Revista Ecológico - Edição 110

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GESTÃO & TI ROBERTO FRANCISCO DE SOUZA (*) redacao@revistaecologico.com.br

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ontra fatos não há argumentos: o dia em que a tecnologia mudou a resistência sobre a justiça no futebol chegou! Mudou porque... não resolveu! Neste país, chamado United Nations Of Fifa (“Nações Unidas da Fifa”), muita coisa errada ainda anda debaixo do sol... Depois do jogo da França 2 x 1 Austrália, o primeiro da Copa do Mundo de 2018 em que, oficial e repetidamente, a tecnologia decidiu lances, a função do árbitro de futebol foi reinventada e, com ela, o esporte ficou mais eletrizante de se ver. Mas lá fomos nós, de novo! Brasileiro estraga tudo, até a tal da vídeo-arbitragem (VAR). Foi justamente no primeiro jogo do Brasil contra a Suíça que a tecnologia foi enxovalhada e só não xingaram a mãe dela porque mãe não tem. Nem demorou para que as redes sociais dissessem: isso não serve para nada! Reação comum dos ludistas de plantão, desejosos que o mundo pare, sem saber como. Resultado? Ninguém lembrou do detalhe: tudo operado por homens... Então vamos explicar: é preciso ler as regras e entender se elas estão claras e se elas podem ser aplicadas sem a ajuda da tecnologia. Tipo assim: “Se o jogador estiver com a intenção de pular e for tocado é falta. Se estiver com a intenção, mas acabar desistindo de pular, então não é falta”. Daí decorre um corolário: “Ao analisar se o atleta está com a intenção de pular, o juiz deve analisar a flexão de suas pernas. Se elas estiverem a mais de 150 graus, dois segundos antes do lance e se seu rosto denotar tranquilidade, ele não vai pular. Se for o contrário, ele vai pular!” Não dá para interpretar isso! É o elogio da imprecisão. Das várias vezes em que a VAR foi usada na Copa, na maioria nenhum jogador reclamou e ela ajudou de verdade, produzindo um espetáculo mais justo. Em outros casos, não funcionou, transformando o erro no futebol em ação de bando, aquele mooonte de juízes, confortavelmente instalados no ar-condicionado. As regras são malfeitas? Claro! Alguém vai dizer que não tem jeito de fazer regra bem-feita para um esporte de contato! É injusto mesmo! Para de re59 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2018

clamar, Roberto, vai jogar vôlei! O certo é que esta foi a Copa em que o astro principal foi a tecnologia, marca que, querendo inovar, denuncia que o esporte mais amado do mundo é o esporte da imprecisão e da injustiça. Afinal, ainda somos nós que fazemos as regras! Ainda são os deuses malditos da Fifa e de congressos corruptos em todo o mundo que as fazem e dizem que não podem mudá-las, porque não dá para mudar a constituição do futebol nem de países o tempo todo. E todo mundo alegremente concorda, dizendo que a regra é clara ou que está escrito na Constituição de 1988. Fazer o quê? Parte de nossa humanidade, penso, será corrigir regras mais depressa para corrigir injustiças mais depressa. A Fifa é só um laboratório. Só ficamos indignados porque, incapazes de vencer a supostamente fraca Suíça de goleada, melhor dizer que empatamos pela interpretação dos juízes. Mas há coisas piores. Incapazes de criar um país justo, não adianta ficar indignado com o Supremo, com o presidente e o Congresso. Teremos que jogar com eles e, apesar deles, até que a tecnologia os desmascare, jogando do nosso lado, se Deus quiser! Por hora, nesse jogo em que tudo indica que, mesmo com tecnologia, gols de mão vão continuar a ser atribuídos a Ele mesmo, Deus, convenhamos que continuaremos a perder de 7 x 1! O

TECH NOTES

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1. Relembre os ludistas goo.gl/K15Eha

2. Será possível que juízes de futebol sejam substituídos por AI? goo.gl/Cj1Gme

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(*) CEO & Evangelist da Kukac Plansis, fundador do Arbórea Instituto.


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