REH_v.19, nº19, 2023

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ISSN 2965-3045

Estudos

HOMEOPÁTICOS

Publicação Digital Quadrimestral Gratuita

Uma realização do Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

Nesta edição...

Sete anos de idade e muito conteúdo! E, a partir de agora, coluna nova: “Aprendendo com Vithoulkas”, da International Academy of Classical Homeopathy – IACH - Alonissos, Grécia.

Ano 7

N° 19

Agosto/2023

Revista de
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Nesta edição, nossa Revista faz aniversário! Há sete anos, publicamos a primeira edição, num evento inesquecível e cheio de emoções, em Brasília.

No primeiro domingo de agosto de 2017, iniciávamos a divulgação da Homeopatia para o grande público, em linguagem acessível, buscando, ao mesmo tempo, qualificar o trabalho e a produção científica de terapeutas homeopatas não médicos e mostrar que a Homeopatia é um direito cidadão de acesso à saúde integral e patrimônio da Humanidade.

E, assim como em todos os anos, buscamos a excelência, e, em 2023, isso se materializou com dois eventos de peso: i) a obtenção do ISSN, registro internacional que permite ao nosso veículo editorial ser reconhecido e citado no mundo inteiro; ii) a criação de uma seção dedicada à publicação de estudos da International Academy of Classic Homeopathy, situada em Alonissos, Grécia, sob a batuta de George Vithoulkas.

Aproveitemos, então, mais esta edição, lendo, divulgando, compartilhando, para que, entendendo melhor a ciência/arte de curar, possamos, também, atender cada melhor àqueles que nos buscarem.

Editorial
Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com
A editora

Mantenedores da Revista de Estudos Homeopáticos

1. Agda Freitas

2. Artemiza Coêlho

3. Alexandra Lourenço

4. Alessandra Santos

5. Ana Dóris da Silva

6. Ana Lúcia Fernandes

7. Bárbara Prandini

8. Beatriz Nunes

9. Benedita Campos

10. Bruna Assis

11. Caroline Macedo

12. Cássia Regina da Silva

13. Cristina Ribeiro Rodrigues

14. Edite Lopes

15. Fabiana Mundim

16. Francisca Silva

17. Gleice Arruda

18. Jacira Curvello

19. Jacqueline Silva

20. Joelma Roque

21. José de Assis

22. Karla Rúbia Souza

23. Leda Alves

24. Lourdes Correia do Prado

25. Maria Helena Nunes

26. Maria José Mascarenhas

27. Maria Mendes

28. Maria Teresa Menezes

29. Milgrid Borges

30. Milton Bezerra

31. Moacir Ferreira

32. Muriel Margareth

33. Nádia Obeid

34. Nara Magalhães

35. Nestor Scherer

36. Nilvânia Carneiro

37. Osvaldo Dantas

38. Paula Márcia Almeida

39. Perônica Pires

40. Pricilla Gomes

41. Ramon Lobo

42. Rita Olívia Abreu

43. Rogério Reis

44. Ronaldo Miranda

45. Sebastião Spolidoro

46. Sheila da Costa Oliveira

47. Sheila Gutierrez

48. Suécia M. Damasceno

49. Telda lima

50. Teresinha Rambo

51. Vanderley Lima

52. Virgínia Stefanichen

53. Walter Labuto

54. Wellington Veras

55. Wilson Pires

55. Academia Internacional de Homeopatia Clássica

Nossa Revista é mantida com contribuições voluntárias. Quer se tornar também um mantenedor e auxiliar a divulgar a Homeopatia? Envie uma mensagem para revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com ou WhatsApp para (61) 99934-5001 e lhe enviaremos o termo de adesão. Sua colaboração garante o sucesso desta publicação!

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Obs: os valores são definidos em assembleia, durante os encontros presenciais mensais. Este formulário de adesão auxiliará na justificativa de recebimento dos valores junto ao banco e à Receita Federal.

O Grupo “Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste” é uma organização informal, sem fins lucrativos, autogestionada e responsável pela publicação da Revista de Estudos Homeopáticos, periódico quadrimestral, totalmente digital e gratuito para os leitores, disponível no ISSUU (repositório internacional de revistas digitais).

O objetivo dessa Revista é divulgar ao máximo a ciência/arte da Homeopatia, para democratizar o acesso às terapias integrativas e fortalecer a rede de terapeutas homeopatas do Centro-Oeste, bem como os prestadores de serviço correlatos a esta importante área de atuação.

Para mantê-la, os membros do grupo e/ou simpatizantes da causa de divulgação da Homeopatia se cotizam mensalmente, quadrimestralmente ou anualmente, de modo a remunerar as duas jornalistas que trabalham nesse projeto. A pessoa responsável pela arrecadação é voluntária e realiza os pagamentos das profissionais no dia 10 de cada mês.

Agradecemos muito por sua colaboração e solicitamos que (i) preencha os campos a seguir, para formalizarmos nossa parceria, a qual ajuda significativamente a viabilizar a continuidade da publicação, e (ii) escolha a cota de sua preferência, a qual deve ser depositada/transferida até o dia 8 de cada mês. Após o preenchimento, por favor, salve e envie o formulário para o e-mail revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com, em cujo drive ele será devidamente armazenado.

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78. Esse número de CPF também é o PIX cadastrado no mesmo banco e conta. Favor enviar o comprovante para o WhatsApp 61 9885-7413, para facilitar o controle e o acompanhamento.

Fraternalmente, nossa gratidão. Brasília, ..................... de....................................................... de 20____.

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EXPEDIENTE

Jornalista Responsável

Angélica Calheiros

Editora-Executiva

Sheila da Costa Oliveira

Conselho Editorial

Ramon Lobo

Sheila da Costa Oliveira

Angélica Calheiros

Projeto Gráfico e Diagramação

Karine Santos

Redatores Angélica Calheiros

Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

Revisão

Sheila da Costa Oliveira

Contato

Email: revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com

ÍNDICE

EDITORIAL

EXPEDIENTE

HOMEOPATIA E NÓS DIÁRIO DE BORDO

Biografia

Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo

VALE A PENA LER:

Medicamentos Homeopáticos: sintomas de A a Z

NOTÍCIAS

Brasil

O que é e para que serve a Homeopatia?

Homeopatia pode ser aliada no tratamento de pneumonia, sinusite e outras doenças

Nota de falecimento: Dra. Sumiko Oura Wakabara

Minas Gerais fortalece Práticas Integrativas e Complementares no SUS

Rio Grande do Sul sedia 1º Seminário Municipal sobre Plantas Bioativas e Homeopatia

Belo Horizonte oferece remédio homeopático para apoio no tratamento da dengue

Mundo

Utacaranda celebra o Dia Mundial da Homeopatia com a 1ª edição da HomeoCon2023

Periódico europeu de Medicina publica ataque a Homeopatia

Na Índia, estudantes de Ayurveda e Homeopatia terão aulas de anatomia usando cadáveres

10 milhões de canadenses usaram Homeopatia em 2022

Governo de Punjab, Índia, descarta tratamento homeopático para promover alopatia Com a fala, os atendidos

Jéssica de Sousa Vieira

Moacir Wilson de Sá Ferreira

Homeopatia a nosso favor Homeopatia, os olhos e o olhar

ENTREVISTA

Tratamento homeopático pré e pós natal

HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA...

APRENDENDO COM VITHOULKAS

O aparecimento de um estado inflamatório agudo como indicativo de melhora em casos de dermatite atópica sob tratamento com a homeopatia clássica: uma série de casos

CURANDO COM... Taraxacum officinale

TERAPÊUTICAS Caso de atendimento com homeopatia - Ramon Lobo Gomes

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NARRATIVAS

Primeira Parte HOMEOPATIA E NÓS

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Revista de Estudos HOMEOPÁTICOS

DIÁRIO DE BORDO

RETROSPECTIVA DO TRABALHO DO GRUPO LIVRE DE HOMEOPATAS DO CENTRO-OESTE

De abril a julho, o Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste trabalhou firmemente para finalizar o processo de obtenção do ISSN - 2965-3045 -, registro por meio do qual nossa Revista, após cinco longos anos de tentativas e comprovações, passou a ter uma identidade internacional e pode agora ser citada como fonte acadêmico-científica da área de saúde e terapias. Em razão disso, todas as edições já publicadas foram retiradas do ar, renomeadas com o ISSN e republicadas no ISSUU, já que a numeração é aplicada retroativamente. Para isso, o trabalho conjunto de nossas duas jornalistas foi fundamental. Gratidão, Karine e Angélica, por nos ajudarem na finalização desse longo e importante processo!

Iniciando essa nova fase, as capas da nossa querida Revista passarão por uma atualização gráfica, de modo a destacar mais as matérias de capa e aumentar a estimulação visual dos leitores. Aguardemos os resultados, que, com certeza, nos deixarão muito contentes.

Paralelamente a essa grande conquista, foi também inaugurada uma nova seção de nosso periódico: “Aprendendo com Vithoulkas”. Nesse espaço, a cada nova edição será publicado um artigo da Academia Internacional de Homeopatia Clássica, dirigida por George Vithoulkas, um dos grandes expoentes da Homeopatia Contemporânea. Essa parceria entre o Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste e a IACH é histórica, e temos a certeza de que renderá muitos bons frutos.

No primeiro domingo do mês de junho, foi realizada uma sessão de estudo e confraternização presencial com transmissão online, no sítio pertencente ao nosso querido colega Ramon Lobo Gomes, e compartilhamos agora, com vocês, algumas das imagens, nas quais a fraternidade e a convivência, pontos fortes do nosso valoroso grupo, ficaram bem evidentes, apesar do número ainda reduzido de participantes.

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E, para terminar, o semestre se encerrou com a entrada de um membro ultramarino na nossa comunidade. O Dr. Arthur Borges, de Portugal, passou a ser membro do grupo de WhatsApp, e já participou online do encontro do primeiro domingo de julho-2023. Dessa forma, o processo de ampliação da rede do

Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste continua, alcançando a comunidade internacional.

Juntos e focados, o céu é o nosso limite!!!

Acompanhe todo o conteúdo disponibilizado em nossas redes sociais e comente, auxiliando a dar mais visibilidade aos nossos perfis!

E em nosso blogue oficial: https://www.saberth.com.br/

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Biografia:

Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo

Também conhecidas como “Filhas da caridade”, “Irmãs de São Vicente de Paulo” ou simplesmente “Vicentinas”, entre outras nomenclaturas, a congregação religiosa “Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo” é uma sociedade de vida apostólica comunitária fundada na França, em 1633, por Vicente de Paulo e Luísa de Marillac, apóstolos que em vida se dedicaram a trabalhar em prol da população

carente, cuja missão é o serviço aos pobres e marginalizados. No Brasil, mais especificamente na cidade Mariana - MG, esse trabalho começou em abril de 1849 e se deu de diferentes formas, sobretudo no trabalho voluntário em escolas, campos de batalha e hospitais, através da utilização de preparados homeopáticos para tratar diferentes quadros de saúde, de doenças sazonais a epidemias.

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Foto: Reprodução/Site: Mariana Histórica e Cultural.

A vinda de 12 freiras para a cidade de Mariana se deu pelo intermédio do bispo da época, Dom Viçoso, que recorreu ao Superior Geral dos Padres da Missão e das Filhas da Caridade para sugerir um trabalho de evangelização da nação brasileira.

É importante ressaltar que a Homeopatia havia sido introduzida no Brasil poucos anos antes da chegada das irmãs francesas a Mariana, no ano de 1840, por Jules Benoit Mure, médico francês, e o tutor do imperador D. Pedro II - José Bonifácio, que teve como primeiro discípulo o médico português João Vicente Martins, propagador do tratamento homeopático no norte e nordeste brasileiro ao lado de Sabino Pinto.

Até o ano de 1859, o Brasil foi palco de um intenso debate político-institucional entre homeopatas e adeptos da medicina tradicional, uma vez que alopatas temiam perder espaço para o tratamento homeopático e, inclusive, chegaram a usar a imprensa para atacar a Homeopatia, fazendo de publicações como o Jornal do Commércio uma carta aberta para para se referirem a homeopatas como charlatões e assassinos.

A medicina brasileira do século XVIII era regulamentada pela Coroa Portuguesa, que chegou a proibir o uso de plantas da cultura popular em diferentes momentos a partir do período medieval. Os médicos da Academia Imperial de

Medicina não queriam concorrência e determinaram que a medicina oficial deveria ser hegemônica, portanto, o saber popular deveria ser eliminado. Contudo, como a presença de médicos e boticários era quase inexistente, os grupos que acabavam sendo procurados para atender emergências de saúde eram indígenas, negros e jesuítas.

Com a formação das primeiras escolas de medicina em 1832, houve a criação da Lei de 3 de Outubro de 1832, que declarou que o ensino da medicina era livre e qualquer pessoa, nacional ou estrangeira, poderia estabelecer cursos particulares sobre ramos das ciências médicas, bem como lecionar conforme a própria vontade, sem oposição por parte de instituições de ensino. Foi devido a ambiguidade deste e de demais regulamentos que se sucederam, que a Homeopatia foi legitimada no ano de 1846 e seus diplomas puderam ser conferidos.

Benoit Mure e João Vicente Martins eram adeptos da filosofia de Samuel Hahnemann, que acreditava que todos tinham direito de saber como curar. Através deles, a distribuição de livros e medicamentos homeopáticos a padres, professores e comerciantes foi iniciada no interior das províncias em fazendas, dispensários e fazendas. Enquanto isso, as Vicentinas foram alocadas em ambulatórios, enfermarias e consultórios gratuitos de Homeopatia para tratar escravos e outros indivíduos socialmente excluídos, assu -

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mindo cuidados médicos à população carente como uma de suas prioridades.

De acordo com registros históricos, a campanha da Academia Imperial que colocava homeopatas como criminosos de charlatanismo não repercutiu no interior do Brasil e o tratamento homeopático difundido por Mure e Martins chegou a Mariana em 1849, mesma época em que o Ministério do Império assumiu o comando da saúde pública por conta da ineficiência das câmaras no controle de epidemias. Afinal, a garantia de tratamento médico era exclusiva para grupos privilegiados e os médicos falhavam em atender as demandas do interior.

As Filhas da Caridade desembarcaram no Brasil após três meses de viagem por mar, e completaram o percurso do Rio de Janeiro até Minas Gerais a cavalo, chegando a Mariana no dia 3 de abril de 1849, há mais de 170 anos. Aos obstáculos da missão, as 12 Irmãs acrescentaram o aprendizado de uma nova língua e de novos costumes, além das visitas domiciliares a pobres e enfermos.

A medicina era precária na cidade de Mariana, por conta das condições sociais da população, cuja característica era a religiosidade e a confiança nas Irmãs de São Vicente de Paulo. Em correspondências trocadas entre elas e o bispo Dom Viçoso, as Vicentinas relataram o morticínio ocasionado pela Febre Amarela no Rio de Janeiro em 1850 e o adoecimento

de algumas delas durante o trabalho de peregrinação e cuidado aos pobres, citando sintomas de diarreia, asfixia, vômitos, edemas e dores.

Mesmo antes de chegarem ao Brasil, as Vicentinas já tinham o hábito de fabricarem seus próprios remédios, e foi através do auxílio que receberam do homeopata João Vicente Martins, que publicava prescrições homeopáticas para tratar casos de Cólera Morbus e Febre Amarela no Jornal do Commércio, que elas introduziram o tratamento homeopático na cidade de Mariana. As Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo chegaram, inclusive, a receber um livro de Homeopatia de Martins, e produziram preparados homeopáticos bem como alopáticos e fitoterápicos para distribuição gratuita.

O hospital das Irmãs foi fundado em maio de 1849, com ajuda de Dom Ferreira Viçoso, e era voltado ao atendimento de mulheres. Em 1854 iniciou-se o projeto de fundação do hospital Nossa Senhora das Vitórias, que atendeu mais de sete mil enfermos. Já em 1916 foi inaugurado o novo prédio do Hospital São Vicente de Paulo e no ano de 1927 o Dispensário São Vicente de Paulo, a fim de socorrer as famílias carentes com consultas médicas, medicamentos, aplicação de vacinas e distribuição de alimentos. Todo o trabalho era feito pelas próprias irmãs e os médicos não eram figuras presentes em Mariana.

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As Irmãs estabeleceram contato regular com o médico homeopata João Vicente Martins, que as incentivou a fazerem uso das práticas homeopáticas fornecidas pelo manual de homeopatia doado a elas. Portanto, o saber médico das Vicentinas não era regularizado pela medicina oficial. As técnicas médicas usadas por elas também não foram repreendidas pelo poder político por também serem protegidas por este devido a ambiguidade da regulamentação da época.

Apostava-se que o silêncio da medicina oficial hegemônica a respeito da Homeopatia a tornaria irrelevante eventualmente, entretanto, a tentativa de centralização da medicina pelo poder político da época não foi bem sucedida, principalmente em Mariana, onde a população carente sequer tinha os recursos necessários para manutenção da própria saúde.

O hospital das Vicentinas e suas técnicas de cura foram de grande auxílio para os grandes grupos ignorados pela Coroa e pelos médicos tradicionais, que fizeram tudo ao seu alcance junto a Academia Imperial de Medicina para combater a Homeopatia e todas as outras formas de cura que não fossem alopáticas, mas o uso destas por parte de ordens religiosas, como as Vicentinas, contribuíram para seu fortalecimento e permanência.

Assim, no período conhecido como a retomada social da Homeopatia, que ocorreu entre 1975 e 1990, esta foi reconhe -

cida pelo Conselho Federal de Medicina em 1980. Em 2006, o Ministério da Saúde publicou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS e é defendida, hoje, pela pasta, como eficaz para prevenção e tratamento de doenças.

Fontes:

Site Agência Primaz

Site Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo

Site Mariana Histórica e Cultural

SOUZA, C.A Introdução da Homeopatia em Mariana no século XIX. Tese (Bacharelado em História) – Departamento de História, Universidade Federal de Ouro Preto. 2003.

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Vale a pena ler...

Medicamentos Homeopáticos: sintomas de A a Z

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Imagem: Divulgação.

Escrito pelo terapeuta homeopata Eduardo Egisto, formado pela Universidade Federal de Viçosa - MG, o e-book “Medicamentos Homeopáticos: Sintomas de A a Z” foi publicado em abril de 2015 e conta com um compilado de informações que relacionam sintomas aos preparados homeopáticos mais indicados para tratá-los.

Mesmo que a base filosófica do tratamento homeopático seja a de se concentrar no indivíduo e não apenas em seus quadros de saúde, esta obra pode ser de boa

ajuda em situações de emergência e também nos momentos de consulta rápida para estudo.

A terceira edição do e-book foi lançada no ano seguinte, e conta com resenhas homeopáticas de diferentes autores, entre eles, Eliete Fagundes, Kaê Lopes e Virgínia Stefanichen, além de novos capítulos apontando preparados homeopáticos que podem ser usados como preventivos de dengue, chikungunya e zika.

É possível encontrar o ebook no site da Amazon, apenas.

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BRASIL

NOTÍCIAS

O que é e para que serve a Homeopatia?

O site National Geographic Brasil publicou uma matéria especial em comemoração ao Dia Mundial da Homeopatia, celebrado no dia 10 de abril, data de nascimento de Samuel Hanhemann, criador da prática.

No decorrer do texto, o autor apresenta as denominações que o Ministério da Saúde dá à Homeopatia, incluindo a de terapia de caráter holístico que trata o indivíduo como um todo, não em partes, e que se baseia em dois princípios fundamentais: a lei dos semelhantes, que determina que as mesmas substâncias a causar doenças ou sintomas em uma pessoa saudável também podem, em doses menores, tratar os mesmos sintomas numa pessoa enferma; e a lei de ultradiluição de medicamentos, onde preparações atualmente diluídas retém a memória da substância original.

A matéria também menciona que a pasta brasileira de saúde reconhece o caráter vitalista da Homeopatia, ou seja, o grau de saúde orgânico e psíquico de um indivíduo dependem de sua energia vital, e que processos de adoecimento estão diretamente relacionados a desequilíbrios nessa área.

No encerramento do texto, o autor menciona um editorial publicado na revista científica The Lancet, em 2005, e um artigo produzido em 2017 pelo Conselho Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da Austrália (NHMRC), que compararam o tratamento homeopático a tratamentos com placebo.

Fonte: National Geographic Brasil

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Homeopatia pode ser aliada no tratamento de pneumonia, sinusite e outras doenças

Numa matéria publicada no site Terra, a médica homeopata e clínica geral Paula Mendes falou sobre a relação entre Homeopatia e doenças respiratórias, afirmando que remédios homeopáticos podem ser administrados com medicamentos tradicionais, fazendo com que o tempo que o paciente leva para se recuperar seja mais curto.

Ainda segundo a matéria, a escolha do melhor preparado homeopático para tratar determinados quadros se baseia no conjunto de sintomas mentais e físicos, além de levar em conta fatores familiares, sociais e ambientais.

Pacientes diagnosticados com pneumonia e sinusite, por exemplo, podem ingerir preparados homeopáticos associados ao antibiótico. Já em casos de doenças crônicas como asma, bronquite, doenças reumáticas, autoimunes e também psiquiátricas, unir o tratamento homeopático e alopático resulta na diminuição da frequência das crises até a recuperação total.

Apesar de realçar os pontos positivos do uso da Homeopatia, o texto destaca a importância de não interromper os demais tratamentos prescritos sem orientação médica.

Fonte: Terra

Nota de falecimento:

Dra. Sumiko Oura Wakabara

Com pesar, informamos o falecimento da Dra. Sumiko Oura Wakabara (08/04/193828/04/2023), pediatra, homeopata e também artista na arte da ikebana e oshibana.

Wakabara foi a primeira médica pediatra a exercer o atendimento homeopático em serviço de saúde pública em São Paulo, antes mesmo do surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC).

Ela também foi docente dos cursos da Associação Brasileira de Reciclagem e Assistência em Homeopatia (ABRAH); médica assistente na Clínica de Homeopatia do HSPM-SP até 2009, e fez contribuições importantes para a Revista do IHFL – Instituto Homeopático François Lamasson e para a Revista Homeopatia Brasileira (IHB).

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Foto: Dra. Sumiko Wakabara/ Arquivo pessoal.

Minas Gerais fortalece Práticas Integrativas e Complementares no SUS

Segundo notícia veiculada no site Agência Minas, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) celebrou a data de implementação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), que ocorreu no dia 27 de maio de 2009, através da Resolução SES-MG 1.885, com o lançamento da campanha “Maio com as PICS”, que teve o objetivo de difundir práticas de acupuntura e auriculoterapia no âmbito do SUS, assim como seus impactos positivos na saúde pública.

De acordo com a referência técnica da Coordenação de Práticas Integrativas e Complementares da SES-MG, Paula Oliveira, a oferta das Práticas Integrativas (PICS), que incluem Homeopatia, reiki, terapia comunitária e yoga, entre outras abordagens, estão presentes em todas as áreas do SUS, da Unidade Básica (UBS) aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) até a Atenção Hospitalar.

Durante o ano de 2022, 625 municípios de Minas Gerais ofereceram PICS na Atenção Primária, o que corresponde a 73% das cidades mineiras e, ao todo, foram realizados 127.582 procedimentos de práticas integrativas, dos quais 122.704 foram atividades individuais e 16.347 atividades coletivas.

Para seguir fortalecendo as PICS em Minas Gerais, a SES-MG definiu, por meio da Deliberação CIB-SUS/MG 4.096, de 14/2/2023, a distribuição semestral de insumos de acupuntura e na auriculoterapia, como agulhas e sementes de mostarda a municípios que manifestarem interesse através do preenchimento e do envio de um formulário específico definido pela SES-MG.

Atualmente, o SUS oferece, gratuitamente, 29 práticas integrativas à população de todo o país.

Fonte: Agência Minas

Rio Grande do Sul sedia 1° Seminário Municipal sobre Plantas Bioativas e Homeopatia

A Secretaria Municipal de Saúde de Três Passos (RS) participou do 4º Seminário Regional e 1º Seminário Municipal sobre Plantas Bioativas e Homeopatia, que aconteceu no dia 3 de maio, na cidade de Vista Gaúcha.

O evento foi promovido pela prefeitura local, Emater/RS-Ascar e Unijuí, e contou com a participação de pesquisadores, agricultores familiares e farmacêuticos, entre outros, de 25 municípios da região.

Durante o evento foram apresentadas pesquisas sobre plantas bioativas, realizadas pela Unijui, atividades da Aters/RS com o mesmo tema, oficinas e também aconteceram discussões a

respeito da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS).

A partir do seminário, foi lançada a sugestão de criação de um grupo de estudos sobre plantas medicinais liberadas pelo SUS, formado pela Emater, Uergs e pela Secretaria Municipal de Saúde, com o objetivo de utilizar plantas bioativas nas práticas integrativas.

Fonte: Rádio Alto Uruguai

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Belo Horizonte oferece remédio homeopático para apoio no tratamento da dengue

A Prefeitura de Betim, na região metropolitana de BH, irá distribuir, gratuitamente, o remédio homeopático Eupatorium perfoliatum CH30 para amenizar ou reduzir o período dos sintomas da dengue, além de diminuir seu risco de agravamento.

A solução será produzida pela Farmácia Viva e é indicada para todos, incluindo grávidas, idosos, crianças e pacientes imunodeprimidos, e será disponibilizada nas 38 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da região, de acordo com um cronograma estabelecido pela Secretaria Municipal de Saúde.

Os interessados devem se dirigir à UBS de referência com uma garrafa de água mineral

500 ml lacrada, que será aberta apenas no momento da adição da solução em gotas. O preparado homeopático deve ser consumido em dose única, na medida de 5 ml - uma colher de chá. No caso de bebês menores de seis meses que ainda estão no período de amamentação, a mãe da criança pode, se desejar, optar por oferecer a dose por meio do próprio aleitamento, consumindo a solução 20 minutos antes de amamentar. A garrafa com o medicamento deve ser desprezada 24 horas após a retirada na UBS.

Fonte: O Tempo

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MUNDO

Utacaranda celebra o Dia Mundial da Homeopatia com a 1° edição da HomeoCon2023

A Universidade Doon recebeu a convenção nacional HomeoCon 2023, organizada pelo Conselho de homeopatia de Utacaranda, estado localizado na Índia, no dia 14 de maio. O evento contou com a presença de médicos de todo o país, que compartilharam suas experiências acerca do tratamento homeopático.

Segundo matéria publicada no site Times of India, o ministro-chefe de Utacaranda, Pushkar Singh Dhami, participou da convenção como convidado e falou sobre seu objetivo de fazer de Utacaranda um estado que promove a medicina tradicional indiana:

“Utacaranda tem raízes profundas na cultura da medicina tradicional indiana,também conhecida como AYUSH (Ayurveda, Yoga, Unani, Siddha e Homeopatia) -, e nós estamos comprometidos a respeitar essa herança e a estabelecer o nosso estado como um símbolo de excelência nessa área. Com 40% da nossa população residindo em áreas geograficamente desafiadoras, a Homeopatia e a Ayurveda podem mudar o jogo para aqueles que estão em áreas remotas e têm usado seu conhecimento tradicional de medicina para combater doenças”, afirmou Dhami.

Ainda de acordo com o site Times of India, o ministro de estado de florestas e mudança climática da União, Ashwini Kumar Choubey, também compareceu ao evento e

falou sobre a necessidade de uma abordagem mais acadêmica para promover o tratamento homeopático:

“Aumentar a pesquisa em Homeopatia é essencial para trazê-la ao conhecimento do público geral. Experimentos baseados em evidências são mais fáceis de serem aceitos pelas pessoas. Além disso, é crucial dissipar a desinformação que limita a eficácia da Homeopatia a tratamentos básicos”, comentou Choubey.

Já o Dr. Pankaj Pandey, secretário do departamento de AYUSH, compartilhou percepções sobre o bem-estar dos pacientes, chamando a atenção para a importância da integração de diferentes abordagens médicas:

“Utacaranda está fornecendo treinamento especializado para médicos alopatas. Dessa forma, podemos utilizar todos os tipos de medicina para curar pacientes”, apontou o médico.

Fonte: Times of India

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Periódico europeu de Medicina publica ataque a Homeopatia

Segundo uma publicação do site Revista Questão de Ciência, um artigo lançado recentemente no periódico científico The Wiener klinische Wochenschrift - The Central European Journal of Medicine afirma que o tratamento homeopático produz impactos danosos aos pacientes e aos sistemas de saúde atuais.

No texto, Yannick Borkens, Udo Endruscheit e Christian Lübbers, integrantes da Rede de Informações sobre a Homeopatia - Informationsnetzwerk Homöopathie (INH), escrevem que a ideia de que a Homeopatia é uma terapia válida acaba influenciando pessoas que tenham doenças de risco a adiarem a busca de tratamentos realmente eficazes, comprometendo sua saúde e bem-estar.

Ainda segundo os autores, o fato de pais e responsáveis tratarem crianças com preparados homeopáticos pode causar uma afinidade duradoura pelas medicações devido ao comportamento condicionado.

“Está claro que, como uma prática ineficaz baseada em premissas insustentáveis, a homeopatia tem o potencial de iludir e prejudicar pacientes. Não é mais justificável continuar indiferente ou manter uma posição neutra no debate sobre a homeopatia. Razões de ética científica, e especialmente médica, requerem que a propaganda sobre a homeopatia seja combatida no interesse dos pacientes”, menciona o artigo.

Fonte: Revista Questão de Ciência

Na Índia, estudantes de Ayurveda e Homeopatia terão aulas de anatomia usando cadáveres

Em matéria publicada no site Hindustan Times, estudantes de medicina nas faculdades de AYUSH - acrônimo para práticas indianas de saúde e bem-estar: Ayurveda, Yoga, Unani, Siddha e Homeopatia - em Uttar Pradesh, estado no norte da Índia, poderão estudar anatomia humana usando cadáveres, seguindo as emendas recomendadas à Lei de Anatomia de Uttar Pradesh de 1956.

As mudanças ainda precisam ser aprovadas pelo governo do estado e exigirão o fornecimento de espaço de armazenamento dedicado para cadáveres.

O movimento é projetado para equipar os alunos de AYUSH com o conhecimento necessário para tratar pacientes de forma eficaz, de acordo com o Dr. Arvind K Verma, diretor de Homeopatia em Uttar Pradesh:

“Recomendamos as alterações necessárias na Lei de Anatomia de Uttar Pradesh, publicada em 1956 para facilitar que as faculdades de AYUSH pudessem trabalhar com cadáveres doados para estudos médicos. [...] Isso abrirá caminho para que estudantes de Homeopatia e Ayurveda estudem órgãos reais. O uso de cadáveres irá equipá-los com o conhecimento certo no contexto do tratamento de pacientes”, acrescentou o Dr. Verma.

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Há nove faculdades de Homeopatia do governo em Uttar Pradesh que, ao todo, recebem 828 alunos por ano. Enquanto isso, as 58 faculdades governamentais de Ayurveda do estado recebem 502 alunos anualmente. No entanto, a maioria deles carece de cadáveres nas aulas de anatomia.

Ao explicar a importância dos cadáveres para a educação médica, o Dr. Abhishek Shukla, secretário-geral da associação internacional de médicos, afirmou:

“A dissecação de um cadáver é a primeira exposição dos estudantes de medicina ao corpo humano. Ajuda os alunos a desenvolver conhecimento sobre os órgãos humanos, sua função e posição no corpo.”

Na ausência de cadáveres, alunos de algumas faculdades acabam utilizando modelos anatô-

micos para entenderem o corpo e as funções dos órgãos, contudo, a sensação de nervos e órgãos, elemento central da educação médica, não pode ser ensinada.

Assim que o gabinete do estado aprovar a mudança na Lei de Anatomia, as faculdades tomarão as providências necessárias para obter corpos e preservá-los no campus, não em um necrotério, mas em um espaço localizado no departamento com temperatura controlada.

As faculdades de AYUSH poderão entrar em contato com faculdades de medicina para receber e manter corpos doados, além de estabelecerem parcerias com organizações voluntárias.

Fonte: Hindustan Times

10 milhões de canadenses usaram Homeopatia em 2022

Segundo uma pesquisa conduzida pela Harris Interactive, empresa norte-americana de análise de mercado, e apresentada pela Coligação de Homeopatia de Quebec (CPHQ) em parceria com a Coligação Canadense de Homeopatia (CCFH), mais de um quarto da população do Canadá, totalizando 10.3 milhões de pessoas, optaram pelo tratamento homeopático no ano passado.

“Este é um dado que esperávamos e fala alto e claro!”, disse o presidente da Coligação de Homeopatia de Quebec e vice-presidente do Sindicato Profissional de Homeopatas de Quebec, Paul Labrèche, de acordo com um artigo publicado no site de notícias financeiras Benzinga. “Por que mais de um quarto dos canadenses escolheu a homeopatia em 2022? Porque provavelmente, para esses 10 milhões

de pessoas, é uma opção que lhes convém”, reforçou Labrèche.

Outras informações apresentadas na pesquisa afirmam que:

-68% dos canadenses estão familiarizados com a homeopatia.

-83% dos canadenses que usaram a homeopatia na vida ficaram satisfeitos.

-86% dos canadenses acham que a homeopatia deve ser oferecida com a mesma ou maior frequência por seu profissional de saúde.

-80% dos canadenses acreditam que a medicina convencional e a medicina alternativa são complementares. Por “medicamentos alternativos”

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entendem-se as práticas de cuidados não convencionais (naturopatia, fitoterapia, homeopatia, quiropraxia, osteopatia, acupuntura, hipnose, etc.), por vezes denominadas “medicamentos naturais” ou “medicamentos alternativos”.

-Os canadenses usaram a homeopatia:

-Para cuidar de uma criança (35%).

-No contexto de uma doença crónica (30%).

-Como resultado de tratamento ineficaz (23%).

Fonte: Site Benzinga

Governo de Punjab, Índia, descarta tratamento homeopático para promover alopatia

A opção de recorrer ao tratamento homeopático não existe mais na província de Punjab, coração da comunidade Sikh da Índia.

O governo local decidiu não mais aceitar médicos homeopatas e suas equipes de fabricantes de medicamentos em quaisquer cargos, encerrando efetivamente a prestação de cuidados de saúde homeopáticos no setor público.

Segundo o departamento de saúde de Punjab, a decisão visa promover a medicina alopática e os fundos de tratamento alternativo serão alocados apenas para métodos de tratamento alopáticos. O chefe da Aliança Homeopática Kashif

Malik expressou sua preocupação com a decisão, afirmando que o ministro-chefe interino de Punjab deveria reconsiderar e voltar a oferecer vagas para médicos homeopatas. Para ele, caso as vagas não sejam restabelecidas, um protesto nacional será iniciado em resposta à decisão.

A exclusão do tratamento homeopático em Punjab levanta debates sobre a disponibilidade e acesso a diversas formas de cuidados de saúde e também despertou preocupações entre os médicos homeopatas e pacientes que têm preferência pela Homeopatia como forma de tratamento.

Fonte: Site Samaa

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COM A FALA, OS ATENDIDOS

Jéssica de Sousa Vieira Gama - Distrito Federal, estudante de radiologia

Eu, uma menina de 21 anos com depressão, ansiedade e transtorno de bipolaridade não tinha contato com meus amigos e me privei de tudo e todos devido a depressão.

Só queria ficar sozinha e quieta no meu quarto, não tinha autoestima, não me achava importante e tinha diversas crises de ansiedade. Tinha muito medo de andar de ônibus sozinha.

Tive três tentativas de suicídio todas com falha.

Depois da homeopatia utilizando ignatia amara 100 CH, Staphsagria 100 CH e Aurum metálico 30 CH eu consegui ver que eu era importante, sim. Comecei a sorrir para as paredes.

Comecei um curso e fiz várias amigas. Logo após, comecei a faculdade.

Ando de ônibus sozinha tranquilamente, consegui sair de casa, fui para um show e me diverti muito.

Hoje já não penso mais no suicídio graças à homeopatia.

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Moacir Wilson de Sá Ferreira

62 anos , Arraial do Cabo - Rio de Janeiro

Militar, professor, terapeuta homeopata e yogaterapeuta

tal no controle e na na estabilização dessa doença crônica e hereditária, que causa inflamação da pele, levando ao aparecimento de lesões e coceira.

Utilizei os medicamentos Sulphur, Hepar sulphur e Arsenicum album no tratamento, que requisitou uma grande dose de paciência e de disciplina.

Como Terapeuta Homeopata sou frequentemente questionado a respeito de quais medicamentos homeopáticos devemos manter em casa, na nossa “farmacinha”.

Antes de apresentar os medicamentos que mantenho sempre na minha “farmacinha” e que eu batizei de “Quarteto Fantástico da Homeopatia”, destaco que a Homeopatia não trata a “doença” e sim o “doente”.

Entretanto, reconheço que nem sempre podemos contar, de imediato, com a assistência e orientação de um homeopata, médico ou não-médico, que caracteriza a conduta ideal e correta. Nas situações que requerem uma “ação imediata”, a “farmacinha de emergência” ajuda.

Foto: Arquivo pessoal.

Meu avô fazia uso da Homeopatia e o seu pela amor pela “Arte de Curar” tocou a alma da minha mãe, que nos deixou ainda jovem, e a minha alma também. Desde então a Homeopatia esteve e está presente na minha vida, bem como de toda a minha família - esposa, filhos e neto.

No ano de 2014, me aposentei e resolvi fazer o curso de Terapeuta Homeopata. Foram dois anos de estudos intensivos e formais. Entretanto, fazia tempo que eu já vinha estudando e utilizando os recursos terapêuticos da Homeopatia, sempre com orientação profissional, e com excelentes resultados.

Destaco, entre várias experiências de resultados positivos com os medicamentos homeopáticos, uma situação que me acompanhou por um bom tempo: a dermatite atópica. Mais uma vez a Homeopatia foi fundamen -

Eis o nosso “Quarteto Fantástico”: Nux vomica, Arnica montana, Apis mellifica e Hydrastis canadensis. Estes medicamentos não faltam aqui em casa.

A Homeopatia encanta pelo olhar e pela ação que transcendem as limitadas dimensões física-emocional-mental da criatura humana e que alcança a nossa dimensão energética (espiritual).

EVITE MESMO A AUTOMEDICAÇÃO!

PARA SABER COMO E QUANDO USAR

CADA SUBSTÂNCIA CITADA NAS MATÉ -

RIAS DESTA REVISTA, OU EM QUALQUER

OUTRO LUGAR, PROCURE SEMPRE UM

HOMEOPATA. HÁ RISCO DE EFEITOS INDESEJADOS, SE A PRESCRIÇÃO NÃO FOR FEITA ADEQUADAMENTE.

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HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR

Homeopatia, os olhos e o olhar

Enquanto a medicina tradicional se baseia no tratamento de patologias através de medicamentos que têm ação específica nos sintomas, e que que por sua vez dependem da linha de atuação do profissional que os prescreve, o tratamento homeopático leva em consideração o indivíduo como um ser completo, o que resulta numa abordagem que, além dos sintomas manifestados, analisa características fisiológicas e histórico emocional. Para exemplificar a integralidade da Homeopatia, conversamos com especialistas envolvidos no tratamento de doenças oculares a respeito da manutenção da saúde dos olhos e também sobre como a saúde emocional, ou seja, nosso olhar sobre as adversidades, podem afetar quadros de saúde.

Segundo o psicólogo Ivanildo de Andrade, 51 anos, especialista em saúde pública atuante na área de psicologia clínica há 15 anos, é definida como transtorno ou problema emocional toda condição que afeta o bem-estar emocional e mental de uma pessoa:

“É um padrão de sintomas que ocorre quando um indivíduo experimenta medo extremo, tristeza ou desamparo, interferindo na capacidade de lidar com a vida cotidiana e de funcionar de forma saudável e produtiva”, aponta. “Esses transtornos podem ser causados por uma variedade de fatores, incluindo eventos traumáticos, estresse, genética, experiências de vida, desequilíbrios químicos no cérebro ou uma combinação desses fatores”.

Ainda de acordo com Andrade, alguns exemplos de transtornos emocionais são ansiedade, depressão, transtornos de personalidade, transtornos humor e transtornos relacionados ao estresse:

“Os sintomas associados a essas condições variam, dependendo do distúrbio, mas geralmente incluem uso habitual e excessivo de substâncias como alimentos e bebidas, acessos episódicos de raiva, mudanças frequentes de humor, pensamentos e ações fora do comum para a idade do indivíduo, e automutilação. Além do mais, os distúrbios emocionais podem gerar a dissociação cognitiva que é identificada quando um padrão de sentimentos, comportamentais ou mentais, ou respostas desadaptativas são desproporcionais à situação real de um indivíduo, podendo ter graus leve, moderado e grave no comprometimento da saúde mental das pessoas. [...]

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Foto: Ivanildo de Andrade/Arquivo pessoal.

A psicologia procura entender a natureza e as causas desses transtornos, bem como desenvolver tratamentos eficazes para ajudar as pessoas a lidar com estas disfuncionalidades. [...] Você sente que suas emoções estão tomando conta da sua vida? Se assim for, pode ser hora de buscar ajuda profissional”, complementa o psicólogo.

Segundo a terapeuta homeopata Perônica de Souza Pires, 60 anos, formada pelo instituto Homeobrás em parceria com a Faculdade Inspirar, a Homeopatia define doenças emocionais como “todas as distorções decorrentes do mal pensar, do mal sentir e, por fim, do mal agir”. Ao ser perguntada sobre a efetividade de tratamentos homeopáticos de doenças emocionais, ela afirma:

“Todos os problemas emocionais podem ser tratados com Homeopatia, mesmo porque ela irá buscar a causa do distúrbio, considerando o indivíduo na sua totalidade e assim devolver-lhe o equilíbrio”, observa. “A Homeopatia trata o lado emocional da pessoa considerando o todo do indivíduo, investigando a causa de suas perturbações, utilizando medicamentos homeopáticos que se assemelham e cubram a maior parte dos sintomas relatados, e este procedimento é o que difere a Homeopatia das demais terapias. Já a medicina tradicional trata o indivíduo de forma fragmentada, visando tratar apenas os sintomas que o perturbam naquele momento”.

Seja tratando quadros emocionais ou distúrbios fisiológicos, o tempo de tratamento homeopático pode ser mais curto ou mais longo por diferentes razões.

“É imprevisível [o tempo de tratamento], pois depende de vários fatores, como o grau de adoecimento, a indicação da medicação correta, e o quanto o cliente está disposto a se envolver com o tratamento e todas as orientações pertinentes ao tratamento”, explica Pires. “A natureza humana é muito complexa e o que vale para um indivíduo, pode não valer para outro”.

Em relação às expectativas dos clientes quanto a cura total do tratamento homeopático, a terapeuta homeopata é assertiva:

“Pode-se esperar tanto a cura quanto a melhora na qualidade de vida, desde que alguns critérios sejam cumpridos. O terapeuta deve ser assertivo na indicação do medicamento e o cliente deve demonstrar interesse real em aderir ao tratamento, e também deve estar disposto a adotar hábitos que favoreçam a higiene mental”, analisa.

Migrando do olhar para os olhos, a aplicação da Homeopatia na manutenção da saúde ocular é uma prática comum, mesmo que pouco conhecida entre seus simpatizantes. Estudos publicados por homeopatas e acadêmicos de diferentes países relatam o uso de preparados homeopáticos no tratamento de catarata, ceratoconjuntivite primaveril, olho seco e úlcera de córnea, por exemplo.

Para o optometrista WIlson Cardoso, 59 anos, formado pela Universidade do Contestado, instituição comunitária de educação superior do estado de Santa Catarina, a maioria das pessoas demora a procurar tratamento para doenças oculares, fazendo com que os prognósticos não sejam tão positivos quanto poderiam quando há acompanhamento preventivo.

“Dependendo do tipo de problema [visual ou ocular], os sintomas podem ser ausentes em algumas variedades de alterações, como por exemplo na baixa hipermetropia ou no glaucoma de pressão normal, podendo surgir como intolerância à luz nas feridas que afetam a

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Foto: Perônica de Souza Pires/Arquivo pessoal.

córnea [ceratites]. Nestes casos, o percentual de visão é diminuído. Já nas doenças que afetam a retina, pode ocorrer a percepção visual de manchas ou ainda de falha na resolução das imagens, quando faltam partes do objeto visualizado”, explica Cardoso. “A orientação é que, preventivamente, o indivíduo se consulte com um optometrista e, caso seja observada qualquer anomalia, este profissional orientará a especialidade que o paciente deve procurar para dar continuidade ao tratamento”.

ção espacial, a convergência, a acomodação do cristalino e a noção cromática, contraste, enfim, a visão tem importante papel na relação do indivíduo com o universo e não pode ser relegada a segundo plano”.

De acordo com a terapeuta homeopata Sheila da Costa Oliveira, 63 anos, formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), os aspectos psicossomáticos são muito importantes na abordagem homeopática, considerando, inclusive, traumas emocionais e traços específicos da personalidade como parte do quebra-cabeças que se monta para entender por que a pessoa adoeceu e como levá-la de volta à saúde:

Vale lembrar que nem toda alteração da visão está associada a doenças oculares.

“Na Optometria, as alterações visuais não são doenças e sim alterações do sistema visual, entre eles, os erros refrativos, popularmente conhecidos como grau, que variam em tipos,sendo que alguns têm potencial para desencadear problemas graves, como estrabismo, descolamento de retina/vítreo e/ou cegueira”, esclarece Cardoso. “Além dos problemas refrativos, temos as alterações no ajuste do foco dos olhos e da convergência, eventos que geram muitos sintomas que, ao serem analisados por um profissional da saúde que não seja o optometrista, podem ser confundidos com doenças, [...] e ocasionar condutas profissionais equivocadas, quase sempre prescrevendo medicamentos que só pioram o problema. Também temos disfunções complexas feito a ambliopia, que afetam a propriocepção, a no -

“Para a Homeopatia, é igualmente importante que a saúde do que se vê – órgãos visualmente perceptíveis – venha do que não se vê – o interior do corpo, ou, como se diz comumente, ‘de dentro para fora’. Não se busca, somente, suprimir sintomas, mas tratar as causas, e por isso as recidivas são reduzidas ou deixam de acontecer”, ressalta. “Observa-se a evolução dos sintomas e do comportamento da pessoa em tratamento, como um todo. Se o nível mental-emocional melhora, a cura está se processando de dentro para fora. Então, muitas vezes pode-se ver uma pessoa que fica menos impaciente e, por isso, tem menos alergias e coça menos os olhos. A partir de um sintoma físico, o homeopata vai buscando a fonte desse sintoma, e chega, muitas e muitas vezes, a traumas antigos e situações estressantes que acabaram gerando padrões de adoecimento, e isso leva mais tempo para tratar. Por isso, não há um tempo específico. O homeopata vai tratando em camadas as situações que se apresentam, até que todas estejam em equilíbrio. Daí a importância de se conversar a respeito de um ‘tratamento’ e não de uma consulta única, da qual já se deseja sair curado. O caminho até o adoecimento é trilhado, muitas vezes, por anos, e é preciso um investimento proporcional na direção da cura, o que é especialmente válido para as doenças crônicas. Se a pessoa é tratada homeopaticamente des -

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Foto: Wilson Cardoso/Arquivo pessoal.

de o início do incômodo, a probabilidade de se curar rapidamente e não ter recidiva é bem alta. Se os problemas se cronificam, é mais trabalhoso”, destaca.

Ainda segundo Oliveira, o preparado homeopático ideal para agir no tratamento de problemas oculares é o “medicamento da pessoa”, ou simillimum na nomenclatura homeopática:

“É o melhor para equilibrar o indivíduo como um todo”, garante. “Quando se encontra essa ‘chave de ouro’, praticamente tudo pode ser trabalhado por meio dele. No entanto, como nem sempre se encontra isso com facilidade, principalmente em emergências, buscamos então os remédios por ‘tropismo’, isto é, pelo local do corpo em que agem mais. Existem, então, Olho total (organoterápico), Physostigma, Paulinea sorbilis, Ruta graveolens, Iris versicolor, Thuya, Cineraria marítima, e Euphrasia, entre outros. Os dois últimos, inclusive, são usados em forma de colírio homeopático há mais de um século, no Brasil, para tratamento de secura ocular, conjuntivites e até catarata. Os demais agem no equilíbrio vascular, das mucosas, no balanço hídrico e, por isso, são excelentes para manter a saúde dos olhos”, assinala.

Confirmando a fala de Oliveira, o psicólogo Ivanildo de Andrade diz que aspectos emocionais podem, sim, influenciar na recuperação ou no agravamento de problemas fisiológicos de saúde.

“O campo da psicossomática, que estuda a relação entre corpo e mente, tem mostrado que existe uma conexão íntima entre o estado emocional e a saúde física. [...] O estresse crônico pode afetar negativamente o sistema imunológico, tornando-o menos eficaz na luta contra infecções e doenças. Além disso, o estresse excessivo está associado a uma série de problemas de saúde, como doenças cardíacas, hipertensão e distúrbios digestivos”, exemplifica o especialista. “Também é fato que o estado psicológico de uma pessoa pode afetar sua

motivação e capacidade de aderir ao tratamento médico. Se alguém está deprimido, ansioso ou desmotivado, pode ser mais difícil seguir as recomendações médicas, como tomar medicamentos regularmente, fazer exercícios físicos ou adotar uma dieta saudável. Isso pode retardar a recuperação ou até mesmo agravar a condição física.”

Ainda de acordo com Andrade, a resiliência emocional pode desempenhar um papel importante na recuperação física:

“Pessoas que possuem uma mentalidade positiva, habilidades de enfrentamento saudáveis e uma rede de apoio social sólida têm mais probabilidade de se recuperarem mais rapidamente de doenças físicas. O estado psicológico pode influenciar a percepção dos sintomas e a resposta ao tratamento levando em consideração que a mente tem um poderoso efeito sobre o corpo e assim sendo, o efeito placebo ocorre quando uma pessoa experimenta melhorias na saúde devido à crença no tratamento, mesmo que o tratamento em si não tenha propriedades terapêuticas. Por outro lado, o efeito nocebo ocorre quando uma pessoa experimenta efeitos colaterais ou piora dos sintomas devido à crença negativa em relação ao tratamento”, pondera. “É importante ressaltar que a relação entre o estado psicológico e a recuperação física é complexa e multifacetada. Cada pessoa é única e pode responder de maneira diferente. No entanto, reconhecer a importância do estado psicológico na recuperação física e buscar apoio psicológico adequado pode ser benéfico para promover uma recuperação mais completa e saudável”, conclui.

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ENTREVISTA

Tratamento homeopático pré e pós natal

O período de pré-natal, que compreende o acompanhamento da saúde da gestante e do feto, desde o momento que a gravidez é confirmada até o parto, bem como o período pós-parto, também conhecido como acompanhamento puerperal, representam fases sensíveis para a saúde da mulher e do bebê.

Para esclarecer pontos importantes acerca da influência positiva da Homeopatia no tratamento de gestantes, lactantes e lactentes, nós conversamos com a terapeuta homeopata Cássia Regina da Silva Luz, 52 anos, pós-graduada em Homeopatia pelo Instituto Brasileiro de Homeopatia - Homeobras.

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Cássia da Silva Luz/Arquivo pessoal.

REH: Quais problemas, físicos e emocionais, costumam surgir com mais frequência durante as fases de pré e pós natal, tanto na mulher quanto no bebê?

Cássia da SIlva Luz: Segundo os casos que eu acompanhei, na fase pré-natal surgem algumas vezes a insegurança e medo futuro misturadas com alegria, principalmente se a mãe estiver grávida pela primeira vez. Também podem ocorrer náusea, azia, vômitos, em alguns casos nos primeiros meses. Algumas vezes dores de cabeça, e mais no final os desconfortos com dores na coluna, quadril, barriga pesando, inchaços.

No pós-natal, apenas uma das grávidas que atendi teve um processo de depressão pós parto, não conseguiu amamentar de início, e teve um processo de pânico ao pensar no futuro. Esses sintomas vinham junto com um calor, e frio ao mesmo tempo.

No caso dos bebês, todos muito saudáveis, das grávidas que acompanhei entre 2020 e 2023, apenas dois tiveram cólicas até o terceiro ou quarto mês de vida.

REH: Quais desses problemas de saúde podem ser evitados e de quais formas?

Cássia da Silva Luz: Os padrões de adoecimento podem ser evitados tratando as pessoas antes de engravidar. Podemos tratar o casal nutrindo e equilibrando, preparando a saúde para o momento da concepção. Acho essa possibilidade fantástica para começarmos a pensar em pessoas saudáveis antes da concepção. O tratamento homeopático age de dentro para fora, ou seja, trabalha no sentido de eliminar, excretar, jogar para perife-

ria o agente adoecedor. Então vamos da desintoxicação caminhando para nutrição com Sais de Schussler, então as homeopatias do Simillimum do casal ou Simillimum Momentum, e junto entram a fitoterapia e a dietoterapia, na visão da medicina tradicional chinesa, pensando principalmente o equilíbrio emocional e mental, e os aspectos físicos, que incluem aumentar imunidade e melhorar em todos os aspectos a qualidade do sangue, revitalizando órgãos essenciais, tratando miasmas herdados dos pais, os futuros avós.

Quando isso não é possível, e a grávida só chega com a gravidez em andamento, tratamos tudo somente com Sais de Schussler e a dietoterapia mais adequada para aquele caso específico.

Além desse tratamento, também temos vários fatores que colaboram para a saúde da grávida, como a presença paterna e da família, exercícios adequados para grávida, a monitoração do seu médico, etc.

REH: A Homeopatia pode ser utilizada para preveni-los? Quais preparados homeopáticos costumam ser indicados para quais quadros de saúde físicos e emocionais quando se trata de prevenção?

Cássia da Silva Luz: A homeopatia aliada à nutrição é a melhor prevenção que conheço. Os remédios indicados vão de acordo com cada pessoa. Conforme o Dr. Hahnemann, a homeopatia trabalha com Simillia Simillibus Curentur, semelhante cura semelhante, ou seja, o remédio mais semelhante aos padrões de adoecimento daquela pessoa. A medicina tradicional chinesa também trabalha

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com o mesmo método, muito particular para cada pessoa.

Podemos imaginar um casal onde a mulher sofre com problema crônico de anemia e o marido tem asma crônica; a Homeopatia pode tratar esses padrões de adoecimento, equilibrar o terreno do casal deixando-os mais saudáveis, um terreno mais alcalino, menos ácido possível, forte, para depois gerar um bebê mais saudável, e com menos probabilidade de trazer os padrões de adoecimento dos pais.

É como se fosse a preparação da terra para plantar. Podemos pensar em Homeopatias preventivas como, exemplo: Natrum muriaticum, considerado o “sal da água”, ajuda a transportar a água pelas células do nosso organismo e faz um excelente trabalho nos líquidos orgânicos, no sangue, e na harmonização mental. Ferrum phosphoricum vai ajudar o organismo a intervir em múltiplos processos enzimáticos e a exercer funções importantes nos mecanismos de defesa contra as infecções, melhorando a condição dos Sangue em todos os aspectos. A Thuya occidentalis realiza um excelente trabalho de limpeza no organismo para desintoxicar, limpar miasmas de vacinas, realmente “desentuiar”. termo usado pela minha avó, para retirar as coisas que não fazem bem e fazer uma limpeza, porque ela atua desinflamando o organismo física e mentalmente.

Seria um dos primeiros remédios de prevenção porque aumenta a imunidade também.

Sem esquecer da Calcarea carbonica, que vai realizar um trabalho nos rins, o

órgão onde está guardado nosso “jing” energia da essência da vida, o QI inato e o adquirido, ou seja, o que traz a herança genética e desenvolve a herança adquirida dos pais, passa para adiante e é por isso que sempre foi considerada uma medicação constitucional na Homeopatia. A Calcárea Carbônica regula todos os líquidos do corpo: entrada, utilização, distribuição e saída; controla e promove a inspiração porque ela refresca o organismo; e auxilia na determinação da condição dos ossos e da medula.

REH: Qual é o período ideal para uma gestante iniciar tratamento homeopático?

Cássia da Silva Luz: O período ideal seria no mínimo um ano antes de engravidar para fazer um bom trabalho de desintoxicação e nutrição do casal. Uma das formas de realizar esse tratamento é usando os Sais de Schussler, que consistem em 12 sais minerais que ajudam a equilibrar o organismo e a curar diversos males. Os Sais agem a nível celular, então o quanto antes melhor para uma boa estruturação do bebê e da grávida. Também é bom começar na primeira semana de gravidez. Caso não seja possível, vamos sempre trabalhar com o que temos. Daí em diante vamos fazer o que for possível, e ainda assim temos ótimos resultados. Porém, o bebê terá passado de fases onde os Sais são determinantes na formação dos órgãos, pele e ossos.

Se conseguimos começar no primeiro mês, enumeramos os 12 Sais de Schussler e a futura mamãe começa a tomar um sal por dia até o final da amamentação. Se houver desequilíbrio nesse período, utilizamos um dos Sais mais

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vezes ao dia. Se a mãe estiver com inflamação de garganta, por exemplo, entramos com Ferrum phosphoricum a cada hora até resolver a crise. Se for dor, cólica, cãimbra, tontura, entramos com Magnésia phosphorica a cada hora até resolver a crise. No caso de náusea e/ou vômitos, entramos com Natrum muriaticum a cada hora ou até a cada 30 minutos até resolver.

REH: Relembrando os seus anos de experiência como terapeuta homeopata, existe algum caso de tratamento para pré/pós-natal que mais chamou a sua atenção?

Cássia da Silva Luz: Cada grávida tem uma história interessante e peculiar, mas se for para falar de apenas uma, podemos pegar o caso da F.M. que se passou em 2020. O bebê nasceu em fevereiro de 2021. Essa jovem, de 23 anos na época, trazia um organismo com histórico complicado. Nasceu e teve muitos problemas de infecção de ouvido, com muita secreção, dava bolhas de pus, teve que fazer cirurgia e colocar carretel, não conseguia ganhar peso e formar músculos, era extremamente magra teve muitas infecções de garganta até retirar as amígdalas com 15 anos. Ela não tinha contato com o pai e não o conhecia, apesar de saber da existência dele. Mantinha um sentimento de mágoa. É extremamente ansiosa, e fala muito rápido. Essa grávida começou a tomar os Sais de Schussler com três meses de gravidez.

O marido também tem uma história complicada. Foi uma criança extremamente nervosa, irritada com tudo. Desde a adolescência tem dores de cabeça diariamente e insônia.

Pois bem, com esse terreno, tratamos com os 12 Sais de Schussler. Faltando dez dias para o dia marcado pela médica como previsão final para fazer a cesárea, caso não houvesse dilatação até lá, começamos a fazer acupuntura diária e usamos a Actea Racemosa 6CH, 3 gotas 6 vezes ao dia. Obtivemos êxito, e a mãe teve um parto normal nove dias depois. O bebê nasceu saudável, tranquilo, e teve poucos episódios de cólica.

A mãe teve traumas porque o parto durou mais de 12 horas, e o bebê era muito grande. A bexiga dela saiu do lugar, ela teve corrimento pós-parto, e não conseguia ter relações sexuais após três meses do parto. Tratamos as complicações pós-parto com Hypericum, Staphysagria e Arnica para traumas físicos, emocionais e mentais. Tratamos o corrimento aquecendo o útero com moxabustão, que é uma técnica de acupuntura que aplica calor direto sobre a pele com ervas e fogo. Após quatro meses, as questões foram se resolvendo.

O bebê tem um pequeno sopro no coração que está sendo acompanhado sem transtornos. Mas estamos tratando a criança com dietoterapia, nutrindo o organismo, e usando a Thuya 30CH a cada vacina, os Sais de Schussler a cada desequilíbrio, e ela está é extremamente tranquila.

Entendi que os Sais de Schussler comprovaram sua ação na estrutura física e mental dessa criança, que tem boa imunidade, quase não adoece, e se restabelece rapidamente com homeopatia.

REH: Há alguma contraindicação para o tratamento homeopático durante pré e pós-natal?

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Cássia da Silva Luz: Particularmente, pela descrição das matérias médicas de homeopatias como Thuya e Sulphur, dependendo do histórico do organismo da grávida, devem ser evitadas nos primeiros meses de gravidez. São homeopatias que têm uma força centrífuga, e poderiam trilhar esse caminho no organismo detectando a presença do feto como corpo estranho. Não podemos correr riscos.

REH: A depressão pré e pós-parto também é assunto de saúde pública. Como a homeopatia pode ajudar nesses casos? Quais preparados homeopáticos costumam ser indicados e por quê?

Cássia da Silva Luz: A Homeopatia pode auxiliar e muito, além do que é um momento que a mamãe não pode, nem deve, se intoxicar de remédios antidepressivos amamentando o bebê. É um momento que houve perda de sangue, e essa perda pode interferir e muito nesse processo de tristeza, além da sensação do vazio da barriga como se uma parte de si fosse retirada. Na medicina tradicional chinesa, é importante tratar qualquer perda de sangue nutrindo o sangue imediatamente. Essa perda de sangue pode causar, ansiedade, insônia, pânico, depressão, é importante avaliar e tratar, para não chegar no climatério com muitos desajustes.

Podemos pensar em Hypericum perforatum para recompor esse organismo, no caso sensação de tristeza por falta de algo, vazio. Ignatia seria um bom remédio para mães que se sentem contrariadas, magoadas. Arsenicum album para depressão com muita prostração, ou alternando excitação e tristeza, com medo, medo de coisas variadas, medo da

morte. Gelsemium em casos de depressão após emoções fortes, más notícias, sustos. Natrum muriaticum para estados de ruminação de fatos passados e choros que, em geral, são agravados entre 10h e 11h da manhã. Nux Vomica também é indicada para mães com vida profissional muito ativa e que se sentem desanimadas, com dificuldade de executar trabalhos cerebrais. Também é importante avaliar e, se necessário, adicionar os Sais de Schussler para o tratamento pós-parto, em especial o Ferrum phosporicum e Magnésia Phosphorica, devido a perda de sangue, para recompor o organismo em momentos de fraqueza, dores, cãibras e tonturas.

REH: A Homeopatia pode facilitar o momento do parto?

Cássia da Silva Luz: Três semanas antes da previsão do parto podemos entrar com Actea Racemosa, que trata a rigidez no colo do útero, cãimbras abdominais e dores do parto). Hypericum perforatum para feridas laceradas, e que também é preventivo de tétano e de depressão nervosa decorrente de trauma. Arnica montana para casos de hemorragia e traumas, Caulophyllum para auxiliar na dilatação do colo uterino, principalmente em casos onde o útero está inerte nesse momento de atividade, Staphysagria que é indicado para traumas e ferimentos, além de intervenções cirúrgica), e Thuya Occidentalis que previne possíveis inflamações geniturinário, contrações dolorosas, nevralgias e dores em geral.

REH: Recém-nascidos já podem iniciar tratamento homeopático?

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Cássia da Silva Luz: Sim. Assim que os bebês nascem já é possível receitar Thuya para limpar toxinas das vacinas e também de remédios que a mãe possa ter usado no momento da anestesia, por exemplo. Também é possível receitar Calcárea Carbônica até os dois anos de idade da criança para consolidar a essência renal. A diferença é que nos primeiros meses os preparados homeopáticos são passados na pele do bebê através de uma gotinha, e a partir do primeiro ano ele já pode ingerir.

REH: Quanto tempo o acompanhamento homeopático pós-parto da mulher e do bebê pode durar?

Cássia da Silva Luz: Enquanto estiver amamentando, pois estamos nutrindo e auxiliando no equilíbrio da saúde enquanto tudo está saindo no leite para o bebê.

REH: Como escolher o melhor homeopata? Como identificar se o tratamento está sendo efetivo? Como identificar a necessidade de trocar de homeopata?

Cássia da Silva Luz: Os efeitos do tratamento são rápidos e visíveis. Se isso não está acontecendo é hora de analisar, verificar a necessidade de consultar outro homeopata e tirar dúvidas.

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Segunda Parte

HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA

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39 Revista de HOMEOPÁTICOS Estudos

O aparecimento de um estado inflamatório agudo como indicativo de melhora em casos de dermatite atópica sob tratamento com a homeopatia clássica: uma série de casos

Seema Mahesh1,2, Mahesh Mallappa2, Olga Habchi3, Vasiliki Konstanta4, Cristina Chise5, Panagiota Sykiotou6 e George Vithoulkas7,8

1School of Medicine, Faculty of Health and Medical Sciences, Taylor’s University, Subang Jaya, Malaysia. 2Centre for Classical Homeopathy, Bangalore, India. 3The Modern Medical Consultation Centre, Dubai, UAE. 4Homeopathic Centre of Classical Homeopathy, Athens, Greece. 5Arizona Homeopathy, Phoenix, AZ, USA. 6Homeopathic Centre of Classical Homeopathy, Athens, Greece. 7Postgraduate Doctors’ Training Institute, Health Care Ministry of the Chuvash Republic, Cheboksary, Russian Federation. 8International Academy of Classical Homeopathy, Alonissos, Greece.

RESUMO: A teoria do continuum e a teoria dos Níveis de Saúde propõem a ideia de que o retorno de uma inflamação aguda eficiente (febre alta) anuncia uma melhora verdadeira dos estados inflamatórios crônicos. Apresentamos seis casos de dermatite atópica que tiveram melhora estável por um ano, ou mais, sob tratamento com homeopatia clássica. Os casos foram avaliados retrospectivamente, com seleção baseada em critérios diagnósticos de Hanifin-Rajka para dermatite atópica, e acompanhamentos avaliados segundo as mudanças no SCORAD (SCORing Atopic Dermatitis). As imagens são apresentadas como evidências. O Critério Naranjo Modificado para avaliação da atribuição causal de resultados clínicos à intervenção homeopática foi utilizado para analisar os efeitos da homeopatia nestes casos. Todos os casos melhoraram e estabilizaram, com depuração completa da pele (os que tiveram recidiva dentro de um ano não foram incluídos). Esses pacientes não apresentavam febre alta/doenças inflamatórias agudas desde o início/agravamento da dermatite atópica. Cinco dos seis casos desenvolveram doenças inflamatórias agudas à medida que a condição crônica melhorava. O último caso apresentou o retorno de uma patologia antiga, mais leve. Os casos- controle – que foram selecionados por não melhora com homeopatia clássica - também mostraram depuração cutânea notável quando surgiram estados inflamatórios agudos. Neste artigo, há uma relação mutuamente exclusiva entre inflamação aguda eficiente e inflamação crônica, que estão em acordo com as duas teorias aqui consideradas. Outros estudos científicos são necessários para confirmar o fenômeno a nível tecidual.

PALAVRAS-CHAVE: Dermatite atópica, eczema, homeopatia, inflamação

TIPO: Relato de caso

FINANCIAMENTO: Os autores não receberam nenhum suporte financeiro para a pesquisa, autoria e/ ou publicação deste artigo.

DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES: Os autores não declararam nenhum potencial conflito de interesses em relação à pesquisa, autoria e/ou publicação deste artigo.

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APRENDENDO COM VITHOULKAS

AUTOR CORRESPONDENTE: Seema Mahesh, School of Medicine, Faculty of Health and Medical Sciences, Taylor’s

University, 1 Jalan Taylors, 47500 Subang Jaya, Selangor, Malaysia. Email: bhatseema@hotmail.com

Histórico

A ideia de que o início de doenças inflamatórias crônicas implica na ausência de resposta imunológica aguda eficiente foi proposta por Vithoulkas e Carlino1. A teoria também propõe que quando sob tratamento com homeopatia clássica, à medida que a condição inflamatória crônica melhora, a habilidade do organismo de instalar uma resposta inflamatória aguda eficiente ao estímulo patogênico, retorna; este é um fenômeno clínico concreto, que confirma a melhora estável da doença crônica em questão.

Este estudo teve por objetivo explorar se tal correlação era realmente possível de ser compreendida em situações reais, através da análise de casos de dermatite atópica. O critério de inclusão para o estudo foi – estabilidade na melhora da dermatite atópica por pelo menos um ano após o tratamento com homeopatia clássica.

A dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica,2 que afeta, mundialmente, mais de 20% das crianças e 3% adultos.3 Muitas vezes, é o primeiro passo para condições alérgicas (alergia a alimentos, asma, alérgica, conjuntivite alérgica e esofagite eosinofílica).3 Geralmente, segue o curso derecidivas crônicas e é somente controlada, não curada, pelo tratamento convencional. 3,4 Pesquisas recentes mostram que a atopia representa envolvimento sistêmico e não restrito cutâneas. Diversas comorbidades (cardiovasculares, neuropsiquiátricas, malignidades, etc.), associadas à dermatite atópica parecem confirmar o acometimento sistêmico.5 Em termos de tratamento, o controle do prurido é especialmente desafiador nesses casos, apesar das muitas soluções terapêuticas oferecidas. Os mastócitos, responsáveis pelo início e ampliação da resposta alérgica, liberam muitos pruritogênios. Classicamente, pensava-se que a histamina produzia a sensação de prurido, através de seus receptores nos neurônios sensitivos, e anti-histaminas H1 eram aplicadas para o controle do prurido relacionado à dermatite atópica. No entanto, isso tem sido clinicamente desanimador. Estudos recentes têm revelado o papel das interleucinas liberadas pelos mastócitos na geração do prurido, na dermatite atópica, e novas estratégias de tratamento envolvendo o bloqueio dessas interleucinas estão sendo desenvolvidas.6-8

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Figura 1. Gráfico SCORAD de todos os casos Figura 2. Correlação de doenças agudas com Scorad

Além disso, estudos têm mostrado que, embora haja evidências de pessoas com dermatite atópica adquirindo sensibilidade aos alergênicos, mais de 20% deles não estão. Isso sugere que a doença tem fenótipos variados e existe uma necessidade de adaptar o tratamento para a constituição genética e fenotípica de cada indivíduo.4 Pesquisadores concordam que a dermatite atópica é o resultado de uma constituição alérgica, e essa tendência para alergias precisa ser tratada. 3

Na homeopatia clássica, os atributos hereditários completos e a apresentação fenotípica de um paciente (apresentação sintomática peculiar) são estudados em detalhes, e o remédio selecionado é individualizado no mais elevado grau clinicamente possível.9 Existem relatos demonstrando possibilidades similares em outras patologias dermatológicas, como o vitiligo. 10

Conduzimos uma análise retrospectiva de casos de dermatite atópica a partir de registros clínicos que estão aqui apresentados como uma série de seis casos diagnosticados com dermatite atópica, reconfirmados por plotagem retrospectiva mediante o critério de Hanifin-Rajka para dermatite atópica. Todos eles estavam estáveis há um ano ou mais, pelo tratamento individualizado com homeopatia clássica. Os resultados foram avaliados no escore para dermatite atópica (SCORAD)11 (Figura 1). Por fim, os casos foram avaliados quanto ao desenvolvimento de alguma doença inflamatória aguda e sua correlação com o SCORAD, indicativo da doença inflamatória crônica em questão (Figura 2).

A fim de verificar se isso seria válido para toda inflamação aguda, nós avaliamos a mesma associação em casos que não estavam melhorando com o tratamento homeopático.

O objetivo deste estudo foi analisar se existe relação entre o início de uma inflamação aguda eficiente e a melhora na doença inflamatória crônica (neste caso, a dermatite atópica), a partir de cenários reais.

Série de casos

A série de casos envolveu seis pacientes sob tratamento com homeopática clássica. O critério de inclusão foi a melhora da dermatite atópica por um ano ou mais, após o término do tratamento. A Tabela 1 mostra os detalhes das características dos pacientes. A idade dos pacientes variou entre 3 meses e 39 anos. Um deles era do sexo masculino. O diagnóstico de dermatite atópica foi retrospectivamente confirmado utilizando-se o critério de Hanifin-Rajka 12 (Tabela 2). Nenhum desses pacientes estava sob uso de agentes farmacológicos para sua patologia no momento da consulta ou durante os acompanhamentos. Nenhum deles desenvolveu reações adversas durante o tratamento. A severidade da dermatite atópica foi avaliada utilizando-se a escala SCORAD, e o progresso deles foi registrado em conformidade (Figuras 3-8). Os escores clínicos que não foram avaliados durante a consulta foram avaliados retrospectivamente, segundo descrição detalhada dos registros clínicos e fotografias.

Caso 1 (Figura 3)

Uma criança grega, de seis meses de idade, foi trazida no dia 27/08/2007, com dermatite atópica extensa no rosto, com descamação, crostas e prurido intenso (SCORAD 36,8). À primeira vista, aparentava ter três meses de idade. A criança estava em aleitamento materno exclusivo, e não havia nenhuma outra queixa aparente.

História familiar: Mãe teve reações alérgicas a cereais há cinco anos.

Primeira prescrição: Foi prescrito Graphites 200CH, 1 dose.

Acompanhamento: Dois dias depois, houve uma leve agravação terapêutica (uma reação esperada após o remédio, e não um evento adverso), seguida de melhora considerável na dermatite a partir do sexto dia (SCORAD 10,35). Quando foi introduzido dieta sólida, aos 8 meses, a criança teve uma recaída, e foi necessário repetir Graphites 200CH. O bebê continuou a ser amamentado. Cada tentativa de introduzir algum alimento sólido (frutas, vegetais, cereais, frango, carne) resultava em recidiva da dermatite

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atópica. Foi prescrito Calcarea carbonica 200CH, tendo pouco efeito. O médico, agora, procurou tratar a mãe. Embora este conceito requeira investigação científica, existem evidências relativas a mudanças na composição do leite materno quando a mãe está psicologicamente afetada.13 Estudos investigaram outros efeitos dessas alterações nas crianças, mas não especificamente a dermatite atópica. No entanto, é um fenômeno clínico amplamente aceito entre médicos homeopatas, o de que quando a mãe é afetada, a criança amamentada pode desenvolver alguma queixa – física/psicológica. Aqui, a mãe estava em sofrimento devido à perda de um ente querido (durante a gravidez desse filho). O caso dela foi tomado, em detalhes, e foi prescrito Natrum muriaticum 200CH e 1M.

Seguiu-se uma agravação terapêutica na mãe, onde ela sentiu uma intensificação da tristeza, por dois dias, acompanhado de febre de 38°C, e a criança, no quarto dia de tratamento da mãe, desenvolveu febre de 38,7°C, com duração de 24 horas. A mãe e o bebê melhoraram consideravelmente dali em diante (SCORAD 9.55). A dermatite atópica no rosto da criança diminuiu e desenvolveram-se erupções no tronco (a mudança das lesões de pele para uma região mais baixa é um indicativo de melhora, segundo a homeopatia). Foi gradualmente introduzido dieta sólida, e houve uma recaída aos 11 meses de idade, quando foram introduzidos ovos e peixe. Neste momento, Natrum muriaticum foi dado diretamente para a criança, melhorando completamente a dermatite atópica (SCORAD 0).

Resultado: No acompanhamento, aos 12 anos de idade, não apresentava nenhum episódio alérgico desde o último, aos 11 meses de idade (Figura 1).

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Tabela 1. Série de casos de dermatite atópica – características dos pacientes
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Tabela 1. (Continuação)
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Tabela 2: Critério diagnóstico Hanifin-Rajka para dermatite atópica preenchido para cada caso

Caso 2 (Figura 4)

Uma mulher americana, de 22 anos, procurou o médico homeopata no dia 11/02/2014, para dermatite atópica do rosto, pescoço, braços e abdômen (SCORAD 28.2). O eczema apareceu pela primeira vez nos braços, quando tinha 4 anos, lentamente espalhando-se para o pescoço, e desde o ano anterior, disseminou para o rosto e apareceu no abdômen. Aos 14 anos, ela fez testes de alergia e descobriu-se alergia a leite, trigo e glúten.

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Figura 3. Caso 1 Evolução da dermatite atópica sob tratamento. Figura 4. Caso 2 Evolução da dermatite atópica sob tratamento.

As placas eram eritematosas, com prurido intenso e ressecadas. Por vezes, coçava até sangrar. O rosto era muito seco e dolorido, e era necessário aplicar loção hidratante várias vezes ao dia. Chegou trazendo um pequeno pote de vaselina e aplicou no rosto durante a consulta.

Apresentava, ainda, asma intermitente, iniciada em torno dos 7 anos, que geralmente a incomodava durante o frio. Utilizava um inalador de emergência quando acometida, e não fazia uso de medicação regular.

Histórico de patologias: Sofria de tonsilite recorrente na infância, que era tratada com antibióticos. O pai morreu quando tinha 12 anos, e houve um agravamento notável no eczema nessa época. A última vez que produziu uma febre alta foi há cinco anos, aos 17 anos de idade. Nos últimos cinco anos, apresentou alguns agudos leves, sem febre.

História familiar: A mãe tinha talassemia minor; o pai era saudável, mas morreu em um acidente de carro, aos 42 anos. Ambos os avôs tiveram infarto, uma avó teve um acidente vascular encefálico, e a outra, demência; ambas as avós eram hipertensas.

Primeira prescrição: Medorrhinum 200CH, 1 dose.

Acompanhamento: Medorrhinum promoveu uma febre em dois meses, depois da qual, tonsilites tornaram-se recorrentes, como na infância. Sulphur 30CH e Baryta carbonica 1M foram prescritos, com eventual melhora completa da pele e redução nos episódios de tonsilite.

Resultado: Como em 08/05/2009, a paciente estava livre da dermatite atópica desde agosto de 2016 (Figura 3), e teve alguns episódios de tonsilite com febre, que cederam por conta própria. Ela estava bem e contente.

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Figura 5. Caso 3 Evolução da dermatite atópica e da pitiríase versicolor sob tratamento

Caso 3 (Figura 5)

Uma menina indiana, de 13 anos, residente em Dubai, sofria de dermatite atópica nos mamilos (pior do lado direito) há quatro meses (SCORAD 22.4). Os mamilos estavam exsudativos, com crostas e prurido intenso. Também apresentava pitiríase na bochecha direita, há seis meses, e amenorreia nos últimos seis meses. Procurou pela primeira consulta homeopática em 12/03/2018.

A garota tinha pitiríase intermitente no rosto pelos últimos 10 anos. Fazia uso de Clotrimazol creme sempre que surgia. Teve também um episódio de eczema na parte inferior do abdômen, aos 12 anos, o qual desapareceu com esteroides tópicos. Até os 8 anos, apresentava agudos esporádicos, com febre alta, mas a partir dos 8 anos de idade ela não teve mais nenhum agudo ou febre. Contraiu varicela aos 9 anos, e fez uso de Zovirax creme. A menarca ocorreu em agosto de 2017, e a menstruação seguinte veio na época prevista, em setembro de 2017. Depois disso, houve uma amenorreia secundária até a consulta homeopática.

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Figura 6. Caso 4 Evolução da dermatite atópica sob tratamento – depois de migrar para a palma. Figura 7. Caso 5 Evolução da dermatite atópica sob tratamento

História familiar: A mãe teve bronquite crônica durante a gestação e lactação dessa criança, e precisou fazer uso de broncodilatadores e antibióticos. Tinha síndrome dos ovários policísticos e foi submetida a uma histerectomia aos 40 anos. Há histórico de diabetes mellitus, hipertensão e infarto do miocárdio nos avós.

Primeira prescrição: Graphites 6 CH, em diluições crescentes, a cada dia, por três semanas.

Acompanhamento: 21/01/2019: A dermatite atópica regrediu completamente e a pele tornou-se uniforme em um mês, com Graphites 6 CH. Apresentou menstruação regular até outubro de 2018, mas desde então, houve amenorreia e a pitiríase reincidiu, muito levemente, há alguns dias. A menina estava extremamente ansiosa com a aproximação das provas finais. Foi prescrito Carcinosinum 200CH por três semanas.

06/02/2019: A paciente desenvolveu uma febre viral aguda, com tosse, diarreia, vômitos e temperatura de 38,5°C (depois de 5 anos). Em dois dias, cedeu sem nenhuma medicação. Ela menstruou três semanas após Carcinosinum e tem tido menstruações regulares desde então.

Resultado: O último acompanhamento foi feito no dia 08/09/2019. A garota estava livre da dermatite atópica desde abril de 2018 (Figura 3) e a pitiríase também respondeu bem. Desenvolveu febre alta novamente, o que não ocorria desde os 8 anos de idade.

Caso 4 (Figura 6)

Uma menina indiana, de 15 anos, consultou o homeopata no dia 28/08/2013 para uma dermatite atópica nos seios, fossa poplítea e rosto (SCORAD 22.75). Ela sofria dessa enfermidade há oito anos. As lesões eram, no geral, secas, fissuradas e pruriginosas, porém exsudativas e doloridas nos mamilos. Era preciso colocar bandagens nos mamilos para evitar que as secreções molhassem a roupa. Apresentava, também, alérgica, com espirros pela manhã. Tinha dismenorreia nos três primeiros dias da menstruação. Na primeira infância, desenvolvia febre alta, com ocasionais infecções do trato respiratório superior, mas era

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Figura 8. Caso 6 Evolução da dermatite atópica sob tratamento

geralmente tratada com antibióticos e não apresentava febre há mais de 10 anos. Aos quatro anos, teve dois episódios de respiração sibilante e foram utilizados inaladores.

História familiar: Havia forte tendência alérgica na família – ambos os pais tinham rinite alérgica e o avô paterno tinha asma; a avó materna teve câncer esofágico e o avô materno, câncer de próstata. Primeira prescrição: Graphites 200CH, 1 dose.

Acompanhamento: Houve agravação terapêutica após a prescrição, seguida de melhora nas lesões a um grau considerável. No entanto, demorou muito para se perceber uma mudança real no caso. Foi prescrito Psorinum 200CH, em dezembro de 2013, o que manteve as lesões de pele controladas por mais de um ano. Mais adiante, a imagem dos sintomas mudou novamente, e Petroleum 200CH foi necessário. Foi depois da prescrição de Natrum muriaticum 200CH, em fevereiro de 2015, contudo, que as lesões começaram a se mover distalmente, uma evolução importante segundo os princípios da homeopatia, representando uma boa resposta ao tratamento. As manchas da dermatite nos seios, rosto e pescoço desapareceram completamente, e lesões apareceram nas palmas (SCORAD 8,45). Estas eram muito pruriginosas e exsudativas, no início, mas com Natrum muriaticum 200CH, e depois 1M, também melhoraram completamente. Nessa época (dezembro de 2018), a paciente desenvolveu febre alta (40°C), o que não acontecia desde a primeira infância, e na indisponibilidade de um homeopata, na época, a paciente foi compelida a tomar antibióticos. Imediatamente em seguida, a dermatite palmar reincidiu e Natrum muriaticum 1M teve que ser repetido.

Resultado: Desde a repetição de Natrum muriaticum 1M, em dezembro de 2018, a pele permanece limpa, até a presente data (SCORAD 0) (Figura 5). A renite diminuiu muito, assim como as dores durante a menstruação.

Caso 5 (Figura 7)

Uma criança grega, de três meses de idade, do sexo feminino, foi trazida para consulta no dia 26/05/2009, com dermatite atópica grave nas bochechas, atrás das orelhas e nas pernas (SCORAD 27,1). O bebê começou a apresentar sintomas de alergia com 25 dias de vida, o que não diminuiu com a mãe evitando alimentos alergênicos. Foram feitos testes para alergia a leite (vaca, cabra) 4+, glúten 4+, ovos (gema, clara) 3+, através do teste RAST (radioallergosorbent). Ela não tolerava o leite materno e estava recebendo fórmula especial de aminoácidos, sem nenhuma proteína do leite, glúten e lactose, o que reduziu levemente a dermatite atópica. A mãe tinha sofrido de anemia severa e dores de cabeça durante a gravidez da criança, e na 37ª semana de gestação, teve que ser submetida a uma transfusão de sangue. Seguiu-se, imediatamente, uma mudança na posição do feto, embora ele já estivesse em apresentação cefálica para o parto. Foi prescrito o remédio homeopático Pulsatilla 200CH para a mãe, seguido de retorno do feto para a apresentação cefálica e parto normal. O bebê teve onfalite três dias após o nascimento, e foi dado o remédio homeopático Abrotanum 200CH, que ajudou reduzindo a infecção – nenhum outro tratamento foi dado.

História familiar: A mãe é alérgica a propranolol, ciprofloxaxina, parietaria, grama e nozes. Teve um edema laríngeo por causa de uvas, aos 21 anos. Sofre de severa cefaleia crônica em salvas. O pai tem urticárias por pêssegos. Sua irmã, de quatro anos, teve dermatite atópica leve dos 4 aos 14 meses de idade. Primeira prescrição: Astacus fluviatilis 30CH, 2 doses ao dia, aumentando em 1 a potência a cada semana.

Acompanhamento: O problema aumentou gravemente quando sua irmã, inadvertidamente, lhe deu um pedaço de maçã (SCORAD 68,5) (Vídeo suplementar 1). Respondeu bem a Apis melifica 200CH. Depois disso, no entanto, começou a ter episódios de bronquite aguda, com febre alta, que teve que ser tratada com Kali carbonicum 200CH. Uma vez que a bronquite diminuiu, houve mais um episódio de dermatite atópica (SCORAD 48,95). Ao ser tratada com Psorinum 12CH, a pele ficou completamente livre, mas ela desenvolveu uma bronquite branda novamente, seguida de uma otite média aguda, com descargas ofensivas dos ouvidos. Depois disso, a pele permaneceu limpa.

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Resultado: Quando avaliada, aos três anos e meio, podia comer a maioria dos alimentos, exceto frutas e vegetais. A dermatite atópica não retornou. Aos 10 anos, quando aconteceu a avaliação mais recente, ela continuava livre de qualquer erupção e era levemente intolerante a frutas e vegetais. Apresentava leve coceira na garganta com algumas frutas, mas podia tolerar bem outras. Leve coceira na garganta, ocasionalmente, se ingerisse peixe (mas não camarão e polvo, os quais ela tolera bem), porém melhorava rapidamente. Estava bem, no geral, e não tomava nenhum medicamento desde os dois anos de idade.

Caso 6 (Figura 8)

Mulher indiana, de 39 anos, apresentando dermatite atópica no tornozelo esquerdo, o qual estava liquenificado, fissurado e com prurido intenso (SCORAD 32.9). Tinha desenvolvido um leve eczema nos últimos dois anos, mas este agravou muito nos últimos dois meses. Apresentava também renite branda por exposição à poeira. Estava deprimida e apática a tudo na vida. Nenhum histórico médico significativo.

História familiar: O pai tinha eczema e havia forte histórico de queixas cardíacas nos tios e primos de primeiro grau.

Tratamento: Tratada especialmente para a depressão, no início. Até o começo de 2015, ela lutou contra a depressão e, durante o tratamento desse estado, não houve mudança perceptível na dermatite atópica. No entanto, no princípio de 2015, ela começou a se curar no nível emocional e a pele tornou- se o foco do tratamento. O SCORAD ainda estava em torno de 39 em 10/01/2015. Ela estava melhor que antes, em relação à depressão, mas teve episódios de tristeza intensa e tendia a ficar constantemente presa em acontecimentos desagradáveis do passado.

Primeira prescrição (para dermatite atópica): Ignatia amara 200CH, 3 vezes ao dia, por 3 dias. Acompanhamento:

28/03/2015: Paciente muito melhor emocionalmente. Sem sentimentos de tristeza ou depressão. A pele estava melhor que antes, mas não de forma marcante.

SCORAD 24.8.

Prescrição: Rhus tox 200CH, 1 dose.

27/06/2015: Nova verruga apareceu no dedo indicador esquerdo; as erupções da dermatite atópica estavam melhores – somente o prurido persistia, perturbando o sono.

SCORAD 9.5. A artrite também reduziu completamente. Prescrição: Thuja occidentalis CH,1 dose.

O estado da dermatite atópica diminuiu lentamente depois dessa fase, enquanto os calos nas solas dos pés e a verruga na palma das mãos eram as principais queixas.

24/04/2016: O eczema foi completamente removido; SCORAD 0; sem rinite alérgica; paciente bem emocionalmente.

Resultado: A paciente continuou com as consultas para a verruga na mão e os calos doloridos nos pés.

A paciente faz relatos periódicos e o último acompanhamento foi no dia 16/08/2019. Não houve recaídas da depressão, da dermatite atópica nem da rinite.

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Esses casos foram acompanhados por um longo período de tempo (Tabela 1), e a depuração cutânea está estável. Em todos os casos, não ocorria febre desde o início da dermatite atópica. Com o tratamento, 4 desses casos desenvolveram febre alta, por infecções de variados tipos, antes da depuração da pele (SCORAD 0) ser alcançada (Figura 2). As doenças agudas também foram tratadas com homeopatia, quando necessário; caso contrário, eram deixadas para seguir seu curso, sendo acompanhadas de perto. Um caso desenvolveu febre alta após a depuração da pele, e o último caso desenvolveu queixas antigas, que existiam muito antes do surgimento da dermatite atópica, mas não febre. Os escores iniciais da dermatite atópica eram de amplo espectro (Figura 1; Tabela 1), majoritariamente dermatite atópica moderada, segundo Kunz et al.14 Cinco dos pacientes apresentaram história familiar positiva para atopia, e três deles foram testados e diagnosticados com alergia/atopia específicas. Todos os pacientes foram tratados com remédios individualizados, baseados na sintomatologia apresentada, de acordo com os princípios da homeopatia. O SCORAD inicial médio foi de 28.36 ± 5.664, e o SCORAD médio após uma infecção aguda ou o aparecimento de antigas queixas suprimidas foi de 4.59 ± 5.037 (P < .0001), mostrando uma significância estatística, embora a significância em uma amostra tão pequena possa não corresponder a uma imagem real.

Casos controle: (Tabela 2).

Comparamos seis casos de dermatite atópica, que estavam apresentando recidivas crônicas, como controle para o surgimento de doenças infecciosas agudas. Os casos tinham faixas etárias similares (3 – 36 anos). Quatro eram do sexo feminino e dois do sexo masculino. Um desses casos não apresentou febre durante o período dos acompanhamentos, três apresentaram febres esporádicas de baixa amplitude (37,7-38,3 °C) e dois deles apresentavam febre alta (38,8-39,4 °C). A média do SCORAD inicial foi de 14.5. A média do SCORAD após as febres, nesses casos, foi 6 (Figura 9), e a média do SCORAD final foi de 5.17 (P = .0031).

Discussão

Os seis casos de dermatite atópica sob tratamento com homeopatia clássica melhoraram consideravelmente. O efeito do tratamento foi avaliado com Critério Naranjo Modificado para avaliar a atribuição causal de resultados clínicos à intervenção homeopática15, e a maioria dos casos teve uma pontuação de causalidade clara (Tabela 3). Os investigadores buscaram avaliar se isso estava em conformidade com a teoria do Continuum, que propõe a exclusividade mútua da inflamação crônica e da resposta inflamatória aguda (febre alta). Nesses seis casos, o surgimento de doenças inflamatórias agudas/febre estava fortemente associado à notável depuração da pele. Os casos-controle foram selecionados por sua não-

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Figura 9. Mudança no SCORAD nos casos controle (casos não-responsivos de dermatite atópica)

-melhora quando sob tratamento com a homeopatia clássica. Embora esses casos não evidenciaram, com o tempo, estabilidade na depuração da pele, eles demonstraram uma melhora cutânea notável, associada com o aparecimento de uma inflamação aguda (Figura 9). Portanto, podem haver motivos para se investigar a relação entre a ausência de uma inflamação aguda eficiente e a prevalência de estados inflamatórios crônicos.

A teoria dos Níveis de Saúde e a teoria do Continuum1,16 tentam explicar a conexão entre doenças inflamatórias agudas e crônicas em um amplo espectro de condições de saúde na população. Elas propõem a ideia de que pessoas que nascem com um sistema imune saudável, aptos à uma resposta inflamatória aguda eficiente, devido a diferentes estresses (incluindo tratamento desnecessários para febre, com medicamentos), podem baixar o nível de saúde e entrar em um estado de inflamação crônica de baixo grau, onde uma resposta inflamatória aguda eficiente a estímulos patogênicos não é mais possível. Ademais, com o tratamento correto, à medida que a doença inflamatória crônica melhora e o corpo começa a resolvê-la, o sistema imune se torna novamente apto à uma resposta inflamatória aguda eficiente. Isso fornece uma maneira concreta para avaliar a melhora em doenças crônicas, avaliando-se o início de uma febre alta em resposta a infecções. Isso tem sido corroborado por estudos imunológicos – que a perturbação de uma inflamação aguda leva à ativação de um crônico17,18 e que pessoas durante estados inflamatórios crônicos graves podem ser incapazes de reagir eficientemente aos estímulos patogênicos.19,20 Elas podem não desenvolver nenhuma reação, e caso o patógeno seja muito virulento, elas podem ter respostas exageradas, resultando em graves danos ou em morte.21

O objetivo desse estudo foi o de examinar se o aparecimento de uma condição inflamatória aguda eficiente (a saber, a febre) está associado com a melhora na dermatite atópica, uma doença inflamatória crônica. Ao que parece, houve uma forte associação em ambos os grupos aqui considerados. Embora estudos a nível tecidual sejam requeridos para confirmação desse fenômeno, parece haver motivos para realizá-los.

Esse estudo tem muitas limitações. Primeiramente, a melhora da dermatite atópica por um ano, ou mais, não foi baseada em nenhum critério de acompanhamento definido para estabilidade da dermatite atópica, mas sim, na experiência clínica de que esse período de tempo é bom o suficiente para ser considerado. Segundo, a avaliação retrospectiva do SCORAD pode ter resultado em pequenas diferenças da situação atual. Contudo, os registros homeopáticos de casos são bastante descritivos e contém explicações exaustivamente detalhadas dos sintomas e, portanto, as diferenças podem ser consideradas mínimas e sem consequências. Terceiro, teria sido útil testar os marcadores inflamatórios e de atopia, e correlacioná-los a cada grande mudança na patologia. Isso não foi possível, uma vez que os casos foram selecionados retrospectivamente. Nenhum controle foi exercido neste estudo, seja com placebo ou com tratamento estabelecido, para avaliar se tal fenômeno ocorreu de forma generalizada.Os autores acreditam que a avaliação dos prognósticos, como detalhado nas duas teorias, foi apreciada nesses casos, e o planejamento de estudos controlados maiores pode ajudar a determinar o valor delas.

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Tabela 3: Critério Naranjo Modificado para avaliar a atribuição causal de resultados clínicos à intervenção homeopática.

Conclusões

A teoria do Continuum propõe o retorno de febre alta com um sinal seguro de melhora das doenças inflamatórias crônicas sob tratamento, pois uma inflamação aguda eficiente sugere melhora da crônica. Nos seis casos de dermatite atópica aqui apresentados, longa melhora depois do tratamento foi associada com o retorno de doenças inflamatórias agudas/febre, as quais estiveram ausentes desde o início da dermatite atópica. Os casos-controle que não melhoraram com tratamento homeopático também mostraram melhora notável associada ao surgimento de febre. Este fenômeno requer investigação em larga escala para facilitar o desenvolvimento de uma ferramenta de prognóstico clínico objetiva, e pesquisas imunológicas são necessárias para compreendermos se uma inflamação aguda eficiente e as crônicas são, de fato, mutuamente exclusivas.

Agradecimentos

Agradecemos muito a disponibilidade dos pacientes em fornecer seus casos para o conhecimento médico. Os autores agradecem a ajuda de Aaditi Lakshman, Amritha Belagaje e Pooja Dhamodar nos ajustes do artigo.

Contribuições dos autores

SM, MM, OH, VK, CC e PS foram os principais médicos que trataram os casos, coletaram os dados e os analisaram. SM elaborou o artigo e obteve as referências.

GV é o guia e o responsável pelo estudo.

Todos os autores fizeram contribuições consideráveis para o artigo. Todos os autores leram e aprovaram a versão final do artigo.

Consentimento para publicação

Os pacientes forneceram consentimento por escrito para publicação.

ORCID iD

Seema Mahesh https://orcid.org/0000-0002-4765-559

Material suplementar

Vídeo do Caso 5 em uma determinada noite ruim https://figshare.com/s/0d4750675a65ff96cf9e.

REFERÊNCIAS

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CURANDO COM

…Taraxacum officinale

Popularmente conhecida como “dente-de-leão”, a planta Taraxacum officinale é originária do continente europeu e costuma crescer em margens de estradas e de cursos de água, além de outras áreas com solos úmidos. Suas principais características são o pequeno porte, o caule maleável e o ciclo de vida longo, que pode durar mais de dois anos, ou seja, dois ciclos sazonais.

“O nome vem dos recortes da planta, como dentes”, esclarece a farmacêutica homeopata Amarilys de Toledo Cesar, de 67 anos, que trabalha com farmácia homeopática e laboratório homeopático desde 1984, manipulando e dispensando medicamentos homeopáticos para pacientes e produzindo matrizes e tinturas-mãe para outras farmácias. “Serve para uso fitoterápico, homeopático, e também alimentar, como PANC [Plantas Alimentícias Não Convencionais], para ser ingerida crua, em saladas, ou refogados. É utilizada como diurético, laxante suave, colagogo e colerético hepático, depurativo, ação prebiótica, estimulante do apetite.”

Ainda de acordo com Cesar, a planta Taraxacum officinale costuma ser indicada para casos de

gota, hipertensão, furúnculos, abscessos e psoríase, além de doenças de pele que envolvem acne, descamações e vermelhidão. Na Homeopatia, o preparado homeopático produzido a partir da planta trata sintomas relacionados aos mencionados anteriormente.

A terapeuta homeopata Fernanda Ernesto Katsuragi, 57 anos, formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), e professora de Homeopatia no Instituto Flavia Barits, complementa:

“Diversas são as pesquisas sobre as ações farmacológicas [da planta Taraxacum officinale]. As pesquisas têm revelado ações anti-inflamatória, diurética, de estimulante digestivo e da insulina, de antioxidante, imunomodulador, antitumoral e antialérgico.”

Katsuragi também aponta que pessoas chegam a precisar de tratamento com o preparado homeopático Taraxacum officinale têm um perfil em comum de sintomas e comportamentos.

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“É indicado para pessoas predispostas a cálculo biliar, inapetência, oligúria, colecistite, problemas hepáticos, prisão de ventre, cirrose e desordens hepatobiliares. É uma das ervas mais seguras como diuréticas utilizada em tratamentos de afecções geniturinárias, como cistites, uretrites e também na hipertensão arterial, e coadjuvante no tratamento da obesidade, de problemas dermatológicos, dispepsia, hipoacidez gástrica e desordens reumáticas”, destaca a professora.

Cesar acrescenta:

“Os principais sintomas mentais são indecisão, aversão ao trabalho, loquacidade e tendência a rir. Além disso, é um paciente que piora deitado ou em repouso; de noite ou de manhã; e por conta comidas gordurosas, mas que melhora ao se movimentar e quando é exposto ao ar

livre. Seus sintomas aparecem principalmente no lado esquerdo da parte superior do corpo, e direita na parte inferior. Outro sintoma importante é a língua geográfica [com desenho similar a de um mapa], coberta de película branca, e com sensação de estar em carne viva e sabor amargo”, informa a farmacêutica homeopata.

Outras características do perfil do indivíduo que precisa do Taraxacum officinale são o comportamento agressivo ou impaciente, a necessidade de mascarar emoções para transparecer força, reações passivas que demonstrem entorpecimento ou anestesia e que também podem envolver estado de catalepsia, além de reações ativas que chegam a se manifestar de formas opostas, tanto na violência com outras pessoas quanto na necessidade de proteger os demais de atos violentos para que não se machuquem.

Ao ser perguntada sobre os tratamentos de clientes que usaram Taraxacum officinale que mais lhe chamaram a atenção, a terapeuta homeopata Fernanda Katsuragi escolhe mencionar dois casos:

“Um homem com 48 anos veio para o tratamento com queixa de stress por excesso de trabalho e tinha um diagnóstico laudado pelo médico de Síndrome de Burnout (CID10 Z56),

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Foto: Pixabay/Reprodução.

transtorno mental e comportamental por exaustão extrema, esgotamento físico resultando em desgaste com competitividade e extrema cobrança profissional. Iniciou com Taraxacum off. CH 30, tomando dez gotas uma vez ao dia por 30 dias. Depois, subiu para CH 200, dez gotas uma vez por semana, durante um mês. Hoje em dia, ele só faz uso controle, tomando uma dose a cada 60 dias em potência CH 200”, conta.

“Outro caso foi de uma mulher de 53 anos, com diagnóstico de Síndrome Metabólica (CID10-E88), conjunto de fatores de risco que se manifestam em um indivíduo com queixas de pressão alta, colesterol e diabetes, aumentando as chances para desenvolver doenças cardíacas e derrames”, relembra Katsuragi. “A paciente também apresentava quadro de ira, impaciência e controle excessivo com a família, onde já estava ficando difícil conviver, além do excesso de medicamentos que piorava seus sintomas gastrointestinais, gerando diarréia alternada com constipação. Iniciou com Dente de leão como chá após as refeições, ajudando a hidrolisar os lipídeos da dieta, e com uma dieta hipocalórica de 1.500 Kcal diária. Também tomou uma fórmula composta hepática detox líquida com Lycopodium CH 5, Carduus mar. CH5 e Chellidonium maj. CH 5, além do Taraxacum officinale CH 15 ingerindo oito gotas,

duas vezes ao dia, por 30 dias, então CH 30, dez gotas uma vez ao dia, e por fim CH 200, dez gotas, uma vez por dia, por quatro semanas. Nos dois casos houve êxito orgânico e metabólico com libertação de queixas mentais”, analisa.

Novamente segundo a farmacêutica Amarilys Cesar, a tintura-mãe, extração alcoólica a 10% de planta, do preparado homeopático Taraxacum officinale é produzida a partir da planta dente-de-leão, e posteriormente dinamizada - diluída e agitada - em potências centesimais e decimais:

“Em seguida, [o preparado homeopático] pode ser dispensado para o paciente como gotas, glóbulos, comprimidos, lactose embebida com a dinamização, gel, creme ou quaisquer das outras formas farmacêuticas presentes na Farmacopéia Homeopática Brasileira”, observa. “Se o medicamento estiver bem indicado, todas as formas devem ser efetivas. Hahnemann, o criador da homeopatia, considerava que mesmo doenças de pele devem ser tratadas internamente, e não por formas farmacêuticas externas”, completa.

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Para Katsuragi, indivíduos em tratamento com Taraxacum officinale tanto podem atingir a cura completa de seus quadros quanto observar uma melhora significativa em sua qualidade de vida: “Pacientes podem atingir a cura ou diminuir suas queixas desde que façam uso de acordo com as indicações, respeitando o modo de uso para promover uma maior ação de resposta imunológica, depurativa, antibacteriana, antiviral, antifúngica, hepatoprotetora, [...] além de diminuir colesterol, estimular a perda de peso, entre outros”, assinala a homeopata. “O tempo de uso do Taraxacum officinale depende da forma de indicação. [...] Na aplicação homeopática devemos acompanhar as evoluções, melhoras e respostas orgânicas, fisiológicas e comportamentais, ficando atentos na mudança de potência da medicação para não causar patogenesia, que é um conjunto de sinais e sintomas que um organismo sadio apresenta ao experimentar determinada substância medicinal”, opina.

De acordo com Cesar, o preparado homeopático Taraxacum officinale deve ser ingerido enquanto for eficaz:

“Pode ter potência ou posologia aumentada, mas depois disso deve ser descontinuado. Como fitoterápico, não dinamizado ou muito pouco diluído, pode trazer uma leve hipotensão arterial por conta de seu efeito diurético. Por seus princípios amargos, pode causar mal-estar gástrico por hiperacidez, por consumo em doses elevadas ou por muito tempo, além de dermatite de contato em hipersensíveis. Em casos de gastrite, úlcera gástrica e duodenal, cálculos biliares, obstrução dos dutos biliares e do trato intestinal, além de insuficiência renal, doenças hepáticas agudas ou severas e doenças cardíacas, não deve ser usado como fitoterápico, porém, pode ser útil como preparado homeopático. De qualquer maneira, é necessário medicar e manter observação”, conclui.

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Foto: Pixabay/Reprodução.

NARRATIVAS TERAPÊUTICAS

Caso de atendimento com homeopatia - Ramon Lobo Gomes

CRTH-BR 10855

Mulher de 52 anos, NASCIDA EM 13/06/71, DO SIGNO DE GÊMEOS, COM 47KGS E 1,54ALT., divorciada, MÃE DE DOIS FILHOS, INSTRUTORA DE YOGA/MEDITAÇÃO e corretora de imóveis

O QUE DESEJA TRABALHAR NO SEU ATENDIMENTO?

Menos autocobrança; autocrítica, fortalecer a fé e a conexão com o Divino, menos rigidez, mais amorosidade.

ESTADO FÍSICO:

Dores eventuais nos quadris.

ESTADO EMOCIONAL:

Externamente tranquila, internamente ansiosa.

QUALIDADE DO SONO:

Variável, ora bom, ora com despertar na madrugada.

HISTÓRICO DE DOENÇAS FAMILIARES:

Mãe com diabetes, pressão alta e colesterol; pai com câncer.

PRIMEIRO ATENDIMENTO

Principais queixas apresentadas:

Problemas em voar; teve taque cardíaco com o último voo; quando vai tirar férias, já fica ansiosa. “Tenho necessidade de controle, não gosto de nada apertado e de lugares com muitas pessoas, me sinto presa”.

Início dos sintomas:

Iniciou no ano de 2020, com o descontentamento do trabalho (corretora de imóveis) e término do relacionamento. “Tive ataque cardíaco, senti como se estivesse esvaindo e sem sangue. Nesse mesmo período, meus pais mudaram para outra cidade, trazendo sentimento de vazio, e comecei a sentir os sintomas da menopausa.”

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Anamnese

Fui criada para ser independente e não precisar de ninguém, porém, sem empoderamento. Tenho necessidade de ser livre de padrões, meus familiares me acham esquisita. Quando criança, tive muitos furúnculos e, por um período, um período que desenvolvi alergias a tudo (não podia usar Merthiolate). Sou vaidosa e gosto de produtos exclusivos, mas não gosto de usar muita maquiagem, procuro ser o centro das atenções principalmente pelo meu intelecto, possuo hábito diurno, acordando disposta e com vontade de sair da cama. Não guardo ressentimentos, mas observo que tudo tem de sair do meu jeito, caso contrário tenho ânsia de vômito. Estou caminhando para uma alimentação vegana. Sempre tive um sono bom, com muita necessidade de dormir de 7 a 8 horas para acordar bem. Com o início da menopausa meu sono começou a ficar irregular, a pele seca, e não tenho vontade de beber água. No último ano, minha língua começou com fissuras, inchaço pegando fogo. Estou me sentindo cansada por conta dos meus filhos, observo que tenho uma relação autoritária com eles e quero as coisas do meu jeito, percebo que sou manipuladora. Sinto que meu quadril começou a enrijecer, limitando meus movimentos. Dilema em ficar sozinha ou me relacionar e acabar por depender do outro. Em relação ao dinheiro, sou muito precavida, guardando para momentos futuros. Faço o dinheiro render, surtando pela falta, porém, gosto de pequenos luxos, como ir ao mercado sem se preocupar com a conta. Tomou duas doses da vacina para COVID 19 Pfizer.

Recomendação Homeopatica

Argentum nitricum 6CH/30gr, chupar 5 glóbulos 3x ao dia, por 30 dias.

Obs. Este medicamento deve ser tomado 2 horas anterior ao voo, e, caso necessário poderá fazer uso de 30 a 30 minutos entre cada tomada até passar os sintomas.

Segundo atendimento

Tive boas melhoras, pude viajar sem medo em voar de avião. Tive calores da menopausa, com mal-estar e compulsão por doce e vontade de ficar mastigando. Sentimento de tranquilidade e centramento. Foi demitida e não fiquei ansiosa, mas fiquei com medo de não ter dinheiro, e não saber administrar o que guardei. Sono começou a ficar cortado. Água morna me acalma. Sem libido e com desconforto genital, lembrei que tive candidíase quando casada. Pele ressecada, perda de tônus.

Segunda Recomendação Homeopática

Manteve a recomendação da medicação anterior, alterando a potência e a posologia.

Argentum nitricum 12CH/30gr, chupar 5 glóbulos 3x ao dia, por 30 dias.

Terceiro atendimento

Medo de altura persiste (sinto falta da homeopatia), assim como o medo de pessoas, me sinto desconfortável em saber que vou receber gente minha casa. Conseguiu regular o desconforto sentido pela menopausa pelo uso da acupuntura. Comecei a roer as unhas. Resistência para conseguir me relacionar. Nó na garganta e um bolo no estômago. Desejo de ser reconhecida pela sociedade.

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Terceira recomendação homeopatica

Manteve a recomendação da medicação anterior, alterando a potência e a posologia.

Argentum nitricum 200CH/30gr, chupar 10 globulos 1x ao dia pela manhã, por 30 dias.

Quarto atendimento

Sente-se melhor, mas ainda tem medo de estar com pessoas. Cansaço e falta de energia. Menopausa um pouco melhor. Ansiedade noturna melhorou um pouco. Cansaço, fadiga, medo estão melhores, mas sente falta da medicação. O cansaço é maior a tarde e com sonolência. Garganta um pouco irritada. Voltando a comer besteira. Relata que as dores do quadril iniciaram depois no nascimento do segundo filho. Sente que as dores do quadril parece como se fosse um desgaste das articulações. Osteopenia confirmada por exames. Baixa ferritina, com início de anemia, e aparecimento de cisto sebáceo no seio.

Quarta recomendação homeopÁtica

Acrescentou uma nova medicação e, aumentou a potência e a posologia do medicamento anterior.

Arnica montana 200FC X/V/20ml D.U. Tomar todo o frasco quando estiver em casa.

Após um semana tomar a segunda medicação.

Argentum nitricum 1LM/20ml D.U. Tomar todo o frasco quando estiver em casa.

Quinto atendimento

Tomou a dose única e ficou bem, se sentiu fortalecida e se posicionando diante das situações; se sente mais presente, mais consciente de si mesma e, com mais controle de suas emoções, está conseguindo dizer não a algumas situações. Está extremamente ansiosa, agitação mental, inquietação, ansiedade por alimentos principalmente por batata frita, por comida gordurosa e por tranqueiras, comendo sem controle até estufar. Se não dorme no horário que está acostumada (20horas), começa a comer e depois não consegue dormir, por ter comido muito. Está com dificuldade de se socializar; quando começa uma conversa, não consegue mais parar de falar. Não estou conseguindo conter minha ansiedade, e, estou roendo unhas por conta disso. Estou acordando às 24h e às 3, 4horas da manhã. Sinto muita tensão nos ombros e pescoço, e com muito questionamento mental, parece um falatório sem fim. Ainda não consegui trabalhar a separação, inquietação com relação ao ex-marido, em relação ao dinheiro que ele destina aos seus filhos. Sente-se desconfortável por conta da menopausa, principalmente pela agitação mental.

QUINTA RECOMENDAÇÃO HOMEOPÁTICA

Calcarea carbonica 5CH XX/30ml, tomar 6 gotas 3x ao dia, por 30 dias. Lachesis trigonocephallus 6CH XX/30ml, tomar 6 gotas 3x ao dia, por 30 dias.

Thuya occidentalis 30CH XX/30ml, tomar 6 gotas 3x ao dia, por 30 dias.

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Resultado obtido

Não me sinto mais com medo, estou saindo e vejo que estou me abrindo para um possível relacionamento. As dores do meu quadril sumiram, tenho conseguido dormir bem e acordar disposta para fazer todos os afazeres. Vejo que meu trabalho está rendendo mais, tenho me permitido a sair mais com meus filhos e percebo que minha cobrança para com eles diminuiu e nossa convivência está mais harmoniosa. Não mais escondo dos meus filhos os problemas causados pelo meu ex-marido; estou conseguindo trazer a realidade a eles sem causar desconforto em relação ao pai, porém, me sinto indignada com a postura dele com relação às finanças dos nossos filhos.

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HOMEOPÁTICOS

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Revista de Estudos
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