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Editor Chefe: Fred Haydu
Diretor de redação: Ricardo Gomes
Designer: Carlos C. Tartaglioni
Comercial: Fred Haydu
Digital: Daniela Marx, Henrique Pereira, Eric Vigiani Foto da capa: Capa 1 - Looks ganhadores Brasil Fashion Designers com I.A. da Reachr. Capa 4 - Arte Didu Losso sob denim e I.A. da Reachr.
Colaboradores: Ricardo Gomes, Daniela Marx, Milena Abreu, Sarah Caldas, Clarissa Magalhaes, Rosilaine Araujo, Vanessa San Jorge
Instagram: @revistatextil
Agradecimentos: Dudu Bertholini, TexApex, Marcos The Creator, Marta De Divitiis, Brasil, Eco Fashion, Guia Jeanswear, Carlos Vieira, Grupo Fcem.
Publicação bimestral com circulação dirigida às fiações, tecelagens, malharias, beneficiadoras, confecções nacionais e internacionais, universidades e escolas técnicas. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a filosofia da revista. A reprodução total ou parcial dos artigos desta revista depende de prévia autorização da Editora.
Redação
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UM NOVO PROTAGONISTA?
Em um momento de instabilidade geopolítica, onde os Estados Unidos parecem mais interessados em alimentar tensões do que em construir pontes, a China avança — com estratégia, pragmatismo e protagonismo.
Nesta edição, registramos a força do Intertextile Shanghai, um evento que vai muito além de uma feira: é termômetro da nova ordem global da indústria têxtil. O que vimos por lá foi uma China preparada para liderar, ditar tendências e atrair olhares do mundo todo. E, felizmente, o Brasilestavapresente.
Com talento, resiliência e inovação, criadores brasileiros seguem ocu-pando espaços e construindo narrativas relevantes. O Brasil Fashion Designers é um reflexo disso — e foi nesse palco que nossa amada Vivi Haydu recebeu uma homenagem mais do que merecida. Sua trajetória, marcada pelo compromisso com a moda, o conhecimento e o fortale-cimento do têxtil nacional, é símbolo da potência que somos quandounimoshistória,criatividadeepropósito.
No dia do Têxtil, 21 de abril, celebramos uma cadeia produtiva essencial que conecta culturas, tecnologias e mercados. Em um mundo cada vez mais interligado, a relação entre Brasil e China se fortalece numa dinâmica cada vez mais interessantes para os dois países. As novas possibilidades de uma dinâmica mais solida com os Estados Unidos e maior cooperação comercial com nossos vizinhos na América Latina, gera uma positividade para a evolução de mas e novos relações de mercado, podendo abrir caminhos promissores para todo setor.
A Inteligência Artificial vem acelerando muitas transformações, trazendo soluções inovadoras que já impactam na Indústria Têxtil desde o design até a gestão da produção, passando já por toda cadeia textil. Com certeza uma nova Era esta se iniciando com o desenvolvimento dessa tecnologia e isso se mostra que as mudancas já são concretas e avançam rapidamente.
Com entusiasmo, São Paulo recebeu a Febratextil que na sua primeira edição já se consolida o retorno de um novo polo de conexões, negócios e criatividade no calendário do setor. A RT traz uma cobertura da grandiosa feira Intertextile em Shanghai do grupo Messe Frankfurt que reafirma a forca da Asia nas tendencias globais e inspira colaborações cada vez mais estratégicas. Matérias de mercado, tendencias, cultura, inovação, moda e muita mais nas paginas dessa edição.
Neste mês de abril também parabenizamos os 30 anos da São Paulo Fashion Week, que continua sendo um ícone de inovação e valorização da identidade da moda brasileira.
Com emoção e imensa gratidão por tanto carinho recebido, destacamos o Concurso Brasil Fashion Design, que prestou uma bela homenagem a eterna Vivi Haydu, ícone de elegância, sensibilidade e paixão pela moda e por todo setor têxtil. Seu legado segue vivo, inspirando a nova geração de estilistas. A capa dessa edição foi desenvolvida com ajuda de I.A. com base nas fotos e referencias dos looks dos vencedores do BFD.
Com grande alegria a revista Textil celebra 94 anos informando a Industria Textil, trazendo sempre informações relevantes do Brasil e do mundo, tendencias, inovação e transformações do setor. Gratos de ter a benção de contar com o poder colaborativo da comunidade têxtil e de parceiros e colunistas tão incríveis e talentosos, que juntos estamos dando continuidade e formatando a Revista Textil cada vez mais atual, inovadora, abrangente, diversa e seria. Convidados acessar osite www.revistatextil.com.br onde temos sempre notícias e mais informação de toda Indústria Textil
Vida longa a Revista Textil. Que esta edição inspire, conecte e celebre a força de um setor que continua a se reinventar, tecendo o futuro com coragem,parasermaisprosperoesustentável.
TARIFAÇO DE TRUMP: RISCOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO DO BRASIL
Por Fernando Pimentel DiretorSuperintendentedaABIT
As tarifas recíprocas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos, que entram em vigor neste sábado (5/04), representam um marco sem precedentes no comércio internacional. O impacto será sentido em diversos setores, especialmente no têxtil e de confecção, dado que os EUA importam cerca de US$ 100 bilhões por ano nesses segmentos. Muitos países fortemente exportadores foram duramente taxados, e ainda não está claro como reagirão a esse novo cenário. O que é certo, no entanto, é que essas nações buscarão outros mercados para escoar sua produção.
Esse movimento representa um grande risco para a indústria têxtil e de confecção do Brasil. Com a perda de competitividade nos EUA, países altamente taxados podem intensificar suas exportações para o mercado brasileiro, muitas vezes por meio de práticas desleais de comércio, como subsídios e dumping. Essa avalanche de produtos importados pode prejudicar a produção nacional, afetando investimentos e empregos. Por isso, medidas de defesa comercial precisarão ser adotadas com rapidez e firmeza. A Abit, que já atua fortemente nessa agenda internacional, reforçará sua atuação para proteger o setor.
Por outro lado, esse novo cenário abre oportunidades para o Brasil no próprio mercado norte-americano. Com tarifas elevadas sobre importantes concorrentes asiáticos, os produtos têxteis e confeccionados brasileiros podem ganhar espaço nos Estados Unidos. Para isso, será essencial investir em competitividade, inovação e estratégias comerciais que ampliem nossa presença nesse mercado.
A Abit seguirá monitorando os desdobramentos dessa nova realidade, atuando para garantir que os interesses da indústria nacional sejam defendidos e que as oportunidades sejam plenamente aproveitadas.
CARDA RIETER C 80: RELAÇÃO
OTIMIZADA CUSTO-DESEMPENHO
Chuzhou Jinshangjia Yarn Industry Co., Ltd., uma fábrica de fiação na província de Anhui, melhorou sua relação custo-benefício ao instalar três cardas Rieter C 80. A empresa tem cerca de 100.000 fusos e produz 55 toneladas de fio compacto cardado Ne 16-26 por dia. Com uma produção de 120 kg/h, a C 80 ajuda a lidar com volumes maiores de pedidos.
A Jinshangjia tem como objetivo aumentar a produção e, ao mesmo tempo, manter a alta qualidade da fita. Anteriormente, a empresa usava as cardas Rieter C 72 com uma taxa de produção de 80 kg/h. Para obter maior capacidade sem usar mais espaço, a empresa testou diferentes soluções e escolheu a C 80. Ela produz até 120 kg/h com qualidade estável da fita e reduz onúmero de neps em até 82% durante o processo de cardagem. Isso apoia o objetivo da empresa de melhorar a qualidade do fio e a eficiência de custos.
MELHOR DESEMPENHO
A C 80 tem a maior área de cardagem ativa, o que melhora a abertura e a limpeza da fibra. Ela tem 40 flats ativos e ajustes precisos da folga de cardagem, o que leva a uma alta qualidade da fita para uma fiação eficiente. A eficiência energética é uma outra vantagem. O sistema de acionamento aprimorado e a tecnologia de aspiração reduzem o consumo de energia e mantêm a produção elevada. O design modular reduz a manutenção e o tempo de inatividade da máquina.
PARCERIA DE LONGO PRAZO
A Jinshangjia tem usado a tecnologia da Rieter desde 2013. Gu Jingguo, gerente geral da Chuzhou Jinshan-
gjia Yarn Industry Co., Ltd. explica: "Nossa cooperação com a Rieter remonta a 2013. Por mais de uma década, confiamos nos equipamentos, na tecnologia avançada e no serviço profissional da Rieter. A carda C 80 é caracterizada pela alta estabilidade, notável rendimento de produção e longa vida útil. A fita é de qualidade superior, com menos neps, garantindo excelente desempenho do fio no processo de fiação final. Isso é muito apreciado por nossos clientes."
Ao investir na C 80, a Jinshangjia fortalece sua posição como uma empresa inovadora. Com tecnologia de cardagem avançada, ela continua a aprimorar a produção, garantindo crescimento e fios de alta qualidade para o mercado têxtil global.
Gu Jinguo, Gerente Geral da Chuzhou Jinshangjia ao lado da C 80
A NOVA COSTURA DO TALENTO: COMO A INDÚSTRIA TÊXTIL ENFRENTA
O DESAFIO DE CONTRATAR
NA ERA DIGITAL
Aindústria têxtil brasileira vive um momento de aquecimento. Impulsionada por políticas de reindustrialização, aumento das exportações e investimentos em inovação, o setor se vê em expansão. No entanto, um problema estrutural surge com força: a dificuldade em encontrar profissionais para acompanhar esse ritmo — capacitados ou não.
De acordo com dados da ABIT, são mais de 1,3 milhão de empregos diretos no setor. No entanto, a digitalização acelerada dos processos produtivos e logísticos exige novas competências — e elas nem sempre estão disponíveis com a velocidade necessária. A falta de mão de obra tornou-se um entrave real para o crescimento. Empresas relatam dificuldades crescentes de contratação, sendo a escassez de profissionais o principal motivo citado, seguido pela falta de qualificação técnica.
Além disso, é cada vez mais comum ouvir que profissionais foram perdidos para outros setores, e que o absenteísmo tem aumentado, agravando a instabilidade nos quadros produtivos.
NOVA GERAÇÃO, NOVOS CRITÉRIOS
A entrada da Geração Z no mercado trouxe um novo olhar sobre o trabalho. Jovens profissionais não enxergam mais a estabilidade como uma vantagem. Buscam propósito, flexibilidade, diversidade — valores que muitas vezes colidem com culturas organizacionais mais tradicionais.
O modelo híbrido, por exemplo, ainda não é amplamente adotado no setor, o que gera barreiras para atrair esta nova geração. Soma-se a isso o desalinhamento na comunicação: a nova geração prefere interações digitais, sociais e rápidas — nem sempre compatíveis com as práticas industriais. Esse descompasso na linguagem e nas expectativas dificulta a conexão entre empresa e candidato desde o início do processo.
CONCORRÊNCIA ALÉM DO SETOR
O desafio não é apenas interno. A indústria têxtil disputa talentos com setores como varejo, automotivo, tecnologia e logística. Muitos profissionais migraram para áreas em ascensão ou optaram pelo microempreendedorismo, em busca de autonomia.
Esse movimento exige que as empresas têxteis repensem sua proposta de valor. Não é mais possível atrair com os mesmos argumentos de sempre, com o mesmo processo de recrutamento & seleção. Problemas complexos como a escassez de talentos não se resolvem com soluções simplistas.
RECRUTAR VIROU UMA CIÊNCIA OMNICHANNEL
Atrair candidatos exige presença em múltiplos canais: redes sociais, job boards, indicações, bancos de currículos, escolas técnicas, universidades, ONGs e comunidades nichadas. Também exige fortalecer a marca
empregadora, posicionando a empresa como um lugar desejável para se trabalhar.
Esse modelo omnichannel transforma o recrutamento em um funil de vendas — cada etapa precisa ser pensada estrategicamente, do primeiro contato até o fechamento da vaga. A tecnologia torna-se essencial nesse processo.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL COMO PONTE
Ferramentas baseadas em inteligência artificial (IA) já automatizam triagens, testes online, entrevistas gravadas e comunicações. Também cruzam dados técnicos e comportamentais, identificando o fit ideal entre candidatos e vagas.
Além da agilidade, essas soluções respeitam a jornada do candidato, garantindo retorno — mesmo negativo — e operando em conformidade com a LGPD.
O futuro do recrutamento e seleção, portanto, está na combinação da IA com o fator humano. A tecnologia pode automatizar tarefas, fornecer dados e insights, mas é o recrutador que toma as decisões finais.
Essa parceria entre homem e máquina tem o potencial de revolucionar o mercado de trabalho, tornando o processo de recrutamento e seleção mais eficaz e justo, sem perder a humanização.
INICIATIVAS COLABORATIVAS GANHAM FORÇA
Frente a esse cenário, o setor têxtil responde de forma coordenada. Um exemplo é a plataforma Chance, desenvolvida pela ABIT, Sinditêxtil e a HRTech Reachr. Criada especialmente para o setor, ela unifica canais de atração, triagem com IA, avaliações comportamentais e gestão de dados.
“Criamos a Chance pensando em uma solução que conversasse com as necessidades reais das empresas do
nosso setor. Sabemos que o desafio da contratação é coletivo, por isso reunimos tecnologia e inteligência de mercado com a expertise da ABIT e do Sinditêxtil para entregar uma ferramenta que faz sentido para a indústria”, afirma Vanessa San Jorge, cofundadora da Reachr.
COSTURANDO O FUTURO COM PESSOAS
Contratar não é mais tarefa operacional. Hoje, é uma pauta que envolve estratégia omni-channel para atração de candidatos, selecionar pessoas de forma a criar times diversos, motivados e preparados para os desafios de um mercado dinâmico. É ter uma marca empregadora forte que conversa constantemente com sua base de candidatos. É ter uma gestão de dados e indicadores que apoiem a gestão e tomada de decisões sobre pessoas.
Para isto as empresas precisam ganhar relevância e competitividade com um processo de recrutamento estratégico e eficaz. Unir empatia e tecnologia, dados e propósito.
O futuro do trabalho já está sendo tecido — e ele exigirá das indústrias precisão, leveza e inovação em cada ponto.
Vanessa San Jorge Braga Socia cofundadora e COO na Reachr
INDÚSTRIA E EDUCAÇÃO TECENDO
JUNTAS
O FUTURO DO SETOR TÊXTIL
Por Camilla Borelli e Sarah Caldas
Ofortalecimento da cooperação entre universidades, escolas técnicas e a indústria têxtil tem se mostrado uma estratégia promissora para impulsionar a inovação, a competitividade e a cultura científica no Brasil. Essa aproximação, que há décadas vem sendo construída, ganha novos contornos com iniciativas que promovem o intercâmbio de conhecimento e experiências entre o meio acadêmico e osetor produtivo.
A Associação Brasileira de Tecnologia Têxtil, Confecção e Moda (ABTT) tem atuado como um elo fundamental nesse processo. Criada em 1962, a entidade mantém entre seus principais objetivos a promoção da troca de saberes entre profissionais da cadeia têxtil e a valorização da pesquisa aplicada, visando sempre odesenvolvimento tecnológico do setor.
Uma das ações mais recentes da entidade é o projeto “Dia de Prática”, que abre espaço para que estudantes de cursos técnicos e superiores vivenciem na prática todas as etapas da criação têxtil, desde o desenvolvimento do conceito até a impressão do tecido. Essa experiência, realizada nas instalações de uma empresa parceira da ABTT, será registrada e divulgada nas redes sociais, valorizando a participação dos alunos e estimulando a aproximação com o mercado de trabalho.
A entidade também mantém uma rede de embaixadores formada por docentes e estudantes, que atuam como elo entre as instituições de ensino e a associação. A partir dessa articulação, a ABTT viabiliza o contato com o setor produtivo, promovendo projetos conjuntos, experiências práticas e a inserção de novos talentos na indústria.
Com o objetivo de aproximar ainda mais o mundo acadêmico do mercado de trabalho, a associação também disponibiliza um espaço para a divulgação
de vagas de estágio e emprego em sua plataforma, contribuindo diretamente para a empregabilidade dos estudantes e para a renovação dos quadros profissionais do setor.
Outro destaque é a ABTT Academy, uma plataforma de cursos voltada para a formação continuada de profissionais. Os cursos oferecidos seguem o conceito de lifelong learning, com temáticas práticas e atuais, voltadas especialmente para áreas pouco exploradas nos currículos tradicionais. A proposta é conectar conhecimento técnico à realidade do setor, de profissional para profissional, com foco em atualização e capacitação constante.
A união entre indústria e academia não se resume à formação prática. Também está presente na valorização da pesquisa científica. O Congresso Científico de Têxtil e Moda (CONTEXMOD), organizado pela ABTT em parceria com universidades, é um exemplo dessa integração. O evento reúne anualmente pesquisadores, estudantes e profissionais para discutir os rumos do setor e apresentar os resultados de estudos que contribuem diretamente para a sustentabilidade, a inovação e a competitividade das empresas brasileiras.
A expectativa é que, com investimentos em pesquisa e educação, seja possível reduzir a dependência de insumos importados, melhorar os custos de produção e incentivar a cultura científica dentro das empresas. Trata-se de um caminho estratégico para reposicionar o Brasil como um polo de inovação têxtil no cenário global.
A aproximação entre escolas e entidades como a ABTT representa um avanço importante. Fortalecer essa rede de cooperação é essencial para transformar osetor têxtil e de moda em um verdadeiro laboratório de soluções sustentáveis, criativas e tecnologicamente avançadas.
CANTON FAIR ABRE ESPAÇO PARA O PROTAGONISMO DA INDÚSTRIA
TÊXTIL
CHINESA
Com impressionantes 1,55 milhão de metros quadrados de área de exposição, a 137ª edição da Canton Fair se prepara para apresentar ao mundo uma mostra robusta da força e da diversidade da indústria chinesa. O evento contará com 74 mil estandes, organizados em 55 áreas expositivas e 172 setores especializados, cobrindo uma vasta gama de produtos e setores industriais. Entre os destaques desta edição, o setor têxtil ganha evidência especial, com áreas dedicadas ao vestuário masculino e feminino, moda esportiva e casual, lingerie, acessórios, tecidos, matérias-primas, couro, peles, plumas e artigos relacionados.
Reflexo direto das transformações do consumo e da busca por identidade no vestuário, a Canton Fair vem acompanhando a evolução da indústria têxtil e de moda da China, que dá passos importantes na direção de uma produção mais sofisticada, inovadora e sustentável. De uma base histórica voltada para produção em larga escala, o setor agora aposta em tecnologia têxtil de ponta, design autoral e novas formas de expressão criativa, posicionando o país como referência global também em moda.
A chamada “China Clothing” se apresenta de forma mais estratégica e ousada, mostrando ao público internacio-
nal o resultado de investimentos em tecidos inteligentes, técnicas de fabricação avançadas e conceitos de sustentabilidade industrial. Marcas e empresas do setor chegam ao evento com coleções que combinam tradição e inovação, refletindo um momento de renovação do design e valorização da estética contemporânea.
Li Qiang, vice-diretor do Departamento da Indústria de Bens de Consumo do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, ressalta que a indústria têxtil chinesa vive uma fase de resiliência e potencial de crescimento acelerado, com ampla capacidade de adaptação às novas demandas do mercado global. Para ele, o caminho está na valorização do design original, na construção de marcas fortes e no incentivo à manufatura verde, promovendo uma cadeia produtiva mais limpa, consciente e eficiente. A adoção de práticas sustentáveis e a aceleração da transformação digital e inteligente também são pilares fundamentais dessa nova fase da indústria.
A edição 137 da Canton Fair reafirma sua posição como ambiente estratégico de negócios e inovação, oferecendo visibilidade a marcas emergentes, novos talentos criativos e empresas que apostam em diferenciação e tecnologia. Em um cenário cada vez mais conectado, onde as escolhas do consumidor são influenciadas por valores, narrativas e experiências, a moda chinesa se reposiciona com um olhar mais autoral, competitivo e alinhado às transformações do século 21.
Para compradores, designers, fornecedores e todos os agentes do setor têxtil e de moda, a Canton Fair continua sendo um espaço imprescindível para acompanhar tendências, identificar oportunidades e firmar conexões de valor. Mais do que uma vitrine de produtos, o evento se consolida como um verdadeiro termômetro da evolução industrial chinesa, reafirmando o papel central da China na reinvenção global do vestir. RT
UNIDOS PELA INOVAÇÃO: TÊXTIL PRECISA FORTALECER LAÇOS
PARA ENFRENTAR DESAFIOS GLOBAIS
Entrevista com Michael McDonald, presidente da SPESA, sobre colaboração internacional, sustentabilidade e o papel transformador da tecnologia na indústria têxtil
Em meio a um cenário global cada vez mais desafiador, a colaboração entre países americanos se mostra essencial para garantir competitividade e inovação na indústria têxtil. Para Michael McDonald, presidente da SPESA (Sewn Products Equipment & Suppliers of the Americas), o caminho é claro: “não existe possibilidade de competir com o mercado chinês se não nos unirmos”. A SPESA representa equipamentos, softwares e serviços para a cadeia têxtil e de confecção, promovendo a integração entre empresas dos Estados Unidos, Canadá, México, América Latina — e, claro, o Brasil.
Em entrevista exclusiva à Revista Têxtil, McDonald compartilhou sua visão sobre o papel estratégico da integração regional, os avanços da indústria nos EUA e as oportunidades que eventos como a Techtextil & Texprocess Americas oferecem para toda a cadeia têxtil.
Revista Têxtil: Qual a importância de uma cooperação mais sólida entre os países das Américas no cenário atual?
Michael McDonald: O Brasil é uma das maiores potências de manufatura do Ocidente. Quando comparamos otamanho da população do Oriente com o Ocidente,
fica evidente que só poderemos competir com mercados como o chinês se atuarmos juntos. A integração entre os países americanos precisa ser estratégica e mutuamente benéfica. O comércio entre nós precisa ser fortalecido, pensando em shore e oportunidades reais de negócios. Mais do que nunca, precisamos uns dos outros.
Revista Têxtil: E em relação à inovação, como a indústria têxtil norte-americana tem evoluído?
Michael McDonald: Durante muito tempo, de 1980 até meados de 2017, os avanços tecnológicos nas manufaturas básicas dos EUA foram tímidos. Mas isso começou a mudar nos últimos cinco anos. Estamos vendo avanços expressivos em automação, inovação e produtividade. Centros de inovação estão surgindo em todos os cantos do país. É um novo momento.
Revista Têxtil: As big techs estão olhando para o setor têxtil?
Michael McDonald: Sim, empresas como Amazon, Microsoft, Apple querem se aproximar da indústria têxtil. Mas não conseguem fazer isso sozinhas. Elas precisam de pontes — e essas pontes somos nós, que
conhecemos a cadeia, as instituições, o ecossistema têxtil. Esse diálogo precisa começar agora. Precisamos nos decidir: queremos ou não um futuro sólido em matérias-primas, insumos, aviamentos e tudo o que impulsiona nossa indústria?
Revista Têxtil: E quanto à sustentabilidade? Como o mercado norte-americano está lidando com essa pauta?
Michael McDonald: A sustentabilidade está sendo puxada por uma parcela da sociedade muito engajada — e isso é ótimo —, mas o mais importante é que grandes empresas estão realmente comprometidas com o tema. Há muita pesquisa sendo feita, muitas oportunidades. O desafio é estrutural: temos que investir mais em infraestrutura para reciclagem. Só de poliéster já temos o suficiente no mundo para não precisar produzir mais. Mas também temos que olhar para o algodão, o rayon, os PETs... é uma discussão que envolve todo tipo de fibra.
Revista Têxtil: A SPESA participa da Techtextil & Texprocess Americas. Qual o papel da feira para o setor?
Michael McDonald: A Texprocess, organizada pelo grupo Messe Frankfurt, é nossa grande aliada. A próxima
edição será de 6 a 8 de maio de 2025, em Atlanta, e vai cobrir toda a cadeia têxtil — das fibras ao produto final. Estamos muito animados com os temas que serão discutidos e com os avanços que serão apresentados. É impressionante o quanto evoluímos em tecnologia nos últimos anos.
Revista Têxtil: E a Inteligência Artificial, como ela pode contribuir?
Michael McDonald: A IA pode ser uma grande aliada, simplificando processos e otimizando decisões. Independentemente do tamanho da empresa — pequena ou grande — a automação e a tecnologia são ferramentas acessíveis e transformadoras. E o melhor: não é preciso fazer investimentos absurdos. Muitas soluções estarão ao alcance de todos na próxima edição da Texprocess.
Revista Têxtil: Uma última mensagem para o setor?
Michael McDonald: Precisamos tomar decisões agora. O futuro da indústria têxtil americana — e, por que não, da indústria têxtil das Américas — está sendo escrito neste momento. Cooperação, inovação e sustentabilidade não são mais alternativas: são urgência.
MERCADO
TECELAGEM MACIAS
CELEBRA 80 ANOS COM INOVAÇÃO, EXPANSÃO E
COMPROMISSO COM
A SUSTENTABILIDADE
Em 2025, a Tecelagem Macias chega ao marco de 80 anos de história, reafirmando seu papel como referência na produção de tecidos planos de alta qualidade no Brasil. Fundada em 1945 como Tecelagem Jacyra, a empresa é atualmente gerida por Roberto Macias e seu filho, Heitor Macias, que seguem à frente de uma trajetória marcada por ino-vação e respeito ao legado familiar.
EXPANSÃO E INVESTIMENTO NA CAPACIDADE PRODUTIVA
Com um olhar atento às demandas do mercado e ao crescimento sustentável, a Macias concluiu uma etapa importante de expansão da capacidade produtiva, com aumento de 40%. Essa ampliação foi possível após a mudança para um novo espaço industrial e pela aqui-sição de um conjunto completo de teares — incluindo máquinas de jato de ar — que permitiram maior flexibili-dade na produção e a introdução de novas misturas de fibras,comoalgodão eelastano.
POLIAMIDA PREMIUM QUE SE DESTACA NO MERCADO
Um dos principais diferenciais da Tecelagem Macias é a produção de poliamida 6.6 de alta performance, com qualidade superior reconhecida por marcas de moda e por clientes da linha profissional. A empresa trabalha com fios de poliamida 6.6 de alta tenacidade, que ofere-cem resistência mecânica elevada, durabilidade supe-rior e toque sedoso — características ideais para peças que exigem
desempenho técnico aliado à sofisticação. A Macias também conta com parcerias estratégicas com fornecedores renomados, como Sensil® da Nilit e Amni® da Rhodia, garantindo qualidade, rastreabilidadeeinovaçãoemseusprodutos.
COMPROMISSO COM A SUSTENTABILIDADE
A sustentabilidade faz parte da cultura da Macias e orienta suas decisões industriais e comerciais. A em-presainvestecontinuamenteemaçõesvoltadasao usomais eficiente de recursos, redução de resíduos e ras-treabilidade dos materiais utilizados. A Macias também mantém certificações como ISO 9001 e ABVTEX, refor-çando seu compromisso com práticas
OLHAR PARA O FUTURO
Celebrar 80 anos é também reafirmar a missão de ino-var com consciência. Com uma estrutura sólida, um portfólio técnico e criativo e um time comprometido, a Tecelagem Macias segue construindo o futuro com base na mesma fibra que a move desde o início: tradi-ção com visão de futuro.
FEIRAS
INTERTEXTILE: UM MARCO GLOBAL NO SETOR TÊXTIL
Entre os dias 11 e 13 de março de 2025, Xangai se transformou no epicentro da indústria têxtil mundial com a realização da Intertextile Shanghai Apparel Fabrics – edição Primavera. A convite da organização, a Revista Têxtil esteve presente na cobertura deste evento histórico, que comemorou seu 30º aniversário e reafirmou seu papel como uma das maiores e mais importantes feiras do setor global.
UMA ESTRUTURA COLOSSAL PARA UMA FEIRA DE PROPORÇÕES GIGANTES
O evento foi realizado no monumental National Exhibition and Convention Center (NECC), um complexo com impressionantes 190 mil metros quadrados. Seus inúmeros pavilhões de dois andares são interligados por
Por FredHaydu
escadas, passarelas, corredores e avenidas suspensas, criando uma malha urbana dedicada à inovação têxtil. A edição reuniu mais de 3.100 expositores de 25 países e atraiu mais de 195 mil visitantes de 131 nacionalidades.
O ENCANTO DA CULTURA CHINESA
Além da grandiosidade estrutural, a Intertextile ofereceu um espetáculo de organização, civismo e beleza. A cultura chinesa, com sua educação e hospitalidade, influenciou diretamente a experiência do visitante. A presença do budismo, a gastronomia exótica – com destaque para os dumplings –, o uso refinado da seda, os tradicionais chás e as pedras de jade conferiram um charme particular à visita. E até a capivara brasileira, transformada em pelúcia com sotaque local – a “CaBiBara” –, conquistou os corações dos chineses.
Haydu
FEIRAS
DIVERSIDADE DE PAVILHÕES E INOVAÇÃO
A feira extrapolou o universo dos tecidos de vestuário, seu foco principal, com pavilhões dedicados a fibras e fios (Yarn Expo), denim, têxteis funcionais, sintéticos e moda. A equipe da Revista Têxtil participou de visitas guiadas e apresentações que revelaram importantes lançamentos. A área de tecnologia e estamparia destacou-se por sua riqueza, e a programação contou com 18 seminários com especialistas de diversas áreas.
PARCERIA BRASIL-CHINA E NOVAS PERSPECTIVAS
Brasil e China já mantêm uma parceria consolidada no setor têxtil, mas as mudanças observadas na última década na indústria chinesa são dignas de destaque. Há uma evidente abertura para tendências globais, com foco crescente em sustentabilidade, automação, novos materiais e inteligência artificial. A maturidade e a funcionalidade dos fornecedores chineses impressionam, e seus vizinhos – especialmente Índia e Vietnã – também demonstram grande capacidade de complementar a cadeia produtiva com qualidade e inovação.
TREND FORUM: IDENTIDADE E INOVAÇÃO
Um dos pontos altos da feira foi o Trend Forum, com otema “I-DENTITIDES”, um convite à valorização dos valores humanos e à adaptação às rápidas transformações do mundo contemporâneo. A curadoria abordou oautocuidado como resposta à complexidade atual e apresentou quatro macrotemas:
• Simple – O minimalismo funcional domina este universo: tecidos naturais e elegantes como couro, algodão, seda crua, linho, cânhamo e cashmere evocam conforto e sofisticação.
• Hacking – Uma abordagem de reinvenção: o cruzamento entre urbano e natureza, esporte e beleza, materiais reciclados e digitais. Misturas de algodão
FEIRAS
com fibras sintéticas, spandex e a estética do metaverso configuram essa tendência.
• Mischief – Uma explosão de cores e ludicidade: estilo neo-romântico atualizado, tecidos como tule, crepe, bordados e fibras de celulose são explorados com ousadia e alegria.
• Freedom – O luxo dramático e personalizado: destaque para tecidos como chiffon, tafetá e seda, com foco na individualidade e na sofisticação artesanal, incluindo crochê e materiais de altíssima qualidade.
A grande tendência é clara: a personalização, a funcionalidade e a sustentabilidade são os novos pilares do desenvolvimento têxtil.
YARN EXPO: A MATÉRIA-PRIMA
COMO PROTAGONISTA
O Pavilhão 8.2 do NECC concentrou mais de 560 expositores especializados em fibras e fios, compondo a Yarn Expo, que se consolidou como uma vitrine essencial para os insumos da cadeia têxtil. De fibras naturais premium a inovações sintéticas de última geração, a feira evidenciou a integração de tecnologia e responsabilidade ambiental como diretrizes essenciais para o futuro do setor.
BEYOND DENIM
Uma área especializada dentro da feira, focada em fornecedores e fabricantes de denim, oferecendo uma pla-
CHINESE HERBS
CHINESE HERBS
FEIRAS
taforma para explorar as últimas tendências, tecnologias e produtos do setor. Reuniu amostras e técnicas dos expositores de denim numa enorme variedade de lavagens, flocagens, tingimentos, cores e texturas do denim e “beyond”. A funcionalidade de poder tocar, fotografar e inspirar-se, permitindo aos visitantes ter total referência dos produtos e lançamentos em primeira mão. Lavagens em todos os tons e cores, mas com forte presença do off-white, o jeans sem tingimento, em várias gramaturas e em diferentes nuances dentro do off-white.
ECONOGY
Uma incrível criação da Messe Frankfurt que une as palavras economia e ecologia em inglês, gerando a “ECONOGY”, que há 10 anos reúne, em um só setor, muitas empresas internacionais e chinesas que trazem soluções e inovações com baixo ou nenhum impacto ao meio ambiente, prezando pela sustentabilidade e pela educação de todo o setor quanto à necessidade de respeitar e implementar práticas sustentáveis em toda a cadeia produtiva. É um trabalho de muitos anos, cujos efeitos já podem ser vistos em empresas que implementaram ações efetivas — tão importante para o nosso futuro neste planeta.
Reunindo 28 empresas em um espaço muito inspirador da INTERTEXTILE, com sala de palestras e seminários abertos ao público, o ECONOGY aborda de forma didática a pauta ambiental e dá visibilidade a ações inovadoras e responsáveis.
NOVIDADES
OEKO: novo selo de qualidade lançado pela Oeko, identifica microplásticos, promovendo a certificação de não-agressão por produtos sintéticos (como glitter). Até 2026, exige-se transparência de todas as empresas que utilizam plástico ou o descartam no meio ambiente.
ECOCERT: selo francês de certificação para agricultura orgânica aplicada à têxteis.
ORGANIC COTTON: selo presente em 23 países, o selo certifica o algodão sustentável, abrangendo toda a ca-
FEIRAS
deia — produção, processo, responsabilidade social e identificação de químicos.
TESTEX: certifica tecidos sustentáveis e o processo de produção de couro animal.
RUDHOLM GROUP: grupo internacional de embalagens e produtos sem impacto ambiental. Suas sacolas plásticas para envio e armazenamento de têxteis são totalmente biodegradáveis, graças a uma enzima que atrai microrganismos; em ausência de oxigênio, inicia-se o processo em 45 dias e a decomposição leva, em média, dois anos, sem gerar microplásticos ou resíduos. Também oferecem tintas para papelão feitas de algas.
TEXTILE GENESIS: empresa de tecnologia da Holanda, em parceria com a Lectra, desenvolve um “passaporte digital” para têxteis, criando um arquivo de dados que facilita a rastreabilidade e oferece soluções de marketing por meio de dados de fornecedores e clientes.
CHINESE HERBS: desenvolve blends de ervas fitoterápicas e aromáticas chinesas, com base na medicina tradicional. Produz travesseiros anatômicos com capas de algodão orgânico, totalmente preenchidos com ervas que acalmam, ajudam contra insônia e tem ação regeneradora. Também oferece sachês de ervas em capas de algodão para serem inseridos em fronhas comuns, proporcionando benefícios fitoterápicos.
SATERI: seus produtos estão muito presentes no cotidiano chinês. Com foco em viscose e lyocell, a maior produtora da China chega a produzir 1,8 milhão de toneladas por ano. Sua produção de viscose se divide em três linhas: Ecocosy (viscose convencional), Black Spantie Fibre (100% viscose sustentável) e Knitted Fisical (100% fibra reciclada).
CEYUANDI: em parceria com a Lenzing, fabrica internamente diversos tecidos que trazem brilho, maciez e inspiração chinesa, remetendo às famosas sedas.
HIGH FASHION GROUP: também em parceria com a Lenzing, produz roupas leves de verão em cupro, viscose, seda e sintéticos. O diferencial está no reaproveitamento de roupas de segunda mão para a extração de
SUNSHINETEX: especialista em tecidos impermeáveis, produz feltros e usa spandex com poliéster para maiorelasticidade,podendoaplicarimpermeabilização emqualquertecido.
JUFENG: commaisde10milclientesnomundo—inclusive no Brasil —, fabrica vestuário streetwear, sportwear e skatewear. Há 37 anos, destaca-se por incorporar culturaeespiritualidadechinesaàssuascriações.Trazuma modernidade na sua essência com roupas confortáveis e muito “cool” e jovem, seu stand tinha um robô manequimeumcaorobômuitosimpáticoeobediente.
JLSUN: empresa de fios de Pequim, reconhecida pela qualidadeediversidade.Lançouumfioqueconduzeletricidade,feitocom18%deprata,aproveitandoaspropriedadesantimicrobianaseeletrostáticasdometal:dinamizado,ofioquetemeletricidadeestática,quandotocado por uma lâmpada dinamiza a energia e faz acendê-la.
Essa fibra “magnética” pode ser usada em colchões para melhorar a circulação e trazer benefícios à saúde.
COLOR DIGITAL EYES: um “Pantone” chinês com mais de 130 milhões de cores, voltado a diversos setores, mas com ênfase na indústria têxtil. Desenvolve paletas que combinam referências populares e identitárias chinesas.
REO ECO: recicla poliéster com tecnologia que transforma descartes e rejeitos em novos fios. Usa garrafas PETs e sobras de fios como matéria prima também. Seu próximo passo, o Bio-Culus, é um processo “tecido para tecido”: em 10 horas a 60 °C, qualquer cor tingida se desprende, e, por ação enzimática natural, e separa-se opigmento colorido, resultando em cor branca apenas.
GLORY TANG GROUP: oferece vasta gama de fios e fibras naturais — cânhamo, algodão orgânico, cogume-lo, bambu e desenvolve roupas de trabalho resistentescomretardantesdechama.
EYLON: produz fibra têxtil extraída do milho, extraída de espigas por engenharia química e sem impactos, resul-ta em um material resistente, de baixo custo e susten-tável. Grande inovação de fibras naturais alternativas.
COLOR DIGITAL EYES
Jules Tournier
Jules Tournier
Takemi Cloth Takemi Cloth E.THOMAS
Eylon (fibra de milho)
SPO spun silk
REO ECO
Zonghao
Glory Tang Group Moon
FEIRAS
SPO (SPUN SILK): desde 1986, grande representante da seda chinesa de qualidade. Produz mais de 800 t de fibra de seda e 500 t de seda “Spun”, em diversas cores, com excelência reconhecida.
TAKEMI CLOTH (JAPÃO): fabrica fibras de cânhamo em teares que esticam e tecem lentamente, combinando pressão e umidade para obter tecido delicado e macio, comparável a linho de alta qualidade e muita maciez e conforto. Também produz misturas de cânhamo e linho.
BIRLA CELLULOSE (ÍNDIA): grande produtora global de viscose, exporta para 36 países sob o conceito “forest to fashion”, promovendo sustentabilidade em toda a cadeia têxtil. Sua tecnologia Livaeco usa blockchain para rastreabilidade da fibra. A linha Reviva mistura 30% de resíduos têxteis com 70% de polpa de celulose, dando uma margem ainda maior de sustentabilidade reutilizando materiais que seriam descartados.
E.THOMAS (ITÁLIA): com mais de 20 anos de tradição, é referência em alfaiataria, produzindo ternos e blazers de lã, linho e seda, unindo robustez e modelagem clássica. Traz a alfaiataria de seda, ternos príncipe de Gales com modelagem e densidade robusta mas feitos de seda.
MOON (REINO UNIDO) & ARIS (PERU): unem tradições de alfaiataria em ternos de lã, alpaca e suri alpaca, fornecendo grandes marcas brasileiras como Vila Romana, Brooksfield, Aramis e o atacadista Imperial.
JULES TOURNIER (FRANÇA): empresa fundada 1865 em fornecedora da Chanel, produz o famoso tweed, muito conhecida pela impecabilidade de sua lã, hoje também incorporaram na sua produção fibras sintéticas e poliéster reciclado para maior sustentabilidade, já que na composição do tweed que precisa ter fibras sintéticas, e trouxeram também o uso de algodão orgânico.
CIRCLE LINE (REINO UNIDO): Jeremy Somers e Eileen Glenson criam estampas em tecidos com impressão digital e bordados feitos à mão na Índia, com design autoral, colorido e muito bonito trazem inúme-
ras combinações artísticas. Colaboraram com marcas como Lenny, Tufi Duek, Alexandre Herchcovitch, Animalle, Água de Coco, Focus, Blue Man e muitas outras marcas brasileiras.
PEHUEN (ARGENTINA): A consultora Sophia Pehuen oferece serviço de conexão entre fornecedores chineses e argentinos, expandindo para a América do Sul. Mas está representando a Pehuen que faz estampas digitais, conta com 15 desenhistas em seu coletivo artístico e utiliza realidade virtual, os Óculos de RV, para apresentar estampas em roupas virtuais com movimento e caimento “realistas”.
INTERTEXTILE: UMA EXPERIÊNCIA TRANSFORMADORA
Participar da Intertextile Shanghai Apparel Fabrics foi mais do que visitar uma feira: foi presenciar um movimento global em direção a um novo futuro para a indústria têxtil.
A China, com sua infraestrutura exemplar e capacidade de absorção de tendências, mostrou-se pronta para liderar uma transformação baseada em inovação, sustentabilidade e identidade.
A Revista Têxtil volta da China com a certeza de que osetor está diante de um novo capítulo — e que todos os seus atores, do fio ao consumidor final, têm papel fundamental nesta narrativa que segue em constante construção.
Parte do grupo Messe Frankfurt e jornalistas internacionais
Pehuen
PREMIÈRE VISION: ONDE O FUTURO DA MODA COMEÇA ANTES DA ESTAÇÃO
Por Daniela Marx
Paris foi palco, mais uma vez, de um espetáculo criativo que não apenas antecipa tendências, mas molda os rumos da moda global. Mais do que uma feira, a Première Vision é um radar do amanhã - e o Brasil, com sua alma vibrante e inovadora, marcou presença com força e propósito.
De 11 a 13 de fevereiro de 2025, profissionais da cadeia têxtil e criativa de todas as partes do mundo desembarcaram na capital francesa com os olhos voltados para o que está por vir. Ali, entre fios, texturas, cores e tecnologias, aconteceu a edição Primavera-Verão 2026, não apenas como uma estação, mas também como um manifesto.
UM CENTRO DE DECISÕES ESTRATÉGICAS PARA A MODA MUNDIAL
Com mais de mil expositores e milhares de visitantes de alto nível, a Première Vision é o ponto de encontro das grandes decisões do setor. Diretores de produto, estilistas, compradores, fornecedores e especialistas de toda a cadeia industrial caminham pelos pavilhões de Paris em busca de inspiração, inovação e conexão comercial real.
Mais do que volume de negócios, que alcança centenas de milhões de euros por edição, a feira define prioridades globais como: quais tecnologias vão ganhar espaço, que materiais serão viáveis, e quais narrativas
FEIRAS
estarão no centro da moda internacional nos próximos anos. É um palco onde quem lidera mostra ao que veio, e quem está ausente, perde relevância.
DO TALENTO À ESTRATÉGIA: O BRASIL E SEU PRÓXIMO PASSO NA MODA INTERNACIONAL
A ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), por meio do programa Texbrasil, viabilizou a participação de 16 empresas brasileiras na edição Primavera-Verão 2026 da Première Vision Paris. Uma oportunidade de alto valor para apresentar ao mundo o que o Brasil tem de mais avançado em inovação têxtil, criatividade e soluções sustentáveis.
Entre os destaques, empresas como Ecosimple, Natural Cotton Color, Nova Kaeru, Finileather, Stampa Studio e Nomad Studio mostraram ao mercado internacional a
força da nossa cadeia produtiva. Couro vegetal, fibras regenerativas, design autoral, tecnologia e acabamento de alto padrão foram os pilares que sustentaram a narrativa do Brasil nesta edição.
A força desta presença não passou despercebida, publicações como “Fashionating World” e “Leather International” elogiaram a atuação das marcas, que realizaram mais de 700 novos contatos e alcançaram vendas imediatas acima de US$ 728 mil com previsão de ultrapassar US$ 6,5 milhões ao longo do ano. Um reflexo direto do potencial que o Brasil tem quando se posiciona com estratégia.
A delegação brasileira também marcou presença institucional, com apoio da Embaixada do Brasil na França e reuniões estratégicas com entidades como a Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal (ATP).
No entanto, a presença brasileira ainda é modesta diante da nossa verdadeira capacidade produtiva e criativa. Países como Turquia, Índia e Marrocos se apresentaram de
FEIRAS
forma unificada, com forte branding coletivo e ocupação relevante nos pavilhões. O Brasil, com sua riqueza criativa e soluções de alto valor, já demonstra um potencial significativo no cenário internacional. No entanto, ainda há espaço para fortalecer uma presença mais integrada e contínua, que reflita de forma unificada todo o alcance e sofisticação da nossa indústria têxtil e de moda.
MAIS DO QUE PRESENÇA, É HORA DE POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO
Participar da Première Vision não é apenas uma vitrine, é estar inserido nos circuitos que definem os rumos da indústria global. Trata-se de construir percepção de valor, abrir canais de exportação, mapear novos fornecedores e clientes, além de captar insights que impactam diretamente o desenvolvimento de produto e a
competitividade das marcas brasileiras no mercado internacional.
O Brasil tem matéria-prima diferenciada, tecnologia aplicada e um repertório criativo reconhecido mundialmente. Mas isso precisa ser transformado em posicionamento de marca-país, com presença estruturada, narrativa forte e consistência ao longo do tempo.
A nova era da moda exige mais do que talento, exige visão de longo prazo, articulação inteligente e presença estratégica nos principais palcos globais. Quem constrói pontes hoje, amplia mercados amanhã. O Brasil, com sua energia criativa, inovação em matérias-primas e capacidade produtiva, tem todos os ingredientes para se tornar um dos grandes hubs têxteis do hemisfério sul, e o caminho passa por atuação coordenada, posicionamento claro e estratégia de consolidação internacional.
COLUNA
O QUE ESTÁ MUDANDO NO TÊXTIL E COMO ISSO IMPACTA O MERCADO
O Première Vision destacou uma Indústria Têxtil em transformação, onde inovação, sustentabilidade e tradição se entrelaçam para moldar o futuro da moda.
Aedição Primavera-Verão 2026 do Première Vision, realizada de 11 a 13 de fevereiro de 2025 no Paris Nord Villepinte Exhibition Center, reuniu mais de 1.060 expositores de aproximadamente 40 países, consolidando-se como um evento central para profissionais da moda interessados nas últimas inovações em têxteis, couro, acessórios e design.
TEMAS CENTRAIS DA TEMPORADA
Esta temporada foi estruturada em torno de três temas principais: RE-FRESH, RE-SET e RE-STORE (em português, Renovar, Redefinir e Restabelecer), cada um refletindo uma análise profunda sobre os estilos de vida contemporâneos e sobre o impacto da indústria da moda - que está reavaliando suas práticas, mudando sua perspectiva e recuperando o ímpeto com soluções adaptadas às mudanças no consumo, usos, clima e recursos.
Por Daniela Marx
Mentora de Negócios de Moda, Palestrante, Influenciadora com 20 anos de experiência internacional. Já atuou no crescimento de marcas como Bershka (Inditex- Zara), Guess Europa, Topshop, Renner, Riachuelo e Ama-ro. Fundadora da MARX CONSULTORIA, é referência em Branding, Mix de Produtos e Marketing de Moda orientados por dados, pesquisas etendências.
RE-FRESH
Representa uma resposta clara aos desafios de um planeta em aquecimento. Mais do que uma tendência estética, trata-se de uma postura frente à urgência climática, propondo soluções que combinam biotecnologia, inteligência artificial e inovação industrial para transformar o desconforto térmico em bem-estar sensorial. A estação propõe materiais com propriedades técnicas capazes de refrescar, proteger e regular a temperatura corporal, priorizando o conforto inteligente. Esteticamente, esse movimento busca inspiração em paisagens nórdicas e atmosferas geladas — geleiras, brumas, lagos, névoas. A cartela de cores transita por tons aquáticos, entre o azul do gelo e o brilho translúcido da água em movimento, evocando sensações de pureza, serenidade e leveza. Mais do que refrescar fisicamente, o RE-FRESH também propõe um respiro mental e emocional. A calma passa a ser um luxo. A pausa, uma tecnologia emocional. Nesse contexto, a inteligência artificial não entra como ameaça criativa, mas como ferramenta de libertação de tempo, permitindo que o fator humano, cada vez mais valorizado, dedique-se ao que há de mais nobre: a imaginação, a criação e a inovação com propósito.
RE-SET
Propõe uma redefinição da maneira como pensamos, criamos e interagimos com o mundo. Em um tempo marcado pela dureza das crises, pelas ansiedades do futuro e pela aceleração da vida cotidiana, o tema resgata o hedonismo e a ludicidade como antídotos criativos — estratégias emocionais e sensoriais para viver o
COLUNA
agora com mais intensidade e imaginação. A brincadeira e o hedonismo oferecem leveza para a dureza do presente, e nos ajudam a enfrentar um futuro incerto com abordagens inventivas, livres e totalmente disruptivas.
A temporada valoriza o prazer como experiência vital, é tudo sobre a experiência e nutrir os instintos naturais,
incentivando a liberdade inventiva, a conexão com os outros e a alegria que experimentamos em viver juntos. Esteticamente, RE-SET se traduz em uma paleta solar e sensorial, com tons que evocam sensualidade, que remetem a cascas de frutas caramelizadas e nuances de pele beijada pelo sol, sugerindo suavidade e deleite sensorial. As formas são suaves, abertas ao movimen-
COLUNA
to e ao conforto. O vestir se transforma em experiência, em celebração do corpo e da convivência — longe da rigidez, próximo da vida.
RE-STORE
Nos lembra que inovar não é apagar o que veio antes, mas sim costurar passado e futuro com intenção Em uma indústria marcada pelo desperdício e pela obsolescência, essa mudança de mentalidade não é apenas necessária, é urgente. Restaurar é uma forma de resistência e também de liderança. E quem souber traduzir essa consciência em produto, narrativa e posicionamento, estará moldando o presente com o peso de quem já entendeu que o futuro será mais sustentável. É um convite à reparação. Não apenas de produtos ou processos, mas das conexões humanas, da relação com oplaneta e da própria lógica industrial que rege o sistema da moda. A proposta é restaurar tudo, desde conexões a produtos, respeitando a forma original, sem apagar a história, adaptando produtos às necessidades e readaptando processos aos recursos.
Circularidade, sustentabilidade e transparência são pré-requisitos para viver em nosso mundo com cuidado e deixar uma pegada positiva. Para inovar, para ajudar a moldar um futuro que seja firmemente enraizado sustentável, os desenvolvimentos se baseiam em um profundo conhecimento das origens e se reconectam com conhecimentos do passado, não como nostalgia, mas como potência de futuro. Na temporada Primavera-Verão 2026, o design passa a atuar como ferramenta de cura. Reutilizar, adaptar, renovar - tudo com base em critérios claros de circularidade, sustentabilidade e transparência. Os materiais são pensados com profundidade e ética, levando em conta suas origens, impactos e ciclos. Há uma revalorização dos saberes ancestrais e dos processos artesanais, vistos agora como pilares de inovação regenerativa.
As cores acompanham esse movimento com paletas que equilibram profundidade e luminosidade, sugerindo uma fusão entre memória e renovação. Tons terrosos, minerais, pigmentos vegetais e contrastes orgânicos contam histórias de lugares, pessoas e técnicas. O visual não é só bonito, é enraizado, simbólico e responsável.
Inovações Sustentáveis e Tecnológicas Das origens das matérias-primas e dos recursos que elas exigem até o gerenciamento do fim da vida útil de um produto, adotar uma abordagem sustentável para materiais durante todo ociclo de vida - da origem ao descarte - é um grande desafio para a indústria da moda. A sustentabilidade foi um foco central, com destaque para a utilização de resíduos da indústria agroalimentar na produção têxtil. Materiais alternativos ao couro e sintéticos foram desenvolvidos a partir de resíduos de frutas, utilizando engenharia avançada de materiais. Além disso, pigmentos derivados de resíduos de madeira certificada pelo FSC foram apresentados, garantindo total rastreabilidade na produção e distribuição. A reciclagem têxtil também foi abordada, com novas fibras artificiais celulósicas produzidas através da reciclagem química de resíduos de algodão, como Circulose® e NuCycl®, inteiramente derivadas de algodão pré ou pós-consumo, sem adição de polpa de madeira. Enquanto isso, a fibra Relino é obtida pela reciclagem de fios de linho ou resíduos de produção para criar viscose por meio de um processo químico semelhante.
Impacto no Mercado Essas tendências e inovações refletem uma transformação significativa na indústria têxtil, impulsionada pela necessidade de enfrentar desafios climáticos e atender às demandas de consumidores cada vez mais conscientes. A integração de biotecnologia e inteligência artificial na produção têxtil não apenas melhora a funcionalidade e o conforto dos produtos, mas também promove práticas mais sustentáveis. A ênfase na reutilização de resíduos e na reciclagem têxtil indica uma mudança em direção a uma economia circular, onde os recursos são utilizados de forma mais eficiente e responsável. Essa abordagem não só reduz o impacto ambiental da indústria, mas também abre novas oportunidades de mercado para produtos inovadores e sustentáveis. Além disso, a valorização de técnicas artesanais e saberes tradicionais, combinada com inovações tecnológicas, sugere uma tendência para produtos que equilibram tradição e modernidade, atendendo a consumidores que buscam autenticidade e qualidade. Em suma, o Première Vision Primavera-Verão 2026 destacou uma indústria têxtil em transformação, onde inovação, sustentabilidade e tradição se entrelaçam para moldar o futuro da moda.
FEBRATÊXTIL & ENT BRASIL 2025: A RETOMADA TRIUNFAL DO SETOR TÊXTIL EM SÃO PAULO
Entre os dias 18 e 20 de fevereiro, o Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte voltou a pulsar ao som da FebraTêxtil e da ENT Brasil, em uma edição histórica que não acontecia na capital paulista há anos. Em três dias intensos de evento, mais de seis mil profissionais e empresários do setor têxtil e de confecção caminharam pelos 5.500 m² de área de exposição, gerando um total de 11 mil acessos e reafirmando o apetite do mercado por negócios e inovação . A força de atração ficou evidente na composição do público: 54% dos visitantes possuem poder de aprovação ou execução de compras, 67% ocupam cargos de alta gestão e 83,9% vieram da Região Sudeste, com destaque para São Paulo, que respondeu por 78,43% do fluxo .
Logo na entrada, a diversidade de expositores impressionava: 60 empresas representando 110 marcas na
FebraTêxtil e 30 expositores com 80 marcas na ENT Brasil dividiram o espaço com seis startups, cujas soluções inéditas para confecções atraíram olhares curiosos e investidores em potencial.
Marcas consagradas como Vicunha, Capricórnio, Bonor e Comexport marcaram presença ao lado de institutos e associações, como ABIT e Sintratextil, reforçando a credibilidade do evento. Nos estandes, tecnologias de ponta se misturavam a mostras de moda inclusiva e práticas sustentáveis, evidenciando que o futuro do setor passa pela responsabilidade social e ambiental.
O conteúdo programático, cuidadosamente desenhado, ofereceu oportunidades de aprendizado e networking em diferentes formatos. No Espaço Talks, pequenas palestras intimistas reuniram cerca de 12% do público,
As jornalistas Marta De Divitiis e Márcia Lencioni
Entrada Expo Center Norte
que pôde conhecer em primeira mão as inovações em produtos e processos apresentadas por expositores dispostos a compartilhar seu know-how. Paralelamente, a Arena do Conhecimento concentrou 16% dos visitantes em painéis e cases de sucesso apresentados por grandes nomes do setor, proporcionando debates de alto nível e troca de experiências que extrapolaram as fronteiras do estande.
Entre os destaques, o Brasil Fashion Designers trouxe à passarela looks inspirados na trajetória de Vivi Haydu, enquanto o Fashion Revolution Brasil debateu sustentabilidade e lançou o livro “Cânhamo é Revolução”, reforçando o compromisso da indústria com práticas mais justas e verdes .A repercussão do evento ultrapassou os muros do Expo Center Norte. Com 78 veículos de mídia online, a FebraTêxtil & ENT Brasil 2025 alcan-
Fernando Pimentel(ABIT) clarissa e rafael (Brasil Eco ashion)
Sebastian Diez (Indexmoda) Giordana Madeira(FCEM)
Helvio Pompeu Madeira presidente FCem com expositor
FEIRAS
çou potencialmente 24,9 milhões de pessoas e obteve R$ 189 mil em equivalência publicitária. Reportagens no portal Exame e transmissões da CNBC pelo Times Brasil destacaram o resgate da feira em São Paulo como um marco para o setor.
Nos depoimentos colhidos, expositores celebraram o público qualificado e o clima de entusiasmo: “Essa feira não acontecia em São Paulo há muitos anos, então realmente nos surpreendeu”, disse Rodrigo de Sant’Ana Souza, da Comexport; já Priscilla Perfeito, da Perfeito Modas, afirmou que “a expectativa foi superada” pela frequência de
bons clientes. Para João Bordignon, da Capricórnio, a presença de visitantes de outras regiões do país e do exterior confirmou o propósito de conectar negócios e tendências.
A edição de 2025 provou que a FebraTêxtil & ENT Brasil não é apenas uma vitrine de produtos, mas um catalisador de oportunidades, parcerias e conhecimento. Com público engajado, programação diversificada e forte ênfase em inovação e sustentabilidade, a feira consolidou sua importância estratégica e promete, nas próximas edições, ampliar ainda mais seu alcance e impacto no mercado têxtil brasileiro.
PodCast
QUALIDADE É MODA, É ESG, É CONEXÃO
A nova costura da moda: ética, tecnologia e conexão humana como pilares da qualidade.
Aindústria têxtil vive um momento de reinvenção. Muito além do design e do acabamento, a qualidade hoje está ligada à responsabilidade socioambiental e à conexão genuína com o consumidor. O que era apenas um diferencial tornou-se um imperativo: qualidade é ESG, é posicionamento e é o elo entre marcas e pessoas.
QUALIDADE ALÉM DA TÉCNICA
Na moda, qualidade vai além da costura: reflete a integridade da marca em toda a cadeia produtiva. Boas práticas incluem matérias-primas sustentáveis, uso eficiente de recursos e tecnologias como IA para otimizar processos.Dudalina é um exemplo de marca que investe em qualidade e rastreabilidade dos seus produtos, utilizando matérias-primas certificadas e controle rigoroso de processos. Já a Malwee, pioneira em sustentabilidade, utiliza tecnologias de tingimento que economizam até 95% de água, além de investir em moda circular e coleções atemporais.
Por Milena Abreu
EmbaixadoradaQualidade
Empreendedora, consultora, auditora, palestrante, colunista, mentora e conselheira técnica. Com mais de 20 anos de experiência e atuação em 20 países, Milena Abreu é referência em Qualidade Têxtil no Brasil. Já transformou mais de 200 empresas e impactou 10 mil profissionaiscomsuametodologia, unindo técnicas avançadas, processos eficientes e treinamentos.
ESG NA PRÁTICA
O compromisso com os pilares ESG (Environmental, Social and Governance) transformou-se em estratégia competitiva.
• E – Ambiental: Empresas como C&A, Renner e Grupo SOMA investem em logística reversa, reaproveitamento de resíduos e matérias-primas recicladas. No cenário global, a Patagonia se destaca com um modelo baseado em reparo, reuso e reciclagem.
• S – Social: Marcas conscientes promovem ambientes seguros, salários justos e inclusão. A certificação ABVTEX assegura boas práticas trabalhistas entre fornecedores nacionais. Já a Stella McCartney colabora com ONGs para garantir transparência na cadeia produtiva.
• G – Governança: Ética e compliance são fundamentais. No setor têxtil, isso inclui rastreamento, conformidade e auditorias. A Audaces, por exemplo, oferece soluções digitais que aumentam a eficiência e reduzem desperdícios.
CONEXÃO: O ELO INVISÍVEL
Mais do que vender roupas, as marcas estão construindo diálogos com seus públicos. A pergunta “quem faz minhas roupas?” mobiliza consumidores em busca de transparência e propósito. O movimento #QuemFezMinhasRoupas (Fashion Revolution) ganhou adesão de grandes varejistas e tem impulsionado práticas mais éticas e colaborativas.
SUSTENTABILIDADE
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Essa conexão se estende também dentro da cadeia de valor: estilistas, modelistas, técnicos, operadores e engenheiros têxteis formam redes colaborativas quando trabalham com objetivos alinhados. E isso se reflete na percepção de valor da marca, fidelizando o cliente e fortalecendo o negócio. A qualidade é a espinha dorsal de marcas que querem prosperar no futuro. Quando ela
se alia à sustentabilidade, à responsabilidade social e à boa governança, o resultado é mais do que um bom produto: é um posicionamento de marca. Na prática, qualidade é atitude. E as empresas que entenderem isso estarão à frente — não só no estilo, mas na construção de um setor mais humano, inteligente e conectado com omundo. RT
O FUTURO DA INDÚSTRIA TÊXTIL ESTÁ AQUI!
ACOMTEX chega à sua 3ª edição com o compromisso de conectar, transformar e impulsionar o setor têxtil e de confecção brasileiro. Mais do que uma feira, é um ecossistema vivo de inovação, negócios e experiências. Realizada no Centro de Convenções da PUC Goiás, a feira reúne os principais nomes da cadeia produtiva têxtil, conectando inovação, tecnologia e negócios em um ambiente estratégico e dinâmico.
Durante quatro dias, o público encontrará as últimas tendências em maquinário industrial, tecnologias têxteis, aviamentos, tecidos e lançamentos da temporada outono-inverno, em um espaço voltado para networking, conhecimento e crescimento profissional.
A COMTEX é onde empresários, confeccionistas, costureiras, líderes e profissionais do setor encontram soluções reais, oportunidades concretas e uma vitrine do que há de mais avançado no mercado.
É MODA, NEGÓCIO E CONEXÃO
No coração do Brasil, a Região da 44 movimenta uma das maiores engrenagens da moda nacional. E é aqui, em solo goiano, que nasce a COTEX: um ponto de encontro estratégico para quem deseja crescer e se destacar no mercado. A feira transforma a capital em um palco de negociações, lançamentos, conteúdo e soluções de ponta para toda a indústria.
BRASIL SE ENCONTRA AQUI
Da costureira ao CEO. Do pequeno ateliê à produção em escala. A COMTEX reúne todas as pontas da cadeia de valor da moda e da confecção. E faz isso de forma estratégica, estruturada e intencional. É o espaço onde ideias viram produto. Onde o mercado encontra sua próxima solução. E onde as grandes oportunidades aparecem para quem está preparado.
DENIM COM CONSCIÊNCIA: EIM LANÇA PRIMEIRO RELATÓRIO GLOBAL SOBRE
IMPACTO AMBIENTAL DO ACABAMENTO
Com dados de mais de 115 mil processos, novo relatório estabelece parâmetros inéditos de sustentabilidade e reforça o papel da tecnologia na transformação do setor têxtil.
Aindústria do denim acaba de ganhar um marco importante em sua jornada rumo à sustentabilidade. A EIM (Environmental Impact Measuring), plataforma global de medição do impacto ambiental no acabamento de vestuário, apresentou seu primeiro relatório mundial, intitulado “Inovações e Desafios no Acabamento de Denim: 2024”. A publicação oferece um panorama inédito e baseado em dados confiáveis sobre os impactos ambientais dos processos de acabamento de denim — etapa fundamental na cadeia produtiva têxtil.
A análise se baseia em mais de 115 mil processos reais, coletados por meio da própria plataforma EIM, utilizada por grandes marcas e centros de produção ao redor do mundo. O resultado? Uma visão abrangente que não apenas mapeia avanços, mas também evidencia os principais gargalos que ainda precisam ser enfrentados.
AVANÇOS REAIS, DESAFIOS PERSISTENTES
Entre os dados mais animadores, o relatório revela que 63% dos processos de acabamento de denim já são classificados como de baixo impacto ambiental, demonstrando que a indústria está, sim, em movimento na direção certa. Mas o caminho ainda exige atenção: 24% dos processos analisados ainda utilizam produtos químicos perigosos, como pedras-pomes e permanga-
Por Jeanologia
nato de potássio, que oferecem riscos significativos ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores.
O relatório também lança luz sobre outro velho conhecido da indústria: o consumo de água. Embora tenha havido melhorias, a média atual ainda é de 30 litros por peça, quando o ideal seria 22,5 litros. Para reverter esse cenário, soluções como processos otimizados de enxágue, tecidos com menor necessidade de tratamento e tecnologias inovadoras — como ozônio, e-flow e sistemas de espuma inteligente — têm se mostrado eficazes.
TECNOLOGIA COMO ALIADA ESTRATÉGICA
Um dos grandes diferenciais do relatório é apontar caminhos viáveis para a transformação sustentável. A adoção de produtos químicos certificados pela ZDHC, bem como a automação e digitalização de processos manuais, despontam como estratégias promissoras tanto para a redução do impacto ambiental quanto para a proteção dos profissionais envolvidos.
“Durante anos, a indústria têxtil careceu de ferramentas confiáveis para medir seu impacto ambiental, o que dificultava decisões baseadas em dados”, afirma Begoña García, criadora da EIM e coautora do relatório. “Este relatório representa um passo crucial rumo à transparência e à melhoria contínua, mostrando
que a tecnologia é fundamental para medir e reduzir oimpacto ambiental.”
EIM: UM NOVO PADRÃO GLOBAL
Lançado em 2009 e adotado internacionalmente desde 2011, o EIM se consolidou como o principal padrão para mensuração do impacto ambiental no acabamento têxtil. Atualmente, mais de 100 marcas e varejistas e mais de 500 lavanderias e centros de produção utilizam a ferramenta em todo o mundo — incluindo nomes de peso como Levi’s, Tommy Hilfiger, Guess, H&M, AEO, Primark, C&A, Mango e Jack & Jones.
A confiabilidade da EIM é reforçada por um rigoroso programa de acreditação conduzido pela consultoria independente GoBlu International Limited, que audita sistemas e garante a precisão dos dados. Com quase
um milhão de processos já analisados, a plataforma vem moldando um novo ecossistema de produção — mais consciente, transparente e conectado com os desafios do nosso tempo.
DISPONÍVEL PARA DOWNLOAD E ATUALIZAÇÃO ANUAL
O Relatório de Inovações e Desafios no Acabamento de Denim: 2024 está disponível para download gratuito e será atualizado anualmente. A proposta é clara: fornecer uma ferramenta vital para que marcas e fornecedores tomem decisões embasadas, colaborem entre si e avancem de forma consistente rumo a um futuro mais sustentável.
Com a EIM, o denim do futuro começa agora — e ele é cada vez mais azul, sim, mas também verde.
TINGIMENTO
Kakuo Kaji é o representante do BUAISOU, artesão de tingimento e artista de índigo
JAPAN HOUSE SP TRAZ BUAISOU
O“Denim Desejo é o Denim com Valor” e, não estamos, somente falando de dinheiro, que é claro, valoriza ainda mais o produto, mas falamos do denim que segue o começo de sua história, lá no início de 1900 onde era totalmente natural, sem aditivos químicos e nem tecido sintético. Já imaginou uma peça jeanswear ser totalmente produzida de acordo com as diretrizes sustentáveis e ainda com aspecto vintage? Desde a construção do tecido, passando pelo tingimento e até a linha que irá costurar esse produto? Sim, isso é possível nos dias atuais através da marca BUAISOU, criada em 2012, sob o comando de Kakuo Kaji, artesão de tingimento e artista do índigo.
O profissional esteve recentemente no Brasil, através da Japan House São Paulo, em comemoração aos 130 anos do Tratado de Amizade Brasil-Japão, com oficinas gratuitas em parceria com o Sesc 24 de maio. O coletivo de artesãos japoneses que trabalham na marca, se dedica à cultura, processamento e tingimento com o índigo. A planta é utilizada em tingimentos de tecidos na cor azul numa técnica chamada “aizome” que proporciona diferentes tonalidades de azul através de pro-
cessos naturais e sustentáveis. “Da mesma forma que queremos comer algo orgânico, também queremos usar algo sem produtos químicos. Essa é a lógica”, comenta Kakuo Kaji. Para o artesão, que passa horas nas plantações do índigo, essa é a forma criativa de produzir o seu jeans, valorizando os produtos naturais, também na moda. Tudo volta para a natureza. A tina de tinta quando perde a força é descartada na terra, pois é um produto biodegradável e de solução alcalina e pode ser reciclado produzindo papel, linha, tecido…..A marca quase não gera lixo.
BUAISOU é uma marca de moda e um dos poucos coletivos a manter viva essa tradição milenar da região de Tokushima, a 600 quilômetros de Tóquio. Em seu ateliê, os artesãos cuidam de todos os processos, desde a semeadura do índigo até o tingimento das roupas. Há uma equipe de parceiros que confeccionam as peças, que são feitas sob medida e, demoram 3 meses para serem entregues. O valor gira em torno de 2 mil dólares. A marca já realizou collabs com grandes empresas como Uniqlo, Tory Burch, New Balance, Disney e Mizuno e vende para o Japão, Estados Unidos e até aqui no Brasil. “A maior parte
das pessoas que produz jeans, hoje, busca inspiração nas décadas de 40, 50, mas nós buscamos referências lá no comecinho, quando o índigo era natural. Cada peça é diferente, uma da outra, leva tempo e, por isso custa mais caro. É uma outra maneira de ver o jeans em peças que são valorizadas”, diz Kakuo que no dia do workshop estava com uma calça jeans que usa na roça, estava rasgada e foi customizada por ele com remendos. Mais vintage e natural, impossível.Nascido em Aomori, Kakuo, aprendeu sobre design têxtil no curso de Design Têxtil na Universidade Zokei de Tóquio e durante sua graduação conheceu otingimento natural. Depois de se formar, ele se juntou a uma equipe de voluntários de revitalização regional da província de Tokushima para conhecer o índigo. Lá ele aprendeu as técnicas básicas, desde o cultivo até a produção do sukumo (corante) do índigo, e foi expandindo seus conhecimentos criativos de forma autodidata.
“Trouxemos o coletivo BUAISOU para realizar uma série de oficinas sobre o tingimento com índigo japonês como parte das atividades paralelas da exposição “Princípios Japoneses: design e recursos”, que está em
cartaz até Abril na JHSP. Essas oficinas práticas também foram uma forma de celebrarmos os 130 anos do Tratado de Amizade entre Brasil e Japão, dividindo os saberes do tingimento vegetal japonês com o público brasileiro, em uma iniciativa tão admirável que leva em consideração o impacto da produção do índigo e das tinturas na natureza, além da beleza dos tons azuis obtidos,”, comenta Natasha Barzaghi Geenen, Diretora Cultural da Japan House São Paulo.Marlene Fernandes, co-fundadora do Guia Jeanswear, participou da oficina de “Tingimento com índigo japonês e “katazome” (uma pasta de arroz e estêncil para criar desenhos no tecido) e, ficou encantada com o conhecimento e a técnica de Kakuo Kaji. “A experiência foi muito além do tingimento natural com índigo, foi uma terapia do denim, mergulhamos no propósito, estratégias e negócios sustentáveis que surgem a partir dessa arte milenar. Um verdadeiro mergulho de inspiração para estilistas, CEOs e profissionais do denim que buscam inovação e diferenciação no mercado”, afirma Marlene. E continua: “Uma vivência única que mostra como tradição e sustentabilidade podem transformar o mundo da moda”. RT
GUIA JEANSWEAR LEVI’S: IDENTIDADE, INCLUSÃO E O FUTURO DO DENIM
Arelação entre consumidores e marcas mudou profundamente nos últimos anos. Mais do que produtos, as pessoas buscam identificação, pertencimento e propósito. No universo do jeanswear, essa transformação tem guiado a atuação da Levi’s, que enxerga nas campanhas uma oportunidade de se conectar com as dores, causas e desejos do público.
Para Francisco, executivo da Levi’s no Brasil, encontrar uma comunidade e dialogar com ela de forma autêntica é o verdadeiro diferencial. “Esse é o caminho. Fácil falar, difícil executar, mas é aí que está o
O empoderamento feminino é o foco na campanha com Beyoncé
valor. Tudo começa por encontrar o nosso tom de voz — como a gente se comunica com o cliente?”, questiona. Um exemplo recente dessa abordagem é a campanha com Beyoncé, que traz o empoderamento feminino para o centro da conversa.
O BRASIL DO JEANS: POTÊNCIA E DESAFIO
O Brasil ocupa uma posição de destaque na cadeia global do jeans, tanto como produtor quanto como
consumidor. No entanto, o acesso à moda de alta qualidade ainda enfrenta barreiras. “Cerca de 82% da população pertence à classe C para baixo. Isso significa que apenas uma parcela pequena tem poder aquisitivo para comprar produtos premium ou com muita informação de moda”, explica Francisco.
Esse cenário molda o comportamento das maiores varejistas do país — como Renner, Riachuelo e C&A — que operam com foco em preço competitivo, sem abrir mão de traduzir tendências dentro dos limites do custo. O consumidor brasileiro está informado, conectado e quer moda, mesmo com as restrições impostas pela renda.
INOVAÇÃO COM IDENTIDADE
Diferente de muitas marcas que apostam em ruptura e ousadia estética, a Levi’s aposta na consistência. “A
Levi’s não é, por tradição, uma marca que lança tendências disruptivas. Isso não faz parte do nosso DNA — e tudo bem. Nossa força está em observar o comportamento do público e adaptar a coleção de forma coerente”, afirma Francisco.
A marca lança cerca de 680 artigos a cada semestre — entre linhas masculinas e femininas — equilibrando novidades, peças com apelo fashion e relançamentos de clássicos. Essa abordagem reforça a identidade da Levi’s como uma marca que evolui sem perder suas raízes.
GERAÇÃO Z, TRABALHO E MUDANÇAS NO VAREJO
As novas gerações, como os millennials e a Geração Z, estão no centro das atenções. Mais exigentes, buscam marcas que representem seus valores, tra -
gam conforto e sejam inclusivas. A Levi’s tem trabalhado para se adaptar a esse perfil, seja no produto ou na comunicação.
Mas Francisco também chama atenção para uma questão estrutural: a falta de mão de obra qualificada em diversos pontos da cadeia. “É difícil encontrar bons costureiros, e também está cada vez mais raro encontrar quem queira trabalhar aos finais de semana no varejo. Será que o modelo de shopping aberto aos domingos ainda faz sentido?”, provoca.
O FUTURO DO JEANS: VERSATILIDADE E CONFORTO
Na visão da marca, o jeans do futuro será cada vez mais funcional. Modelagens mais amplas, tecidos com elas-
ticidade, propriedades térmicas e praticidade no uso já são realidade — e devem ganhar mais espaço nos próximos anos. O conceito de athleisure, que une moda casual ao conforto das roupas esportivas, começa a influenciar fortemente o denim.
“Eu vejo um componente de performance ganhando força: peças que não amassam, que se adaptam ao corpo, que permitem atividades físicas leves e que são versáteis o suficiente para o dia a dia”, explica Francisco. Jaquetas, calças e camisas que unem estilo, conforto e praticidade exemplificam bem essa nova fase do jeanswear.
Mais do que acompanhar tendências, a Levi’s aposta em construir uma jornada de relevância, coerência e conexão com o público — uma caminhada que respeita o passado, mas está voltada para o futuro. RT
Palestra Franscico Alves CEO Levi's Brasi
Maria José e Fernando da Denim City, Franscico Alves CEO Levi's Brasil e Juliana Jabour da Lenzing
Vivi Haydu campanha Levi's decada 70
QUALIDADE DO FIO: O EQUILÍBRIO
ENTRE UMIDADE E MICRONAIRE
Na produção de fios de algodão, dois fatores são decisivos para garantir desempenho e qualidade: o controle de umidade (regain) e o índice de micronaire, que mede a finura e maturidade das fibras. Na Incofios, referência catarinense no setor, esses parâmetros são rigorosamente monitorados.
REGAIN: RESISTÊNCIA E PRODUTIVIDADE
Como o algodão absorve e perde água ao longo do processo produtivo, é essencial restaurar sua umidade ao final da fiação. “Testamos a matéria-prima ao receber e utilizamos vaporização para recuperar o regain padrão”, explica Laís Bergo Amaral, supervisora de qualidade da Incofios. Esse controle resulta em fios mais resistentes, com menor índice de rupturas,
otimizando o desempenho das máquinas e a produtividade nas tecelagens e malharias.
MICRONAIRE: EQUILÍBRIO PARA TECIDOS DE ALTO PADRÃO
O índice de micronaire ideal — entre 3,8 e 4,5 — garante fibras equilibradas, que favorecem uniformidade de textura, cores mais vivas e toque agradável. Micronaire muito baixo gera fragilidade; muito alto, dificulta o tingimento. Na Incofios, a escolha criteriosa do algodão e ocontrole desse índice asseguram fios com excelente acabamento, durabilidade e estética superior: “Alinhar regain e micronaire é garantir performance industrial e superar as expectativas do consumidor final”, reforça Laís. O resultado são tecidos ideais para vestuário e linha lar, com conforto, beleza e resistência.
AZZAS NEGA RUPTURA E MANTÉM FOCO EM REESTRUTURAÇÕES
Depois de oito meses da fusão entre Arezzo e Soma, a nova companhia Azzas 2154 sofreu uma onda de rumores sobre um possível rompimento no mês de março. Segundo a instituição financeira global JPMorgan, os comentários sobre oassunto surgiram porque houve indícios de desentendimentos entre os dois acionistas de referência, Alexandre Birman (Arezzo&Co) e Roberto Jatahy (Grupo Soma).
Os boatos se espalharam rapidamente e faz as ações da Azzas cair em 10%. De acordo com o site Pipeline, do Valor Econômico, houve divergências nos estilos de negócio entre Birman e Jatahy. Funcionários chegaram a declarar que Birman costuma ser mais centralizador em tomadas de decisão. Ele mesmo brincou com essa questão no início da fusão, quando afirmou em entrevista coletiva que iria ouvir mais os sócios.
Em dezembro do ano passado, a cia reestruturou o portfólio e descontinuou quatro marcas: Alme, Dzarm, Reversa e Simples. Se o grupo, de fato, concretizasse a ruptura a tendência seria cada lado voltar às origens. Isto é, Birman levaria as marcas da Arezzo&Co, como a própria Arezzo, além de Reserva e Schutz; e Jatahy, as do Soma, como a Farm, Animale, Foxton, entre outras. Porém, isso não ocorreu.
A Azzas fez um comunicado oficial ao mercado no dia 18 de março. Nele, informou que “no momento, não há qualquer discussão em andamento sobre compra de participação ou sobre cisão ou segregação de negócios”. Já os acionistas Birman e Jatahy informaram que “dialogam constantemente sobre aprimoramento na governança do Azzas 2154 e que tais conversas podem culminar em eventuais ajustes no acordo de acionistas vigente”.
Por Roselaine Araujo
COLUNA
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA INDÚSTRIA TÊXTIL: O PRESENTE DA INOVAÇÃO E OS CAMINHOS PARA O FUTURO
Por Milena Abreu
Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) tem sido um dos principais motores de inovação em diversas indústrias — e a têxtil está entre as que mais vêm se transformando. Da otimização de processos ao desenvolvimento de novos produtos, a IA já atua em toda a cadeia produtiva, prometendo reconfigurar a forma como os tecidos são concebidos, produzidos e comercializados.
Este artigo mostra como a IA está impactando a indústria têxtil e quais os próximos passos para potencializar seu uso.
Historicamente dependente de processos manuais, a indústria têxtil é marcada por desafios como desperdício, baixa previsibilidade e longos ciclos de produção. Com a IA, essa realidade está mudando. Tecnologias como machine learning, visão computacional, sensores inteligentes e algoritmos preditivos estão promovendo uma transformação profunda no setor.
A IA permite analisar grandes volumes de dados de vendas, comportamento de consumo e variáveis econômicas para prever tendências de mercado. Isso reduz excessos de estoque, melhora a eficiência da produçãoediminuiperdas.
Exemplo: a rede sueca H&M utiliza IA para antecipar a demanda em diferentes regiões e ajustar estoques em tempo real, contribuindo para sustentabilidade e eficiência logística. No Brasil, a varejista AR&CO (grupo que engloba a Reserva) investe em algoritmos de análise de dados para equilibrar oferta e demanda em suascoleções.
DESIGN INTELIGENTE E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
Soluções baseadas em IA vêm revolucionando o designde moda. Programas como Audaces Fashion Studio (brasileiro), CLO 3D e Browzwear permitem criar peças digitalmente com caimento realista, eliminando amostrasfísicasereduzindocustos.
Grandes marcas como Levi’s, Adidas e C&A utilizam softwares 3D para prototipagem digital e aprovaçãodecoleçõescommaisagilidade.
Essas ferramentas também ajudam a identificar tendências com base em dados de consumo, redes sociais e comportamento de compra — apoiando designers na criação de produtosmaisalinhadosaodesejo do consumidor.
CONTROLE DE QUALIDADE EM TEMPO REAL
Empresas estão adotando sistemas inteligentes para monitorar defeitos no tecido durante a produção. Com sensores e visão computacional, a IA
imediatos como em máquinas de costura e tingimento.
A empresa brasileira, sediada em Pomerode (SC) Delta Máquinas Têxteis já incorpora Inteligência Artificial em seus equipamentos de inspeção têxtil. Um exemplo é a revisadeira de malha e tecido REV1000 – iConcept View, que utiliza sistemas inteligentes de visão computacional para identificar falhas automaticamente durante o processo de revisão. Isso garante mais precisão, assertividade, agilidade e redução de desperdícios na etapa de controle de qualidade.
IAesustentabilidadecaminhamjuntas.Sistemasinteligentesotimizamousodeenergia,águaematérias-primas. Processos automatizados reduzem retrabalho e melhoram o aproveitamento dos recursos naturais. Na indústria brasileira, a Audaces tem se destacado por integrar sustentabilidade ao desenvolvimento tecnológico,promovendodigitalizaçãocomreduçãode resíduos. A IA também possibilita personalização em larga escala. A marca americana Unspun utiliza escaneamento corporal e IA para criar jeans sob medida, eliminando estoque e tornando a experiência de compra mais personalizada. Essa tendência se aproxima do consumidor final e oferece vantagens competitivasparamarcasdetodososportes.
•Discussão ética sobre privacidade, uso de dados e impactosdaautomação.
CONCLUSÃO
A Inteligência Artificial está remodelando a indústria têxtil—tornando-amaiságil,personalizadaesustentável.Asempresasqueinvestiremdesdejáeminovação, capacitação de equipes e parcerias estratégicas estarão mais preparadas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades de um futuro cada vez mais digital. RT
Já imaginou um tecido tão fino e delicado que, ao ser apresentado nas cortes da Ásia e Europa, muitos acreditavam que não poderia ter sido criado por mãos humanas. A Musselina de Dhaka, uma verdadeira joia da era do Império Mughal entre os séculos XVI e XVIII, era tão rara e preciosa que um único metro custava entre R$356 e R$2.844. Esses valores, atualizados para os dias de hoje, equivaleriam a impressionantes R$49.760 a R$398.633. Mesmo a melhor seda da época custava até 26 vezes menos na Inglaterra.
A Musselina de Dhaka era feita de algodão Phuti karpas, cultivado nas margens do rio Meghna, em Bangladesh, e seu processo de produção meticuloso envolvia toda a comunidade. Entretanto, essa história de luxo e requinte começou a desmoronar com a chegada da Revolução Industrial e a colonização britânica. A pressão por produção em massa, a redução de custos e o monopólio comercial da Inglaterra destruíram essa cadeia produtiva artesanal. Os artesãos, mestres desse conhecimento ancestral, foram forçados a abandonar suas práticas, e o raro algodão Phuti karpas desapareceu, encerrando a era do lendário tecido.
Assim como a Musselina de Dhaka, o Brasil enfrenta desafios na preservação de suas tradições artesanais, que foram influenciadas pelo período colonial e agora lutam para se reinventar em um mundo globalizado. Segundo Eduarda Bastian, da Fibershed Brasil, a valorização do artesanato está diretamente ligada à preservação de certas fibras através do manejo tradicional. Ela enfatiza que, quando essa prática cai em desuso, a perda da biodiversidade local também pode se tornar um risco iminente.
Apesar da valorização ser necessária, a proposta para oartesanato brasileiro hoje não é torná-lo um produto totalmente inacessível como a Musselina de Dhaka. O objetivo é harmonizar essas tradições à tecnologia e infraestrutura atuais, preservando as identidades culturais, matérias-primas e práticas sustentáveis, que foram profundamente prejudicadas pelo modelo de produção em massa.
A REVITALIZAÇÃO DO ARTESANATO BRASILEIRO NO SÉCULO XXI
Felizmente, hoje, estamos testemunhando um verdadeiro resgate das tradições artesanais no Brasil. A Farm Rio foi pioneira em 2017, ao criar uma parceria com povos indígenas, beneficiando 7 aldeias dos Yawanawá no Acre. Essas iniciativas emergem como respostas significativas à erosão das tradições locais e à necessidade de revitalização cultural. Da mesma forma, a Nordestesse, fundada por Daniela Falcão durante a pandemia, revelou novos talentos nordestinos como Catarina Mina, Elis Cardim e Morada, que estão se destacando no cenário nacional com suas produções artesanais, revitalizando comunidades e valorizando materiais orgânicos e/ou da nossa biodiversidade. A Artesa, de Luiza Bomeny, é uma iniciativa que combina design contemporâneo e artesanato tradicional, resultando em peças únicas que garantem um valor justo para os artesãos, com foco especial nos cariocas e fluminenses. Antes, esses artesãos utilizavam suas habilidades apenas para complementar a renda familiar.
Além dessas marcas, também ganha destaque no cenário nacional o Brasil Eco Fashion Week, fundado
Retrato de Joséphine de Beauharnais-Gerard François Gérard em traje de Musselina de Dakha
Francesco Renaldi, Musselina de Dakha em Sari
Cardim -Desfile BEFW
Elis
Rassu Yawanawá vestindo conjunto da colaboração Farm Rio.
em 2017. Com oito edições já realizadas, a plataforma tem dado voz a designers e produtores brasileiros comprometidos com a sustentabilidade. O evento impulsiona o reconhecimento da moda nacional enraizada na identidade cultural do país, fortalecendo a conexão entre tradição e inovação. Essas histórias ilustram um verdadeiro movimento de resgate da identidade nacional, promovendo a união entre a tradição artesanal e o design autoral.
Esses esforços vão além da preservação de técnicas antigas, eles representam a construção de uma nova narrativa que une passado e futuro, respeitando e celebrando a biodiversidade local enquanto promovem um desenvolvimento focado na regeneração sistêmica. Essa abordagem considera as interconexões entre as comunidades, o meio ambiente, a economia local e as práticas culturais, promovendo soluções que beneficiam todos os aspectos do sistema.
O LEGADO DA COLONIZAÇÃO E O POTENCIAL DAS FIBRAS NATIVAS
O Brasil, com seus seis biomas distintos — Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa — é o país com a maior biodiversidade do planeta. Apesar dessa abundância natural e da existência de algumas cadeias produtivas têxteis completas, muitas das fibras orgânicas predominantes ainda são as mesmas introduzidas em diferentes momentos históricos.
A seda, por exemplo, foi introduzida no Brasil pelos portugueses em meados do século XVIII, segundo Corradello, mas só se firmou como cultura agrícola a partir de 1923, com a participação dos imigrantes japoneses e italianos, que consolidaram o cultivo, especialmente nos estados de São Paulo e Paraná. A juta, por sua vez, foi introduzida por imigrantes japoneses no século XX, contribuindo para o desenvolvimento da região Amazônica. Embora o algodão já fosse utilizado pelos povos indígenas antes da chegada dos colonizadores, sua história no Brasil foi profundamente marcada pela colonização, com a introdução de novas variedades para atender à demanda crescente da indústria têxtil, principalmente inglesa.
Em 2023, o Brasil foi considerado o maior exportador de algodão do mundo, segundo a Apex. Isso evidencia a ironia da situação: embora o país possua uma vasta biodiversidade, a predominância de investimentos na cadeia do algodão, em detrimento de outras fibras nativas, destaca a necessidade de reavaliar a alocação de recursos no setor têxtil.
Já o couro animal, uma matéria-prima têxtil utilizada desde os primórdios da humanidade, passou a enfrentar desafios significativos após a Revolução Industrial e a produção em massa. Embora frequentemente visto como um subproduto da indústria da carne, a demanda por couro incentiva práticas de produção que causam sérios impactos ambientais. A criação de gado para carne é uma das principais causas do desmatamento na Amazônia e Cerrado, resultando na perda da bio-
Fibras Junior (Febra Têxtil)
CULTURA
70 I Revista Têxtil #791
Morada BordadoLabirinto da Paraíba
CULTURA
diversidade local. Além disso, o uso de produtos químicos nocivos, como sais de cromo, no processo de curtimento agrava ainda mais esses problemas. O fato é que qualquer material produzido nos volumes atuais tende a se tornar insustentável.
As dependências históricas mostram uma oportunidade para valorizar o grande potencial da nossa biodiversidade. Adotar práticas regenerativas e uma abordagem colaborativa pode criar arranjos produtivos mais diversos e eficientes, promovendo também uma economia justa e inclusiva. Isso beneficiaria tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais, ajudando a evitar
INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL:
O FUTURO DAS FIBRAS NATURAIS NO BRASIL
Segundo Junior Costa, pesquisador e doutorando em Engenharia Têxtil (UMinho) e Biotecnologia (UFAM), existem fibras nativas da Amazônia, como o Curauá, que podem ser cultivadas em sistemas agroflorestais, com grande potencial econômico para agricultura familiar. O fruto da Sumaúma, conhecido também como Kapok, proveniente da maior árvore da Amazônia, pode ser transformado em fios e tecidos; sua fibra possui aspecto semelhante ao da seda, com propriedades técnicas como termorregulação, repelência a água e insetos. Essas características destacam o valor dessas fibras no contexto atual de sustentabilidade. As fibras do Caroá, Tucum e Buriti, originárias do extrativismo e amplamente utilizadas no artesanato tradicional pelos povos indígenas, podem ser beneficiadas por meio de tecnologias e processos biotecnológicos e ecológicos, viabilizando sua aplicação no setor têxtil. Além disso, existem as fibras provenientes de resíduos agroindústriais, como do caule da bananeira, geralmente descartado após a colheita, sendo viável para ser transformado em tecido.
O pesquisador ainda menciona que atualmente possui amostras de 21 novas fibras naturais e ressalta que há centenas de outras a serem estudadas na biodiversidade brasileira, com
Morada BordadoLabirinto da Paraíba
suas milhares de plantas e nelas, fibras com propriedades especiais únicas. Para que essas fibras ganhem espaço no mercado, é necessário investir no desenvolvimento de arranjos produtivos e em maquinário adequado para seu processamento.
“Para tornar essa solução possível, são necessários ointeresse e o apoio do governo e da indústria nas pesquisas e nos pesquisadores desses materiais inovadores”, afirma Junior. Mas isso já seria assunto para outra matéria…
Reconhecer a importância das práticas artesanais e das fibras locais é fundamental para reverter a tendência de desintegração cultural e ambiental. Cada projeto que valoriza a tradição e harmoniza o conhecimento local com inovações contemporâneas é um passo em direção a um futuro onde a moda e o design possam realmente contribuir para a regeneração ambiental e social em áreas em risco de desmatamento. Isso não se resume apenas a melhorias em técnicas de produção ou certificações, mas envolve uma profunda reconexão com nossas raízes culturais e ecológicas. Entender a história e o propósito por trás de nossas artesanias é essencial para desenvolver o respeito pela herança cultural e promover práticas regenerativas que valorizem nossas fibras locais. Por futuros que sejam ao mesmo tempo ancestrais e tecnológicos. RT
ECONOMIA CIRCULAR NA PRÁTICA: O BIOTECIDO DE MICÉLIO DA MUUSH
Por Clarissa Magalhães
Ocaminho entre a pesquisa e o mercado é árduo. Tornar a inovação um produto comercializável e desejável envolve inúmeras etapas que nem todos os pesquisadores estão dispostos a percorrer. Mas, quando isso acontece, geralmente é movido por um objetivo maior: um propósito de realização pessoal. Com o professor Antonio Carlos de Francisco não foi diferente.
Cofundador da Mush e, mais tarde, da Muush (com dois “u”s), startups com raízes nos laboratórios da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), Antonio está ajudando a redefinir os padrões da indústria.
A Mush surgiu com a proposta de criar alternativas sustentáveis para embalagens plásticas e até mesmo urnas funerárias, aproveitando a qualidade biodegradável do micélio fúngico. Mais tarde, essa visão evoluiu
e deu origem à Muush, focada no desenvolvimento de um biotecido a partir de uma formulação composta por resíduos agrícolas e micélio.
“Na Muush, vislumbrei a oportunidade de aplicar conceitos teóricos sobre economia circular e biomateriais em produtos com impacto real no mercado”, conta Antonio.
O biotecido — popularmente conhecido como “couro de cogumelo” — é uma alternativa mais sustentável ao couro bovino, mas com aparência e textura bastante semelhantes. Por isso, seu potencial de aplicação é amplo: moda, indústria automotiva, mobiliário e mais. Assim como o micélio cumpre uma função essencial na natureza, decompondo matéria orgânica e reciclando nutrientes, a Muush adota essa mesma lógica na indústria têxtil.
“Os substratos residuais da produção do biotecido Muush são reintegrados como matéria-prima para os produtos estruturais da Mush, como as embalagens. Isso otimiza o aproveitamento dos recursos e minimiza odescarte”, explica Antonio.
Para entender a motivação por trás dessa abordagem inovadora e como a ciência pode ser traduzida em soluções concretas, conversamos com o professor Antonio Carlos de Francisco, que nos guiou pela jornada da empresa.
Revista Têxtil: Antonio, para começarmos: o que te motivou a criar a Muush?
Antonio Carlos de Francisco: Como professor aposentado da UTFPR, ainda atuo como pesquisador voluntário em um programa de mestrado e doutorado em Engenharia de Produção. Minha principal área de investigação sempre foi a sustentabilidade — especialmente a economia e a bioeconomia circular. Quando o Eduardo Bittencourt e o Leandro Oshiro me convidaram para integrar a Mush, que à época ainda era um projeto focado apenas em embalagens, vi uma oportunidade única de transformar conhecimento teórico em ação prática. Era a chance de materializar minhas convicções sobre economia circular e sustentabilidade, desenvolvendo produtos de qualidade, com menor impacto ambiental
e valor real para as pessoas. Desde o início, ficou claro para mim que a Mush era o ambiente ideal para aplicar tudo que aprendi ao longo da vida acadêmica — um verdadeiro laboratório vivo de inovação sustentável.
Revista Têxtil: E como surgiu a ideia de trabalhar com biotecidos a partir do micélio, que hoje é o foco principal da Muush?
Antonio: Exatamente. No início, só existia a Mush. Mas, em menos de dois anos, percebemos que nosso potencial ia muito além de placas, embalagens e luminárias.Ao acompanhar a literatura especializada e observar o mercado, vimos a possibilidade de desenvolver um biotecido — uma alternativa ao couro, feita com micélio e resíduos agrícolas. Assim nasceu, em fevereiro de 2022, a Muush. O nome veio de uma brincadeira com o termo mush (de mushroom) e com a ideia dos dois “u”s, como um aceno bem-humorado ao “muuu” da vaquinha, já que o produto visava substituir ocouro bovino.Com o tempo, percebemos que essa referência ao couro era um pouco limitante. Somos, sim, uma alternativa ao couro animal, mas também aos tecidos sintéticos derivados de petróleo. Nosso potencial é ainda maior, pois conseguimos aproveitar uma ampla variedade de resíduos da agroindústria. De fevereiro de 2022 até agora, abril de 2025, se passaram 37 meses. E quem conhece nosso material perce-
SUSTENTABILIDADE
be o quanto evoluímos em pesquisa e desenvolvimento nesse período relativamente curto.
Revista Têxtil: Sim! De dezembro do ano passado, quando nos conhecemos no Brasil Eco Fashion Week, até a FebraTêxtil em fevereiro, a evolução já foi impressionante. Inclusive naquela parceria com a Bossapack, com a bolsa que vocês apresentaram. Eu mesma comentei como a qualidade havia melhorado, especialmente no acabamento e costura. Na feira, as pessoas olhavam, passavam a mão, tentando entender o que era aquilo.
Antonio: É verdade. Esse tipo de reação é muito comum. O visual e a textura do biotecido chamam atenção, mas muitas vezes o público não associa imediatamente a um material biológico. Isso nos mostra que estamos no caminho certo: criar algo que seja inovador, sustentável e, ao mesmo tempo, atrativo e funcional. Essa curiosidade das pessoas nos motiva a continuar evoluindo. RT
FESPA 2025: A CONSOLIDAÇÃO DA IMPRESSÃO DIGITAL TÊXTIL NO BRASIL
Desde sua primeira edição em solo brasileiro, em 2013, a FESPA se consolidou como uma das principais vitrines para acompanhar a evolução da impressão digital têxtil. Naquele ano, a tecnologia digital representava menos de 10% dos estandes da feira. Hoje, pouco mais de uma década depois, domina mais da metade do evento, refletindo não apenas uma tendência, mas uma realidade consolidada e em plena expansão.
Por Sarah Caldas Agente AVA e Coordenadora doNúcleoSão Paulo da ABTT
Como membro da ABTT, tenho acompanhado de perto essa transformação. A edição 2025 da FESPA Digital Printing reafirmou o protagonismo da estamparia digital, trazendo avanços significativos em equipamentos, insumos e serviços voltados ao setor. Impressoras de diferentes técnicas, tintas inovadoras, softwares de gestão e preparação de arquivos, além de calandras, prensas e acessórios, estiveram amplamente presentes, destacando a maturidade e diversidade desse mercado.
SUBLIMAÇÃO E DTG: TECNOLOGIAS EM EVOLUÇÃO
A sublimação segue como uma das soluções mais populares na impressão têxtil digital, agora com equipamentos que atendem desde pequenas tiragens até produções em escala industrial. Já a impressão DTG
(Direct to Garment) apresentou saltos em velocidade e eficiência, consolidando-se como uma alternativa de alta qualidade para personalização de vestuário. Hoje, além de camisetas, a tecnologia já permite aplicações em bolsas, calçados e outros itens, ampliando o escopo de atuação dos empreendedores do setor.
DTF E DTF UV: AS ESTRELAS DA VEZ
Um dos destaques da edição 2025 foi a impressão DTF (Direct to Film), que ganhou espaço de forma impressionante na feira. Diversos estandes apresentaram aplicações variadas com essa técnica versátil e de alta definição. A novidade ficou por conta da DTF UV, que desponta como promissora na personalização de distintivos, logos e outras aplicações diferenciadas no setor têxtil. Embora ainda recente, a tecnologia tem potencial para transformar modelos de negócio e ampliar as possibilidades criativas.
VISITANTES MAIS PREPARADOS E NEGÓCIOS FECHADOS
Outro ponto perceptível nesta edição foi o aumento no nível de conhecimento do público. Empresários chegaram à feira com objetivos bem definidos, buscando
soluções específicas e, em muitos casos, fechando negócios durante o próprio evento. A presença de líderes da indústria têxtil, donos de confecções e marcas próprias reforça o papel da FESPA como um verdadeiro ponto de encontro para inovação e desenvolvimento do setor.
IMPRESSÃO DIGITAL ALÉM DA MODA
A impressão digital têxtil também vem conquistando espaço em segmentos como comunicação visual e decoração. Cada vez mais empresas adotam o tecido como alternativa ao papel e ao vinil, valorizando sua leveza, sofisticação e menor impacto ambiental.
A sustentabilidade, inclusive, foi um dos temas mais debatidos nesta edição — tanto no Congresso Inteligência Gráfica quanto nos estandes de fornecedores que apresentaram soluções eco-friendly.
Mais do que a redução do consumo de água e energia, a sustentabilidade na impressão digital têxtil caminha para processos mais eficientes e menos agressivos ao meio ambiente. Essa evolução tem chamado a atenção de estilistas e designers, que enxergam na tecnologia não apenas uma ferramenta criativa, mas também um diferencial competitivo alinhado às exigências de um consumidor mais consciente.
“Cada vez mais empresas adotam o tecido como alternativa ao papel”
EXPERIÊNCIA PRÁTICA NA “FÁBRICA DE CAMISETAS”
Entre os espaços mais movimentados da feira, a “Fábrica de Camisetas” se destacou por oferecer uma experiência prática e educativa aos visitantes. O local reproduziu todo o fluxo de produção de uma peça personalizada — da escolha do design até a finalização — com demonstrações diárias e palestras de profissionais renomados. A iniciativa reforçou o potencial da estamparia digital como um motor de inovação para negócios de todos os portes.
UM OLHAR PARA O FUTURO
As perspectivas para os próximos anos são promissoras. Em 2026, o setor se encontrará novamente na ExpoPrint & ConverFlexo Latin America, o maior evento de impressão das Américas. Já em 2027, a FESPA Digital Printing deverá refletir ainda mais os impactos das regulamentações ambientais e a adoção de novas soluções sustentáveis.
A ABTT continuará acompanhando essa transformação e apoiando iniciativas que fortaleçam a impressão digital têxtil no Brasil. Seja para confecções, estamparias, marcas próprias ou designers independentes, a tecnologia chegou para ficar — oferecendo novas possibilidades e um caminho mais sustentável e criativo para a indústria da moda e além.
Fábrica de camisetas na Brother
PLATAFORMA DIGITAL SIMPLIFICA AQUISIÇÃO DE ESTAMPAS PELA INDÚSTRIA TÊXTIL BRASILEIRA
Oprocesso de aquisição de estampas no mercado têxtil brasileiro historicamente esbarra em prazos prolongados e retrabalhos devido a erros técnicos, afetando diretamente a produtividade e tempo de produção das confecções. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), o setor registrou, em 2024, um crescimento de 4,8% na produção têxtil e 3,9% no vestuário, evidenciando a necessidade de inovações que sustentem essa expansão. Nesse contexto B2B, a primeira plataforma digital de licenciamento de estampas para o mercado brasileiro apresenta um modelo de negócio pioneiro que busca otimizar tempo e custos para as empresas.
O Patternarium é a novidade no mundo de tecnologia e inovação do setor, destacada durante a FebraTêxtil em março de 2025. A solução é uma plataforma digital especializada em licenciamento de estampas voltada para o segmento B2B, desde pequenas marcas até grandes confecções, oferecendo designs prontos para aplicação em produtos.
Idealizada pelas empresárias Amanda Almeida e Celina Godoy, a plataforma opera com mais de 160 designers brasileiros e internacionais. Segundo Amanda, o diferencial da plataforma está no rigoroso processo de seleção das estampas. “Todas passam por uma revisão técnica minuciosa, feita por especialistas, para garantir qualidade técnica dos arquivos e alinhamento com tendências atuais da moda. O Patternarium facilita a aquisição, melhora a produtividade e reduz custos operacionais das confecções”, explica.
Com opções acessíveis que começam a partir de R$ 200, o Patternarium oferece licenças não-exclusivas (limitadas a 5 mil metros produzidos) e licenças exclusivas com uso ilimitado por cinco anos. Outro aspecto destacado pela empresária é a apresentação visual das estampas em mockups em diversos segmentos e nichos diretamente no site, simplificando a decisão das marcas.
O encaminhamento dos arquivos digitais é feito de forma automática após a aprovação do pagamento. “Uma cliente nossa precisou enviar rapidamente seus arquivos para impressão devido a um prazo apertado. Ela realizou a compra durante a madrugada e conseguiu atender ao prazo com eficiência. Esse tipo de urgência é frequente no nosso mercado”, complementa.
PATTERNARIUM NA FEBRATÊXTIL
Durante a FebraTêxtil, Amanda Almeida compartilhou insights sobre as mudanças e avanços no licenciamento de estampas durante uma palestra no Espaço Talks, destacando que soluções digitais são cada vez mais fundamentais para a eficiência operacional das confecções brasileiras.
“Utilizamos plataformas para diversas demandas do nosso dia a dia, então faz sentido que essa praticidade também esteja presente na aquisição de estampas. É uma evolução natural para melhorar os processos produtivos das empresas do setor”, conclui.
DFB FESTIVAL 2025
Fortaleza volta a ser o epicentro da moda autoral latino-americana. A 26ª edição do DFB Festival já tem data marcada: entre os dias 14 e 17 de maio de 2025, o evento ocupará o Centro de Eventos do Ceará com uma programação intensa que promete provocar reflexões, promover encontros e celebrar a criatividade. Este ano, o festival propõe um olhar inédito e urgente sobre o setor: oimpacto da Inteligência Artificial nos processos criativos da moda.
Mais do que desfiles e vitrines, o DFB se consolida como um espaço de pensamento e formação. Em 2025, a pauta da tecnologia avança para o centro da discussão, convidando designers, acadêmicos, empreendedores e público a refletirem sobre as possibilidades, os limites e os novos caminhos da moda em um mundo digital.
Lino Villaventura no Dragao Fashion
Como algoritmos e automações podem transformar a forma como criamos? De que maneira a IA afeta a autoria, o estilo e a identidade das coleções? Essas são algumas das perguntas que nortearão os debates, talks e experiências durante o evento.
Com uma estrutura montada em mais de 10 mil m² de área, o DFB Festival 2025 reunirá uma série de atrações pensadas para diferentes públicos. A programação inclui duas salas de desfiles, com apresentações de marcas consolidadas e talentos emergentes, além de um megastore com cerca de 80 expositores, valorizando o mercado criativo local e nacional.
Um dos destaques será o summit temático, que ampliará os horizontes da moda autoral ao promover conexões entre inovação, sustentabilidade, cultura e educação.
Desde sua criação, em 1999, o DFB Festival mantém como princípio o fortalecimento da moda como expressão cultural e vetor de desenvolvimento. Realizado exclusivamente em Fortaleza, o evento é hoje referência como uma das mais sólidas e relevantes plataformas multidisciplinares do Brasil.
Ao abraçar as provocações da inteligência artificial, o DFB 2025 amplia sua missão de oxigenar o setor, abrindo espaço para novas narrativas, formatos e colaborações. É moda feita com propósito, com identidade, e cada vez mais conectada com os desafios e oportunidades do nosso tempo.
Seja para quem cria, consome ou pesquisa, o DFB Festival é convite à descoberta — e em 2025, o futuro da moda passa por Fortaleza.
RT
FASHION INSTYLE 2025,HONG KONG
AFashion InStyle 2025, promovida pelo Hong Kong Trade Development Council (HKTDC), chega de 27 a 30 de abril ao Hong Kong Convention and Exhibition Centre, consolidando-se como uma das maiores feiras de moda da Ásia. Sob o tema “NEXT@Fashion InStyle”, o evento une exposição física e uma poderosa plataforma online, conectando designers, marcas, fornecedores e compradores globais em um formato híbrido inovador chamado EXHIBITION+, com foco em moda sustentável e tecnologia.
Um dos grandes destaques é o Click2Match, ferramenta digital movida a inteligência artificial que revoluciona onetworking. Antes, durante e após a feira, compradores podem agendar reuniões virtuais, explorar fornecedores e fechar negócios sem sair de casa. É a ponte perfeita entre o presencial e o global, garantindo acesso contínuo a oportunidades, mesmo para quem não estiver em Hong Kong.
Na área “NEXT@Fashion InStyle”, curadoria de Han Chong (SelfPortrait), cinco designers locais exploram materiais revolucionários — seda Gambier Canton, fibras de algas marinhas e lótus, denim sustentável e XPac® — em um showroom virtual interativo. Cada peça ganha vídeos 360º, fichas técnicas detalhadas e demonstrações de performance dos tecidos em tempo real, ampliando o alcance do evento para um público global.
O conceito AllinOne Sourcing faz da Fashion InStyle uma vitrine completa para a indústria. São cerca de 60 fornecedores internacionais exibindo desde roupas e acessórios até tecidos inovadores e soluções como impressão 3D têxtil. Zonas especiais – Athleisure, Fashion Tech e Material Bazaar – reúnem tendências em sustentabilidade, eficiência e alta tecnologia. A combinação de exposição física e Click2Match permite descobrir produtos, negociar e planejar coleções de 2025 em um só lugar.
Para profissionais da moda, a feira é uma chance única de se conectar a tendências e redes internacionais.
Seja presencialmente ou online, a Fashion InStyle 2025, com seu formato EXHIBITION+, Click2Match e AllinOne Sourcing, é o ponto de partida para quem quer estar à frente no mercado.
Han Chong (SelfPortrait)
O JEANS CONTINUA SENDO A PEÇA
MAIS DEMOCRÁTICA E NECESSÁRIA
DOS GUARDA-ROUPAS
Marcas que compõem seu mix de produtos com destaque para artigos em denim são relevantes e atrativas para os consumidores.
Acada coleção, pequenas, médias e grandes marcas de moda buscam potencializar a atratividade de seus produtos. E uma maneira de aguçar o interesse do consumidor, seja na vitrine, dentro das lojas ou online, é valorizando looks compostos com peças jeans. Isso porque o jeanswear não sai de moda e sempre conta com uma alta penetração em todas as classes e estratos sociais, idades e nichos comunitários. Uma coisa é certa: ninguém abdica do jeans que está no guarda-roupa.
Uma pesquisa recente realizada pelo IEMI – Inteligência de Mercado, conduzida junto à Vicunha, deixou claro o que pensam os brasileiros: 87% afirmaram que o jeans é a peça mais democrática, abrangendo todos os grupos e estilos. E para 80%, o jeans é fundamental, ou seja, é uma peça obrigatória no guarda-roupa.
Os dados da pesquisa revelaram o que intuitivamente se pode constatar nas ruas do país. Um dos atributos que torna o jeans tão essencial é a sua versatilidade. Isso porque ele permite looks tanto em camisarias leves, jaquetas, calças clássicas, shorts, bermudas, macacões, acessórios, e muito mais. Com isso, as marcas podem criar ilimitadamente, desde alfaiatarias elegantes até artigos em streetwear.
Mas não apenas a aplicação em peças é diversa. O uso no cotidiano também é muito variado. Uma das características marcantes do jeans é poder ser usado em diversos ambientes. Roupas confeccionadas com denim vão bem porque se adequam, por exemplo, a situações
German Alejandro Silva
Diretor comercial e de makerting da Vicunha
de trabalho, a festas em família e entre amigos, à vida noturna, ao lazer em espaços abertos ou fechados.
Outro atributo do denim que o torna tão relevante é a sua imortalidade. Não importam as mudanças pelas quais o mundo passe, uma coisa é fato: o jeans continua sendo um produto vivo, atual e desejado no Brasil. Isso se deve ao poder do jeanswear sempre resgatar suas origens e, ao mesmo tempo, reinventar-se com criatividade, conectando-se com as novas tendências e gerações.
Se houve pessoas que algum dia duvidaram da longevidade do tecido denim, hoje fica claro que o poder da cultura jeanswear é muito mais forte do que supunham. Basta ir a alguma das festas da geração Z ou a eventos da geração alpha, que a constatação é a mesma: o jeans está sempre por lá.
E quando olhamos para frente, o cenário continua bastante animador. Segundo a pesquisa do IEMI, 99% dos entrevistados afirmaram que pretendem continuar comprando peças com tecidos em denim.
Depois de 150 anos da invenção do jeans, as marcas continuam vendo este artigo como um must have. A oportunidade de seguir contando esta história está nas mãos e nas mentes de designers e criadores de moda, que devem decifrar o desejo das novas gerações, suas escolhas e sua preferência por produtos mais sustentáveis, confortáveis, com propósito e que reflitam a forma como as pessoas desejam se expressar para o mundo.
BRASIL FASHION DESIGNERS 2025 PRESTA HOMENAGEM À VIVI HAYDU
Concurso apresentou 10 coleções inspiradas na história da eterna diretora de redação da Revista Têxtil
OBrasil Fashion Designers (BFD) – 2025 chegou à sua oitava edição, dando visibilidade aos talentos em formação nas instituições de ensino de moda da Grande São Paulo. Foram 99 estudantes que se inscreveram no concurso de diversas escolas de moda e os 10 finalistas desenvolveram as coleções com o tema: “Vivi Haydu – O Legado de uma Mulher de Vanguarda”. O desfile da final do concurso aconteceu no primeiro dia da Febratêxtil no Expo Center Norte na Capital Paulista.
O concurso celebrou a trajetória de Vivi Haydu, uma figura icônica da moda brasileira. Nascida no Egito e radicada no Brasil desde 1957, Vivi foi responsável por transformar a Fenit (Feira Nacional da Indústria Têxtil) em uma plataforma global, promovendo o design brasileiro no mercado internacional, editou a Revista Têxtil e construiu de forma significativa um legado muito importante de contribuição com a carreira de designers, setor têxtil e de moda brasileiros.
Por Ricardo Gomes
A vencedora do BFD Grande São Paulo 2025 foi Mariana Rossetto, que conquistou a oportunidade de apresentar sua coleção na Expotextil Peru – a feira têxtil,
Ganhadora do BFD pelo voto do júri, Mariana Rosseto teve sua mãe representando Vivi em sua versão madura
mais importante do Peru. Com todas as despesas pagas, ela levará seu trabalho para um público internacional, ampliando sua visibilidade e consolidando sua trajetória no mercado.
O segundo lugar ficou com Lívia dos Passos, que se destacou pelo design inovador e refinamento técnico. Já o terceiro lugar foi conquistado por Douglas Lopes, reconhecido pela criatividade e excelência na confecção de suas peças e que foi o vencedor do júri popular, ou seja, pelos visitantes da Febratêxtil.
As coleções criadas pelos finalistas foram apresentadas por centenas de convidados que acompanharam o desfile que também foi assistido pelo time de jurados composto por renomados especialistas da moda e da indústria têxtil. Entre eles estavam Chico Gonzalez da Vicunha presentando a indústria têxtil; Eduardo Viveiros, editor da L’Officiel, representando a imprensa de moda; André Hidalgo, fundador da Casa de Criadores, representando promotores de eventos e projetos do setor têxtil e de moda; Fred Haydu, filho da Vivi e atual editor da Revista Têxtil, representando a família Haydu; João Braga, professor e renomado
pesquisador de moda, representando os professores e pesquisadores; Marta De Divitiis, ex-editora da Revista Têxtil, representando todos os ex-editores da publicação; e Miguel Santos, vencedor do último BFD, realizado em Caruaru (PE), representando os jovens designers vencedores de concurso.
EVENTOS
Mariana Rossetto, vencedora do concurso e estudante de Design de Moda pela FAM (Faculdade das Américas), mergulhou na história de Vivi para criar sua coleção. “Quando vi que seria sobre a Vivi, fiquei encantada! Ainda não conhecia sua trajetória a fundo, mas, a partir da revista em homenagem a ela bem como fotos textos e arquivos, enviados pela organização, me aprofundei no tema. Foram duas semanas intensas de estudos e criação. Minha coleção foi baseada em duas fases da vida da Vivi: jovem modelo nos anos 1960 e diretora da feira e da revista”. Ela destaca que o momento mais emocionante aconteceu após o desfile: “O filho da Vivi me procurou e disse que viu a mãe dele refletida no meu look. Saber que ela usaria minha peça foi a maior validação do meu trabalho”.
Entre os finalistas estavam também: André Rodrigues –FAM - Faculdade das Américas, Bianca Vieira – USP Leste, Guilherme da Silva – FMU Vila Mariana, Gustavo Marques – USP Leste, Je te, Kauê Gomes – FAM - Faculdade das Américas, Lívia dos Passos – SENAI, Mariana Vallim – FAM - Faculdade das Américas e Sofia de Oliveira – UniDrummond.
“Os finalistas nos surpreenderam. Suas coleções superaram os desenhos apresentados nos projetos, demonstrando grande empenho. Eles ajudaram a contar a história da Vivi em dez coleções, trazendo à passarela todas as suas facetas: ousada, divertida, introspectiva, empresária, mãe e modelo. Foi maravilhoso”, comentou Ricardo Gomes, Gerente de Projetos Especiais do Febratex Group.
Com patrocínio da Vicunha, Lycra, Andrade Máquinas, Silmaq e Bonor, o BFD reafirma sua posição como uma plataforma essencial para o desenvolvimento da nova geração de designers brasileiros. Além de incentivar a criatividade, o concurso promove a integração entre diferentes elos da cadeia têxtil, aproximando estudantes, profissionais e a indústria.
O Brasil Fashion Designers 2025, edição grande São Paulo, consolidou mais uma vez seu papel como um evento de referência no fomento à criatividade e inovação no setor têxtil, abrindo portas para novos talentos e fortalecendo a moda brasileira no cenário internacional. RT
Livia dos Passos e seus dois looks. Segundo lugar no voto
Douglas Silva, vencedor do voto popular, recebeu como prêmio uma máquina de costura profissional
Andre Rodrigues Douglas Silva
Guilherme Valentine
Douglas Silva
Mariana Rosseto
Mariana Rosseto
Sofia Pena
Sofia Pena
MODA
SEMANA DE MODA DA ÁFRICA EM LONDRES
Evento completa 15 anos em 2025
APor Roselaine Araujo
Semana de Moda da África em Londres (Africa Fashion Week London) vai completar 15 anos esse ano. O evento acontecerá nos dias 9 e 10 de agosto de 2025 e vai celebrar a cultura africana com desfiles inspirados na diversidade, inclusão, sustentabilidade e afrofuturismo. A 15ª edição da Africa Fashion Week London (AFWL) vem com o tema “Co-crie. Colabore. Eleve. Celebre”. Estão na programação desfiles de moda com designers emergentes e consagrados, exposições sobre moda, beleza e acessórios africanos, além de palestras com líderes da indústria, showcase com novos talentos e mostras interativas das últimas tendências.
A AFWL, em Londres, nasceu em 2011 e foi criada pela Rainha Ronke Ademiluyi-Ogunwusi para aumentar a visibilidade, o reconhecimento e a sustentabilidade das marcas de moda africanas e negras por meio de desfiles, exposições e ações educacionais. A AFWL foi a primeira mostra de moda e design africanos na Europa e acabou inspirando o mundo.
Pouco tempo depois, a Rainha Ronke também fundou a Africa Fashion Week Nigeria, do Centro Têxtil Adire Oodua na Nigéria e foi cofundadora da Africa Fashion Week Brasil. Em Londres, as 14 edições do evento já contaram com a participação de 67 países, reunindo cerca de 2.700 designers e expositores do mundo todo, incluindo África, Europa e América. Além disso, A AFW de Londres recebeu aproximadamente 90 mil visitantes, entre compradores, varejistas e profissionais do setor.
Considerada uma das mulheres mais influentes na moda internacional, a rainha Ronke Ademiluyi trilhou um caminho de empreendedorismo e grande sucesso. Responsável em criar, expandir e fortalecer os negócios nessa área dentro do continente africano, a rainha tornou-se uma grande celebridade depois que desenvolveu e apresentou ao mundo o AFWL, considerado hoje o maior evento anual de moda africana no Reino Unido. O surgimento de uma outra edição na Nigéria e posteriormente no Brasil, colocou a África em posição de maior competitividade dentro do mercado internacional, gerando não só bons negócios, mas sobretudo maior representatividade cultural da África.
A rainha Ronke Ademiluyi-Ogunwusi atua como empresária britânica-nigeriana do Reino de Ife, filha de um descendente da família real. Ela é bisneta do falecido Ooni Ajagun Ademiluyi , 48º Rei do Reino de Ile-Ife no sudoeste da Nigéria. Casada com Ooni Adeyeye Enitan Ogunwusi, Ronke se formou em Direito e fundou a Africa Fashion Week London em 2011.
É ainda CEO e fundadora do Adire Oodua Textile Hub em Ile Ifé, no sudoeste da Nigéria e vice-presidente da fundação House of Oduduwa, uma instituição de caridade. Além disso, tornou-se embaixadora Global do QMA internacional da Rainha Moremi Ajasoro e fundou também oPrograma de liderança QMA para mulheres jovens. A longa e notável defesa do empoderamento feminino e da herança cultural africana, fez de Ronke um ícone mundial na construção de uma nova era nas indústrias de moda, cinema, música e artes da África.
Rainha Ronke
O FUTURO DA MODA PASSOU PELA
SPFW — E ELE TEM NOME, FIBRA E PROPÓSITO
Por Daniela Marx
Na celebração dos 30 anos da São Paulo Fashion Week, a edição Nº59, realizada entre os dias 7 e 10 de abril, reforçou o amadurecimento da moda brasileira em direção a soluções mais inteligentes, conscientes e autorais. A sustentabilidade, a inovação têxtil e a pluralidade criativa brilharam na passarela, dando protagonismo a marcas e estilistas que entendem que o tecido é uma narrativa viva, e que ofuturo da moda depende de escolhas responsáveis desde a origem da matéria-prima até a estética final.
Algumas marcas se destacaram justamente por traduzir esses valores de forma sofisticada, conectada ao presente e com olhos atentos ao futuro.
A ALUF abriu a temporada com poesia e equilíbrio na coleção “MALABARES”. Com tecidos como a viscose LENZING™ ECOVERO™, fruto da parceria com a Lenzing, a marca demonstrou que é possível aliar lúdico, sofisticação e sustentabilidade com excelência. A curadoria de materiais e o olhar cuidadoso sobre o design tornam a ALUF referência de uma moda que respeita o tempo e omeio ambiente.
Leandro Castro estreou na SPFW com a coleção "LINHA", inspirada nas obras de Kandinsky. Ele transformou resíduos da indústria têxtil em arte vestível, utilizando feltros, uniformes e materiais descartados. Suas criações reafirmam que o reaproveitamento criativo pode ser uma poderosa ferramenta de estilo e consciência.
Dario Mittmann propôs uma reflexão sobre o futuro com a coleção "GOLEM", combinando elementos artesanais e tecnologia. O uso de jeans ecológico, desenvolvido em parceria com a Santista Têxtil, e peças em crochê,
confeccionadas com fios da Círculo, evidenciam seu compromisso com a sustentabilidade.
A MNMAL, comandada por Flávio Gamaum, levou ao SPFW uma coleção em parceria com a Vicunha que explora novas cores, texturas e tecnologias. Com tecidos como o Pacito Regen - feito com algodão regenerativo e selo regenagri® - a marca reafirma que o jeans pode ir além do básico. As criações unem brim e denim como ponto de partida, trazendo durabilidade, conforto e expressão, em peças atemporais que resistem ao tempo, contam histórias e incentivam o consumo consciente.
Arquitetônica, autoral e atemporal, a Reptilia levou ao SPFW uma coleção inspirada nas camadas internas da Terra, com peças que misturam alfaiataria, formas orgânicas e inovação. Conectando design minimalista a processos eco-conscientes, a marca de Heloisa Strobel apostou no corte a laser, reaproveitamento de resíduos e em tecidos estruturados da Vicunha, como o White Jeans Stretch Plus II. O resultado: um desfile sofisticado com formas que vestem o corpo como arquitetura viva.
Por fim, a LED provocou e encantou com o desfile “Brazil Show”, mergulhando na estética nostálgica das novelas brasileiras. A coleção celebrou a diversidade com alfaiataria ampla, estampas vibrantes e muito jeans - incluindo risca-de-giz e frases impactantes.
A SPFW N59 deixa um recado claro: o futuro da moda é construído por quem ousa inovar sem abandonar os pilares da responsabilidade. Seja com tecidos regenerativos, reuso criativo ou parcerias entre marcas e gigantes têxteis, como Vicunha e Santista, a indústria nacional demonstra que tem talento, técnica e visão para liderar uma nova era - mais consciente, sofisticada e plural.
MNMAL
REPTILIA
LED
ALUF
REPTILIA
Dario Mittmann
LED REPTILIA ALUF
Leandro Castro
Leandro Castro
REINALDO LOURENÇO LANÇA NOVA COLEÇÃO SUSTENTÁVEL EM PARCERIA COM TENCEL™ E CANATIBA TÊXTIL
Amoda está em constante transformação, impulsionada pela busca por soluções que aliem criatividade, tecnologia e sustentabilidade. Em sintonia com esse cenário, o renomado estilista brasileiro Reinaldo Lourenço lança sua segunda coleção de denim sustentável em colaboração com a TENCEL™, marca de fibras ecológicas do Grupo Lenzing, e a Canatiba Têxtil, referência em inovação no segmento jeanswear.
A nova cápsula reforça o olhar sofisticado e atemporal do designer, com peças que misturam a rigidez da alfaiataria à fluidez contemporânea do jeans. Desenvolvidas com fibras TENCEL™, reconhecidas por sua origem sustentável e por serem biodegradáveis e compostáveis, as criações evidenciam uma moda que vai além da estética — e propõe um novo olhar sobre o impacto ambiental da indústria têxtil.
Entre os destaques da coleção estão as lavagens escuras, detalhes em ilhós com amarrações e cortes precisos que traduzem a essência de Reinaldo. “É um prazer colaborar com empresas como a Canatiba e a TENCEL™, que investem em matérias-primas inovadoras e sustentáveis. Essa parceria permite incorporar responsabilidade ecológica em cada etapa do processo criativo, resultando em peças com história, elegância e propósito”, afirma o estilista.
A proposta sustentável da coleção também se concretiza na escolha do tecido Everest MaxSkin, da Canatiba, que combina desempenho, toque macio e impacto ambiental reduzido. Produzido com fibras TENCEL™ Liocel provenientes de madeira de reflorestamento, otecido consome até 50% menos água e emite menos carbono, além de ser 100% biodegradável. “Nosso compromisso é mostrar que sofisticação e consciência ambiental podem — e devem — andar juntas”, des-
taca Juliana Jabour, Gerente de Desenvolvimento de Negócios Têxteis do Grupo Lenzing na América do Sul.
O Grupo Lenzing é pioneiro mundial na produção de fibras celulósicas sustentáveis, com metas rigorosas de redução de emissões e rastreabilidade. Já a Canatiba Têxtil, com mais de 55 anos de trajetória, segue como referência global na produção de tecidos premium, exportando para grandes marcas nas Américas e Europa. “É inspirador ver como Reinaldo transforma o Everest em peças sofisticadas com acabamento impecável. Sua leitura do jeans sempre surpreende”, comenta Ivna Barreto, Gerente de Marketing da Canatiba. A nova coleção estará disponível a partir de 2 de abril, nas lojas do estilista em São Paulo, no e-commerce da marca e em multimarcas selecionadas em todo o Brasil.
A linda parceria entre Sueli Pereira, representando a Santista Jeanswear, e Didu Losso
A ARTE QUE SE VESTE, O JEANS QUE FALA
Reconhecido por sua abordagem única, Didu Losso utiliza o denim como tela para suas narrativas visuais, que unem o sagrado e o pop, o tradicional e o lúdico. Suas obras integram coleções particulares ao redor do mundo, reforçando a conexão entre moda e cultura.
Revista Têxtil: Didu, sua obra transita entre o simbólico, ourbano e a memória coletiva. Nesse caminho, você elegeu a jaqueta jeans como peça statement da sua expressão artística. Como foi o processo criativo de transformar esse ícone tão cotidiano em base para sua arte?
Didu Losso: Sempre digo que minha arte é simples e direta. Tudo o que faço vem do coração — e a verdade não faz curva. Pinto sobre superfícies inusitadas, de skates a violões, passando por mármore, madeira de demolição e especialmente jaquetas jeans. Mas não é customização. “Cada jaqueta que eu pinto é uma obra de arte única, criada com propósito. São mantos con-
Fotos: Divulgação
temporâneos, armaduras de proteção que carregam espiritualidade e força.” Até hoje, nunca repeti uma peça entre as mais de 150 já criadas entre Brasil e EUA. A inspiração pode surgir a qualquer hora. Foi em um desses momentos, preparando uma exposição no Consulado Geral do Brasil em LA, que nasceu a ideia de pintar jaquetas jeans. Nunca vi no mercado algo que eu realmente quisesse vestir. A partir disso, as obras passaram a traduzir minha visão do mundo — fé, superação, proteção. Quando alguém veste uma das minhas jaquetas, veste um manto de arte e significado.
Revista Têxtil: O seu livro Smells Like Jeans Spirit, com apoio da Santista Jeanswear, transita entre o sagrado, o pop, o oriental... Como essas referências se conectam com a nossa Era atual?
Didu Losso: Esse livro é sobre amor, união, fé e arte — e claro, sobre o jeans. Conto minha trajetória e como a arte se conecta à moda com autenticidade e rebeldia.
As obras trazem desde Nossa Senhora de Guadalupe a dragões e flores de lótus, tudo misturado com estética pop. “Eu acredito que a arte é oxigênio — e quando ela está sobre o jeans, ela respira com a cidade, com as pessoas, com o agora.” É uma mensagem de resistência e beleza, vestida no corpo.
Revista Têxtil: Como você enxerga o papel da indústria têxtil nesse processo, especialmente com parcerias como a da Santista?
Didu Losso: A indústria têxtil tem um papel essencial. O público precisa entender o que há por trás de uma jaqueta: matéria-prima, processos, sustentabilidade. A Santista acredita na arte, entende a importância da colaboração e apoia a liberdade criativa. “Ninguém faz sucesso sozinho — parcerias como essa dão vida a projetos que impactam culturalmente e geram conscientização sobre consumo e meio ambiente.” Em meu livro, por exemplo, explico o processo da matéria-prima até virar arte.
Revista Têxtil: Você pode nos dar um spoiler dos próximos capítulos?
Didu Losso: Com o sucesso do livro, estou preparando uma turnê cultural por São Paulo e depois por outros estados, com palestras e workshops sobre a união entre arte, moda e indústria. Também lanço em breve uma coleção inédita de camisas Western, com pinturas, bordados e o uso de inteligência artificial para simular obras antes da execução. A inovação já faz parte do meu processo — e o impacto cultural continua sendo o grande propósito. RT