Revista Foco 208

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A trajetória do designer Antonio Henrique Abinave é marcada por questionamento incessante e pela observação dos padrões estéticos presentes na natureza. Filho de joalheira, Antonio acompanhou a mãe desde cedo na oficina de joalheria, participando do processo criativo e da execução das peças que a designer produzia. A joia tornou-se desde então um símbolo, muito além do objeto em si. Era a base de sustentação da vida, um aglomerado de energia positiva, criativa. A primeira virada decisiva aconteceu na descoberta de Brasília. A arquitetura da capital, os imensos espaços vazios, os volumes, as formas puras, os desníveis, as espirais aguçaram o senso estético, de composição, de harmonia, de precisão matemática, essência de forma, limpeza visual. A mudança coincidiu com o início da formação acadêmica e das viagens a Nova Iorque e ao Oriente. A ebulição nova-iorquina e a descoberta da Ásia produziram uma liga improvável, mas decisiva na formação da identidade como designer. Foi um período intenso de estudos e viagens que trouxe conteúdo ao trabalho. A última etapa foi a ida para Holanda, onde se aperfeiçoou na ioga. Foi a fase dos museus, das viagens pelas cidades europeias, da formação nas artes, do curso de design técnico em joalheria, da prática no mercado de trabalho, de firmar-se como designer e joalheiro. Nessa época produzia uma coleção por ano no Brasil e vendia tanto para as clientes fiéis de Brasília como para as europeias. Em 2008, abriu seu espaço ao público em Brasília. O trabalho, como designer, reflete a trajetória. São quatro pilares, ou referências, na criação: pedras raras; formas puras, arquitetônicas; natureza em sua perfeição matemática e estética; e heranças culturais, antigas civilizações constantemente revisitadas. Dessa equação resulta a obra de quem produz joias únicas, plenas de significado.

Antonio Henrique Abinave

Capa

Cristina Pessoa

As criações da designer brasiliense Cristina Pessoa não surgem por acaso. Cada peça é pensada e construída no universo particular idealizado pela artista: uma fusão da joalheria com as artes plásticas. Além de beleza, suas joias precisam ter conceito, significado e transitar no mix entre o vintage e o contemporâneo. Mais ainda, refletir a personalidade criativa e irrequieta da sua criadora, uma brasiliense que voltou ao Brasil e para a Brasília única e futurística de Oscar Niemeyer, de onde saiu aos 19 anos para o mundo. Morou nos Estados Unidos e em vários países da Europa. Cristina Pessoa costuma dizer que Brasília é o centro para a sua criação, mas o mundo continua sendo sua segunda casa. Cursou escultura, pintura e desenho de joias nas mais prestigiosas escolas europeias, entre Florença, Barcelona e Londres. Após uma viagem para Jaipur, na Índia, ela ficou encantada pelo poder das joias. Pós-graduou-se em desenho de joias pela Central Saint Martin e resgatou a história dos seus antepassados, quando o bisavô comercializava diamantes, para criar um trabalho conceitual e com identidade própria. A paixão pelo extenso cromatismo das pedras brasileiras, pelo volume e forma, fez com que a artista relacionasse o mundo da pintura e escultura da joalheria. Além de uma loja em Trancoso, as criações de Cristina Pessoa podem ser encontradas na Fundação Tomie Ohtake, em São Paulo, onde expõe peças conceituais em prata com linha brutalista.

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