Dicas de instalação
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O Setor Elétrico / Julho de 2014
Cabeamento estruturado Por Marcelo Barboza*
História O conceito de cabeamento estruturado surgiu em meados dos anos 1980 com o intuito de realizar as convergências das mídias de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) das corporações. Na época, cada aplicação de TIC – como telefonia, redes de microcomputadores, redes de terminais de mainframes, câmeras de CFTV, automação predial, etc. – utilizava seus próprios tipos de cabos (coaxiais, pares trançados, cabos paralelos e fios singelos, dentre outros), cada qual com sua própria topologia de ligação (estrela, barramento, anel, mista). Tal profusão de mídias e topologias aumentava a complexidade dos sistemas e encarecia muito a implantação e a manutenção. O início dos anos 1990 viu surgir as primeiras normas para cabeamento estruturado, como as primeiras versões das normas ANSI/TIA-568 e ISO/IEC 11801. Tais normas visavam a criação de uma topologia comum para todas as aplicações de TIC, com poucos e padronizados tipos de mídias que pudessem ser projetados antes da ocupação da edificação ou até mesmo antes da definição das marcas e modelos dos equipamentos de dados, voz e imagens. Atualmente, o Brasil conta com duas normas próprias e atualizadas para o projeto de sistemas de cabeamento estruturado, a ABNT NBR 14565:2013 – Cabeamento estruturado para edifícios comerciais e data centers e a ABNT NBR 16264:2014 – Cabeamento estruturado residencial.
Conceito Um sistema de cabeamento estruturado é composto por determinados tipos de cabos e conectores, juntamente com a respectiva infraestrutura de suporte, projetados e instalados conforme uma certa topologia e de acordo com as normas nacionais e internacionais. Os cabos devem ser de par trançado ou de fibra ótica. Os conectores para os cabos de par trançado devem ser modulares de oito posições, conhecidos popularmente como RJ-45. Para fibra ótica, diversos tipos de conectores são permitidos, como SC, LC e MPO, dentre outros. As normas definem também as características físicas e de desempenho dos cabos, como bitola dos fios, quantidade de pares ou fibras e desempenho de transmissão. Com relação ao desempenho, os cabos de par trançado são classificados em relação à sua
frequência máxima de transmissão: • Categoria 3 (Classe C): 16 MHz • Categoria 5e (Classe D): 100 MHz • Categoria 6 (Classe E): 250 MHz • Categoria 6A (Classe EA): 500 MHz • Categoria 7 (Classe F): 600 MHz • Categoria 7A (Classe FA): 1.000 MHz (este não se encontra ainda definido na norma nacional) A categoria (ou classe) do cabo deve ser escolhida com base nas aplicações mais exigentes previstas a serem implantadas. Por exemplo, se é prevista a utilização do Ethernet a 10 Gb/s (10GBASE-T), deve-se utilizar no mínimo a categoria 6A. Os conectores e demais elementos constituintes dos canais de transmissão devem seguir a mesma classe de desempenho. Os links de cabos de par trançado, devido à sua atenuação característica, devem ser limitados a no máximo 100 metros. As fibras óticas são classificadas quanto à sua largura de banda e algumas outras características físicas e óticas: • Multimodo: OM1 a OM4 • Monomodo: OS1 e OS2 De forma semelhante ao par trançado, devem-se escolher a fibra e demais componentes óticos conforme as aplicações a serem suportadas. Fibras óticas podem suportar distâncias de centenas ou milhares de metros, dependendo de seu tipo e da aplicação.
Topologia Os cabos devem ser sempre implantados em topologia estrela, partindo de distribuidores localizados em racks apropriados. Os cabos distribuídos por um determinado pavimento para atendimento às aplicações de usuários – como telefones, computadores e impressoras – são chamados de “horizontais”. Eles devem ser lançados sem emendas, ponto a ponto, desde o distribuidor do piso (FD) até cada tomada de telecomunicações RJ-45 (TO) de cada usuário, limitando-se a lances de até 90 metros. A conexão entre o distribuidor, a tomada e os respectivos equipamentos deve ser feita com patch cords – cabos dotados de conetores em ambas as extremidades –, em um total de até 10 metros por link. Deve haver um distribuidor central no
edifício (CD) que interliga, também em estrela, os distribuidores dos pisos (FDs). Os cabos que fazem tais interligações são conhecidos como “backbones”. Usualmente, os backbones são compostos por cabos de fibra ótica, devido ao seu alto desempenho, suporte a grandes distâncias e imunidade à interferência eletromagnética (EMI).
Caminhos e espaços Os distribuidores de cabeamento (FD e CD) devem ser alocados em salas ou espaços especialmente projetados para essa finalidade, com acesso ao pessoal da área de TIC. Devem ser dotados de recursos técnicos, como energia elétrica – de preferência ininterrupta –, climatização, segurança de acesso e demais requisitos pertinentes. As salas ou espaços destinados aos distribuidores podem ter os nomes de Sala de Telecomunicações (TR) ou Sala de Equipamentos (ER). Tais espaços devem ter seu projeto como parte integrante do projeto civil da edificação. A construção desses espaços após a inauguração ou a ocupação do prédio é muito mais custosa e traumática, podendo até impactar negativamente na funcionalidade dos sistemas de TIC do usuário. Os espaços ocupados pelos usuários de aplicações de TIC da edificação são denominados Áreas de Trabalho (WA). É na WA que são instaladas as tomadas do cabeamento (TO), de preferência próximas às tomadas elétricas. Os cabos horizontais e backbones devem ser lançados por caminhos apropriados, também conhecidos como infraestrutura de suporte. Tais caminhos devem: • Proteger os cabos contra danos físicos, EMI e contaminantes (como água, por exemplo); • Prover segregação da rede elétrica; • Prever espaço para expansão e recursos para manutenção. Os caminhos devem ser projetados juntamente com a edificação, de forma a proverem interligação entre as salas/espaços (como TRs e ERs), as áreas de trabalho (horizontal) e entre si (backbone). Existe um projeto de lei, de n° 5013-2013, atualmente em apreciação no Senado Federal, que, se ratificado, determinará que “a construção de edifício público ou privado destinado ao uso coletivo deverá ser executada de modo a dispor de dutos, condutos,