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ÚLTIMA PALAVRA - Andréia Fioravante
ANDRÉIA FIORAVANTE Advogada, diretora do Centro Despertar e apresentadora do programa Despertando Mulheres
Não se pode ignorar os avanços nos espaços ocupados por mulheres, embora ainda estejamos vivendo em um mundo machista e masculinizado, com altos índices de violência doméstica contra a mulher, seja ela psicológica, sexual, patrimonial, moral ou física, ou ainda a violência provocada no ambiente de trabalho. É triste constatar que a violência contra a mulher acontece principalmente no ambiente familiar e no ambiente de trabalho, locais que deveriam oferecer segurança e confiança. O pior é ver que algumas mulheres não se percebem estar sendo violentadas em certas ocasiões em seu trabalho, pois o machismo cultural está tão impregnado que o ato machista e abusivo passa despercebido. Entristece também quando a mulher percebe que são escassos os postos de poder e status por ela ocupados, e que, quando os ocupa, passa a enxergar as outras mulheres como ameaças, como se o seu cargo fosse o único que poderia ocupar, ou seja, ainda que inconscientemente, a mulher cria uma crença de escassez, e ao invés de trabalhar para o fortalecimento feminino trazendo mais mulheres consigo para ocuparem outros espaços de poder e de status, passa a
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A MULHER NOS ESPAÇOS DE PODER E A CRENÇA DE ESCASSEZ
imaginar e a criar um ambiente de disputa limitado deixando de visualizar outros espaços e oportunidades. Essa crença gera também, para aquelas que buscam o espaço, a crença limitadora de que a meta a ser atingida é o espaço já obtido, e por consequência, ao invés de se unirem para que várias mulheres ocupem seus espaços, acabam disputando e dividindo quando deveriam somar e multiplicar. Mas ainda existe uma consequência mais devastadora: as mulheres que ficam a observar todo esse movimento e desistem de se expor e de contribuir para com a sociedade e a humanidade. Mulheres extraordinárias que desistem de buscar por espaços no meio empresarial, religioso, dos esportes, social, político e em tantos outros espaços, sejam nas suas comunidades ou sociedade em geral.
Muitas têm sido as formas de agrupamentos femininos que pregam o “empoderamento” da mulher, o que particularmente prefiro chamar de fortalecimento feminino. Contudo, necessário se faz que esses movimentos tenham unidade entre as mulheres, ou seja, que elas se agrupem e se unam em torno de um propósito, na mesma visão e direção, promovendo o fortalecimento feminino, para que todas possam buscar, por meio de ações colaborativas, ocupar espaços de fala e de poder onde uma fortaleça a outra e construam, junto com homens, jovens e idosos, uma sociedade equilibrada com equidade e justiça social, onde todos tenham igualdade de tratamento a partir de seu conhecimento, capacidade, empenho, interesse e colaboração, sem distinção de gênero, raça ou religião, com respeito às diferenças, as opiniões e escolhas, reconhecendo e respeitando o direito de cada um.
Se faz necessária uma mudança de mentalidade: trocar as lentes da competição pelas lentes do fortalecimento. Fala-se de mulheres pioneiras a ocuparem cargos que até então eram de homens, mas é preciso mudar essa fala e passar a falar de: mulheres que foram pioneiras em ocupar cargos “que até então, eram ocupados por homens”, ou seja, os cargos não têm sexo ou gênero, não são de exclusividade masculina, apenas estavam sendo ocupados por homens. Dessa forma, a mulher passará a enxergar todas as possibilidades e oportunidades, e verá que somando forças com outras mulheres poderão assumir mais espaços e criar um ambiente harmônico e equânime, pois a realidade atual ainda apresenta um cenário onde mulheres são preteridas em relação aos homens.
As mulheres são extraordinárias e precisam eliminar essa crença de escassez de espaços e passarem a enxergar o oceano de oportunidades à sua frente quando todas navegam no mesmo sentido.
