Revista ECOLÓGICO - Edição 55

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MARCELO PRATES

1 EXPEDIENTE

Em toda Lua Cheia, uma publicação dedicada à memória de Hugo Werneck CONSELHO EDITORIAL Angelo Machado, Antônio Claret de Oliveira, Célio Valle, Evandro Xavier, José Cláudio Junqueira, José Fernando Coura, Maria Dalce Ricas, Maurício Martins, Nestor Sant’Anna, Paulo Maciel Júnior, Roberto Messias Franco, Vitor Feitosa e Willer Pós.

CAPA Foto: Shutterstock / Arte: Sanakan

MARKETING E ASSINATURA

EDITORIA DE ARTE André Firmino

IMPRESSÃO Rona Editora

DIRETOR GERAL E EDITOR Hiram Firmino

Sanakan Firmino

hiram@souecologico.com

REVISÃO Gustavo Abreu

EDITORA ASSISTENTE Valéria Flores valeria.flores@souecologico.com

REPORTAGEM Ana Elizabeth Diniz, Andréa Zenóbio Gunneng (Correspondente Internacional), Cristiane Mendonça, Fernanda Mann, Luciana Morais e Vinícius Carvalho

andre@souecologico.com

Marcos Takamatsu marcos@souecologico.com

sanakan@souecologico.com

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PROJETO EDITORIAL E GRÁFICO Ecológico Comunicação em Meio Ambiente Ltda ecologico@souecologico.com

REDAÇÃO Rua Dr. Jacques Luciano, 276 Sagrada Família - Belo Horizonte MG - CEP 31030-320 Tel.: (31) 3481-7755

DEPARTAMENTO COMERCIAL José Lopes de Medeiros

redacao@revistaecologico.com.br

joselopes@souecologico.com

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Sarah Caldeira sarah@souecologico.com

Silmara Belinelo silmara@souecologico.com

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VERSÃO DIGITAL A Revista Ecológico utiliza papéis Suzano para a sua impressão. Isto garante que a matéria-prima florestal provenha de um manejo econômico, social e ambientalmente sustentável.

Revista Ecológico

SSou Ecológico

REVISTA NEUTRA EM CARBONO www.prima.org.br



1 ÍNDICE A HORA E A VEZ DA CONSTRUÇÃO CIVIL Crescimento de população urbana – 95% até 2050 – determina atuação com responsabilidade socioambiental das empresas do setor Pág 36

PÁGINAS VERDES Fernando Gabeira avalia o governo Dilma e dispara: “Uma das novidades do mundo atual é crescer sem aumentar as emissões” Pág 24

E mais... ● IMAGEM DO MÊS 10 ● CARTAS DOS LEITORES 12 ● CARTA DO EDITOR 16 ● SOU ECOLÓGICO 22 ● ECONECTADO 26 ● LUA DO LEITOR 28

ESPECIAL ÀGUA 2013

● GENTE ECOLÓGICA 30

● Água da Gente, do governo de

● CÉU DE BRASÍLIA 32

Minas, vai investir R$ 4, 5 bilhões e beneficiar 15,2 milhões de pessoas em 625 cidades

● ESTADO DE ALERTA 34

Pág 44

● RIO MADEIRA EM FÚRIA 60

● Qualidade da água nas bacias

● VISÃO AMBIENTAL 68

mineiras apresenta melhora, aponta mapa feito pelo Igam

● CONSUMO CONSCIENTE 69

Pág 46 ● BH e Sabará unidas pelo

mesmo sonho: um boulevard ecológico ao longo dos seus rios Pág 50

● BIODIVERSIDADE 42

● LOGÍSTICA REVERSA 70 ● QUALIDADE DE VIDA 74 ● MEMÓRIA AMBIENTAL 78 ● BEM ESTAR 84 ● VIDA INTERIOR 86 ● VOCÊ SABIA 88 ● OLHAR EXTERIOR 90

MEMÓRIA ILUMINADA A mensagem sempre atual de Carlitos, o genial vagabundo Pág 94

● NATUREZA MEDICINAL 92 ● OLHAR POÉTICO 93 ● ENSAIO FOTOGRÁFICO 98 ● CONVERSAMENTOS 102


A nossa conexão é com o meio ambiente. A VSB investe na preservação do meio ambiente através do seu Centro de Referência em Revegetação da Mata Atlântica. Uma área de 660 hectares onde é realizado o monitoramento da biodiversidade local, a recomposição florestal e a interação dos visitantes com a natureza. Além de uma das usinas mais modernas do mundo, a VSB é uma empresa responsável!

A VSB é uma joint venture formada pelo Grupo francês Vallourec e pelo Grupo japonês Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation. É uma das usinas mais modernas no mundo em tecnologia, com capacidade anual de produção de 1 milhão de toneladas de aço bruto. Entre elas, 600 mil toneladas de tubos de aço sem costura. São produtos de ponta, capazes de atender às mais altas exigências do mercado mundial do setor de petróleo e gás.


1 I M AG E M D O M Ê S

FILIPPO MONTEFORTE / AFP

HABEMUS PAPA ECOLÓGICO? Nem a alfaiataria Gammarelli, responsável pela confecção das vestes dos papas há 200 anos, escapou da causa ambiental. A crítica dos ativistas é sobre o uso ainda continuado de peles de animais para a confecção das roupas eclesiásticas. Com faixas e cartazes com dizeres como “Vaticano 2013: de volta à Idade Média? Sem pele!”, os militantes italianos protestaram em frente ao local, no centro de Roma. 10 Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013


Preservação ambiental. Um investimento com retorno garantido.

A CBMM atua de forma responsável e eficiente na gestão dos recursos naturais que utiliza. Por isso, investe continuamente na redução do uso, no controle de qualidade e no reaproveitamento da água em seus processos. Práticas que vêm dando resultado: a CBMM recircula atualmente 95% da água utilizada, e a meta é alcançar a marca de 98% nos próximos dois anos. Um compromisso da CBMM com a natureza e com o futuro de todos nós. CBMM. Aqui tem nióbio.

Os animais ilustrados fazem parte do CDA - Centro de Desenvolvimento Ambiental da CB M M em Araxá.

www.cbmm.com.br


1 CARTAS DOS LEITORES

são de extrema importância, tanto para prevenir conflitos quanto para coibir abusos de toda ordem. Assim, em nome das entidades que representamos, agradecemos imensamente à Revista ECOLÓGICO!” SANDOVAL DE SOUZA PINTO FILHO - Diretor de Meio Ambiente e Saúde da UNACCON e membro da ACLAC - Academia de Ciências, Letras e Artes de Congonhas O O

MINEIRÃO DO SAARA “Odiei todo esse concreto. Uma pena!” ELIANE FONSECA MACEDO, contato pelo FACEBOOK “Verde no Mineirão só o gramado. E olhe lá!” CLAYTON RICARDO, contato pelo FACEBOOK “Passei por lá e senti na pele... Mineirão mesmo no meio do deserto!” FREDERICO TEIXEIRA, contato pelo FACEBOOK “Juro que fiquei simplesmente chocada! Podiam pelo menos terem plantado umas mudinhas. Aí me pergunto: meu Deus, que ar nossos filhos e netos irão respirar no futuro?!” ANA ALMEIDA, contato pelo FACEBOOK

O DILEMA DOS PROFETAS “Esta reportagem é um alerta que não pode ser ignorado tanto pelo governo estadual quanto pelo federal.” MARINO JUNIOR, contato pelo FACEBOOK

“Congonhas em foco! Profetas que jamais profetizaram a destruição de um tesouro como as obras de Aleijadinho!” DORINHA ALVARENGA, contato pelo FACEBOOK “O DILEMA DOS PROFETAS, trouxe um novo alento sobre a situação de Congonhas e as comunidades que convivem com situações limite na questão socioambiental e buscam resposta para o que é desenvolvimento. Como ficou bem marcado por Habacuc à lua cheia, imagem estampada na capa da revista, nada melhor que um bom facho de luz sobre os processos de licenciamento e monitoramento de empreendimentos, visando alcance de maior harmonia entre os interesses econômicos e o meio ambiente ecologicamente equilibrado e a sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações. Há mais de 10 anos atuando nesta seara, estamos plenamente convictos de que o ponto de equilíbrio poderá ser atingido somente com muito respeito, responsabilidade, transparência, participação popular e uso de tecnologias adequadas. Os excelentes trabalhos desenvolvidos pelos quadros do Ministério Público de Minas Gerais também

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Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

“Não foi somente no projeto e obra do Mineirão que o paisagismo foi ignorado, também nas obras do BRT, ampliação da Pedro I, Antônio Carlos e muitas outras. A paisagem desértica é um castigo para a inteligência e a saúde do cidadão mineiro.” FRANCISCO ZALDANA , contato pelo FACEBOOK “Somente no Brasil que ainda se remove uma área verde daquele tamanho e se inicia um plantio de outra. Já tinha notado isto desde as primeiras fotos e havia estranhado ninguém ter escrito nada. Parabéns pela ECOLÓGICO ter visto e manifestado o óbvio!” MAURÍCIO BRUM, contato pelo FACEBOOK “Parabéns pelo texto. Realmente, é lamentável a falta de áreas verdes no entorno do estádio, sobretudo se considerarmos o quão alardeado foi o projeto, inclusive no que tange às questões ambientais. Esperava muito mais, nesse aspecto, de um projeto concebido em pleno século XXI.” RAFAEL FERNANDES, contato pelo FACEBOOK “Eu fui na inauguração do Mineirão. Parece que a ECOLÓGICO leu o post que fiz ao voltar para casa depois do jogo: parodiando Drummond, o Mineirão tem a aridez de dois Saaras. Obrigada por ter a mesma opinião! ” ENEIDA FERREIRA DA COSTA, contato pelo FACEBOOK


Água. Se cada um poupar hoje, todos ganham um planeta melhor amanhã. A ONU declarou 2013 como o Ano Internacional de Cooperação pela Água, uma causa que sempre foi prioridade para a Vale. Investimos em projetos, visando garantir a redução do uso e reaproveitamento de água em nossas operações e participamos ativamente de fóruns de discussão sobre o tema. Nosso compromisso permanente de preservação e de respeito à vida.

22 de Março – Dia Mundial da Água


“É uma absurda falta de respeito com as pessoas. Todas as obras estão sendo feitas nesse padrão, até o próprio Centro Administrativo. Os pontos de ônibus da Antônio Carlos ficaram desumanos. É triste passar por ali e ver os trabalhadores embaixo daquele sol, sobre o cimento e no meio da rua devido aos passeios estreitos. Essa cidade está sendo feita para quem?” ALESSANDRA VIEIRA, contato pelo FACEBOOK “E o assassinato de árvores continua se espalhando pela cidade cinza, seguindo a tendência daquele livro ‘Os 50 tons de cinza’ ” CAMILA VALENTE, contato pelo FACEBOOK “Além de pouco ecológico também achei que ficou horrível! O Mineirão pode até ter ficado funcional estruturalmente, mas não tem glamour algum sem árvores e flores... Esperava mais dessa obra tão comentada!” VIVIANE MALTA, contato pelo FACEBOOK O A FARSA DO PLÁSTICO “Sei que muita gente quer ajudar a salvar o planeta, mas como fazer com as sacolas falsificadas? Fiscalizar é o certo, mas infelizmente ainda existem pessoas corruptas que se vendem por qualquer valor e deixam passar. Veja o tempo em que, entre aspas, eram as sacolas biodegradáveis, quantas foram falsificadas. É muito difícil, o dinheiro fala mais alto.” MARIA MIRANDA, contato pelo FACEBOOK

“Acho que vocês deveriam visitar e realçar alguns supermercados, como por exemplo o BH, que doa a sacolinha de plástico biodegradável, sem cobrar dos clientes. Esta deveria ser a postura dos supermercados, e não tentar ganhar mais dinheiro em cima dos clientes.” ROGERIO MIRANDA, contato pelo FACEBOOK O GOSTAMOS

“Recebemos o exemplar da ECOLÓGICO. Fantástica!! Minha esposa e eu adoramos a linha editorial da revista. Show demais!” ROMEU CAMPOS, contato pelo FACEBOOK “Amei a revista! Muito boa e matérias superinteressantes!” LARISSA GOMES, contato pelo FACEBOOK “Tenho o prazer não só de folhear, mas de ler essa revista. Um excelente trabalho que busca sempre a

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sustentabilidade!” ILDEANO SILVA, contato pelo FACEBOOK O GESTÃO & TI – BANALIDADES SUSTENTÁVEIS “Dizem que quem procura acha, eu encontrei! ‘Todos’ falam mal do BBB, até aí nenhuma novidade. O inusitado é o artigo do Roberto Souza que lança um outro olhar ao reality. Valeu!” RAQUEL MONTEIRO, contato pelo SITE O SALVE A PAMPULHA! “Sou grande admiradora dos trabalhos do prof. José Cláudio Junqueira, visto que a Feam e Semad têm dado grandes avanços em função da capacidade de articulação dele, além de sua enorme competência técnica. Porém, de que adianta sermos um exemplo para o país, como dito na matéria “Somos referência no país”, se o cenário da Bacia da Pampulha é desolador, conforme se viu na reportagem “A outra copa da Pampulha”? Penso que os órgãos ambientais devem ser mais proativos em relação aos problemas hídricos na região metropolitana, não só em função da Copa, mas em função da biodiversidade lá existente, da qualidade de vida dos moradores e da preservação de um dos cartões-postais mais belos! Sugiro que o tema seja bem retratado em uma matéria na revista!” BETÂNIA LARA, contato por E-MAIL

ERRATA Na capa da edição 54 “O Dilema dos Profetas”, bem como nas páginas 32 e 38, o nome correto do profeta é Habacuc, e não Oséas, como foi publicado. A imagem de Oséas encontra-se somente na parte superior da página 32, tendo como fundo os taludes da Mina Casa de Pedra.

EU ASSINO “Eu assino a ECOLÓGICO porque, mais do que uma revista sobre o meio ambiente, ela me informa e me alerta das agressões que sofre a natureza. Ela é também um convite à poesia, à filosofia e ao viver natural.” MÁRCIO HAMILTON, fotógrafo FALE CONOSCO Envie sua sugestão, opinião ou crítica para cartas@revistaecologico.com.br Faça contato também pelo nosso site: www.revistaecologico.com.br

EMÍLIA GOULART

1 CARTAS DOS LEITORES


GESTÃO AMBIENTAL. MINAS DÁ EXEMPLO PARA O BRASIL E SAI NA FRENTE MAIS UMA VEZ. De forma inédita no país, o Governo de Minas avança no compromisso com a gestão ambiental e dá um passo decisivo para, até o fim de 2014, transformar a RMBH na primeira região do Brasil a ter 100% do lixo tratado de forma correta, sustentável e com aproveitamento energético. Resultado de uma PPP - Parceria Público-Privada - realizada junto com 44 prefeituras e articulada com empresas, comunidade e cidadãos, o projeto de Gestão Metropolitana de Resíduos Sólidos Urbanos tem 80% dos investimentos custeados pelo Estado. Além disso, vai promover a gestão compartilhada do transbordo, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos urbanos, estimulando a reciclagem e promovendo a inclusão de catadores e de todos os envolvidos na cadeia de gestão de resíduos. Ao assumir a responsabilidade municipal de tratar o lixo, o Governo mostra que, em Minas, nem a gestão ambiental, nem a qualidade de vida são descartáveis. GESTÃO METROPOLITANA DE RESÍDUOS


CARTA DO EDITOR HIRAM FIRMINO hiram@souecologico.com

ARQUIVO PESSOAL

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CRISTIANE NO TELHADO FOTOVOLTAICO DO HOTEL VICTÓRIA: SER SUSTENTÁVEL É POSSÍVEL

NOSSO FUTURO COMUM

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em tudo está perdido. Enquanto cada dia chove menos ou de maneira avassaladora, confirmando as profecias das mudanças climáticas, nós temos de continuar vivendo e morando com esperança neste planeta maravilhoso. Um planeta que , somente pela sua beleza, deveria ser respeitado e preservado por todos nós. É o que está inscrito de maneira democrática no DNA de tudo que se move, respira e precisa de água no planeta. A vida (nós inclusive, apesar da nossa ignorância) é criativa, adaptativa e multiplicativa. Somos a vitória permanente sobre a morte. Mesmo que tentemos, e veja o estrago que já fizemos, não sabemos ser outra coisa. Isso vale para o nosso morar. Também, e precisamente, para o nosso morar futuro, uma vez que, segundo a ONU, até o ano 2050, 95% de nós estaremos morando em cidades, no meio urbano, longe das zonas rurais onde, menos oprimida por nós, a natureza fará sozinha e melhor o seu papel de reconstituir o verde, as águas, a fauna e flora em extinção. É por isso que, a partir desta edição, a Revista ECOLÓGICO dedicará um espaço permanente para o setor da construção civil e o mercado imobiliá-

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rio. Se estamos condenados a viver em cidades, que transformemos esse inferno em um céu de bem viver, com mais mobilidade urbana, tecnologia e paisagismo à nossa volta. Isso explica porque convidamos a engenheira civil e urbanista Cristiane Lacerda para fazer parte desta esperança, como nossa nova colunista e consultora em construção sustentável. Ela é presidente da Ecoconstruct Brazil, professora e coordenadora do MBA Edifícios Sustentáveis: Projeto e Perfomance da Fumec. Mundo, vasto mundo, como Drummond nos fez enxergar a travessia do ser humano sobre o planeta, além da sua Itabira, não é à toa que Cristiane está onde está, bem na foto. Ela está na cobertura do Hotel Victória, na Green City Freiburg, na Alemanha, eleito o mais sustentável do mundo. Detalhe do sonho que queremos e é possível tornar realidade aqui no nosso quintal montanhoso: todos os painéis deste hotel são fotovoltaicos e, suas turbinas, eólicas. Sol e vento, simples assim. Sem inundar florestas nem poluir mais o planeta. Mas habitando-o inteligentimente. Seja bem-vindo à construção sustentável! Boa leitura. Até a próxima lua cheia no céu desta esperança.


A LUME AJUDA VOCÊ A ENTENDER O NOVO MUNDO

Negócios na visão da sustentabilidade. Apesar de todos os avanços obtidos no final do século XX, os caminhos do desenvolvimento sustentável ainda carecem de uma prática que legitime os modernos conceitos propostos por estudiosos e especialistas das questões ambientais. Dentro dessa visão, a Lume vem atuando em projetos, onde a pluralidade de seus estudos e a formação de sua equipe foram fundamentais para a construção desse diferencial. Com 300 projetos realizados, a empresa celebra sua sólida trajetória e se encontra pronta para desafios ambientais em todas as suas áreas de atuação: - Gestão de recursos hídricos e saneamento - Imobiliários residenciais, executivos, comerciais e institucionais - Centro de compras - Infraestrutura e logística rodoviária - Infraestrutura e logística ferroviária - Infraestrutura e logística portuária - Infraestrutura e logística aeroportuária - Indústria - Energia - Siderurgia - Mineração - Conservação ambiental, pesquisa, silvicultura e resgate de flora - Saúde - Educação - Desenvolvimento turístico e de negócios Novas páginas: www.lumeambiental.com.br | www.facebook.com/lumeambiental

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PÁGINAS VERDES

A CENTELHA DO

POSSÍVEL “Somos burros ao continuarmos desalojando pessoas e derrubando florestas para produzir energia” Vinícius Carvalho redacao@revistaecologico.com.br

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FERNANDA MANN

m seu caminho de volta ao jornalismo, Fernando Gabeira começou por relatar quase 50 anos de uma das biografias mais atribuladas da história política brasileira: a dele próprio. Ex-guerrilheiro, ex-exilado político e ex-congressista, ele recebeu a Revista ECOLÓGICO para uma entrevista durante o lançamento do seu livro de memórias “Onde Está Tudo Aquilo Agora? Minha Vida na Política”, na sede do Partido Verde (PV), em BH. Em pauta, sua avaliação sobre a gestão ambiental do governo Dilma, as pretensões de Marina Silva ao fundar um novo partido e o que ele vê de novidade para a nova política do século XXI. Confira.

“É PRECISO FORMAR GENTE NOVA PARA OCUPAR NOSSO ESPAÇO”, FERNANDO GABEIRA

REVISTA ECOLÓGICO: A presidenta Dilma Rousseff já cumpriu mais da metade do mandato. Como avalia o seu governo na área ambiental? ● Fernando Gabeira: Não vejo na Dilma nem no governo brasileiro nenhuma tendência nesse campo. Eles, do ponto de vista filosófico, acham que é preciso crescer. Então você tem duas caras: uma, interna, que atua na implementação da política, e outra, externa, que é para inglês ver. Só para dar um exemplo: estamos precisando estimular a economia e o que ela faz? Isenta o imposto dos carros. É claro que isso estimula a economia, mas também é fato que aprofunda a insustentabilidade na medida em que produz mais gases de efeito estufa, reduz a mobilidade urbana e consagra a ideia de que todos podem ter um carro. Isso, sim, é uma utopia insensata, baseada em uma visão puramente imediatista do crescimento econômico.


F ERNANDO G AB EI R A

Mas a presidenta alega bons resultados, como a redução do desmatamento e o investimento em energia limpa. ● A matriz energética realmente ajuda, mas o problema é que ela própria passa a ter limitações. Tem o caso das grandes hidrelétricas. Hoje é uma questão muito mais difícil. Cada vez mais é preciso desalojar mais gente, derrubar mais florestas. O desafio agora deveria ser utilizar a parte boa dessa matriz, combinando com novas e mais ecológicas alternativas ainda. Daí não digo que a gente seja preguiçoso. Digo mais: somos burros. Enquanto o presidente norte-americano, Barack Obama definiu seu ministro da energia como um Prêmio Nobel, escolhamos o Edison Lobão, que é um incompetente do PMDB e vai utilizar a pasta como trampolim político. Se tivéssemos seriedade com a questão energética, a discussão não seria só sobre essa e aquela matriz energética, mas também sobre quem é responsável por conduzir politicamente o processo. A ex-ministra Marina Silva vem recolhendo assinaturas para a criação de um novo partido. Ela alega que é possível construir uma sigla diferente, organizada em rede e dedicada à sustentabilidade. Que lhe parece? ● O que a Marina está construindo agora é a possibilidade de um partido. E do ponto de vista do exercício da democracia, estruturas partidárias são muito mais profissionais. Não sei como eles podem responder como rede a essa estrutura profissional. O que é certo é que, para começar, é preciso ter um programa. E um partido não pode existir só com

REPRODUÇÃO

ESCRITOR, JORNALISTA E EX-DEPUTADO FEDERAL PELO RIO DE JANEIRO

“A participação social, por mais que você tente controlá-la, é imprevisível e incontrolável.” boas intenções. É preciso saber o que este grupo pensa da educação, da saúde pública, da política energética. Tudo isso tem que estar claramente contido em um programa. Acho que a rede pode contribuir para o debate, mas não pode substituí-lo. A tendência do Partido Verde é a de acompanhar Marina em 2014? ● Não existe essa tendência. O que existe é um campo socioambiental que precisa se expressar e que tem possibilidade de se tornar uma alternativa para o Brasil cansado do PT e do PSDB. Esse campo, para que seja viável, precisa marchar unido, atrair outros setores e ter consciência do que é uma campanha nacional. Isso porque não é um desfile onde você vai afirmar sua pureza diante dos demais, é preciso envolver milhões de pessoas. Hoje existem contradições e ressentimentos entre o PV e a Marina. Diante de uma questão nacional, esses ressentimentos hão de sobreviver ou não? Ainda é cedo para saber.

Em seu livro, você fala das redes como nova forma de organização política. Quando falamos em redes, estamos falando propriamente do quê? ● Quando na Espanha houve um atentado terrorista e o governo conservador quis aproveitá-lo politicamente às vésperas das eleições, foi através do telefone celular que as pessoas conseguiram convocar uma reunião popular e de protesto nas ruas. Quer dizer, elas constituíram ali uma rede. Então, quando digo rede falo de pessoas em fusão, interessadas em trabalhar juntas, que utilizam ou não a internet como instrumento de trabalho e que produzem meta e resultados coletivos a partir desta comunicação permanente. Você demonstra certo desencanto com a política partidária. Um jovem idealista que queira transformar o mundo deve procurar, então, outro caminho fora da política oficial? ● É interessante que ele procure outros caminhos. Um deles é o caminho das redes sociais, atra-

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ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 Q 19


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PÁGINAS VERDES

vés das quais ele pode produzir muito movimento e com mais liberdade. É claro que isso não apaga o partido. Quando se trata da questão do poder – e quando você precisa dos instrumentos do poder para operar - aí você vai sentir falta de um partido. Quais seriam as diferenças essenciais entre o mundo possível da geração de 68 para esta que está aí agora? ● O mundo possível da geração de 68 era o socialismo. Estávamos envolvidos na Guerra Fria e a alternativa que víamos ao capitalismo era essa: um projeto acabado que já tinha o script da história que iria decorrer a partir das nossas lutas. Hoje já não existe essa utopia, e o mundo possível de hoje não tem a consistência que aquela ideia do socialismo - que faliu - já teve. Hoje o mundo possível são intuições, ideias esparsas. Não há um projeto articulado que se apresente como alternativa. Nós vimos surgir movimentos importantes na Espanha, de jovens indignados que não têm emprego e querem repensar a política. O Occupy Wall Street foi uma reação à crise e ao capital financeiro, mas também não tinha uma proposta estruturada. Mesmo na Finlândia, as forças progressistas ajudaram a derrubar o governo, mas sem também impulsionar uma nova visão. Que visão é essa? ● Hoje o que existe é uma tentativa de apresentar o mundo novo como lugar onde se desenvolva uma produção e um consumo sustentáveis. Então uma das novidades do mundo atual é continuar crescendo sem aumentar as emissões. É uma das centelhas do

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F ERNANDO G AB EIR A ESCRITOR, JORNALISTA E EX-DEPUTADO FEDERAL PELO RIO DE JANEIRO

“Acredito na transmissão de informação para que as pessoas possam dispor de escolhas adequadas.” possível. Outra é o respeito aos direitos humanos, elemento igualmente fundamental. Há também o aprofundamento da questão ambiental e outra questão que considero particularmente importante que é o aprofundamento da democracia. A democracia não é um sistema acabado, é um sistema em construção que precisa ser cada vez mais aprofundado. E esse aprofundamento é bem-vindo, por exemplo, na radicalização da transparência e na aprovação de leis como a do acesso às informações de governo que permitem aos cidadãos acompanhar de verdade o processo político. Não quero dizer que isso seja um novo mundo possível, é muito pouco. Mas são componentes que estão no horizonte hoje. Se a centelha do possível passa por produção e consumo sustentáveis, como pensar essas frentes politicamente? ● A questão ética e moral do consumismo sozinha não resolve. É um problema muito difícil, e não acredito que vamos ampliar o consumo responsável ameaçando e amedrontando as pessoas. Acredito, sim, na possibilidade de transmitir informação para que as pessoas possam dispor de escolhas adequadas. Hoje quem quer um consumo responsável precisa trabalhar muito. Primeiro, tem que passar o dia inteiro se informando sobre onde estão as coisas. Segundo, ela precisa ter dinheiro para

isso. E terceiro, - e eu penso muito nisso -, é que nós lutamos na questão do consumo contra forças muito poderosas que são capazes de trabalhar os aspectos mais inconscientes das pessoas. Então a gente fica dando lição de moral e a publicidade te mostra um carro, uma loura maravilhosa e te diz: se você tiver este carro ela vai casar contigo. Por mais que ele não leve isso no consciente, não deixa de ter um peso na vida dele. Então é necessário que as alternativas que procuramos tenham também a possibilidade de emocionar as pessoas. Fala-se muito também na institucionalização da participação social para o aprofundamento da democracia. Não poderia ser um tiro no pé “oficializar” nos governos a participação da sociedade? ● A participação social hoje é um pouco indomável. O Renan Calheiros, por exemplo, foi eleito presidente do Senado e surgiu na internet um abaixo assinado de mais de um milhão de assinaturas contra ele. Você hoje tem condições de estabelecer alguns critérios. Por exemplo: um grupo com 1,5 milhão de assinaturas pode apresentar um projeto de lei no congresso para ser votado. Agora, que projeto é esse e como isso vai acontecer? A participação social, por mais que você tente controlá-la, é imprevisível e incontrolável. Essa, aliás, é uma das suas maiores qualidades. Quais seus planos daqui pra frente? ● Eu voltei ao jornalismo, e essa atividade tem certa incompatibilidade com a politica partidária e militante. Então o que estou me dispondo a fazer com o PV são cursos de formação, formar gente nova pra ocupar esse espaço.


TODAS AS PORTAS DA ASSEMBLEIA ESTÃO ABERTAS PARA VOCÊ. Participar da vida política é direito de todo cidadão. Por isso, a Assembleia facilita o acesso para você chegar à Casa do Povo. Você pode acompanhar o trabalho dos parlamentares, consultar os projetos e as notícias e apresentar sugestões. Acesse a Assembleia pela internet, TV ou telefone. Ou venha aqui pessoalmente. Fique à vontade, a Assembleia é a sua Casa.

Acesse: www.almg.gov.br Assista: TV Assembleia – em BH, canal 35 UHF Fale: Centro de Atendimento ao Cidadão – (31) 2108 7800 Venha: Rua Rodrigues Caldas, nº 30 – Santo Agostinho – Belo Horizonte. Atendimento das 7h30 às 20h.


SOU ECOLÓGICO A PERSPECTIVA QUE SE TORNOU REALIDADE: ARIDEZ ANUNCIADA

O MINEIRÃO DO SAARA (II)

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uando Hugo Werneck nos dizia, triste, que a humanidade estava cada vez mais apartada da natureza e, por isso mesmo, se autocondenava ao inferno antecipado das mudanças climáticas, ele tinha razão. Imagine quão triste ele ficaria hoje se também fosse morrer de calor e desolação com a falta de paisagismo e arborização no novo e desértico Estádio Magalhães Pinto, o nosso “Mineirão do Saara”, agora desvestido de árvores, sombra e ar puro para as copas das Confederações e do Mundo? Por que esse nosso desamor ao verde, em prol do excesso de cimento e asfalto, da insolação desmedida e do culto antiecológico ao sol, ali sim, a nos causar suor, desconforto, irritação e câncer de pele? Seria o medo medonho dos nossos políticos, empresários, arquitetos e demais urbanistas de nos arremessar à condição de macacos que já fomos, trepados em árvores e vivendo com mais naturalidade, e ainda com pêlos para nos proteger do sol causticante? Tancredo Neves, pelo menos, não tinha esse medo. Quando era governador de Minas, ele se irritou ao ver a então recém-reformada Avenida Antônio Carlos, da Lagoinha à Pampulha, só de asfalto, com toda a continuidade dos seus canteiros centrais cimentados e sem uma só árvore. Pediu ao prefeito da época, Hélio Garcia, que a Sudecap e o combativo Departamento de Parques e Jardins da PBH (germe da futura secretaria e legislação ambiental municipal) furasse covas e plantasse verde, sombra e passarinhos em todo o seu percurso. Mais: nessa mesma época ocorria uma polêmica na história vergel e arquitetônica da capital. Mary Vieira, uma arquiteta mineira, mas residente na Suiça, onde o clima é diferente e o sol forte é apenas uma dádiva temporária da natureza, nunca um fazedor provocado e gratuito de cânceres de pele, resolveu planejar uma nova Praça Rio Branco, em frente à rodoviária. SÍNDROME EUROPEIA Mesmo famosa e respeitada mundialmente, o que ela idealizou e batizou de “Liberdade em Equilíbrio” só para os mineiros “usufruí-

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rem”, e não ela, que continuava vivendo em outro nada tropical e mais ameno hemisfério climático? Um espaço totalmente árido, de cimento, bancos sem encostos e nenhuma árvore e sombra. Tal como o novo Mineirão. Até os antigos canteiros tradicionais com margaridas, lírios e hortênsias que ali existiam, notadamente abandonados pela prefeitura, ela exigiu retirá-los, junto dos moradores de rua, para não ferir a estética proposta. A revolta popular, impulsionada pelos ambientalistas e pelo próprio Tancredo foi tanta que a PBH resolveu fazer uma consulta popular. O resultado foi óbvio: 98% da população simplesmente pediu árvores no lugar do concreto e do sol inclemente. A então recém-criada Secretaria Municipal de Meio Ambiente furou a praça e plantou/transplantou meio erradamente, sem um planejamento arbóreo mais adequado, esse foi o único senão, todas as árvores que voltaram a existir ali. O espaço público perdeu sua aridez para todas as cores, além do verde. A arquiteta ficou fula da vida e voltou para a Europa, para a sua outra realidade urbana, ainda nos chamando de “caipiras” e “atrasados”. Pior: como querida, admirada e respeitada que era por seus colegas, Mary Vieira teve a compaixão de várias autoridades mineiras. Nenhuma delas, é claro, frequentadora da praça em questão, como o povo é obrigado a ser, tal como acontece com os torcedores suando em bicas sobre o chão desumanamente aquecido e insensível ao redor de todo o novo Mineirão. Vejam que o avô de Aécio Neves já trazia o conceito verde da ecologia em suas veias. A única autoridade pública a ter coragem de se posicionar contra a não “caipira” e temida arquiteta, na época, foi o futuro quase presidente do Brasil. Indagado sobre a polêmica da nova Praça Rio Branco, com ou sem árvores, Tancredo respondeu lacônico e na lata: “Só quem ainda é ortodoxo não gosta do verde.” Saudades atleticanas, cruzeirenses e americanas dele! Com a palavra sobre o Mineirão pelado de árvores, o nosso governador “forte e vingador ecológico”. Esperamos, Antonio Augusto Anastasia.

DIVULGAÇÃO

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TADEU CARNEIRO E SÉRGIO CAVALIERI: AFINADOS

O AMOR NA FIEMG Primeiro foi Anastasia. Ao finalizar seu competente discurso na festa dos 80 anos da Fiemg, no Teatro Sesiminas, o governador foi sucinto: “Cabe-nos, enfim, além de grandes alianças, termos amor ao Estado”. Uma semana depois, a palavra “amor” voltou a ser falada, desta vez, dentro da Fiemg, durante almoço de empresários. O vice-presidente da instituição, presidente do Grupo Asamar (Ale Combustível) e também da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa (ADCE), promotora do evento, Sérgio Cavalieri prosseguiu: “Nosso dever aqui é deixarmos um mundo melhor para quem vem depois. É termos negócios sustentáveis, responsabilidade social. Isso significa amor, e amor é o que significa o mistério, o que a ciência e a matemática ainda não conseguiram explicar”.

AMAR É... Tadeu Carneiro, engenheiro e diretor-geral da CBMM, foi além, ao abrir sua exposição sobre o que é uma mineração sustentável: “ Amor é o outro nome de solidariedade. Essa é a palavra mágica pra tudo, inclusive para quem quer ter sucesso e lucro, sem pressa e avidez. Amar no nosso negócio, por exemplo, é respeitar e cuidar do meio ambiente. E gostar de fazer isso. É desenvolver, participar e querer o bem das comunidades onde atuamos e dos nossos colaboradores. É dar-lhes educação e moradia para não se preocuparem com isso e estarem mais presentes no que fazem, sem acidentes nem rotatividade. É investir, capacitá-los e fazê-los participar também dos nossos resultados”. Não foi à toa que a CBMM venceu o III Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza, o “Oscar da Ecologia’2012”, na categoria “Melhor Empresa”.

Escolhida por Márcio Lacerda, a engenheira química Carla Vasconcellos Couto Miranda (foto), com mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, é a nova secretária municipal de Meio Ambiente de BH. Ela volta à pasta, onde já foi adjunta, com um desafio a mais. Convencer os ambientalistas, que apoiaram o prefeito mas indicaram outro nome, que a sua aposta foi certa. E agregá-los em sua gestão e prioridade número um: a recuperação, valorização e retorno natural dos cursos d’água que nos restam, incluindo o Projeto “Pampulha Viva”. Ela entende. E já tem o apoio do Manuelzão.

GAMBOGI BRILHA Foi prestigiada, emotiva e festiva, com direito a baile jurídico noite adentro, a posse do advogado militante Luís Carlos Balbino Gambogi como novo desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Mestre, doutor e professor de Filosofia do Direito na Fumec, ele é autor do livro “Direito: Razão e Sensibilidade”, onde advoga a ecologia da completude jurídica: reflexão e sentimento humano trabalhando juntos, e não mais em campos opostos, como gladiadores fora do tempo presente. Ex-desembargadores, operadores do Direito, parlamentares, magistrados e servidores da Justiça acompanharam Gambogi, após a posse no TJMG, no Buffet Catharina. Detalhe: todos os músicos e cantores integrantes da banda eram e são do meio jurídico. Justíssimo.

O HOMENAGEADO E SUA ESPOSA, PATRÍCIA BOSON

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ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 Q 23

BRENO PATARO

ESPERANÇA NO FEMININO

MARCELO ALEBRT / TJMG

WAGNER DILÓ COSTA

Acesse o blog do Hiram: hiramfirmino.blogspot.com


SOU ECOLÓGICO

LEONARDO HORTA / AGENCIA UAI

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ENTRE DOIS DESTINOS

O engenheiro-agrônomo Bertholdino Apolônio Teixeira (foto), formado pela Universidade Federal de Viçosa e com MBA em Administração de Empresas com Ênfase em Meio Ambiente pela FGV, é o novo presidente do Instituto Estadual de Florestas (MG), onde já atuou como analista de licenciamento ambiental. Em sua bagagem, além de atuante e apaixonado pela causa, ele traz a experiência de sete anos como coordenador ambiental do Grupo Coruripe. Leia-se a sua atuação frente à criação da RPPN Porto Cajueiro, a última porção das veredas descritas por Guimarães Rosa ainda preservada no município de Januária, no Norte de Minas, aplaudida pela Amda. Quem deu o empurrão final para Bertholdino aceitar o novo e baita desadio profissional à sua frente foi seu próprio e agora ex-chefe Vitor Wanderley, diretor da Usina Coruripe, que venceu a primeira edição do “Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza, o Oscar da Ecologia´2010”, na Categoria “Melhor Empresário”. Boa sorte!

24 Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

VOLTA POR CIMA O ex-presidente da Fundação Zoo-Botânica de BH e também ex-presidente do IEF, Evandro Xavier (foto), está de volta à cena ambiental. Por indicação do ministro Fernando Pimentel, ele foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff como o novo superintendente do Ibama em Minas.

NOVOS BAIANOS O último verão confirmou: Santo André, distrito de Santa Cruz de Cabrália, a meia hora de carro de Porto Seguro, no sul maravilha da Bahia, é a nova praia dos mineiros. Além da família Pederneiras, do Grupo Corpo, que descobriu antes, tem propriedade e há anos frequenta a antiga vila de pescadores, hoje alçada a roteiro gourmet internacional, a ECOLÓGICO registrou várias personalidades, artistas, advogados e jornalistas de BH curtindo suas praias ainda semivirgens e despoluídas. Entre elas, na última temporada: Ronaldo Fraga (foto) com os filhos, Nely Rosa e amigos, Ricardo Pimenta, Maurício Gontijo, Ana Diniz, Adriana Silveira e Myrian Christus.

PRISCILLA ÁZARA

JANICE DRUMOND / ASCOM SISEMA

BERTHOLDINO FLORESTAL

JB ECOLOGICO

Entre voltar a Aiuruoca, sua terrra natal, no Sul de Minas, e permanecer em BH, à frente da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, reparem o recado no bolo de aniversário, Adriano Magalhães preferiu os dois. Ele e Mônica Sins Gomes (foto) selaram a união no último dia nove de março, no espaço corretamente verde do Salaberry Recepções, na Pampulha. A lista de padrinhos, parentes, amigos e convidados, incluindo o governador Anastasia, teve o critério predominantemente afetivo. Isso fez cada uma das pessoas ali presentes se sentir mais especial ainda, convidadas que foram pelo coração. Isso tornou a cerimônia muito mais emocionante. Visivelmente apaixonado, o casal fez lembrar a canção-máxima dos Beatles, a despeito da presença concorrente e vizinha, na mesma noite, de Elton John no Mineirão: “All you need is love”.


SÉRGIO NOVA-LIMENSE

REPRODUÇÃO

Polivalente, o administrador de empresas Sérgio Cardoso Motta (foto), criador do Sistema Hoje de Comunicação (jornal Hoje em Dia, Rádio Cidade e TV Record Minas) e já três vezes secretário de Estado (Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente; Indústria e Comércio; e Trabalho e Assistência Social), é o novo secretário Municipal de Comunicação de Nova Lima (MG). Uma de suas últimas criações, também como publicitário à frente da sua agência Vitória Comunicação, foi a belíssima campanha “Quem mata a mata, mata mais que a mata. Evite queimadas.”, para a Revista ECOLÓGICO. Seu maior desafio: mudar a imagem ‘eco-política’ nada sustentável de sucessivas administrações do município com mais verde (Mata Atlântica), mais água (800 nascentes) e mais abusos imobiliários da Região Metropolitana de BH, o que parece já estar acontecendo. Ao invés de brigar mas, sim, abrindo uma sintonia com o Ministério Público, o atual prefeito Cassinho Magnani acaba de tornar público algo impensável na história ambiental local: preservar ad infinitum toda a deslumbrante região do Morro do Souza e outros cenários naturais adjacentes. Justamente onde a Odebrecht Imobiliária, sem diálogo e com a revolta dos ambientalistas, insiste em ampliar o projeto construtivo do Vale dos Cristais. A tiracolo para essa façanha, a atual administração conta com um outro nome peso-pesado que, inclusive, é morador de Macacos, distrito emblemático de Nova Lima, onde a luta ambiental na Grande BH teve início. Ele é nada menos que o comendador e geógrafo Roberto Messias Franco, ex-secretário de Meio Ambiente da capital mineira, ex-presidente da Feam e do Ibama nacional.

ARQUIVO PESSOAL

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VEREDAS DE ESPERANÇA Por falar em Nova Lima, a sua natureza acaba de ganhar um novo aliado. Trata-se do fotógrafo filho da terra Amaury Leite Pimenta, que lançou o livro “Veredas das Aves”, mostrando a tamanha riqueza e diversidade da fauna alada a ser preservada no município. A partir de seu trabalho e da experiência in loco que ele implantou no condomínio Residencial Veredas das Gerais, onde mora, envolvendo seus vizinhos, nada menos que 148 espécies de passarinhos estão de volta, semeando e multiplicando a vida na região. “Quando eu era criança e caçava pássaros com espingarda de chumbinho – recorda Amaury – não tinha a menor noção de que podia estar destruindo o futuro para meus filhos.” MAIS INFORMAÇÕES: 9724-5063

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 Q 25


E C T AdD O 1 E C O NCristiane Mendonça redacao@revistaecologico.com.br

Twittando

ECO LINKS DIVULGAÇÃO

O “Carro movido a café bate recorde de velocidade na Inglaterra: http://abr.io/GuSB” @exame_com – Revista Exame O “Especialista da ONU pede maior vinculação entre direitos humanos e meio ambiente” @onubrasil - ONU Brasil

“Uma das perspectivas do jornalismo ambiental é a militância” @EcoAgencia - EcoAgência Notícias

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O “As folhas das árvores servem para nos ensinar a cair sem alardes.” @Poeta_ManoeldB – Twitter em homenagem ao poeta Manoel de Barros

“2013 promete muita bicicleta nas ruas!” @bikeanjo - Bike Anjo O

“Enquanto estrangularem os rios nas cidades, asfaltarem tudo, vão continuar acontecendo enchentes e alagamentos. A água não tem pra onde ir.” @letbelem - Letícia Belém O

ECO MÍDIAS Não imprima! Cada brasileiro consome, em papel, meia árvore por ano. E se você ainda nem plantou uma árvore na vida, sua conta verde está no negativo. Porém, ainda há tempo de mudar! Conheça nesse link goo.gl/su6sQ cinco bons motivos para evitar ou mesmo abolir a impressão de documentos.

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Leia mais! A internet está recheada de sites que possibilitam o download de livros sobre os mais variados temas. Neste link goo.gl/ZUEYh você tem acesso a dez sites da área que compartilham desde textos científicos a livros de Machado de Assis. Confira! 26 Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

ECO PROMOÇÃO Que tal presentear um amigo com uma assinatura trimestral da Revista ECOLÓGICO? Basta seguir nosso Twitter @sou_ecologico e digitar a frase: Quero dar uma assinatura da Revista ECOLÓGICO para o amigo(a)... e finalizar com o nome ou o Twitter do amigo que você quer agradar. O sorteio será realizado dia 15 de abril e o resultado divulgado nas nossas mídias sociais. Boa sorte!

REPÓRTER ECOLÓGICO Quer salvar a árvore da sua rua? Tem uma fotografia de uma bela paisagem ou de um animal? Quer dar força para um movimento ambiental? É só enviar fotografias ou vídeos para redacao@revistaecologico.com.br colocando seu nome completo e no assunto da mensagem: Repórter Ecológico. “Sua notícia” pode ser publicada aqui! E acompanhe na próxima página, a nova seção “Lua dos Leitores”! Fotografe a mais bela lua cheia, envie para o e-mail redacao@revistaecologico.com.br ou para o nosso Facebook www.facebook.com/souecologico. Escreva nome completo e o local onde a fotografia foi feita. Não esqueça de enviar imagens em alta resolução. Confira!

CLIPART

“Enquanto houver inconsciência de que somos todos filhos de um mesmo lar comum e vivo, todas as #COP serão insatisfatórias” @karinamiotto - Karina Miotto, jornalista ambiental

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Biólogos e demais interessados no estudo da fauna e flora também podem aprimorar o conhecimento por meio de aplicativos para iPhone e Android. O primeiro deles é o “Aves do Brasil”. O guia apresenta 345 espécies com ilustrações e informações textuais do pesquisador Tomas Sigrist, autor referência no assunto. Desenvolvido pelo Planeta Sustentável e disponível para iPhones, o aplicativo custa US$6,99. O app também pode ser encontrado na versão gratuita com um guia de 30 tipos de aves. Mas, se você tem mais interesse por plantas, o aplicativo Leafsnap identifica espécies de árvores a partir de fotografias de folhas. As imagens não somente de folhas, mas de flores, frutas, sementes e cascas são em alta resolução. O app é grátis e compatível com iPhone e Android. Confira!



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LUA DO LEITOR redacao@revistaecologico.com.br

ENVIE A SUA FOTO PARA A ÚNICA PUBLICAÇÃO SOBRE MEIO AMBIENTE, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL COM CIRCULAÇÃO LUNAR NA GRANDE MÍDIA IMPRESSA E DIGITAL BRASILEIRA.

Que a lua cheia é um espetáculo à parte, não há dúvida! Mas, o olhar especial que cada um dá a ela é que faz a diferença! Prova disso é o registro “dourado” feito da lua em um sítio na cidade de Capim Branco (MG), pelo nosso leitor George Lunardi

O Pico do Baepi, com 1048 metros de altitude, é a quinta montanha mais alta de Ilhabela, litoral norte de São Paulo. E foi de lá que o nosso leitor Thito StrambI fez um lindo registro da lua cheia!

JÁ O MARCOS VINÍCIUS ANDRADE COELHO REGISTROU A LUA CHEIA NO CÉU DA CIDADE DE MONTE VERDE, MUNICÍPIO CONHECIDO COMO A SUÍÇA MINEIRA 28

Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

E PARA ENCERRAR, A LUA CHEIA NO CLICK DE MARINO JÚNIOR, NA CIDADE DE BELO HORIZONTE


O Apadrinhamento de Escolas é uma iniciativa que oferece soluções para a dura realidade de crianças que vivem em comunidades às margens dos rios do Amazonas. Com apenas R$ 25 por mês você leva a essas crianças educação transformadora, que une o ensino formal ao conhecimento tradicional, ambiente escolar acolhedor, material necessário para um bom aprendizado e capacitação adequada para os professores.

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ROBERTO STUCKERT FILHO

REPRODUÇÃO

1GENTE ECOLÓGICA

"Sou capaz de inventar uma tarde a partir de uma garça."

MIRANDA SMITH

MANOEL DE BARROS, POETA

"No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras. Depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade."

PAPA FRANCISCO, EM SUA PRIMEIRA MISSA DE PONTIFICAÇÃO

DIVULGAÇÃO

CHICO MENDES, ATIVISTA E EX-LÍDER, ASSASSINADO, DOS SERINGUEIROS

"Sejamos guardiães da criação e do desígnio de Deus inscrito na natureza. Não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Temos que ter respeito por toda criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos.”

“Francisco é uma palavra rica de significados num mundo pobre de significado. Francisco quer dizer coma moderadamente num mundo obeso. Beba com alegria num mundo que enfia a cara no poste. Consumo responsável em sociedades de governos e consumidores endividados. O uso responsável do irmão ar, do irmão mar, do irmão vento e de todas as riquezas debaixo do irmão Sol e da irmã Lua.” NIZAN GUANAES, PUBLICITÁRIO E PRESIDENTE DO GRUPO ABC

30 Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013


DIVULGAÇÃO

REPÚDIO Xuxa Meneghel, a apresentadora global, também saiu de cima do muro e manifestou seu repúdio à eleição do homofóbico e racista Marco Feliciano como presidente da Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados. “Socorro! Que Deus nos ajude, gente!” Ela pediu no seu perfil no Facebook.

"Pra que tanta sujeira nas ruas e nos rios? Qualquer coisa que se suje tem que limpar" SKANK, NA MÚSICA PACATO CIDADÃO

"Se o clima fosse um banco, já o teriam salvado."

"Não estamos em crise, mas instados a superar quandes desafios, transformando-os em enormes oportunidades."

ALEXANDRA MARTINS

MINGUANDO

MARIA DAS GRAÇAS FOSTER, PRESIDENTE DA PETROBRAS

"Alcançar a efetiva diversidade é uma forma de criar valor de longo prazo e promover a paixão pelas pessoas e pelo planeta." VANIA SOMAVILLA, DIRETORA-EXECUTIVA DE RH, SAÚDE E SEGURANÇA, SUSTENTABILIDADE E ENERGIA DA VALE

DIVULGAÇÃO

TÂNIA RÊGO-ABR

HUGO CHÁVEZ, EX-PRESIDENTE DA VENEZUELA

WILSON DIAS / ABR

JOSÉ LUIZ PENNA O deputado e presidente do Partido Verde foi eleito por unanimidade para presidir a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável na Câmara dos Deputados.

SÉRGIO SAVAMAN / SAVARESE

CRESCENDO

DIREITOS HUMANOS “Casamento civil é entre um homem e uma mulher. E ponto final”, Marco Feliciano, deputado Federal (PSC-SP), repudiado pela opinião pública por ter sido eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias no Congresso Nacional.

ECOLÓGICO /MARÇO DE 2013 Q 31


CÉU DE BRASÍLIA VINÍCIUS CARVALHO

ELZA FIUZA/ABR

redacao@revistaecologico.com.br

DESMATAMENTO O desmatamento continua subindo na Amazônia. Nos últimos seis meses, a taxa mais que dobrou, um aumento de 118% de agosto de 2012 a janeiro de 2013 comparado com o mesmo período de 2011/2012. A informação é do Imazon, ONG que faz o monitoramento independente do desmatamento na Amazônia Legal. Em janeiro, o desmate teria alcançado 35 quilômetros quadrados de floresta.

ENERGIA LIMPA

VIOLÊNCIA INDÍGENA E a violência contra os povos indígenas , no Mato Grosso do Sul (MS), continua. Só em janeiro, pelo menos três comunidades receberam ameaças de fazendeiros e pistoleiros: o acampamento Guaiviry, a Terra Indígena Taquara e a área retomada Laranjeira Ñanderu. Em fevereiro, também foram registrados ataques na TI Sombrerito e na comunidade de Pyelito Kue/Mbarakay, além do assassinato do jovem guarani Denílson Barbosa, de apenas 15 anos, na tekoha Pindo Roky. 32 Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

TRANSPOSIÇÃO O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, afirmou este mês que a transposição do Rio São Francisco estará “100% concluída até o final de 2015”. Apesar da afirmação, foram encontradas inconsistências em medições nos contratos de obras e serviços nos trechos 1, 2, 9, 10 e 11 do empreendimento. Um dos processos já foi encaminhado para a análise do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União (TCU). WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO

O potencial para geração de eletricidade pelas unidades de destinação de resíduos no Brasil é de mais de 280 MW, volume suficiente para abastecer uma população de cerca de 1,5 milhão de pessoas. As informações constam do Atlas Brasileiro de Emissões de Gases de Efeito Estufa e Potencial Energético na Destinação de Resíduos Sólidos, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

NOVO PRESIDENTE Ganhador do troféu Motosserra de Ouro do Greenpeace, em 2005, o senador Blairo Maggi (PR-MT) assumiu a presidência da Comissão Permanente de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle no Senado. O nome do senador já estava cotado para o cargo antes da eleição que levou Renan Calheiros à presidência da casa.

EMISSÕES FLORESTAIS A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) lançou uma série de estatísticas sobre as emissões de carbono originadas do desmatamento, agricultura e outras formas do uso da terra entre 1990 e 2010. Segundo o documento, o Brasil respondeu, no período, pela emissão de 25,8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente.


ELZA FIUZA/ABR

BELO MONTE Do total de condicionantes socioambientais que a Norte Energia deve cumprir para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, apenas 19% foram cumpridas. Os dados foram apresentados pelo Ibama, que notificou o grupo responsável pela obra.

MINERAÇÃO

PLANO AGROECOLÓGICO A versão preliminar do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica foi apresentada no Palácio do Planalto. O documento prevê R$ 5 bilhões por ano para custeio e agroindustrialização da produção de base agroecológica e R$ 55 milhões para ações de fomento e apoio à infraestrutura produtiva. O objetivo é alcançar 28 mil unidades de produção adequadas à legislação brasileira para a produção orgânica.

Nas próximas semanas, o governo deverá editar medida provisória que reforma o Código de Mineração. Além de revisar os royalties, o novo código vai criar uma nova Agência Nacional de Mineração e o Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM). Minas e Pará responsáveis por 80% da produção nacional - são os maiores interessados no pacote.

Amda Há 34 anos trabalhando pela preservação do meio ambiente. Parabéns a todos que fazem parte desta história!

www.amda.org.br


1

ESTADO DE ALERTA MARIA DALCE RICAS (*) redacao@revistaecologico.com.br

TÁ PROTESTANDO POR QUÊ?

TENHO LICENÇA!

P

ensava que a atividade-fim do Sisema era proApós quatro vistorias, o empreendimento foi embarteger o meio ambiente, mas parece que não. gado e “convocado a se regularizar”. Mas o Grupo VitóQuando o assunto era tido como secundário ria da União, seu proprietário, especialista em vender as pela sociedade, a máquina estatal era muito mais “belezas da natureza”, sabendo que seus incômodos não fechada e agia com tranquilidade. Mas ele se tornou iriam além dos autos de infração, não deu a mínima importante, ganhou espaço na mídia e era preciso para a Semad: desmatou e vendeu lotes sem ter licença. evoluir. E aí surgiu o “legalismo” e os “legalistas”. Seus Resolveram agora asfaltar o trecho de 6 km da espraticantes são preparados, conhecem leis e ocupam trada que liga o núcleo urbano mais próximo ao cargos de destaque na máquina estatal. loteamento. Mais uma vez denunciamos o fato, lemO princípio que os rege é: “Diante de qualquer de- brando que ela atravessa área proposta para criação núncia de degradação ambiental, o objetivo é legali- de Refúgio de Vida Silvestre, visando manter coneczar o ato, independentemente do que esteja acontecen- tividade entre o Parque do Rola Moça e ambientes do com o meio ambiente natural”. naturais das Serras dos Três Irmãos e O “legalista” fica com a consciência Moeda; ressaltando que o asfaltamento “O carimbo da tranquila e com o morno sentimento legalidade foi batido. é parte do empreendimento e não pode de ter cumprido seu dever. À sociedaser analisado de forma separada; que Assunto encerrado. de é dada uma satisfação, que fica não somos contra o asfaltamento, mas com a impressão de transparência Que o meio ambiente ele deveria ser precedido de diversas e eficiência, e o processo é encerrado medidas para minimizar impactos. se dane diante do com o carimbo do “resolvido”. Não deu outra. Recebemos, da subCito um “estudo de caso”: desde -secretária de regularização da Sedever cumprido.” 2009 estamos denunciando um lotemad, a cômoda resposta de que a amento chamado pomposamente, em bom estilo “co- estrada “estava apenas sendo melhorada” e que o lonialismo americano”, de Vitória Golf Club, em Bru- Codema (Conselho Municipal de Meio Ambiente) de madinho, localizado na zona de amortecimento do Brumadinho autorizou. Parque do Rola Moça, a menos de 2 km em linha reta As centenas de árvores que foram derrubadas, os de seus limites. A área é de domínio da Mata Atlânti- animais silvestres que estão sendo afugentados e atroca, bioma protegido por lei específica e considerada pelados pelos caminhões alucinados - e continuarão de alta relevância para proteção da biodiversidade, sendo - e o tráfego diário de dezenas de caminhões pelos governos federal e estadual. dentro do Parque do Rola Moça são fatos que não atingem o emocional da secretária e sua equipe. O carimbo da “legalidade” foi batido. Assunto encerrado. Que o meio ambiente se dane diante do “dever cumprido”. A última esperança da natureza é o Ministério Público, a quem enviamos representação. No mais, só nos resta a tristeza de assistir à destruição de mais um ambiente natural e protestar em espaços democráticos como a Revista ECOLÓGICO.

(*) Superintendente-executiva da Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda).



SUSTENTÁVEL

SHUTTERSTOCK

1CO N S T RU Ç Ã O

RECADO PARA OS

EMPRESÁRIOS

Richard Rogers mostra a importância e a responsabilidade social das empresas construtoras com o meio ambiente Cristiane Lacerda redacao@revistaecologico.com.br

E

m seu último livro, “Cidades para um Pequeno planeta”, o arquiteto Richard Rogers mostra a importância e a responsabilidade das empresas construtoras. Segundo ele, o empresário que constrói apenas em busca de retorno financeiro, sem qualquer compromisso com o meio ambiente urbano ou com a qualidade de vida de seus cidadãos, ou aquele profissional que projeta uma via de tráfego intenso pelo meio da cidade, sem se preocupar com questões sociais ou ambientais mais abrangentes, ambos estão fazendo um mau uso

36 Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

da tecnologia. Rogers explica ainda que o pensamento criativo e a tecnologia devem ser utilizados para beneficiar o próprio cidadão, de forma a assegurar direitos humanos universais e garantir abrigo, água, comida, saúde, educação, esperança e liberdade para todos, a fim de assegurar o futuro da hu-

manidade neste pequeno planeta de recursos frágeis e finitos. Na perspectiva das empresas de construção que se propõem a não somente fazer uma obra verde, mas sim ter uma postura sustentável, é preciso respeitar o preceito de que o negócio não pode colocar em perigo a vida de ninguém neste planeta, seguindo, por exemplo, os procedimentos corretos para evitar riscos de danos aos trabalhadores. Implica ainda oferecer produtos e serviços de uso seguro. E significa tomar medidas para evitar poluir o meio ambiente ou não contribuir para o aquecimento global.


espaços públicos diminui, perdemos o hábito de participar da vida urbana da rua. O policiamento natural ou espontâneo das ruas, aquele produzido pela própria presença das pessoas, é substituído pela segurança oficial e a própria cidade torna-se menos hospitaleira e mais alienante. Logo, nossos espaços públicos passam a ser percebidos como realmente perigosos e o medo entra em cena.” MUDANÇAS O “Abrir-se a mudanças sempre

acarreta incertezas e riscos. O poder de transformar e mudar o mundo ou a nós mesmos define a nossa condição moderna. A ânsia que nos conduz é contrabalançada pela consciência de nossa habilidade em destruir. Ser moderno, portanto, é viver esta vida de paradoxos – este é o mundo de Fausto, que Berman expôs de forma tão brilhante.” MEIO AMBIENTE O “As forças políticas e comerciais,

que direcionam desnecessariamente o declínio ambiental e o desgaste da vida urbana, devem ser balizadas por objetivos que busquem equidade social e sustentabilidade para as cidades. Para tanto, a sociedade precisará explorar as modernas formas de comunicação e tecnologia, incentivar os cidadãos a lidar com a complexidade dinâmica da cidade moderna. Também deve estar convencida do valor da beleza e do orgulho cívico. Em lugar de cidades que destruam o meio ambiente e alienem nossas comunidades, devemos construir cidades que fomentem a ambos.” OS EDIFÍCIOS O “Os edifícios ampliam a esfera

SEGUNDO ROGERS, A CIDADE SUSTENTÁVEL É... O Uma cidade justa, onde justiça, alimentação,

abrigo, educação, saúde e esperança sejam distribuídos de forma justa e onde todas as pessoas participem da administração; O Uma cidade bonita, onde arte, arquitetura e paisagem incendeiem a imaginação e toquem o espírito; O Uma cidade criativa, onde uma visão aberta e a experimentação mobilizem todo o seu potencial de recursos humanos e permitam uma rápida resposta à mudança; O Uma cidade ecológica, que minimize seu impacto ecológico, onde a paisagem e a aérea construída estejam equilibradas e onde os

pública de várias formas: eles conformam a silhueta da massa edificada, marcam a cidade, conduzem a exploração do olhar, valorizam o cruzamento das ruas. Mas mesmo no nível mais simples, a forma como os detalhes do edifício (piso, corrimãos, meio-fio, esculturas, equipamento urbano ou de sinalização) se relacionam com a escala humana, ou com o tato, tem um importante impacto no cenário urbano. O menor detalhe tem efeito crucial na totalidade. Qualquer edifício que busque alcançar a beleza – ou seja, que queira transcender o cotidiano e elevar o espírito daqueles que o utilizam – deve considerar essas questões.”

edifícios e a infraestrutura sejam seguros e eficientes em termos de recursos; O Uma cidade fácil, onde o âmbito público encoraje a comunidade à mobilidade, e onde a informação seja trocada tanto pessoalmente quanto eletronicamente; O Uma cidade compacta e policêntrica, que proteja a área rural, concentre e integre comunidades nos bairros e maximize a proximidade; O Uma cidade diversificada, onde uma ampla gama de atividades diferentes gere vitalidade, inspiração e acalentem uma vida pública essencial.

QUEM É ELE?

Nascido em 23 de julho de 1933, em Florença, o arquiteto ítalo-britânico Richard Rogers foi laureado, em 2007, com o “Pritzker Architecture Prize” pelo conjunto da obra, além do “Stirling Prize”, em 2006, pelo projeto do terminal 4 do Aeroporto de Barajas em Madrid (1997-2005). Um dos seus projetos mais conhecidos é o Centre Georges Pompidou, em Paris (1971-1977), desenhado em parceria com Renzo Piano.

DIVULGAÇÃO

ESPAÇOS PÚBLICOS O “À medida que a vitalidade dos

A TECNOLOGIA O “A tecnologia do computador é a

grande conquista que revolucionou o processo de projetar edifícios com baixo consumo energético. Os programas já disponíveis podem gerar modelos que conseguem prever o movimento do ar, os níveis de iluminação e o ganho de calor em um edifício, enquanto ele ainda está na prancheta. Isto aumenta de forma significativa nossa habilidade de aperfeiçoar os espaços projetados que podem usar o ambiente natural para reduzir o consumo de energia. A nova tecnologia

também está dando aos edifícios sistemas eletrônicos cada vez mais sensíveis, capazes de registrar as condições internas e externas, e reagir a necessidades específicas. Existem novos materiais que podem gerar energia, que podem alternar grandes níveis de isolamento a níveis bem baixos e também, opacidades e transparências, materiais que podem reagir organicamente ao ambiente e transformar-se em resposta às necessidades diárias e ciclos sazonais.”

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 Q 37


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ECO CONSTRUÇÃO CRISTIANE SILVEIRA DE LACERDA (*) redacao@revistaecologico.com.br

NOSSO DESTINO COMUM

A

sustentabilidade tem sido uma palavra corriqueira nos anúncios de TV, nas discussões empresariais, em muitos selos verdes criados pelo mercado, e chegou também à indústria da construção civil. Mas afinal, o que todos se perguntam é: isso é uma moda, uma onda que vai passar ou esse movimento veio para ficar? Como? E por quê? É interessante observar o crescimento exponencial dos empreendimentos que hoje buscam as certificações de sustentabilidade construtiva. Eles reforçam o entendimento desta tendência que já

se consolida no mercado, principalmente para os incorporadores que querem mitigar os riscos do capital investido. Além disso, a perspectiva de sobrevivência econômica deverá assegurar cada vez mais a preservação ambiental, os cuidados sociais e culturais como uma quebra de paradigma para aqueles que trabalham nos extremos, com os radicalismos de um lado ou de outro. A questão, o desafio será o equilíbrio. O enfoque financeiro já se encontra bastante claro, o ambiental ainda não, mas grandes discussões têm sido realizadas para se estabelecer custos ambientais de produtos e serviços. E é esta a preocupação que está levando as empresas a investirem de forma crucial e definitiva na sustentabilidade. Não porque é algo bacana, simpático mas por ser essencial a qualquer negócio que doravante queira prosperar. OS CUSTOS DA INOVAÇÃO Comparo uma obra que não seja sustentável a comprarmos um carro fora de linha. Como um ‘Dojão’, por exemplo, grandão, beberrão e obsoleto na sua utilização diária. Economicamente podemos demonstrar que, quando nasce no projeto um empreendimento verde, os custos de inovação inclusos nos custos de consultoria especializada são baixíssimos, se comparados a qualquer alteração que precisemos fazer nas fases de obra, e maiores ainda, caso comparados com os gastos pela não inserção das medidas sustentáveis nos 40 a 50 anos de fase de uso e operação de um empreendimento. Hoje comprar um empreendimento certificado também ajuda muito o público leigo. É a mensagem de que a forma como foi construído poderá, de acordo com os critérios pleiteados, assegurar, por exemplo, a sua eficiência energética. Como nos eletrodomésticos, todos já sabem que devem comprar equipamentos com selos do PROCEL. O mesmo dar-se-á com as edificações. Algo que faz bem para todos não tem como ser temporário. Torna-se definitivo pelo próprio contexto.

XX Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013


CRISTINA UMETSU

DIVULGAÇÃO PREVI

HUGO MARTINS DE OLIVEIRA

ARQUIVO PESSOAL

“Investir na sustentabilidade deixou de ser apenas algo bacana, simpático. Tornou-se essencial a qualquer negócio que queira prosperar”

MARCOS CASADO

O governo com suas medidas tímidas perde a oportunidade de apoiar o fortalecimento da construção sustentável, atrelando os incentivos de desoneração à medidas de sustentabilidade. O momento até mesmo para as empresas é bastante propício tendo em vista o maior caixa das empresas investidoras do setor. E a sobra de caixa é ideal a inovações em sustentabilidade construtiva, principalmente com o foco em eficiência operacional. O BRASIL NO RANKING O nosso país, de acordo com o Green Building Council (GBC Brasil), já ocupa o quarto lugar no ranking entre os que possuem mais edificações comerciais sustentáveis. Está atrás apenas dos Estados Unidos, China e Emirados Árabes Unidos. Entretanto mesmo ocupando esse lugar de destaque, ele ainda se encontra bastante distante de um amadurecimento do setor. Nos Estados Unidos, as construções sustentáveis já representam 15% do mercado da construção; no Brasil, o percentual fica entre 1% e 2%. A expectativa por aqui é que o número de empreendimentos registrados para a obtenção do selo Leadership in Energy and Environmental Design (Leed) chegue a 1.050 unidades este ano. Criado nos Estados Unidos em 1999, o selo Leed já é usado em 139 países. No Brasil, a primeira edificação com esse selo obteve o certificado em 2007. Até o mês passado já tínhamos 677 empreendimentos registrados e 82 certificados. O movimento da construção sustentável no Brasil, porém, só se consolidará de vez quando a indústria e os investidores do setor absorverem o conceito da sustentabilidade de forma madura. Como uma oportunidade para reduzir custos em todas as fases do processo, ou seja: deixar de ser uma estratégia de marketing para ser uma estratégia de fato corporativa, permeando todos os setores da organização.

IVAN SCHARA

A ESPERANÇA EXISTE O Brasil já se destaca na construção de unidades imobiliárias com selo verde, principalmente quanto aos novos lançamentos. Hoje, quase 50% dos lançamentos comerciais, em São Paulo e no Rio de Janeiro, contêm projetos que preveem alguma das certificações de sustentabilidade construtiva disponíveis no mercado. Em Curitiba, quase 80% dos novos lançamentos virão com selo verde. Como disse Cristina Umetsu, gerente de projetos sustentáveis, “são empreendedores, incorporadoras e investidores que querem construir um prédio com algum diferencial no mercado”. Marcos Casado, gerente técnico do GBC Brasil, também afirma que os empreendedores de prédios verdes têm conseguido reduzir em torno de 30% o consumo de energia dentro da edificação, de 30 a 50% o consumo de água, e conseguem reduzir também em cerca de 60% a 80% a gestão de resíduos, que são gerados durante todo o empreendimento. “O mercado consumidor está cada vez mais exigente, as empresas brasileiras e internacionais estão buscando prédios com esse tipo de concepção e com esse tipo de eficiência”, diz o gerente executivo do Previ, Ivan Schara. A sustentabilidade é um caminho sem volta. Muitos ainda não perceberam o tamanho da mudança porque o tempo de maturidade dos projetos da concepção à sua inauguração ainda é longo. Mas a revolução antes silenciosa está acontecendo. Torcemos para que todos os empreendedores se despertem a tempo de ofertar mais responsabilidade construtiva à toda nossa sociedade. As nossas futuras gerações também. O meio ambiente agradecerá. (*) Engenheira civil e urbanista, diretora geral da Ecoconstruct Brazil, professora e coordenadora do MBA Edifícios Sustentáveis: Projeto e Performance da Fumec www.ecoconstruct.com.br

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 Q 39


DIVULGAÇÃO

1 CON S T RU ÇÃO SUSTEN TÁVEL

A MRV REALIZOU O PLANTIO DE TODO O CANTEIRO DA AVENIDA NICOMEDES ALVES DOS SANTOS, GÁVEA SUL, EM UBERLÂNDIA (MG)

Construtora VERDE MRV começa o ano firmando sua pegada paisagística

40 Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

Mais uma vez, a Regional Ribeirão Preto foi a que recebeu mais investimentos, com mais de 1.800 árvores unidades plantadas. A regional foi seguida por Belo Horizonte, com 1.066, e Curitiba, com 1.034 árvores. Até o final do ano, a meta da MRV é plantar 120 mil árvores nas 120 cidades onde desenvolve suas operações. Em todas estas, a empresa seguiu as diretrizes das secretarias de meio ambiente, privilegiando o uso de espécies nativas e adequadas ao clima e ao solo das cidades. COMPROMISSO EXEMPLAR Em entrevista publicada na edição 31 da Revista ECOLÓGICO, em abril de 2011, o diretor-presidente da MRV Engenharia fez várias declarações corajosas e sustentáveis. De início, ele afirmou que “o desafio do setor é corrigir os erros do passado”. Destacou que um dos diferenciais da sua empresa “é gostar muito de paisagismo”. Que “se fosse presidente da Repúbli-

ENTRE

V I S TA

ca tornaria É CONSER TAR OS ERROS DO PASSA obrigatório o DO” uso de enerE gia solar nas construções”. E que “hoje não se concebe mais um empreendimento que cause danos ambientais, gere poluição”. ‘‘O DESAFIO

Luciana redacao@revista Morais ecologico.com.br

le nasceu em Belo Horiz te. Ainda crianç onAvenida Pasteu a, morou na MENIN: “SÓ USAMOS r. Gosta jogar tênis de MADEIRA CERTIFIC no fim de semana, de ADA E DE Bossa Nova PROCEDÊNCIA e RECONHECIDA” gente. Coma tem fama de ser exinda um time mil funcio de 27 nário do de const s e lidera o merca rução civil mento de imóveis para no segmédia e as classe s baixa. Ruben fundador e diretor da s Menin, MRV Engenharia, eleito o 'Engenheir Ano 2010', o do pela Socied ade ra de Engen heiros (SME Mineico, jeitão simples, meio), é prátimeio desco tímido, nfiado e fala rápid muito rápido o, . Um dos mento res do 'Progr Minha Casa, ama Minha Vida', em 2009 pelo lançado governo federa participou, l, ele a convite da então ministra da Casa dente, Dilma Civil e atual presigrupo respon Rousseff, do seleto sável pela do embrião elaboração do programa. Em entrev ista exclus iva à Revista ECOLÓGIC O, em seu na Avenid a Raja Gabág escritório, faz um balan lia, Menin qualidade desafios do ço das conquistas para os e "Procu setor e afirma ramos entre seus clientes. ge empresa que sua nharia faz gar mais presente em vendemos. parte do meu cidades de mais de 90 Nossas obras do que Minha DNA. 15 mãe foi a cando ca estão fiFederal e que estados e no Distrito da dia me terceira en nheira de lhores, com gemais quali Minas Ge 46.975 unida lançou, ano passado, dade." rais. Ver uma obra fican des, um aume do Relembra 78% em relaçã nto de a infância, prazer. Gos pronta me dá muito o a 2009 - transf jogava fute to de acom quando seus result bol panhar tu do, de sen orma na rua, e con ados positi herdou dos tir o cheiro ta que en vos em mais pais, ambos das coisas. genharia ros, a paixão A engenheié qua se pela profis um diverti mento para são. "A en mim." É o que vo cê confere a seguir: 22 ■ ECOLÓGIC O/ABRIL DE 2011

SAIBA MAIS: www.mrv.com.br/sustentabilidade

Não perca a entrevista com o presidente da EPO Engenharia, Gilmar Dias e o projeto da Fashion City Brasil, a Cidade da Moda, na nossa próxima edição, dia 25, lua cheia de abril.

LUCIANA MORAIS

C

aracterizada pelo paisagismo, arborização e adoção de canteiros, praças e parques sempre acoplados em suas edificações, a construtora mineira exibe um novo feito dentro de sua proposta maior de atingir o plantio nacional de 120 mil árvores/ ano. Nos dois primeiros meses do ano, a MRV Engenharia atingiu o número de 17.604 árvores plantadas, valor que já representa quase 15% da meta. A iniciativa é mais um dos compromissos assumidos para contribuir positivamente com o ambiente e, consequentemente, com a qualidade de vida nas cidades onde atua. “Esse número já é 12% maior que a quantidade de mudas plantadas no mesmo período do ano passado, quando havíamos plantado 15.669 árvores. O valor é significativo, mas precisamos manter o empenho, pois pretendemos plantar 10 mil árvores a cada mês”, destaca o diretor-executivo de Desenvolvimento Imobiliário da construtora, Hudson Gonçalves Andrade.

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PEDRO VILELA

Valéria Flores redacao@revistaecologico.com.br


Nosso Futuro

CONSTRUTIVO E SUSTENTÁVEL

SEGUNDO A ONU, ATÉ O FINAL DESTE SÉCULO, 95% DA HUMANIDADE ESTARÁ MORANDO NAS CIDADES. SERÁ, PORTANTO, NO MEIO URBANO QUE TODOS NÓS TEREMOS DE CONSEGUIR QUALIDADE DE VIDA. SERMOS SUSTENTÁVEIS, NO TRABALHO, NOS TRANSPORTES, NO NOSSO ESTILO DE VIVER. É POR ESTAS RAZÕES QUE, COM FOCO ESCLARECEDOR, JÁ A PARTIR DESTA EDIÇÃO, A REVISTA ECOLÓGICO IRÁ ABORDAR PERMANENTEMENTE O TEMA DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL.

O O QUE É MELHOR PARA A NATUREZA E O MEIO AMBIENTE QUE NOS RESTAM? O HORIZONTALIZAR A OCUPAÇÃO DOS POUCOS ESPAÇOS URBANOS QUE EXISTEM? O VERTICALIZAR, SOB A ÓTICA DE UMA NOVA E ECOLÓGICA CONCEPÇÃO CONSTRUTIVA QUE CONVERSE MAIS CONOSCO, COM O SOL, O VENTO E UMA MELHOR VISÃO DE MUNDO?

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DIVULGAÇÃO

1 PO L Í T I C A AMBI EN TAL

CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL Planejar um evento com os princípios da sustentabilidade faz bem para o planeta e para o bolso. E tem a chancela do Estado

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Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

bilidade do evento em si. É a sustentabilidade na transversalidade das ações, já o retorno são os ganhos social, ambiental e econômico”, garante Portela. A definição de sustentabilidade, difundida desde o “Relatório Brundtland” (um estudo encomendado pela ONU à então primeira-ministra da Noruega, Gro Brundtland, em 1987), criou parâmetros para o que deve ser “desenvolvimento sustentável”. Um dos mais aceitos é o Triple Bottom Line: uma organização sustentável precisa ser economicamente lucrativa, ambientalmente correta e socialmente responsável. DIVULGAÇÃO

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ções em prol do planeta precisam ser divulgadas não só pelo “ecomarketing”, mas principalmente pelo potencial em disseminar e multiplicar atitudes sustentáveis. Nesse contexto, mesmo que ainda não seja o cenário ideal, a sociedade se mobiliza pelas causas ambientais, e o poder público, que deve dar o bom exemplo, precisa estimular a sustentabilidade no cotidiano da sociedade. Foi por isso que nasceu o selo “Evento Sustentável”, uma chancela do Governo de Minas para certificar eventos sustentáveis promovidos no estado. Criada em dezembro de 2011, a nova certificação estimula práticas sustentáveis em eventos culturais, acadêmicos, comemorativos e técnicos, públicos ou privados. De acordo com Leonardo Portela, subsecretário de Relações Institucionais do Estado, o governo pensa a sustentabilidade nos aspectos sociais, ambientais e culturais. “Não é só a sustenta-

O selo “Evento Sustentável” inova na temática da sustentabilidade ao trazer o eixo cultural para os critérios de concessão. “É importante que os eventos preservem o meio ambiente, criem oportunidades para artistas locais, incluam projetos sociais em suas atividades e, acima de tudo, ofereçam entretenimento, cultura e informação de qualidade ao público. É um estímulo à cultura da sustentabilidade”, completa o subsecretário. SELO INAUGURAL O primeiro certificado “Evento Sustentável” foi entregue pelo governador Antonio Anastasia ao Congresso Mundial do Iclei - Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais, organizado pela Prefeitura de Belo Horizonte em junho do ano passado. Em dezembro foi a vez do Festival Planeta Brasil, o primeiro grande show no estado a consegui-lo. O processo de análise e concessão do selo é coordenado pela Secretaria de Estado de Casa Civil LEONARDO PORTELA: “É A SUSTENTABILIDADE NA TRANSVERSALIDADE DAS AÇÕES, JÁ O RETORNO SÃO OS GANHOS SOCIAL, AMBIENTAL E ECONÔMICO”


WELLINGTON PEDRO/IMPRENSA MG

e de Relações Institucionais (Seccri), em parceria com as Secretarias de Estado de Governo (Segov), de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), de Desenvolvimento Social (Sedese) e de Cultura (Sec). O caminho é simples: a primeira coisa a fazer é protocolar o pedido de concessão para o evento na Casa Civil. Durante 20 dias, todas as secretarias envolvidas analisam se o projeto contempla plataformas e princípios para o desenvolvimento sustentável, desde sua concepção até o pós-evento. Se houverem adequações a serem feitas para que o evento atenda aos critérios, as secretarias orientam o proponente e é dado prazo para nova apresentação do projeto. Alguns quesitos não podem receber nota zero, como cálculo de emissão de gases e ações de neutralização de carbono. “Quando há uma nota baixa, fazemos contato

O PRIMEIRO CERTIFICADO FOI ENTREGUE PELO GOVERNADOR ANTONIO ANASTASIA AO CONGRESSO MUNDIAL DO ICLEI, ORGANIZADO NA PRIMEIRA ADMINISTRAÇÃO MARCIO LACERDA

com o proponente para que ele corrija a ação. Mantemos contato constante com a produção do evento”, aponta Leonardo. Mesmo se o evento é de grande ou médio porte, ele garante, não é difícil conciliar planejamento e critérios sustentáveis. Hoje em dia quase todos os fornecedores têm

opções viáveis, tanto econômicas quanto ecológicas. Todo o esforço é recompensado, pois além do reconhecimento da sociedade e do governo, quem ganha é o planeta e a sua natureza. E ambos agradecem. SAIBA MAIS: http://goo.gl/M1kr5

ECOLÓGICO/FEVEREIRO DE 2013 Q XX


ESPECIAL ÁGUA 2013 ANASTASIA: PROGRAMA REVOLUCIONÁRIO

NAS ÁGUAS DA GENTE Governo promete água de beber para 625 cidades mineiras e impedir que 85% da população continue poluindo os rios redacao@revistaecologico.com.br

O

Governo de Minas, por meio da Copasa, vai investir, até 2016, cerca de R$ 4,5 bilhões, beneficiando 15,2 milhões de pessoas com abastecimento do líquido mais precioso do mundo e 10,1 milhões, com tratamento adequado de esgoto. O anúncio ecológico foi feito pelo governador Antonio Anastasia, ao lançar o Programa “Água da gente”, com as comemorações do Ano Internacional de Cooperação pelas Águas. Os recursos serão aplicados nas 625 cidades mineiras atendidas pela Copasa, com a implantação de mais 5,8 mil quilômetros de redes de água e de esgoto e a construção

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de 107 estações de tratamento de esgoto (ETEs). Deste total, 85 já estão com as obras em andamento, nove estão prestes a serem iniciadas e 13 ainda serão licitadas. Em seu pronunciamento para cerca de 150 prefeitos, Anastasia fez referência aos valores expressivos apresentados pelo presidente da Copasa, Ricardo Simões. Serão investimentos para melhorar a saúde e a qualidade de vida da população mineira: “Estamos lançando um programa revolucionário. Os números assustam, e esses valores são muito expressivos, porque estamos mudando o padrão de saneamento no Estado. Em 2003, tínhamos,

em toda a Minas Gerais, somente 34 ETEs. Entre 2003 e 2012, já inauguramos 95, três vezes o que havia em toda a história”. O resultado desse esforço, segundo o governador, é o salto de 25% do total de tratamento de esgoto, em 2003, para 75%, em 2014 e, com a meta de 85% de tudo aquilo que é coletado, em 2016. Para a aquisição de novos veículos e equipamentos, modernização do atendimento, nos programas Caça-esgotos e de redução de perdas de água; e nos projetos de educação sanitária e ambiental e de proteção de nascentes, serão investidos R$ 400 milhões. A saúde pública, ressaltou o


Copasa as orientações no sentido de melhoria, de eficiência, de resultados. Isso permitiu que abríssemos o capital da empresa, ainda com as ações não sendo negociadas em bolsa, mas que permitiu novos horizontes em termos da busca de recursos”.

presidente da Copasa, Ricardo Simões, será outra área diretamente impactada. Estudos mundiais, ele lembrou, apontam que a cada R$ 1 investido em esgotamento sanitário, outros R$ 4 são economizados em despesas com saúde. Isso porque o esgoto tratado diminui a incidência de doenças, como cólera e leptospirose e, em consequência, é menor o número de internações hospitalares. RONALDO SIMÕES: COMEMORAÇÃO

cução de políticas públicas, com foco na melhoria da qualidade de vida da população: “Para chegarmos aqui, foi preciso percorrer um longo caminho de preparação, que começou, ainda em 2003, no governo de Aécio Neves, quando foi lançado o Choque de Gestão, conduzido na época pelo secretário de Planejamento, Antonio Anastasia, que deu à

FOTOS: OMAR FREIRE

CHOQUE HÍDRICO Ricardo Simões também lembrou que, para alcançar esses resultados tão significativos, os esforços tiveram início em 2003, quando se implantou o “Choque de Gestão”, que modernizou a administração do Estado. Os ciclos de reforma e modernização da gestão pública estadual possibilitaram melhor aplicação dos recursos, tornando o Estado mais eficiente na exe-

CINQUENTA ANOS Criada em 1963, como Companhia Mineira de Água e Esgotos (Comag), a Copasa comemora, em 2013, 50 anos de atividade, sendo a empresa de saneamento básico mais premiada do país: “Ao longo dos últimos anos, sem nos afastarmos do compromisso social da empresa, chegamos àquilo que chamamos de excelência empresarial que, em 2009, foi reconhecida pelo jornal Valor Econômico, que nos considerou a melhor empresa do Brasil”, comemorou Simões.

APOLO HERINGER E O EX-GOVERNADOR AÉCIO NEVES DURANTE O LANÇAMENTO DO SISTEMA DE BIOMONITORAMENTO DA ETE ARRUDAS, ONDE A COPASA VEM REGISTRANDO A VOLTA GRADUAL DOS PEIXES NO RIO DAS VELHAS: MEMÓRIA HÍDRICA

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 Q 45


ESPECIAL ÁGUA 2013

LUCIANO DA MATA

APESAR DA CONTINUIDADE DOS DESMATAMENTOS E ASSOREAMENTOS, A BACIA HIDROGRÁFICA DO VELHO CHICO SUBIU 10 PONTOS NO SEU ÍNDICE “BOM” DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

NAS ÁGUAS DA ESPERANÇA Bacias mineiras apresentam melhora na qualidade da água, segundo dados do mapa hídrico do Igam

A

notícia foi dada na abertura oficial da Semana Mineira de Cooperação pela Água, pelo secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Adriano Magalhães, com base nos resultados do “Mapa de Qualidade das Águas de Minas Gerais 2012”. Os dados apontam que as bacias mineiras apresentaram melhora, com a

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ocorrência de Índice de Qualidade das Águas (IQA) “bom” passando de 18% em 2011 para 26% em 2012,. O “médio”, no entanto, passou de 60% para 57%. A análise revela, ainda, que o índice classificado como “ruim” diminuiu cinco pontos percentuais, passando de 21%, em 2011, para 16% ano passado. Das 11 principais bacias hidrográficas analisadas (dos rios

Doce, Grande, Paraíba do Sul, Jequitinhonha, Pardo, Piracicaba/ Jaguari, Paranaíba,Mucuri, Leste, Itapem/Itapap e São Francisco), 10 apresentaram melhoria nos índices de qualidade da água. “A qualidade das nossas águas melhorou significativamente. Tivemos um ganho na ordem de 8%, além de uma diminuição no índice de toxidez em nossos rios”,


JOSÉ REYNALDO DA FONSECA

festejou o secretário a partir da análise das amostras coletadas nas 448 estações da rede básica de monitoramento distribuídas por Minas. O IQA avalia a contaminação dos corpos hídricos em decorrência de matéria orgânica e fecal, sólidos e nutrientes. O investimento no estudo, que começou em 2003 e vai até 2015, já ultrapassou R$ 2 bilhões.

RIO PARDO TAMBÉM INTEGRA AS 10 BACIAS QUE TIVERAM MELHORAS ENTRE OS ANOS 2011 E 2012 JANICE DRUMOND / ASCOM / SISEMA

RMBH Na Região Metropolitana de BH (RMBH), o Rio das Velhas vem, ao longo dos anos, apresentando melhoras na Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), que é o parâmetro mais empregado para medir a poluição das águas. É ele quem determina a quantidade de oxigênio dissolvido na água e utilizado pelos microorganismos para oxidar a matéria orgânica presente nos cursos hídricos. Segundo a nova diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marília Melo, no início do Projeto Estratégico para Revitalização da Bacia do Rio das Velhas, em 2008, dos 19 pontos monitorados, cinco já apresentaram DBO abaixo de 3 miligramas por litro (mg/l), seis apresentaram DBO menor que 6 mg/l e oito, menor que 12 mg/l. Os dados mais recentes obtidos no último ano revelam que destes pontos, 11 apresentaram DBO abaixo de 3 mg/l, cinco apresentaram menor que 6 mg/l e três menor que 11 mg/l. No levantamento realizado em 2012, essa bacia apresentou uma melhora expressiva no índice de qualidade da água considerado “bom”, passando de 9% para 25%. O IQA resume os resultados de nove parâmetros, tais como o oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, PH, demanda bioquími-

ADRIANO MAGALHÃES, MARÍLIA MELO, SIRLEIA DRUMMOND (FÓRUM DE BACIAS), OCTÁVIO ELÍSIO (HIDROEX) E ALCEU TORRES (CAOMA-MP): ESPERANÇA COMUM

ca de oxigênio, nitrato, fosfato total, variação da temperatura da água, turbidez e sólidos totais. RESPOSTAS POSITIVAS A melhoria do IQA é consequência das diversas ações realizadas pelo Governo de Minas, por meio do Projeto Estratégico Meta 2014. Lançado em 2012, a proposta dá continuidade às ações desenvolvi-

das pelo Meta 2010 e prevê investimentos da ordem de R$ 500 milhões na recuperação do Velhas até 2015. A iniciativa reúne Governo do Estado, a maioria das prefeituras municipais que faz parte da bacia do rio em seu trecho metropolitano, sociedade civil organizada e população em geral. O principal objetivo é elevar a qualidade das águas de “Classe III” para “Classe

2 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 Q 47


EVANDRO RODNEY

ESPECIAL ÁGUA 2013

RIO DAS VELHAS: O IQA DE SUAS ÁGUAS, CLASSIFICADO DE “BOM”, PASSOU DE 9% PARA 25%, RESULTADO DAS VÁRIAS AÇÕES DO SEU PROJETO ESTRATÉGICO DE REVITALIZAÇÃO

II”, permitindo, assim, o uso dos recursos hídricos para o abastecimento doméstico após tratamento convencional, para atividades de lazer, entre elas, nado e mergulho, para a irrigação de hortaliças e para a criação de peixes. MELHORA EXPORTADA Outros rios de Minas também apresentaram melhora nas condições de qualidade da água. Foi verificado, na Bacia do Mucuri, aumento da ocorrência de rios de boa qualidade. Passou de 11%, em 2011, para 39%, em 2012. O mesmo aconteceu nas bacias dos rios Paranaíba e Pardo, onde as ocorrências de IQA “bom” passaram, respectivamente, de 26% e 30%, em 2011, para 41% e 45%, em 2012. Na Bacia do São Francisco o IQA “bom” passou de 18%, em 2011, para 28%, em 2012. E, nas bacias do Leste, onde foi registrado 14% de ocorrência de IQA “bom”, eno ano seguinte, esse índice já representava 23%.

48 Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

MELHORA DOCE O secretário anunciou, também, a assinatura em breve do decreto que institui o Núcleo Estadual do Programa Água Doce (PAD), com poder deliberativo. Ele estabelece uma política pública permanente de acesso à água de qualidade para o consumo humano, por meio de processos de dessalinização e outras tecnologias, aproveitando de maneira sustentável a água subterrânea disponível no semiárido. O programa é desenvolvido em integração com o governo Federal por meio do Ministério de Meio Ambiente (MMA), da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru) e Copasa. O convênio, assinado em 2013, será executado até 2015. Serão instalados 69 sistemas de dessalinização em áreas rurais selecionadas, considerando a habilidade operativa e o engajamento das comunidades. O custo aproximado por sistema é de R$200 mil, podendo

ser liberado para Minas Gerais um valor de até R$12 milhões, tendo uma contrapartida de R$1,2 milhão da Sedru, totalizando cerca de R$13,8 milhões. O Núcleo poderá ter representantes da Sedru, da Copasa, Cemig, Semad, Igam, dos Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas (Copanor), do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas (Idene) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Como demonstrou Adriano Magalhães, pelo fato de o Estado ser a “caixa d’água do Brasil”, as melhoras nos rios de Minas se refletem em praticamente todas as bacias hidrográficas nacionais, exceto na região amazônica.

SAIBA MAIS www.igam.mg.gov.br/banco-de-noticias/ 1-ultimas-noticias/1322-semana-mineirade-cooperacao-pela-agua


INTEGRAÇÃO PELAS ÁGUAS

A AGB Peixe Vivo é uma Agência de Bacia, uma entidade técnica-executiva de apoio a Comitês de Bacia Hidrográfica. Tem atuação focada na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Avalia, executa e fiscaliza projetos, contrata empresas, organiza eventos, reuniões e viagens técnicas, propõe estratégias, dá apoio administrativo, jurídico e financeiro, realiza cursos, além de outras funções relativas às atividades dos Comitês de Bacia.

Projetos Hidroambientais Avaliação, elaboração, detalhamento, licitação, contratação e acompanhamento de projetos hidroambientais. Vistoria Vist oria ria em em pr projeto proj pro etto o hid hidroamb hidr id oam oamb o ambient mbie mb ien ien ent ntta al do Comi omi omitê miitê tê da Bacia Baci cia H c Hidrográ Hidr idrográ ográ g ffica gráf ca do ca do R Rio io o São ão Fran ran rancisc ancisc cisco cisc o – Guar Guaracia Gu raci acia acia ac am ma a – MG MG

Impl Im Impl mplanta p anta antta açã ção ã d ão de e ffossa ossa oss sa sép sa séptica tica ca eco econômi conômi ômi ôm m ca mi ca para par pa a proje ara pro ro ojjeto ojeto tto o hid droam dr oam a bien am biental ta do CBH CBH HR Rio iio od das a as Ve ass – Su Vel Velh Sub S ub-bac -bacia a ia do R Ribeir beirão rã ão o da Ma Mata

Reuniões e Eventos

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A AGB Peixe Vivo realiza a produção e presta apoio para a organização de eventos e reuniões dos Comitês de Bacia Hidrográfica.

Cursos e Seminários A AGB Peixe Vivo promove e apoia a realização de cursos e seminários relacionados a recursos hídricos. Cu Curs urs rso o de Ca Cap C apa acit ac c tação cit tação aç açã ç de eA Agentes Agen Age ge tes te Ges Gest estores e es oress e em mR Recu Recursos ecu e ec cu urso rsos os H Hídrico Hí Híd rricos ico cos d c do Esta E sta st tad do o de de M Min na nas as Gerais Ge is Gera G s

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ESPECIAL ÁGUA 2013

IDEALIZADO PELOS AMBIENTALISTAS, A PROPOSTA DO “BOULEVARD” ASSEMELHA-SE ÀS “RAMBLAS” DE BARCELONA: LAZER E PROTEÇÃO ACÚSTICA NATURAL

Um boulevard no SONHO Enquanto a Prefeitura de BH confirma a implantação do projeto original e ambiental do “Boulevard do Arrudas”, um projeto semelhante para o Rio Sabará jaz abandonado na Prefeitura vizinha 50 Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

Hiram Firmino redacao@revistaecologico.com.br

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prefeito Marcio Lacerda confirmou. Ainda neste ano, ele não apenas implantará, como também pretende ampliar o projeto original e ambiental do “Boulevard do Arrudas”. Trata-se do Projeto de Recuperação Ambiental, Urbanística e Paisagística das margens do Arrudas, idealizado com a participação da prefeitura, e não do Estado. Um

sonho de um grupo de ambientalistas, jornalistas e arquitetos mineiros há quase 20 anos. Não se trata, portanto, de uma simples continuidade do “Bulevard Arrudas”, que se apropriou do nome semelhante e é voltado unicamente para a mobilidade urbana, já implantado e em implantação em vários outros trechos de BH. A proposta do “Boulevard do Arrudas”, favor não confundir, é outra. Ela se inspira inicialmente no paisagismo francês de Paul Villon,


FOTOS: DIVULGAÇÃO

ENQUANTO ISSO, EM SABARÁ, R$ 2,1 MILHÕES DOADOS PELAS GRANDES EMPRESAS LOCAIS PARA DESENVOLVER O PROJETO CONTINUAM JOGADOS NO LIXO

BRENO PATARO

Outro no ABANDONO o arquiteto que idealizou as praças da Liberdade e Raul Soares, quando da fundação da capital mineira. Sua conceituação é revitalizar ambientalmente ambas as áreas verdes ainda existentes às margens do Arrudas, de modo a encapsular toda a poluição sonora provocada pelos veículos e trens. E, assim, numa versão de paisagismo verde mais denso das ramblas de Barcelona, na Espanha, poder reumanizar seis bairros da região leste, uma das mais O ATUAL PREFEITO DE SABARÁ, DIÓGENES FANTINI, AO LADO DE MARCIO LACERDA: O MESMO DESAFIO E ESPERANÇA

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DIVULGAÇÃO

ESPECIAL ÁGUA 2013 A futura Praça das Águas, próxima ao hoje Boulevard Shopping segundo projeto de Alvaro Hardy (Veveco)

agredidas de BH, reestabelecendo e devolvendo a qualidade de vida perdida às suas populações. O trecho previsto pelo “Boulevard” compreende as laterais da calha do Arrudas desde a Ponte do Perrela, no seu cruzamento com a Avenida dos Andradas, até a Avenida Silviano Brandão, logo após a Penitenciária Estevão Pinto, passando defronte à Câmara Municipal. Um modelo de paisagismo acústico e de lazer social que, se aprovado pela população e absorvido pela prefeitura, poderá se estender e unir depois com o Parque Linear do Arrudas, até a divisa de BH com o município de Sabará. AS MUDANÇAS O que Marcio Lacerda revelou com exclusividade, à Revista ECOLÓGICO, é sua intenção de acrescentar no projeto “Boulevard” o mesmo ítem de mobilidade urbana que existe no projeto do “Bulevar”, já implantado em alguns trechos da Via Expressa Leste-Oeste. Ou seja, tampar o Arrudas para criar também ali novas pistas de escoamento do tráfego. Isto não estava previsto no projeto original, mas pode ser negociado de maneira parceira, desde que a PBH honre o paisagismo ambiental proposto de maneira inédita na história da ex-Cidade Jardim. E não o paisagismo de

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arquitetura e urbanismo-padrão, mesmo com boa vontade, refeito pela Sudecap. Em tempo: ano passado, o próprio prefeito convidou os autores do projeto para conhecerem e opinarem sobre a “contribuição” feita pelo órgão. Em termos de equipamentos, aparelhos públicos para ginástica e lazer, praças, pistas para caminhadas, etc., a Sudecap avançou e o superou. Vai ser um dos espaços públicos mais criativos e interativos da cidade, em termos de ecologia humana. Quanto ao paisagismo, não. A nova proposta dela se equivocou, não tem nada de ambiental. Foge completamente da proposta de proteção acústica do boulevard, que não é só embelezamento e paisagismo para inglês ver. Basta vermos, por exemplo, o que aconteceu no Mineirão e na Praça da Estação, onde as pessoas ficam expostas ao sol e a todo tipo de poluição. O projeto original do Boulevard que, além de Álvaro Hardy (o saudoso e respeitado Veveco), traz também a assinatura do biólogo

Sérgio Tomich, uma das maiores autoridades em arborização urbana do país, prevê o plantio indicado de somente árvores e espécies ornamentais capazes de “cortar” a propagação do barulho que cientificamente se dissemina em linha reta e para todas as direções. Um barulho que já é desumano ali, principalmente para os moradores - a maioria idosa -que vivem nos bairros próximos de Santa Tereza e Santa Efigênia. Detalhe importante: são espécies que também quase não necessitam de manutenção permanente, o que é bom para os cofres públicos. A verba inicial de R$ 5,6 milhões para a implantação das obras prometidas por Lacerda já está depositada na prefeitura e será utilizada por meio do mecanismo legal de “operação urbana” entre a iniciativa privada e o poder público. Trata-se da contrapartida proveniente do licenciamento ambiental que permitiu a construção do Boulevard Shopping, exatamente na região onde começa esse sonho prestes a virar realidade.

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ESPECIAL ÁGUA 2013 Sabará e seu rio eram assim...

Dinheiro no lixo É o que a Prefeitura de Sabará fez até hoje com o projeto de boulevard ecológico que também propõe recuperar as águas do “rio de sua aldeia” Já dizia o poeta português Fernando Pessoa que o “maior rio do mundo”o não é geograficamente o maior rio do mundo. Mas, afetivamente, de modo que as populações ribeirinhas tenham pertencimento dele e passem a cuidar, recuperá-lo e amá-lo verdadeiramente, esse maior rio do planeta é simplesmente o “rio de nossa aldeia”. Qualquer curso d´água que passe perto de nós, faça parte de nossa cidade, de nossa esperança e de nossas vidas. Esse recado, simples assim, não conseguiu ser capitado pelos três

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últimos prefeitos que administraram o ex-arraial pelo bandeirante Borba Gato às margens do Rio Sabará. Muito menos conseguiram despoluir, bem à entrada da cidade hoje mais visitada da Região Metropolitana de BH, o seu encontro com o Rio das Velhas, principal afluente da Bacia do Velho Chico, no coração histórico de Minas Gerais. Como mostrou o jornal Estado de Minas, em uma bela e triste reportagem assinada pela repórter Flávia Ayer e publicada na última lua

cheia de fevereiro, os esgotos “podres e cinzas” gerados pela população e as indústrias do município continuam caindo “como cascata dos canos” feios, fétidos e a céu aberto, até o fatídico encontro dos dois rios, manchando o seu cartão -postal. São mais de 32 milhões de litros de esgoto por dia lançados justamente onde os últimos governantes de Minas, de Aécio a Anastasia, poderiam mergulhar e renovar mais facilmente as promessas públicas de despoluir suas águas, liberando-as para o consumo das


FOTOS: DIVULGAÇÃO

populações ribeirinhas, para a volta dos peixes e para o lazer social. Objetivos possíveis pelo Projeto Manuelzão, desde que haja vontade política. E por que isso não acontece, mesmo com as autoridades e os ambientalistas sabendo que o Rio Sabará é o curso d’água urbano mais fácil de ser recuperado em toda a Grande BH, por receber os esgotos praticamente só do município que lhe dá nome, uma vez que a vizinha Caeté, única e distante cidade à sua jusante, já tem sua estação de tratamento? Não acontece porque seus últimos três prefeitos (Wander Borges, Sergio Freitas e Willian Borges) e a própria Copasa não tiveram essa vontade capaz de remover montanhas. Muito menos, diante de tantos outros desafios, eles souberam enxergar, valorizar, colocar debaixo do braço e lutar pelo financiamento conjunto de

ficaram assim...

um projeto executivo final cujos registros, num total de oito caixas de documentos técnicos que custam R$ 2,1 milhões, jazem esquecidos e apodrecendo na sede da prefeitura. Trata-se do Projeto de Recuperação Ambiental, Urbanística e Paisagística do Rio Sabará - intitulado “Boulevard de Sabará” - no mesmo modelo que o prefeito Márcio Lacerda promete implantar ainda este ano, ao longo do Arrudas, entre a Ponte do Perrela e a Penitenciária das Mulheres, na capital mineira. Com custo zero para a Prefeitura de Sabará, uma vez que foi totalmente abraçado e financiado pela ArcelorMittal (ex-Belgo Mineira, que nasceu ali) e as mineradoras Anglogold e Vale, também sediadas no município, este projeto também só não foi implantado por causa de um impasse político com o Governo do Estado. A Copasa, que tradicionalmente

já detém a conta de água da cidade, mantém a sua posição: ela só aporta um investimento hoje de R$ 100 milhões para a captação e esgotamento sanitário de todo o município, resolvendo grandemente a poluição do Rio das Velhas, se a prefeitura também lhe passasse a conta do esgoto. Foi por isso, ficar mal e perder votos perante seus eleitores, aumentando em 50% o que cada cidadão já paga na sua conta d´água, que os ex-prefeitos evitaram e alegaram não levar o projeto em frente. A Copasa, no final da Administração Sérgio Freitas, chegou a lhe propor informalmente um caminho político e do meio. A empresa do Estado aplicaria uma taxa “social”, muito mais barata perante a população, para tratar os esgotos, dentro do escopo do projeto de recuperação ambiental, adotando -o. E em contrapartida, a Prefeitu-

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ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 Q 55


SANAKAN

ESPECIAL ÁGUA 2013

A ENTRADA DA CIDADE, ONDE OS RIOS SABARÁ E VELHAS SE ENCONTRAM, RUMO AO ARRUDAS: CENÁRIO DESOLADOR

ra receberia todo valor financeiro da sua implantação, na época em torno de R$ 35 milhões, não para ser aplicado no rio, mas em obras sociais, de saúde e educacionais, de modo que o prefeito compensasse com essas ações paralelas, o que ele iria perder de votos com o aumento mesmo diminuído da conta de água e esgoto juntas. Ele não topou, tampouco ganhou as eleições. E a “batata quente” deste imbróglio com a Copasa, que significa meio caminho andado para recuperar o Rio Sabará, com esse projeto já existente e pronto, passou para o prefeito atual: Diógenes Fantini, que é médico e entende do assunto: foi ele, ex-administrador público por duas vezes de Sabará, o autor da implantação de dois interceptores sanitários ao longo de ambas as margens do rio. Interceptores que, com o passar do tempo e crescimento da cidade e da sua população, tornaramse obsoletos e abandonados. E têm a sua substituição e extensão prolongada também incluídas no projeto do “Boulevard.”

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“Sabará é uma das poucas cidades que nem sequer inciaram obras para resolver a questão do esgoto. É um passivo ambiental histórico para toda a bacia. Além de não ser justo, isso é ilegal” MARCUS POLIGNANO, coordenador do projeto Manuelzão da UFMG

Fantini também herdou e questiona o convênio firmando pelo município em setembro do ano passado, na gestão Willian Borges, com a Copasa. Como já passou o período eleitoral e, portanto, há menos rejeição e desgaste perante a população, ele prevê um investimento de R$ 100 milhões, já citado por parte do Estado, para fazer o esgotamento sanitário da cidade e, em três anos, evitar que

95% dos detritos tenham como destino todos os cursos dá água, além do Rio Sabará, e as fossas negras do município. Algo que, segundo a legislação estadual, já deveria estar regularizado há dois anos e cinco meses. E esbarra, novamente, no aumento de 50% na tarifa da Copasa. Segundo declarou ao Estado de Minas, o prefeito atual lembra que o munícípio já está passando de graça para a Copasa um patrimônio de 150 km de redes coletoras, o que precisa ser valorado e deduzido no aumento tarifário proposto de 50%: “Queremos ter o tratamento dos esgotos, mas não com uma contrapartida desta, a esse custo social”. Se Diógenes e a Copasa conseguirem esse diálogo, o Projeto “Boulevard de Sabará” se tornará a cereja do bolo ambiental sonhado. Segundo a massa do bolo principal também proposta pela Copasa, 95% da área urbana de Sabará, onde vivem 126 mil pessoas, terá até 2016 cobertura da coleta e tratamento de todos os seus rejeitos. Serão construídas 11 estações elevatórias, 28 mil metros de coletores e 45 mil metros de interceptores, além de duas estações de tratamento de esgoto (ETEs), uma no bairro Borga Gato e outra no distrito de Ravena. Este projeto tem o aval da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais. Quanto ao Projeto executivofinal do “Boulevard de Sabará”, que faria o ex-Arraial de Borba Gato se equiparar, paisagisticamente, às ramblas de Barcelona e Paris, não se sabe se o atual médico-prefeito irá ressuscitá-lo e implantá-lo. Conheça a sua proposta nas páginas seguintes. O rio torce.


O PORTAL DE SABARÁ Área onde se configura um novo acesso à cidade e ao boulevard, através do marco de entrada executado em aço corten, em referência à Igrejinha do Ó. Nova locação da estátua de Borba Gato. E calçadão junto ao rio, com caramanchões floridos, postos de informações turísticas e uma nova locação dos pontos de ônibus.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

A ENTRADA HOJE DA CIDADE: DESOLAÇÃO E POUCA REFERÊNCIA URBANA À SUA HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA

NOVA ENTRADA PROPOSTA: 28% DA POPULAÇÃO GOSTARIA QUE ELA FOSSE “MAIS ARBORIZADA”. 21%, QUE TIVESSE OS ESPAÇOS PARA PEDESTRES MAIS LARGOS. 18%, MAIS FLORIDA; E 15%, MAIS LIMPA

ECOLOGIA URBANA: TODA A MARGEM DIREITA DO RIO SABARÁ, HOJE TOMADA PELOS CARROS, TERIA UMA DESTINAÇÃO MAIS HUMANA E SAUDÁVEL

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ESPECIAL ÁGUA 2013 Sua população pensa assim... Resultado de pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Newton Paiva e a Prefeitura de Sabará Por que a Prefeitura e as empresas-cidadãs de Sabará devem se unir para recuperar o seu mais precioso bem natural?

Porque:

91% dos sabarenses ouvidos acham o rio da

PRIMEIRAS PROVIDÊNCIAS

Mais preocupante:

Quais providências a Prefeitura e as empresas, deveriam tomar para recuperar o rio que, mesmo poluído e abandonado, enfeita a cidade com a sua beleza? Como agir?

Por outro lado:

Em primeiro lugar:

sua cidade “sujo e poluído”.

64% disseram que a própria Prefeitura “não cuida bem dele”. 92% anteciparam estar do lado da Prefeitura,

desde que haja “um compromisso conjunto de recuperar e manter o rio cuidado”.

89% garantiram que, se isso acontecer,

“jamais jogariam lixo em suas águas”.

Como contribuir para a sua preservação?

34% “campanhas que eduquem a população”. Em segundo lugar

20% “limpando o leito do rio”. E terceiro

6% “tratando e evitando jogar esgoto nele”.

89% confirmaram o resultado

preliminar da pesquisa: “Não jogando lixo em suas águas”.

NÃO SABE, NÃO CUIDA! E a população ribeirinha, aquela parcela dos sabarenses que tem o privilégio de morar às margens do rio e, muitas vezes, não sabem o que isso significa? Ela atua para manter o seu rio limpo?

77,2% tiveram a coragem de responder: “Não!”

E apenas

19% responderam: “Sim!”


O que fazer? A pesquisa perguntou à população o que poderia ser feito nas margens e proximidades do Rio Sabará.

56% “Arborizar e plantar flores”

24% “Implantar pistas

para caminhadas”.

7% “Ter mais espaços para

atividades de lazer e esportes”.

EMBELEZAMENTO Quais as sugestões para embelezar novamente as margens do rio da cidade?

53% “Plantar árvores que deem flores.”

27% “Plantar árvores

diversas e coloridas”

14% “Plantar árvores frutíferas”.

CARTÃO POSTAL Qual importância a população ouvida vê no único rio que possui?

65% “Ele faz parte da história da cidade”.

21% “A água da cidade vem das suas nascentes”.

7% “É o cartão de visitas mais bonito e que mais embeleza a cidade”.

A pergunta seguinte foi: qual a sua sugestão de equipamentos de lazer a serem implantados ao longo do rio?

1º Lugar

“Pistas para caminhadas”

2º Lugar “Praças”

A VOLTA DOS PEIXES

9%

Sugeriram espécies diferentes, como bagre, carpa, traíra, mandí, piau e lambari.

4%

Apontaram o dourado como seu sonho maior.

3º lugar

“Iluminação ao longo do rio”

4º lugar

“Bancos”


ESPECIAL ÁGUA 2013

WILSON DIAS / ABR

A RESPOSTA DO RIO MADEIRA À PREPOTÊNCIA HUMANA: A NATUREZA É CADA DIA MAIS FORTE

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Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013


O MADEIRA EM

FÚRIA A usina de Santo Antônio mudou o rio e a vida em Rondônia: ondas engolem casas, e peixes aparecem mortos, enquanto pescadores passam fome Ana Aranha Agência Pública

vida, do seu bairro e da história de Porto Velho. As ondas atacaram o bairro Triângulo, primeiro a se formar na capital. O bairro leva esse nome por ser o local onde o trem da estrada de ferro Madeira-Mamoré fazia a curva para desabastecer. A casa de Iêsa ficava entre a margem do Madeira e os trilhos abandonados. Cerca de sete quilômetros abaixo da usina. O rio engoliu ainda o marco Rondon, obelisco histórico mais antigo que o próprio estado. Construído em 1911 pela equipe do marechal Cândido Mariano

PESCADOR NAS MARGENS DESBARRANCADAS DO RIO: SUA HISTÓRIA FOI JUNTO

MARCELO MIN / AGENCIA PUBLICA

D

ois dias antes do início dos testes na primeira turbina da Hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, o telefone tocou na casa da pescadora Maria Iêsa Reis Lima. “Vai começar”, avisou o amigo que trabalhava na construção da usina. Iêsa sentou na varanda e se pôs a observar as águas, esperando o que sabia ser uma mudança sem volta. “O Rio Madeira tem um jeito perigoso, exige respeito. Os engenheiros dizem que têm toda a tecnologia, mas nada controla a reação desse rio.” Semanas depois, no início de 2012, as águas que banham a capital, Porto Velho, começaram a ficar agitadas. As ondas cresciam a cada dia, cavando a margem e arrancando árvores. O deque do porto municipal se rompeu. O rio alcançou as casas, até que a primeira delas ruiu junto com o barranco para dentro das águas. O prognóstico de Iêsa estava certo. O que ela não podia imaginar era a rapidez com que a resposta do rio à abertura das comportas alteraria o curso da sua

da Silva Rondon, sertanista que rasgou a floresta para ligar a primeira linha telegráfica a conectar a Amazônia. Quando as ondas alcançaram o marco, alertas circularam em abundância por todos os meios de comunicação a que o mundo tem acesso. Mas a empresa Santo Antônio Energia, responsável pela usina, negava relação com o problema. Em duas semanas, as águas cavaram a base do obelisco e o arrastaram para o fundo do rio. Depois que ficou comprovada a responsabilidade da usina, a empresa tentou resgatar o obelisco, mas apenas dois blocos foram recuperados. BANZEIRO DO PROGRESSO Na sala do apartamento alugado pela usina, sentada numa cadeira de varanda entre caixas de mudança, Iêsa vive as diversas definições da palavra banzeiro, adotada pelos rondonienses para se referir ao fenômeno que, de acordo com o dicionário Houaiss também significa “série de ondas provocadas pela passagem da pororoca ou embarcação, e que vai quebrar violentamente na praia ou nas margens do rio”. Ou ainda “que se sente banzo, melancólico e triste”. “Minha história se perdeu, foi tudo pra baixo da água”, diz. Com o valor da indenização (entre R$ 90 mil e R$ 150 mil), as 120 famílias provisoriamente instala-

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das em hotéis e apartamentos não poderão voltar para os terrenos à beira do rio, que são áreas muito valorizadas em Porto Velho. Nem poderão voltar ao bairro Triângulo, que vai ser todo removido para a construção de um complexo turístico e paisagístico na beira do rio. Os moradores mais antigos se recusam a sair. Como José Oliveira, que trabalhou na estrada de ferro desde 1950, quando tinha 16 anos, até sua desativação em 1972. “Era guarda fio, cortava o mato quando enrolava na linha. Andava sozinho pela estrada, pedalando num velocípede que encaixava no trilho. Levei até flechada de índio”, lembra. Quando chegou a Porto Velho, a vida da cidade girava em torno do trem. Depois que desativaram a linha férrea, os dormentes foram usados para reforçar a base de sua casa. “Estou satisfeito aqui perto do trilho e do rio. Ninguém vai me jogar para dentro da cidade como foi com essas famílias que saíram correndo, chorando, como se não valessem nada.” O QUE FAZER? As famílias não esquecem a noite em que, enquanto as ondas quebravam, a Santo Antônio Energia, empresa que comanda a usina, negava responsabilidades sobre os banzeiros na TV. Por duas semanas, ninguém sabia o que fazer. As famílias não recebiam orientação das instâncias responsáveis por controlar as ações de impacto social e ambiental da obra: prefeitura, governo do estado e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Foi preciso a intervenção do Ministério Público do estado, que chamou a empresa a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (Tac), no qual se fixaram o auxílio às famílias e a contenção das margens. Isso aconteceu porque o fenô-

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FOTOS MARCELO MIN / AGENCIA PUBLICA

ESPECIAL ÁGUA 2013

meno não estava previsto pelo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da obra - elaborado por Furnas e Odebrecht, empresas responsáveis por Santo Antônio, e certificado pelo Ibama antes do licenciamento. É esse estudo que aponta os danos possivelmente gerados pela construção e as ações para conter o prejuízo. “Foi uma falha”, admite o coordenador de Infraestrutura de Energia Elétrica do Ibama, Thomaz Miazaki de Toledo. “Se esses impactos tivessem sido previstos, as medidas preventivas teriam sido adotadas. Mas a gente não tem bola de cristal”, completa. Pelo menos dois especialistas pagos por Santo Antônio apontaram a alta probabilidade de erosão. Esses alertas estão em laudos complementares ao Estudo de Impacto Ambiental. “Foram análises aprofundadas, feitas por exigência do Ministério Público de Rondônia, mas depois foram esquecidas durante o licenciamento”, diz o diretor da ONG Amigos da Terra, Roberto Smeraldi. A erosão é apontada nesses estudos pelo biólogo e professor aposentado da Universidade de São Paulo e consultor na área ambiental, José Galizia Tundisi. Ele escreve que o fenômeno poderia

acontecer em diversos pontos do curso do Madeira, devido ao desequilíbrio na movimentação de sedimentos. Para entender esse processo, é preciso saber que o Madeira é um dos três rios com maior concentração de sedimentos do mundo. Perde só para os que nascem no Himalaia. Ele leva esse nome porque, depois de descer a Cordilheira dos Andes, suas águas arrancam as árvores e margens de alguns trechos. Todo dia, essas madeiras e mais de 500 mil toneladas de sedimentos deslizam na frente de Porto Velho. O modo como esse material vai se acomodando ao longo do rio é o que dá equilíbrio ao curso. Há trechos onde naturalmente ocorre erosão, e as margens caem. Em outros, há sedimentação, e aparecem formações como bancos de areia. Essa é uma das teses para explicar o problema com que trabalha o Ministério Público do Estado de Rondônia (MPE-RO). Ao Ibama, a empresa atribui o fenômeno à fase específica da obra. Como as turbinas não estão todas em funcionamento (serão 44, há 6 em operação), a água sai com mais velocidade, gerando ondas. “Acatamos a explicação, mas entendemos que não é só isso, temos


técnicos trabalhando para fazer um laudo independente”, afirma Aluildo de Oliveira Leite, do MPE -RO. A explicação da usina ajuda a entender a violência das ondas em Porto Velho. Mas o Ministério Público já registrou a ocorrência do fenômeno em ao menos mais duas comunidades, que ficam a 150 e 200 quilômetros abaixo da capital. Só com um diagnóstico completo será possível fixar ações de prevenção no rio Madeira. O que também depende da boa-fé da empresa. Depois dos acidentes no bairro Triângulo, a Santo Antônio foi obrigada a construir um paredão de sete quilômetros de pedras para conter as ondas. “Agora estão começando a desbarrancar outros trechos logo depois dessa faixa. E a empresa não reconhece, diz que não há nexo causal”, afirma a procuradora Renata Ribeiro Baptista, que acompanha o caso pelo Ministério Público Federal. “ÁGUA PRETA COMO CAFÉ” Enquanto as ondas revoltam o curso do Madeira abaixo da usina, quem mora acima da barragem teve a vida transformada por outro desequilíbrio: a morte dos peixes. Já era previsto que a quantidade de peixes diminuísse. Mas é ponto pacífico entre os pescadores que a quantidade caiu drasticamente. Nos pontos mais próximos da usi-

na, os relatos são de que só é possível pegar quantidade suficiente para comer, não mais para vender. Prevendo os problemas que surgiriam com o fechamento da barragem, um grupo de 30 pescadores de Jaci Paraná, vila a 90 quilômetros de Porto Velho, se organizou e montou um projeto para criação de tambaquis, antes mesmo que a escassez se consumasse. Fizeram tudo direito: ganharam edital da Petrobras e montaram uma estrutura com 26 tanques dentro do lago Madalena, que fica no rio Jaci Paraná, onde passaram a criar mais de 35 mil peixes. Depois de dois anos, quando os tambaquis estavam quase prontos para a venda, a usina Santo Antônio começou a alagar as margens do rio para a criação da reserva. Em outubro de 2011, os pescadores acompanharam a subida do nível do lago com preocupação, dobrando o monitoramento da criação. Em dezembro, José dos Santos, pescador e coordenador de campo do projeto, recebeu uma ligação do pescador que estava no plantão: alguns peixes estavam morrendo. “Corri pra cá e vi que a água estava diferente, preta que nem café”, lembra. “Não deu tempo de nada, na mesma noite ele ligou que estava tudo morto, boiando. Foi um desespero.” O grupo procurou a Santo Antônio Energia, empresa

responsável pela usina. “E eles não disseram que os peixes morreram de fome?”, diz José, com um sorriso nervoso. “Nós lutando há cinco anos, cheios de ração guardada, ia deixar os bichos com fome?” Na frente da sede do projeto, José aponta as centenas de árvores secas dentro do lago. Elas eram parte da vegetação de várzea, que sobrevive dentro da água alguns meses por ano, na cheia, mas não resistiu ao alagamento definitivo. Na volta para Jaci, cruzamos ainda com centenas de toras de madeira abandonadas na beira do rio, todas com o selo da Fox - empresa que faz o desmatamento para as usinas. Segundo os pescadores, grande parte da vegetação derrubada pela usina não foi retirada do local em tempo do alagamento e ficou dentro da água. Eles desconfiam que essa seja a causa da morte dos peixes: a decomposição da vegetação alagada. Enquanto o processo corre, José ficou sem renda. A solução foi virar segurança na usina de Jirau. FALTA DE CONTROLE E MULTA A falta de controle da qualidade da água pela usina Santo Antônio já havia sido detectada no final de 2008, quando o cheiro de peixe morto chegou à capital. O Ibama estimou 11 toneladas, mas membros da equipe de fiscaliza-

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ção desconfiam que havia mais. As mortes aconteciam em trecho próximo à obra havia cinco dias e, quando os fiscais chegaram, funcionários da usina já estavam enterrando os peixes. A usina foi multada em R$ 7,7 milhões. O relatório do Ibama aponta que a empresa agiu com negligência e imprudência, porque não monitorava a qualidade da água todos os dias e não havia equipe qualificada no local. A empresa foi repreendida por não ter avisado sobre o acidente, não ter feito a perícia da causa da morte dos peixes e por ter usado baldes inadequados para transportar os peixes ainda vivos, que chegaram mortos ao local de soltura. Considerando o melhor cenário, no qual as usinas seguiriam com rigor as normas de controle ambiental, a estimativa era que os peixes do rio Madeira diminuíssem em até 50% nos primeiros anos. Mas os pescadores garantem que hoje é quase impossível achar as espécies maiores e mais valiosas - como a dourada (Brachyplatystoma rousseauxii). O desaparecimento do bagre desestruturou a vida de milhares de pescadores, que dependiam da pesca como fonte de renda. Segundo levantamento feito pela Universidade Federal de Rondônia, em estudo pago pelas usinas, ao longo de um mês em 2004, 219 pescadores pegaram 40 toneladas de dourada em localidades próximas à usina. Incluindo todas as espécies pescadas naquele mês, o levantamento soma quase 460 toneladas pescadas. O estudo ainda não repetiu o levantamento para verificar como esses números diminuíram. O mesmo grupo descobriu que o Madeira é o rio mais diverso de todo o mundo, com 957 espécies de peixes.

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FOTOS MARCELO MIN / AGENCIA PUBLICA

ESPECIAL ÁGUA 2013 “Corri pra cá e vi que a água estava diferente, preta que nem café”, lembra. “Não deu tempo de nada, na mesma noite ele ligou que estava tudo morto, boiando. Foi um desespero” JOSÉ DOS SANTOS, PESCADOR

‘‘Lá tinha pesca de pé firme: era só ficar na beira da pedra, jogar a rede e puxar. Se o sujeito saia de barco na boca da noite, voltava com 600 quilos de manhã’’ MÁRIO FERREIRA, PESCADOR

A principal ação da empresa para amenizar o impacto sobre o ciclo reprodutivo dos peixes foi construir dois canais por onde eles, teoricamente, podem passar. Mas é difícil reproduzir as condições exatas de uma cachoeira. “Os grandes bagres não estão encontrando a entrada da passagem, não foram observados subindo o canal”, afirma Fearnside, que acompanhou a construção do canal e verificou seu funcionamento este ano. “No caso de Santo Antônio, os funcionários estavam pegando o bagre com rede e soltando dentro do canal para eles subirem.” O pescador Mário Ferreira dos Santos nunca mais viu uma dourada. Com a chegada da usina, ele perdeu a fonte de sustento e o local onde morava. A casa de Mário foi uma das alagadas pela represa. Ficava a 60 metros da cachoeira Teotônio, onde se ouvem histórias de um passado abundante. “A

gente fica meio assim de falar porque o povo não acredita”, diz Mário. “Lá tinha pesca de pé firme: era só ficar na beira da pedra, jogar a rede e puxar. Se o sujeito saia de barco na boca da noite, voltava com 600 quilos de manhã.” Hoje, ele vive de uma bolsa dada pela Santo Antônio Energia, assim como toda a comunidade de pescadores: 45 famílias foram removidas do local para um assentamento construído pela usina. Eles conseguiram a ajuda de custos depois de fazer um protesto na frente da usina. “Na reunião antes do alagamento, eles só falavam coisa boa”, lembra Marcelo Gonçalves da Silva, 32 anos, uma das lideranças da comunidade. “A gente podia escolher entre pegar uma casa, ou dinheiro. O povo perguntou se iam poder pescar, eles disseram que sim. Só faltou avisar que não ia ter peixe.”



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FOTOS DIVULGAĂ‡ĂƒO / SEBRAE MINAS

mineira. No inĂ­cio, a mudança seria para investir nas plantaçþes de bananas, mas o negĂłcio nĂŁo deu certo e resolveram apostar em uma receita de famĂ­lia. “ServĂ­amos as conservas que a minha mĂŁe fazia para os amigos, e muitos perguntavam porque ela nĂŁo fazia para venderâ€?, lembra Felipe :DUNHQ Ă€OKR GH ,VDEHO TXH KRMH DGPLnistra a empresa. A produção, que antes era de dez potes por dia, atualmente chega a 1.500 potes. SĂŁo dezoito tipos de verduras e legumes cultivados e adquiridos de 38 pequenos produtores da agricultura familiar dos municĂ­pios de Porteirinha, Nova Porteirinha e JaĂ­ba. “No inĂ­cio da produção financiamos adubos e sementes; em alguns casos pagamos atĂŠ a mĂŁo de obra para que o produtor consiga depois tocar o negĂłcio sozinhoâ€?, acrescenta Felipe. O trabalho manual vai desde o preparo da terra para o plantio atĂŠ a produção da receita caseira aprovada pelos consumidores. A procura DXPHQWRX +RMH RV GH] IXQFLRQiULRV garantem o segredo da longevidade e sucesso da aposta. â€œĂ‰ tudo in natura. NĂŁo sĂŁo conservas industrializadas. É a qualidade da receita da vovĂł, mas produzida em grande es-

RECEITA DE SUCESSO: A SUSTENTABILIDADE COMO FORMA DE DIMINUIR GASTOS E GERAR RENDA PARA AS FAMĂ?LIAS

“OS POTES DE VIDROS DA LINKEN SĂƒO ATÉ 90% REAPROVEITADOS.â€?


1

VISÃO AMBIENTAL JOSÉ CLÁUDIO JUNQUEIRA (*) redacao@revistaecologico.com.br

SANTA MARIA, REMEMBER

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convencional da oração seria principiar pela Ave Maria, mas no momento é Santa Maria que continua em pauta. Rememorando a tragédia ocorrida na cidade gaúcha, penso que a questão não deveria se resumir nas nossas orações, mas se estender a profundas reflexões sobre esse tipo de evento, que nos enche de tristeza e indignação. Em 2001, ocorreu fato semelhante no Canecão Mineiro em BH. Menos grave, é verdade, em termos de número de mortos e feridos. Mas tão trágico para aqueles que perderam seus entes queridos. A mídia tem apresentado retrospectivas de eventos semelhantes pelo mundo afora, no Canadá e na Rússia. Esses eventos apresentam uma enorme capacidade de mobilização da opinião pública, seja pelo espírito de solidariedade e, acredito, porque somos seguidores da mais fiel tradição ocidental cristã, sempre buscando culpados por aquilo que nos aflige e possa colocar em risco a nossa integridade e a dos nossos. Para a sociedade, de maneira geral, identificados possíveis culpados, estampados pela mídia, mesmo antes dos veredictos dos tribunais, com o passar do tempo, fica tudo como dantes, como no quartel de Abrantes. É preciso refletirmos sobre esse tipo de tragédia. Primeiramente, me incomoda que possamos conviver pacificamente com o funcionamento de boates e casas noturnas que não atendam às normas técnicas e legais vigentes, em especial as de segurança e meio ambiente. TOLERÂNCIA ZERO Em cada balada de nossos filhos, entregamos a segurança nas mãos da Mãe de Deus, aceitando resignadamente que o poder público é insuficiente para essa tarefa. Conheço algumas experiências internacionais para boates e casa noturnas com procedimentos rígidos e tolerância zero para as desconformidades. Talvez Nova York e San Juan de Puerto Rico sejam os melhores exemplos. Vale dizer que o poder público pode e deve assumir a garantias desses direitos constitucionais aos cidadãos. Pode-se observar que a origem do drama ocorrido em Santa Maria estava no incômodo provocado pela poluição sonora causada pela boate, que acabou

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por adotar tratamento acústico com espuma, que se queimada provoca emissão de substâncias tóxicas. A partir daí foi uma sucessão de erros como utilizar sinalizadores impróprios para ambientes internos, extintores de incêndio vencidos, ausência de portas de emergência, superlotação e, certamente, falta de treinamento para os funcionários em caso de incêndio, procedimento hoje adotado por muitas empresas. Em BH, os conflitos resultantes de poluição sonora por boates e casas noturnas são os campeões de reclamações junto ao poder público, que ainda não conseguiu implementar uma estratégia de sucesso. Observo várias casas noturnas, em áreas nobres da cidade, que figuram nas listas das mais reclamadas, algumas com alvarás cassados, mas funcionando com liminares obtidas no Judiciário, apesar de nem portas de emergência possuirem. Estariam os extintores funcionando? O poder público, incluindo os três poderes, não deveriam efletir um pouco mais sobre seus procedimentos, procurando se atualizar, inspirando-se em experiências de sucesso no país e no exterior? BH é uma metrópole de mais de 2,5 milhões de habitantes e certamente deve dispor de vida noturna expressiva e fazer jus ao título de capital dos botecos. Mas isso não deve significar bagunça e desrespeito, aliás, coisas que não combinam com a mineiridade. Por que não mirarmos nos modelos adotados na Lapa no Rio de Janeiro ou na Estação das Docas em Belém, para ficar em apenas dois exemplos nas nossas barbas ? A reflexão deveria também chegar aos organizadores no que se refere à responsabilidade na escolha do local, verificando sua documentação de regularização e aspectos básicos como capacidade de lotação e saídas de emergência, e também aos frequentadores, como consumidores de um serviço, se informar da qualidade e da segurança do que está sendo oferecido. Somos, enfim, todos responsáveis.

(*) Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG e professor no Mestrado em Direito Ambiental da Escola Dom Helder Câmara


1CO N S U M O

CONSCIENTE

Atitude EXEMPLAR Verdemar sai na frente com uma campanha criativa pela erradicação do uso de sacolas plásticas descartáveis em BH J. Sabiá redacao@revistaecologico.com.br

nam grandes”. É o que defendem seus sócios-proprietários, Hallison Moreira e Alexandre Poni, lembrando que, desde 2011, a capital mineira vem se tornando um exemplo para o resto do país, com a iniciativa de órgãos públicos, empresas e população na abolição do uso de sacolas plásticas. Prova disso, apontaram, é que 85% dos consumidores belo-horizontinos já aderiram à cultura de trazerem suas sacolas retornáveis de casa, tal como acontece na maioria dos países desenvolvidos. Parte do problema Agora, porém, segundo mensagem do Verdemar, uma parte do problema está de volta: as sacolas biodegradáveis que, apesar de terem menor tempo de decomposição, FERNANDA MANN

A

ntecipando uma ampla campanha de conscientização popular a ser deflagrada pela Associação Mineira de Supermercados (Amis), com apoio da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda) e da Revista ECOLÓGICO, o Verdemar confirmou, quatro anos depois, a sua pioneira pegada sustentável. Já está visível em todas as suas lojas em Belo Horizonte e Nova Lima – e aplaudida pela clientela – a sua nova campanha baseada em dois pilares simples de informação e chamamento: “Sacolas descartáveis: descarte essa ideia. Não Use” ; e “Sacolas Retornáveis: carregue essa ideia”. O argumento principal também é simples e irrefutável nos dias de hoje: “Na busca por um mundo melhor, pequenas atitudes se tor-

provocam os mesmos malefícios das tradicionais, como o acúmulo de lixo e o descarte inadequado que congestiona os canais de escoamento de água das chuvas: “Por princípio, nós somos contra o seu uso. Mas, em respeito ao direito de escolha do consumidor, continuamos oferecendo essa opção de compra”. O trabalho de mobilização do Verdemar por uma mudança de comportamento e de hábito de consumo em relação ao uso de sacolas plásticas descartáveis não começou agora. Ele vem desde 2009, quando Hallison e Alexandre lançaram sua primeira coleção de sacolas retornáveis, numa feliz parceria com o estilista Ronaldo Fraga, como forma de incentivar a população a adotar maneiras mais sustentáveis de transportar suas compras. Uma preocupação que a empresa já tinha, em sintonia com uma tendência mundial pelo desenvolvimento de uma maior consciência ecológica. Não custa registrar, mais uma vez, que BH é a primeira capital do país a aprovar uma lei proibindo o uso indiscriminado de sacolas plásticas descartáveis; e que o planeta não é descartável. Mais: que, em 2010, o Verdemar ganhou o “Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza” – o “Oscar da Ecologia”, na categoria “Melhor Empresa” - pelo seu pioneirismo em adotar, apostar e disseminar as práticas supermercadistas de produção, comercialização e consumo conscientes.

TODOS OS MIL OPERADORES DE CAIXA E EMBRULHADORES DO VERDEMAR SE ENVOLVERAM NA CAMPANHA


SHUTTERSTOCK

1 A RT I G O

DESAFIOS DA

LOGÍSTICA REVERSA Sociedade, indústria, distribuidores, comerciantes, consumidores e órgãos públicos dividem a responsabilidade pela geração de resíduos sólidos Susana Feichas* redacao@revistaecologico.com.br

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resíduo sólido, quando não disposto adequadamente, acarreta a veiculação de doenças, a contaminação de solo, de água e de ar, a coexistência de catadores que vivem no lixo e do lixo, além de prejuízos a imagem das cidades e de sua urbanidade. Apesar de os rejeitos fazerem parte de nossas vidas e da natureza, a produção industrial em larga escala gerou o aumento e a diversificação desses componentes, que levam a consequências drásticas com as quais já co-

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meçamos a conviver. A pesquisa Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (2010), da Abrelpe, avaliou 350 municípios, onde se concentram 49,6% da população urbana brasileira, e mostrou que 57,6% dos resíduos urbanos coletados são destinados em aterro sanitário, o equivalente 60 milhões de toneladas/ano. A pressão da sociedade, aliada à lei 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), legislação presente também em estados da federação

e municípios, busca ordenar a gestão dos resíduos sólidos compartilhando responsabilidades, definindo instrumentos e estabelecendo metas para implantação do plano de gestão de resíduos sólidos em cada município. A lei traz à tona a necessidade de se pensar e implantar soluções diferenciadas segundo as especificidades dos resíduos, desde vidros, papéis, matéria orgânica, alumínio, pilhas, lâmpadas, bateria entre tantos outros, gerados em nossos domicílios até produtos químicos


advindos dos processos produtivos humanos. E atribuiu a responsabilidade pela geração de resíduos sólidos a toda a sociedade, envolvendo a indústria, os distribuidores, os comerciantes, os consumidores e os órgãos públicos. Eficiente, prático e viável Como a PNRS visa contribuir para a redução dos resíduos sólidos por meio da estratégia de retornos dos produtos à indústria após o consumo, a implantação da logística reversa se torna um dos meios eficientes, práticos e economicamente viáveis para o alcance desse objetivo. Esse modelo tem seu suporte na coleta seletiva, garantindo que os resíduos sejam previamente segregados, conforme sua constituição ou composição e, em seguida, enviados

para a reciclagem, antes de sua disposição final. E obriga alguns setores a programar sistemas de logística reversa de seus produtos, tais como embalagens e resíduos de agrotóxicos, pilhas e baterias e pneus. No entanto, a aplicabilidade da lei não é tão simples em virtude das dificuldades relacionadas à logística reversa, entre elas estão a dispersão dos resíduos nos centros urbanos após o consumo, que dificulta sua coleta; a distância geográfica das indústrias em relação aos centros de distribuição dos seus produtos; e a quantidade de resíduo sólido necessário para gerar volume na coleta e processamento para otimizar os custos. Possuímos alguns modelos de sucesso como o tratamento de óleo lubrificante e embalagens de óleos, promovidos pelo programa

Jogue Limpo, que apresenta fluxo eficiente inverso de óleos e embalagens desde o ponto de consumo até a indústria processadora. Iniciativas como essa acabam contribuindo para a redução de resíduos, para sua gestão de maneira econômica e ambientalmente sustentável, e, ainda, para estimular as boas práticas das empresas e da população em geral por meio de medidas preventivas e educativas. As naturezas dos resíduos gerados pelas empresas são diferentes e, por isso, apresentam graus variados de complexidade, exigindo, assim, desenvolvimento de estratégias de logística reversa diferenciadas, criativas e atreladas a estratégias eficientes de menor custo. *Coordenadora executiva do MBA em Gestão do Ambiente e Sustentabilidade da FGV/IBS

ECOLÓGICO/FEVEREIRO DE 2013 Q 59


UM ESPAÇO INIGUALÁVEL AAndréé Firmino Andr FFirm rmin mino / Ecol EEcológico ógico ógic g o

EM MEIO À NATUREZA COM CONFORTO E REQUINTE

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1QUA L I D A D E

DE VIDA

CONHEÇA OS 10 ALIMENTOS QUE COMBATEM A ANSIEDADE A

XX Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

ISTOCK

ansiedade está mais presente em nossas vidas do que imaginamos. Ela vai do grau mais leve até os casos mais graves, os quais necessitam de tratamentos severos com a presença de psicoterapia e medicação. Os sintomas vão desde àquelas vontades incontroláveis de atacar a geladeira até as crises que envolvem nervosismo, tremores, tensão muscular, sudorese, palpitações, tonturas, medos e insônia. O médico psiquiatra Marcelo Caixeta aponta que as pessoas incriminam o estresse da vida moderna como o grande vilão para doenças como a ansiedade, mas problemas nas substâncias químicas cerebrais conhecidas como neurotransmissores, que são formados também pela alimentação e influências físicas, são decisivos no processo do desenvolvimento da patologia. “É inegável o aumento moderno do número de casos de transtornos afetivos. Mas, hoje em dia, consumimos coisas que há 100 ou 500 anos atrás, nunca tivemos acesso, e, pelo contrário, não consumimos coisas, que há pouco tempo consumíamos. Tudo isso leva a enormes distorções em nossa neuroquímica cerebral”, explicou Caixeta. Para evitar esses efeitos negativos nas emoções, nada melhor que conhecer alimentos que auxiliam no processo do combate à ansiedade. O site EcoD listou 10 opções, conheça:

2 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 Q 73


1QUA L I D A D E

DE VIDA

ABCDZ2000

1) BANANA O Instituto de Pesquisas de Alimentos e Nutrição das Filipinas realizou uma pesquisa que concluiu que a fruta auxilia no combate da depressão e alivia os sintomas da ansiedade, devido ao alto teor de triptofano, que colabora com a produção de serotonina.

CHRISTOF WITTWER

2) FRUTAS CÍTRICAS A vitamina C, presente nas frutas cítricas, reduz a secreção de cortisol, hormônio liberado pela glândula adrenal em resposta ao estresse e a ansiedade. Elas promovem o bom funcionamento do sistema nervoso e aumentam a sensação de bem-estar.

ROBERT MICHIE

3) OVOS Eles são excelentes fontes de triptofano, um tipo de aminoácido que alivia os sintomas de ansiedade. De acordo com a nutricionista Rosana Farah, membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade. Uma vez no cérebro, o triptofano aumenta a produção de serotonina, o hormônio da felicidade. Rosana indica o consumo diário de duas a três porções deste tipo de alimento.

MARCOS SANTOS

4) CARBOIDRATOS Proveniente dos cereais e integrais, os carboidratos elevam o nível de açúcar no sangue, ao fornecerem energia, disposição e bem-estar. Pães, arroz, aveia, feijão, massas, batata e uvas fazem parte deste grupo alimentar.

LOCKSTOCKB

5) CARNES E PEIXES Segundo a nutricionista, eles são as melhores fontes naturais de triptofano, aminoácido que em conjunto com a vitamina B3 e o magnésio produzem serotonina, importante também no processo do sono. Além disso, as carnes e peixes contêm outro aminoácido chamado taurina, substância que aumenta a disponibilidade de um neurotransmissor chamado Gaba, que o organismo usa para controlar fisiologicamente a ansiedade.

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BART HICKMAN SHERIDANCK MMNOERGAAR REPRODUÇÃO JURI STAIKOV

6) ESPINAFRE O espinafre contém folato (ácido fólico), uma potente vitamina antidepressiva natural. Segundo um estudo da Universidade da Califórnia, o cérebro consome muita energia para funcionar e isso resulta na sobra de resíduos químicos oxidantes. É neste momento que alimentos como o espinafre começam a trabalhar para eliminar as substâncias em excesso.

7) MAÇÃ As maçãs são ricas em fibras de carboidratos, vitaminas A, B1, B2, B6, C, minerais, zinco, magnésio e selênio. Além de combater a ansiedade, relaxa.

8) MEL O mel auxilia o organismo a produzir uma maior quantidade de serotonina, neurotransmissor que está intimamente ligado às mudanças de humor.

9) JABUTICABA A fruta, que também é rica em carboidratos, fornecendo energia para o reânico físico, possui vitaminas do complexo B, que agem como antidepressivos. A jabuticaba também contém ferro (que combate a anemia) e vitamina C (que aumenta as defesas do organismo).

10) CHOCOLATE A nutricionista explica que o chocolate “é rico em flavonoides, um tipo de antioxidante que favorece a produção de serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar e que melhora o humor, reduzindo a sensação de ansiedade”. São recomendados cerca de 30 gramas de chocolate por dia, de preferência amargo, bem menos calórico e mais rico em flavonoides.

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 Q 75


1

GESTÃO EMPRESARIAL & TI ROBERTO FRANCISCO DE SOUZA (*) redacao@revistaecologico.com.br

FOGO E FRIGIDEIRA A loja ao lado, aonde a gente vai tentar um atendimento melhor, tem sido a frigideira para onde a gente pula, fugindo do fogo

T

rabalhei muitos anos com processos para compreender o que considero a pedra fundamental sobre o assunto: processos que interessam são processos para clientes, aquilo que o professor José Ernesto batizou de Processos Essenciais. Minha empresa carrega há anos o codinome de Empresa Essencial. Depois de matutar muito e escrever até um livro sobre o assunto, acabei por resumir 11 características que tornam uma Empresa Essencial, mas todas elas sempre me levaram inexorável e repetidamente em direção ao cliente. Sim, porque há empresas onde o cliente não faz parte das prioridades e acaba tratado como um estorvo, a bola que atrapalha o jogo. E isso ainda faz parte da nossa cultura de brasileiros, com respeitosas e honrosas exceções. As áreas meio das organizações criam descrições complexas de processos secundários e se esquecem de perguntar a razão pela qual existem. Você é de informática? Marketing? Gestão de caixa? Contabilidade? Novidade: você só existe porque existem clientes e, se ninguém tiver contado isso antes, acredite, clientes existem de verdade! O jogo não é simples, admito. No Brasil do pleno emprego, o empreendedor de varejo, zeloso do bom atendimento a seu público, não pode ser onipresente em todos os seus pontos de vendas. Nem as boas irmãzinhas fundadoras daquele hospital de renome podem usar os anjos para tudo ver e tudo controlar. Vai saber o que é que o atendente está dizendo ao comprador ou ao paciente, lá na ponta, no departamento do inferno em que transformaram a vida das pobres almas consumidoras. O caso do Spoleto, rede fast food de comida italiana, é um bom exemplo. Quando o site Porta dos Fundos fez meio Brasil morrer de rir, caricaturando seus atendentes mal educados, a rede tratou de correr e contratar o mesmo site para comunicar ao mercado que alguns de seus atendentes até podiam ser mesmo mal educados, mas que isso não era seu desejo... nem seu padrão! O atendimento anda mesmo muito ruim no Brasil.

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Quer ver? Num fim de semana, uma roda de amigos, um bar, alguém cisma de começar a contar seu infortúnio na loja tal ou qual. É o bastante para horas de conversa e muitas tulipas de cerveja se perderem em casos que só ficam engraçados quando contados assim, de forma meio “tonta”. O problema é que quatro milhões de pessoas riram do vídeo original do Spoleto, dois milhões e meio riram da réplica bem bolada da empresa e um milhão viu o lançamento da coleção de pratos usando a polêmica como pano de fundo. Tudo nas redes sociais. Ponto para o Spoleto que pode ter recuperado boa parte de seus clientes insatisfeitos... Só que você pode ser um dos milhões que nunca viu nada no Youtube e está insatisfeito, ou viu somente o primeiro filme e riu um sorriso amarelo de vingança. Se esse cara for você, acho que não volta lá, volta? Pensando melhor, acho que volta. Ando descobrindo que, neste insustentável Brasil, a loja e o hospital do lado, que a gente vai experimentar para ver se é melhorzinho, são somente as frigideiras, para onde a gente pula, fugindo do fogo.

(*) Diretor-geral da Plansis, vice-presidente de Sustentabilidade da Sucesu-MG e presidente do Comitê para a Democratização da Informática – CDI e diretor da Arbórea Instituto

TECH NOTES z Veja o vídeo original no youtube http://goo.gl/snYW3 z E a resposta do Spoleto http://goo.gl/RRQPC z E relembre o que são Processos Essenciais” http://goo.gl/X8RCE



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1M E M Ó R I A A M B I E N TA L

PESCARIA NO

RIO CIPÓ A história e visão de um rio com o ecossistema preservado que fez nascer o Projeto Manuelzão Apolo Heringer Lisboa redacao@revistaecologico.com.br

SANAKAN

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“O RIO CIPÓ NÃO ULTRAPASSA MUITO A LARGURA DE UMA RUA, SUA ÁGUA TEM UMA TONALIDADE ESCURA, E MAIS ESCURO FICA COM AS SOMBRAS DAS ÁRVORES CILIARES QUE SE DEBRUÇAM SOBRE SEU LEITO”

unho de 1988, Serra do Espinhaço, Minas Gerais. Chegamos às margens do Rio Cipó e apeamos. Eu acompanhava três experientes pescadores semiprofissionais, que mensalmente iam ao rio para abastecer a pensão-restaurante da família. Eram mais ou menos 20 horas. Havia percorrido uma hora de carro, em estrada de terra, desde Presidente Juscelino, antiga Paraúna. O pessoal tem preferência pela lua quarto-crescente visto a escuridão ser favorável àquela modalidade de pesca. Com folhas secas e gravetos, fizemos o princípio de uma fogueira, que quase do zero de um pau de fósforo foi se encorpando até gerar um novo ambiente no local. O fogo é fascinante. Estávamos sob uma gameleira de dezenas de metros de altura seguida de algumas outras árvores menores acompanhando o rio, num local que chamamos de prainha. Tomamos um café trazido na garrafa térmica e jazinho os primeiros espetos de vara, nascidos ali no ato, introduziam os pedaços de alcatra no braseiro. No preparo da fogueira, durante a procura da lenha e manejo da carne, íamos provando o aperitivo de cana trazido da fazenda do Senhor Miguel, velha pinga de 20 anos de curtição. Com essa providência o ambiente já era de festa. E mal provamos os primeiros pedaços de carne, os dois pescadores mais novos embarcaram rio abaixo, colocando redes lado a lado do rio e sondando a noite. Voltaram vibrantes, mais de uma hora depois, trazendo já dois curimatãs. Meia hora depois partimos os quatro na canoa, indo rio acima por uns 200 metros e, depois rio abaixo, com idas e vindas que perfizeram uns três quilômetros, cortando passagem por entre picos de lapa e trechos encachoeirados. O borbulhar da água nestes locais, destacado pelo silêncio absoluto da noite, orquestrava os múltiplos sons graves e agudo emitidos pela natureza, levando-nos às vezes a es-

2 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

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“EU ERA ALI UM OBSERVADOR ECOLÓGICO PRIVILEGIADO, ACOMPANHANDO HOMENS QUE SE DEDICAVAM APAIXONADAMENTE À PRINCIPAL ATIVIDADE LÚDICA DE SUAS VIDAS.”

cutar diversos matizes de vozes humanas. A canoa ia descendo silenciosa, como que deslizando. Na proa o fisgador, de pé, como uma carranca do São Francisco, empertigado e atento, com o farol alimentado por bateria de carro na mão esquerda e a longa vara com o arpão na ponta, na direita, vasculhando o rio. No centro, assentado, estava eu. Na minha frente, pouco atrás do fisgador ou arpoador, de pé, ia o tarrafeiro, pronto para balançar no ar sua longa “saia” e despachá-la voando sobre o peixe cujo menor tamanho dificultasse sua captura pelo arpão. E foi isto que aconteceu logo em seguida, trazendo mais um curimatã para o barco. Na ponta de trás, ou popa, estava o remador, às vezes assentado, ou mais frequentemente de pé, determinando, com longa vara que tocava o fundo do rio, a nossa direção por entre as rochas, perfeitamente sintonizado com as intenções e menores gestos do homem da proa, o fisgador. NO RIO CIPÓ Passamos por lugares muito rasos, forrados por pedras; por remansos bons para o mergulho, por lugares fundos e estreitos chamados canais e por corredeiras. O Rio Cipó não ultrapassa muito a largura de uma rua. Às vezes avança sobre pontas de pedras, outras vezes é manso. Sua água tem uma tonalidade escura que ele traz da serra, e mais escuro fica com as sombras das árvores ci80 Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

MÁRCIO HAMILTON

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liares que se debruçam sobre seu leito. Diversas vezes ouvimos ruídos às margens. Poderia ser paca, ou rez, ou outra coisa qualquer. A espingarda 32, cartucheira, estava no chão do barco com o bico voltado para frente, pronta para agir, numa ou noutra circunstância. Há proprietários que não gostam de ver pescadores no fundo de seus quintais e são motivo de preocupação. Alguns são violentos e podem supor que os estranhos sejam mal elementos da cidade grande, embriagados e armados, ou mesmo os temíveis assaltantes de fazenda. Nisto, rápidos ruídos silenciosos correm o barco agitando gente e coisas, o farol procura aqui e ali e o fisgador em riste dispara o arpão sincronizado com rápidas manobras do remador-leme. A boia branca corta o rio aos pulos para lá e para cá indicando resistência do grande surubim e indicando sua direção. Outro arpão já está preparado na ponta de uma longa vara de três metros para acabar com o peixe que embora cravado no dorso ainda se opunha em velozes corridas, cansando-se, esvaindo-se, parando um pouco num remanso, assustado. Nisto o fisgador atira fortemente sua mortal e certeira flecha que brutalmente secunda a primeira, penetrando tão fundamente na branca carne do animal e por entre suas grandes e espinhosas costelas que permite, sem medo de perder o peixe, trazer o bichão pela corda que liga o arpão à vara. Devia ter no mínimo uns quinze quilos e foi o segundo da noite. Sua boca enorme, maior que uma criança de seis meses, não possui dentes e é forçada pelas mãos do pescador no sentido ântero-posterior até liquidar com o bicho que pouco reage dentro da canoa e agora jaz ao lado dos três primeiros curimatãs e de outro surubim menor. PINTADOS, PACÚS... Este peixe é também chamado de pintado por causa das manchas escuras que tem no couro. Chamam couro para enfatizar a ausência de escamas. Vez por outra um pacú, um curimatã, um mandi são seguidos à distância pelo farol e desaparecem pelas grotas fugindo ao foco da implacável perseguição. O segredo deste tipo de caçada é não provocar ruídos no assoalho do barco, que são transmitidos à água e aos peixes. As conversas normais não prejudicam, nem a luz que traiçoeiramente os iluminam nas águas transparentes do Rio Cipó. Outro surubim arpoado consegue escapar ferido, talvez sobreviva, talvez não, deixando o arpeiro visivelmente conturbado com a situação. O verdadeiro pescador parece admirar a bravura do peixe, não deixando de contar histórias sobre a resistência de um surubim, dourado ou outro qualquer. Quanto mais extraordinária for a caça, melhor se sente. Mas se sente culpado quando o espécime escapa ferido. Dá-lhe uma coisa ruim por dentro. De repente, passa um matrinchã e a tarrafa cai-lhe em cima. A luta contra o peixe dura alguns minutos


tensos, pois há sempre a possibilidade de romperem-se os fios daquela armadilha e a presa escapar. O farol mostra-o na tarrafa se entregando estrebuchando nas mãos cada vez mais próximas da morte que finalmente o liquida com um golpe certeiro de porrete na cabeça antes de arremetê-lo ao barco. Este procedimento é comum também nos peixes maiores presos nas redes estendidas de um lado a outro do rio, que são vistoriadas em toda sua extensão sempre que o barco por elas passam subindo ou descendo a correnteza. Às vezes um rasgão encontrado nelas ativam a imaginação dos pescadores e a busca cresce em emoção. Os pescadores sabem que o uso desta rede é proibido. Ela retem peixes de todos os tamanhos, ameaçando a sobrevivência das espécies pois enquanto dormimos em nossas casa inúmeros pescadores passam a noite fincando suas redes de lado a lado das margens dos rios bloqueando completamente a passagem com as malhas invisíveis da morte. Nela se enrascando, o peixe, assustado, força-a para frente, até exaurir-se. Mesmo que pudesse dar marcha a ré estaria engastado por suas barbatanas e quanto mais movimento faz pior fica. Sobe, pela madrugada, da superfície quente da água, em relação ao ar frio de junho, uma leve fumaça que brota por toda parte, prejudicando a visibilidade. O frio aperta. Os dois rapazes da “expedição” saltam descalços até as pedras afim de redirecionarem o barco por entre lapas e corredeiras, numa atitude corajosa e áspera tal era o frio às duas horas da madrugada. O prazer dos pescadores em capturar o peixe não vê obstáculos à sua empreita. O farol cruza de novo o rio para todos os lados e encontra a terceira rede quando, horas depois de olímpica atividade, retornávamos rio acima em busca do nosso fogo. Achamos um novo curimatã que resplandesceu sob a luz do farol. Trazido à superfície é imobilizado com uma firme paulada na cabeça. Este golpe de misericórdia sucedia sempre que na tarrafa ou na rede havia peixe de certo porte para que não escapasse ao ser jogado na canoa. OBSERVADOR ECOLÓGICO Eu era ali um observador ecológico privilegiado, acom-

panhando homens que se dedicavam apaixonadamente à principal atividade lúdica de suas vidas. As conversas eram poucas, sempre relacionadas com o rio. Ora o frio que fazia-nos ter “chimbre”, ora os peixes grandes que sumiam sem serem fisgados, ora discussões sobre para onde seria melhor levar a canoa. A posição do arpão na mão firme do pescador recomendava irmos descendo pela direita e subindo pela outra margem. Mas isto podia variar na transversal, conforme as características que o rio ia adquirindo. O mais velho deles, pai de um dos rapazes, dizia-me, arpão em punho, que quando mais moço pegou muito dourado e surubim de maior porte no Rio Paraúna, mas que infelizmente acabaram com o rio. Responsabilizou as redes estendidas pelo rio, da foz à nascente, sobretudo durante a piracema. Antigamente era muito comum, dizia, pescarem com explosivo, como dinamites, e o efeito foi devastador. Hoje é a poluição pela indústria, os esgotos, as minerações e o uso generalizado de agrotóxicos são piores que os dinamites - arrematou apopléctico em defesa de seu rio. Fiquei vivamente intrigado com a linguagem daquele novo tipo de companheiro ecologista, rude sertanejo, criado na beira do rio, comerciante de pequena monta, admirador, a seu modo, da natureza, da caça e da pesca. Eles podem fazer muito pelo ecossistema se incorporados, de forma positiva, a este mutirão. Odeiam o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Ibama de hoje, como o IBDF de ontem. Denunciam a caça aos pequenos pescadores e o protecionismo às empresas rurais e urbanas, que produzem a destruição em escala “industrial” das espécies. No barco, eu alternava posições em pé e assentado, para acomodar a coluna e esquentar um pouco os músculos glúteos anestesiados pelo frio e posição incômoda durante tantas horas. O frio era intenso e úmido, meus agasalhos insuficientes. E a canoa muito leve e comprida ao balançar obrigava-me permanentemente a buscar o reequilíbrio. Com uma cuia ajudava a tirar água que ia enchendo o chão da nossa embarcação, o que me entreteve e aqueceu nas cinco horas de nau.

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ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

Q 81


JOSÉ EDUARDO

1M E M Ó R I A A M B I E N TA L

“AS CONVERSAS ERAM POUCAS, SEMPRE RELACIONADAS COM O RIO. ORA O FRIO QUE FAZIA-NOS TER 'CHIMBRE', ORA OS PEIXES GRANDES QUE SUMIAM SEM SEREM FISGADOS, ORA DISCUSSÕES SOBRE PARA ONDE SERIA MELHOR LEVAR A CANOA”

EXPERIÊNCIA DE PESCADOR Para mim, embora gostasse da experiência, a volta ao “acampamento” foi um alívio. Assamos queijo e alcatra nos espetos, entre goles de cachaça da boa. O bom pescador bebe mas não se embriaga. É sóbrio. Pois há, na pescaria, os seus riscos. Uns inclusive preferiam mais o café. A fogueira fora reacesa rapidamente com nova geração de lenha catada nas reentrâncias arteriais onde há muita madeira trazida pela última enchente e deixada engarranchada em paus e troncos. Depois da ceia nos estendemos à beira da fogueira sobre uma lona, com os agasalhos e cobertores deles, de muitas pescarias jamais lavados. Eram três e trinta da manhã. De tempo em tempo alguém se levantava para colocar lenha no fogo, pois o intenso frio nos mantinha apenas dormitando. O sono melhor veio pela manhã, com o Sol. Fez-nos muito bem lavar o rosto no rio e tomar o resto de café da garrafa térmica com um pedaço de pão. Para adiantar o expediente uns foram colocando os peixes no isopor e no porta-bagagem do carro. Eram mais de quarenta quilos de peixe, já limpos. E o Sol, refletindo sobre a relva eneblinada, resplandece-a nos dando bom-dia. A sensação de aquecimento do corpo pelos pequenos exercícios e o calor do sol faz nosso espírito achar que todo o frio, e sono não dormido da noite no rio, valeram a pena. Só não esperávamos que a caminhonete enguiçasse. Não quis ligar. Estava mal estacionada, muito

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perto de um declive e da beira do rio, cercada de mato escorregadio com muito pouco espaço para pegar no empurrão. Tivemos que esperar mais de quarenta minutos para que um dos nossos fosse até a fazenda mais próxima buscar uma junta de bois. Só assim os cavalos da potente máquina funcionaram. O terreno onde passamos a noite pertence a Raiz, vilarejo de Presidente Juscelino, na roça conhecida por Cela Grande, de amigos do Sika e do Siquinho. Há uns seiscentos metros do rio está a casa de dona Raimunda, viúva valente e jovem , com vários filhos, que monta cavalo, toca o gado, tira o leite, fala firme e tem aspecto de vaqueiro. Seu marido foi vitimado pelo Mal de Chagas. A cachorra Diana, desta senhora, nos acompanhou por toda a noite, ao lado do acampamento, nos prestando inestimável ajuda policial contra a aproximação de outros animais. Por isto ganhou nossa simpatia e uns bons pedaços de alcatra. Enquanto nos afastávamos pelo caminho de terra, subindo morros, o Rio Cipó ia desaparecendo entre suas muitas curvas. Tomara que ele sobreviva. NOTA DA REDAÇÃO Vinte e cinco anos depois, não apenas o Rio Cipó sobreviveu, parcialmente preservado como parte integrante do Parque Nacional da Serra do Cipó, como o Projeto Manuelzão tornou-se o que é, um exemplo para o país, em defesa vigilante e propositiva da qualidade de todos os nossos cursos d’água. A história da fundação do projeto vai ser contada na nossa próxima edição.


A informação que forma e transforma o seu ponto de vista. Os fatos que formam e deformam a realidade. As características que engrandecem e apequenam a política e a vida empresarial. As noticias que todo mundo quer ver e que muitos não gostariam de ver publicadas. As atitudes e as pråticas sustentåveis e insustentåveis para o meio ambiente.

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JOSÉ SALV SILVAADOR

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A direção da Usiminas se orgulhava de ter sofrido uma única greve em seus 50 anos. Mas a siderúrgica era dona de tudo. AtÊ da sede do Sindicato dos Metalúrgicos

A FARSA

da paz social

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PATRÍCYA TRAVASSOS (*) redacao@revistaecologico.com.br

ADRIAN BECERRA

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BEM ESTAR

A ECOLOGIA DA AUTOESTIMA

A

maior aliada da nossa saúde é a autoestima. Com ela em alta é como se você estivesse vacinada contra todos os tropeços, curvas fechadas e declives prolongados que a vida nos oferece. Com a autoestima presente, a gente se sente dona do nosso corpo, da nossa alma e das nossas emoções. E ainda, capaz de driblar ou suportar as crises, as emoções fortes, as dores e as doenças. Sabemos que não podemos controlar o que acontece no mundo, os desastres ecológicos, os altos e baixos da economia ou o coração de alguém que queremos conquistar. A única coisa que eu posso ter controle, que me pertence e por quem sou totalmente responsável, sou eu mesma. Se estou de bem comigo mesma, se me admiro, se me respeito e gosto da minha companhia, já é meio caminho andado para um quadro de vida saudável. Vários estudos têm indicado que a maioria das enfermidades surge quando estamos com a imunidade em baixa. E a imunidade tem muito a ver com nossa autoestima. Tem a ver com prestar atenção às nossas emoções, aos nossos limites, e saber ouvir seu corpo quando ele pede um descanso, um alimento ou um movimento.

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Quando estamos muito desconectados de nós mesmos, nem percebemos nosso cansaço. Comemos coisas que não nos fazem bem e escolhemos pessoas erradas e lugares desagradáveis para estar. Viramos uma bola de neve de negatividades e fazemos tudo em desacordo com nosso bem-estar. Acontece que a maior parte das pessoas nem sabe perceber se tem uma boa autoestima e, se acha que tem, se confunde com ego em alta ou orgulho em demasia. A autoestima tem mais a ver com paz interior, tranquilidade nos pensamentos e uma percepção de se sentir presente dentro de você. Se você não sabe do que estou falando, que tal tirar uns dias para ficar com você mesma? Pode ser num lugar bonito na natureza ou na sua casa. De repente, botando em ordem as suas coisas e jogando fora o que não interessa mais. Ficar com você mesma é um ótimo caminho para começar a fazer as pazes com você. Abrace essa ideia. Eu garanto que só vai te fazer bem!

(*) Patrícya Travassos é apresentadora do ‘Alternativa Saúde’ e escreve no site do GNT toda quinta-feira: www.gnt.com.br/bemestar.


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UM PRODUTO VB COMUNICAÇÃO


SHUTTERSTOCK

1 V I D A I NTER I O R

ESTADOS DE CONSCIÊNCIA Como um guia, nossa mente pode nos encaminhar, ora para uma direção, ora para outra Célia Laborne redacao@revistaecologico.com.br

É

importante nos lembrarmos de que o estado de nossa consciência determina a qualidade de vida que temos. E esse estado depende das experiências, boas ou más, e da assimilação e incorporação do que vamos absorvendo a cada dia. O coletivo desorganizado nasce sempre de consciências sombrias, mal dirigidas e envoltas em energias primárias e densas. Nossa mente é um leme que nos encaminha ora para uma direção superior, ora para outra. Se não visamos sempre o mais claro e perfeito em nós, vamos nos perdendo em planos desorganizados e contraditórios de nossa mente ainda indisciplinada e sem fé profunda. Passamos então da paz, alegria e serenidade, rapidamente para a ansiedade, o medo, a confusão ou a agressividade. A energia crística procura sempre permear nossos estados mentais e emocionais, mas só pode fazê-lo quando abertos, silenciosos e receptivos às Leis do Cristo interno. A alma e seus veículos mais densos, emoção em mente, devem estar alinhados em comunhão com a presença da luz, do céu dentro de nós. Porém, isso não é fácil, uma vez que sabemos que até as mudanças atmosféricas, o ambiente ou a alimentação imprópria podem perturbar nosso estado geral de harmonia, quando ainda não alcançamos um contato

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mais real com a verdadeira luz, uma fé mais profunda ou a graça divina. CAMINHOS PARA AS CONQUISTAS É preciso disciplina e firmeza para mantermos sentimentos, pensamentos e conduta limpos, fortes e caráter reto. A meditação, a prece e o serviço altruísta são sempre caminhos práticos para essas conquistas. Poucas vezes, durante o dia, nos lembramos de que fomos criados à semelhança do Pai e de que precisamos expressar um de seus dons, aquele que nos foi concedido, além do amor ao próximo. O estudo e a observação de nossa consciência, e de como ela se expressa em nossa conduta geral, é também o estudo e a conquista da libertação do Ser. A sintonia voltada sempre para a presença de Deus é uma força atrativa de todo o bem e toda a abundância de que necessitamos. O estado de consciência elevado é criador da beleza e da paz. Um grupo reunido, orando e aspirando a luz do Cristo é um canal aberto ao fluir de energias transmutadoras, libertadoras e curativas. A abundância e a plenitude do Pai estão à espera de que a humanidade se organize, se irmane e se aperfeiçoe segundo os ensinamentos sagrados para refletir na Terra as belezas e harmonias celestiais. Pois o Senhor é o Pastor e nada nos pode faltar.



1V O C Ê

SABIA?

ÁGUA Fernanda Mann redacao@revistaecologico.com.br

JOSÉ REYNALDO DA FONSECA

Á ÁGUA DA FONTE. MAS QUE FONTE? Apesar de a maior parte do corpo humano e de o planeta Terra serem constituíA dos por água, esse elemento vital pode também ser fatal. No Brasil, 70% das internações hospitalares são causadas por doenças relacionadas à água e cerca de 10 milhões das mortes anuais resultam de doenças intestinais transmitidas por ela. E há explicação, 10% dos 190 milhões de pessoas que compõem a população brasileira, não têm acesso à água tratada.

A RIQUEZA É BRASILEIRA, MAS NÃO SE DÁ UM JEITINHO O Brasil é o país mais rico em água doce do planeta, concentrando cerca de 12% de toda água doce do mundo. Mas não se engane! O privilégio da abundância não se aplica a todos. Assim como a distribuição de renda, a de água também concentra-se em uma minoria. Menos de 1% da água doce do planeta está disponível para o consumo, e 40 milhões de brasileiros não têm acesso a ela. Ainda assim, o desperdício chega a 40% dos domicílios. Vai entender...

CONTAMINAÇÃO Quem acha que o problema de contaminação dos rios e oceanos está relacionado há falta de tratamento do esgoto acertou! O atendimento em coleta de esgoto abrange apenas 46,2% da população brasileira. Apesar das receitas totais geradas pelos serviços de água terem alcançado os R$70,5 bilhões em 2010, apenas 37,9% do esgoto gerado em todo o país recebe algum tipo de tratamento, segundo dados de 2010 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ultimo ano em que essas informações foram divulgadas. Eco não... Eca!

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FOTOS: SHUTTER STOCK/SANAKAN/DGP. MARTIN


MUDANÇA DE HÁBITO Se por acaso durante uma pescaria, os peixes demonstrarem ousadia e mudança de comportamento, desconfie! Ele pode estar sob efeito de drogas. E onde adquirem os compostos que fazem a cabeça? Vêm dos remédios utilizados por seres humanos e eliminados em suas excretas que vão parar nas águas dos rios. Pesquisadores da Universidade Umeå, na Suécia, submeteram, em laboratório, percas da espécie Perca fluviatilis, a quantidades de Oxazepam semelhantes às encontradas nos rios do país. Foram encontradas concentrações da droga em tecidos dos peixes usados no estudo equivalentes as de animais coletados na natureza. A droga prescrita para reduzir a ansiedade em pessoas, tornaram os peixes menos defensivos. Além disso, os peixes expostos a Oxazepam perderam o interesse em sair com o grupo, chegando a se hospedarem o mais longe possível do grupo. E olha que o estudo avaliou o potencial de mudança provocado por uma droga. Imagine quanta coisa esses peixes não andam aprontando por aí?

ILHA DE LIXO No meio do oceano Pacífico, fica o maior lixão do mundo. A massa de pequenos fragmentos de plástico aumentou cerca de 100 vezes nas últimas quatro décadas, segundo estudo do Instituto Oceanográfico Scripps, SIO, dos EUA. A pesquisa aponta que a ilha de plástico no Pacífico já ocupa uma área maior do que o estado de Minas Gerais, e está alterando o ecossistema marinho. Além de as partículas ricas em produtos químicos tóxicos serem ingeridas por animais marinhos e aves, a aglomeração de plástico no oceano provoca a proliferação do inseto Halobates sericeus, que se alimenta de ovos de peixe e plâncton. O animal, que vive no mar, necessita de uma superfície dura para depositar seus ovos, que é encontrada com muito mais facilidade à medida que a quantidade de lixo plástico aumenta no oceano.

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

Q 89


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OLHAR EXTERIOR ANDRÉA ZENÓBIO GUNNENG De Istambul, Turquia redacao@revistaecologico.com.br

NAS MESQUITAS, NOS MERCADOS, ONDE FOR, O SALAH, CINCO ORAÇÕES DIÁRIAS OFERECIDAS COMO UM DEVER PARA COM ALLAH É PRATICADO COMO ATO DE FÉ E ESPIRITUAL

VISITANDO ALLAH M eu primeiro olhar sobre a ‘capital cultural da Europa’ e uma das mais significantes cidades na história da humanidade, a ex-Constantinopla, hoje Istambul, se deu junto aos primeiros raios rosados do amanhecer. Da varanda do meu hotel situado na parte asiática– onde vive um terço de sua população de 15 milhões de habitantes –, contemplando o centro histórico – localizado em sua parte europeia –, aos poucos foi se desnudando uma cidade ainda relativamente ‘baixa’ – os arranha-céus estão sendo construídos na periferia asiática. O horizonte, entretanto, é perfurado com insistência pelos minaretes pontiagudos das mesquitas muçulmanas, como que em uma tentativa de alcançar as mãos de Allah (‘Deus’ em árabe). Durante quatro dias me embrenhei no mundo islâmico – religioso e histórico. Dentro das mesquitas, o silêncio é quebrado somente pelos cliques das câmaras fotográficas. Altas, suntuosas, ornamentadas com figuras geométricas e a caligrafia de alguns dos 99 nomes de Allah (a cada dia, um de seus nomes é escolhido para orientar as rezas do dia, como Al-Karim, o Generoso, ou Al-Haqq, a Verdade), as mesquitas são um convite a momentos de paz, tranquilidade e experiências religiosas. Ali, sim, é possível ter contato com o islã, palavra árabe que signifi-

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ca paz e submissão. O islã é uma das três religiões abraâmicas, sendo as outras duas o judaísmo e o cristianismo. Como tal, é uma crença baseada na revelação de um único Deus e em seus ensinamentos apresentados aos profetas Abraão, Moisés, Salomão, Jesus e Maomé. Os mulçumanos preferem usar seu nome de Deus em árabe, Allah, porque essa palavra não tem plural, feminino ou diminutivo que possa ser associada à idolatria, como ‘deuses’, ‘deusas’ ou ‘semi-deuses’. Eles creem em anjos como seres criados por Allah, e em profetas, inclusive em Jesus, acreditando ainda em seu nascimento advindo da Virgem Maria. O nome de Jesus é mencionado no Alcorão quase 100 vezes. Em uma das principais atrações turísticas de Istambul, por exemplo, Hagia Sofia – construída nos anos 500 BC para ser a catedral de Constantinopla, servindo como igreja (desde o ano 360BC em que foi dedicada até 1453), depois transformada em mesquita (1453 até 1931), com a adição dos minaretes, e funcionando como museu desde 1935 - um mosaico em ouro da Virgem Maria com o menino Jesus figura na parede do principal altar. Foi preservado e ali mantido mesmo quando a Basílica de Santa Sofia serviu como mesquita. Rodeando-a, estão os afrescos do arcanjo Gabriel e de outros anjos, que tiveram seus rostos


“As mesquitas são um convite a momentos de paz, tranquilidade e experiências religiosas. Ali, sim, é possível ter contato com o islã, palavra árabe que significa paz e submissão” cobertos no período em que a comunidade mulçumana se reunia ali para rezar. Islã prevê a crença nos ‘Livros Sagrados de Deus’, como a Torá; os Salmos e o Evangelho, que foram enviados antes do Alcorão, livro esse que contém as palavras finais de Allah e é um dos pilares da fé muçulmana. O Alcorão foi revelado ao último profeta, Maomé, através do arcanjo Gabriel. O Alcorão confirma e finaliza todas as revelações anteriores que foram enviadas para a humanidade por meio dos mensageiros de Allah. Eles acreditam ainda no dia do ‘Julgamento Final’ e em destino, como mostra do poder supremo de Deus, o que significa que Allah é onipotente, onisciente e onipresente: “Allah tudo sabe e possui o poder de decidir sobre o que acontece a cada pessoa”. E em ressurreição. RELIGIÃO ATEMPORAL Para entrar em uma mesquita é preciso tirar os sapatos, já que todo seu chão é coberto por carpetes macios e decorados, onde os mulçumanos se ajoelham e se curvam em oração. Os sapatos devem ser acondicionados em sacolas plásticas para então ser trazidos para dentro das mesquitas e guardados nas prateleiras localizadas antes da área reservada às rezas. Considerados um item ‘sujo’ ou que carrega a sujeira do mundo, sapatos não devem ultrapassar aquele limite. O que me chama a atenção, entretanto, é que a área reservada para as mulheres rezarem fica situada antes dos sapatos. Ou seja, a ordem é a seguinte: ao adentrar uma mesquita, primeiro vem a área das mulheres, depois a dos sapatos, e em seguida o espaço reservado para os homens. Sem a necessidade de comentários adicionais! Fora das mesquitas, Istambul é vibrante e tolerante. Mulheres totalmente cobertas por burcas,ou com seus rostos e/ou cabelos cobertos por véus ou hijab, verbo árabe que significa “cobrir”, além de uma veste até os pés com mangas longas, cobrindo todo o corpo, desfilam lado a lado com outras mulheres turcas, também mulçumanas, mas vestidas ao estilo ocidental. As falsas louras, como no Brasil, abundam: estão em todas as partes. Os mercados turcos diferem pouquíssimo dos chineses, com suas cópias de bolsas de grifes famosas, roupas

baratas e quinquilharias. Porém, como marca da Turquia, é possível encontrar também tapetes riquíssimos e de alto luxo, cachecol e lenços de seda, de cashmere ou de barba de bode (esses últimos a preços exorbitantes) e as típicas lanternas de vidros coloridos para dependurar com velas. Mas ao contrário da gritaria e empurra-empurra dos chineses, os turcos se aproximam dos turistas, especialmente das mulheres, com suas vozes melosas e sedutoras. Por detrás da imagem de carneiro, vorazes lobos espreitam à espera do bote. Foi ali, no maior mercado coberto de Istambul, que tive a oportunidade de presenciar o verdadeiro culto do islã. Ao se aproximar a hora de um Salah, orações que são oferecidas cinco vezes ao dia como um dever para com Allah, os vendedores – a maioria homens – fecham suas lojas e se encaminham com seus pequenos tapetes para determinados corredores, e ali mesmo rezam (os muçulmanos do sexo masculino são incentivados a realizar suas cinco orações diárias nas mesquitas. Já as muçulmanas são livres para orar onde for mais conveniente). O som das orações pronunciadas em árabe, reverberando em meio ao silêncio que abraça o mercado, mais o barulho uníssono do rouçar das roupas produzido pelos movimentos de ajoelhar, debruçar e levantar, tudo concatenado, toca o coração de qualquer um, de qualquer credo. A canção anunciando o Salah difundida pelos alto-falantes dos minaretes, a maneira cadenciada com que o Alcorão é recitado e o testemunho de fé expresso na concentração de cada movimento produzem um ambiente pacífico, harmonioso e definitivamente religioso. A vida, a parte dos cinco Salah, segue seu ritmo normal, contemporâneo e barulhento. Durante os momentos de reza, entretanto, é criado um universo à parte, milenar, de encontro consigo mesmo e com Allah. Semelhante a qualquer outra religião. Estar em Istambul é, definitivamente, o mesmo que visitar Allah! (*) Jornalista ambiental e consultora de comunicação, especialista em consumo sustentável e mudanças climáticas www.conexaoverde.com

ISTAMBUL BANHADA PELOS PRIMEIROS RAIOS SOLARES DO DIA. POR OCUPAR AMBAS AS MARGENS DO ESTREITO DO BÓSFORO E DO NORTE DO MAR DE MÁRMARA, OS QUAIS SEPARAM A ÁSIA DA EUROPA NO SENTIDO NORTE-SUL, A CAPITAL DA TURQUIA É A ÚNICA CIDADE DO MUNDO QUE OCUPA DOIS CONTINENTES


1

NATUREZA MEDICINAL MARCOS GUIÃO (*) redacao@revistaecologico.com.br

LIMA-DE-BICO A

MARCOS GUIÃO

inda deitado na cama, aos poucos fui tomando sentido da alvorada que roseava as nuvens mostradas pelas janelas escancaradas à minha frente. Os barulhos do dia na fazenda lentamente se faziam cada vez mais intensos, com uma infinidade de cantos passarinheiros, principalmente dos filhotes do canário-da-terra, que de uns tempos pra cá, tão voltando às paisagens dos gerais. O batido dos cascos nas pedras e o mugido da bezerrada dentro do avizinhado curral me davam a sensação de tê-los todos dentro do quarto. Rebucei a cabeça tentando empurrar a hora de levantar, mas minha tentativa fracassou de vez quando

Tião se achegou debaixo da janela e berrou: - Vão’bora moço! Arriba dessa cama e vem pro mundo dos vivo! Aquilo num podia ficar sem resposta e então só me restou sair em busca do delicioso café de Dona Luíza. Depois das tratativas matinais, a zoada dos cachorros deram sinal de gente chegando. Era nada não, só Agenor, vizinho que vinha em busca de socorro para Dona Fininha, sua companheira. Tião vinha mesmo entrando na cozinha e, depois dos cumprimentos, tomou pé da queixa da confinante, “que desde antonte tá arruinada na cama, com tontice, o mundo rodando e um enjoamento sem base.” Tião não pestanejou e soltou a receita: -“Pois dê a ela lima-de-bico! Mas tem de sê da casca da fruta.” De minha parte, nunca havia ouvido falar em tal planta. Arregalei os olhos e abri os ouvidos para não perder um nadica do que viria em seguida. O grupo saiu barulhando pelo quintal seguindo o Tião, na certeza de encontrar ali a solução de tão difícil tratamento, que é a labirintite. Não tardou para toparmos com um antigo pé de lima-de-bico (Citrus limetta) na beira do rego d’água e daí ele destampou a falar sobre as aplicações de fruta. -“Isso tamém é bão pra zuada dos ouvido e inté sinusite. Mas é tomá e o cabra já logo caça uma beira pra descansar. Relaxa gostoso e o sono munta em riba. O rebento mermo num tem gosto bão não, é meio margoso.” Depois fui atrás de mais informações e fiquei sabendo que ela também é indicada para os casos de anemia e alivia o sangramento das gengivas, além de conter muita vitamina “C”. Frutos como este, que eram muito comuns em casas do interior e nas fazendas, estão sumindo dos quintais, cedendo espaço para sabores exóticos. Se você tem um pé de lima-de-bico, procure conservar. Se não tem, procure arrumar um. Inté a próxima lua!

SAIBA MAIS: www.naturezadosertao.com.br (*) Jornalista e consultor em plantas medicinais.


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OLHAR POÉTICO ANTONIO BARRETO

redacao@revistaecologico.com.br

I

O RESUMO DA OPERA

O DONO DO FUTURO (tal mãe, tal filho... ou... lasanha com batata frita) A pesar das flores pipocando pelos muros da escola, dos passarinhos anunciando, pelas árvores do pátio, o início da primavera, Dona Pitty entrou pela sala e propôs um tema meio “barra pesada” para a turma: um debate sobre a violência. Escreveu no quadro, em letras garrafais: V

VIOLENCIA E falou da violência nas grandes cidades. Puxou setinhas: V

I

A VIOLENCIA NO TRANSITO. A VIOLENCIA CONTRA AS CRIANCAS E OS ADOLESCENTES, DENTRO DE CASA. AS DROGAS, O TRAFICO DE ARMAS E ENTORPECENTES. O TRABALHO ESCRAVO DE MENINOS E MENINAS. A VIOLENCIA SEXUAL, A PSICOLOGICA. V

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Enfim... a onda de sequestros, roubos, assaltos, estupros, tiroteios, balas perdidas e etcepteros. No final dos trabalhos, Dona Pitoca (esse era o apelido carinhoso dela, apesar das últimas discussões sobre o bullying – discussões essas que não deram em nada, pois ali todo mundo gostava dos seus apelidos) pediu que os alunos resumissem tudo que foi debatido em um parágrafo de, no máximo, quinze linhas. E mais: que apontassem soluções para o problema debatido. Foi então que o Manuel Melo Morais, vulgo Manezinho – também conhecido por Treizeme – e adepto do Minimalismo, da Lei do Menor Esforço (e que, apesar das últimas discussões sobre o bullying também tinha o carinhoso apelido de “Resumo da Ópera”), perguntou lá do fundo da sala: – Posso falar, em vez de escrever, fessora? – Não senhor. – Mas posso resumir a ópera, ou seja, botar tudo numa frase só? – Pode... – Posso escrever minha frase no quadro? – Pode... E MMM resumiu, assim, o seu precioso arrazoado sobre a violência:

I

HOJE EM DIA, ANTES DE TOMAR CUIDADO, E PRECISO TER MUITO CUIDADO!

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Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013


JB ECOLOGICO

1M E M Ó R I A I L U M I N A D A

O GENIAL

VAGABUNDO Alexandre Salum redacao@revistaecologico.com.br

E

le é o maior nome do cinema. E, sem dúvida, um dos maiores gênios na história da arte. Foi ator, diretor, produtor, empresário, escritor, dançarino, regente de orquestra, mímico, comediante, roteirista e músico. Sir Charles Spencer Chaplin nasceu em Londres em 16 de outubro de 1889, filho de Charles Spencer Chaplin e de Hannah H. Pedlingham Hill.

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Q ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

O pai era cantor e ator, e a mãe, cantora e atriz. Eles se separaram antes de Chaplin completar três anos. Muito instável emocionalmente, Hannah começou a ter problemas com a faringe. Em 1894, quando cantava em um teatro, ela perdeu a voz no meio da música, foi vaiada e ferida pelos objetos jogados no palco . Enquanto tentava, nos bastidores, retomar a apresenta-


ção em lágrimas, o pequeno Chaplin com apenas cinco anos subiu sozinho no palco e cantou “Jack Jones”, uma canção muito popular na época. Foi sua estreia como artista. O pai morreu em 1901, e a mãe foi internada num asilo para doentes mentais. Chaplin e o irmão Sidney foram para uma escola de pobres. De 1914 a 1916 produziu mais de 40 curtas e pela primeira vez aparece um personagem que vai marcar toda sua trajetória: “O Vagabundo”. Um andarilho pobre, trajando um paletó apertado, calças e sapatos gastos, um chapéu-coco e uma bengala. Carlitos – como ficou conhecido no Brasil – foi lançado no filme “Kid Auto Races at Venice”, de 1914. Nos filmes, Carlitos atacava seus inimigos com chutes e tijolos; e o público da época idolatrava esse novo comediante. Logo depois, Chaplin dirigiu e editou seus próprios filmes e fez 34 curta-metragens. CINEMA MUDO Em 1915, Chaplin assinou um contrato com a Essanay Studios onde escreve, dirigi e interpreta 16 comédias. Como os Estados Unidos estavam recebendo milhares de imigrantes, os filmes mudos quebravam a barreira da língua e eram compreendidos por todos. Chaplin se torna o maior astro do cinema mudo. Apesar de já existir na época o cinema falado, Chaplin não se abalou e fez várias obras-primas como “Luzes da Cidade” (1931) - considerado o perfeito equilíbrio entre comédia e drama- e “Tempos Modernos” (1936). Neste foi possível ouvir sua voz pela primeira vez, embora apenas nos créditos finais, que eram acompanhados da canção “Smile”, sucesso absoluto em todo o mundo, tendo tido centenas de regravações, inclusive de Sir Eric Clapton. Chaplin era tão perfeccionista que chegava a gravar uma cena quase cem vezes até ficar de seu agrado. O GRANDE DITADOR O primeiro filme totalmente falado de Chaplin, “O Grande Ditador” (1940), foi uma crítica contra Hitler e o nazismo, no qual ele ridicuraliza o ditador alemão, fazendo um belo discurso no final. Depois dirigiu, produziu e atuou em mais clássicos: fez “Luzes da Ribalta” (1952) “Monsieur Verdoux” (1947) e “Um Rei em Nova York” (1957). Chaplin nunca escondeu sua posição política de esquerda e isto desagradou o governo americano em plena Guerra Fria e dominado pelo macarthismo. Foi um período de intensa patrulha anticomunista, perseguição política e desrespeito aos direitos civis que durou do fim da década de 1940 até meados da década de 1950. O artista foi colocado na famosa Lista Negra de Hollywood pelo diretor do FBI, J. Edgar Hoover. Quando Chaplin foi à Inglaterra promover o lançamento do filme “Luzes da Ribalta”, o governo revogou o seu visto, ele não pôde regressar aos Estados Unidos e foi morar

na Suiça.”A Condessa de Hong Kong” (1967) com Marlon Brando e Sofia Loren foi seu último filme. A canção “ This is my Song” composta por Chaplin ficou em primeiro lugar nas paradas, isso, no ano em que foi lançado o Sgt.Peppers dos Beatles. Em 1972, em reparação pelos atos do passado, a Academia de Artes e Ciências do Cinema, concede-lhe o Prêmio Especial pelo conjunto da obra, e em 1973, outro Oscar pela trilha sonora de “Luzes da Ribalta”. Dois anos depois, ganhou a nomeação de Cavaleiro pela Rainha Elizabeth II. Foi casado quatro vezes e teve 11 filhos. Sua última esposa, Oonna O’Neill, era filha do famoso dramaturgo americano Eugene O’Neill. Charles Claplin morreu aos 88 anos, no dia 25 de dezembro de 1977, na cidade suíça de Corsier-sur-Vevey. A ECOLÓGICO selecionou algumas falas memoráveis do genial Charles Chaplin. Confira.


1M E M Ó R I A I L U M I N A D A VIDA

● “A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe.” ● “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” ● “A única coisa tão inevitável quanto a morte é a vida.” ● “Atender a quem te chama é belo. Lutar por quem te rejeita é quase chegar à perfeição.” ● “A vida me ensinou a sorrir para as pessoas que não gostam de mim, para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam…”

MORTE

● “A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?”

● “A persistência é o menor caminho do êxito.” ● “Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembraivos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.” ● “Não fique triste quando ninguém notar o que fez de bom. Afinal, o sol faz um enorme espetáculo ao nascer, e mesmo assim, a maioria de nós continua dormindo.” ● “Perder com classe e vencer com ousadia. Pois, o triunfo pertence a quem mais se atreve, a vida é muito para ser insignificante.” ● “Gosto dos meus erros; não quero prescindir da liberdade deliciosa de me enganar.” ● “Você nunca achará o arco-íris, se você estiver olhando para baixo.”

POLÍTICA

● “Eu continuo sendo apenas um palhaço, o que já me coloca em nível bem mais alto do que o de qualquer político.”

HUMOR

● “Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror.” ● “Um dia sem rir é um dia desperdiçado.” ● “É saudável rir das coisas mais sinistras da vida, inclusive da morte. O

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riso é um tônico, um alívio, uma pausa que permite atenuar a dor.” ● “Através do humor vemos no que parece racional, o irracional; no que parece importante, o insignificante. Ele também desperta o nosso sentido de sobrevivência e preserva a nossa saúde mental.”

AMOR

● “O amor perfeito é a mais bela das frustrações, pois está acima do que se pode exprimir.” ● “A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la mas quem consegue descobre tudo.” ● “O homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar.” PHILOUM

SUCESSO


"A beleza existe em tudo - tanto no bem como no mal. Mas somente os artistas e poetas sabem encontrá-la." TEMPO

● “Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre.” ● “Nada é permanente nesse mundo cruel. Nem mesmo os nossos problemas.” ● “O tempo é o melhor autor; sempre encontra um final perfeito.”

AMOR PRÓPRIO

ARTE

● “O assunto mais importante do mundo pode ser simplificado até ao ponto em que todos possam apreciá-lo e compreendê-lo. Isso é - ou deveria ser - a mais elevada forma de arte.”

HUMANIDADE

● “A Humanidade não se divide em heróis e tiranos. As suas paixões, boas e más, foram-lhe dadas pela sociedade, não pela natureza.” ● “Se matamos uma pessoa somos assassinos. Se matamos milhões de homens, celebram-nos como heróis.” ● “Conhecer o homem - esta é a base de todo o sucesso.”

● “Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é... respeito.” ● “Aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoísmo, nem orgulho. É amor próprio.”

SIGNIFICADO

● “O verdadeiro significado das coisas é encontrado ao se dizer as mesmas coisas com outras palavras.”

VERDADE

PÚBLICO

● “Amo o público, mas não o admiro. Como indivíduos, sim. Mas, como multidão, não passa de um monstro sem cabeça.” ● “Não preciso me drogar para ser um gênio; não preciso ser um gênio para ser humano; mas preciso do seu sorriso para ser feliz.” ● “Se tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando, falei muitas vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da plateia que sorria.”

● “Cada um tem de mim exatamente o que cativou, e cada um é responsável pelo que cativou, não suporto falsidade e mentira, a verdade pode machucar, mas é sempre mais digna.”

SONHOS

● “Nunca se afaste de seus sonhos, pois se eles se forem, você continuará vivendo, mas terá deixado de existir.”

SILÊNCIO

● “O som aniquila a grande beleza do silêncio.” O GÊNIO MUDO

Ano passado, a Folha de São Paulo teve uma acolhida surpreendente ao lançar uma coleção dos filmes de Chaplin. Foram 20 DVDs com todos os clássicos e curtas que ele dirigiu e atuou. Sob o slogan “O Gênio que conquistou o mundo sem dizer uma palavra” , em poucos dias ela se esgotou nas bancas. Essa é a força do artista que, eternizado, estaria agora fazendo 124 anos na memória da humanidade.

FELICIDADE

● “O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.”

FONTES ENCICLOPÉDIA BRITÂNNICA, ENCICLOPÉDIA WIKIPÉDIA www.pensador.uol.com.br/frases-charleschaplim www.charliechaplin.com, www.adorocinema.com/personalidade-6711

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1 ENSAIO

FOTOGRÁFICO

VIDAS ÁRIDAS Exposição clama por apoio e iniciativas que aliviem a sede dos mineiros que vivem a maior seca dos últimos 40 anos Fernanda Mann redacao@revistaecologico.com.br

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FOTOS GERALDO HUMBERTO

MUNICIPIO DE MATO VERDE: NO SERTÃO, A MORTE NÃO MANDA RECADO. RESTAM APENAS AS MARCAS DA NATUREZA QUE NÃO PERDOA.

GERALDO E DÉLIO, TESTEMUNHAS DE UM CENÁRIO ENTRISTECEDOR

vidou o colega e Délio Pinheiro para acompanhá-lo em uma a expedição de dois mil quilômetros, por mais de 10 cidades da região, a favor de um sertão menos desertado. Foi esse o espírito que fez surgir o “Movimento Vidas Áridas”. Os dois partiram em uma expedição de duas semanas e contam que durante a viagem moradores antigos sempre diziam: “Nunca presenciei isso em toda a minha vida”. Segundo eles, os gestores municipais encontram-se isolados, sem saber o que fazer. A seca atinge diretamente a lavoura, a pecuária e a economia. É uma chaga social. A exposição “Fome de Água no Sertão Mineiro”, inaugurada no Montes Claros Shopping Center, pretende percorrer outras cidades. A seleção de 40 imagens e um documentário de 15 minutos buscam informar e comover pessoas, entidades e governos que possam, de alguma maneira, tomar providências que tirem do sertão um pouco de sua aridez, e lhe dê o que pede sua esperança. Confira! DIVULGAÇÃO

M

ineiro de Jequitaí, o jornalista Geraldo Humberto há tempos conhece a seca. “Para o Norte de Minas é um processo natural que tem início em junho e seu momento crítico próximo à setembro”, conta. No entanto, em 2012, o evento antecipou em um semestre - o que veio a ser a maior seca dos últimos 40 anos. Na época, Geraldo foi à região e notou que algo estava errado. Segundo ele, o cenário desenhava uma tragédia. “Lavouras e rios secando, a barragem que abastece as cidades sem uma gota d’água; e regiões que nunca souberam o que é um caminhão pipa em área urbana, sem nenhuma outra alternativa”, descreve. “Tudo isso me levou a refletir que somente as reportagens não eram suficientes. As pessoas assistem ao noticiário e a sensação é de já terem visto aquilo. Nenhuma atitude é gerada. Me indigna não haver uma ação significativa para guardar o pouco da chuva que cai. A maior parte da água vai embora, e isso faz uma diferença brutal”, contesta Geraldo, que con-

SAIBA MAIS: www.facebook.com/vidasaridas

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ENSAIO FOTOGRÁFICO

ÊXODO RURAL: SOMENTE O MUNICÍPIO DE ESPINOSA PERDEU 17% DE SUA POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS

COMUNIDADE DE SANTO ANTÔNIO: VIÚVAS DE MARIDO VIVO. BALDE TEM QUE TER NOME, PARA EVITAR CONFLITOS

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MONTE AZUL: PEQUENO PRODUTOR RURAL LAMENTA PERDA DE UM DOS SEUS ANIMAIS QUE LHE PERMITEM SOBREVIVER

A SIMPLICIDADE DO HOMEM SERTANEJO: PESSOAS ANÔNIMAS, DE IGUAL VALOR.

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CONVERSAMENTOS ALFEU TRANCOSO (*) redacao@revistaecologico.com.br REPRODUÇÃO

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NÃO ESTAMOS SÓS!

P

ara aqueles que se queixam de solidão tenho uma notícia muito boa. A ciência comprova que não estamos sozinhos coisa nenhuma. Acompanhem-me nessa pequena viagem e lhes mostrarei em fatos como estamos o tempo todo acompanhados, vigiados, protegidos e também ameaçados por uma infinidade de seres microscópicos. Para eles, cada um de nós é um país imenso habitado por quatrilhões de microseres que pastam pelas nossas planícies com rios sudoríferos, florestas capilares, montanhas e cavernas corporais. Eles devem nos enxergar como um verdadeiro deus, pois a salvação deles está em nós. E em cada centímetro quadrado de nossa epiderme há bilhões deles se banqueteando com nossa pele, nosso suor e outros resíduos mais. O suor, por exemplo, é um óleo saboroso para esses famintos seres que, infelizmente, soltam um subproduto de respiração meio desagradável que é o famoso cê-cê e outras fedentinas, mais que estão em nós desde a caverna ou até antes. Fedemos, dos pés à cabeça, por causa desses pestinhas, mas não sejamos mal agradecidos com eles, pois uma grande maioria nos protege de mil e uma enfermidades e de infecções que poderiam ser fatais. Se um de nós estiver sendo ameaçado, na mesma hora um exército dos bonzinhos vem para nos salvar. Em nossa boca, por exemplo, que é uma das partes mais expostas ao mundo exterior, habita um exército de bilhões de seres vigiando a entrada de qualquer micróbio nocivo para, imediatamente, expulsá-lo ou fagocitá-lo. Pense no intercâmbio bacteriano que acontece quando beijamos ou fazemos sexo. Felizmente não pensamos nisso quando fazemos essas coisas, mas que elas acontecem, com certeza, acontecem. E se

estamos vivos até hoje é sinal de que a proteção está sendo maior do que a ameaça. A gente devia agradecer de coração essas parcerias, pois sem elas a vida seria praticamente impossível. O BANQUETE FINAL Mas, por outro lado, há uma imensa turma que só está esperando as nossas defesas fraquejarem para entrarem em combate. No final, ao morrermos seremos impiedosamente devorados em questão de dias. E não adianta espernear, correr deles, pois estão dentro de nós, só esperando a nossa respiração se extinguir para iniciarem a comilança. Às vezes fico pensando se não foram eles que nos inventaram. Desconfio que somos um superorganismo criado por esses seres minúsculos com o objetivo de perpetuar as suas espécies. Pois bem, caros leitores, essa pequena descrição microscópica é para motivá-los a refletirem um pouco sobre o que é corpo, será que somos um conjunto de trilhões de parceiros invisíveis? O que é unidade, se somos biodiversidade, uma imensa rede interativa que forma o que chamamos de organismo? O que é vida, o que é ser, ser uma pessoa que nesse momento escreve essas reflexões e que, por enquanto, está vivo e com saúde? Mas, que também sabe que a explicação científica amplia cada vez o mistério da vida e que conhecer, em vez de apenas esclarecer, é também complexificar. O que somos nós, de onde viemos e para onde vamos? E são essas perguntas que tornam mais fascinante essa nossa jornada pelo planeta Terra. E que é preciso compreender e viver essas interconexões necessárias entre todos os seres para nos sentirmos fazendo parte, prazerosamente, desse grande mistério que é estar e ser vivo nesse planeta. (*) Ambientalista e professor de Filosofia da PUC Minas.

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UMA INDÚSTRIA COMPETITIVA, DINÂMICA E SUSTENTÁVEL. É PARA ISSO QUE A FIEMG TRABALHA HÁ 80 ANOS.

A FIEMG comemora 80 anos de história e de grandes conquistas ao lado da indústria mineira. Uma instituição que trabalha pelo crescimento do setor incentivando a inovação e a competitividade, a responsabilidade ambiental e social. Porque, para a FIEMG, é assim que se constrói uma indústria forte. Uma indústria capaz de gerar mais riqueza, desenvolvimento e novas oportunidades para todos os mineiros.

Há 80 anos um investimento da indústria.


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