 anos já sofreram preconceito etário em processos seletivos ou ambientes corporativos.
Foi pensando em mudar essa realidade que a Karsten, referência em cama, mesa e banho, com sede em Blumenau (SC), criou o Programa Kostura 60+ unindo formação, acolhimento e propósito. Lançado em parceria com o SENAI, o programa oferece vagas exclusivas para pessoas com 60 anos ou mais que desejam aprender ou retomar o ofício da costura. A iniciativa combina capacitação técnica em costura básica industrial com formação sócio emocional, focada em trabalho em equipe, ética, comunicação e resolução de conflitos.
Além das aulas teóricas e ambiente acessível e acolhedor, os alunos contarão com acompanhamento psicológico, nutricional e ginástica laboral. “Mais do que ensinar costura, o Kostura 60+ é um programa de reconexão. Cada participante traz consigo uma história, uma habilidade e um desejo genuíno de continuar contribuindo. Acreditamos que o talento não tem idade e
que a sabedoria é um dos maiores patrimônios humanos”, destaca Marcio Jose Stüpp, Gerente de DHO.
Sônia Maria de Melo Rigotti, de Volta Redonda (RJ), chegou ao Programa Kostura 60+ realizando um sonho que começou há mais de cinquenta anos. Quando se casou comprou todo o seu enxoval da Karsten e ainda guardava com carinho algumas das toalhas. Ela conta que “trabalhar na Karsten é mais do que uma realização profissional: é reviver memórias, sentir-se acolhida e fazer parte de uma grande família. Estou muito feliz e grata por estar aqui”, declara.
Márcio L. Bertoldi, CEO da Karsten, afirma que o projeto simboliza o compromisso da empresa com a valorização das pessoas em todas as fases da vida. “Acreditamos que cada ponto de costura pode ser também um ponto de encontro entre gerações, histórias e propósitos. Ao incluir e formar pessoas com mais de 60 anos, estamos não apenas oferecendo oportunidades, mas construindo pontes de aprendizado mútuo, respeito e inspiração. Quando olhamos para a experiência com admiração e acolhimento, todos nós saímos mais fortes, como empresa e como sociedade.”
Turma inicial do Kostura 60+ da Karsten, no Senai de Pomerode / Divulgação
6 EM EM CADA 10 CONSUMIDORES PAGARIAM MAIS POR PRODUTOS SUSTENTÁVEIS
Atualmente, 5% da nossa produção já utiliza materiais recicláveis ou biodegradáveis, e nossa meta é triplicar esse percentual até 2027
A preocupação ambiental já influencia diretamente os hábitos de consumo de milhões de pessoas. Isso porque 6 em cada 10 consumidores estão dispostos a mudar suas escolhas para reduzir impactos ambientais e no Brasil, 50% dos consumidores já pagariam mais por produtos sustentáveis, enquanto 58% preferem marcas com práticas ambientais e sociais bem definidas. A conscientização ambiental se tornou um fator decisivo na jornada de compra do consumidor moderno e está crescendo rapidamente. Segundo levantamento, a proporção de consumidores globais que consideram o impacto ambiental em suas decisões de compra saltou de 28% em 2019 para 42% em 2023. Uma pesquisa recente indica que cerca de 95% dos consumidores brasileiros demonstram preferência por marcas que investem em sustentabilidade. Já um estudo divulgado pela OLX em parceria com MindMiners revela que 88% dos consumidores brasileiros preferem produtos de marcas com práticas sustentáveis; já 87,5% dos brasileiros preferem comprar roupas de marcas sustentáveis. Diante desse cenário, o setor da moda tem se reinventado rapidamente para atender um consumidor mais consciente, e marcas brasileiras vêm assumindo protagonismo nesse processo, buscado alternativas para integrar performance, estilo e responsabilidade ambiental. A transformação é visível em marcas que passaram a investir em tecnologia de materiais, rastreabilidade e modelos circulares de produção, tudo em resposta a um consumidor mais consciente, conectado e exigente. A Speedo está entre as empresas que lideram esse movimento, incorporando tecnologia e inovação ao desenvolvimento de peças sustentáveis, que dialogam diretamente com as novas demandas do mercado.
O avanço são tecidos biodegradáveis e recicláveis que fazem parte da linha de produção e recentemente o lançamento de uma peça inovadora feita a partir de fibra de milho, um material de origem vegetal que substitui polímeros derivados do petróleo, com menor impacto ambiental. “Atualmente, 5% da nossa produção já utiliza
materiais recicláveis ou biodegradáveis, e nossa meta é triplicar esse percentual até 2027. Estamos desenvolvendo produtos para um consumidor mais consciente, que valoriza inovação, desempenho e responsabilidade ambiental”, afirma Roberto Jalonetsky, CEO da Speedo. Entre os destaques está a linha Green n’ Blue, com tecidos que se decompõem em até 3 anos após o descarte adequado. Já a peça confeccionada com fibras de milho (biomida) representa uma evolução no uso de matérias-primas alternativas, oferecendo leveza, durabilidade e menor pegada de carbono, sem abrir mão da estética e da performance técnica.
A nova geração de consumidores não está apenas mudando o que compra, mas como compra. Exige transparência na cadeia produtiva, informações sobre o destino das peças e compromisso real com critérios ESG. “Mais do que uma tendência, o consumo consciente tornou-se um movimento estruturante do mercado. E as marcas que saem na frente com inovação, tecnologia e responsabilidade não apenas se destacam, mas ajudam a redefinir o futuro da moda”, conclui Jalonetsky.
Fonte: Speedo MULTISPORT
ESTRATÉGIA DE MARKETING 2025:
NATUREZA COMO CEO
"Natureza como CEO", umas das principais tendências mapeadas pela WGSN para os próximos anos, marca o novo capítulo entre o dilema das marcas em torno da sustentabilidade.
Como elas podem prosperar diante da crise do custo de vida e de consumidores, que, embora priorizem a sustentabilidade, têm baixo poder aquisitivo?
Em um estudo publicado pela IBM em 2022, foi revelado que a importância da sustentabilidade só cresce para os consumidores - na pesquisa, 51% dos entrevistados afirmaram que ela é mais importante hoje do que era um ano atrás. Mas não é somente pelo desejo dos consumidores que a pauta da sustentabilidade aflige a mente dos líderes de marcas ao redor do mundo. Muitas marcas compreendem a necessidade de atuar para a criação de um futuro melhor, bem como sua responsabilidade em relação a isso. Da mesma forma, há o fator de impacto para o próprio crescimento, já que o consumo excessivo e a exploração de matérias-primas também provoca escassez de recursos e de apoio institucional no mundo todo.
No entanto, apesar da discussão ter sido constante nos últimos anos, ainda duvida-se do valor do investimento, uma vez que no varejo não há uma resposta imediata dos consumidores. De acordo com o relatório Sustainable Market Share Index 2021, a disponibilidade de produtos com etiquetas sustentáveis cresceu 2,7% mais rápido do que a dos produtos convencionais entre os anos de 2015 a 2021. Vale destacar que quatro em cada cinco consumidores afirmaram que pagariam mais por produtos sustentáveis (PwC, 2023), mas apesar disso, a realidade da crise econômica faz com que na hora da compra isso não se concretize.
Historicamente, a sustentabilidade costuma ser menos priorizada em tempos de crise, uma vez que o número de consumidores abaixo da 'linha verde' aumenta. Também conhecida como ”green line", a linha verde representa a condição financeira que as pessoas sentem que precisam ter para viver de forma verdadeiramente sustentável. Entretanto, pensar em sustentabilidade passou de um luxo e já entrou no campo da necessidade.
A NATUREZA COMO CEO, COMO RESPOSTA
Anualmente, a WGSN aponta as forças que influenciarão o mundo, através de uma previsão proprietária, na qual abordamos 6 macropropulsores que irão moldar todos os segmentos da indústria ao longo do ano. E para 2025, um dos grandes propulsores será a "Natureza como CEO", onde as marcas responderão aos desafios do aquecimento global e às demandas dos consumidores concedendo à natureza um assento fixo na sala de reuniões.
Com previsão de crescimento de 80% (CAGR) na indústria de materiais de última geração e da movimentação de cerca de US$ 2,2 bilhões nos próximos cinco anos, (dados do relatório State of the Industry Report), uma das oportunidades de inovação ao ter a Natureza como membra honorária dos conselhos serão os Fluxos biossintéticos De acordo com essa tendência, as marcas poderão tanto proteger os recursos naturais quanto reduzir gastos com consumo de energia ao incorporar a sustentabilidade em todas as etapas da cadeia de produção.
Um exemplo é a empresa sueca de skincare Tiny Associates, que desenvolveu uma alternativa ao bisabolol (ingrediente de skincare derivado do óleo da árvore candeia), criada por meio de um processo de fermentação plant-based que usa 230 vezes menos terra agrícola do que o seu equivalente natural.
Fonte: WGSN
XI CONTEXTMOD E DENIM CITY SP
CONSAGRAM SUCESSO NA INTEGRAÇÃO DA CADEIA TÊXTIL E DE MODA
Por Maurício Campos de Araújo e Camilla Borelli
Omês de setembro foi marcado por um êxito notável na intersecção entre a pesquisa acadêmica e o mercado produtivo no Brasil. O XI Congresso Científico de Têxtil e Moda (CONTEXTMOD), realizado em conjunto com a Semana de Lançamentos da Denim City São Paulo, consagrou-se como um marco de sucesso na promoção da inovação e do desenvolvimento sustentável para o setor.
Com foco no panorama científico, o CONTEXTMOD reafirmou sua missão como um espaço de difusão dos resultados de pesquisa do setor. O evento, organizado pela Associação Brasileira de Tecnologia Têxtil, Confecção e Moda (ABTT) e pelos cursos de Têxtil e Moda da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH-USP), atraiu uma significativa participação de estudantes e pesquisadores brasileiros, reforçando a missão da EACH de manter o padrão USP de qualidade acadêmica com forte sintonia com as exigências sociais e profissionais do país. A abertura solene do XI CONTEXTMOD ocorreu no dia 08 de setembro no auditório da prestigiada EACH (USP Leste), marcando o início das atividades presenciais e online. O evento contou com a presença do diretor da EACH, Ricardo Ricci Uvinha, que fez questão de ressaltar a fundamen-
tal importância da academia, e especificamente da EACH, no cenário nacional de Têxtil e Moda.
A partir dos dias 09, 10 e 11 de setembro, a programação de apresentação de trabalhos migrou para a Denim City São Paulo. O congresso ofereceu diversas modalidades de participação, incluindo sessões orais presenciais e online, além das essenciais sessões de apresentação de pôsteres. Essas atividades foram realizadas em paralelo e complementadas pelas palestras exclusivas da Semana de Lançamentos da Denim City.
O formato híbrido se mostrou um sucesso, garantindo a ampla inclusão da comunidade científica e permitindo que estudantes e pesquisadores de diversas regiões do país pudessem se conectar com os temas mais recentes de Moda, Tecnologia Têxtil, Sustentabilidade e Gestão. A sinergia entre o congresso científico e o evento de mercado foi estratégica, permitindo que a vanguarda da pesquisa acadêmica fosse apresentada lado a lado com as coleções de tecidos e as novas tecnologias do setor.
Um dos pontos altos da programação, que selou o compromisso do setor com o futuro, foi a mesa-redonda de encerramento: "Cooperação em inovação e cultura entre universidades e empresas no setor têxtil e moda". O debate foi um testemunho da necessidade de pontes sólidas entre a academia e a indústria para impulsionar a competitividade nacional.
A mesa contou com a presença de líderes do segmento, incluindo Dr. Maurício de Campos Araújo (Presidente do CONTEXTMOD), Dra. Camilla Borelli (Presidente da ABTT), Mieko Cabral (representante da Denim City), Sueli Pereira (representante da Santista Jeanswrar) e a Profa. Dra. Valquíria Ribeiro (UTFPR). Foram discutidos os caminhos práticos para transformar o conheci-
mento gerado em salas de aula e laboratórios em so luções de mercado, consolidando o entendimento de que a colaboração é a chave para uma indústria têxtil e de moda mais ética, tecnológica e próspera no Brasil. Estes fatos mostram como esta edição se tornou um marco na história do CONTEXMOD, porque o com partilhamento da sede entre a EACH-USP e o Denim City SP proporcionou aos congressistas um ambien te acolhedor para uma troca entre o setor produtivo e a comunidade científica dedicada ao setor. Com sua programação integrada a Semana de lançamentos de coleções de tecidos Denim, o XI CONTEXMOD mos trou a importância dessa sinergia para somar esforços em prol do setor e o potencial dessas colaborações tanto em inovação tecnológica como em projetos cul turais. Os participantes tiveram acesso a informações qualificadas das empresas e também ao conhecimen to produzido pelos pesquisadores brasileiros no últi mo ano. Todo esse panorama fez a massa crítica do setor dar um salto de qualidade que será essencial no direcionamento das ações do setor no futuro próximo.
Fiquem atentos às próximas divulgações, pois a sede
do 12 °CONTEXMOD já foi definida. Será na FATEC de Americana, um importante polo da indústria têxtil com uma grande tradição no setor, que honrará a ABTT em receber mais esse evento.
Fotos: ABTT
CAPRICÓRNIO TÊXTIL AMPLIA CADEIA
PRODUTIVA E PASSA A PRODUZIR O PRÓPRIO FIO
A adição da unidade de fiação reforça o compromisso da Capricórnio em oferecer produtos de alta qualidade, de maneira mais eficiente, otimizando os processos, garantindo a sustentabilidade e aumentando a competitividade no mercado.
ACapricórnio Têxtil acaba de adquirir uma unidade de produção de fios, a Fiação Rossignolo, localizada na Rua Dona Ana Prado, 999 – Vila Prado, em São Carlos (SP). A partir de agora, essa será a segunda unidade da Capricórnio na cidade de São Carlos.
Uma decisão estratégica e um passo significativo na jornada de crescimento e inovação da companhia que completa 80 anos em 2026, fortalecendo a cadeia produtiva. Esta aquisição permite integrar ainda mais as operações da empresa, posicionando-a como um ecossistema completo na indústria têxtil, uma vez que passa a produzir o próprio fio, garantindo mais qualidade, controle e consistência em todo o processo produtivo.
Importante ressaltar que a aquisição se refere exclusivamente a Fiação Rossignolo. A Têxtil Rossignolo segue operando normalmente, de forma independente, em suas outras operações, e se mantém como fornecedor estratégico da Capricórnio. Embora ainda em fase de integração, as atividades seguem normalmente e com total compromisso com os colaboradores, clientes, fornecedores e demais parceiros.
"Esse movimento representa um passo estratégico na
construção de uma Capricórnio ainda mais integrada, competitiva e qualificada para o futuro do setor têxtil.", afirma Francisco Manfredini
Com a adição da unidade de fiação, a Capricórnio passa a reforçar seu compromisso em oferecer produtos de alta qualidade e em atender às demandas do mercado de maneira mais eficiente. A nova fase permitirá otimizar os processos, garantir a sustentabilidade e aumentar a competitividade dos produtos da companhia.
Dedicada a fazer a diferença na vida de cada pessoa, a Capricórnio age com verdade e acredita em uma comunicação transparente e descomplicada, onde a ética e a integridade são fundamentais.
A inovação, a tecnologia, o dinamismo e a busca por novidades estão sempre presentes na empresa, assim como as iniciativas sustentáveis que geram impacto positivo.
Essa mudança trará benefícios não apenas para a Capricórnio Têxtil, mas também para todos os parceiros e à cidade de São Carlos e região.
VICUNHA UTILIZARÁ CERCA DE 200 MILHÕES DE
LITROS DE ÁGUA DE REÚSO EM 2025
Líder do setor têxtil reafirma compromisso com a gestão eficiente de recursos naturais e com a responsabilidade social em seu novo Relatório de Sustentabilidade
São Paulo, setembro de 2025 – A Vicunha, multinacional brasileira e líder no setor têxtil latino-americano, apresenta seu Relatório de Sustentabilidade 2024. A empresa celebra a consolidação da estação de tratamento VSA, uma iniciativa pioneira que trata o esgoto doméstico de cidades vizinhas à sua fábrica, em Pacajus (CE), gerando água de reúso para alimentar seus processos industriais. Com isso, poderá utilizar entre 15 e 20 milhões de litros de água de reúso por mês, um total de cerca de 200 milhões de litros em 2025.
A VSA tem a capacidade de dobrar a produção de água de reúso, podendo chegar a 500 milhões de litros/ano, o que possibilitará à Vicunha autossuficiência hídrica nos processos industriais na unidade de Pacajus, bem como o fornecimento de água a outras empresas da região, impactando positivamente o ecossistema industrial no Ceará. Esse avanço representa um marco significativo na redução da utilização de água de manancial e reforça a gestão eficiente dos recursos naturais, em uma jornada que fortalece a sustentabilidade da indústria.
Outro destaque do relatório é o reaproveitamento de algodão, que é a principal matéria-prima para a produção do denim e do brim. Em 2024, a empresa utilizou mais de 9 mil toneladas de algodão reciclado e reutilizado em suas linhas de produção, cerca de 15% do uso total deste recurso, sendo uma das empresas que mais recicla e reutiliza materiais têxteis no mundo. Com esta iniciativa, a Vicunha diminui o uso de algodão virgem da natureza, o que evita um consumo significativo de água e outros insumos na plantação, bem como reduz a emissão de gases de efeito estufa no transporte da matéria-prima do campo à fábrica.
A empresa também relata que destinou aproximadamente 63% dos resíduos produzidos para reaproveitamento e reciclagem, um aumento de quase 20% em relação à 2023, evitando o envio de materiais a aterros sanitários. O objetivo é aumentar para 90% o percentual de resíduos não destinados a aterros até 2030, por meio de práticas como reutilização, reciclagem, compostagem, rerrefino,
uso agrícola ou recuperação energética.
“Cada ação reforça nosso compromisso com uma moda mais limpa, circular e consciente — onde o que sobra encontra um novo caminho. Com isso, contribuímos para uma cadeia têxtil mais sustentável, favorecendo uma moda responsável”, afirma German Alejandro Silva, diretor Executivo Comercial e de Marketing da Vicunha.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
O compromisso social da Vicunha também ganha vida por meio da plataforma V.Tex, que fomenta o empreendedorismo feminino e de pequenos criadores de moda. Isso se dá por meio da doação de tecidos e com o compartilhamento de conhecimento e suporte técnico para costureiras e estilistas em situação de vulnerabilidade social ou em início de carreira. Em 2024, foram 108 parcerias realizadas pela Vicunha com atores da comunidade e cerca de 20 mil metros de tecidos doados, contribuindo para uma moda mais diversa, inclusiva e que gera oportunidades para quem precisa.
Outro destaque é o Projeto Pescar, no qual a empresa realiza investimentos sociais e voluntariado para a capacitação profissional e humana de jovens em situação de vulnerabilidade social. A iniciativa forma cerca de 100 jovens por ano nas suas três unidades fabris no Brasil, em Maracanaú (CE), Pacajus (CE) e Natal (RN). Os cursos oferecidos pelo Pescar dentro da Vicunha são: Manutenção Mecânica, Eletromecânica e TI, favorecendo a inserção de jovens no mercado de trabalho.
TECNOLOGIA ACELERA TESTES DE ENCOLHIMENTO E GERA GANHOS DE TEMPO E
EFICIÊNCIA
PARA A INDÚSTRIA TÊXTIL
Lavadora de amostras desenvolvida pela Delta Máquinas Têxteis reduz de três horas para 20 minutos o tempo do processo e traz benefícios em consumo de água, energia e matéria-prima
A etapa de testes de encolhimento é fundamental para a indústria têxtil. É a partir dela que se obtém informações sobre o comportamento dos tecidos diante de condições de lavagem e secagem, garantindo a qualidade do produto que chega ao consumidor. Pensando em otimizar esse processo, a catarinense Delta Máquinas Têxteis desenvolveu uma solução de alta tec nologia que alia precisão nos resultados a um ganho expressivo em tempo e eficiência.
Enquanto no método convencional os testes levam em média três horas para serem concluídos, a lavado ra de amostras da Delta executa o mesmo processo em apenas 20 minutos. Essa agilidade representa não apenas maior produtividade para as empresas, mas também impactos positivos no consumo de energia elétrica e água.
“Estamos falando de um processo essencial para o setor, que antes era um gargalo produtivo. Com a nos sa lavadora, o teste de encolhimento deixa de ser um obstáculo e passa a ser um aliado para a agilidade das empresas, com dados confiáveis e rapidez na tomada de decisão”, destaca Fábio Kreutzfeld, CEO da Delta Máquinas Têxteis.
A tecnologia já vem sendo utilizada por indústrias têxteis que buscam maior eficiência operacional e redução de custos, como é o caso da Havan, empresa catarinense presente em todo o Brasil, que passou a fazer o teste de alteração dimensional de uma peça de roupa em apenas 14 minutos.
Além da redução no tempo, a tecnologia oferece vantagens significativas em sustentabilidade e economia de recursos. A lavadora garante até 83% de economia no consumo de água e permite a utilização de amostras menores, gerando até 75% de economia em matéria-prima. Outro diferencial é a capacidade de fornecer dados precisos sobre o comportamento dos tecidos em condições extremas de lavagem e secagem, algo essencial para a garantia da qualidade.
“Na Delta, acreditamos que inovação não se resume apenas a lançar novas soluções, mas também em aperfeiçoar processos já existentes. Essa lavadora é um exemplo de como é possível unir eficiência, sustentabilidade e qualidade em uma só máquina”, acrescenta Fábio.
Fonte: Trevo Comunicação
FEIRAS
MAQUINTEX, SIGNS E PACK & GRAPH 2025
por Sarah Caldas
As feiras simultâneas: Maquintex, Signs Norte-Nordeste e Pack & Graph 2025 encerraram mais uma edição histórica no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, reafirmando o papel estratégico do Nordeste no desenvolvimento da indústria têxtil, de confecção, comunicação visual e gráfica. Durante três dias intensos de programação, o evento registrou recorde de público e negócios, com mais de 15 mil acessos qualificados, 400 marcas representadas e 9.000 m2 de área de exposição. Organizadas pelo Febratex Group, as feiras reuniram um público altamente segmentado e decisor: 57% dos visitantes atuam diretamente na aprovação ou execução de compras, enquanto 58% ocupam cargos de alta gestão. A representatividade regional também foi expressiva — 96% do público veio do Nordeste, especialmente dos estados do Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí e Paraíba, consolidando o evento como o maior encontro de negócios do setor fora do eixo Sul-Sudeste.
Em 2025, o foco esteve na conexão entre tecnologia, sustentabilidade e novos modelos de negócio. Empresas de toda a cadeia produtiva — da confecção à estamparia, do design gráfico ao acabamento — apresentaram tendências, lançamentos e soluções inovadoras que refletem o avanço do mercado nacional.
As feiras proporcionam 18 horas de conteúdo técnico e institucional, com uma programação de alto nível voltada ao aperfeiçoamento profissional e à troca de experiên-
cias. Expositores e visitantes tiveram acesso a palestras, demonstrações práticas, talks e painéis que abordaram temas estratégicos como digitalização, automação, impressão sob demanda, upcycling e economia circular.
A Arena do Conhecimento foi um dos espaços mais procurados, reunindo palestras com especialistas, empresários e profissionais de referência em seus segmentos. Ali, o público pôde acompanhar cases de sucesso e experiências inspiradoras sobre inovação, gestão e produtividade.
No Espaço Talks, marcas expositoras apresentaram seus lançamentos em formato de palestras curtas e demonstrações técnicas. O ambiente intimista permitiu uma aproximação maior entre marcas e profissionais, favorecendo o diálogo e o aprendizado direto com quem está na linha de frente do desenvolvimento tecnológico do setor. A feira também abriu espaço para a nova geração da moda cearense. Estudantes da Universidade Uniateneu desfilaram criações autorais pelos corredores do evento, reforçando o compromisso da Maquintex com a formação de novos talentos.
Outro destaque foi o Denim Meeting Eco, em parceria com o Guia Jeanswear, que abordou temas como upcycling, estilo e negócios no universo do jeans — um dos pilares da moda nacional.
O público do setor gráfico teve programação exclusiva no Papo de Gráfica, com palestras sobre inovação, sustentabilidade e novos formatos de impressão. Já o Startup Corner trouxe a energia das novas ideias: duas startups apresentaram soluções tecnológicas inéditas voltadas à produção e gestão têxtil, reforçando o papel das feiras como plataforma de inovação.
A programação ainda incluiu o Cambea Etapa Nordeste, a maior competição de envelopamento automotivo do país, e as palestras da Escola PhD Impressão, que mais uma vez promoveram conhecimento técnico e inspiraram transformações profissionais e pessoais. Mais do que um ponto de encontro, a Maquintex, Signs e Pack & Graph são hoje plataformas de conexão e transformação. Ao reunir fabricantes, prestadores de serviço, empreendedores, educadores e estudantes, os eventos fortalecem o ecossistema da moda, da comunicação visual e da impressão no Brasil.
Dani marx na entrada da Maquintex
DENIM MEETING ECO FORTALEZA:
SUSTENTABILIDADE VIRA IMPERATIVO NO JEANS
Por Daniela Marx
O encontro aconteceu nos dias 24 e 25 de setembro, durante a feira Maquintex, e representou uma nova fase para o setor jeans nacional: menos celebração de produto e mais debate de responsabilidade. O Denim Meeting Eco Fortaleza, organizado pelo Guia Jeanswear, colocou na pauta sustentabilidade, inovação e o desafio de transformar discursos em práticas reais no ciclo do denim.
O Denim Meeting já era tradição no universo jeanswear, um encontro anual que reunia indústrias, marcas e fornecedores para debater tendências, mercado e inovação técnica. Desde 2016, esse evento vinha sendo referência nacional no setor.
Mas, neste ano de 2025, passou por uma transformação significativa: nasceu o Denim Meeting Eco. A mudança implica mais do que um novo nome — é uma redefinição de propósito. O encontro deixou de ser apenas uma plataforma comercial e técnica para se tornar um espaço de reflexão e ação sobre os pilares ESG — ambiental, social e econômico — que hoje orientam o futuro do setor têxtil e de moda.
O novo formato foi idealizado para colocar em pauta responsabilidade ambiental, inovação bio-based e eficiência de recursos como partes indissociáveis do jeans futuro.
Essa evolução simboliza uma indústria que reconhece que falar de moda sem falar de sustentabilidade não basta, que o “eco” deixou de ser extra e virou exigência.
A programação incluiu palestras, workshops, painéis e talk shows com nomes do setor comprometidos com sustentabilidade e inovação.
Entre os destaques: Oficina de Upcycling “O Novo Jeans: Peça Desejo”, curadoria de Thaty Rabelo (CEO TR Brand) — transformar resíduos. “Finanças como Ferramenta de Decisão Estratégica", com Mayke Alexandre, refletindo que sustentabilidade não é só matéria-prima, mas gestão. “Além do Estilo: Como Grandes Marcas usam Sustentabilidade para Liderar o Futuro da Moda”, a palestrante Daniela Marx destacou que a sustentabilidade vai muito além da escolha de um tecido ou processo produtivo.
“Sustentabilidade não é só sobre produto, é sobre uma cultura de empresa consciente, socialmente justa, economicamente viável e ambientalmente responsável.” — Daniela Marx.
O conteúdo reforçou que o verdadeiro avanço do setor depende de uma visão sistêmica, em que o impacto positivo atravessa toda a cadeia: do produtor de algodão ao consumidor final, do colaborador à governança corporativa.
“Do Descarte ao Desejo: O Novo Código do Jeans”, com Giuliana Castelo Branco explorando como transformar resíduos em valor. “Estratégias de Produtos e Negócios Sustentáveis", com Iolanda Wutzl, CEO do Guia Jeanswear — conectando teoria e prática.
Nos talks, um painel local reuniu nomes como Josenias Júnior (Banana Urbana), Francisco Marcondes (Caunt Jeans), Isabela Viana (085 Têxtil) e Thicyane Pinheiro (TLF Jeans) para discutir “Marcas Cearenses: juntos pelo impacto positivo”.
Outro momento estratégico: “Do Fio ao Beneficiamento: Inovação e Tecnologia no Ciclo do Denim”, com mediação de Paulo Rabello (Benatêxtil), conectando tecelagens e lavanderias ao futuro sustentável.
O Denim Meeting Eco encerrou a programação reafirmando o papel do Brasil como protagonista na construção de um jeans mais ético, inovador e integrado aos princípios ESG. A edição de Fortaleza mostrou que o futuro do setor não está apenas nas fibras ou tecnologias, mas na forma como as empresas escolhem gerar impacto — econômico, social e ambiental — de maneira equilibrada e consciente. Um evento que trouxe à tona um novo código de valor para a moda, onde sustentabilidade e competitividade coexistem como
PREMIÈRE VISION PARIS 2025: INOVAÇÃO, SUSTENTABILIDADE E TENDÊNCIA
Por Milena Abreu
Paris — Quase 20 mil profissionais da moda e do setor têxtil se reuniram entre 16 e 18 de setembro de 2025 para uma edição da Première Vision Paris que marcou uma virada simbólica rumo ao futuro da moda global.
De volta ao seu calendário tradicional, o evento destacou inovação, tecnologia e colaboração intersetorial, ampliando pela primeira vez sua atuação também para o segmento de beleza.
Mais do que uma feira de negócios, a Première Vision consolidou-se como um centro de inteligência e convergência criativa, onde se discutem soluções reais para os grandes desafios contemporâneos: da crise climática às tensões geopolíticas, da rastreabilidade produtiva ao consumo responsável.
A edição de 2025 refletiu o amadurecimento da indústria diante da urgência por transformação — a sustentabilidade deixou de ser discurso e se tornou estrutura.
Nos corredores iluminados e na vibração cosmopolita da feira, a cena que mais se impõe vai além do encantamento visual: é a constatação de que a estética da moda e a engenharia de materiais não são mais trilhas paralelas. No meu olhar de engenheira têxtil e embaixadora da qualidade, a Première Vision deixa de ser vitrine para tornar-se laboratório vivo — um espaço em que o desenho do polímero conversa com o caimento do tecido, a circularidade vira prática e a qualidade ganha densidade sistêmica.
TENDÊNCIAS E PRESENÇAS
INTERNACIONAIS
A temporada Outono–Inverno 2026/2027, guiada pelo mote ECO BEAUTY CONNECTIONS, trouxe uma leitura refinada do luxo funcional: a beleza que importa é a que se justifica tecnicamente.
Superfícies táteis, brilhos sutis, relevos tridimensionais e tonalidades minerais traduzem a tecnologia sensorial que hoje define o luxo contemporâneo.
Os expositores franceses apostaram em jacquards luminosos e bases naturais com acabamentos técnicos
de alto desempenho; os italianos, em alfaiatarias fluidas e lãs ultrafinas de toque sedoso; os portugueses, em malhas arquitetônicas e processos tintoriais de baixo impacto ambiental.
O Brasil marcou presença com algodões rastreáveis, denim sustentável e tecidos tecnológicos, reafirmando sua identidade tropical e sua busca por circularidade. Mas foi a Turquia que conquistou atenção especial: artigos lindos e diferenciados — texturas acetinadas, efeitos metálicos discretos, bases recicladas e fios de toque sofisticados — revelaram uma força criativa e industrial crescente. O país apresentou um portfólio que equilibra estética, performance e sustentabilidade, confirmando seu protagonismo na nova geografia global da moda. Entre os lançamentos técnicos, a Nilit reafirmou a força da poliamida 6.6 e apresentou o stretch de conforto sem elastano, desenvolvido em parceria com a startup australiana Samsara Eco. A verticalização da empresa — da síntese do polímero ao fio final — permite “programar” propriedades como resistência mecânica, estabilidade dimensional e recuperação elástica superior, eliminando a dependência de misturas problemáticas.
Composição
A amostra apresentada impressiona: leve, fluida e elástica, sem elastano, oferecendo reciclabilidade real e redução da contaminação de fluxos.
A colaboração com a Samsara Eco avança sobre o maior gargalo da circularidade — a presença do elastano — utilizando reciclagem molecular para regenerar a poliamida 6.6 em matéria-prima de alta qualidade. Marcas globais, como a Lululemon, já validam essa rota, sinalizando uma escala industrial viável até 2030.
Na Première Vision, o brilho convive com a transparência dos processos. QR codes e passaportes digitais de produto tornaram-se elementos estéticos e funcionais, reforçando a rastreabilidade e o ciclo de vida de cada artigo. As amostras exibiram, ao lado do toque e da cor, dados concretos de desempenho: pilling, solidez de cor, resistência ao rasgo, retenção dimensional e recuperação elástica.
A beleza, aqui, é mensurável — e a prova técnica substitui o discurso.
DO STAND À FICHA TÉCNICA: TRADUÇÃO INDUSTRIAL
O verdadeiro valor para o Brasil nasce quando o espetáculo vira procedimento.
Adotar fibras como a poliamida 6.6 com stretch intrínseco exige reescrever fichas técnicas, critérios de aceitação e parâmetros de controle. As linhas de maior ganho imediato são fitness, casual premium e segunda pele — segmentos onde conforto e durabilidade são diferenciais tangíveis.
Os novos critérios envolvem limites de recuperação
elástica, faixas de encolhimento e torção pós-lavagem, patamares de pilling e testes de costurabilidade e acabamento. A padronização requer manuais internos e checklists atualizados, garantindo que cada lote repita o anterior com constância e rastreabilidade.
Contratos e acordos de desenvolvimento devem consolidar previsibilidade e alimentar sistemas PLM e relatórios de conformidade.
Entre as descobertas menos comentadas, mas de impacto profundo, estava o estande da Hoaki Books – Promopress, que apresentou títulos essenciais para a comunicação técnica entre estilo, modelagem e produção.
Obras como Technical Drawing for Fashion, Atlas of Modern Clothing e Figurines de Mode et Stylisme reforçam a importância de um vocabulário comum que alinha criadores e engenheiros.
A cultura da qualidade nasce também de páginas sublinhadas e termos precisos — a leitura compartilhada é um elo silencioso entre estética e desempenho. A Première Vision Paris 2025 cristaliza um ponto de inflexão: é possível encantar, performar e reciclar na mesma peça.
Para as confecções brasileiras, o caminho passa por pilotos bem desenhados, critérios revisados, parcerias sólidas e comunicação transparente.
A moda do futuro é tecnológica, sustentável e luminosa. E o fio condutor dessa transformação é a qualidade — não como adjetivo decorativo, mas como sistema de escolhas.
A feira parisiense mostrou o roteiro; cabe a nós percorrê-lo com método, critério e coragem.
Stand Hoaki Books - promopress
Tecidos Urban Recycling da empresa Turkish Textile
FEIRAS
ONDM CELEBRA UMA DÉCADA FORTALECENDO
CONEXÕES, NEGÓCIOS E DESENVOLVIMENTO
Idealizado por Ivan Jasper, o evento consolida-se como uma das principais plataformas de integração entre indústria, confecção e varejo, impulsionando parcerias, inovação e futuro para toda a cadeia têxtil.
Entre os dias 7 e 9 de outubro de 2025, no Expocentro Balneário Camboriú (SC), o ONDM – O Negócio da Moda celebrou uma década como um dos encontros mais relevantes da moda brasileira, consolidando-se como epicentro de networking, inovação e negócios.
Mais do que uma feira, o ONDM se firmou como plataforma estratégica de integração entre indústria, confecção e varejo, reunindo empresários, marcas e profissionais que impulsionam a cadeia da moda — dos fios à experiência do consumidor.
Durante três dias, o evento promoveu conteúdo de alto nível, geração de negócios e conexões reais, refletindo a força de um setor que transforma criatividade em desenvolvimento econômico.
Por: Daniela Marx
Caio Copolla e Ivan Jasper
apresentou “Por que o Brasil está condenado ao sucesso? Uma análise realista do cenário geopolítico e econômico”, leitura que posicionou Santa Catarina como polo de produtividade e empreendedorismo acima da média nacional.
Na frente de comportamento e branding, Lacoste & LIVE dividiram o palco com Karin Hellen (KRN HLN) no talk “Mais do que Moda, um Código de Vida”, conectando propósito, autenticidade e lifestyle às decisões comerciais das marcas.
A agenda técnica abriu espaço para fibras e química, Juliana Jabour (Lenzing) mostrou caminhos em “Inovação em Fibras Sustentáveis”, enquanto Jessé Moura (Hyosung CREORA®) explorou aplicações e performance do elastano em “Elastano: a Vida em Movimento”.
Houve ainda frente forte de digital e operação, Patrícia Coutinho (Mercado Livre) detalhou oportunidades para acelerar vendas no marketplace em “Bora vender online?”. Eduardo Cristian (Costurando Sucesso) tratou de produtividade e viradas de gestão na confecção em “Como ter uma Confecção de Sucesso e Transformar Desafios em Oportunidades”.
No recorte setorial, o painel “Entre Imaginação, Business e Estratégia: os Bastidores do Mercado Infantil” reuniu Francis Fachini (Fakini), Amanda Ferrari (Tex Cotton), Rafael Carvalho (Grupo Paraíso) e Cristina Marinho (N. Marinho Modal) — agenda importante para um dos segmentos mais dinâmicos da indústria.
VAREJO NO CENTRO: O CONSUMO COMO EXPERIÊNCIA
Destaque da abertura, o talk “O Poder do Varejo: Marcas que Estão Redefinindo o Consumo” levou ao palco Djuan Daniel (Movie Fitness), Rúbens Inácio (TXC) e Ana Carina (Not-Me Shoes), com mediação de Daniela Marx.
O painel discutiu o novo papel do varejo como força estratégica de transformação, mostrando como marcas que crescem hoje operam como plataformas vivas de relacionamento, unindo produto, dados e experiência em tempo real.
“Marcas não são apenas pontos de venda — são hubs de tecnologia, comunicação e comportamento. O varejo que entende o seu cliente cria conexão, desejo e pertencimento”, destacou Daniela Marx, durante a mediação.
A conversa abordou integração omnichannel, o uso de dados e comunidades como alavancas de venda, consolidando o varejo como o elo mais sensível e dinâmico da cadeia da moda.
PALESTRAS QUE TRADUZEM INOVAÇÃO
Além de Lenzing e CREORA®, o palco recebeu Priscilla Seripieri (WGSN) com “Consumidor do Futuro 2027: Recupere a Confiança e Ofereça Diversão no Dia a Dia” — insight central para quem desenvolve coleção olhando elasticidade de demanda e novas rotas de experiência.
Eduardo Cristian
FEIRAS
A ECONOMIA DOS CRIADORES E O NOVO VAREJO DE EXPERIÊNCIA
A palestra de Giuliny Shauer, que trouxe o tema “A Economia dos Criadores e o Novo Varejo de Experiência”, conectou comportamento digital e performance de vendas.
Com uma fala dinâmica e repleta de exemplos práticos, Giuliny analisou como a cultura dos creators redefine o consumo e reposiciona o varejo físico como palco de experiência — não mais apenas de transação.
Ele apresentou cases que mostram como marcas internacionais têm explorado o poder da audiência digital como ativo de marca, transformando lojas em espaços de comunidade, entretenimento e conversão — com exemplos que vão de Nova York ao Japão.
Para ele, o varejo que entende o comportamento do consumidor digital não vende produto, vende experiência.
O ONDM mostrou que a força da moda brasileira está na sua capacidade de se reinventar. Entre tendências, tecnologia e propósito, o evento revelou um setor que começa a entender que o futuro dos negócios de moda está nas conexões entre indústria, pessoas e conhecimento.
A cada edição, o ONDM deixa mais claro que moda é economia e que a inovação acontece quando quem produz e quem cria se encontram no mesmo palco.
Giuliny Shauer
O evento reafirma o papel da cadeia têxtil como uma das engrenagens mais relevantes do país, movendo empregos, criatividade e desenvolvimento.
“Quando a indústria, o varejo e o digital se unem, o resultado é um ecossistema mais forte, preparado e competitivo. É assim que a moda brasileira constrói futuro” - Daniela Marx.
LENZING APRESENTA "LENZING PRO":
Uma plataforma digital que atende parceiros em toda a cadeia de suprimentos -da fibra à inovação
Uma suíte abrangente de ferramentas e recursos que abrange um catálogo de produtos com especificações de fibra, certificação de tecidos, licenciamento de marcas, ferramentas de marketing e suporte especializado, tudo em uma única plataforma: lenzingpro.com.
• Combinando profunda expertise nas fibras confiáveis da Lenzing com ferramentas que possibilitam decisões rápidas e informadas em toda a cadeia de suprimentos têxteis global – apoiando a mudança em direção à aquisição de fibras de menor impacto. Lenzing – Hoje, o Grupo Lenzing, um dos principais produtores globais de fibras celulósicas regeneradas, lançou o Lenzing Pro, sua plataforma digital única para as cadeias de suprimentos de têxteis e não-tecidos. Projetada como um hub centralizado para usuários de negócios, a plataforma facilita os processos de certificação e marca, melhora o acesso a informações técnicas sobre fibras e fortalece a colaboração com os parceiros da Lenzing. Isso marca um passo significativo à medida que a indústria busca maneiras de acelerar a integração de materiaissustentáveis em produtos de forma mais fácil.
UMA PLATAFORMA. NUMEROSAS POSSIBILIDADES
Lenzing Pro é uma evolução estratégica do estabelecido e confiável Serviço de Branding Lenzing E, oferecendo funcionalidade expandida através de uma experiência simplificada, multilíngue e acessível 24/7. Guiado pela filosofia de “Uma Plataforma. Numerosas Possibilidades”, desempenha um papel vital no apoio à rede global de clientes e parceiros da Lenzing em suas decisões e marketing. Além dos serviços principais, como a Certificação de Tecido da Lenzing e o Licenciamento de Marca, a plataforma também apresenta um catálogo abrangente de produtos de fibra, incluindo especificações detalhadas, propriedades técnicas e aplicações
recomendadas para cada tipo de fibra.
A plataforma é dedicada a ajudar fiações a acessar conhecimento sobre fibras e encontrar ofertas adequadas; fábricas de tecidos na integração das fibras Lenzing em seus produtos com o apoio de serviços de teste e certificação; e parceiros de marca e varejistas no desenvolvimento de campanhas atraentes usando kits de ferramentas de marketing que atendem a diversas necessidades de comunicação e promoção. Com o Lenzing Pro, os parceiros têm acesso contínuo aos serviços de que precisam, sustentados por expertise e inovação para desbloquear novas possibilidades com as fibras Lenzing.
“A indústria têxtil precisa de acesso rápido e confiável a expertise técnica, capacidades de certificação e suporte ágil para inovar no dinâmico mercado atual e no evolutivo cenário de sustentabilidade”, disse Florian Heubrandner, Vice-Presidente de Gestão de Negócios Globais Têxteis da Lenzing. “A Lenzing Pro atende diretamente a essas necessidades, combinando nossa expertise em fibras com ferramentas intuitivas para ajudar nossos parceiros a inovar. Esta plataforma reflete nosso compromisso contínuo em possibilitar um futuro mais responsável ao lado de nossos parceiros.”
ENERGIA SOLAR NA INDÚSTRIA TÊXTIL
Engenheira têxtil e consultora em energia, com atuação em eficiência energética, geração distribuída fotovoltaica, armazenamento e transição energética no setor industrial
EFICIÊNCIA, COMPETITIVIDADE E DESCARBONIZAÇÃO EM RITMO INDUSTRIAL
A indústria têxtil brasileira tem nas mãos uma oportunidade rara: reduzir custo de energia, estabilizar previsibilidade orçamentária e, ao mesmo tempo, avançar metas de sustentabilidade com um ativo de longa vida útil.
A geração fotovoltaica (FV) — especialmente no modelo de geração distribuída (GD) — encaixa-se muito bem ao perfil do setor: consumo intensivo e diurno, grandes áreas de cobertura em galpões, cargas continuamente operadas (motores, compressores, HVAC) e pressão crescente por descarbonização em cadeias globais.
A seguir, apresento uma visão prática e atualizada para o ambiente têxtil: onde a energia solar agrega mais valor, como integrá-la com eficiência, o que observar no marco regulatório e, principalmente, os desafios e oportunidades que estão moldando o mercado fotovoltaico para os próximos anos.
GERAÇÃO DISTRIBUÍDA (GD) X GERAÇÃO CENTRALIZADA (GC): O QUE MUDA NA PRÁTICA
A Geração Distribuída (GD), veio transformar a dinâ-
Por Carla Angelini
mica da produção de energia no mercado ao permitir que consumidores também sejam produtores de sua própria eletricidade, mesmo estando conectados à rede elétrica de Distribuidoras de energia locais. Um importante marco para o setor é a lei 14.300/22, a qual institui o marco legal da microgeração e da minigeração distribuída.
Para setores como o têxtil, ter um sistema de energia solar fotovoltaica significa a possibilidade de redução de custos operacionais no curtíssimo prazo e certa independência da energia convencional fornecida pelas concessionárias. Esta tem sido uma importante escolha dentro do contexto das energias renováveis, (solar, eólica, hídrica e biomassa), devido à sua facilidade de instalação e baixa necessidade de manutenção. O Infográfico a seguir, (IMAGEM 01), mostra a representatividade de cada uma das fontes de energia no Brasil. Dentro desta matriz, a solar vem tomando a cada ano maior relevância.
IMAGEM 01 - Infográfico ABSOLAR, atualizado em 12.08.2025
Em resumo, são estes os 2 grandes modelos de geração e consumo de energia:
• Geração Distribuída (GD): a usina fica no próprio site ou em local remoto, compensando o consumo com créditos de energia conforme regras da Lei
14.300/22. É o arranjo que mais conversa com telhados e áreas anexas de plantas têxteis. É necessário investimento próprio ou sistema de leasing e permite maior redução na fatura de energia, (economia). É viável para consumidores de pequeno a grande porte, (Grupo A e grupo B de consumidores).
• Geração Centralizada (GC): usinas de grande porte, conectadas em transmissão. Pode atender a estratégia de portfólio energético (exemplo: contratação via Mercado Livre), mas exige estrutura de contratação e gestão distintas. Não exige investimentos estruturais significativos para este modelo de contratação, porém não propicia um valor de economia tão interessante quando comparado à GD. Até o presente momento, está disponível apenas para empresas que consomem em alta ou média tensão de energia, (grupo A de consumidores).
TECNOLOGIAS HABILITADORAS: DO TELHADO AO SOFTWARE
Para gerar energia a partir do sol, são necessários componentes como painéis solares, inversores e cabos. Os painéis captam a radiação solar e a transformam em energia elétrica de corrente contínua, que, posteriormente, é convertida em corrente alternada por meio de um inversor, tornando-se adequada ao consumo diário.
Essa energia pode ser usada diretamente pelos equipamentos da indústria ou direcionada à rede elétrica, gerando créditos de energia. Em contraste com a Geração Centralizada (GC), modelo caracterizado por grandes usinas e longas linhas de transmissão até o consumidor final, na GD a energia é gerada quase sempre próxima ou no mesmo local onde será consumida.
O conceito de simultaneidade é extremamente importante dentro deste contexto e representa o consumo de energia ao mesmo tempo em que ela é gerada para a unidade consumidora, seja uma casa ou uma indústria. Caso a energia gerada não seja suficiente para o consumo, o fornecimento complementar é feito pela própria rede elétrica. Em contrapartida, caso seja superior, a energia gerada é enviada na forma excedente à concessionária local, gerando créditos a serem consumidos por exemplo no período noturno ou em dias de baixa geração.
A IMAGEM 02 representa esquematicamente este funcionamento.
MARCO REGULATÓRIO E MODELOS DE CONTRATAÇÃO
Além de um sistema próprio em GD, há outras modalidades de implementação/contratação dentro do vasto
SUSTENTABILIDADE
e complexo mercado de energia. O importante é buscar o máximo de informações, alternativas e ter uma realista análise de viabilidade, (técnica, econômica e jurídica). A seguir, sem pretender esgotar o tema e alternativas, seguem pontos importantes para análise:
• Lei 14.300/22 (Marco da GD): define regras de compensação, enquadramentos e transições, ou seja, veio para trazer segurança jurídica ao setor. E trouxe! Entretanto, o ano de 2025 tem sido também desafiador neste aspecto e vale ficar atento a eventuais mudanças. Mas isto traremos em mais detalhes na próxima edição.
• Modelos de viabilização: São muitas as alternativas! Desde CAPEX próprio a modelos de leasing/ locação.
• Mercado Livre de Energia: complementar à GD, pode compor portfólio com energia renovável de usinas solares centralizadas; tema a ser aprofundado na próxima edição.
• Autoprodução de energia: Geração própria em sistema fotovoltaico grid zero, (sem injeção de energia à rede), aliado à contratação em mercado livre de energia.
BENEFÍCIOS TANGÍVEIS PARA O NEGÓCIO
Passadas estas etapas, vamos à melhor parte, os benefícios! Afinal, estamos falando de estratégia energética, investimentos e mudanças estruturais importantes. Um dos maiores benefícios dessa tecnologia é a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE), uma vez que o processo de geração de energia por fontes fotovoltaicas não queima combustíveis fósseis. No campo da inovação, o uso de baterias LiFePO4 (lítio-ferro-fosfato) tem ganhado destaque por sua durabilidade, eficiência e segurança. Em momentos de baixa radiação solar ou durante os horários de pico de consumo energético, as baterias permitem que o excedente de energia gerado durante o dia seja utilizado de maneira estratégica, garantindo a continuidade do funcionamento das indústrias.
Especialmente para consumidores de média e alta tensão, como muitas das indústrias têxteis, a combinação de sistemas solares e baterias com essa tecnologia oferece uma solução híbrida, que reduz a dependência de geradores a diesel – frequentemente usados como
backups de energia nesses ambientes. Essa integração promove uma alternativa mais sustentável, reduzindo o consumo de combustíveis fósseis, despesas com manutenção destes equipamentos.
IMAGEM 3 – Equipamento para sistema de armazenamento em baterias.
Além disso, ferramentas como inversores inteligentes e IoT (Internet das Coisas) permitem monitoramento constante da performance energética, garantindo máxima eficiência no consumo e conectando as operações industriais aos conceitos da indústria 4.0.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTEXTO DA COP 30
Na COP 30, que será realizada no Brasil em 2025, a energia solar estará em destaque como parte das discussões sobre descarbonização e inovação na matriz energética global. Soluções renováveis são indispensáveis para atingir as metas de neutralidade de carbono, e nesse contexto, a indústria têxtil pode se destacar por demonstrar compromisso com práticas sustentáveis. Adotar sistemas solares, aliando sustentabilidade e inovação, posicionará as empresas como exemplos em uma transição energética justa e eficiente.
A energia solar em parceria com armazenamento, digitalização e medidas de eficiência, tornou-se um formato estratégico para a indústria têxtil. Ao endereçar desde já os desafios técnicos, regulatórios e operacionais, o setor captura não apenas redução de custo, mas também resiliência, previsibilidade e vantagem ESG em mercados cada vez mais exigentes.
FASHION.E
IMAGEM 4 - Rumo à COP 30 - 2025, Brasil. Energia solar em pauta. Gerada em IA
Próxima edição: um mergulho prático nos aspectos legais e no Mercado Livre de Energia — como estruturar contratos, mitigar risco e integrar GD a uma estratégia de portfólio renovável
LAB NASCE DA CONVERGÊNCIA
DE PROPÓSITOS DE DUAS PROFISSIONAIS DO
VAREJO DE MODA
Carla Angelini (Formato Energia) e Mariana Marçal (Mari Marçal Consultoria). Unindo visão estratégica e execução prática, o projeto conecta soluções diferentes a um objetivo comum: elevar a eficiência operacional das empresas de moda.
Com uma curadoria ativa de estratégias, parcerias e inovações de mercado, o Fashion.e Lab impulsiona resultados e joga luz a profissionais que compactuam com essa jornada de transformação. Eficiência que se vê no processo, no produto e na performance: Eficiência energética e sustentabilidade aplicada, estratégia de negócios para moda real, e o podcast com bastidores, visitas e boas provocações. Conheça mais: Instagram @fashion.e_lab e YouTube Fashion.e Lab.
FUTUREPRINT 2025: INOVAÇÃO, CONHECIMENTO E CONEXÃO COM O MERCADO TÊXTIL
A edição 2025 da FuturePrint consolidou-se mais uma vez como um dos principais eventos do setor de impressão e comunicação visual, reunindo tendências, tecnologia e conhecimento. Realizada no Distrito Anhembi, de 16 a 19 de julho de 2025, a feira contou com a participação de mais de 600 marcas e recebeu um público de mais de 45.000 pessoas. Cerca de 26% dos visitantes atuam em estamparia e confecção, demonstrando uma boa representatividade têxtil.
Os espaços de conteúdo, como o Fórum FuturePrint e o Talks Future Têxtil, ofereceram ao público debates relevantes sobre temas como personalização têxtil, sustentabilidade, design e empreendedorismo. Outro destaque foi o retorno do Lounge dos Embaixadores, além da continuidade de áreas tradicionais e muito aguardadas, como o Serigrafia em Ação e o Sublimação em Ação, que proporcionaram demonstrações práticas e interativas aos visitantes.
Outro ponto alto da FuturePrint 2025 foi o projeto (RE) Estampa, uma parceria entre o Instituto Focus Têxtil,
Segurando a Revista Textil, Yeda Monteiro gerente de negócios Future Print
Lucius Vilar idealizador Projeto Reestampa
a Brother, o IED, a FuturePrint e o estilista e professor Lucius Vilar, que apresentou trabalhos inovadores no campo da estamparia e moda autoral, explorando o potencial criativo e tecnológico do setor.
CIRCUITO DIGITAL TÊXTIL:
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA DE MÃOS DADAS
Desde sua criação em 2017, o Circuito Digital Têxtil tornou-se um dos espaços mais educativos e inspiradores da feira. Idealizado por Sarah Caldas, em parceria com Herculano Ferreira e seu filho, o projeto nasceu com o propósito de explicar, de forma didática, o passo a passo da impressão digital em tecidos, tanto naturais quanto sintéticos. Esse espaço, um “lounge tech”, permite ao visitante compreender como funcionam os processos de impressão têxtil, direta ou indireta, aplicados a fibras variadas como poliéster e algodão. Durante o circuito, é possível acompanhar na prática desde a criação e preparação de arquivos até a impressão final. Além de apresentar os processos técnicos, o Circuito aborda questões fundamentais para
quem deseja ingressar ou evoluir na área, tais como: Viabilidade econômica entre diferentes tecnologias; edição de imagens para estamparia; gerenciamento de cores; preparação de amostras; escolha dos tecidos ideais para a impressão digital.
Graças às parcerias firmadas entre a INFORMA (organizadora do evento) e expositores, o espaço é equipado com impressoras e ferramentas reais de produção, permitindo demonstrações completas e comparativas entre as tecnologias disponíveis no mercado. Embora o Circuito não tenha fins comerciais, os visitantes saem munidos de informações suficientes para tomar decisões mais conscientes sobre a implantação ou expansão de seus negócios, com a possibilidade de dialogar diretamente com fornecedores e consultores presentes.
Capacitação Profunda: Do Design à Impressão Final. Ao longo do percurso, os participantes têm acesso a conteúdos valiosos que mostram como cada escolha técnica influencia o resultado e os custos operacionais, tornando o Circuito Digital Têxtil uma verdadeira imersão para quem busca excelência no segmento.
FEIRAS
GOTEX SHOW 2025:
Encontro Internacional Têxtil, de Moda e Negócios em São Paulo
Entre os dias 5 e 7 de agosto de 2025, São Paulo sediou mais uma edição da Gotex Show, um dos principais eventos internacionais voltados para a cadeia têxtil e de confecção. Realizada no Distrito Anhembi, a feira reuniu profissionais e empresas interessados em tendências, inovações tecnológicas e, sobretudo, em novas oportunidades de negócios.
Com a participação de expositores nacionais e internacionais — incluindo representantes da China, Peru, Índia, Paquistão, Turquia, Bangladesh, entre outros países —, o evento apresentou uma ampla gama de lançamentos em tecidos, fios, aviamentos, vestuário, moda íntima, fitness, moda casa e soluções tecnológicas para o setor.
Durante os três dias de feira, os visitantes tiveram a oportunidade de conhecer novos produtos, ampliar suas redes de contato e estabelecer parcerias em um ambiente profissional e colaborativo. A programação incluiu palestras bastante concorridas, além da presença de tradutores multilíngues disponíveis gratuitamente ao público em todo o pavilhão. Os visitantes também contaram com orientações sobre custos de importação, assessoria especializada, e agendamentos de carga e desembaraço aduaneiro.
A Gotex Show manteve seu foco em fomentar conexões comerciais, com áreas especialmente dedicadas
a reuniões de negócios, rodadas comerciais e apresentações de portfólios.
Outro destaque do evento foi a apresentação das principais tendências da próxima estação, tanto na moda quanto na decoração têxtil e em novas tecnologias. Um exemplo marcante foi a demonstração de peças de roupa sem costura — conhecidas como seamless — produzidas com técnicas que eliminam o uso de linhas e agulhas. Entre elas, destacam-se a tecelagem circular, que molda a peça diretamente na máquina, e a soldagem por ultrassom, que funde tecidos sintéticos, proporcionando maior conforto, liberdade de movimento e um acabamento mais suave. Essas tecnologias são cada vez mais comuns em roupas esportivas, underwear e peças de alta performance que exigem vedação e resistência.
Apoiam a GOTEX entidades como a Câmara de Comércio Exterior de Campinas e Região (CCCER), a SP Chamber of Commerce, a CCCT (Câmara de Comércio da China para Importação e Exportação de Têxteis e Vestuário), o CCPIT TEX (Conselho da China para a Promoção do Comércio Internacional através do Sub-Conselho da Indústria Têxtil) e a ALOBRÁS. Estavam presentes representantes da Câmara de Comércio do
Peru e representantes da República da Guiné Bissau como Nancy Raisa da Silva Alves Cardoso.
A próxima edição da Gotex Show já tem data marcada: acontecerá de 23 a 25 de setembro de 2026, no Expo Center Norte – Pavilhão Amarelo, São Paulo/SP.
HENRIQUE REIS, HEAD DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA GOTEX SHOW
O evento surgiu em 2013, com o propósito de ser uma plataforma global de sourcing para fortalecer a indústria têxtil local.
A cada edição, percebemos uma evolução constante na qualidade dos fornecedores e no nível do evento.
Hoje, a China continua sendo o principal player têxtil do mundo não apenas em volume, mas em qualidade.
Na Gotex, temos visto tecidos sintéticos e técnicos cada vez mais avançados, fundamentais para a indústria brasileira.
Mas não é só a China: a feira vem se tornando um espaço mais diversificado e internacional, com a presença crescente de países como Bangladesh e Peru, além da participação cada vez mais forte de empresas brasileiras, que oferecem tanto produtos quanto serviços, como estamparia e design.
A Gotex é, de fato, uma plataforma internacional de oportunidades de negócios, e esse é o grande diferencial do evento.
Para cumprir esse papel, a feira apresenta toda a cadeia têxtil — desde o fio, tecidos, aviamentos e matérias-primas, até produtos acabados como moda esportiva e moda casa (com exceção de maquinário).
Além disso, busca agregar valor com conteúdo e palestras de profissionais e instituições relevantes, levando informação e atualização ao público participante.
No campo das relações internacionais, é impossível ignorar o cenário geopolítico cada vez mais complexo — com guerras de tarifas, conflitos armados e mudanças que afetam diretamente a dinâmica do comércio global.
Dito isso, na Gotex, percebemos que muitas empresas vêm não apenas para comprar ou vender, mas para entender o mercado latino-americano, buscar parceiros
e até avaliar a instalação de plantas produtivas na região, na busca de ampliar seu campo de atuação.
Na última edição, por exemplo, recebemos delegações que visitaram a Gotex e depois seguiram para o Peru e outros países da região, em busca de conhecimento e oportunidades.
Esse movimento é cada vez mais frequente e mostra a importância estratégica do evento.
E, para finalizar, o nosso trabalho seguirá focado em fortalecer a indústria e os negócios do setor têxtil brasileiro, atraindo novos players, ampliando a diversidade de países participantes e destacando o melhor de cada um.
A Gotex vai continuar sendo essa plataforma de conteúdo, negócios e desenvolvimento — um espaço para conectar, inspirar e impulsionar o mercado têxtil.
Henrique Reis e Sarah Caldas
Nancy Raisa da Silva Alves Cardoso e Júlio António Aponto Té, Presidente da CCIAS de Guiné-Bissau
PRINCIPAL DESTINO REGIONAL DO VESTUÁRIO
PERUANO, BRASIL RECEBE MISSÃO
INTERNACIONAL QUE GEROU US$ 21,3 MILHÕES
EM VENDAS E EXPECTATIVAS DE NEGÓCIOS
Perú Moda LATAM apresentou indústria de vestuário peruano no Brasil, destacando sua proposta sustentável, rastreável e alta capacidade de fornecimento regional
Principal destino regional do vestuário peruano, o Brasil concentra 36% das exportações do país para a América do Sul. Entre janeiro e maio deste ano, os envios para a região atingiram US$ 73 milhões, um aumento de 6,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
O mercado brasileiro foi o principal impulsionador desses resultados, com um crescimento notável de 24,1%, especialmente em produtos como camisetas de algodão.
Consolidando sua liderança, o Brasil sediou a segunda edição do Perú Moda LATAM, organizado pela PROMPERÚ - Comissão Peruana de Promoção de Exportações e Turismo, que resultou em um desempenho sólido e resultados superiores aos de 2024: o evento fechou com US$ 21,3 milhões em vendas e expectativas comerciais, um valor que representa crescimento de 30,6% em relação ao ano anterior.
Realizado em São Paulo, o Perú Moda LATAM apresentou, em 270 rodadas de negócios, as ofertas exportáveis da indústria de vestuário do país a compradores do Brasil, Argentina, Colômbia e México, que estiveram conectados a 30 empresas peruanas.
PESSOAS SENTADAS AO REDOR DE UMA MESA
O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.Entre os compradores brasileiros, destaca-se a participação das marcas e grupos Ricardo Almeida, Reserva, Brooksfield, Icomm Group, AMC (Richards, Forum, Colcci), Oh,Boy!, Oriba, Won, Pineapple, Rutra e Serotonina. Da Argentina, o evento recebeu nomes como Jazmin Chebar, Wanama e Ayres; e, da Colômbia, a marca Malva.
“Com este evento, buscamos estreitar as relações comerciais entre exportadores peruanos e comprado-
res interessados em produtos de alto valor, tanto em design quanto em sustentabilidade. Nossas marcas apresentaram uma oferta baseada em matérias-primas de excelência, reconhecidas por sua durabilidade, frescor e versatilidade", explica Silvia Seperack, Conselheira Comercial da PROMPERÚ no Brasil.
Silvia Seperack destaca que os produtos são incomparáveis pela qualidade e por serem provenientes de uma indústria integrada, com altos padrões de conformidade, capacidade de resposta e um firme compromisso com a rastreabilidade e a produção sustentável.
Além disso, as confecções peruanas contam com tecidos de alta gama, como algodão Pima e Tanguis, valorizados por seu frescor, durabilidade e conforto, assim como a fibra de alpaca, ideal para climas quentes e frios. Muitas das coleções incorporam misturas de fibras naturais e sintéticas, projetadas para alcançar o equilíbrio perfeito entre desempenho, caimento e estética.
O Perú Moda LATAM faz parte de uma estratégia comercial internacional do Peru, que já promoveu missões em Nova York, Santiago do Chile e Milão, além de participar da Première Vision (Paris) e da Fashion World Tokyo.
AZZAS 2154 DIVULGA RESULTADOS DO 2T25
E REGISTRA AUMENTO DE 408,2% NO LUCRO
LÍQUIDO CONTÁBIL EM RELAÇÃO AO 2T24
Margem EBITDA recorrente do maior grupo de moda da América Latina atingiu recorde histórico
O Azzas 2154, maior grupo de moda da América Latina, divulga hoje seus resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25). A Companhia registrou lucro líquido contábil de R$537,7 milhões, alta de 408,2% frente ao 2T24. A receita bruta foi de R$3,6 bilhões no 2T25, um crescimento de 10,3% das marcas continuadas em relação ao mesmo período do ano anterior. O principal destaque foi a unidade de negócio Fashion & Lifestyle Women, com desempenho positivo de 20,1%, impulsionado pela Farm Rio no Brasil e no mercado internacional.
No 2T25, o EBITDA recorrente (pré IFRS-16) foi de R$461,4 milhões, um crescimento de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior. A margem EBITDA (pré IFRS-16) recorrente alcançou 15,9% no período, impulsionada por controle de despesas, investimento nas marcas e na experiência do consumidor. Após o IFRS16, o EBITDA totalizou R$535,6 milhões no 2T25, totalizando 9% mais vs 2T24. A margem EBITDA recorrente (pós IFRS-16) atingiu 18,5%, representando uma expansão de 0,8 p.p. frente ao 2T24, sendo o maior patamar histórico registrado pela Companhia.
A divisão Fashion & Lifestyle Women apresentou mais um trimestre robusto, atingindo R$1,4 bilhões de receita bruta no 2T25, com destaque para o canal de e-commerce, que cresceu 14,5% no mesmo período, reflexo da boa performance das marcas Farm Rio, Animale e também NV, que ampliou o número de showrooms, registrando crescimento de 123,2% versus o 2T24. No mercado internacional, a Farm Rio apresentou crescimento de 35,3% em BRL e de 25% em USD, recuperando o ritmo de crescimento em relação ao trimestre anterior e reforçando a potência da marca no cenário global.
Na unidade de negócio Fashion & Lifestyle Men, houve consistência de crescimento com uma variação positiva de 11,5% na receita bruta das marcas continuadas. Destaque para os canais de sell-in, que registraram expressivo aumento de 31,3% (franquias +24,8% e multimarcas +34,9%) em relação ao mesmo período
do ano passado, e para o canal de lojas próprias, que cresceu 13,5% no período, com a Oficina apresentando crescimento SSS superior a 20% no trimestre.
Na BU Basic, o crescimento registrado foi de 7,3% comparado com o segundo trimestre de 2024, com canais de sell-out aumentando 20,7% versus o 2T24, e o expressivo avanço das lojas próprias de 24,2%, resultado atingido, principalmente, devido ao novo projeto de megastores, que contribuíram com um crescimento de 86,5% no mesmo período.
Por fim, a unidade de Shoes & Bags apresentou ligeira variação positiva de 0,7% em relação ao 2T24. O destaque ficou por conta das marcas Arezzo e Anacapri, que seguem saudáveis e crescendo em níveis alinhados com o planejado, sendo 5,8% e 10,7% versus o 2T24, respectivamente. Vale ressaltar que o resultado em datas comemorativas é um termômetro para medir força e relevância de marca. No sell-out de Mães (01 a 11 de maio), a BU registrou crescimento de +5% versus este mesmo período de 2024, com recorde histórico no sábado dia 10 de maio.
“Alcançamos resultados sólidos no segundo trimestre de 2025 e avançamos de forma significativa na nossa agenda de governança, marcando um novo capítulo na evolução do Azzas 2154, um ano após a conclusão da fusão que originou o maior grupo de moda da América Latina. Abrimos um novo capítulo na consolidação do grupo com três prioridades claras: acelerar a integração, focar a energia no negócio e definir a visão 2030 a fim de consolidar o potencial de geração de valor da Companhia”, afirma Alexandre Birman, CEO do Azzas 2154.
Fonte: Azzas
MODA E CONFECÇÃO
FESTIVAL CASAMODA: O FUTURO DA MODA
BRASILEIRA
GANHA NOVO FORMATO
Há eventos que marcam uma temporada. Outros, marcam uma virada de Era.
O Festival CasaModa, realizado entre 27 e 29 de agosto no JK Iguatemi, em São Paulo, foi exatamente isso: o momento em que o tradicional Salão CasaModa — referência por mais de duas décadas no atacado de moda brasileira — se reinventou para acompanhar um novo tempo.
Com curadoria da Shark Tank E-School, dirigida por Eliazar Villavicenci, e liderança da empresária e investidora Carol Paiffer, o festival apresentou um novo conceito de encontro para o mercado, mais do que expor coleções, o propósito agora é formar, inspirar e conectar os profissionais que constroem a moda no Brasil.
A Bloom 360, sob direção de Bianca Venturotti, foi responsável por transformar esse novo formato em experiência sensorial e contemporânea, unindo conteúdo, tecnologia e propósito.
“O CasaModa sempre foi uma referência de negócios, mas agora ele se torna também uma referência de conhecimento. Estamos vivendo uma Era em que educar e empreender caminham lado a lado.” — Carol Paiffer.
Durante os três dias de evento, uma sequência de
por Daniela Marx
talks e experiências trouxe à tona temas que refletem o momento de transformação da indústria e a necessidade de profissionalização em toda a cadeia da moda.
O painel de abertura, “Moda e Educação no Novo Formato” , reuniu Carol Paiffer, Eliazar Villavicenci, Alexandre Cerqueira e Xavier Neto. Foi um convite à reflexão sobre a importância da educação empreendedora como base de sustentação para marcas e negócios criativos.
“A educação é o que transforma a moda em indústria. É o conhecimento que separa o talento do resultado.”
- destacou Eliazar Villavicenci, diretor da Shark Tank E-School.
Na sequência, o palco recebeu o Nuvemshop Talks, com as empreendedoras Giovanna Resende (Hisha), Malu Carneiro (Shop Emme) e Amanda Aliperti (PW3 by Coffee). Elas dividiram suas experiências sobre e-commerce, marketing digital e crescimento de marcas nativas do ambiente online.
O painel marcou ainda o lançamento do Fashion Commerce Report, desenvolvido pela Nuvemshop, em parceria com Steal the Look e Start by WGSN, um estudo sobre comportamento de consumo e as novas formas de vender moda no digital.
Outro momento de destaque foi o painel “Como Montar Experiências de Moda que Vendem no Físico e no Digital”, que reuniu Claudio Seraphin, Ju Cunha, Eliazar Villavicenci e Daniela Marx.
A conversa abordou o papel do branding, mix de produtos e marketing como pilares indissociáveis da moda na Era Digital.
“A experiência de compra começa muito antes da venda. Ela começa quando a marca desperta desejo, cria conexão e faz o cliente se sentir parte da sua história.” — Daniela Marx.
Para Xavier Neto, CEO do Festival Casa Moda, “a moda brasileira está amadurecendo. O empresário que entende de margem, de dados e de propósito constrói
um negócio que atravessa o tempo.”
O talk “Brasil que Inspira – A Potência Criativa da Moda Nacional”, mediado por Bianca Venturotti e Bloom 360, trouxe nomes como Claudia Itano, Krizia Gartica, Julia Sabbag e Rita Carreira para discutir representatividade, moda autoral e o valor de criar a partir das raízes culturais brasileiras.
“A moda brasileira não precisa copiar ninguém. Ela precisa se reconhecer”, disse Bianca.
Outro destaque foi o painel “Moda e Música como Comportamento, Cultura e Atitude”, em parceria com o Papo João Rock, com Vanessa Toledo, Ademir Corrêa e Thalicia, debatendo a relação entre som, comportamento e expressão — uma conversa sobre autenticidade e estilo de vida.
Encerrando o festival, o painel “A Revolução da Moda na Era da Inteligência Artificial” reuniu Jaques Deque ker, Juliana Dequeker, Camila Toledo, Ale Marques Ra vinjak e Xavier Neto.
A discussão girou em torno do papel da IA na criação, na previsão de tendências e na personalização da ex periência do consumidor.
“A tecnologia nunca substituirá o olhar humano, mas ela vai ampliar nossa capacidade de enxergar possibi lidades”, afirmou Camila Toledo.
Mais do que um evento, o Festival CasaModa se con solidou como um marco de transição para o setor.
Ele representa um mercado que começa a compreen der que moda é negócio, é cultura e é também instru mento de transformação econômica e social.
MODA E CONFECÇÃO
“No Brasil, a moda está entre os setores que mais geram empregos na indústria de transformação. Quando profissionalizamos, educamos e inspiramos, geramos impacto real — do plantio do algodão ao universo digital, transformando negócios e vidas.” — Daniela Marx.
O festival mostrou que a moda brasileira está pronta para o próximo capítulo: o da colaboração, da inovação e da construção de valor sustentável.
A moda que queremos ver florescer é aquela que une performance e propósito, desejo e consciência — e que transforma beleza em legado.
Carol Paiffer, Monica Kang e Xavier Neto
Sebatian e Carol
GUARDANDO A HISTÓRIA PARA TECERMOS O
FUTURO: SENAI SP TÊXTIL E MODA/ BRÁS E O
LEGADO VIVO DA REVISTA TÊXTIL
Uma jornada entre memória, formação e futuro da indústria brasileira de moda e têxtil
A história da indústria têxtil brasileira está entrelaçada com a trajetória de pessoas, instituições e ideias visionárias. Um desses marcos nasceu em 1931, dentro da Primeira Escola de Tecelagens do Brasil, quando o professor José Haydu da Silva Aranha, primeiro educador técnico do setor, fundou a Revista Têxtil. O objetivo era claro: criar um veículo especializado capaz de informar, conectar e desenvolver o setor nascente no país.
Mais de nove décadas depois, esse legado encontra acolhida no SENAI Têxtil e Moda do Brás, que atualmente guarda com zelo o acervo completo da revista, desde sua primeira edição. Trata-se de um material raro, composto por milhares de páginas que registram a evolução da cadeia têxtil e de moda no Brasil: seus ciclos produtivos, avanços tecnológicos, transformações estéticas e desafios sociais e políticos.
Preservar esse acervo é mais do que conservar documentos... É manter viva a memória de um setor que moldou parte significativa da identidade industrial brasileira. Nesse contexto, a Revista Têxtil tem buscado
por Fred Haydu
parcerias para viabilizar a digitalização integral desse conteúdo, com o propósito de, no futuro, poder compartilhá-lo com instituições de ensino técnico e superior voltadas à moda e ao setor têxtil.
Essa iniciativa se conecta diretamente com a missão do SENAI Têxtil e Moda do Brás, referência nacional na formação de profissionais para toda a cadeia produtiva, oferecendo desde cursos de aprendizagem industrial até graduação tecnológica e pós-graduação:
• Cursos Técnicos: Técnico em Vestuário, Técnico Têxtil, Técnico em Produção de Moda, entre outros.
• Aprendizagem Industrial: formação prática para jovens em áreas como costura, confecção e operação de máquinas.
• Cursos Livres e de Qualificação: corte e costura, modelagem, CAD, estamparia, moulage, bordado, design de superfícies etc.
• Graduação Tecnológica: Design de Moda e Produção do Vestuário, com foco na inovação e empregabilidade.
• Pós-graduação e Extensão: cursos em sustentabilidade, inovação têxtil, gestão e processos criativos.
Com estrutura moderna, laboratórios atualizados e uma equipe docente altamente qualificada, o SENAI do Brás é um polo de excelência que contribui ativamente para o desenvolvimento do setor e de seus profissionais. Um eventual acervo digital da Revista Têxtil poderá, futuramente, enriquecer ainda mais esse ecossistema de formação.
A Revista Têxtil expressa aqui seu agradecimento especial a toda a equipe do SENAI Brás, pelo acolhimento e cuidado com esse importante patrimônio da indústria brasileira. Em especial, registramos nossa admiração à professora Camila Borelli, que por muitos anos lecionou na instituição, representou com dedicação o setor como vice-presidente da ABTT (Associação Brasileira de Técnicos Têxteis) e, hoje, segue inspirando novas gerações como professora do curso de Engenharia Têxtil da Universidade de São Paulo (USP). Ao preservar esse acervo histórico, reafirmamos um compromisso conjunto com a educação, a memória e a valorização de uma indústria que segue fundamental para o país. Porque tecer o futuro também é honrar e compartilhar os fios do passado.
INDUSTRIA E EDUCAÇÃO, O CAMINHAR ONDE
SE ENCONTRA PASSADO, PRESENTE E FUTURO
Tecnologo
por Lucas Cardoso
que a empresa possa comercializar esses uniformes, é necessário que a vestimenta tenha o C.A. (Certificado de Aprovação). É preciso enviar documentos para o órgão certificador, como a ficha técnica do tecido, o manual de instruções da vestimenta, o memorial descritivo do uniforme e os desenhos técnicos. Após esse processo, o uniforme passa por testes rigorosos em laboratório acreditado e com a aprovação, a OCP (Organismo Certificador de Produtos) emite o laudo de conformidade para anexar o mesmo no Ministério do Trabalho (MTE), o que permite que a vestimenta possa ser comercializada com um prazo de validade de 5 anos, conforme declara a Portaria 672/2021.
FORMAÇÃO E NETWORKING NO SETOR
Confesso que estou muito feliz em ter um espaço aqui na Revista Têxtil para trocar algumas palavras com vocês. Eu moro na cidade de Sumaré, localizada ao lado da cidade de Americana, conhecida como a "Princesa Tecelã" no interior de São Paulo.
Quando Fred comentou que o avtou a primeira escola de tecelagem em São Paulo, fiquei com maiores expectativas sobre a revista e tudo o que ela tem a oferecer e contribuir, ensinamentos, histórias, memórias e afetos, já que a Revista passou por tantas gerações e hoje continua firme e forte, trazendo novidades sobre tecnologias têxteis, feiras e pessoas que se doam de alma para que a nossa indústria possa caminhar e seguir em frente em uma era tão competitiva.
O DESAFIO DA PROTEÇÃO NO TÊXTIL TÉCNICO
A empresa onde eu trabalho se chama Protect EPIS e Uniformes e faço parte do departamento de pesquisa e desenvolvimento no cargo de supervisor de pesquisa e inovação, a empresa tem o segmento na confecção de EPIS agrícolas e uniformes profissionais. Hoje, o forte da Protect é a confecção de vestimentas que protejam o usuário contra agentes térmicos: arco elétrico e fogo repentino, utilizadas por eletricistas. Para
Foi com a necessidade de fazer os desenhos técnicos que surgiu a ideia da minha ida até o SENAI Francisco Matarazzo Têxtil e Moda no Brás, para aprender a mexer no Corel Draw, um software que hoje foi adaptado pelos estudantes de têxtil e moda para fazer ficha técnica e desenhos técnicos. Na cidade de Americana, o SENAI é voltado somente para cursos de corte e costura e desenho de moda feito à mão, e a empresa em que eu trabalho necessitava de agilidade nesse processo.
Chegando ao SENAI, fui recebido pela professora Victoria, uma grande profissional que tem um enorme potencial com desenhos, inclusive de acessórios de moda. Ela leciona no curso de Designer de Moda e em cursos livres que acontecem aos sábados, que foi o que eu participei. Ir até o SENAI Têxtil e Moda abriu um leque de oportunidades, conhecimentos e networking na minha vida profissional e acadêmica. O espaço conta com equipamentos de ponta da indústria têxtil, desde a linha de abertura, fiação, tecelagem, beneficiamento, confecção, couros e joias. O mais importante é que as empresas apostam com grande perspectiva no SENAI e investem na escola. Se você é proprietário de micro, médias ou de uma grande empresa, a escola SENAI é um lugar que você pode contar para investir em seus funcionários e no futuro colher bons frutos de ótimos profissionais com boa formação técnica.
Textil, supervisor de pesquisas e inovação da empresa Protect Epis e uniformes com sede em Americana, São Paulo.
LANÇAMENTO DO LIVRO:
“TINGIMENTO TÊXTIL SEM SEGREDOS”
São Paulo, SP – O universo das cores e das técnicas têxteis ganhou um novo guia fundamental com o lançamento do livro "Tingimento Têxtil Sem Segredos: Desvendando Procedimentos e Insumos Químicos". A obra, de autoria de Jorge Marcos Rosa, Nelson Barros Trindade, Camilla Borelli e Maurício de Campos Araújo, foi celebrada em dois eventos especiais na capital paulista, reunindo estudantes, profissionais da moda e entusiastas da indústria têxtil.
O primeiro encontro com o público ocorreu no dia 23 de setembro de 2025, na icônica Livraria Martins Fontes, localizada na Avenida Paulista. Em uma noite movimentada, os quatro autores receberam os leitores para uma sessão de autógrafos. O ambiente cultural da livraria foi o cenário perfeito para conversas sobre os desafios e as inovações no campo do tingimento, com muitos dos presentes aproveitando a oportunidade para trocar experiências com os especialistas.
Uma semana depois, em 30 de setembro de 2025, o livro foi destaque no renomado Colóquio de Moda na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado). O evento acadêmico, conhecido por promover debates aprofundados sobre o setor, abriu espaço para que os autores apresentassem a obra a um público formado por estudantes, pesquisadores e designers, também com uma nova noite de autógrafos.
O autor Jorge Rosa destacou a importância de compartilhar o conhecimento adquirido ao longo de anos de experiência. "Nossa intenção com 'Tingimento Têx til Sem Segredos' foi criar uma ponte entre a teoria e a prática. Queremos que tanto o estudante que está começando quanto o profissional que busca aprimo ramento encontrem aqui um material didático e de fá cil compreensão para inovar e solucionar os desafios do dia a dia da indústria. Ver o interesse das pessoas, folheando o livro e fazendo perguntas, é a maior re compensa", afirmou o autor.
Com um propósito educacional abrangente, a obra foi pensada para dar apoio aos professores nas discipli nas de todos os níveis que abordam estudos da cadeia têxtil. Além disso, o livro se apresenta como uma fer ramenta estratégica para empresas compartilharem
com seus colaboradores, com o objetivo de estimulá-los a se aprofundarem no tema a fim de evoluírem no exercício de suas atribuições diárias. Explorando desde os conceitos fundamentais de luz e cor até exemplos práticos de formulações, "Tingimento Têxtil Sem Segredos" se firma como uma ferramenta indispensável para quem atua ou deseja atuar no dinâmico mercado têxtil.
RESENHA DO LIVRO: “TINGIMENTO TÊXTIL SEM SEGREDOS DESEVENDANDO PROCEDIMENTOS E INSUMOS QUÍMICOS” Editora CRV. Resenha por: Carlos Alberto Roger de Almeida.
Os profissionais citados já são reconhecidos por sua experiência na Arte Têxtil, não precisam de apresentação pela sua vivência nesta área que dominam há muitos anos na área Acadêmica e Chão de Fábrica. Assim, eu fui convidado para o lançamento do livro e para prestigiar estes Bruxos e Alquimistas (carinhosamente como lhes chamo). Tive o prazer ler este Livro, “fazer minhas marcações a lápis”, para fazer esta Resenha. O livro é objetivo, agradável, traz informações técnicas claras sobre as Fibras mais usadas hoje: CO, CMO, CLY, CV, PES, PA6, PA6.6, W, S e outras, os tipos de Corantes a serem usados para cada uma delas, sua preparação antes do tingimento, tingimento propriamente dito e seu acabamento para sua efetiva finalização. A obra oferece orientação básica e essencial aos novos e aos
A QUALIDADE NO MUNDO DA SUSTENTABILIDADE
A NOVA CONSCIÊNCIA DA QUALIDADE
Nos últimos anos, a indústria têxtil passou por uma transformação silenciosa, mas profunda. Durante muito tempo, qualidade significava apenas cumprir especificações: cores firmes, costuras retas, medidas dentro do padrão. E, de fato, esses são aspectos técnicos fundamentais. Mas a verdade é que, hoje, a qualidade vai muito além disso.
Ela envolve consciência, respeito e responsabilidade — com o produto, com quem o faz e com o planeta que o abriga.
Quando comecei a trabalhar com qualidade, há mais de vinte anos, o termo “sustentabilidade” ainda era distante das confecções. Falava-se de prazos, lotes, devoluções e reclamações. E, no meio de tudo isso, lá estava a revisora, a inspetora, a passadeira, a costureira — pessoas que carregavam nos olhos um tipo de atenção que nenhuma máquina substitui: o olhar que sente o tecido. Esse olhar é o ponto de partida de toda qualidade verdadeira.
Hoje, com a pressão global por práticas mais sustentáveis, a indústria foi desafiada a repensar o que significa fazer bem-feito. A sustentabilidade deixou de ser uma pauta ambiental isolada e passou a ser uma condição de sobrevivência do setor. Não se trata mais de “parecer sustentável”, mas de ser coerente — do fio ao tag, da costura à comunicação com o consumidor. E, nesse novo paradigma, a qualidade e a sustentabilidade deixaram de ser caminhos separados: são, na verdade, a mesma estrada.
O desafio está em equilibrar tecnologia e humanidade. Automatizar sem desumanizar. Produzir em escala sem perder a alma. E é aqui que entra algo que o tempo e a modernidade ainda não conseguiram apagar: o valor do trabalho manual, da inspeção feita por quem entende que cada peça carrega histórias, expectativas e reputações. A qualidade é um compromisso ético com quem vai vestir o que fazemos — e também com quem costura, revisa, embala e entrega esse produto. Ela nasce do propósito e se sustenta na coerência entre o discurso e a prática.
por Milena Abreu
SUSTENTABILIDADE É QUALIDADE ESTENDIDA AO FUTURO
Quando falamos em qualidade assegurada, normalmente pensamos em conformidade com padrões: ABVTEX, FAMA, OEKO-TEX, BCI, GOTS. Mas, na essência, todos esses selos querem dizer uma coisa só: respeito.
Respeito às pessoas, ao meio ambiente e ao valor que o cliente paga.
A sustentabilidade ampliou o conceito de qualidade. Hoje, ela exige rastreabilidade, transparência e responsabilidade em todas as etapas da cadeia. Desde o cultivo das fibras até a confecção final, cada decisão técnica carrega uma consequência ambiental e social. E é nesse ponto que o setor têxtil vem aprendendo — muitas vezes com esforço — a olhar para dentro de si. A verdade é que não existe produto de
Stand empresa Semear Ecotêxtil
qualidade se ele nasce de um processo injusto ou poluente. A peça perfeita, com acabamento impecável, mas feita às custas de exaustão humana ou desperdício de água, carrega uma incoerência que o mercado, cada vez mais consciente.
Por isso, qualidade sustentável significa planejar melhor, medir com propósito, escolher matérias-primas de menor impacto, eliminar o desperdício e, acima de tudo, garantir que o produto dure. Sim, a durabilidade é o novo luxo. Produzir roupas que resistem ao tempo é o maior gesto de respeito ao consumidor e ao planeta. É a forma mais simples e honesta de reduzir o descarte e a sobrecarga ambiental.
Mas há um ponto essencial que precisamos compreender — e aceitar com maturidade técnica: Um produto sustentável ou reciclável não pode ser medido pelos mesmos padrões de qualidade de um produto convencional.
Os materiais reciclados, orgânicos ou de baixo impacto possuem características físicas e químicas diferentes — e, portanto, exigem parâmetros específicos e claros para sua avaliação. Exigir o mesmo toque, a mesma uniformidade ou a mesma estabilidade dimensional de um tecido reciclado seria incoerente com sua natureza e propósito.
Ser sustentável é também ser coerente na medição. E essa coerência deve estar presente nas normas, nos critérios de aceitação e nas expectativas de quem compra e de quem produz.
O que precisamos é evoluir de uma mentalidade de “comparação” para uma mentalidade de equilíbrio e propósito: entender que cada tipo de produto tem seu contexto, sua performance e seu papel no mundo.
A sustentabilidade, portanto, é muito mais do que uma meta técnica. Ela é um novo jeito de pensar a qualidade — com empatia, com ciência e com verdade. E quando essa consciência se instala nas empresas, os resultados aparecem: menos retrabalho, menos desperdício, mais propósito e mais credibilidade. Nas minhas experiências em chão de fábrica, percebo que as empresas que realmente evoluem em qualidade são aquelas que abraçam a sustentabilidade como parte do DNA — não como moda, mas como filosofia de gestão. Elas entendem que qualidade e sustentabilidade não competem: se completam.
E é por isso que o trabalho humano continua sendo o coração pulsante dessa transformação.
O TOQUE HUMANO QUE AS MÁQUINAS NÃO TÊM
É impossível falar de qualidade sem falar de pessoas. Por mais que as tecnologias avancem, a essência da inspeção têxtil continua sendo humana. As câmeras detectam falhas, os sensores identificam manchas, os softwares calculam índices. Mas nenhum deles sente o tecido entre os dedos, percebe a diferença de toque entre uma peça bem passada e outra apenas “soprada” pelo ferro. Nenhum algoritmo entende o que um cliente sente ao abrir uma caixa e ver uma costura desalinhada, uma etiqueta torta, um ponto falhado.
A inspeção manual é o último escudo da qualidade. É ali, no silêncio da revisora, que o produto ganha ou perde a confiança do cliente. É ali que se decide se aquela peça representa a marca ou precisa voltar para o conserto. E, para isso, é preciso sensibilidade e comprometimento, qualidades que nascem do treinamento, mas florescem com o orgulho de fazer bem feito.
Muitos acreditam que a tecnologia eliminará essa função, mas o que vejo na prática é o oposto: quanto mais sofisticada a produção, maior a necessidade de precisão humana. O trabalho do inspetor é como o de um maestro que ouve cada instrumento antes do concerto. Ele afina o resultado, ajusta o que a máquina não percebe, e garante que o produto final não seja apenas “aceitável”, mas impecável.
Costumo dizer que a inspeção é o espelho da cultura da empresa. Se o inspetor é apressado, a empresa valoriza o volume. Se ele é criterioso, a empresa valoriza a reputação. Por isso, investir em treinamento, ergonomia e valorização desses profissionais é investir na própria imagem da marca.
Quando uma revisora entende que sua decisão afeta o prestígio de uma etiqueta que vai parar em uma loja nacional, ela passa a enxergar sentido no que faz. E esse sentido muda tudo. Transforma a tarefa repetitiva em missão, o olhar cansado em olhar de orgulho.
O toque humano é o que dá alma ao produto. Ele traduz o cuidado invisível, a paciência e a responsabilidade que o consumidor sente sem saber explicar. É o “algo diferente” que faz uma roupa ser especial — não
QUALIDADE
porque custou mais, mas porque foi feita com mais atenção.E atenção é, talvez, a palavra que melhor define o futuro da qualidade.
Atender aos novos padrões de sustentabilidade requer atenção com a matéria-prima, com a costura, com a logística e com as pessoas. A atenção é o elo entre o que fazemos e o que deixamos no mundo.
E é justamente isso que o trabalho manual ensina: a qualidade não está apenas no produto acabado, mas na forma como cada detalhe foi tratado ao longo do caminho.
A indústria têxtil é, antes de tudo, feita de mãos. Mãos que cortam, que costuram, que tingem, que revisam. Mãos que carregam história, esforço e orgulho. E é impossível falar de sustentabilidade sem reconhecer que essas mãos são o primeiro e o último filtro da qualidade.
Enquanto a tecnologia avança, cabe a nós — engenheiros, gestores, consultores e líderes — garantir que o humano continue no centro do processo. Porque são as pessoas que dão sentido à inovação. O robô pode medir um desvio de cor em milésimos, mas é o ser humano que entende se aquele tom comunica o que a marca promete. O sistema pode prever um defeito, mas é o olhar da revisora que decide se a peça está “boa o bas-
tante” para representar o nome que ela carrega.
A sustentabilidade que o mundo precisa não é apenas ambiental, mas também emocional e social. É uma sustentabilidade que respeita o tempo do processo, o valor da experiência e o orgulho de quem faz parte da cadeia produtiva. E essa consciência é o que diferencia empresas passageiras de marcas eternas.
Por isso, quando falamos em qualidade têxtil sustentável, não estamos falando apenas de índices, laudos ou certificações.
Estamos falando de um compromisso moral com a excelência, que começa no treinamento e termina no sorriso de quem veste a peça.
A moda muda, os processos evoluem, mas o propósito permanece: entregar o melhor que sabemos fazer, da forma mais responsável possível. E, no fim das contas, é isso que o consumidor percebe — o cuidado.
Cuidado é a nova forma de luxo. E o luxo verdadeiro é o de fazer parte de uma cadeia que respeita pessoas, valoriza o detalhe e entende que qualidade é, acima de tudo, uma atitude. Porque o futuro da qualidade têxtil — sustentável, precisa e humana — continua nas mãos de quem acredita que cada ponto costurado, cada peça revisada e cada decisão consciente são pequenos gestos capazes de transformar o mundo. Stand empresa QI Química Inteligente
Fio Vegano 100% Algodão Sustentável da empresa MBY
TAG V.ECO Cycle empresa Vicunha
ESTAMPARIA
GOYA LOPES:
50
ANOS EM ESPIRAL
Celebrada como precursora do design afro-brasileiro, Goya Lopes acaba de comemorar cinco décadas de carreira com a exposição “Okòtò: Espiral da Evolução”, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Entre cores vibrantes, símbolos ancestrais e estampas que já atravessaram oceanos, a artista reflete sobre sua trajetória e o legado de sua obra.
Revista Têxtil: O que significou para você celebrar 50 anos de carreira com a exposição “Okòtò: Espiral da Evolução”?
Goya Lopes: Uma vontade muito grande de mostrar para todos e em especial a Bahia a minha história. As pessoas conhecem mais o meu trabalho como designer e eu queria que conhecessem a minha trajetória como artista visual.
Revista Têxtil: Por que escolheu a espiral como conceito central da mostra?
Goya Lopes: A espiral faz parte da minha metodologia criativa. Sempre faço uma espiral narrando o tema que eu vou usar. Essa narrativa depois ela se torna ilustrada, como o movimento contínuo que vai a conectando o passado, presente e futuro. Simboliza também a energia vital e a jornada de Exu como mensageiro que faz a comunicação e a expansão.
Revista Têxtil: Entre as mais de cem obras expostas, qual você considera mais simbólica da sua trajetória?
Goya Lopes: Têm várias, agora uma é a especial que eu pintei quando tinha 16 anos, é um quadro a óleo do casarão e da igreja do Solar do Unhão onde hoje é o MAM. Imagina que desde aquela época eu admirava esse espaço que abrigou a retrospectiva.
DA BAHIA PARA O MUNDO
Revista Têxtil: Quando percebeu que queria dedicar sua vida ao design e às artes visuais?
Goya Lopes: O design foi uma orientação em 1976 de um professor o Romano Galeffi, já que ele que eu estava concorrendo a uma bolsa de estudos para a Itália e queria algo mais prático e com futuro. Exatamente num momento em que o “Novo Design" dia-
por Sarah Caldas
logava com as artes plásticas e eu tinha terminado a graduação em artes plásticas pela EBA da UFBA .Quanto as artes visuais só nos últimos anos assumi realmente para o mercado.
Revista Têxtil: Como foi a experiência de estudar design têxtil na Itália e depois retornar para a Bahia?
Goya Lopes: Estudar Design na Itália foi uma experiência transformadora. Tive um professor que desenhava os tecidos dos assentos dos trens que me orientou muito, principalmente para a estamparia. Ao terminar o curso fiz um estágio numa estamparia e frequentei um Studio da designer Ieremonti. Sabia que retornar para Bahia seria por pouco, pois o meu destino estava em São Paulo.
Revista Têxtil: Nos anos 1980, você fundou a Didara, marca pioneira em moda afro-brasileira. O que a moti-
Foto Evana Carolina
ESTAMPARIA
vou a dar esse passo?
Goya Lopes: Em 1981 fui morar em São Paulo, trabalhei como freelancer para várias empresas como a Alpargatas na linha Madrigal, Geada e Carol linha infantil e outras. O que me motivou foi enxergar no Movimento da Brasilidade a falta da referência afro brasileira, tinha a cultura indígena, a fauna, a flora, a cultura popular. As artes afro brasileira já estavam em voga, nomes como Rubens Valentim, Mestre Didi e Abdias Nascimento já eram conhecidos pelo mercado. Com aquele vazio no mercado resolvi retornar para Salvador e escrever um projeto que tinha um propósito o de divulgar a cultura afro brasileira com arte e que usava como suporte a moda por ela ser transversal e assim em 1986 eu criei a Didara que foi pioneira na Moda Afro Brasileira.
Foto Carla Piaggio
Foto Ascom Mam
ESTAMPARIA
A FORÇA DA COR E DA ANCESTRALIDADE
Revista Têxtil: Suas estampas têm símbolos muito marcantes da cultura afro-brasileira. Como nasce esse processo criativo?
Goya Lopes: O processo criativo foi feito para ser desenvolvido padrões que tivessem uma identidade autoral.
Utilizei um tripé :
Cores quentes, frias e quentes e frias
Forma: Figura /fundo
Grafismos
Desenho orgânico
Conteúdo: É relevante falar das minhas raízes e dos meus ancestrais.
De uma maneira classuda.
Revista Têxtil: A cor é central no seu trabalho. O que cada paleta representa para você?
Goya Lopes: Representa sentimentos fala da minha ancestralidade. No início usei as 3 cores primárias dando margem para as secundárias, também o preto e o branco. Foram 20 anos para sedimentar essas cores e aí eu passei para as cores das tendências de moda, estava criando um padrão e a cor era fundamental para deixar registrado uma marca que usava quase 100% estamparia.
RECONHECIMENTO E FUTURO
Revista Têxtil: Como enxerga as novas gerações de estilistas e designers que se inspiram na sua trajetória?
Goya Lopes: Ficaram sabendo que era possível trabalhar para a moda e a sua transversalidade usando como tema a cultura afro brasileira, importante trabalhar esse conteúdo o diálogo da raiz africana com a cultura indígena e europeia.
Revista Têxtil: Depois de 50 anos de carreira, o que ainda deseja realizar?
Goya Lopes: Muita coisa ainda tenho para fazer, nesse momento estou me dedicando mais as artes visuais. Acabei de participar da SPArte Rotas, agora em agos-
Pintura MAM - Foto Carla Piaggio
to de 2025, isso é só o início de uma nova realização com exposições e com uma realização mais da minha área criativa e rever um novo modelo de negócio para a marca.
Revista Têxtil: Depois de 50 anos de carreira, o que ainda deseja realizar?
Goya Lopes: Muita coisa ainda tenho para fazer, nesse momento estou me dedicando mais às artes visuais, acabei de participar da SP Artes Rotas agora em agosto 2025, isso é só o início de uma nova realização com exposições e com uma realização mais da minha área criativa e rever um novo.
GOYA LOPES POR ISA SILVA
Isa Silva: Eu trabalhava no pelourinho no teatro 18, era bilheteira do teatro e trabalhava para pagar minha faculdade de Moda, e na faculdade eu não tinha referências de estilistas negros então estava pesquisando e achei a loja de Goya no pelourinho e me apaixonei, e logo virei consumidora e admiradora. O trabalho de Goya me mostrou que a estética e o desenho o designer afro brasileiro é a nossa moda, ela tem uma grande influência no meu trabalho, não tem estudar Brasilidade sem conhecer o trabalho de madame Goya Lopes. Eu amo o trabalho de Goya, além de ser admiradora, estudo sobre seu trabalho pois sou pesquisadora, a contribuição dela é a confirmação de um legado de moda Brasileira em primeiro lugar e o afro-brasileiro é indígena. Sua arte visual ultrapassa o vestir pois é arte
ESTAMPARIA
e onde a moda flerta muito com as artes visuais.
A assinatura de Goya é uma contagem de histórias, eu falo que nós designers de moda estilistas costureiros contamos uma história nas coleções, cada coleção de Goya Lopes ela nos informa sobre a linguagem oral e transforma em visual isso é magnífico no seu traço vira uma assinatura única e poderosa pois temos uma representação estética linda para ser apreciada, vestida e o melhor informativa para a cultura Brasileira que foi apagada e negligenciada durante anos e Goya faz com maestria.
A lição que Goya Lopes nos dá é que para conhecer a cultura do nosso país precisamos admirar e ser alimentadas pela arte de Dona Goya Lopes, tanto para quem está começando ou quem já está no mercado. A contribuição da arte de Goya é muito rica para a nossa cultura Brasileira tanto nacionalmente quanto internacional. Vida linda ao legado desta grande mulher, eu digo que ela é uma das grandes designers estilistas e artistas do nosso Brasil e do mundo.
Goya Lopes e Isa Silva
EVENTOS
FESTIVAL COLABORA
MODA SUSTENTÁVEL:
Quando moda e consciência caminham juntas.
por Bruno Leonard
Em um mercado ainda dominado pela moda rápida, o Festival Colabora Moda Sustentável surge como um respiro de esperança. Realizado nos dias 17 e 18 de julho, o evento reuniu marcas, designers, ativistas e consumidores em torno de um novo jeito de pensar o vestir — com responsabilidade social, ambiental e ética. Promovido pelo Instituto C&A, o festival contou com desfiles, palestras e exposições de nomes como Farm, Riachuelo, Pernambucanas e criadores independentes.
A proposta: inspirar e conectar pessoas que acreditam em uma moda mais consciente e regenerativa. O jornalista Rener Oliveira, que mediou dois talks, destacou: “Quando falamos de uma moda para o futuro, falamos sobre colaboração no sentido mais profundo da palavra. A moda precisa representar o todo — e o Festival Colabora traz esse sentimento de união que ainda falta na nossa indústria.”
Circularidade em prática: A C&A apresentou uma experiência imersiva em circularidade e consumo responsável, com destaque para o Movimento ReCiclo, que incentivava o público a doar peças jeans para reciclagem. No espaço, havia exemplos de peças feitas com algodão rastreável, jeans circular e tecidos reciclados, mostrando como a moda pode ser interativa e sustentável ao mesmo tempo.
Rendeiras da Aldeia: bordando histórias e pertencimento. Entre os projetos mais emocionantes, o grupo Rendeiras da Aldeia encantou o público com um trabalho que une educação, cultura e ancestralidade. Nascido na ONG da Oca, o coletivo transforma renda em símbolo de resistência feminina e identidade. “A mulher quer parar o tempo, guardar o que é importante. É disso que nossa coleção fala”, resume Lucilene Souza, uma das rendeiras. Desfile da Herdeira Brand: amor à periferia. A estilista Dani Tinorio, da Herdeira Brand, levou à passarela uma coleção inspirada na Zona Leste de São Paulo, exaltando o legado da quebrada e o poder do trabalho manual. Com crochês, búzios, tons terrosos e peças em upcycling, Dani mostrou que sustentabilidade também
é valorizar as mãos que criam. “Trabalhamos com propósito e com várias mãos que precisam ser vistas e valorizadas. Isso também é sustentabilidade.”
Diálogos e provocações: Os painéis do festival discutiram os novos caminhos da moda brasileira, abordando temas como inclusão, circularidade e ancestralidade. A jornalista Daniela Falcão resumiu bem o espírito do evento: “Não dá mais pra falar de sustentabilidade sem falar de inclusão. É tudo parte da mesma mudança.” Outro destaque foi o talk “Usar, reusar, repensar”, com Ale Farah e Gerson Dias (Enjoei), que provocou o público a refletir sobre hábitos de consumo e a importância do second hand como prática moderna e consciente. Moda como ponte, e não produto. Mais que um evento, o Festival Colabora é uma plataforma de transformação. Um espaço de escuta, troca e ação. Em sua primeira edição, já mostrou que a moda pode — e deve — ser feita com propósito, pluralidade e colaboração.
CASA DE CRIADORES VOLTA AO
CENTRO CULTURAL COM MODA,
ARTE E TRANSFORMAÇÃO
A 56ª edição da Casa de Criadores marcou o retorno do evento ao Centro Cultural São Paulo, um dos espaços mais emblemáticos da cidade. Para André Hidalgo, diretor artístico do projeto, essa escolha reforça a vocação democrática da Casa: “Trazer a moda para esse espaço é dialogar com a cidade. O Centro Cultural é um lugar de arte, cultura e acesso — e a Casa de Criadores sempre teve essa proposta de conversar com os espaços públicos. Além disso, essa edição conta com o apoio da Secretaria de Cultura, da vereadora Marina Bragante e do próprio CCSP, o que fortalece ainda mais essa conexão”, afirma Hidalgo.
Nesta edição, o evento reuniu 33 desfiles, exposições e o lançamento da 4ª edição do Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, concurso que seleciona estudantes de moda de todas as regiões do Brasil, oferecendo a chance de desfilar no evento e prêmios em dinheiro
Destaques das passarelas: moda autoral com identidade e inovação
Por Fred Haydu e Bruno Leonard
A cada edição, a Casa de Criadores reafirma seu compromisso com a moda autoral e a valorização da diversidade. Nesta temporada, ancestralidade, tecnologia e sustentabilidade cruzaram a passarela com força e emoção.
Destaque para Mônica Anjos de Salvador, a estilista Mônica Anjos apresentou pela oitava vez sua marca na Casa de Criadores. Com a coleção “Odé Kayodé” – o caçador que traz alegrias”, ela celebrou as raízes africanas e a espiritualidade das religiões de matriz africana.
“Esse evento me inspira — esse movimento do processo criativo é de extrema relevância, especialmente porque a marca contextualiza e traz esse movimento do resgate identitário, da contação de histórias, de falar das nossas origens, origens de África, origem de religião de matriz africana”, afirmou Mônica.
Com tecidos como linho rústico e materiais da Santista, a coleção propõe um diálogo entre tradição e contemporaneidade, revelando a força do afeto e da ancestralidade na criação de moda.
A Santista também apoiou os desfiles da UMS 458 com tecidos encorpados, a coleção de Rober Dognani e da Plataforma Açu que também recebeu tecidos Vicunha e combinando com tecidos de micélio em looks. A Canatiba apoiou Chyntia Mariah em sua coleção que homenageou o circo nordestino.
O Up Cycling esteve muito presente, o uso de matérias descartável com novos combinações foi grande tendencia, como a transmutação têxtil de Guma Joana, no forte impacto da coleção de Vitor Sinistra
A 56ª Casa de Criadores reafirma seu papel como uma das principais plataformas da moda brasileira contemporânea. Mais do que desfiles, o evento é um espaço de troca, experimentação e pertencimento — onde ancestralidade, sustentabilidade e inovação caminham juntas, costurando novas possibilidades para o futuro da moda.
Fonte: Casa de criadores e Agência Lema
Fotos: Agência Fotosite Nalimo
CASA DE CRIADORES
CASA DE CRIADORES
VICUNHA REVOLUCIONA A MODA SUSTENTÁVEL COM BRIM À BASE DE MALVA
AMAZÔNICA NO SPFW 2025
Cultivada com manejo responsável por comunidades do Pará, a fibra de malva destaca-se pelo baixo impacto ambiental e forte contribuição social
A Vicunha, líder mundial em inovação e sustentabilidade têxtil, apresenta neste São Paulo Fashion Week (SPFW) o primeiro brim produzido a partir da fibra de malva amazônica, uma matéria-prima natural e sustentável. Essa inovação singular traduz o compromisso da empresa com uma moda consciente e ambientalmente responsável, consolidando sua posição na vanguarda da indústria têxtil brasileira e mundial. O tecido compôs looks exclusivos desfilados na SPFW na última sexta-feira (17/10) pela marca Normando, que é um grande expoente da moda amazônica.
A conexão entre moda e sustentabilidade ganha ainda mais relevância frente à proximidade da COP 30, que ocorrerá no Pará em novembro. Com esta iniciativa, a empresa reforça o papel estratégico da bioeconomia no desenvolvimento sustentável da moda, valorizando práticas de cultivo com manejo responsável, que geram impacto social positivo e promovem a regeneração ambiental em comunidades locais do Pará envolvidas na produção da malva.
“Desenvolver tecidos com a fibra amazônica é mais que inovação, é uma revolução sustentável que une conservação ambiental e responsabilidade social. Participar do SPFW com marcas como Normando mostra nosso compromisso em apoiar uma moda brasileira pioneira, capaz de dialogar com a agenda global da sustentabilidade e construir uma indústria têxtil mais consciente e próspera”, afirma Renata Guarniero, gerente de Marketing da Vicunha.
MALVA E O IMPACTO SOCIOAMBIENTAL POSITIVO
Cultivada por comunidades ribeirinhas na Amazônia, a malva cresce em harmonia com os ciclos naturais de seca e cheia, dispensando desmatamento, irrigação artificial, agrotóxicos ou fertilizantes químicos. Através desse modelo colaborativo, a cadeia produtiva da
malva representa uma conexão profunda entre inovação, cultura amazônica e responsabilidade, gerando emprego e renda com a floresta em pé.
Além do impacto social, a fibra de malva tem baixíssima pegada ambiental: não degrada o solo, não contamina águas, mantém a biodiversidade e captura CO2 de forma intensa e rápida, contribuindo para mitigar as mudanças climáticas. O tecido produzido com essa matéria-prima pioneira é destaque nesta edição do SPFW, trazendo um visual que estabelece o diálogo entre o natural e o contemporâneo, valorizando a brasilidade.
“Mais uma vez, a Vicunha reforça seu compromisso com a sustentabilidade. Esta iniciativa se soma a outras tantas lançadas recentemente pela empresa, como a produção usando água de reúso, o emprego de algodão regenerativo e reciclado, o uso de energia eólica renovável em nossas fábricas, entre outras. Essas práticas nos colocam na vanguarda da moda no Brasil e no mundo e contribuem para uma cadeia têxtil consciente e transformadora”, avalia Renata. Fonte: Vicunha
Crédito: Complexo
DA MODA GLOBAL À ARTE TÊXTIL COM ALMA
A ressurreição criativa de mônica romeiro transforma retalhos em obras que empoderam
por Cíça Mora
Nascida em Belo Horizonte, criada no vibrante cenário de Niterói e com uma década decisiva na efervescência têxtil de Bali, Indonésia, a artista Mônica Romeiro, aos 62 anos, é hoje uma voz potente e experiente na arte têxtil contemporânea. Com 40 anos dedicados ao universo têxtil, 20 anos de imersão no patchwork e os últimos 10 dedicados à criação de seus expressivos painéis, Mônica é um testemunho da resiliência, da paixão e da maestria em transformar o “descarte” em arte.
A trajetória de Mônica no mundo dos tecidos começou de forma grandiosa. Em Bali, longe das terras mineiras e fluminenses, ela desenvolvia estampas exclusivas para sua própria empresa de importação e exportação. Essa vivência no coração da cultura têxtil indonésia foi um divisor de águas, revelando-lhe as infinitas possibilidades que os fios e tramas ofereciam. Seguindo sua trajetória no campo do têxtil, a empreendedora mineira
migrou para o concorrido mercado carioca, onde manteve uma confecção de roupas e uma loja atacadista no icônico Edifício 33, em Copacabana, comercializando peças confeccionadas com os tecidos únicos que desenvolvia na Indonésia.
Como todo o caminho de uma grande artista, a vida e seus ciclos afastaram Mônica do universo têxtil. Após enfrentar corajosamente uma depressão, Mônica se jogou de corpo e alma na arte têxtil, onde encontrou não apenas um refúgio, mas um caminho para a reconexão e a redescoberta de sua essência criativa. “Foi um reencontro com a minha paixão mais profunda”, revela a artista. O renascimento começou com o patchwork tradicional, evoluindo por diversas técnicas até o encontro transformador com o quilting artístico. Hoje, sua marca registrada é a técnica de aplicação em raw edge (borda crua), combinada com o quilting à mão livre e o bordado. Mônica cria painéis genuínos, com absoluta e singular expressividade. “Sou apaixonada pelas possibilidades da arte têxtil, pelas combinações improváveis entre os tecidos estampados e suas cores fortes e marcantes, que são a característica principal dos meus painéis”, enfatiza Mônica. “Como no poema de Cris Pizzmenti, ‘Sou feita de retalhos. Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma.’”
Essa busca constante de aprendizado e aprimoramento reflete-se em cada trabalho, que carrega a energia vibrante que pulsa em cada uma de suas pinceladas têxteis. O conjunto revela uma obra artística única, dessa artista inigualável! Mônica Romeiro cria com exclusividade, e cada trabalho artístico seu, como todo grande trabalho de valor, vem acompanhado de certificado de autenticidade, o que agrega ainda mais valor a tudo o que a artista produz e vende.
Obra: Espiadela
Mônica Romeiro
ARTE
A matéria-prima de Mônica é tão única quanto sua história: retalhos da indústria de confecção, panos de limpeza e até forração de sofá ganham nova vida em suas mãos. “Tenho preferência pelos tecidos planos e estampados, e os tecidos pintados manualmente na Indonésia são meus favoritos”, ela explica, evidenciando a riqueza de sua experiência global. Ela também recebe doações de tecidos, como os da Fiosgood, empresa reconhecida por produzir tecidos a partir de fibras naturais e com certificações internacionais. Essa escolha consciente reflete um dos focos centrais de seu trabalho: a reutilização de resíduos têxteis, transformando o descarte em arte e objetos de desejo.
Suas obras são um espelho de suas vivências e de suas convicções. Mônica Romeiro explora temas como o empoderamento feminino, a mistura de materiais, a dualidade entre o que é falado e o que os olhos revelam, a sensualidade sutil do olhar e da boca, e a beleza plena da natureza nas cores do sol, das flores, das aves e dos abstratos.
Após um convite de Cíça Mora, curadora especializada em têxteis, que viu em Mônica Romeiro um potencial sem igual, a artista participou de sua
primeira exposição nacional. Após sua estreia, recebeu inúmeros convites para outras exposições, nacionais e internacionais, sendo ovacionada no exterior por sua competência em criar com excelência inúmeras expressões faciais em semblantes de diferentes personalidades. Com a Carteira Nacional do Artesão, ela é hoje reconhecida por sua magnitude artística, traduzida em convites e prêmios nacionais e internacionais.
Buscando difundir seu trabalho e fazer com que seu grito sustentável reverbere, mostrando a importância do conhecimento sobre as possibilidades de ressignificação dos resíduos têxteis, a arte têxtil de Mônica Romeiro é, um legado de paixão, inovação e um convite à reflexão sobre a beleza encontrada no que antes era descartado, celebrando as cores vibrantes da vida e a alma que pulsa em cada ponto.