Guia Prático de Fact-Checking

FACT-CHECKING

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GUIA PRÁTICO DE

FACT-CHECKING

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GUIA PRÁTICO DE

FACT-CHECKING R edação Taís Seibt Edição e diagramação: Tiago Lobo R evisão: Naira Hofmeister Contato: redacaofiltro@gmail.com pensamento.org@gmail.com www.pensamento.org

www.pensamento.org/filtro

RDAD DE, VE E, INTEGR LDA ID UA

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iG

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.

P e n s a m e n to

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índice 06 Capítulo 1 - Introdução 07 Por uma disciplina da verificação 10 O que é Fact-Checking?

11 Código de princípios 14 Capítulo 2 - Panorama 15 Como surgiu o Fact-checking?

22 Capítulo 3 - Método 23 25 31 32 36

Quais as diferenças?

Sobre a metodologia Tudo é verdadeiro ou falso?

As nossas etiquetas O caminho do Filtro

40 Referências 42 Sobre nós 5

1 Introdução

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Por uma disciplina da

verificação E ste guia apresenta a metodologia, classificação, mecanismos de transparência e um resumo sobre a história das iniciativas de checagem no Brasil e no mundo. Ele foi desenvolvido e editado pela ONG de Jornalismo e Direitos Humanos, Pensamento.org, dentro do seu braço de checagens, o Filtro Fact-Checking.

O nosso propósito com esta publicação é oferecer um instrumento de referência para profissionais, estudantes e demais interessados neste gênero jornalístico.

Cabe a ressalva de que é diferente, portanto, de um guia para desmentir boatos ou identificar notícias potencialmente falsas (ou fraudulentas) nas redes, que é objeto do nosso outro e-book “Fake News: de onde vêm e do que se alimentam”. Aqui, vamos falar de um método de apuração para verificar o discurso público.

Contamos a história dessa prática, desenhamos um panorama de seu crescimento e sua relevância no ambiente midiático contemporâneo, depois partimos para o detalhamento da metodologia. Você vai ver que não se tratam de recursos técnicos ou ferramentas tecnológicas excepcionais, mas de uma conduta de observância a um princípio fundamental do jornalismo: a verificação.

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Este material foi organizado pela jornalista Taís Seibt a partir de diversos estudos e levantamentos realizados para sua pesquisa de doutorado em Comunicação Social na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), cujo tema é a prática de fact-checking no Brasil, com previsão de conclusão em março de 2019. Portanto, este material condensa elementos da sua própria tese e, ao mesmo tempo, resultados dessa pesquisa. Além de pesquisadora, Seibt é idealizadora, editora e uma das fundadoras do Filtro Fact-Checking, o que oferece, também, um olhar de dentro da metodologia e sua aplicação.

O Guia Prático de Fact-Checking foi concebido, inicialmente, como material didático para as oficinas de checagem oferecidas pelo Filtro e pode servir livremente como referência para outros professores de jornalismo que queiram inserir essa temática em suas aulas e cursos. Também pode ser um documento inspirador para que sejam formatadas outras iniciativas de fact-checking nos mais diversos contextos. E, acima de tudo, esta é uma fonte de referência para quem quer entender melhor como fazemos as nossas checagens.

Na Pensamento.org, acreditamos que a informação de qualidade dá poder aos cidadãos, sendo essencial para construir uma verdadeira democracia. Por isso, estamos sempre buscando formas de promover a reflexão pública sobre temas relevantes para o conjunto da sociedade brasileira.

O Filtro reforça esse princípio.

Nós checamos, e vamos fundo, pois a verdade importa.

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(...) uma conduta de observância a um princípio fundamental do jornalismo: a verificação

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O que é

FACT-CHECKING?

N

uma tradução literal, fact-checking significa checagem de fatos. É uma tradução apropriada para o termo em si, porém insuficiente para expressar tudo o que ele representa para o jornalismo contemporâneo. A prática do fact-checking resgata princípios fundadores do jornalismo no que diz respeito à apuração e à verificação. É mais do que um conjunto de medidas para identificar “fake news” (tema de outro e-book da Pensamento) ou desbancar boatos espalhados por correntes de WhatsApp. O fact-checking envolve uma metodologia de trabalho, compartilhada internacionalmente por iniciativas que assinam um código de princípios éticos cujo norte é a transparência: em relação às fontes, aos procedimentos de trabalho, ao financiamento, às correções e à independência editorial e partidária. É sobre este passo a passo que vamos falar.

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código de

princípios

A

Rede Internacional de Fact-Checking (IFCN, sigla em inglês para International Fact-Checking Network), do InstitutoPoynter, lançou em 15 de setembro de 2016 um código de princípios para nortear o trabalho de iniciativas de checagem. Este código foi desenvolvido durante a terceira conferência internacional de fact-checking, que ocorreu naquele ano em Buenos Aires, Argentina.

Em 17 de janeiro de 2017, a IFCN introduziu um processo de candidadura e veto para veículos se tornarem signatários deste código. Este processo veio na esteira de um anúncio do Facebook que dizia que ser signatário era “condição mínima” para ser aceito como checador na rede social.

Qualquer iniciativa de checagens pode “assinar”, no sentido de seguir este código, mas ser um signatário não-verificado não implica em qualquer tipo de apoio ou ligação com a IFCN ou qualquer um de seus membros. A verificação segue um método rigoroso que leva em conta, exclusivamente, o compromisso com cada um dos cinco itens do código internacional de princípios do fact-checking.

Atualmente, existem 46 iniciativas pelo mundo que são signatárias verificadas da IFCN. O Filtro ainda não faz parte dessa lista. Confira o código na sequência.

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1 - Compromisso com o não-partidarismo e com a justiça Verificamos declarações utilizando o mesmo padrão para todos os checados. Não concentramos a nossa prática de verificação de fatos num ou noutro lado. Seguimos o mesmo processo para cada checagem e deixamos as evidências ditarem as nossas conclusões. Não tomamos partido sobre os assuntos que verificamos.

2- Compromisso com a transparência das fontes Queremos que os nossos leitores possam verificar as nossas conclusões por si próprios. Fornecemos informação sobre todas as fontes com detalhe suficiente para que os nossos leitores possam replicar o nosso trabalho, exceto em casos em que a segurança pessoal de uma fonte possa ficar comprometida. Nesses casos, fornecemos o maior número de detalhes possível.

3 - Compromisso com a transparência do financiamento

Somos transparentes em relação à fonte do nosso financiamento. Se aceitamos financiamento de outras organizações, garantimos que os financiadores não têm 12

qualquer influência nas conclusões a que chegamos nas nossas checagens. Detalhamos o perfil profissional de todas as figuras-chave da nossa organização, e explicamos a nossa estrutura organizacional e estatuto legal.

Indicamos claramente aos leitores uma forma para que se comuniquem conosco.

4 - Compromisso com a transparência da metodologia

Explicamos a metodologia que usamos para selecionar, investigar, escrever, editar, publicar e corrigir as nossas checagens. Encorajamos os leitores a enviarem declarações para verificarmos e somos transparentes sobre por que e como investigamos.

5 - Compromisso com correções abertas e honestas Publicamos a nossa política de correções e a seguimos. Corrigimos de forma clara e transparente, em linha com a nossa política de correções, procurando ao máximo assegurar que os leitores tenham acesso à correção.

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2 Panorama

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Como surgiu o

FACT-CHECKING

A

pesar de aparentemente ter alcançado maior grau de maturidade na era digital, a origem do fact-checking é anterior. O pesquisador Lucas Graves (2016), que escreveu sua tese de doutorado na Universidade Columbia sobre a prática de checagem nos Estados Unidos, começa a contar essa história a partir da eleição de Ronald Reagan, nos anos 1980.

Durante a campanha, Reagan afirmou que “[...] as árvores causavam mais poluição do que os automóveis e que havia mais petróleo no Alasca do que na Arábia Saudita” (GRAVES, 2016, p. 56) . O autor lembra que uma edição do Columbia Journalism Review, de 1986, chegou a afirmar que as conferências de imprensa na Casa Branca haviam se convertido em fóruns de “imprecisão, distorção e falsidade”. O Washington Post teria sido, segundo ele, o primeiro jornal a desafiar os “fatos” do presidente.

Quando Reagan assumiu o cargo, o jornal passou a publicar barras laterais no noticiário com pequenos 1 - On the campaign trail, he had famously claimed that trees caused more pollution than automobiles and that there was more oil in Alaska than Saudi Arábia.

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extratos analíticos expondo as distorções de Reagan.

A escala de imprecisão nos comunicados de campanha alcançou níveis ainda mais críticos em 1988, quando George Bush concorreu pela primeira vez com Michael Dukakis, do Partido Democrata, resultando na eleição do republicano. “‘Depois das eleições, jornalistas e críticos de mídia argumentaram que a cobertura tinha ficado irrelevante por continuar com foco nos discursos e documentos políticos ignorando enormemente o vício, a verdade distorcida, o “clima de guerra” que absorveu o dinheiro dos candidatos e talvez tenha decidido o resultado’”.

(GRAVES, 2016, p. 57) A campanha de 1988 tinha oferecido protótipos e, nas prévias de 1990, as peças de adwatch se multiplicaram na televisão e nos jornais, tornando-se conhecidas informalmente como “caixas da verdade” (do inglês, truth boxes). Nesse ínterim, surge a equipe de fact-checking da CNN, liderada por Brooks Jackson. Nos meses finais da corrida eleitoral de 1992, foi ao ar a seção Campaign’92 Reality Check. Logo, diferentes segmentos começaram a desafiar afirmações além da publicidade política, usando o nome fact-check.

2 - After the election, journalists anda media critics argued that coverage had became irrelevant by continuing to focus on speeches anda policy papers while mostly ignoring the vicious, truth-distorting ‘air-war’ that absorded the candidate’s money and perhaps decided the outcome.

3 - Lucas Graves (2016, p. 59) usa o termo adwatch para se referir à checagem dos comunicados de campanha. Literalmente, ad refere-se à propaganda e watch pode ser traduzido como “vigiar”.

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Em 2003, quando o interesse da CNN pelo formato diminuiu, Jackson lançou o site FactCheck.org. O lançamento da plataforma veio acompanhado de outras iniciativas em jornais e canais de televisão, a ponto de 2004 ser apontado como “o ano do fact-check” por analistas de jornalismo, pontuando esforços do Washington Post, The New York Times, Los Angeles Times, ABC News e outros pequenos jornais.

Mais que um gênero ou formato de cobertura jornalística em tempos de campanha eleitoral, o fact-checking é tomado por Lucas Graves (2016, p. 63) também como um “movimento”, que “[...] reflete e reproduz a cultura profissional atrelada a um jornalismo mais analítico” .

A prática teve impulso adicional em 2009, quando o site PolitiFact venceu o Prêmio Pulitzer, principal honraria de jornalismo nos Estados Unidos, e inspirou dezenas de iniciativas naquele país.

Mais recentemente, em 2016, ano em que o Brasil viu a presidente Dilma Rousseff sofrer um controverso processo de impeachment, os britânicos decidiram em referendo que o Reino Unido deveria deixar a União Europeia e o republicano bilionário Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos, a equipe do Dicionário Oxford, um dos mais conhecidos Brooks Jackson dicionários de língua inglesa, elegeu “pós-verdade” (post-truth) como a palavra do ano.

4 - The fact-checking movement reflects and reproduces the Professional culture tied to more analytical journalism.

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O termo, que se popularizou nas análises políticas do período, não é totalmente novo, mas parece bem afinado com o tempo corrente. Steve Tsich, em um artigo publicado em 1992 na revista The Nation sobre a Guerra do Golfo, teria usado a expressão pela primeira vez, referindo-se a um “mundo no qual a verdade não é mais tão importante ou relevante”. A ideia de “pós-verdade” voltou com força após as eleições que levaram Trump à presidência dos Estados Unidos. Como no artigo em que o Independent afirmava que a verdade passou a ser uma moeda sem valor, e no texto do The Economist que colocava Trump como o principal expoente da política da pós-verdade “que se baseia em frases que ‘passam a sensação de serem verdadeiras’, mas que não têm nenhuma base real”.

A surpresa em torno da eleição de Trump quando todas as projeções apontavam a democrata Hillary Clinton como favorita para suceder Barack Obama levou analistas a questionar a possível influência da disseminação de notícias falsas anti-Hillary e pró-Trump no resultado das urnas. As revelações do ex-funcionário da Cambridge Analytica, empresa especializada em disseminar informações personalizadas na rede, que vieram à tona no começo de 2018, reforçam a preocupação em torno da influência dessa prática no debate político. Christopher Wylie chegou a afirmar que o Brexit não teria acontecido sem a atuação da empresa.

No Brasil, o caso mais revelador foi o que envolveu a vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro em março de 2018, que teve a imagem atacada nas redes sociais após o crime. Além de escandalizar a sociedade brasileira com a disseminação irresponsável de fake news, o caso resultou na abertura de um pro18

cesso de apuração de conduta de uma desembargadora no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ainda levou o Facebook a tirar do ar as páginas que criaram os boatos.

O impacto social das fake news ou desse clima de “pós-verdade” levou até mesmo a Organização das Nações Unidas a declarar que esta é uma preocupação global em um comunicado assinado também pela Organização dos Estados Americanos, pela Organização para Cooperação e Segurança na Europa e pela Comissão Africana sobre Direitos Humanos e dos Povos. A declaração conjunta destaca a importância dos meios de comunicação e das universidades, bem como dos governos e da sociedade civil, no “desenvolvimento de iniciativas participativas e transparentes para uma melhor compreensão do impacto da desinformação e da propaganda sobre a democracia”. É nesse cenário que o fact-checking, como expressão de um jornalismo qualificado, ganha relevância.

Ao redor do mundo, o fact-checking vive uma expansão prodigiosa, como demonstra um levantamento recente do Duke Reporters’ Lab: o número de projetos ativos de verificação de fatos aumentou mais de duas vezes e meia desde o primeiro levantamento, feito em 2014 (STENCEL, 2017, on-line). O crescimento foi mais intenso na Europa, passando de 27 para 39 iniciativas – um acréscimo de 44%. Mas há representatividade nos cinco continentes, incluindo operações em lugares como Kosovo, Turquia, Nigéria, Coreia do Sul e até na China.

5 - The number of active fact-checking projects increased more than two and half times since the Duke Reporters’ Lab began its annual census three years ago.

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O mesmo levantamento, que é feito sob orientação da International Fact-Checking Network, baseada no Instituto Poynter, na Flórida, aponta para uma particularidade interessante: mais de 80% dos checadores dos Estados Unidos (36 de 43) fazem parte de uma empresa de mídia, enquanto menos da metade das iniciativas de outros países (33 de 71) tem esses tipos de vínculos (STENCEL, 2017, on-line) . Fora dos Estados Unidos, as operações de checagem são principalmente ligadas a universidades e outras organizações não governamentais que se concentram em questões como envolvimento cívico, transparência governamental e responsabilidade pública. É o caso de duas das três operações de checagem mapeadas no Brasil: Aos Fatos, Truco e Agência Lupa, que segue um modelo empresarial.

Após a publicação desse mapeamento, outras iniciativas surgiram no Brasil, como é o caso do Filtro, que nasceu com o propósito de verificar as declarações dos candidatos ao governo do Estado do Rio Grande do Sul. Mas já existem unidades de checagem em veículos de referência, como a seção “É ou não é?”, do site G1, ou “Prova real”, do jornal Diário Catarinense, por exemplo.

A prática do fact-checking chegou a tal nível de amadurecimento nos últimos anos que já existe até mesmo o Dia Internacional do Fact-Checking: 2 de abril, um 6 - While more than 80 percent of the U.S. fact-checkers (36 of 43) are part of a media company, fewer than half in the rest of the world (33 of 71) have those kinds of direct ties. The others are mainly affiliated with universities and other non-governmental organizations that focus on issues such as civic engagement, government transparency and public accountability. Still, those independent fact-checkers frequently establish business or distribution relationships with news organizations to help pay for their work and expand their audiences.

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dia depois do Dia da Mentira, instituído pela International Fact-Checking Network – IFCN.

(o fact-checking) reflete e reproduz a cultura profissional atrelada a um jornalismo mais analítico

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3 MĂŠtodo

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Quais as

diferenças?

H

á duas diferenças principais entre a prática de fact-checking e o jornalismo tradicional.

1 - Confrontamos declarações públicas

No jornalismo tradicional, o repórter abre aspas e reproduz a declaração. No contexto em que o fact-checking surgiu nos Estados Unidos, havia um certo desconforto dos jornalistas com relação a este jornalismo “declaratório”.

Para o pesquisador Lucas Graves, que estudou as três iniciativas pioneiras de checagem nos Estados Unidos em sua tese de doutorado, os fact-checkers decretam uma crítica à cobertura jornalística convencional e constituem “organizações jornalísticas estreitamente adaptadas ao ecossistema contemporâneo de notícias em rede”.

A crítica ao jornalismo tradicional é, principalmente, em relação ao jornalismo “declaratório”, que reproduz o que um disse e outro disse, para sustentar uma pretensa imparcialidade, que acaba por disseminar informações imprecisas, distorcidas ou mesmo mentirosas. No fact-checking, o jornalismo assume a responsabilidade de confrontar declarações públicas, com base em dados e fatos comprováveis|.

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2- Somos transparentes Esse movimento vem acompanhado de parâmetros de transparência, que configuram outra diferença central. Nos conteúdos de checagem, todo o processo de apuração jornalística é revelado ao leitor: as fontes consultadas, os dados obtidos, isso tudo é parte do texto final, podendo o próprio leitor checar as fontes usadas pelo jornalista. Isso desconstrói a notícia na sua forma convencional, pois no formato tradicional o leitor só tem acesso ao texto final, o processo de apuração fica obscurecido e acaba abrindo margem para que se questione a credibilidade das informações.

(...) a apuração jornalística é alçada a um patamar de produto final

Pode-se dizer que, no fact-checking, a apuração jornalística é alçada a um patamar de produto final. “Isso acarreta um incremento na fiscalização da cobertura política da imprensa mais tradicional, possibilita maior transparência das informações políticas, persegue a credibilidade do ator político e, a partir de tudo isso, oferece ao cidadão maior poder de argumentação sobre temas de interesse público”, pondera a pesquisadora Tatiana Dourado.

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Sobre a

metodologia

C

ada iniciativa define seu passo a passo, seguindo as diretrizes gerais da IFCN. Para o Filtro, tudo começa pela seleção das declarações a serem checadas.

A definição da pauta, portanto, parte de discursos públicos, que podem ser entrevistas, pronunciamentos, posts de perfis oficiais em redes sociais, materiais de campanha eleitoral e outras fontes em que seja possível identificar o autor e pinçar frases que possam gerar dúvida ou controvérsia, influenciando o debate público.

Então, o primeiro ponto a ser avaliado é quem está falando, sobre qual assunto e que ruído essa fala provoca no debate público, de acordo com o contexto de cada iniciativa. No caso do Filtro, interessa checar discursos que sejam de interesse social no Rio Grande do Sul.

Quem fala Sobre o quê?

Qual o ruído?

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É importante ter em mente que nem tudo é checável segundo a metodologia do fact-checking. É possível verificar frases que tragam números, comparações, que falem sobre a legalidade de um fato ou dados históricos. Mas NÃO é possível checar uma opinião, tendências de futuro ou conceitos amplos.

Feita esta seleção, os fact-checkers seguem alguns protocolos que envolvem o contato com o locutor da frase, para dar a ele oportunidade de apresentar suas fontes e contestar resultados de checagens, bem como acessar dados, estatísticas e documentos que permitam verificar a declaração. No caso do Filtro, descrevemos nossa metodologia em cinco passos: Contato com o locutor – o primeiro passo será entrar em contato com a pessoa que proferiu a declaração a ser verificada, diretamente ou por meio de assessoria de imprensa, para que ela possa informar que fontes fundamentaram sua declaração.

Levantamento de referências – paralelamente, buscaremos juntar o que já foi publicado sobre o assunto na imprensa, em documentos oficiais, artigos acadêmicos e outras referências, a fim de identificar fontes confiáveis.

Pesquisa em bancos de dados – a partir das pistas obtidas no levantamento inicial, buscaremos os dados necessários à verificação em arquivos públicos ou via lei de acesso à informação, se for o caso.

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Consulta a especialistas – consultaremos especialistas, quando necessário, para obter esclarecimentos sobre o assunto e ajudar na interpretação dos dados.

Novo contato com o locutor – entraremos novamente em contato com o autor da declaração para informar nossa conclusão e possibilitar que ele se manifeste a respeito e tenha seu direito de resposta.

processo de

verificação

A

gora que já detalhamos a metodologia de checagens do Filtro, é importante dizer que seguimos uma lógica rigorosa de apuração jornalística para garantir a fidelidade das informações e a sua origem, baseada em dados e fatos comprováveis.

Não é um outro passo a passo, mas dicas e cuidados que incorporamos na nossa rotina de verificação para prevenir erros e garantir um conteúdo mais preciso.

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1) Leia tudo sobre o assunto: procure se informar sobre o contexto da declaração que você pretende verificar.

Busque o histórico do caso, pesquise por fontes de referência diversas: livros, pesquisas, pesquisadores. Vale consultar arquivos públicos e não tem problema fazer buscas na internet para encontrar fontes, mas vá fundo para saber de onde vêm as informações que aparecerem no resultado de suas buscas. Dê sempre preferência a órgãos oficiais e sites institucionais. Se necessário, faça contato com a fonte por outros canais, para confirmar essas informações.

2) Localize dados: a partir desse levantamento inicial, localize fontes de informações, preferencialmente fontes públicas. O Estado é um gerador de estatísticas públicas por princípio. Tenha muito cuidado com pesquisas encomendadas ou institutos privados. Consulte sites oficiais, relatórios e estatísticas de órgãos públicos, use o Portal da Transparência, os arquivos do Judiciário e também os arquivos da imprensa. Um dos papéis do jornalismo é preservar a história e a memória dos acontecimentos, então muitas vezes é possível encontrar pistas no que já foi publicado por veículos consolidados.

3) Use a Lei de Acesso à Informação: nos últimos anos, o governo brasileiro tem criado mecanismos para garantir a divulgação de dados públicos por meio de legislações que tornam obrigatória a publicação dessas informações via internet, como é o caso da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000) e seu adendo, a Lei da Transparência (Lei Complementar nº 131/2009), as quais orientam a disponibilização de informações referentes à destinação de dinheiro pú28

blico, sem que seja necessário o cidadão solicitá-las.

Mas nem sempre isso está devidamente acessível.

Para isso, há o instrumento da Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011), que abrange pedidos mais genéricos sobre assuntos de competência dos diversos órgãos de governança pública. Ao fazer os pedidos pela LAI, seja claro e lembre que o pedido não é a pauta.

Quer descobrir os 10 crimes mais frequentes em um determinado bairro? Peça uma lista com todas as ocorrências. Dirija o pedido ao órgão certo, lembre-se que os pedidos geram um número de protocolo e nunca aceite uma negativa apenas verbal.

Se quiser saber mais sobre como utilizar a LAI, acesse o nosso “Guia prático de LAI”.

4) Contate as assessorias de imprensa: o primeiro passo da metodologia de checagem inclui o contato com a assessoria de imprensa de quem está sendo checado para verificar a fonte da informação citada na declaração a ser checada. No final, você entrará em contato novamente para informar sobre o resultado da checagem.

Mas é possível que você precise consultar outros órgãos ou instituições para obter dados e documentos de suporte à verificação. Faça contato com as assessorias para encurtar caminhos até a fonte, pedir informações adicionais ou tirar dúvidas.

5) Contate os especialistas: pode ser que algumas planilhas ou documentos sejam altamente técnicos e você não tenha segurança para analisá-los sozinho. Nesse caso, procure ajuda de um especialista no assunto. Mas o que define um “especialista”? Fontes com afinidade com o tema e sem relação com o objeto da matéria. Por 29

exemplo, não vale consultar o advogado de uma das partes do processo, ele tem um lado. Busque um olhar externo. Um pesquisador que seja referência no assunto, alguém que já exerceu função naquele órgão, um profissional que atuou em casos parecidos, representantes de entidades de classe ligadas ao tema ou mesmo um jornalista mais experiente.

6) Vá a campo: fact-checking não se faz só dentro da redação. Em alguns casos é preciso conferir uma situação in loco. Fale com as pessoas. Observe o local. Preste atenção nos detalhes. Aponte as contradições. Gere “provas”: fotografe, filme, grave. Esses materiais de observação devem ser anexados à checagem depois.

7) Busque o outro lado: dar espaço para a fonte contradizer ou esclarecer o resultado de sua checagem faz parte da metodologia do fact-checking. No texto final, esse contraponto não pode ser ignorado. Apresente os argumentos da fonte para que o leitor possa também fazer sua avaliação do conteúdo.

8) Se publicar algo equivocado, corrija: lembre-se que a transparência é o norte do código de princípios do fact-checking. Isso vale para quando se comete um equívoco também. O procedimento de checagem é rigoroso, e evitar ao máximo o erro é uma questão de sobrevivência. Mas erros são possíveis, e devem ser assumidos.

Não simplesmente apague o erro. Faça a correção e informe que o texto foi corrigido, em que momento e por quais motivos.

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A

tudo é ou ?

conclusão de uma verificação nem sempre resulta em uma coisa ou outra. Há uma linha entre o verdadeiro e o falso que faz diferença na interpretação de uma declaração. A forma como cada iniciativa de fact-checking comunica essa conclusão ao leitor varia. O PolitiFact utiliza um “termômetro da verdade”, a unidade de fact-checking do The Washington Post ficou conhecida por usar Pinóquios, aquele personagem da literatura infantil criado pelo jornalista e escritor Italiano Carlo Collodi (seu nome real era Carlo Lorenzini) em 1883, cujo nariz crescia quando mentia. Nas iniciativas brasileiras, o mais comum é usar “etiquetas”.

No caso do Filtro, a classificação das declarações quanto ao seu grau de veracidade parte do próprio jornalista que fez a apuração. O editor dá o aval antes da publicação. Caso haja divergência na classificação, um terceiro jornalista é consultado. Sempre que possível, durante o processo de edição, essa classificação é discutida em conjunto. Como a formatação do Filtro é livremente inspirada no projeto Truco, da Agência Pública de Jornalismo Investigativo, seguimos a mesma metodologia de classificação das checagens.

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As nossas etiquetas

Para conseguirmos categorizar a veracidade das informações checadas com precisão e transparência, contávamos com oito etiquetas no início das operações do Filtro, em março de 2018. Cada uma buscava compreender uma situação dentro da subjetividade do conceito da verdade.

Não são, portanto, ferramentas que buscam atestar o compromisso com a verdade do autor das declarações, mas, sim, do conteúdo declarado. As etiquetas eram:

A declaração tem sustentação em fontes confiáveis.

A declaração está correta mas não explica o contexto.

A afirmação contradiz declarações anteriores do mesmo autor.

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A conclusão varia de acordo com a metodologia adotada.

A afirmação não usa dados corretos mas aponta uma tendência correta ou um conceito verdadeiro.

Os dados foram usados na afirmação para produzir uma falsa interpretação da realidade.

Não existem dados confiáveis – oficiais ou de outras fontes – que sustentem a afirmação.

A análise dos dados e de outras fontes mostra que a afirmação é falsa.

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Primeiras Alterações

Em 30 de julho de 2018 o Filtro passou a integrar o projeto “Truco nos Estados”, realizando checagens para o Projeto Truco da Agência Pública de Jornalismo Investigativo.

O Truco reduziu de oito para sete as etiquetas utilizadas, eliminando a “Contraditório” e substituindo “Distorcido” pela nova classificação “Subestimado”. Pelo fato do Filtro já trabalhar com as etiquetas do Projeto Truco e estar sob contrato com a Agência Público, nossas etiquetas seguiram o mesmo caminho.

A explicação de “Exagerado” também ficou mais clara.

No entanto esse debate nunca termina, sendo possível atualizações ou mesmo novos modelos de classificação de informações checadas. Atualmente classificamos as frases da seguinte forma: A análise dos dados e de outras fontes mostra que a afirmação é verdadeira. Dados arredondados também são considerados verdadeiros.

A afirmação traz informações ou dados corretos, mas falta contexto que é importante para a compreensão dos fatos.

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A conclusão sobre a frase varia de acordo com a metodologia adotada.

A frase traz dados inflados ou é uma afirmação superdimensionada sobre um fato ou uma tendência verdadeira.

A frase traz dados subdimensionados ou é uma afirmação minimizada sobre um fato ou uma tendência verdadeira.

Não existem dados ou estudos confiáveis publicados que embasam a afirmação, no momento da checagem.

A análise dos dados e de outras fontes mostra que a afirmação é falsa, não corresponde à realidade.

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O caminho do Verifique a relevância do autor Quem fala Sobre o quê?

Qual o ruído?

Frases Checáveis

Selecione em discursos públicos, entrevistas, debates, pronunciamentos e posts em perfis oficiais nas redes sociais frases para checar.

- números - Comparações - Dados históricos - Legalidade de um fato 36

Contate o locutor Levante referências e busque a origem das informações

Pesquise em bancos de dados e tenha cuidado com pesquisas “encomendadas” Consulte especialistas sem relação com o objeto da matéria

Informe o locutor da conclusão da checagem e garanta o direito de reposta

Defina a etiqueta e publique

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PENSAMENTO.ORG

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KOVACH Bill; ROSENTIEL Tom. Os elementos do jornalismo. São Paulo: Geração Editorial, 2004.

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O

Filtro é uma iniciativa de checagens (fact-checking) da ONG Pensamento.org para verificação de fatos, dados e declarações públicas com foco no Rio Grande do Sul (RS).

Nosso objetivo é desconstruir informações enganosas e buscar a verdade, pois acreditamos que ela realmente importa.

Para isso, acompanhamos discursos, entrevistas, programas eleitorais e perfis públicos de políticos e figuras de relevância social no RS para verificar se o que eles dizem têm fundamento em dados e fatos comprováveis, seguindo o código de princípios da International Fact-checking Network.

Todas as nossas checagens podem ser republicadas livremente por veículos de comunicação, blogues, leitores em suas redes sociais ou qualquer pessoa que queira disseminar nossa iniciativa. Por isso, todo o conteúdo da Pensamento.org é publicado sob licença Creative Commons BY ND. Isso significa que qualquer pessoa pode republicar, com finalidade comercial ou não, desde que o nosso trabalho seja distribuído inalterado e no seu todo, com crédito atribuído ao Filtro/Pensamento.org.

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Foto: Tânia Meinerz

A jornalista Taís Seibt atualmente estuda a prática de fact-checking em sua pesquisa de doutorado em Comunicação e Informação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Tem mais de 10 anos de experiência em jornalismo multimídia, incluindo reportagem e edição no jornal Zero Hora e trabalhos como freelancer para veículos como BBC Brasil, O Estado de S. Paulo e Agência Pública.

Foto: Tânia Meinerz

A repórter Naira Hofmeister reforça a iniciativa. Jornalista freelancer desde 2006, trabalha para veículos do Brasil e do exterior e recebeu, em três oportunidades, o Prêmio ARI de Jornalismo, o mais tradicional do Rio Grande do Sul. Especializada em grandes reportagens, vem desenvolvendo nos últimos anos matérias investigativas financiadas por leitores, como é o caso do Dossiê Cais Mauá e do Dossiê Palcos Públicos de Porto Alegre.

Foto: Tânia Meinerz

Criador da Pensamento.org, o jornalista Tiago Lobo completa o time de fundadores do Filtro. Com 11 anos de experiência em reportagem, edição e produção editorial multiplataforma, Lobo escreveu para jornais do Brasil e exterior, revistas e portais de notícias.

Atua com foco na defesa dos Direitos Humanos, foi caça-talentos para jornalistas e edita a Revista Pensamento.

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ensamento.org é uma organização brasileira, não governamental e sem fins lucrativos, que busca o fortalecimento da democracia e a defesa dos direitos humanos por meio do jornalismo.

Publicamos reportagens no site pensamento.org, nas edições da Revista Pensamento — que você pode ler gratuitamente no nosso site —, mantemos o Filtro Fact-Checking, nosso braço de checagens, combatemos a censura contra jornalistas e editamos publicações educacionais e livros-reportagem.

Missão: Contar histórias socialmente relevantes com independência editorial pela promoção e defesa dos Direitos Humanos e da Democracia.

Visão: O jornalismo existe para o leitor e é por ele, e para ele, que nos pautamos. O verdadeiro papel do jornalismo é fazer pensar e acreditamos no seu poder transformador.

Valores: Igualdade, verdade e integridade.

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Igualdade:

O objetivo da Pensamento é contar histórias socialmente relevantes sem distinções políticas, econômicas, religiosas, raciais ou de gênero. Tratamos nossa equipe da mesma forma que tratamos nossos colaboradores, leitores, fontes de notícias, financiadores e figuras polêmicas. Com respeito e dignidade.

Integridade:

A confiança dos nosso leitores é a base do nosso trabalho e o que fornece sentido para que continuemos contando histórias que precisem ser contadas. Por isso, trabalhamos sob os mais altos valores éticos, em respeito e defesa à Declaração Universal dos Direitos Humanos, de forma transparente e íntegra conforme nossa declaração de princípios e nosso “Guia de valores para o jornalismo socialmente relevante”.

Verdade:

Jornalistas falam a verdade e contam histórias reais. Este é um valor fundamental da profissão. Mas nós erramos. Esta é uma verdade sobre o ser humano. Por isso, corrigiremos nossos erros assim que notarmos sua existência, sem esperar que alguém o solicite, de forma clara e honesta. Em espaço visível e de fácil acesso. Não vamos tolerar jornalistas que publiquem mentiras, plágios, ou manipulem informações de forma consciente ou imprudentemente distorçam imagens, áudios, vídeos ou proponham conteúdos que não atendam ao contrato social da profissão.

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VAMOS LONGE, POIS A VERDADE

IMPORTA. WWW.PENSAMENTO.ORG

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CENSURA NÃO É SOBRE UM VEÍCULO OU JORNALISTA, É SOBRE TODOS NÓS.

Acesse nosso site e denuncie casos de censura contra jornalistas

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O LABORATÃ&#x201C;RIO DO FILTRO

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e você não sabe mais o que é verdade ou ficou na dúvida sobre a declaração do seu candidato às próximas eleições, você precisa de um Filtro.

Este Guia Prático de Fact-Checking, concebido pela jornalista e pesquisadora Taís Seibt é, ao mesmo tempo, o registro de uma metodologia de verificação de declarações públicas que eleva o nível do jornalismo, uma poderosa ferramenta pedagógica e uma carta de intenções do Filtro, o braço de checagens da ONG Pensamento.org.

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E vamos fundo pois a verdade importa!

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