REH_v.25, nº25, 2025

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Estudos

de HOMEOPÁTICOS

Publicação Digital Quadrimestral Gratuita

Uma realização do Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

Adenomiose, endometriose e tratamento homeopático. É possível!

Nesta edição...

Biografia de um filho de Hanhemann que também foi homeopata

Como a população vê a Homeopatia

Ano 9

N° 25 Agosto/2025

Prova científica da constituição das altas diluições homeopáticas e muito mais!

Editorial

Nesta edição 25, nossa Revista faz 9 anos!!! E parece que foi ontem que começamos a pensar nela e fazê-la chegar fisicamente ao mundo, com muito amor e compromisso.

Marcando essa data tão especial, há várias coisas importantes a comemorar:

1.Migramos do Issuu para o Heyzine, outro repositório digital muito mais ágil e com preço mais acessível às condições do nosso grupo;

2.Dessa forma, economizamos na hospedagem do nosso acervo e, ao mesmo tempo, garantimos qualidade na leitura e agilidade nos downloads feitos pelos leitores;

3.Com essa economia, poderemos investir mais na infraestrutura do nosso Saberth – Seminário Aberto de Terapeutas Homeopatas, que sempre acontece no primeiro domingo de dezembro, e finalmente criar o site do Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste;

4.Nossas edições agora estão em nosso blogue www.saberth.com.br e também no site do Conahom – Conselho Nacional Autorregulamentado de Homeopatia, de onde esperamos alcançar muito mais público e auxiliar na melhor compreensão da Homeopatia como direito cidadão de acesso à saúde integral e patrimônio da Humanidade.

Continuamos contando com cada uma e cada um dos mantenedores deste importante veículo dos terapeutas homeopatas não médicos e esperamos que a leitura desta nova edição seja prazerosa e profícua para todos!

Sheila da Costa Oliveira Editora Executiva

Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com

Mantenedores da Revista de Estudos Homeopáticos

1. Alessandra Lourenço dos Santos

2. Ana Doris da Silva

3. Andréa Machado

4. Artemiza S. Coelho

5. Agda Maria de Freitas

6. Barbara K.R.S. Prandini

7. Beatriz Nunes

8. Bruna Salvate de Assis

9. Cassia Regina da Silva

10. Caroline Cabral Macedo

11. Cristina Ribeiro Rodrigues

12. Edite Lopes de Souza

13. Fernanda Katsuragi

14. Francisca das Chagas Silva

15. George Vithoulkas

16. Jacira Ferreira Curvelo

17.José de Assis Marques

18. Karla Rubia dos S. Silva

19. Lourdes C. Prado

20. Ludmilla Lemos

21. Maria Tereza Menezes

22. Maria Helena A.C. Nunes

23. Maria Mendes da Costa Oliveira

24. Moacir W.S. Ferreira

25. Osmar José Ferreira

26. Osvaldo A. T. P. Dantas

27. Perônica Pires

28. Priscila Gomes S. Silva

29. Rita Oliva S. Abreu

30. Ramon Lobo Gomes

31. Ronaldo Licínio de Miranda

32. Regina Beatriz Bernd

33. Regina Medeiros

34. Ruiz Homeopatia

35. Sebastião Marcos Spolidoro

36. Sebastião Alves de S. Sobrinho

37. Suécia Maria M. Damasceno

38. Sheila da Costa Oliveira

39. Sheila Gutierrez Borges Damazo

40. Vanessa Cristina Rescia

41. Virgínia Goulart B. Stefanichen

42. Wilson Pires

Nossa Revista é mantida com contribuições voluntárias. Quer se tornar também um mantenedor e auxiliar a divulgar a Homeopatia? Envie uma mensagem para revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com ou WhatsApp para (61) 99934-5001 e lhe enviaremos o termo de adesão. Sua colaboração garante o sucesso desta publicação!

Termo de Adesão ao Grupo de Mantenedores da Revista de Estudos Homeopáticos

Obs: os valores são definidos em assembleia, durante os encontros presenciais mensais. Este formulário de adesão auxiliará na justificativa de recebimento dos valores junto ao banco e à Receita Federal.

O Grupo “Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste” é uma organização informal, sem fins lucrativos, autogestionada e responsável pela publicação da Revista de Estudos Homeopáticos, periódico quadrimestral, totalmente digital e gratuito para os leitores, disponível no ISSUU (repositório internacional de revistas digitais).

O objetivo dessa Revista é divulgar ao máximo a ciência/arte da Homeopatia, para democratizar o acesso às terapias integrativas e fortalecer a rede de terapeutas homeopatas do Centro-Oeste, bem como os prestadores de serviço correlatos a esta importante área de atuação.

Para mantê-la, os membros do grupo e/ou simpatizantes da causa de divulgação da Homeopatia se cotizam mensalmente, quadrimestralmente ou anualmente, de modo a remunerar as duas jornalistas que trabalham nesse projeto. A pessoa responsável pela arrecadação é voluntária e realiza os pagamentos das profissionais no dia 10 de cada mês.

Agradecemos muito por sua colaboração e solicitamos que (i) preencha os campos a seguir, para formalizarmos nossa parceria, a qual ajuda significativamente a viabilizar a continuidade da publicação, e (ii) escolha a cota de sua preferência, a qual deve ser depositada/transferida até o dia 8 de cada mês. Após o preenchimento, por favor, salve e envie o formulário para o e-mail revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com, em cujo drive ele será devidamente armazenado.

1.NOME

2. ENDEREÇO

3. TELEFONE (FIXO/CELULAR/WHATSAPP)

4. CPF OU CNPJ

5. E-MAIL

Por este instrumento, adoto voluntariamente a seguinte cota de mantenedor da REVISTA DE ESTUDOS HOMEOPÁTICOS:

I. ( ) Cota 1: MENSAL, VALOR R$ 50,00.

II. ( ) Cota 2: QUADRIMESTRAL, VALOR R$ 200,00.

III. ( ) Cota 3: ANUAL, VALOR R$ 600,00.

6. DEPOSITAR O VALOR DA COTA ESCOLHIDA para (CONTA EXCLUSIVA PARA ESSES RECEBIMENTOS) NU PAGAMENTOS S.A, Banco 260, Ag. 0001, CC. 35704174-9, em nome de Lourdes Correia do Prado, CPF 179.914.80178. Esse número de CPF também é o PIX cadastrado no mesmo banco e conta. Favor enviar o comprovante para o WhatsApp 61 9885-7413, para facilitar o controle e o acompanhamento.

Fraternalmente, nossa gratidão. Brasília, ..................... de....................................................... de 20____.

Carta do Leitor

Mariannie Pires, Cachoeiro do Itapemirim, ES

Nossa! Há muito tempo precisávamos de uma publicação assim! Boa de ver, de ler e entender, do princípio ao fim!

Stéfano Giulio Fonseca Abreu, Teresina, PI

Até parece que foi feita no Nordeste, essa Revista, de tão boa! Só continuem, pessoal! Vi no blogue www.saberth.com.br que vocês são voluntários na manutenção da Revista. Quero colaborar também!

Jornalista Responsável

Angélica Calheiros

Editora-Executiva

Sheila da Costa Oliveira

Conselho Editorial Ramon Lobo

Sheila da Costa Oliveira

Angélica Calheiros

Projeto Gráfico e Diagramação

Karine Santos

Redatores Angélica Calheiros

Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

Revisão

Sheila da Costa Oliveira

Contato

Email: revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com

EDITORIAL 2

MANTENEDORES 3

ÍNDICE

TERMO DE ADESÃO AO QUADRO DE MANTENEDORES 4

CARTA DO LEITOR 5

EXPEDIENTE 6

PRIMEIRA PARTE: HOMEOPATIA E NÓS 8

DIÁRIO DE BORDO 10

BIOGRAFIA 12

Frederick Hanhemann: Uma história de mistério, loucura e genialidade 12

VALE A PENA LER 14

Hanhemann - Muito além da genialidade 14

NOTÍCIAS 16

BRASIL 16

Pesquisadora da Europa realiza estudos sobre homeopatia na Epagri em Lages 16

Práticas Integrativas e Complementares em Saúde crescem 70%, ampliando o acesso ao cuidado integral no SUS 17

Congresso Nacional ganha iluminação verde neste fim de semana para marcar o Dia da Homeopatia 19

Mundo 20

Pesquisa aponta que crianças abaixo de dois anos respondem melhor ao tratamento homeopático do que à medicina tradicional 20

Combatendo a acne naturalmente: ervas ayurvédicas, dicas de homeopatia e 6 mudanças no estilo de vida para desintoxicar sua pele 21

Programa britânico entrevista presidente da Faculdade de Homeopatia da Inglaterra 23

COM A FALA, OS ATENDIDOS 24

HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR 26

Tratamento para adenomiose e endometriose 26

SEGUNDA PARTE: HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA 28

APRENDENDO COM VITHOULKAS 30

Análise das ultradiluições: Explorando os efeitos da potencialização por meio de microscopia eletrônica, espectroscopia Raman e deep learning 30

CURANDO COM BERBERIS VULGARIS... 48

NOTA CIENTÍFICA 52

MONOGRAFIA: REPRESENTAÇOES SOCIAIS DOS USUÁRIOS SOBRE O TRATAMENTO

HOMEOPÁTICO NO MUNICIPIO DE DIAMANTINA - MG 56

Primeira Parte HOMEOPATIA E NÓS

Revista de Estudos HOMEOPÁTICOS

DIÁRIO DE BORDO

RETROSPECTIVA DO TRABALHO DO GRUPO LIVRE DE HOMEOPATAS DO CENTRO-OESTE

De abril a agosto de 2025, o Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste continuou seus estudos mensais, investindo bastante tempo na retomada do Organon, leitura coletiva que está sendo muito importante para a melhoria da qualidade de atendimentos que os terapeutas do grupo realizam. Além disso, foi estabelecida uma importante parceria com o Conselho Autorregulamentado de Homeopatia – CONAHOM, que inclui:

a.Hospedagem da Revista de Estudos Homeopáticos no site oficial do Conahom, para que todos os associados recebam a publicação e ela possa chegar a mais público, cumprindo assim sua missão de divulgar a Homeopatia como direito cidadão de acesso à saúde e patrimônio da Humanidade;

b.Participação de membros da diretoria do Conahom em nossas lives temáticas mensais, aumentando a equipe de conteudistas dialogadores a respeito dos temas abordados;

c.Participação de membos do nosso grupo como equipe de apoio do Conahom;

d.Co-produção do Saberth entre Conahom e nosso grupo, fazendo chegar o Seminário a todos os associados.

Em julho, foi também realizado um encontro presencial, de novo em Abadiânia – GO, com a presença de 10 integrantes, presencialmente, e transmissão online. Na ocasião, foi instituída a Comissão Gestora do 7º Saberth, que ocorrerá em Goiânia e tratará do tema: A terapêutica homeopática e as dores nossas de cada dia.

Para tratar desse tema tão importante em nossos dias, foi estabelecida uma parceria com o médico homeopata indiano Jawahar Shah, por intermédio de Luciana Acioli, o qual tratará da fisiopatologia da dor e da ação da Homeopatia nesse contexto.

A comissão ficou assim constituída: Agda Freitas, José de Assis, Karla Rúbia, Nestor Scherer, Patrícia Ruiz, Ramon Lobo, Regina Medeiros, Sebastião Sobrinho, Sheila Costa, Suécia Damasceno e outros colaboradores que atuarão em ações específicas.

Os trabalhos da Comissão já começaram e a divulgação oficial do Saberth começou no próprio mês de julho, por meio de live promovida pelo Conahom e divulgada entre os associados, bem como no canal @saberth.br, no YouTube.

Grupo profícuo e atento à sua missão!!!

Acompanhe todo o conteúdo disponibilizado em nossas redes sociais e comente, auxiliando a dar mais visibilidade aos nossos perfis!

E em nosso blogue oficial: https://www.saberth.com.br/

Biografia

Frederick Hanhemann:

Uma história de mistério, loucura e genialidade

Frederick Hanhemann, filho de Christian Samuel Hanhemann, nasceu em Dresden, no leste da Alemanha, em 30 de novembro de 1786. Com uma saúde debilitada, sofria de uma doença semelhante ao raquitismo, que o deixava com o peito empinado e uma curvatura na coluna.

Seu estado de saúde piorou em 1799, quando a família Hanhemann precisou se mudar para fugir da hostilidade de boticários e médicos críticos da homeopatia, e sofreu um acidente a caminho do município de Königslutter. A carruagem que os transportava capotou, causando a morte do filho caçula de Hanhemann e ferindo gravemente a coluna de Frederick - a combinação da lesão com sua doença congênita o deixou corcunda.

Embora sua estrutura física fosse frágil, ele era considerado um gênio. Fluente em latim, grego, francês, inglês e italiano, também conseguia se comunicar em árabe e era visto como um músico competente, tocando violão e piano com maestria.

Durante a juventude, frequentou o Ginásio de Torgau para completar seus estudos acadêmicos e, em 1808, foi para Leipzig seguir os passos de seu pai e cursar Medicina.

Dois anos depois, a 1ª edição do Organon de Hanhemann foi publicada, e duramente criticada por vozes conservadoras. Escolhido pelo pai para defendê-la,

Frederick publicou uma refutação formal aos ataques.

Em 1812, aos 24 anos, formou-se em medicina e começou a se aperfeiçoar em homeopatia. Casou-se com uma viúva que já possuía uma filha, e a atitude ofendeu Samuel Hanhemann ao ponto de causar um distanciamento entre eles que nunca foi superado.

Relatos apontam que, com o passar do tempo, Frederick se tornou cada vez mais excêntrico. Não cortava os cabelos nem a barba, sempre usava trajes descritos como “orientais”, e não se misturava à sociedade, tendendo para o isolamento.

Mudou-se para uma cidade pequena, chamada Wolkenstein, onde comprou uma farmácia e passou a receitar medicamentos homeopáticos. Em pouco tempo, ele alcançou um número tão grande de pacientes que a espera para uma consulta chegava a durar dias.

Apesar da ruptura com o pai, seguiu fielmente as bases da homeopatia. Porém, seus colegas de profissão não reconheciam a legitimidade do tratamento homeopático e uniram forças em um ataque conjunto, visando impedir o funcionamento da farmácia de Frederick.

Com apoio da Comissão Sanitária Real da Saxônia, o médico continuou trabalhando. No entanto, a perseguição aumentou

na mesma proporção em que a infelicidade que Frederick sentia em seu casamento. Assim, ele decidiu deixar a Alemanha, abandonando a esposa e duas crianças.

Depois disso, pouco se sabe sobre a vida de Frederick. Alguns registros apontam que ele virou um andarilho, chegando a morar na Inglaterra, na Irlanda e na Holanda.

Em uma carta enviada a seus pais, do município holandês Den Helder, em 8 de setembro de 1818, o jovem Hahnemann disse:

“Agora considero um bom momento para lhes apresentar um relato sobre mim, mas não muito longo. Em geral, tenho tido boa saúde. Em muitos aspectos, estou diferente. Estou mais cauteloso, firme e sereno do que quando os vi pela última vez. Encontrei muitas dificuldades, mas todas acabaram bem. Não posso lhe dar nenhuma ideia da minha situação, pois não estou em um estado de transição para algo melhor. Vocês não terão mais notícias minhas antes do final deste ano.

Não me escrevam até que eu esteja mais estável. Tenho uma renda ampla e suficiente. Meus compromissos são numerosos, pois Deus e homens honestos podem ser encontrados em toda parte. Não corro perigo de perecer, pois não estou disposto a fazer nada para desagradá-los.

Esta carta foi escrita com uma caligrafia que demonstra a mais extrema selvageria: tão diferente da escrita comum quanto o olhar ardente e a fala rápida de quem pensa com clareza diferem do olhar revirado e da linguagem exagerada de um louco.”

Outras cartas datadas de Londres, em 1819, convenceram Samuel Hahnemann de que seu filho havia enlouquecido.

Jamais foram encontrados quaisquer registros sobre uma carreira posterior de Frederick ou sua morte. Logo, o Pai da Homeopatia chegou à triste conclusão de que o rapaz havia falecido em algum hospício.

No entanto, na obra Bradford’s Pioneers of Homeopathy, Humphreys compartilhou um relato ocorrido entre 1832 e 1833, quando uma epidemia de cólera assolava o estado de Missouri, nos Estados Unidos, devastando cidades e campos de mineração.

De acordo com o escritor, um curandeiro moreno, corcunda e que trajava túnicas longas e esvoaçantes curou centenas de pessoas com remédios homeopáticos distribuídos em pequenos frascos, trabalhando sem descanso ou lucro, aos 49 anos de idade.

Acredita-se que o curandeiro era o filho perdido de Samuel Hahnemann.

Logo que a epidemia acabou, ele desapareceu e seu destino é desconhecido.

Fontes: Homeoint.Org Whnow

Vale a pena ler...

Hanhemann - Muito além da genialidade

Foto: Reprodução.

Publicada pela editora Organon, a obra se trata de uma biografia emocionante do médico alemão

Christian Friedrich Samuel Hahnemann, fundador da homeopatia.

Foi escrita por Max Tétau, um dos maiores nomes da escola francesa de homeopatia e grande contribuidor para as bibliografias homeopática e fitoterápica, deixando 80 volumes produzidos sobre ambos os temas.

Com 264 páginas, o livro narra facetas desconhecidas da vida pessoal de Hanhemann, incluindo problemas financeiros e lutos dolorosos, aproximando o leitor de sua jornada emocional.

É possível encontrá-lo nas lojas on-line.

Onde encontrar:

●Amazon

●Enjoei

●Martins Fontes Paulista

●Organon Books

NOTÍCIAS

BRASIL

Pesquisadora da Europa realiza estudos sobre homeopatia na Epagri em Lages

Reconhecida pelo trabalho que desenvolve há décadas no Estado que, embora detenha apenas 1% do território nacional, é o quinto maior produtor de alimentos do Brasil, a Epagri ultrapassa fronteiras e serve também como referência internacional.

Em maio de 2024, a Estação Experimental da Epagri de Lages e o Centro de Ciências Agroveterinárias da Universidade do Estado de Santa Catarina (CAV/Udesc), também localizado na cidade serrana, receberam a pesquisadora britânica Charlotte Southall, que há mais de duas décadas atua com homeopatia humana, inclusive aplicada em crianças com transtorno do espectro autista.

Pesquisadora britânica Charlotte Southall está conduzindo estudos Laboratório de Homeopatia e Saúde Vegetal da Estação Experimental da Epagri em Lages (Fotos: Pablo Gomes)

Ela foi contemplada com uma bolsa de doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) por meio de um projeto de cotutela entre a Universidade de Coventry, renomada instituição de ensino superior da Inglaterra com foco em ciência, tecnologia e medicina; e o CAV/Udesc, em parceria com a Epagri.

No Laboratório de Homeopatia e Saúde Vegetal da Estação Experimental de Lages, Charlotte realiza dois tipos de estudos: a resistência de videiras, por meio da homeopatia, a um fungo altamente patogênico e destrutivo às plantas; e a possibilidade, também pela homeopatia, de neutralizar resíduos tóxicos para que animais consigam viver em solos contaminados com metais pesados, especialmente o cobre.

“O Brasil tem muitas experiências com homeopatia, inclusive na agricultura. É um dos melhores países do mundo nestas pesquisas”, diz Charlotte.

A pesquisadora europeia voltará para Londres no fim de abril. Até lá, continuará em Lages, dividindo o tempo entre a sala de aula do CAV/Udesc e o laboratório da Epagri, onde,

além de estudar soluções em benefício da natureza e da vida humana, cultiva também conhecimento e amizades.

“O Brasil tem muitas experiências com homeopatia, inclusive na agricultura. É um dos melhores países do mundo nestas pesquisas. As equipes da Epagri e Udesc são incríveis, me ajudam com as plantas, as pesquisas e até o

idioma. Está sendo uma grande oportunidade e estou muito feliz”.

Fonte: Epagri

Texto e imagens: Pablo Gomes, jornalista bolsista Epagri/Fapesc

Práticas Integrativas e Complementares em Saúde crescem 70%, ampliando o acesso ao cuidado integral no SUS

As Práticas Integrativas em Saúde (PIS) são entendidas como formas de cuidado que abordam a saúde do ser humano de forma multidimensional, atuando nas esferas física, mental, psíquica, afetiva e espiritual. São reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (MTCI), compreendendo um conjunto de práticas baseadas em teorias e experiências de diferentes culturas.

No Brasil, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) foram instituídas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC) em 2006 e vêm se consolidando como parte essencial do cuidado integral no Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), em 2024, foram realizados 7.156.703 procedimentos envolvendo PICS, o que aponta um aumento de 70% em relação a 2022. O levantamento foi realizado pelo Núcleo Técnico de Gestão da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (NTG-PNPIC) do MS, evidenciando a adesão crescente da população a essas práticas.

Os números apresentados também refletem avanços da PNPIC, que amplia as possibilidades terapêuticas de cuidado na Atenção Primária à Saúde (APS), na Média e Alta Complexidade (MAC).

Algumas práticas que registraram crescimento na APS acima da média nos últimos anos foram:

-Auriculoterapia: 929.920 atendimentos em 2024 (+102% em relação a 2022);

-Aromaterapia: 106.077 atendimentos (+181% desde 2022);

-Práticas Corporais da Medicina Tradicional Chinesa: 658.899 participantes (+208%);

-Yoga: 217.925 participantes (+290% desde 2022);

-Arteterapia: 71.429 participantes (+271%);

-Musicoterapia: 74.716 participantes (+374%).

A oferta de PICS na Atenção Primária à Saúde (APS) registrou 3.198.546 procedimentos em 2024, um aumento de 32% em relação a 2023 e 67% na comparação com 2022. Já na Média e Alta Complexidade (MAC), o crescimento foi ainda mais significativo, com 3.958.157 procedimentos, marcando um avanço de 18% sobre 2023 e 73% desde 2022.

Além do aumento no número de atendimentos, a quantidade de participantes das atividades de PICS também teve um crescimento significativo. No ano passado, mais de 9 milhões de pessoas acessaram essas práticas através do SUS - um aumento de 83% em relação a 2022. Na APS, a participação aumentou 93% nos últimos dois anos, totalizando 5.048.025 usuários em 2024.

Expansão das PICS e qualificação profissional

Nos últimos anos, o MS implementou ações estratégicas para fortalecer a PNPIC, tais quais a expansão das Equipes de Saúde da Família e das Equipes Multiprofissionais na APS, e a retomada do Programa Mais Médicos.

Já no campo de capacitação profissional, a pasta lançou 12 novos cursos na plataforma AVASUS. Também foram concluídas formações em auriculoterapia e protocolos de acupuntura, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com previsão de novas turmas para este ano.

Outra ação de destaque foi o projeto piloto desenvolvido em parceria com a Fiocruz, que integra PICS ao cuidado da dor crônica, saúde mental e uso de plantas medicinais e fitoterápicos para tratamento de feridas na APS.

Como acessar as PICS no SUS

Para utilizar as práticas integrativas na rede pública de saúde, a população deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima. Algumas oferecem práticas como auriculoterapia, yoga e arteterapia, tanto individualmente quanto em grupos. O acesso pode ocorrer por demanda espontânea ou encaminhamento de um profissional de saúde.

A oferta de PICS varia de acordo com cada cidade, logo, é importante buscar a Secretaria de Saúde para saber quais práticas estão disponíveis e onde. Também é possível consultar a equipe de saúde da UBS mais próxima para esclarecer dúvidas e receber orientações acerca das PICS oferecidas em cada região.

Fonte: Ministério da Saúde

Congresso

Nacional ganha iluminação verde neste fim de semana para marcar o Dia

da Homeopatia

Foto: Congresso Nacional celebrando o Dia da Homeopatia em 2024. Roque de Sá/Agência Senado

Nos dias 12 e 13 de abril, sábado e domingo, o Congresso Nacional recebeu iluminação verde para celebrar o Dia Internacional da Homeopatia. A data é comemorada oficialmente em 10 de abril, dia de nascimento de Samuel Hahnemann, médico alemão que criou a prática.

A homeopatia é uma ciência terapêutica que trata cada pessoa individualmente, utilizando

substâncias altamente diluídas para reequilibrar a energia vital. Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento homeopático tem como foco o paciente e a história da doença, estimulando o organismo a processar a autocura.

Realidade brasileira

A homeopatia foi introduzida no Brasil por Benoit Mure em 1840. A especialidade é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina desde 1980, e em 2006 começou a ser oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS).

Apesar de estar na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde, o acesso à homeopatia na atenção primária do SUS é quase inexistente. Faltam médicos qualificados e estrutura nos serviços de saúde para oferecer o tratamento.

A iluminação especial foi solicitada pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que também é médico.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

MUNDO

Pesquisa aponta que crianças abaixo de dois anos respondem melhor ao tratamento homeopático do que à medicina tradicional

Foto: Neil Dodhia/Pixabay.

Um estudo publicado no “European Journal of Paediatrics” afirma que o tratamento homeopático para crianças menores de dois anos fornece melhores resultados para doenças comuns em comparação ao tratamento alopático, reduzindo significativamente tanto o uso de antibióticos quanto o período de tempo em que a doença se manifesta e evolui, sem reações adversas observadas.

Pesquisadores do Departamento Ambulatorial Colaborativo do Conselho Central de Pesquisa em Homeopatia (CCRH) do Hospital Jeeyar Integrated Medical Services (JIMS), em Telangana, na Índia, compararam o estado de saúde de 108 crianças, do nascimento aos 24 meses de idade, que foram tratadas homeopaticamente ou convencionalmente para diversos episódios agudos de quadros de saúde, como: febre, diarreia e infecção respiratória, entre outros. No grupo

de tratamento homeopático, medicamentos alopáticos foram acrescentados quando clinicamente indicado.

De acordo com os estudiosos, as crianças do grupo homeopático ficaram por cinco dias durante o período de 24 meses enquanto as participantes do grupo de medicina convencional apresentaram sintomas por 21 dias.

O estudo também demonstrou que contar com a Homeopatia como base de tratamento também resultou em menos episódios de doenças respiratórias nas crianças ao longo do período de acompanhamento. Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos em episódios diarreicos e não foram observadas reações adversas significativas ou mortes em nenhum dos grupos. Antibióticos foram necessários para 14 episódios de doenças em crianças no grupo homeopático, em comparação com 141 no grupo convencional.

Os pesquisadores afirmaram que o estudo sugere que a homeopatia pode reduzir o uso de antibióticos e até mesmo melhorar resultados médicos, embora com um respaldo médico convencional.

“A integração do tratamento homeopático com a rotina de cuidados de saúde infantil convencionais pode oferecer uma alternativa segura, eficaz e barata aos antibióticos”, conclui o estudo.

Fonte: Times of India

Combatendo a acne naturalmente: ervas ayurvédicas, dicas de homeopatia e 6 mudanças no estilo de vida para desintoxicar sua pele

A acne está entre os problemas de pele mais prevalentes, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. Embora as erupções cutâneas geralmente ocorram na adolescência, uma grande parte da população adulta sofre com acne persistente. De acordo com a Biblioteca Nacional de Medicina (National Library of Medicine), a maioria dos pacientes adultos com acne tem entre 26 e 30 anos, sendo as mulheres desproporcionalmente afetadas.

Pesquisas indicam que 44,5% dos casos de acne apresentam um padrão cíclico que piora durante o verão. Embora os tratamentos convencionais, como antibióticos e soluções tópicas à base de produtos químicos, possam proporcionar alívio temporário, muitas vezes não conseguem tratar a causa da acne.

Especialistas afirmam que é nesse contexto que tratamentos holísticos, como Homeopatia e

Ayurveda, oferecem uma alternativa promissora, com foco no equilíbrio interno, desintoxicação e saúde da pele a longo prazo.

Tratamento homeopático

A Homeopatia trata acne considerando os sintomas, o estilo de vida e a saúde geral de cada indivíduo, oferecendo remédios direcionados com base no tipo e na causa da acne.

Por exemplo, o preparado homeopático Pulsatilla é recomendado para surtos hormonais, especialmente para quem apresenta sensibilidade ao calor ou crises pré-menstruais. Silicea é útil para acne profunda e persistente. Apis Mellifica é eficaz para mulheres que sofrem de acne devido a cistos ovarianos.

Além disso, os medicamentos homeopáticos são prescritos com base na localização da acne. Para acne facial, Silicea é um remédio comum, enquanto Calcarea Sulph é eficaz para acne nas costas.

Se a acne for desencadeada por abuso de cosméticos, Bovista é sugerido. Sulphur é recomendado para acne causada por caspa.

Além disso, a Homeopatia oferece soluções para cicatrizes de acne, sendo Berberis Aquifolium um remédio conhecido para atenuar marcas e melhorar a textura da pele.

Em entrevista ao HT Lifestyle, o Dr. Mukesh Batra, fundador e presidente emérito da Dr. Batra’s Healthcare, compartilhou: “A Homeopatia ofere-

Foto: Natalija Tschelej-Kreibich/Pixabay.

ce uma abordagem personalizada para o tratamento da acne, atuando nos desequilíbrios internos que causam as erupções, em vez de tratar apenas os sintomas. É uma alternativa segura, natural e eficaz para quem busca uma melhora duradoura da pele sem os efeitos colaterais de medicamentos agressivos.”

Ayurveda

Trata-se de um sistema antigo de cura da Índia que há muito tempo enfatiza que problemas de pele, como acne, surgem devido a desequilíbrios nos doshas do corpo (Vata, Pitta e Kapha). O Ayurveda se concentra na purificação do organismo, no equilíbrio hormonal e na melhora da digestão para tratar a acne pela raiz. Ervas naturais como Neem, Shudh Gandhak, Chirayta e Haritaki são conhecidas por suas propriedades no combate à acne.

-Neem: é uma poderosa erva antibacteriana, que ajuda a reduzir a inflamação e combate às bactérias causadoras da acne.

-Shudh Gandhak (enxofre purificado): é conhecido por suas propriedades desintoxicantes, auxiliando na limpeza profunda e na redução de erupções cutâneas.

-Chirayta: erva amarga que purifica o sangue e elimina toxinas, prevenindo o surgimento de acne.

-Haritaki: ingrediente essencial nas formulações ayurvédicas, auxiliando na digestão e na saúde intestinal, o que desempenha um papel crucial na manutenção da pele limpa.

Danny Kumar Meena, fundador e CEO da Girlyveda, marca que oferece soluções ayurvédicas para a saúde feminina, incluindo cuidados com a pele, declarou: “O Ayurveda atua no que causa a acne, em vez de proporcionar alívio superficial. Ingredientes como Neem, Shudh Gandhak, Chirayta e Haritaki ajudam a desintoxicar o corpo e promover a saúde da pele a

longo prazo. Ao contrário dos tratamentos químicos, Ayurveda oferece uma solução sustentável e natural para a acne.”

Estilo de vida

Tanto a Homeopatia quanto o Ayurveda enfatizam a importância das mudanças no estilo de vida para prevenir e controlar a acne de forma eficaz.

Algumas dicas essenciais são:

Hidratação: Beber água suficiente diariamente para eliminar toxinas.

Cuidados com a pele suave: Lavar o rosto com um sabonete suave e sem sabão de duas a três vezes por dia previne o acúmulo excessivo de oleosidade.

Evitar produtos químicos agressivos: Maquiagem e produtos químicos para a pele podem obstruir os poros e desencadear acne.

Dieta saudável: Frutas frescas, vegetais e alimentos integrais contribuem para uma pele limpa, enquanto alimentos processados, açúcares refinados e laticínios devem ser minimizados.

Controle do estresse: Altos níveis de cortisol devido ao estresse podem piorar a acne; exercícios regulares, yoga e meditação ajudam a manter o equilíbrio hormonal.

Protetor solar: Usar um protetor solar à base de água com FPS 30-50 protege a pele dos danos causados pelos raios UV, que podem agravar a acne.

Fonte: Hindustan Times

Programa britânico entrevista presidente da Faculdade de Homeopatia da Inglaterra

Imagem: Reprodução/YouTube.

A América do Norte dominou o mercado de hoEm janeiro deste ano, o programa britânico

“The Monica Price Show” recebeu o Dr. Gary Smyth, presidente da Faculdade de Homeopatia, localizada na Inglaterra e considerada uma das organizações homeopáticas mais antigas do mundo, fundada em 1844 e incorporada por uma Lei do Parlamento em 1950.

Durante a entrevista, Gary compartilhou alguns insights acerca de sua participação no 100º Congresso da Faculdade de Homeopatia em Edimburgo, um evento marcante que aconteceu em novembro de 2024 e reuniu centenas de profissionais de 30 países.

Alguns dos comentários mais relevantes feitos por Gary ao longo da conversa foram:

-A Homeopatia não é apenas para humanos. Do tratamento de animais de estimação e animais de grande porte ao auxílio a pacientes em cadeiras odontológicas, suas aplicações abrangem diversas espécies e profissões.

-Para dentistas, o tratamento homeopático oferece suporte para ansiedade odontológica, recuperação pós-cirúrgica e até mesmo redução da necessidade de procedimentos invasivos.

-Como parte da medicina integrativa, a Homeopatia é segura, de baixo risco, custo-efetiva e clinicamente eficaz para uma ampla gama de condições.

O presidente da Faculdade de Homeopatia também refletiu sobre seus seis anos à frente do cargo, durante os quais a instituição se fortaleceu, observando mais profissionais médicos buscando abordagens integrativas.

““Eles não estão abandonando a medicina convencional — eles estão buscando algo a mais”, apontou Gary.

É possível assistir a entrevista completa, em inglês, no canal “Monica Price”, disponível no YouTube.

COM A FALA, OS ATENDIDOS

Ana Vitória Souza (nome fictício)

36 anos

Assistente social

Brasília/DF

Em julho de 2021, eu parei de utilizar métodos contraceptivos para tentar engravidar. Depois de seis meses de tentativas, a ginecologista iniciou um tratamento hormonal para estimular a produção de óvulos que não deu resultados. A princípio, os meus exames clínicos estavam normais, então iniciamos uma investigação mais aprofundada para descobrir o que estava causando essa dificuldade.

Os exames constataram que eu tinha baixa produção de folículos, o total de quatro apenas, o que estava compatível com uma mulher que se aproximava da menopausa. Além disso, através de uma ressonância magnética, descobri que tenho endometriose. Apesar de nunca ter sentido nenhum sintoma, ela já estava na classificação número 5 e já era um caso cirúrgico para tirar as aderências aos ovários e ao intestino. As trompas também estavam obstruídas, não dando pra saber se foi por conta da endometriose ou por outro motivo.

Passei por três médicos que me disseram que não havia chance de eu ter uma gestação natural, sem intervenção médica. No mesmo período, pesquisei outros tipos de terapias que pudessem me ajudar com a endometriose e com a infertilidade. Procurei também uma orientação espiritual que me apontou os desafios que eu deveria lidar no momento, pois a criança que eu esperava viria, mas eu precisava resolver conflitos que tinha com a minha mãe. Além disso, recomendaram, entre outras coisas, que eu levasse um bolo de aniversário em um lar de crianças, para celebrar esse momento junto a elas.

Sobre a relação com a minha mãe, eu tive uma adolescência permeada por desconfianças, acusações e decepções. O maior marco foi uma quebra de confiança da minha parte quando ela me fez a confidência de que tinha um caso extraconjugal. Desde então, eu senti que a minha admiração por essa relação foi se perdendo, o que se refletiu bastante na minha vida adulta.

Até então, eu não havia feito relação entre a minha história e a dificuldade de engravidar. Eu tive um casamento anterior em que a vontade de ter filhos nunca surgiu. Nós chegamos a tentar por um período, mas eu não sentia confiança em ter uma criança em um relacionamento em que eu não me sentia segura para dar esse passo. Diferentemente do meu casamento atual, em que a vontade de ter filhos surgiu de maneira muito natural.

Em fevereiro de 2022, conversei com um terapeuta homeopata sobre a minha situação e sobre a minha relação com a minha mãe. O terapeuta elaborou um composto com Staphisagria e Thuya, que tomei durante quatro meses.

Ao longo do tratamento, eu vivenciei novos sentimentos relacionados a essa história com a minha mãe. Senti como se um vazio tivesse sido preenchido de compreensão sobre quem ela é e sobre o que ela pôde me entregar nesse relacionamento. Aos poucos, as mágoas foram diluídas e eu me senti em paz, apesar de não ter conseguido construir uma relação de proximidade com ela ainda. Em junho de 2022, como eu ainda não tinha conseguido engravidar e necessitava fazer a cirurgia de controle da endometriose, eu optei por fazer a Fertilização in Vitro e tentar ter uma gestação antes que a quantidade de folículos diminuísse, pois os médicos diziam que o mínimo para fazer eram quatro, o estágio que eu me encontrava, e a tendência era de uma diminuição.

Em julho, iniciei o processo de fertilização e na primeira ecografia que eu fiz apareceram nove folículos, algo que nunca havia acontecido. Iniciei as injeções de hormônios para que os folículos crescessem e pudessem ser extraídos. Uma semana depois, fiz nova ecografia que constatou que os folículos não estavam crescendo. Continuamos o estímulo e retornamos em dois dias. Desta vez, foi visto que além de não ter um crescimento significativo, ainda pareceu um pequeno cisto no exame. O médico apontou que poderia ser um efeito colateral dos hormônios e, caso persistisse, não poderíamos continuar o processo.

A essa altura, eu já estava desanimada e descrente. Dois dias depois retornamos e o cisto continuava crescendo. A médica que estava fazendo a ecogra-

fia pareceu confusa e disse: “Olha, se você pudesse engravidar, eu diria que está grávida!”. Ela chamou outros médicos para uma reunião e pouco tempo depois fomos chamados e informados que deveríamos fazer um teste de gravidez com urgência para eliminar essa hipótese. Nós realizamos o teste, certos de que seria mais um problema e não uma gestação, mas o resultado foi incrivelmente surpreendente: eu estava grávida!

Naquele momento, eu estava com cerca de quatro semanas de gestação, por isso, ainda não tinha nenhum sintoma. A gestação seguiu tranquila, o bebê nasceu muito saudável e hoje tem dois anos.

Após o nascimento dele, fiz uma ressonância para verificar em que situação estava a minha endometriose e foi constatado que ela havia regredido, não sendo mais necessário uma cirurgia, apenas controle. Eu tenho certeza de que a homeopatia teve uma importância significativa no meu processo de tratamento e das curas. Agora, eu sempre indico a terapia homeopática e recorro a ela para as minhas demandas e para as demandas do meu bebê com muita segurança.

Angélica Botelho de Paula Brinckmann

39 anos

Enfermeira Homeopata

Judiaí/SP

Minha jornada com a homeopatia começou em 2011, ainda na época da faculdade. Era um período intenso - estágios práticos, muita pressão, e uma rotina pesada de estudos. Nesse cenário,

comecei a apresentar episódios frequentes de herpes zoster. Todo mês, surgiam duas ou até três crises. A dor era intensa, nevrálgica e, muitas vezes, eu ficava de cama. Só sentia algum alívio depois que a lesão aparecia por completo, o que levava dias e, ainda assim, a cicatrização era lenta e muito desconfortável.

Naquele tempo, eu recorria aos comprimidos de Aciclovir e às pomadas, mas nada parecia realmente funcionar. Foi então que decidi tentar a homeopatia. Iniciei o tratamento com a terapeuta que, até hoje, segue ao meu lado nessa caminhada. Para minha surpresa e alívio, fiquei oito meses sem nenhuma lesão! Algo que antes fazia parte da minha rotina mensal simplesmente desapareceu - foi uma mudança imensa na minha vida.

Pouco tempo depois, levei meu filho para se consultar também. Ele tinha apenas dois anos e meio na época. Desde então, vem sendo acompanhado com homeopatia e nunca precisou usar antibióticos ou corticoides, o que, para mim, é uma grande bênção.

Com o passar dos anos, fui percebendo como minha saúde foi se transformando. Hoje, mesmo que eventualmente alguma lesão apareça, ela vem de forma leve, quase sem dor. Às vezes, percebo só depois que passou. Em geral, isso acontece no meu período menstrual, mas já não me limita, nem me assusta como antes. Esse cuidado tão transformador me tocou profundamente. Tanto, que me tornei terapeuta homeopata. Meu desejo é poder levar a outras pessoas a mesma oportunidade que tive: a de conhecer essa prática tão acolhedora, respeitosa e eficaz. A homeopatia mudou minha vida e pode transformar a sua também.O tratamento com homeopatia continuou na minha infância e na minha vida adulta, e atravessou gerações. Hoje, tenho uma filha e uma neta que são homeopatas.

EVITE MESMO A AUTOMEDICAÇÃO! PARA SABER COMO E QUANDO USAR CADA SUBSTÂNCIA CITADA NAS MATÉRIAS DESTA REVISTA, OU EM QUALQUER OUTRO LUGAR, PROCURE SEMPRE UM HOMEOPATA. HÁ RISCO DE EFEITOS INDESEJADOS, SE A PRESCRIÇÃO NÃO FOR FEITA ADEQUADAMENTE.

HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR

Tratamento para adenomiose e endometriose

Imagem ilustrativa/Canva.

Ciclo menstrual irregular, cólicas dolorosas e crescimento de tecido endometrial fora do útero: esses são alguns dos sintomas que a adenomiose e a endometriose têm em comum. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que, no Brasil, cerca de 10% das pessoas com útero são afetadas por uma dessas condições ginecológicas. Mas, apesar de serem doenças parecidas,

não são iguais e podem afetar o organismo de formas distintas.

De acordo com o terapeuta homeopata José de Assis Marques, a adenomiose é caracterizada pelo crescimento do tecido endometrial no miométrio, camada intermediária do útero:

“O crescimento desse tecido ectópico causa um processo inflamatório que gera um fluxo menstrual intenso e cólicas severas, além de provocar o desenvolvimento de pequenas bolsas no miométrio, o que explica a presença das cólicas intensas e o aumento do fluxo menstrual”, aponta. “Em alguns casos, o sangramento pode durar um tempo incomum e, quando permanece por mais de dois meses consecutivos, é necessário procurar auxílio médico. Trata-se de um quadro de saúde que altera a qualidade de vida da mulher, mas é considerado benigna, pois não evolui para um câncer. Quando diagnosticado precocemente, pode ser controlado por medicamentos”.

Já na endometriose ocorre o crescimento anormal do tecido endometrial em locais fora da cavidade uterina: “Normalmente, isso acontece devido à ação do hormônio estrogênio, o responsável pelo espessamento do endométrio”, explica José. “O processo de

espessamento ocorre normalmente a cada ciclo menstrual para preparar o endométrio para uma possível gravidez. Em casos de endometriose, o hormônio acaba estimulando também o crescimento do tecido fora da cavidade uterina”.

As duas doenças podem coexistir e levar à infertilidade feminina quando não são tratadas ou acompanhadas de forma adequada.

Ainda segundo o terapeuta homeopata, o tratamento homeopático para ambas as condições de saúde se dá levando em consideração quatro aspectos da pessoa adoecida: mental, emocional, corpo físico somático e corpo físico: “Coloco o tratamento nesta sequência gradativa de importância porque, como ainda não existem explicações científicas para a raíz causal dessas anomalias, vejo a importância de levar em conta o estado geral de um paciente, sobretudo se não há lesões profundas no sistema reprodutor originados por um processo destrutivo, que compromete a qualidade de vida”, relata José. “São doenças crônicas que impedem o funcionamento natural de órgãos devido a determinados bloqueios, que considero como mentais e energéticos”.

Alguns preparados homeopáticos que podem ser mais indicados para adenomiose e endometriose são:

Staphysagria - Para o tratamento mental e emocional, contribuindo para eliminar bloqueios por traumas que costumam levar pacientes a criar aversões mentais e energéticas, que ocasionam disfunções pontuais leves ou graves quanto ao processo natural de gestação, desejo e sonhos de maternidade.

Ignatia amara - Possui a propriedade característica de dissolver pensamentos cristalizados fixos na mente, que alimentam os centros energéticos emocionais destrutivos pontuais relacionados à gestação e a maternidade;

Thuya occidentalis (Árvore da Vida) - Para dissolver cristalizações mentais de paralisação em torno de aversão à maternidade e estabilizar ou dissolver quistos físicos, tais quais: pólipos uterinos, fibromas, Cistos ovarianos, sangramentos e, todos os problemas físicos que interferem no processo gestacional natural da mulher;

Sépia officinalis, Actaea racemosa, Colocynthis, Magnésia phosphórica, Nux vomica - Homeopatias para tratamento no campo físico e energético, aliviando, principalmente, sintomas de dor.

“O tratamento homeopático pode trazer alívio em casos de lesões profundas, quando órgãos do sistema reprodutor foram bastante lesionados em sua estrutura, ou curar definitivamente quando a adenomiose e a endometriose estão somente em fase de bloqueios, ou seja, sem lesões aos órgãos”, destaca José.

Segunda Parte

HOMEOPATIA TAMBÉM É

CIÊNCIA

Estudos

Revista de HOMEOPÁTICOS

APRENDENDO COM VITHOULKAS

Análise das ultradiluições: Explorando os efeitos da potencialização por meio de microscopia eletrônica, espectroscopia Raman e deep learning

Camelia Berghian-Grosana, Sahin Isikb, Alin Sebastian Porava, Ilknur Dagc,d, Kursad Osman Ayc, George Vithoulkas e: National Institute for Research and Development of Isotopic and Molecular Technologies, Cluj-Napoca 400293, Romênia; & Computer Engineering Department, Eskisehir Osmangazi University, Eskisehir 26480, Turquia; & Central Research Laboratory Application and Research Center, Eskisehir Osmangazi University, Eskisehir 26480, Turquia; & Vocational Health Services High School, Eskisehir Osmangazi University, Eskisehir 26480, Turquia; & University of the Aegean, Mitilene 81100, Grécia.

Tradução para o português por Nathalia Henrique Ursino Lopes

RESUMO

O tema das diluições ultra altas está em contínuo debate ao longo dos anos, principalmente porque as possibilidades de análise dessas soluções diluídas são limitadas. Neste contexto, investigações por microscopia eletrônica de transmissão (MET) foram conduzidas para avaliar as características morfológicas de soluções de ouro altamente diluídas em base de etanol e água; três níveis de potencialização (6C, 30C e 200C) foram analisadas para cada tipo de solução. Além disso, Espectroscopia Ramam e algoritmos de deep learning (DL) foram empregados para a análise dos três níveis de potencialização de água purificada, água não purificada e soluções de ouro à base de água purificada. Foram avaliadas três remessas para cada categoria considerada, e a capacidade de distinguir entre todas as classes investigadas, as potências dentro de cada grupo ou entre as classes dentro do mesmo nível de potencialização foram apresentadas e discutidas em correlação com os achados por MET. Formas distintas de organização foram reveladas pela MET para os três níveis de potencialização, enquanto o modelo de unidade recorrente fechada (sigla em inglês GRU –gated recurrent unit) mostrou grande precisão (88%) para discriminação de todas as classes, mais de 90% de precisão para a distinção das amostras dentro de cada grupo, e mais de 95% de precisão na classificação dentro do mesmo nível de potencialização caso fosse utilizada espectroscopia Raman não pré-tratada. Desta forma, esse conjunto de métodos (MET-EDX e espectroscopia Raman, combinadas com DP) pode ser utilizado, com sucesso, para a caracterização e diferenciação de soluções altamente diluídas resultantes de potencializações. Ademais, considerando-se os resultados obtidos a partir do estudo de discriminação envolvendo as onze classes e a abordagem de aumento de dados, o método de segmentação espectral pode ser visto como uma estratégia valiosa para aumentar a exatidão de previsão do modelo.

Palavras-chave: Aurum metallicum, diluições ultra altas, potencialização, conjuntos de clusters, inteligência artificial, dados Raman.

1. Introdução

A potencialização é um processo que envolve diluições e sucussões (agitação vigorosa) sucessivas; foi inicialmente apresentada pelo médico alemão Samuel Hahnemann, que observou que as soluções de substâncias submetidas a este processo têm um efeito biológico em humanos – com evidências terapêuticas [1]. Até hoje, diversos remédios homeopáticos foram utilizados e são muito bem documentados [2-6]. Eles são derivados de uma ampla variedade de substâncias que passam por potencialização para adquirir suas propriedades curativas. Várias perspectivas criteriosas tentaram explicar a ação dos remédios homeopáticos [7-11]. O impacto das sucussões (agitação vigorosa) em algumas preparações farmacêuticas, como Echinacea 10−2, Baptisia 10−3, Baptisia 10−4, Luffa 10−4, e Spongia 10−6, foram recentemente evidenciadas com o auxílio de evaporação de gotículas e análise estatística; as amostras foram produzidas de acordo com a as regras da Farmacopeia Europeia para medicamentos homeopáticos, e os autores empregaram 0, 10 ou 100 sucussões. Os resultados mostraram diferenças significativas em todas as preparações analisadas [12]. Além disso, os efeitos de choques mecânicos (isto é, agitação, queda) nas soluções proteicas são bem conhecidos, e medidas para mitigar esses efeitos têm sido investigadas e propostas em alguns estudos [1314]. No entanto, para a homeopatia, a agitação juntamente com a diluição são ferramentas essenciais para a preparação dos remédios. Uma grande preocupação com relação às soluções potencializadas em altas diluições (30C, 200C, etc.) além do número de Avogadro, que estabelece o limite de diluições (12C) além do qual a substância original não pode estar presente, é que não se espera encontra a matéria-prima nem sequer nas menores quantidades [15]. Todavia, em um estudo baseado em medicamentos obtidos a partir de metais, Chikramane et al. [10] demonstrou a presença da matéria-prima, na forma de nanopartículas, em diluições extremas de 30C e 200C, através de microscopia eletrônica de transmissão (MET), difração de elétrons e espectroscopia de emissão atômica por plasma indutivamente acoplado (ICP-AES). Várias técnicas têm sido utilizadas ao longo dos anos para a caracterização dos remédios preparados homeopaticamente, salientando a existência de estruturas específicas mesmo em medicamentos altamente diluídos [16-24]. Contudo, dentro da comunidade científica, sabe-se que o experimento de Benveniste [25], logo após a divulgação de suas descobertas, foi comprovado como sendo falso por um comitê científico enviado pela revista Nature ao laboratório do autor, conforme explicado por George Vithoulkas em seu artigo “A controvérsia sobre a memória da água” [26]. A água é um importante solvente, que tem um importante papel nos processos químicos e biológicos [27]. Portanto, compreender as propriedades anômalas da água líquida é de interesse contínuo, e muitos estudos teóricos e experimentais têm sido realizados para entender sua estrutura [28, 29]. No entanto, a estrutura e a dinâmica da água ainda estão sob constante debate [30]. A sensibilidade do modo de estiramento OH a diferentes ambientes locais permite o uso da espectroscopia vibracional no estudo da estrutura e dinâmica da água líquida [28]. A análise da água líquida por meio de espectroscopia infravermelha e Raman revela amplos picos na região de estiramento OH, sugerindo múltiplas contribuições subjacentes (de várias espécies induzidas por diferentes arranjos locais das pontes de hidrogênio), enquanto picos distintos podem ser claramente observados nos espectros do gelo [31]. Em 2009, Sun [32] analisou a água líquida sob condições ambientais, por espectroscopia Raman, e propôs a desconvolução da região de estiramento OH em cinco subgrupos. Porém, devido à complexidade da água e das altas diluições das soluções analisadas, essa investigação é uma tarefa difícil. Para sanar essas dificuldades, técnicas quimiométricas e, mais recentemente, modelos de machine learning (ML) têm sido aplicados aos sinais Raman para análise e data learning [33]. Atualmente, os algoritmos de ML estão ganhando popularidade nos aplicativos de classificação [34, 35]. Recentemente, métodos de algoritmos tradicionais e de deep learning foram exitosamente aplicados para discriminar o espectro Raman em diversos materiais complexos (como os minerais) ou para classificar dados espectroscópicos de alta dimensão [36-38]. Deep learning (DP) é um subcampo do ML que é substancialmente mais robusto que os métodos baseados em feature engineering usados no passado. As abordagens de DL têm muitos benefícios, incluindo economia de tempo, a não necessidade de construção de recursos e produção de resultados superiores. Redes neurais artificiais, amiúde conhecidas como ANNs, são as precursoras das técnicas de DL. As ANNs consistem em uma camada de inserção, um ou mais níveis intermediários (camadas), e uma camada de saída. Essas abordagens são frequentemente treinadas por aprendizagem supervisionada, o que significa que identificações predefinidas são utilizadas para um conjunto de dados no processo de treinamento. A rede neural

convolucional (CNN, em inglês) [39], uma das redes de DL mais representativas, é um tipo de rede neural de feedback direto que usa operações convolucionais e um grande número de filtros. Há muitos tipos diferentes de algoritmos de aprendizado de base convolucional que podem ser usados de acordo com a tarefa desejada. Tipicamente, modelos de CNN 2D são utilizados para aplicações baseadas em imagens. Modelos de unidade recorrente fechada (GRU) [40,41] e de CNN 1D são usados para operar tarefas de previsão ou classificação baseadas em séries temporais. A principal motivação é que os modelos recorrentes têm a capacidade potencial de preservar relações de longo prazo entre os dados sequenciados. Essas abordagens fornecem uma ajuda substancial na solução do problema do desaparecimento do gradiente [42]. O presente trabalho investiga a organização estrutural de soluções potencializadas de ouro em base de etanol e água, um remédio homeopático denominado Aurum metallicum (AUR). Três soluções de AUR altamente diluídas (6C, 30C e 200C) foram submetidas à análise por MET, por dois laboratórios independentes, localizados na Romênia e na Turquia. Diferentes organizações dessas soluções foram confirmadas por ambos os laboratórios. A escolha dessas diluições centesimais foi motivada pela necessidade de investigar soluções contendo baixas quantidades da substância inicial, mesmo além do número de Avogadro (ou seja, as duas últimas diluições investigadas). Espectros Raman também foram obtidos de diversas soluções potencializadas, à base de água (água purificada (PW), água não purificada (UW) e solução de ouro em base de água purificada (AUR)), e processados por algoritmos de DL para investigar a capacidade dos modelos GRU de discriminar entre todas essas soluções e classificar as amostras dentro das categorias investigadas (AUR, PW e UW) ou dentro dos três níveis de potencialização (6C, 30C e 200C). Foi utilizado DL para avaliar sua eficácia na classificação dos espectros Raman. Os valores espectrais Raman são considerados valores de séries temporais, portanto, aplicamos uma rede neural recorrente. Realizamos experimentos com o modelo de GRU, uma vez que ele resolve tanto o problema de desaparecimento do gradiente, quanto a questão da velocidade. Assim, testamos a capacidade dessa abordagem de classificação para ser utilizada, combinada à espectroscopia Raman, para análise de soluções à base de água obtidas após a potencialização. Nossos resultados nos permitiram comprovar que esse conjunto de métodos (MET-EDX e espectroscopia Raman, combinadas com DP) pode ser utilizado, com sucesso, para a caracterização e diferenciação de soluções altamente diluídas resultantes de potencializações.

2. Materiais e método

Todas as soluções investigadas foram preparadas pela empresa Korres (Atenas, Grécia), uma empresa certificada pela National Medicines Agency [Agência Nacional de Medicamentos] (EOF – Grécia). Essas soluções foram produzidas de acordo com a Farmacopeia Homeopática Alemã (GHP, em inglês), em adesão às diretrizes para Boas Práticas de Manufatura [Good Manufacturing Practice] (GMP) [43], e levando em consideração os procedimentos da Farmacopeia Europeia para testes de conformidade, com algumas poucas exceções claramente indicadas. Especificamente, as exceções dizem respeito aos solventes usados na etapa final do processo de preparação: etanol 50% v/v para soluções à base de etanol, e água purificada para soluções à base de água. As soluções foram categorizadas em três grupos, com base na matéria-prima: água purificada (PW), água não purificada (UW) e Aurum metallicum (AUR). Para cada categoria, três níveis de potência foram preparados (6C, 30C e 200C), com três lotes de cada nível de potência produzido em dias diferentes. O registro C está associado à diluição centesimal, e significa uma parte da solução concentrada/ previamente potencializada, em 99 partes de eluente (massa/massa).

Para amostras de PW e UW, o objetivo foi preparar soluções potencializadas análogas em todos os aspectos às soluções medicamentosas, exceto pela ausência de um ingrediente medicinal ativo. A PW (em conformidade com a Farmacopeia Europeia – Ph. Eur.) é geralmente utilizada na preparação dos remédios homeopáticos, enquanto a UW era parcialmente purificada. Os tipos de água empregados neste estudo tinham as seguintes características, como indicado pela empresa Korres: PW – condutividade 0.7–0.88 μS/cm, pH 6.4–6.8, NO3− <0.2 ppm, e íons metais, Al < 3–5 ppb, As < 0.005 ppm, Pb 0.00032 ppm, Cd < 0.001 ppm, Hg < 0.0005 ppm (total de metais pesados 0.00682 ppm, limite < 0.1 ppm); UW – condutividade 196 μS/ cm, pH 7.8, HCO3− 66 ppm, Cl− 22 ppm, NO3− 9.8 ppm, Na+ 15 ppm, Ca2+ 10 ppm, Mg2+ 8.8 ppm, CO2 9.7 ppm. Desta forma, água purificada e não purificada da Ph. Eur., respectivamente, foram utilizadas

como matéria-prima. A água purificada da Ph. Eur. também foi empregada no processo de diluição e, devido a propósitos experimentais específicos, na preparação das soluções de PW e UW da 30C e 200C.

Para a categoria AUR, o método baseado na trituração de Aurum metallicum, com lactose monohidratada como veículo, foi primeiramente levado até o nível 4C; depois, para se obter a potência líquida de 6C, o protocolo empregou água purificada (em conformidade com a Ph. Eur.) para a preparação da potência 5C e etanol 30% (m/m) para a produção da diluição 6C. Começando da 6C até a 29C, e da mesma forma até a 199C, utilizou-se a água purificada da Ph. Eur. no processo de preparação. As soluções potencializadas finais de 30C e 200C foram produzidas com etanol 50% (v/v) para as soluções de AUR à base de etanol. Por propósitos experimentais específicos, a água purificada da Ph. Eur. foi utilizada no processo de preparação das soluções 30C e 200C de AUR à base de água.

2.1.1 Microscopia eletrônica de Transmissão

Para os estudos de MET, dois tipos de amostras de AUR foram incluídas; o primeiro tipo, AUR preparado em solução de etanol 50% v/v, foi analisado na Romênia e indicado como E-AUR, enquanto o segundo tipo de AUR foi preparado somente com água purificada (PW) e foi submetido à análise na Turquia (indicado como W-AUR). Para os dois tipos de AUR, três amostras potencializadas foram investigadas, a saber, 6C, 30C e 200C.

2.1.2 Investigações Raman

Para as investigações Raman, três tipos de soluções foram utilizadas: água purificada (PW), água não purificada (UW) e AUR. Além disso, para os grupos PW e UW, nós consideramos amostras não potencializadas (amostras de referência dos tipos de água usados no processo de potencialização) e três tipos de amostras de água potencializada (6C, 30C e 200C); para cada tipo de amostra de água potencializada, três lotes foram preparados em três dias diferentes. Para a categoria AUR, somente as soluções à base de água potencializada foram investigadas. Isto significa que foram consideradas um total de 12 amostras de PW, 12 amostras de UW, e 9 amostras de AUR.

2.2 Método

2.2.1 MET e procedimentos EDX romenos

A caracterização estrutural e morfológica das amostras de AUR foi realizada em um microscópio eletrônico de varredura e transmissão Hitachi HD-2700 (sigla em inglês, STEM) equipado com um detector de elétrons secundário (SE), um detector de elétrons transmitidos (TE) (Hitachi High Tech., Japão) e uma pistola de emissão de campo frio projetada para imagens de alta resolução (HRTEM) com resolução de 0,144 nm. Grades de MET revestidas com carbono foram tratadas com 6 μl das soluções potencializadas de AUR, que foram previamente sucussadas 10 vezes para homogeneização. Após 1 a 2 minutos, o excesso de líquido foi enxugado com papel de filtro Whatman grau 1 e as grades foram deixadas secar ao ar. As amostras foram analisadas utilizando-se o sistema STEM operado a 200 kV. Um sistema EDX duplo composto de um detector de desvio de silício (SDD) X-Max N100TLE (Oxford Instruments) foi usado para as investigações EDX.

2.2.2

MET e procedimentos EDX turcos

Imagens de MET das três potências (6C, 30C e 200C) de AUR foram obtidas utilizando-se um MET Hitachi HT 7800, operando a uma voltagem de aceleração de 100KV. Depois de cada amostra ter sido agitada 10 vezes, uma gota foi colocada em uma grade revestida de carbono e deixada para secar em ambiente limpo. A análise EDX das amostras foi realizada utilizando-se um Oxford Instruments X-MaxN conectado ao mesmo dispositivo MET para confirmar a presença de ouro.

Os histogramas preparados para as imagens de MET romenas e turcas foram realizados com base nos dados obtidos pelo software ImageJ (NIH, EUA).

2.2.3 Espectroscopia Raman

Os espectros Raman foram registrados em um espectrômetro Raman NRS-3300 (Jasco, Japão), equipado com um detector de dispositivo de carga acoplada (CCD) usando excitação a laser de 514,5 nm (luz verde). As soluções foram analisadas em tubos capilares de vidro (Marienfeld, Alemanha) com um diâmetro de 1,5-1,6 mm. Uma objetiva Olympus UMPLFL 20X, uma grade de 600 l/mm, corte de 0,1 × 6 mm, tempo de exposição de 120s e três varreduras foram empregadas para registrar os espectros Raman de aproximadamente 72 cm–1 a 4020 cm–1. O pico de 521 cm-1, correspondente ao Si, foi usado para calibrar o espectrômetro. Os dados brutos e com ruído não foram eliminados ou suavizados, e os valores discrepantes não foram removidos do conjunto de dados. O pré-processamento dos dados envolveu duas etapas principais e foi realizado com Spectra Manager (JASCO) e OriginPro 2023 (OriginLab Corporation). A primeira etapa de pré-tratamento de dados selecionou um intervalo de número de onda de 180 a 4.000 cm-1 e limitou o número de recursos abaixo de 13.000, aplicando um método spline de 3ª ordem com um espaçamento de dados de 0,3. Esses dados foram normalizados para [0,1] e considerados para investigação com DL como dados Raman não pré-tratados. A segunda etapa envolveu um processo de subtração da base de dados (bg) que foi aplicado no OriginPro aos dados obtidos, antes da normalização, na primeira etapa. Para aplicar o processo BG, foram executadas as seguintes etapas: modo de base de dados definido pelo usuário, método de 2ª derivada (zeros) para detecção de ponto de ancoragem, ajuste ao espectro, método de interpolação de linha e o mesmo número de pontos da base de dados como dados de entrada [44]. Os dados obtidos foram normalizados para [0,1] antes de serem usados na construção dos conjuntos de dados pré-tratados com bg para o estudo com DL.

2.2.4 Deep learning

As investigações de DL foram realizadas utilizando as linguagens de programação Python e ColabPro, que fornecem um ambiente de computação acelerado. O modelo GRU foi construído e treinado utilizando a biblioteca Keras 2.12.0. A GPU Colab Tesla T4 foi utilizada para treinar o modelo com tamanho de remessa grande. O Tesla T4 tem um total de 2.560 núcleos CUDA, além de computar 3,7, 15 GB de memória e VRAM GDDR6. Além disso, o pacote Sklearn 1.2.2 foi utilizado para analisar e explicar os resultados obtidos. Mais detalhes a respeito do protocolo de investigações com DL estão apresentados no arquivo de Material Suplementar e nas figuras S1 e S2.

3. Resultados

Para determinar a capacidade do nosso método proposto de caracterizar as diversas soluções e potências, a princípio visamos determinar as propriedades das amostras através da análise por MET.

3.1 Investigação por MET

A MET é uma valiosa ferramenta que fornece dados fundamentais sobre a organização dos nanomateriais; este conhecimento é muito importante para a compreensão e o desenvolvimento na ciência dos materiais, assim como para as áreas que utilizam soluções altamente diluídas, que também são compostas por nanoestruturas.

3.1.1 Aurum metallicum 6C

A Figura 1 apresenta várias imagens de MET obtidas por dois instrumentos distintos (veja a seção Método) para a potência 6C de AUR. Foram empregados dois diferentes meios para a preparação das amostras – o primeiro foi uma solução de etanol 50% v/v, que foi usado para amostras de AUR analisadas na Romênia (E-AUR 6C). O segundo meio foi água purificada, empregada nas amostras analisadas na Turquia (W-AUR 6C).

Apesar das diferenças subjacentes nos solventes, as imagens obtidas por MET são bastante similares no que diz respeito à forma das nanopartículas. No entanto, o tamanho da nanopartícula depende do tipo de solvente. Isso é revelado nos histogramas das duas amostras, indicando partículas menores em E-AUR 6C do que em W-AUR 6C (Fig. 1C e G), provavelmente porque o etanol é mais efetivo do que a água como agente estabili-

zador. Os dados EDX (inserções da Fig. 1 e Figuras S3 e S4) mostram porcentagens comparáveis de ouro (Au) em ambas as amostras, e a presença de silício (Si) e oxigênio (O) (o cobre (Cu)) é proveniente da grade).

3.1.2 Aurum metallicum 30C

Ademais, foi investigado a potência de AUR 30C; As Figuras 2 e S5-S8 mostram as imagens de MET, dados EDX e resultados de mapeamento MET-EDX para essa potência. Vale mencionar as semelhanças entre as duas amostras, E-AUR 30C e W-AUR 30C, em termos da forma das nanopartículas e o surgimento de impurezas.

Como no caso anterior, da potência 6C, o tamanho das nanopartículas/nanoestruturas da potência 30C tendem a ser menores para E-AUR do que para W-AUR (Fig. 2C e G); este comportamento é explicado pela capacidade do etanol de agir como eficiente agente estabilizador. Além disso, os histogramas nas Figuras 1 e 2 indicam nanoestruturas menores em E-AUR 30C que E-AUR 6C, e uma significativa diminuição de tamanho, de mais de 150nm, em relação às amostras à base de água; essas grandes estruturas são claramente observadas em W-AUR 6C, mas são visíveis apenas vestígios na amostra W-AUR 30C. Essa relevante mudança entre os perfis das duas potências, 6C e 30C, surgem após o processo de potencialização, que envolve diversas diluições e sucussões sucessivas.

3.1.3 Aurum metallicum 200C

As características da potência 200C estão ilustradas nas Figuras 3 e S9-S11, e foram obtidas pela análise das duas amostras (E-AUR 200C – preparada utilizando-se solução aquosa de etanol 50% v/v, e W-AUR 200 –obtida somente com água purificada).

A tendência geral observada para as potências 6C e 30C está presente aqui também; mais precisamente, o tamanho das nanoestruturas na amostra E-AUR 200C é menor que aquelas em W-AUR 200C, como revelado nos histogramas, na Fig.3. Além disso, em ambas as amostras 200C, as nanopartículas são maiores que as nanopartículas observadas na potência 30C e muito diferentes em formato e tamanho das nanopartículas da potência 6C (Figuras 1-3).

Organização distinta e total ausência de impurezas dentro de alguns conjuntos de clusters de AUR 200 estão evidentes na Fig. 3B. Ademais, as duas amostras de AUR 200 mostram modo preferencial de montagem ramificada (Figuras 3A e D), e a presença de pequenas quantidades de impurezas, como Si e Fe, nesses clusters, é demonstrada pelos dados EDX apresentados nas inserções das Figuras 3, S9 e S11B.

Figura 1. Dados de MET para a potência 6C de AUR. (A-C) Imagens de MET e histograma da frequência relativa dos tamanhos das nanopartículas para as amostras de AUR à base de etanol e (D-G) para as amostras à base de água; inserção – dados EDX para os pontos marcados ou o espectro de soma.

3.2 Investigações por espectroscopia Raman e deep learning

Após conduzir as investigações por MET, uma técnica rápida e não-destrutiva, como a espectroscopia Raman, pode ser considerada para análise das soluções estudadas. Devido aos maiores conjuntos observados na MET para as amostras à base de água, e considerando as peculiaridades Raman das soluções de água e etanol, a espectroscopia Raman foi aplicada apenas às soluções à base de água. O objetivo foi investigar as transformações que surgem nos três grupos/categorias: PW, UW e AUR. No geral, a PW é utilizada na preparação dos remédios homeopáticos, enquanto a UW é uma forma parcialmente purificada de água; esses tipos de água possuem características diferentes. Aqui, percebemos a baixa condutividade das amostras de PW (0.7–0.88 μS/cm) e seus baixos níveis de íons (NO3− <0.2 ppm, Al < 3–5 ppb, total de metais pesados 0.00682 ppm); além disso, as amostras de UW têm condutividade mais alta (196 μS/cm), bem como concentração mais elevada de íons

Foi aplicada a potencialização nas amostras de PW, UW e AUR preparadas em três dias distintos, para obter três lotes de amostras potencializadas nas potências 6C, 30C e 200C. Geralmente, PW e UW não são potencializadas para comercialização; o procedimento de potencialização foi aplicado a elas somente para este estudo. Assim, 33 amostras foram analisadas por espectroscopia Raman.

Figura 2. Dados de MET para a potência 30C de AUR. (A-C) Imagens de MET e histograma da frequência relativa dos tamanhos das nanopartículas para as amostras de AUR à base de etanol e (D-G) para as amostras à base de água; inserção – dados EDX para os pontos marcados ou o espectro de soma.(nitrato, bicarbonato, sódio etc.). Veja a seção Materiais e Método para mais detalhes.

Foi aplicada a potencialização nas amostras de PW, UW e AUR preparadas em três dias distintos, para obter três lotes de amostras potencializadas nas potências 6C, 30C e 200C. Geralmente, PW e UW não são potencializadas para comercialização; o procedimento de potencialização foi aplicado a elas somente para este estudo. Assim, 33 amostras foram analisadas por espectroscopia Raman. Cada amostra foi analisada em 5 pontos para se obter dados representativos das soluções investigadas. Um total de 165 espectros Raman (faixa 180–4000 cm-1) foram submetidos ao estudo de classificação. Os espectros Raman brutos e pré-tratados por bg, obtidos durante este experimento, para os diferentes níveis de potencialização (6C, 30C e 200C) dos tipos de amostras analisados (AP, NP e AUR), são mostrados nas Figuras S12-S17.

Figura 3. Dados de MET para a potência 200C de AUR. (A-C) Imagens de MET e histograma da frequência relativa dos tamanhos das nanopartículas para as amostras à base de etanol e (D-G) para as amostras à base de água; inserção – dados EDX para os pontos marcados ou o espectro de soma.

3.2.1 Classificação de todas as classes, com deep learning, usando o modelo de GRU

Os resultados de classificação espectral Raman para as 11 classes, obtidos utilizando-se o modelo de GRU trainado, são mostrados na Fig. 4; tanto os conjuntos de dados não pré-tratados quanto os pré-tratados por bg foram considerados.

A matriz de confusão é mostrada para fornecer um resumo do número de vezes em que o modelo GRU previu o resultado com precisão ou erroneamente. O modelo demonstra uma capacidade de reconhecimento muito boa ao comparar as três categorias investigadas; portanto, ele mostra grande eficiência na discriminação entre as categorias AUR, PW e UW, quando dados Raman não pré-tratados são considerados (Fig.4A). Nesse caso, uma precisão de 88% (Tabela 1) pode ser notada; este valor pode ser considerado como muito bom, especialmente se levarmos em conta a grande semelhança entre as classes estudadas. Este valor, que é pouco inferior a 90%, representa principalmente o resultado de atribuições erradas geradas para diferentes níveis de potencialização, ou de amostras de referência pertencentes à mesma categoria; foram registradas somente 3 atribuições erradas entre as três classes investigadas – AUR, PW e UW (uma mostra de AUR 200C foi associada à UW 200C, e duas amostras de UW 30C foram alocadas em AUR 6C e AUR 200C, respectivamente).

Desta forma, para a categoria AUR, as outras três atribuições errôneas foram devido à semelhança entre os diferentes níveis de potencialização dentro do grupo. Um comportamento similar também foi observado dentro dos grupos PW e UW. Não houve erros relacionados à diferenciação de PW e amostras de AUR ou UW. Dentro dos grupos PW e UW, foi observado o reconhecimento correto para o nível de potência 200C, enquanto para os outros níveis de potencialização, até 5 amostras foram erroneamente atribuídas (esse máximo foi alcançado na classe PW 6C).

Contudo, quando se aplicou o modelo de GRU ao conjunto de dados pré-tratados por bg, o resultado mostrou uma precisão de apenas 59% (Fig. 4B e Tabela 1). Resultados importantes de classificação incorreta foram obtidos dentro dos três grupos investigados, mas houve também atribuições incorretas para amostras fora do grupo adequado. Esses resultados mostram que a precária capacidade de reconhecimento do modelo se dá devido à perda de informações que ocorreu quando a subtração de fundo foi aplicada aos dados Raman. Os grupos AUR e PW parecem ser os mais afetados (Fig. 4B).

A Tabela 1 apresenta uma análise aprofundada dos valores de desempenho da abordagem proposta. Os valores de precisão, retirada e f1 para cada classe foram determinados de forma independente. Os resultados dos experimentos indicaram que as pontuações macro f1 para as duas bases de dados foram 0,88 e 0,59. Notadamente, as categorias PW, PW 6C, PW 30C e PW 200C apresentaram taxa de reconhecimento estável em ambas as bases de dados. Quando os valores de retirada são considerados, o modelo tende a subestimar a precisão da classificação da amostra UW 30C. A partir dos resultados, pode-se deduzir que, no geral, o poder de discriminação desse modelo para os dados de UW é um pouco limitado. Além do mais, este trabalho investiga a utilização da bem conhecida abordagem de machine learning, especificamente as máquinas de vetores de suporte (SVM, em inglês), para a categorização dos dados Raman. Comparada com o método de deep learning (GRU), a técnica tradicional de machine learning (SVM) gerou as pontuações de menor precisão para as duas bases de dados.

Considerando esses resultados, uma investigação mais aprofundada foi realizada, a saber, uma abordagem inteligente de aumento de dados foi empregada para ampliar o tamanho da base de dados. Assim, usando uma estratégia de segmentação espectral, cada espectro Raman foi dividido em segmentos menores. As dimensões dos segmentos foram de 1 × 1024. Por exemplo, quando se define um tamanho de amostra como sendo 1 × 12733, são obtidos um total de mais ou menos 12 segmentos únicos. O banco de dados original contém 15 instâncias para uma determinada classe. Após completar o procedimento de segmentação, a base de dados foi redimensionada para 1980 × 1024, e consiste em 11 classes distintas. Portanto, o tamanho das amostras por classe se torna 180. A base de dados é, então, fracionada, com 80% alocado para treinamento,

e a porção restante reservada para fins de testes. A validação cruzada de cinco dobras foi aplicada para medir o desempenho do nosso modelo GRU nas bases de dados de segmentação obtidas. Seguindo essa abordagem, descobriu-se que há uma relação direta entre o aumento de tamanho do segmento e a diminuição de desempenho. Os resultados experimentais apresentados na Figura S18 e na Tabela S1, obtidos através do envolvimento das amostras dos conjuntos de testes, demonstram que nosso modelo de GRU alcança uma pontuação de alta precisão, de 99,45% para dados não pré-tratados e pontuação de precisão perfeita, de 100%, para dados pré-tratados por bg, nas 11 classes. Mesmo que outras investigações envolvendo um maior número de amostras precisem ser realizadas antes de se propor a estratégia de segmentação espectral como sendo a mais apropriada para experimentos contendo um elevado número de classes, essa estratégia pode ser considerada como uma valiosa abordagem de aumento de dados para o nosso tipo de dados.

Figura 4. Matriz de confusão do modelo de GRU para (A) dados não pré-tratados e (B) pré-tratados com bg, de todas as categorias investigadas.

3.2.2 Classificação das potências dentro de cada grupo, com deep learning, usando o modelo de GRU

A taxa de reconhecimento obtida com o método de DL dentro de cada categoria (AUR 6C, AUR 30C, AUR 200C, PW), (PW, PW 6C, PW 30C, PW 200C) e (UW, UW 6C, UW 30C, UW

200C), foi analisada envolvendo dados Raman não pré-tratados e pré-tratados por bg e os resultados foram comparados em termos de valores de desempenho. A Fig. 5 ilustra os achados do experimento após aplicação da validação cruzada de 15 dobras.

Para alocar as amostras para fins de validação e treinamento, empregamos a técnica de segmentação em 15 dobras, em que 11 amostras foram selecionadas para validação e as amostras restantes foras designadas para treinamento. Para o grupo AUR, a classe nanopotencializada de PW foi utilizada como referência.

No caso de AUR versus PW, as matrizes de confusão demonstram que 98% e 78% de precisão foram obtidos, Fig.5A, D. Os achados mostraram uma precisão de 90 e 75% para o grupo PW, Fig. 5B, E, enquanto valores de precisão de 92% e 68% foram obtidos para o grupo UW, Fig. 5C, F. No geral, os grupos PW6C e UW30C têm baixa performance comparado a outras classes. Após realizar uma análise geral, fica claro que o grupo AUR tem o menor número de classificações incorretas e que a maioria dos erros de classificação ocorre devido ao grande grau de semelhança entre as classes 6C e 30C.

Figura 5. Desempenho do modelo de deep learning para avaliar a discriminação dentro de cada grupo usando dados não pré-tratados (A-B-C) e pré-tratados com bg (D-E-F).

3.2.3 Classificação com deep learning, dentro do mesmo nível de potencialização, usando o modelo de GRU

Adicionalmente, foi analisado o desempenho do DL na discriminação das classes no mesmo nível de potencialização, baseado em seus espectros Raman (Fig.6). Ao categorizar os níveis de potencialização, nós consideramos cinco classes, incluindo as amostras potencializadas de AUR, PW e UW, e amostras não potencializadas de PW e UW como referência. A análise dos resultados mostrou que para a potência 6C, valores de precisão de 99% (não pré-tratadas) e 84% (pré-tratadas com bg) foram obtidos a partir do modelo de GRU. Valores de precisão de 95% (não pré-tratadas) e 83% (pré-tratadas com bg) também foram encontrados para a potência 30C. Para a potência 200C, o modelo de GRU produziu valores de precisão de 97% (não pré-tratadas) e 77% (pré-tratadas com bg). Portanto, o melhor rendimento do modelo de GRU foi observado no caso de soluções de baixa diluição (6C).

Figura 6. Desempenho do modelo de deep learning para avaliar a discriminação dentro de cada nível de potencialização usando dados não pré-tratados (A-B-C) e pré-tratados com bg (D-E-F).

A necessidade de encontrar técnicas confiáveis para caracterização eficiente de diluições ultra altas é bem conhecida. Neste estudo, mostramos que é possível usar um conjunto de métodos (MET-EDX e espectroscopia Raman em combinação com DL) para caracterização e diferenciação bem-sucedida de soluções altamente diluídas obtidas após potencialização. MET-EDX podem ser utilizados para avaliar a composição e morfologia de qualquer solução coloidal. Nós mostramos que essa técnica é eficaz mesmo para soluções altamente diluídas, permitindo-nos obter informações valiosas com relação ao nível de potencialização e, desta forma, discriminá-las, criando uma imagem que pode ser associada à cada nível de potencialização.

Como observação geral, a morfologia da solução de AUR 6C parece similar à das soluções coloidais de nanopartículas de ouro usuais [45]; o tamanho das nanopartículas de ouro depende da natureza da matéria-prima

utilizada no processo de sintetização. No caso das outras duas potências de AUR, 30C e 200C, o design delas parece ser regido pela lei constructal que prevê a engenharia estratégica de novas arquiteturas com base nas leis da física [46].

Si e O são os dois elementos onipresentes nas amostras de AUR 30C, ao passo que nanopartículas isoladas contendo impurezas como ferro (Fe), titânio (Ti), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e alumínio (Al) são observadas na amostra E-AUR 30C, cujos constituintes são menores (Figuras 2 e S5-S7). Essas impurezas são originadas do solvente utilizado ou podem ser formadas durante a potencialização por dissolução dos frascos de vidro (por exemplo o Si ou Ti). O motivo pelo qual essas impurezas são tão evidentes na potência 30C pode ser atribuído ao tamanho dos componentes do remédio, que são menores que os componentes das outras duas potências (6C e 200C), como mostrado nos histogramas das Figuras 1C e G, 2C e G, e 3C e G. Além disso, o perfil filiforme observado na amostra W-AUR 30C (Fig. 2D), a ocorrência de algumas estruturas com base de carbono (C) na E-AUR 30C (Fig. S7B) e a presença de ouro nas duas amostras da potência 30C (inserção da Fig. 2 e Figuras S5 e S8B) devem ser destacadas.

Todas essas observações sugerem uma organização diferente para as potências 6C e 30C de AUR e indicam a presença de nanopartículas e de conjuntos de clusters nas amostras da 30C. Assim, o formato claro das nanopartículas de impurezas e os conjuntos filiformes/de clusters formados a partir de pequenas estruturas promove a ideia de que, pelo menos para ARU 30C, a organização observada não está primariamente relacionada aos sistemas de nanopartículas, mas mais aos grandes conjuntos (clusters) de pequenas estruturas. Provavelmente esses clusters também contém moléculas de etanol e água (em E-AUR) ou água (em W-AUR), enquanto as impurezas, sejam isoladas ou ligadas a esses grandes conjuntos, aparecem como nanopartículas (formato redondo claro e diferentes tamanhos). Embora ouro tenha sido identificado em todas as amostras investigadas, ele aparece espalhado na superfície da grade nas imagens de mapeamento de MET-EDX. Os resultados obtidos para as amostras de AUR 200C sugerem uma organização das moléculas de AUR 200C, indicando a existência de estruturas estáveis e organizadas em uma grande área. As impurezas estão presentes como grandes aglomerados (Fig. S10B); portanto, grandes impurezas (escala micrométrica) como Si, Al, Fe e O, conectadas, podem ser vistas em resultados de mapeamento por MET-EDX. O perfil filiforme também pode ser notado nas amostras de W-AUR 200C (Fig. 3A, 3D), assim como a ocorrência de algumas estruturas com base de carbono (C) em E-AUR 200C (Figuras S10A e S10C), e a presença de ouro em dois tipos de amostras 200C investigadas (inserção na Fig.3 e Figuras S9 e S11B).

Alguns desses resultados são corroborados pela literatura; por exemplo, a presença de ouro, mesmo em potências altas (30C e 200C) de AUR, que estão além do número de Avogadro, também foi demonstrada nos artigos de Chikramane et al. [10] e Rajendran [47]. No trabalho de Chikramane et al., o componente elementar das partículas de MET foi identificado por difração eletrônica de área selecionada (em inglês, SAED) e confirmado por análise ICP-AES [10]. O estudo de Rajendran destaca a ideia de que as nanopartí-

culas são encontradas principalmente na escala de pontos quânticos em todas as soluções [47]; o tamanho de suas partículas é aproximadamente semelhante aos nossos dados. Essa perspectiva de nanopartículas também é corroborada por nossos achados, mas além disso, nossos resultados demonstram que a estrutura de AUR combina nanopartículas e arranjos de clusters compostos de nanoestruturas menores ou maiores. Esses arranjos de clusters são mais evidentes nas altas diluições que estão além do número de Avogadro e são influenciados pela natureza do solvente e pelo nível de potencialização; quanto maior a potência, maiores e com mais ramos serão as estruturas formadas. A extensão dessa organização em uma área maior deverá levar a estruturas mais estáveis e que possam estar em conformidade com a lei construtiva (ou lei constructal) de design e evolução da natureza, como descrito por Bejan e Lorente [46].

Adicionalmente, para o estudo MET-EDX, nós investigamos se a metodologia baseada em espectroscopia Raman e DL é capaz de classificar as soluções que não são significativamente diferentes em sua estrutura, como i) as soluções de PW versus de UW, que ostentam diferenças sutis, já que a UW utilizada nesses experimentos é, em essência, uma água parcialmente purificada, usada em cosméticos, e ii) soluções de PW versus de AUR, em que as diferenças se devem à presença de concentrações muito baixas de ouro nas amostras AUR. Ademais, a complexidade e dinâmica das estruturas à base de água produzem uma resposta na região Raman investigada (especialmente na faixa de estiramento OH), como demonstrado por SUN [32] e diversos outros autores [28-31].

Os resultados obtidos para as três situações investigadas (classificação de todas as classes, classificação das potências dentro de cada grupo (AUR, PW e UW) ou classificação dentro do mesmo nível de potencialização (6C, 30C e 200C) demonstram que as abordagens de DL podem ser utilizadas para reconhecer de forma fácil e efetiva as diversas classes. No conjunto de dados com a remoção de parâmetro (ou seja, pré-tratado com bg) o modelo de GRU é incapaz de captar a tendência dos dados em sua totalidade. Para alcançar melhores resultados para dados pré-tratados com bg, nós empregamos normalização quantizada. Além disso, neste caso, a técnica de normalização em remessa foi aplicada somente após a camada densa final do modelo. Um modelo de dois estágios de reconhecimento pode ser proposto como extensão do presente estudo. O primeiro modelo seria responsável por determinar o tipo de amostra, ao passo que o segundo modelo seria capaz de separa as amostras de teste em subclasses dentro da classe de tipo de amostra. Esse procedimento leva um tempo significativo, mas acreditamos que ele produza resultados superiores. Ademais, com base nos resultados obtidos para o estudo de discriminação envolvendo todas as 11 classes e uma abordagem de aumento de dados, o uso de um método de segmentação espectral pode ser visto como uma estratégia valiosa para aumentar a precisão de previsão do modelo.

5. Conclusão

De modo geral, ao analisarmos os resultados obtidos com MET-EDX e com a metodologia baseada na espectroscopia Raman e em algoritmos de DL, podemos defender que esses métodos podem ser utilizados com sucesso para a caracterização de diluições ultra altas. Esse conjunto de técnicas revelou uma modalidade que pode ser a base para a discriminação de diferentes remédios de acordo com a natureza da substância inicial utilizada para preparar os remédios, ou poderia permitir a diferenciação das amostras com base em seu nível de potencialização. Essa abordagem permite a análise de soluções altamente diluídas em uma escala muito maior do que era possível no passado.

Declaração de conflito de interesses

Camelia Berghian-Grosan e George Vithoulkas reportam que os custos de publicação do artigo foram fornecidos pela Academia Internacional de Homeopatia Clássica. George Vithoulkas relata um relacionamento com a Academia Internacional de Homeopatia Clássica que inclui: ser membro do conselho. Se houver outros autores, eles declaram que não têm interesses financeiros conflitantes ou relações pessoais conhecidas que possam ter influenciado o trabalho relatado neste artigo.

Disponibilidade dos dados

Os dados serão disponibilizados mediante solicitação.

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer à Academia Internacional de Homeopatia Clássica (I.A.C.H.) - Alonissos (Grécia) - pelo apoio prestado a esta pesquisa e ao Dr. Drosos Kourounis por suas sugestões e correções que melhoraram consideravelmente a qualidade deste artigo. Agradecimentos especiais são estendidos à Farmácia Korres e ao Sr. George Korres (Grécia, www.korres.com) pela preparação das soluções homeopáticas.

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CURANDO COM ...Berberis vulgaris

O preparado homeopático Berberis vulgaris tem origem em um arbusto espinhoso de pequeno porte, pertencente à família Berberidaceae. Popularmente, essa planta é conhecida como Espinheiro-vinagreiro, Uva-de-espinho e Berberina, fazendo referência ao seu composto ativo.

Nativa da Europa, do norte da África e da Ásia Ocidental, hoje em dia também é encontrada no Brasil, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste. Trata-se de um arbusto que pode chegar a três metros de altura, com folhas elípticas, de bordas serrilhadas e coloração que varia do verde claro ao escuro, dependendo da estação. Suas flores são pequenas, amarelas ou alaranjadas, e surgem agrupadas em cachos durante a primavera. Os frutos são pequenas bagas vermelhas ou alaranjadas, de sabor ácido, comumente utilizadas na medicina natural. A planta também possui espinhos afiados nos ramos e raízes amarelas, especialmente quando frescas. O medicamento homeopático é obtido a partir da casca do caule e da raiz, onde se concentram alcaloides importantes, como a berberina, co -

nhecida por suas propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias e diuréticas.

De acordo com a farmacêutica homeopata, Vanessa Rescia, o Berberis vulgaris é usado como tratamento medicinal há muito tempo, especialmente nas culturas tradicionais da Europa e da Ásia: “Já era conhecido por suas propriedades antibacterianas, digestivas e anti-inflamatórias, sendo utilizado para tratar problemas hepáticos, digestivos, renais e urinários desde a antiguidade”, ressalta. “Durante a Idade Média, seu uso se expandiu ainda mais, principalmente para distúrbios digestivos e para melhorar a circulação sanguínea. Na homeopatia, Berberis foi introduzido no final do século 18 por Samuel Hahnemann, o criador da homeopatia. Ele reconheceu os efeitos terapêuticos da planta com base em sua aplicação tradicional e os potencializou por meio da dinamização homeopática. Passou a indicá-la, sobretudo, para condições como cólicas renais, distúrbios hepáticos e urinários, além de dores musculares e articulares”.

Foto: Sten Porse/Wikipedia.

Foto: Vanessa Rescia/Arquivo pessoal.

Ainda segundo Vanessa, Berberis tem ação ampla, que se estende aos níveis físico, mental, emocional e energético: “Fisicamente, ele é muito conhecido por seu efeito drenador, especialmente sobre os rins e o fígado”, esclarece. “Também ajuda na eliminação de cálculos renais, alivia cólicas e dores lombares, e atua também sobre a vesícula biliar e o trato urinário, reduzindo inflamações mesmo quando não há presença de pedras. Além disso, melhora a digestão, alivia a constipação, e pode ser útil em casos de distúrbios musculares e articulares ligados ao sistema hepático e renal. Inclusive, é indicado para quadros reumáticos e de ácido úrico elevado, além de dermatoses associadas a sobrecarga tóxica no organismo”.

Nos campo mental e emocional, Berberis costuma ser indicado para pessoas que se sentem sobrecarregadas e que experimentam sensações constantes de frustração, irritação e desespero: “É comum vermos esse preparado homeopático sendo usado em momentos de esgotamento mental, falta de foco e dificuldade de lidar com situações que exigem

confiança ou firmeza emocional”, aponta Vanessa. “Também é bastante útil em casos de labilidade emocional, quando há oscilações rápidas de humor, indo da tristeza profunda à irritação ou impaciência”.

Energeticamente, Berberis pode atuar como um desbloqueador: “Muitas pessoas que se beneficiam desse medicamento relatam uma sensação de estagnação, como se estivessem paradas no tempo ou desconectadas de si mesmas. Ele ajuda a recuperar a vitalidade e a energia para seguir adiante, principalmente, quando há cansaço físico e mental combinados com a sensação de estar desconectado das próprias necessidades e da própria essência. Em algumas abordagens, é utilizado também para equilibrar os chacras inferiores, como o chacra raiz e o plexo solar, que estão ligados à segurança, força interior e estabilidade emocional”.

O medicamento Berberis vulgaris pode ser encontrado em diferentes formatos:

Glóbulos: pequenas esferas de sacarose impregnadas com o medicamento, amplamente

utilizados em potências como 6CH, 30CH ou 200CH, entre outras, especialmente para uso por via sublingual;

Tintura-mãe líquida: um extrato líquido concentrado da planta, que pode ser usado diretamente em alguns tratamentos ou servir de base para outras diluições homeopáticas.

Comprimidos: funcionam de forma semelhante aos glóbulos, mas são de lactose.

Pomadas ou géis: Com extratos da planta, especialmente indicados para aplicações tópicas em casos dermatológicos.

Quanto à efetividade, a farmacêutica garante que todos os formatos mencionados podem trazer bons resultados - desde que a potência ou dinamização estejam bem indicadas: “Potências mais altas tendem a atuar em níveis emocionais e energéticos, enquanto potências mais baixas são geralmente usadas para sintomas físicos e agudos”, destaca. “A forma de administração influencia a absorção e a resposta, mas o que realmente determina a eficácia é a adequação do remédio à totali -

dade do caso do paciente, algo que deve ser avaliado por um homeopata”.

A homeopatia tem apresentado bons resultados no tratamento de cálculos renais com Berberis vulgaris, de acordo com relatos de terapeutas homeopatas do Grupo de Homeopatas do Centro-Oeste, que compartilharam experiências bem-sucedidas utilizando de medicamentos homeopáticos e fitoterápicos, em alguns casos, associados a ajustes na dieta e suplementação nutricional.

A terapeuta homeopata Perônica Maria R. S. Pires, por exemplo, relatou um caso de sucesso com a combinação de Berberis, Sarsaparilla e suco de melão, cuja associação contribuiu para a eliminação de cálculos renais.

Já o homeopata Ramon Lobo Gomes destacou a eficácia da Calcarea renalis na dissolução dos cálculos e da Berberis em casos de dor irradiada e cólicas renais. Segundo ele, a ação vasodilatadora de Berberis favorece a expulsão do cálculo, alertando que o maior problema não é o tamanho da pedra, mas suas pontas afiadas, que podem causar lesões durante a eliminação.

A terapeuta homeopata Ana Doris da Silva, por sua vez, compartilhou um caso clínico envolvendo um adolescente de 14 anos com cálculo renal de grandes dimensões. O tratamento com Berberis e Calcarea renalis permitiu a eliminação da pedra sem dor.

Outro caso de sucesso foi relatado pelo terapeuta homeopata Nestor Scherer, que descreveu a eliminação de cálculos renais entre 3 a 4 cm de diâmetro com o uso de uma fórmula diluída em água contendo Berberis, Calcarea renalis, Uva ursi, Lycopodium clavatum e outros medicamentos homeopáticos em diluição plus, administrados várias vezes ao dia. O êxito da eliminação total ficou comprovado por exames clínicos em menos de sessenta dias.

Por fim, Vanessa Rescia também realizou tratamento homeopático com uma paciente de 18 anos, que eliminou um cálculo de 1,5mm em uma semana, porém, com dor na expulsão, após ingerir Berberis associado à tintura-mãe de Phyllanthus niruri.

NOTA CIENTÍFICA

PROPOSTA DE EXPERIMENTAÇÃO HOMEOPÁTICA DA ÁGUA TERMAL DA FONTE PEDRO BOTELHO (MG): ELABORAÇÃO DE

MATÉRIA MÉDICA A PARTIR DE ENSAIO CLÍNICO EM HUMANOS

Autora: Cyntia Sampaio – Farmacêutica e pesquisadora em Homeopatia. e-mail: cshomeo22@gmail.com

Resumo

A presente nota científica apresenta uma proposta metodológica para experimentação homeopática da Água Termal da Fonte Pedro Botelho, localizada em Poços de Caldas – MG, conforme os princípios hahnemannianos e o modelo do experimento em indivíduo sadio. O objetivo é construir a primeira matéria médica baseada em uma água termal brasileira, ainda não experimentada nem documentada sob esta perspectiva. O projeto foi submetido à Plataforma Brasil e encontra-se em tramitação ética, respeitando todos os princípios da bioética.

Palavras Chaves: homeopatia; águas termais; dinamização; terapias integrativas; pesquisa clínica

Introdução

O uso das águas termais no Brasil antecede a colonização portuguesa. Povos indígenas já utilizavam essas fontes para banhos medicinais e rituais de cura conduzidos pelos pajés, observado a partir dos comportamentos instintivos dos animais que recorriam a essas águas ao adoecerem. Ao longo da história, essas práticas foram mantidas e valorizadas por figuras como Dom João VI, Dom Pedro I e a Princesa Isabel, sendo as águas termais reconhecidas por suas propriedades terapêuticas, especialmente em afecções digestivas, dermatológicas, reumáticas e renais.

No cenário internacional, essas águas são frequentemente incorporadas às terapias integrativas, com respaldo em estudos físico-químicos e clínicos. No entanto, dentro da ciência homeopática, seu potencial permanece inexplorado no Brasil sob critérios éticos e metodológicos rigorosos. Algumas dessas águas, quando consumidas in natura em excesso, apresentam efeitos adversos, o que levanta a hipótese de que sua dinamização — conforme os princípios da diluição e potencialização de Hahnemann — possa oferecer uma via segura e terapêutica de utilização.

Diante disso, o presente estudo propõe a experimentação homeopática da Água Termal da Fonte Pedro Botelho, situada em Poços de Caldas (MG), com o intuito de elaborar a primeira matéria médica nacional derivada de uma água termal. Trata-se de um projeto inovador, submetido à Plataforma Brasil, com o objetivo de ampliar o conhecimento científico e terapêutico na interface entre crenologia e homeopatia.

Metodologia

Imagens 1 e 2: Entrada da fonte Pedro Botelho e ponto de escoamento.

Fotos da autora

O potencial hídrico brasileiro é vasto, diversificado e apresenta características únicas em comparação a outros países. As águas termais do Brasil possuem propriedades físico-químicas e terapêuticas singulares, muitas vezes ainda pouco exploradas cientificamente. Em diversos países, essas águas já estão integradas às práticas de terapias complementares e são utilizadas inclusive sob a forma homeopática, com ações relatadas como antioxidante, restauradora da energia vital e promotora da saúde integral — conforme demonstrado em experimentações descritas sob a forma de matéria médica. No entanto, até o momento, nenhuma água termal brasileira foi objeto de experimentação homeopática sistematizada, o que evidencia uma lacuna relevante na construção de uma matéria médica nacional específica.

A Fonte Pedro Botelho, mais conhecida como Fonte do Leãozinho, é uma fonte termal localizada em Poços de Caldas, Minas Gerais, conhecida por suas águas alcalinas, bicarbonatadas, sulfetadas e hipertermais, com temperatura de 45°C. É parte do Complexo Hidrotermal e Hoteleiro da cidade e se destaca por suas propriedades terapêuticas e beleza cênica. Está localizada no Complexo Hidrotermal e Hoteleiro de Poços de Caldas, Praça Elisiário Junqueira, Centro, Minas Gerais. A análise físico-química da água a caracteriza como água alcalina, pH elevado, indicando uma solução básica. Contém bicarbonato, o que confere propriedades terapêuticas; sulfeto, um composto com propriedades conhecidas por seus efeitos na pele e articulações. É considerada hiper termal, de alta temperatura, sendo uma das fontes de água sulfurosa quente de maior temperatura em Poços de Caldas. A água é considerada um bem cultural e natural tombado (Processo nª07/P1). Acredita-se que as águas da fonte possuam propriedades rejuvenescedoras e revitalizantes, atraindo visitantes em busca de seus benefícios. Todas estas características físico-químicas a tornam única mundialmente: água alcalina, bicabornatada, sulfetada e hiper termal.

A coleta da água será realizada diretamente na Fonte Pedro Botelho (Poços de Caldas – MG), obedecendo aos critérios técnico-sanitários estabelecidos pela farmacotécnica homeopática. A amostra será imediata-

mente armazenada em frascos âmbar estéreis, sendo considerada a matriz primária líquida in natura, ponto de partida para a preparação das dinamizações.

As primeiras potências (1DH, 1CH e 1LM) serão iniciadas com essa matriz primária, e as dinamizações subsequentes (30DH, 30CH, 200CH e 1LM) serão manipuladas por farmácia homeopática credenciada, conforme as boas práticas e exigências da Farmacopeia Homeopática Brasileira. Os frascos utilizados serão âmbar, estéreis, com conta-gotas, e os veículos obedecerão aos padrões de pureza recomendados (como o álcool a 70% p/p). Todo o processo será documentado e controlado para garantir reprodutibilidade e segurança da substância a ser experimentada.

A escolha das diferentes escalas visa avaliar não apenas o perfil sintomático geral da água dinamizada, mas também as possíveis variações na intensidade, qualidade e duração dos sintomas conforme cada potência, respeitando os critérios clássicos das experimentações hahnemannianas.

Os participantes da experimentação serão adultos saudáveis, entre 18 e 60 anos, residentes na região de Belo Horizonte (MG), que não apresentem histórico de doenças crônicas, não façam uso contínuo de medicamentos alopáticos ou fitoterápicos, e estejam em boas condições físicas e psíquicas no momento da triagem. Os critérios de exclusão compreendem menores de 18 anos, gestantes, lactantes, indivíduos com doenças autoimunes, psiquiátricas graves ou em tratamento médico ativo.

O protocolo seguirá os preceitos da experimentação hahnemanniana: após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), os participantes passarão por um período de observação inicial sem administração da substância, com o objetivo de estabelecer uma linha de base dos sintomas espontâneos. Em seguida, será administrada a água termal dinamizada conforme a escala designada para cada voluntário. A posologia variará de acordo com a potência: a 30DH será administrada diariamente, uma vez ao dia, por 21 dias; a 30CH, uma dose diária por 7 dias; a 200CH será administrada em dose única; e a 1LM será tomada uma vez ao dia durante 15 dias. Os voluntários serão acompanhados ao longo de 30 dias, com registro diário dos sintomas físicos, emocionais e mentais, conforme os princípios clássicos da experimentação homeopática.

Conclusão

O presente estudo propõe uma metodologia inédita de experimentação homeopática de uma água termal brasileira, visando à elaboração da primeira matéria médica nacional a partir de uma fonte natural ainda não explorada sob os critérios da ciência hahnemanniana. A Fonte Pedro Botelho, por suas características físico-químicas e simbologia histórica, representa uma oportunidade singular para integração entre a crenologia e a homeopatia.

Espera-se que os resultados obtidos ampliem o conhecimento científico sobre os efeitos da dinamização de substâncias naturais brasileiras, contribuindo para a valorização das práticas integrativas e para o desenvolvimento de novos medicamentos homeopáticos de base mineral-natural. A proposta também abre espaço para futuras experimentações com outras fontes hidrotermais do Brasil, fomentando um campo ainda pouco explorado dentro da homeopatia contemporânea.

Agradecimentos

A autora agradece à Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemge) pelo apoio logístico e pela colaboração das funcionárias Raquel Silva Pinto e Karla Márcia da Silva, responsável pela coleta das amostras da Fonte Pedro Botelho. Também agradece ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) pela disponibilização das informações referentes ao tombamento da fonte.

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MONOGRAFIA

REPRESENTAÇOES SOCIAIS DOS USUÁRIOS SOBRE O TRATAMENTO HOMEOPÁTICO NO MUNICIPIO DE DIAMANTINA - MG - 2019

Francisco Rabelo Glória Campos chicovgp@gmail.com

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Saúde, Sociedade e Ambiente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri como requisito parcial para a obtenção do título de Magister Scientiae em Saúde Sociedade e Ambiente.[ Os anexos foram suprimidos nesta versão para revista. Caso os leitores queiram acessar a esses documentos, favor entrar em contato com o autor por meio do e-mail divulgado logo abaixo de seu nome.

Orientadora: Prof.a Dr.a Fabiane Nepomuceno da Costa

Coorientador: Prof. Dr. Marivaldo Aparecido de Carvalho

“Os mais inestimáveis tesouros são a consciência irrepreensível e a boa saúde. O amor à Deus e o estudo de si mesmo oferecem uma; a Homeopatia oferece a outra”. Samuel Hahnemann.”

RESUMO

A Homeopatia foi introduzida oficialmente no Brasil em 1840 por um médico socialista chamado Benoit Mure, mas seu reconhecimento como especialidade médica aconteceu apenas em 1980. Durante esse período muitos fatores contribuiram para que ela encontrasse alicerce para se estabelecer como especialidade médica, bem como muitos contratempos. Atualmente terapias alternativas e complementares vêem ganhando vários adeptos chegando a ser integrada ao Sistema Unico de Saúde (SUS) pela portaria 971 de 03 de maio de 2006. Ainda assim seu uso se restringe a uma pequena parcela da população. A presente pesquisa está inserida na linha da Promoção da saúde, prevenção e controle de doenças e buscou analisar as representações sociais sobre o tratamento homeopático dos usuários de Homeopatia na cidade de Diamantina - MG, compreendendo as motivações que os levaram a procurar essa modalidade terapêutica. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa e qualitativa na qual foi feita aplicação de questionários em locais onde oferece o serviço de consultas homeopáticas na cidade de Diamantina - MG, Instituto Flavia Barits - Homeopatia e Terapias Naturais e Espaço Solidário Francisca Àvila, no período de 22 de março a 22 abril de 2019.Foram aplicados 67 questionários que tiveram como objetivo, conhecer o perfil socieconômico dos usuários de Homeopatia e selecionar um grupo amostral, 13 participantes, para posterior realização de entrevistas. Nas entrevistas buscou-se compreender as motivações que os levaram a buscar o tratamento homeopático, qual o conhecimento que os mesmos possuem sobre a terapêutica, e as pespectivas de tratamento. As análises estatísticas e da teoria fundamentada demonstraram uma satisfação em relação a terapeutica e representações sociais a respeito do tratamento, da cura, do medicamento e do entendimento pelo conceito de tratamento natural. Como prospectiva, pretende-se construir um documento a ser apresentado aos gestores de saúde municipal com intuito de estimular a adesão das terapias integrativas e complementares ao SUS.

Os anexos foram suprimidos nesta versão para revista. Caso os leitores queiram acessar a esses documentos, favor entrar em contato com o autor por meio do e-mail divulgado logo abaixo de seu nome.

DESCRITORES: Homeopatia 1. Terapias complementares 2. Sistema Único de Saúde 3. Atenção primária à saúde.

ABSTRACT

Homeopathy was officially introduced in Brazil in 1840 by a socialist physician named Benoit Mure, but its recognition as a medical specialty came only in 1980. During this period many factors contributed to its founding as a medical specialty, as well as many setbacks. . Currently alternative and complementary therapies are gaining several adherents being integrated into the Unified Health System (SUS) by the Ordinance 971 of May 03, 2006. Still its use is restricted to a small portion of the population. This research is inserted in the line of Health Promotion, disease prevention and control and sought to analyze the social representations about homeopathic treatment of homeopathy users in the city of Diamantina - MG, understanding the motivations that led them to seek this therapeutic modality. This is a cross-sectional, descriptive study with a quantitative and qualitative approach in which questionnaires were applied in places where the homeopathic consultation service is offered in the city of Diamantina - MG, Flavia Barits Institute - Homeopathy and Natural Therapies and Francisca Solidarity Space. Avila, from March 22 to April 22, 2019. 67 questionnaires were applied. These questionnaires aimed to know the socioeconomic profile of homeopathy users and to select a sample group, 13 participants, for subsequent interviews. The interviews sought to understand the motivations that led them to seek homeopathic treatment, what knowledge they have about the therapy, and their treatment perspectives. Statistical and grounded theory analyzes demonstrated satisfaction with therapy and social representations of treatment, cure, medication, and understanding of the concept of natural treatment. As a prospective, it is intended to build a document to be presented to municipal health managers in order to encourage adherence of integrative and complementary therapies to the SUS.

DESCRIPTORS: Homeopathy 1. Complementary therapies 2. Unified Health System 3. Primary health care

RESUMEN

La homeopatía se introdujo oficialmente en Brasil en 1840 por un médico socialista llamado Benoit Mure, pero su reconocimiento como especialidad médica se produjo sólo en 1980. Durante este período, muchos factores contribuyeron a su fundación como especialidad médica, así como a muchos contratiempos. Actualmente, las terapias alternativas y complementarias están ganando la integración de varios adherentes (olhar um sinônimo) en el Sistema Único de Salud (SUS) por la Ordenanza 971 del 03 de mayo de 2006. Aún así, su uso está restringido a una pequeña porción de la población. Esta investigación se inserta en la línea de Promoción de la Salud, prevención y control de enfermedades y busca analizar las representaciones sociales sobre el tratamiento homeopático de los usuarios de homeopatía en la ciudad de DiamantinaMG, entendiendo las motivaciones que los llevaron a buscar esta modalidad terapéutica. Este es un estudio descriptivo transversal con un enfoque cuali- cuantitativo en el que se aplicaron cuestionarios en lugares donde se ofrece el servicio de consulta homeopática en la ciudad de Diamantina - MG, Flavia Barits Institute - Homeopatía y terapias naturales y Francisca Ávila Solidarity Space.?, del 22 de marzo al 22 de abril de 2019. Se aplicaron 67 cuestionarios, que tenían como objetivo conocer el perfil socioeconómico de los usuarios de homeopatía y seleccionar un grupo de muestra: 13 participantes, para entrevistas posteriores. Las entrevistas buscaron comprender las motivaciones que los llevaron a buscar tratamiento homeopático, qué conocimientos tienen sobre la terapia y sus perspectivas de tratamiento. Los análisis teóricos estadísticos y da teoria fundamentada demostraron satisfacción con la terapia y las representaciones sociales del tratamiento, la cura, la medicación y la comprensión del concepto de tratamiento natural. Como perspectiva, se pretende construir un documento que se presentará a los gerentes de salud municipales para alentar la adhesión de terapias integradoras y complementarias al SUS.

DESCRIPTORES: Homeopatía 1. Terapias complementarias 2. Sistema único de salud 3. Atención primaria de salud.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo conhecer as representações sociais dos usuários de Homeopatia no município de Diamantina, Minas Gerais, compreendendo as motivações que os levaram a procurar essa modalidade terapêutica. Para tanto foi necessário conhecer todos os princípios fundamentais da Homeopatia bem como sua filosofia, farmacotécnica e história. O modo como essa medicina chegou ao Brasil, serve como direcionamento e entendimento para muitas questões que envolvem o seu uso.

A história da humanidade, muitas vezes se surpreende ao encontrar o surgimento de algumas personalidades de destaque em diferentes intervalos de tempo. A personificação de tal personalidade no campo da medicina foi Samuel Christian Friedrich Hahnemann (1755- 1843), o fundador da Homeopatia. Após manifestar-se insatisfeito as práticas médicas contemporâneas, Hahnemann se depara com um questionamento, ao promover a tradução de uma tese, que foi o divisor das práticas médicas até os dias atuais. A adoção ao aforismo de Hipócrates, “Similia similibus curentur”, como explicação para sua descoberta, tem levado gerações a consolidar uma nova perspectiva e interpretação de saúde, doença e tratamento.

Grande é o número de adeptos à filosofia homeopática, e, atendendo aos preceitos da Organização Mundial de Saúde (OMS), quanto à importância do fortalecimento da Atenção Primária a Saúde (APS), em maio de 2006, foi publicada pelo Ministério da Saúde, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) que implementa essas ações no Sistema Único de Saúde (SUS), dentre elas a Homeopatia (BRASIL, 2006).

No Brasil, a Homeopatia está a cargo das especialidades médicas, veterinária, odontológica e farmacêutica, bem como é atribuída a terapeutas holísticos, não médicos, credenciados em órgãos especializados. Além do uso na medicina, é crescente sua utilização na agricultura, sendo a Universidade Federal de Viçosa (UFV), a pioneira em pesquisas agrárias homeopáticas no Brasil.

Graduado em farmácia em 2006, o pesquisador fez especialização em Homeopatia pelo Instituto Homeopático François Lamasson-IHFL (Ribeirão Preto-SP) e o curso de extensão em Homeopatia do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG). Atualmente é membro da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH) e atua na educação ministrando cursos de Homeopatia para profissionais da área da saúde, humanas, biológicas e agricultores familiares, priorizando a sustentabilidade, agricultura orgânica no campo e reequilíbrio e cura dos seres humanos.

Com o intuito de conhecer melhor a vivência e as representações sociais dos usuários de Homeopatia no município de Diamantina, levando em consideração a prioridade em pesquisa sobre Sistemas e Políticas de Saúde, sub agenda, “Estudos Sobre a Atenção em Saúde” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011), e visando contribuir para preencher essa lacuna do conhecimento, foi realizado o presente estudo.

REVISÃO DA LITERATURA

O fundador da Homeopatia

Nascido em uma família simples na cidade de Meissen na Alemanha, no dia 11 de abril de 1755 Samuel Cristiano Frederico Hahnemann, filho de Christiano Godofredo Hahnemann e de Jhoanna Christiana Spiess, ainda na infância já apresenta um verdadeiro dom para os estudos, bem como uma responsabilidade e personalidade muito desenvolvidas para a sua tenra idade (CORRÊA; SIQUEIRA; QUINTAS, 1997; TÉTAU, 2011; LUZ, 2014).

Figura 1- Samuel Cristiano Frederico Hahnemann Fonte: BIOGRAFIASYVIDAS, 2019.

Dotado de uma extrema inteligência e curiosidade, se destaca pelo estudo de línguas e traduções de obras literárias. Estuda medicina na universidade de Leipzig e na própria universidade começa a perceber as falhas do ensino: existia a teoria, porém, não havia nenhum contato clínico com o doente. Motivado pela reputação que privilegiava a observação médica à clínica, Hahnemann decide terminar seus estudos em Viena (CORRÊA; SIQUEIRA; QUINTAS, 1997; TÉTAU, 2011).

Um médico formado em medicina convencional, em 1790, foi reconhecido como um dos mais ilustres médicos de sua geração, chegando ser nomeado médico do rei da Alemanha. Porém, cansado de verificar a ineficácia da medicina dominante e decepcionado com os métodos terapêuticos da época e envolto das teorias de Hipócrates[ 1 Considerado por muitos uma das figuras mais importantes da história da Medicina, frequentemente considerado “pai da medicina”.] ele abandona a prática profissional da medicina (CORRÊA; SIQUEIRA; QUINTAS, 1997; TÉTAU, 2011).

Dedicando-se novamente a traduções literárias, ele se depara com uma anotação da matéria médica de Cullen[ O Dr William Cullen (1712-1790) era um reconhecido acadêmico de Edimburgo, químico e medico, considerado uma autoridade internacional na composição e atividade das drogas medicinais. (TETAU, 2001, p.51). ], Hahnemann salienta a relação da similitude entre os sintomas apresentados pela Intoxicação com a quinquina[ Planta rubiácea (Cinchona officinalis),droga originária do Peru e que é justamente conhecida por sua eficácia no tratamento da malária. É a partir da quinquina que os farmacêuticos franceses Pelletier e Caventou conseguirão, em 1820, isolar a quinina, alcaloide mundialmente utilizado no tratamento do paludismo.

] e as curas obtidas com tal planta. Fez então a primeira experiência patogenética em si mesmo, sendo o introdutor do método experimental em terapêutica: “O córtex de quinquina que é utilizado como remédio

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1 Considerado por muitos uma das figuras mais importantes da história da Medicina, frequentemente considerado "pai da medicina". O Dr William Cullen (1712-1790) era um reconhecido acadêmico de Edimburgo, químico e medico, considerado uma autoridade internacional na composição e atividade das drogas medicinais. (TETAU, 2001, p.51).

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Planta rubiácea (Cinchona officinalis),droga originária do Peru e que é justamente conhecida por sua eficácia no tratamento da malária. É a partir da quinquina que os farmacêuticos franceses Pelletier e Caventou conseguirão, em 1820, isolar a quinina, alcaloide mundialmente utilizado no tratamento do paludismo.

para a febre intermitente atua porque é capaz de produzir sintomas semelhantes aos da febre intermitente num homem de boa saúde” (CORRÊA; SIQUEIRA-BATISTA; QUINTAS, 1997; DEMARQUE, 2002; TÉTAU, 2011, p.53).

Três anos após, ele começa a publicar as bases de sua nova medicina. A primeira publicação efetiva sobre suas observações foi intitulada como “Ensaio sobre um novo princípio para a descoberta das forças curativas das substâncias medicamentosas com algumas considerações sobre o que foi feito até nossos dias” (TÉTAU, 2011). Sua publicação foi recebida com muitas críticas pelos médicos da época. (TÉTAU, 2011).

Em 1810 publica sua obra máxima: o “Organon [O termo Organon foi escolhido por Hahnemann intencionalmente. Designava os seis tratados de Aristóteles.] da arte de curar”, (HAHNEMNN, 2008) no qual expõe sua nova medicina. Nesta obra emprega, pela primeira vez o vocábulo “Homeopatia”. Com as enormes críticas feitas pelos conservadores da época, abriu-se caminhos para discursões sobre o tema e consequentemente para aguçar a curiosidade dos estudantes de medicina, surgindo um grande número de homeopatas, revolucionando essa modalidade terapêutica (TÉTAU, 2011).

Em 1835, Hahnemann se instala em Paris, e a Homeopatia vivencia seus tempos áureos, Hahnemann ganha fama e o reconhecimento dos homeopatas franceses realizando curas admiráveis (TÉTAU, 2011; LUZ, 2014).

Em 2 de julho de 1843, acometido por uma inflamação na traqueia que resiste à medicação, Hahnemann se prostra, falecendo assim o criador da Homeopatia (TÉTAU, 2011; LUZ, 2014).

Os fundamentos da Homeopatia

A Homeopatia é uma terapêutica cujo pilar encontra-se na lei dos semelhantes, anunciada por Hipócrates na antiga Grécia, “Similia similibus curentur [O semelhante tratado pelo semelhante]”. Um determinado medicamento dado a indivíduos aparentemente sadios, mas susceptíveis, produz um conjunto de sinais e sintomas. Este mesmo medicamento, em doses adequadas, produzirá a cura em doentes que tenham os sinais e sintomas semelhantes àqueles apresentados anteriormente. “Os medicamentos só podem curar as doenças análogas àquelas que eles mesmos têm a propriedade de produzir.” (TEIXEIRA, 1998; DEMARQUE, 2002, p. 33).

Para Hahnemann, a certeza de que as modificações e sensações produzidas no organismo de um homem sadio, onde os efeitos não tendem a ser mascarados pelos sintomas mórbidos, é a única maneira de um observador revelar a virtude da qual os medicamentos agem sobre o corpo, isto é, destroem a harmonia que constitui a saúde e a restabelecem quando ela foi perturbada pela doença (DEMARQUE 2002, p. 33).

Assim, Hahnemann cria o segundo princípio da terapia homeopática, a “Experientia in homine sano[ Experimentação em homem são.]”, que atualmente pode ser entendida como experimentação medicamentosa. Isto corresponde ao conhecimento da farmacodinâmica homeopática, ou seja, a patogenesia criada pelo medicamento (LUZ, 2014; DANTAS, 2017).

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O termo Organon foi escolhido por Hahnemann intencionalmente. Designava os seis tratados de Aristóteles.

O semelhante tratado pelo semelhante.

Experimentação em homem são.

Hahnemann não deduziu seu método de um princípio revelado por súbita intuição, ele começou pela experimentação e a ideia de experimentar os medicamentos no homem sadio precedeu a comprovação empírica da lei natural da analogia. O resultado desse trabalho resultou na publicação da Matéria Médica Pura, um livro publicado por Hahnemann em 1805, onde conta a experiência obtida com os medicamentos estudados por ele na época. Atualmente as matérias médicas disponíveis estão recheadas de informações obtidas da matéria médica pura, bem como dados da toxicologia, acidentes ocorridos e da experiência clínica do profissional. Duzentos anos de experimentação e práticas médicas na maior parte dos países acumularam consideráveis somas de fatos experimentais e clínicos (HAHNEMANN, 1994; DEMARQUE, 2002).

Hahnemann não se restringiu a uma ação medicamentosa de similitude sintomática. Sua descoberta de ação de doses cada vez mais fracas e a seguir de diluições infinitesimais, permitiu ampliar o campo de analogia terapêutica, fazendo a Homeopatia uma terapêutica do homem total. A escolha do medicamento capaz de desencadear a reação curativa se baseia não mais em alguns sintomas funcionais, mas no grupo de sintomas mais individuais relacionados com o modo reacional pessoal do doente (DEMARQUE, 2002): “As pequenas excitações provocam a atividade vital; as excitações médias a aumentam; as excitações fortes a destroem; as excitações exageradas a eliminam. Toda excitação provoca numa célula um aumento ou diminuição de sua função fisiológica em relação a intensidade fraca ou forte da excitação” (DEMARQUE, 2002, p. 38).

As “Dosis” mínimas ou “doses mínimas”, que sustentam o terceiro princípio homeopático, foram carregadas de desprezo, pilherias levianas à Hahnemann e seus discípulos (DEMARQUE, 2002; LUZ, 2014):

“Não foi em virtude de uma opinião preconcebida nem por amor a singularidade que me decidi em favor de doses tão fracas, tanto em relação à quinquina como a qualquer outra substancia. Cheguei até lá depois de experiências e observações frequentemente renovadas, e elas me demonstraram que maiores quantidade de medicamentos, mesmo em casos com efeitos positivos, agem com intensidade maior do que a necessária para obter a cura. Por isso, eu as diminui e, como continuei a observar os mesmos efeitos, embora em grau menor, desci até ás mais ínfimas doses, que me parecem suficientes para exercer uma ação salutar, sem agir com violência capaz de retardar a cura.” (DEMARQUE 2002, p. 49).

O Quarto Principio remete ao “Unitas remedi[ Medicamento único.]” ou remédio único. Este princípio é passível de diversas concepções por distintas escolas homeopáticas (DEMARQUE, 2002; LUZ, 2014).

O Vitalismo de Hahnemann e representações de saúde e doença

Hahnemann baseou toda sua terapêutica na experiência, o objetivo da pesquisa não é um órgão isolado, é o homem, principalmente o homem doente, considerado em sua unidade, plano estritamente experimental, fora de toda interpretação metafísica dos fatos apurados. Porém suas reflexões sobre a doença e a cura

o conduziram a metafísica da vida e da alma forçando-o a opinar sobre as ideias vitalistas (TEIXEIRA, 1996; DEMARQUE, 2002): “No estado de saúde do indivíduo reina, de modo absoluto, a força vital de tipo não material que anima o corpo material como “Dynamis”, mantendo todas suas partes em processo vital sempre admiravelmente harmônico, nas suas sensações e funções, de maneira que nosso espírito racional possa servir - se livremente deste instrumento vivo e sadio para o mais elevado objetivo de nossa existência” (HAHNEMNN 2008 p. 167).

Hahnemann discorre sobre a “força vital” com amplos poderes que mantém o organismo em estado hígido. Por conseguinte, a ideia de saúde ou de doença vai derivar deste conceito, sendo a doença o desequilíbrio da força vital. O medicamento homeopático atua sobre esta força vital conturbada, incentivando-a a se reequilibrar. Toda vez que é perturbado o equilíbrio psicofisiológico que caracteriza o estado de saúde, existe a doença (HAHNEMNN, 2008)

A palavra “saúde”, em latim salus, significa são, inteiro; em grego, o significado é inteiro, real integridade; de acordo com a organização mundial de saúde, saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades” (OMS,1946). Desse modo, saúde como integridade não permite a fragmentação em saúde física mental e social e, portanto, parte-se de uma visão holística que supõe entendê-la na interface de grande diversidade de disciplina (VILELA; MENDES, 2003; MANGINI; MIOTO; REGINA, 2009).

Na Homeopatia, o conceito de saúde se define como um estado de equilíbrio dinâmico, que abrange as realidades física e psicomental dos indivíduos, em suas interações com ambiente natural e social, conceito esse que mais se aproxima do conceito de saúde estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (HAHNEMNN, 2008).

Em um estudo realizado por Queiroz (1993), sobre representações de saúde e doença, entre as classes sociais mais baixas, a doença tende a ser percebida somente quando ela gera uma incapacidade do desempenho social, representado principalmente pelo trabalho. As teorias vitalistas foram ressachadas com o avanço da medicina tecnológica.

A ciência se coloca posição do saber supremo (LUZ, 2014). Segundo Demarque “não é o caso de deixar de transpor a dedução metafísica para o campo das ciências experimentais. Convém deixar à metafisica o que lhe pertence” (DEMARQUE, 2002, p.105).

A história da Homeopatia no Brasil

Em 1840 chega ao Brasil o médico e militante socialista Benoit Mure (conhecido por Bento Mure). Segundo ele, a sociedade deveria ser livre para agir e pensar. Permeado por esses ideais, ele funda na região do estado de Santa Catarina uma colônia socialista chamada colônia do Sahy. Entre seus ideais não existia distinção hierárquica de profissionais, qualquer pessoa que quisesse aprender a curar teria acesso, e assim funda uma escola suplementar de medicina e um Instituto Homeopático do Sahy. A Homeopatia entra no território brasileiro permeada por essas ideias socialistas e sendo utilizada por profissionais não médicos (BERTOLLI FILHO, 1988; CORRÊA; SIQUEIRA-BATISTA; QUINTAS, 1997; LUZ, 2014).

Dois anos após sua consolidação, o sonho de uma comunidade socialista é encerrado, e com o fracasso da colônia, Benoit Mure se instala na cidade do Rio de Janeiro, onde abre o primeiro consultório homeopático do país e, em 1843, funda uma escola médica homeopática com autorização do governo imperial, onde

qualquer pessoa que tivesse um conhecimento básico poderia cursar, ocasionando o começo de embate homérico entre os homeopatas e os alopatas (BERTOLLI FILHO, 1988; CORRÊA; SIQUEIRA; QUINTAS, 1997;LUZ, 2014).

A criação dessa escola médica homeopática começou gerar conflitos entre a sociedade e até mesmo entre os médicos adeptos à Homeopatia. A profissão médica era destinada exclusivamente à elite da sociedade e a hipótese de que qualquer profissional tivesse o acesso à escola medica homeopática fundada por Benoit Mure não foi bem aceita. Porém, como a escola foi criada em um adendo da lei imperial, ela permaneceu funcionando (BERTOLLI FILHO, 1988; LUZ, 2014).

Nesse momento, a Homeopatia começa a ganhar espaços públicos e é considerado o seu período áureo. Ocorre a interiorização da Homeopatia por parte dos fazendeiros e padres. A comercialização de boticas homeopáticas, que compunha de um arsenal de medicamentos das famílias, bem como instruções de uso, eram levadas para as fazendas e também difundida entre os fiéis da igreja católica (BERTOLLI FILHO, 1988; MÍKOLA, 2011; LUZ, 2014).

Por volta de 1900, chegam ao Brasil as ideias da doutrina espírita kardecista, e se associa fortemente com a Homeopatia, por similaridade de sua filosofia, colocando a Homeopatia no patamar de seita religiosa. Isso serviu para enraizar a terapêutica na massa populacional em crescimento, e contribuindo para que a Homeopatia alcançasse o status de medicina popular. Essa forma de expansão distanciada da instituição médica contribuiu para que, mesmo nos dias atuais, Homeopatia ainda seja considerada uma medicina religiosa ou mística (MONTEIRO; IRIART, 2007; MÍKOLA, 2011; LUZ, 2014).

A crescente proliferação de escolas de medicina com diversas propostas terapêuticas e abertas indiscriminamente, sem nenhuma padronização, estando ou não veiculadas a instituições universitárias, levou Abraham Flexner em 1910, a publicar, nos Estados Unidos da América (EUA) o estudo Medical Education in the United States and Canada - A Report to the Carnegie Foundation for the Advancement of Teaching, (FLEXNER, 1910) que ficou conhecido por relatório Flexner, propondo uma diretriz para a reconstrução do modelo de ensino médico, reorganizando e regulamentando o funcionamento das escolas médicas (FONTES, 1997; LUZ, 2014).

Com o relatório Flexner, desencadeou-se um processo terrível de extirpação de todas as propostas de atenção em saúde que não professassem o modelo proposto, onde as escolas de medicina deveriam estar veiculadas em universidades e ter como base teórica o conhecimento científico mediante a observação e experimentação. O número de escolas médicas homeopáticas diminuiu de 20 para 4 entre 1910 e 1920. Muitas se converteram ao modelo biomédico (FONTES, 1997; BOELEN, 2002; PAGLIOSA; ROS, 2008).

Consequentemente, as transformações no cenário do ensino da medicina ocorrem com a expansão das indústrias farmacêuticas e especialidades médicas tecnológico-científica. No ano de 1956, assume a presidência do Brasil Juscelino Kubistchek e resolve avançar o Brasil cinquenta anos em cinco. Como parte desse projeto, insere no contexto nacional as indústrias farmacêutica, alimentícia e automobilística, trazendo todos os modismos de consumo e novidades constantes como: hormônios, antibióticos e cirurgias. As terapias holísticas e naturais passam a ser deixadas de lado, deixando de lado também a Homeopatia e todas as práticas naturalistas. A relação médico, farmacêutico e paciente enfraquece, a indústria farmacêutica passa a intermediar a consulta e entra no mercado o vendedor de medicamentos (LUZ, 2014).

Devido aos progressos tecnológicos realizados pela medicina bem como acompanhados pela expansão das grandes indústrias farmacêuticas, dos antibióticos, das especialidades médicas, do modelo de atenção médico-hospitalar e da medicina tecnológico- científica que se torna hegemônica no país e no mundo, faz com que a Homeopatia seja vista como ultrapassada e junto com a Homeopatia a própria clínica geral e a medicina preventiva (BARROS; GALHARDI; LEITE-MOR, 2012; LUZ, 2014).

Durante esse período, os embates entre as duas terapias foram acirrados, chamado pelos historiadores como período da “conspiração do silêncio”. A novidade tecno-científica era tamanha que os médicos ortodoxos não precisavam mais combater a Homeopatia pela palavra, academicamente não havia o que combater. Ela passa a ser utilizada quase que exclusivamente nos centros espíritas e nos terreiros de umbanda, reforçando sua condição de medicina popular e religiosa (MÍKOLA, 2011; LUZ, 2014).

Com o advento da era moderna, a fragmentação do saber favoreceu o surgimento das especializações no campo de saúde. A medicina foi perdendo a integralidade do saber, o corpo humano foi sendo substituído por uma visão mecanicista e a saúde estabeleceu-se em cima de diagnósticos laboratoriais que não retratam o indivíduo como um todo, e sobre influência de um meio externo (NUNES, 1995;PAGLIOSA; ROS, 2008).

Em 1964, instala-se no Brasil o regime militar, marcado pela ditadura. Com o advento da ditadura militar no Brasil, e em nome da Segurança Nacional, instalou-se um complexo sistema repressivo para combater a subversão e, ao mesmo tempo, reprimir preventivamente qualquer atividade considerada suspeita por se afigurar como potencialmente perturbadora da ordem (MAGALHÃES, 1997).

Paralelamente ao governo, começam a acontecer alguns movimentos de jovens que não estavam satisfeitos com o exagero de consumo em curso e o modo como ele estava sendo instalado. Movimentos anti-guerras espalharam-se pelo mundo e, junto ao movimento, ideais de paz e amor e insatisfação ao modelo positivista e cartesiano adotado (LUZ, 2014).

Em 1980, a Homeopatia é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina (CFM, 1980). Em 1992, é reconhecida como especialidade farmacêutica pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF, 1992), em 2000, pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV, 2000) e em 2015 pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO, 2015).

Com o objetivo de estabelecer a Homeopatia como um método científico e eficaz, foi criado na cidade de Kalkota, na Índia a Fundação de Pesquisa Homeopática Prasanta Banerji (PBHRF) cuja principal atividade de pesquisa consiste no registro de dados de tratamento de vários tipos de câncer e outras doenças, utilizando os protocolos homeopáticos. O resultado dessa pesquisa originou na publicação da obra The Banerji Protocols, trazendo uma nova concepção para o tratamento com os métodos homeopáticos em que “medicamentos específicos poderiam ser facilmente prescritos para o diagnóstico de doenças especificas” (BANERJI, 2014).

Além do uso na saúde, é crescente a utilização da Homeopatia em outras áreas. A veterinária tem apresentado excelentes resultados práticos, tanto para tratamento de animais domésticos como para tratamento de rebanhos. O setor pecuarista tem demonstrado um aumento no interesse pela Homeopatia, em consequência das proibições do uso de substâncias sintéticas farmacologicamente ativas em animais que produzem alimentos. Na busca por alternativas, os veterinários têm procurado outras formas de tratamento, inclusive o uso de medicamentos homeopáticos. A prática homeopática, além de contemplar o bem-estar animal, pode ser considerada uma alternativa aos medicamentos alopáticos (COSTA; ARAÚJO; FREITAS, 2009).

Na agricultura, observa-se um mercado inovador em decorrência da baixa dependência de insumos externos. As primeiras experimentações começaram com Kolisko e Kolisko (1923), orientados por Rudolf Steiner. Seu objetivo é levar a saúde ao meio rural, diminuindo o uso de agrotóxicos, promovendo uma sustentabilidade dos agrossistemas e reestabelecimento do equilíbrio dos organismos vivos (CASALI; ANDRADE; CUPERTINO, 2011).

Nas últimas duas décadas, com o aumento da demanda causada pelas doenças crônicas; o aumento dos custos dos serviços de saúde; a insatisfação com os serviços de saúde existentes; o ressurgimento do interesse por um cuidado holístico e preventivo às doenças; e os tratamentos que ofereçam qualidade de vida quando não é possível a cura e fomentada pelas descobertas da física quântica, a Homeopatia vem ampliando seu campo de atuação, garantindo maior aceitação e credibilidade entre seus usuários (CAPRA, 1998; ROBINSON; CHESTERS; COOPER, 2007; FRASS et al., 2012 ; ITALIA et al., 2015; CONTATORE et al., 2015; PENG et al., 2016).

Pesquisas de estudo de tendências de consumo como a realizada pela Transparency Market Research[ Fornecedora de próxima geração de pesquisas sindicadas, pesquisa personalizada e serviços de consultoria. ], tem mostrado um crescente aumento de consumo de produtos homeopáticos. Porém, pouco se sabe como os usuários de Homeopatia se relacionam com essa especialidade. As perspectivas e intenções em relação ao tratamento, os motivos que levaram à procura e escolha desse tratamento são lacunas ainda desconhecidas (TMR, 2016).

A

Homeopatia no

Sistema Único de Saúde (SUS)

Em 1978, após o diagnostico elaborado pelo Dr. Halfdanl Mahler, então diretor da OMS, em uma: conferência conhecida como Alma Ata, onde foi alertado sobre os modelos de saúde adotados que estavam distantes em proporcionar saúde, modelos estes centrados na medicina flexneriana e com a valorização da técnica, superespecialização e o hospitalocentrismo. Como alternativa a esse cenário, consagrou-se a Atenção Primária a Saúde (APS) como estratégia para que os países alcançassem a meta “Saúde para todos no ano de 2000”. Ao final dos trabalhos, concluiu-se pelas valorização das práticas integrativas e programas intersetoriais que intensificassem as ações nos cuidados primários à saúde (RODRIGUES; ANDERSON, PADULA, 2011; BARROS; GALHARDI; LEITE-MOR, 2012).

No Brasil, o atendimento homeopático na rede pública de saúde se deu por iniciativas individuais de alguns médicos que tinham formação e obtiveram a permissão para realizar os atendimentos homeopáticos, em ações paralelas a suas agendas (SALLES; SCHRAIBER, 2009).

O acesso a esses serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi garantido com a aprovação pelo Ministério da Saúde (MS) da Política Nacional de Praticas Integrativas e Complementares (PNPIC) (BRASIL, 2006), implantando a Homeopatia e outras terapias complementares como opções de tratamento e promoção à saúde. Com essa estratégia, há uma tentativa de fortalecimento da atenção básica, uma vez que o indivíduo é tratado como um todo nas dimensões física, psíquica, social e cultural, além de promover um uso racional de medicamentos e uma humanização na relação médico-paciente (BRASIL, 2006; SALLES; SCHRAIBER, 2009).

O incentivo do uso da Homeopatia na atenção primaria a saúde é justificado pela posição do sujeito como um todo, compreendendo as suas dimensões físicas, psicológica, social e cultural, além de fortalecer a re-

Fornecedora de próxima geração de pesquisas sindicadas, pesquisa personalizada e serviços de consultoria.

lação médico-paciente, contribuindo para a humanização da atenção e promovendo um uso racional de medicamentos (BARROS; GALHARDI; LEITE-MOR, 2012; CONTATORE et al., 2015)

Em 2007, o Ministério da Saúde inclui à RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais), através da portaria número 3237 (revogada pela portaria 2982 de 2009), os medicamentos que integram a Farmacopeia Homeopática Brasileira. Cerca de 450 medicamentos que poderão ser dispensados em diversas escalas e potências (BRASIL, 2007; BRASIL, 2009). Porém, ainda com essas estratégias, não foi observada uma ampliação significativa da rede de atenção homeopática no SUS (SALLES; AYRES, 2013).

São encontrados excelentes resultados nos municípios implantados, como: a universalização de acesso a uma medicina reconhecida como especialidades médica, com possibilidade de escolha de tratamento pelo cidadão; a humanização do paciente resgatada pela ênfase na valorização da consulta homeopática e a possibilidade de promover a promoção à saúde tendo em vista a integralidade do indivíduo buscando assim a prevenção e promoção da saúde; e ainda o baixo custo referente a sua implantação e manutenção (SALLES; SCHRAIBER, 2009).

Mesmo assim, alguns fatores têm-se demonstrado como fontes de resistência para a implantação dessa medicina nos municípios. Dentre os fatores destacam-se: a falta de profissionais e o preconceito da comunidade científica; a prioridade de outros serviços; a aquisição de medicamentos e falta de farmácia homeopática na rede; tempo da consulta e o desconhecimento da terapêutica aparecem como obstáculos (SALLES; SCHRAIBER, 2009; BARROS; GALHARDI; LEITE-MOR, 2012).

OBJETIVOS

Objetivo geral

Conhecer as representações sociais dos usuários de Homeopatia no município de Diamantina, Minas Gerais.

Objetivos específicos

1. Verificar o perfil socioeconômico dos usuários de Homeopatia do município de Diamantina-MG.

2. Compreender as motivações dos usuários de Homeopatia que os levaram a procurar essa modalidade terapêutica e desvelar os conhecimentos dos mesmos sobre a terapia homeopática.

3. Analisar a satisfação dos usuários de Homeopatia em relação ao tratamento homeopático.

4. Verificar com os usuários de Homeopatia a percepção para implantação dessa terapia no Sistema Único de Saúde (SUS) do município de Diamantina -MG.

A TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

Desenho do estudo

O modelo de estudo desenvolvido é do tipo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa e qualitativa (ANDRADE, 2003, p.124).

A análise quantitativa foi utilizada na primeira etapa da pesquisa, para apontar dados mensuráveis referentes ao perfil socioeconômico dos usuários de Homeopatia, como: gênero, estado civil, etnia, religião, profissão, escolaridade, renda familiar, e questões quanto ao tempo de tratamento com Homeopatia, satisfação com a terapêutica e principais queixas que o motivaram a procura pelo tratamento.

Foram aplicados 67 (sessenta e sete) questionários no período de 24 de março a 22 abril de 2019. Os dados obtidos foram analisados em programas estatísticos (Excel e SPSS). Foram empregadas técnicas de estatísticas descritivas e de correlação, como descrições de frequências, médias, medianas, desvio padrão e correlações (DORIA FILHO, 1999).

A partir das análises quantitativas, foi selecionado o grupo amostral de usuários que irão compor a amostra da segunda etapa da pesquisa. Foram selecionados 13 participantes, utilizando-se os seguintes critérios de seleção: interesse e disponibilidade para participar da pesquisa; capacidade de verbalização do informante, tempo de tratamento com Homeopatia e satisfação com a terapêutica.

A segunda etapa da pesquisa foi realizada no período de 04 de abril a 10 de maio de 2019. As entrevistas foram realizadas tendo como orientação um roteiro semiestruturado, aberto (entrevista), o qual foi direcionado aos usuários de Homeopatia selecionados da primeira etapa, com a finalidade de obter múltiplas fontes de dados para a pesquisa (CHARMAZ, 2009).

As entrevistas foram transcritas utilizando-se o programa “Word”, devolvidas aos entrevistados para a leitura e aprovação do conteúdo. A análise e a interpretação dos conteúdos transcritos foram desenvolvidas de acordo com a proposta metodológica da Teoria Fundamentada nos dados (TFD) e utilizou-se o software Nvivo como suporte às interpretações e organização dos documentos.

A utilização do método qualitativo motivou conhecer as representações sociais sobre o tratamento dos usuários de Homeopatia e mais especificamente compreender as motivações que os levaram a procurar essa modalidade terapêutica, desvelar quem os incentivou a indicação para a busca do tratamento homeopático; se há ou não histórico familiar com tratamentos não convencionais, verificar se os mesmos possuem algum conhecimento sobre os medicamentos, sobre a terapia homeopática, verificar a percepção dos usuários de Homeopatia em relação ao processo de adoecimento e cura e o ensejo de inserir essa terapêutica ao conjunto de serviços oferecidos pelo SUS do município de Diamantina.

A opção pela junção dos métodos quantitativos e qualitativos serviu para trazer um acréscimo compreensivo dos fatos e fenômenos estudados, permitindo realizar uma reconstrução da realidade ainda mais completa e elaborada do que aquela obtida por apenas um desses métodos separadamente.

O Município de

Diamantina

Com uma população estimada de 47.723 mil habitantes, a região de Diamantina começou a ser ocupada no final do Século XVII, com a finalidade de expansão da mineração de ouro no Vale do Jequitinhonha (IBGE, 2016). Em 1999, a cidade foi reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco). As principais atividades econômicas do Município são os serviços públicos, o comércio, as atividades de mineração e a agricultura de subsistência (COSTA, 2009, p. 155-187).

Atualmente Diamantina é habitada por um grande número de estudantes, por conter importantes instituições de ensino público superior como a Universidade Federal do Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) e o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), além de outras de ensino particular. (WIKIPÉDIA, 2019).

Os programas de saúde do município são estruturados com o auxílio de 13 Unidades Básicas de Saúde (UBS), além de ser referência macro e microrregional em assistência médico-hospitalar de média e alta complexidade O município ainda não implantou uma política de atendimento com práticas integrativas e complementares.(ALVES et al., 2015).

Os locais de pesquisa

Instituto Flavia Barits - Homeopatia e Terapias Naturais

O Instituto Flavia Barits de Homeopatia e Terapias Naturais, é uma empresa com sede na rua Egídio Arcebispo Silva, número 265, bairro Guinda, na cidade de Diamantina - MG. Essa empresa é gerenciada pela homeopata Flavia Silva Barits e realiza atendimentos particulares em seu consultório com Homeopatia e outras terapias integrativas desde o ano de 2014, além de ministrar cursos de formação de terapeutas homeopatas que atuam com Homeopatia humana, animal e aplicada à agricultura, buscando o reequilíbrio e cura do ser, do ambiente e do planeta.

O Instituto foi criado com a missão de divulgar e expandir a Homeopatia, para que o contato com esta ciência curativa fosse ampliado e mais pessoas encontrassem apoio e cura para seus adoecimentos (BARITS, 2019).

O Instituto foi contatado previamente pelo pesquisador, onde foi apresentado o pré-projeto de pesquisa e o interesse em realizar a pesquisa em sua sede. O Instituto demonstrou-se satisfeito em poder colaborar com o estudo e se prontificou a dar todo o suporte e apoio necessário para a sua realização.

Após o parecer e aprovação do CEP, o Instituto Flavia Barits teve acesso ao projeto e emitiu a autorização para uso como instituição coparticipante para o desenvolvimento da pesquisa.

Espaço Solidário Francisca de Ávila

O Espaço Solidário Francisca de Ávila está localizado na rua do Bicame, número 988, centro DiamantinaMinas Gerais. Possui como coordenadora a terapeuta Carmem Lúcia Barreto. Motivado pelo bem comum e tendo o trabalho voluntariado como alicerce do projeto, o Espaço Solidário Francisca de Ávila foi fundado no ano de 2014, por um grupo de terapeutas holísticos, com o propósito de construir um espaço de atendimento e acolhimento as pessoas necessitadas com utilização de terapias integrativas e complementares.

No Espaço é realizado um trabalho multiprofissional com Homeopatia, reiki, fisioterapia, massagem, acupuntura, tethahealing, barra de access, dentre outras terapias integrativas. Cada profissional possui sua agenda e atende as pessoas necessitadas de acordo com sua possibilidade.

O Espaço Solidário Francisca de Ávila foi contatado previamente pelo pesquisador, onde foi apresentado o pré-projeto de pesquisa e o interesse em realizar a pesquisa em sua sede. Após uma reunião com os demais profissionais do grupo, o espaço acolheu a proposta, demonstrou-se satisfeito em poder colaborar com o estudo e se prontificou a dar todo o suporte e apoio necessário para a sua realização.

Após o parecer e aprovação do CEP, o Espaço Solidário Francisca de Ávila teve acesso ao projeto e emitiu a autorização para uso como instituição coparticipante para o desenvolvimento da pesquisa.

Instrumentos

O estudo foi realizado em duas etapas. Na primeira etapa, foi feita uma pesquisa quantitativa nas sedes dos dois locais que oferecem as consultas e tratamento homeopático no município de Diamantina: o Espaço Solidário Francisca de Ávila e o Instituto Flávia Barits - Homeopatia e Terapias Naturais.

Na primeira etapa da pesquisa, elaborou-se um questionário semi estruturado adaptado ao modelo validado utilizado na pesquisa de FLEITH et al., (2008), para conhecer o perfil socioeconômico dos usuários de Homeopatia, e a natureza das queixas que motivaram a busca pelo tratamento homeopático.

Esse questionário foi composto por onze questões, sendo nove fechadas, visando obter informações sobre a idade, sexo, escolaridade, profissão/ocupação, raça, religião, renda familiar e tempo de tratamento com Homeopatia, e duas questões abertas, para identificar a religião e as queixas que motivaram a busca da consulta homeopática.

Para a segunda etapa, foi realizada uma entrevista com usuários de Homeopatia selecionados a partir da primeira etapa. Foi elaborado um roteiro semiestruturado aberto para direcionamento da entrevista. Para a elaboração do referido roteiro, utilizou-se como referência os trabalhos de Monteiro e Iriart (2007), no qual foram abordadas as motivações para a busca da Homeopatia e as representações sociais associadas aos medicamentos, ao tratamento e à consulta homeopática. Caso houvesse a necessidade, poderia acrescentar alguma pergunta ao entrevistado referente ao tema em questão.

Sujeitos da pesquisa e critérios de exclusão e inclusão

A amostra é aleatória e por conveniência, composta por usuários de Homeopatia de ambos os sexos, maiores de dezoito anos, que buscaram pela terapia homeopática oferecidos nos dois locais de atendimento. Todos os usuários de Homeopatia que passaram pelos parâmetros de inclusão e exclusão no período de quatro semanas, 24 de março de 2019 a 22 de abril de 2019 (período destinado a coleta de dados) foram convidados a participar do estudo. Os participantes preencheram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e esclarecido (TCLE) atinente à primeira etapa e outro para a segunda etapa, que consistirá na realização de entrevistas. Os participantes foram informados sobre os objetivos da pesquisa, apresentação dos riscos e benefícios de sua participação. O TCLE foi assinado pelo participante e pelo pesquisador.

Foram excluídos da pesquisa as pessoas que não eram usuários de Homeopatia ou não estavam realizando o tratamento no momento da pesquisa, e também usuários de Homeopatia que não demostraram interesse e a disponibilidade para participar da pesquisa, além da capacidade de verbalização do informante.

Procedimentos

Durante o período de 24 de março de 2019 a 22 de abril de 2019, foram aplicados 67 questionários. Todos os nomes foram codificados como forma de proteger e assegurar o anonimato do entrevistado.

Foram coletados simultaneamente nos dois locais onde oferecem atendimento homeopático à população de Diamantina.

Após a análise desse primeiro questionário, realizada com o auxílio dos programas estatísticos, (EXCEL e SPSS) foram selecionados os participantes que iriam compor a segunda parte da pesquisa.

Durante a seleção foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: interesse e disponibilidade para participar da pesquisa; capacidade de verbalização do informante, tempo de tratamento com Homeopatia e satisfação com a terapêutica.

Dentro do critério “Tempo de tratamento com Homeopatia”, os sujeitos da pesquisa foram selecionados de acordo com o tempo de tratamento/ano. Foram criados 6 grupos de estudo com os usuários de acordo com o tempo de tratamento homeopático/ano:

1º. Usuários de Homeopatia com menos de um ano de tratamento.

2º. De um à menos que dois anos de tratamento.

3º. Dois anos e menos que três anos.

4º. Três anos e menos que quatro anos.

5º. Quatro anos e menos que cinco anos.

6º. Usuários que realizam tratamento homeopático a mais de cinco anos.

Foram selecionados até 3 sujeitos por grupo de estudo para realização das entrevistas, perfazendo um total de, no máximo, 18 participantes.

Para conhecer as representações sociais dos usuários sobre o tratamento homeopático no município de Diamantina, a amostra foi selecionada através dos critérios de inclusão preestabelecidos.

Os usuários selecionados foram contatados pelo pesquisador e convidados a participar da segunda etapa da pesquisa, que se realizou em forma de entrevista no dia, horário e local escolhido pelo participante onde o garantisse segurança, conforto e sigilo das informações e privacidade do mesmo. Após o convite 13 (treze) participantes aceitaram compor a amostra da pesquisa. Dentre eles 3 (três) participantes com menos de um ano de tratamento homeopático; 3 (três) entre 1 a dois anos de tratamento; 3 (três) entre dois a três anos de tratamento;1 participante entre três a quatro anos de tratamento;1 participante entre quatro a cinco anos de tratamento e dois participantes que fazem tratamento com Homeopatia a mais de cinco anos.

Os usuários que aceitaram ser entrevistados marcaram o dia, horário e local de acordo com sua disponibilidade. Foi apresentado ao sujeito da pesquisa o TCLE atinente a segunda etapa, bem como a explicação do conteúdo do mesmo, informado ao participante sobre os objetivos da pesquisa, apresentação dos riscos e benefícios de sua participação. O TCLE foi assinado pelo participante e pelo pesquisador.

As entrevistas foram audiogravadas e, posteriormente, transcritas em textos utilizando-se o programa “Word”. As transcrições foram encaminhadas aos entrevistados para que os mesmos validassem as informações.

Após a validação das transcrições pelos participantes, foi feito um estudo qualitativo fundamentado nos dados coletados para uma avaliação em profundidade dos signos e significados contidos na comunicação, que de acordo com Yin (2015), permite ao investigador um aprofundamento em relação ao fenômeno estudado, revelando nuances difíceis de serem enxergadas “a olho nu”.

As entrevistas foram analisadas com base na abordagem pelo método qualitativo baseado na teoria fundamentada nos dados proposta por Barney G., Glaser e Anselm L. Strauss (1990).

Para análise, as entrevistas transcritas foram tratadas como dados. A contextualização da produção dos dados e a análise minuciosa dos mesmos, o modo como os participantes invocam as ideias, os costumes e

os relatos tanto no que diz respeito a cultura de um modo geral quanto em relação a cultura local, ajudaram a situar a analise dentro de seu contexto social.

A primeira parte analítica foi realizada com a codificação dos dados, que consiste em “categorizar segmentos de dados com uma denominação concisa que, simultaneamente, resume e representa cada parte dos dados. Os seus códigos revelam a forma como você seleciona, separa e classifica os dados, para iniciar uma interpretação analítica sobre eles” (CHARMAZ, 2009 p.69).

A codificação na TFD envolve pelo menos duas fases:

1º. Fase inicial que envolve a denominação de cada palavra, linha ou segmento de dado.

2º. Fase focalizada e seletiva que utiliza os códigos iniciais mais significativos, ou frequentes para classificar, sintetizar, integrar e organizar grande quantidade de dados.

Utilizou-se o software Nvivo como suporte às interpretações e organização dos dados, buscando os significados que permitissem a construção de categorias e subcategorias. As categorias e subcategorias que emergiram da análise dos dados encontram-se na tabela 7 (Tabela 7).

A partir da análise dos códigos, categorias e subcategorias identificados, passou- se a redação dos memorandos, onde determinados códigos se destacam e assumem a forma de categorias teóricas que determinarão a essência da teoria fundamentada.

Dos memorandos emergiram os manuscritos (Item 5.3), construídos com um argumento eloquente que sustenta a teoria fundamentada. Da junção dos memorandos à revisão bibliográfica, tornamos relevante a teoria fundamentada nos dados (CHARMAZ, 2009).”

A Teoria Fundamentada nos Dados

A Teoria Fundamentada nos Dados foi desenvolvida na década de 1960 nos Estados Unidos pelos sociólogos Barney G. Glaser e Anselm L. Strauss. Glaser com formação acadêmica pela Universidade de Columbia, em métodos empíricos qualitativos e Strauss pela Universidade de Chicago, de forte tradição qualitativa, critica no desenvolvimento de teoria (HELENA; CASSIANI, 1999; CHARMAZ, 2009;ALVES; MARTINS, 2015;SANTOS et al., 2016).

Durante um estudo sobre os relacionamentos entre médicos e pacientes terminais, Glaser e Strauss deram aos seus dados um tratamento analítico explícito e produziram análises teóricas sobre a organização social e a disposição temporal da morte. Eles desenvolveram estratégias metodológicas sistemáticas que poderiam ser adotados por cientistas sociais para o estudo de muitos outros temas (CHARMAZ, 2009; SANTOS et al., 2016).

Nesse sentido, a pesquisa apresentou-se inovadora pelo conteúdo, pelo método e pelas criativas conexões entre ambos, e foi denominada “Grounded Theory”, traduzida para a língua portuguesa como Teoria Fundamentada nos Dados (TFD) (CHARMAZ, 2009).

Em 1967, Glaser e Strauss publicaram o livro The discovery of Grounded Theory. Nessa obra, eles apresentaram suas estratégias metodológicas e defenderam o desenvolvimento de teorias a partir da pesquisa baseada em dados ao invés da dedução de hipóteses analisáveis a partir de teorias existentes (GLASER; STRAUSS, 1967). Dessa forma, Glaser e Strauss conseguiram resgatar a credibilidade da pesquisa qualitati-

va, que segundo o paradigma positivista da época, era uma evidência anedótica, assistemática e tendenciosa, demonstrando que o principal objetivo deles com a abordagem sistemática da TFD era mostrar que os resultados correspondiam exatamente ao que era questionado aos participantes do estudo (CHARMAZ, 2009).

As estratégias da teoria fundamentada direcionam o pesquisador a concentrar-se em sua análise e não em discussões a ela relacionadas, e a construir uma teoria original que interpreta os seus dados:

“A TFD compreende a realidade a partir do conhecimento da percepção ou significado que certo contexto ou objeto tem para a pessoa. Consiste em método para construção de teoria com base nos dados investigados de determinada realidade, de maneira indutiva ou dedutiva que, mediante a organização em categorias conceituais, possibilita a explicação do fenômeno investigado”(ALVES; MARTINS, 2015).

Eles propuseram que a análise qualitativa sistemática tivesse sua própria lógica e pudesse gerar teoria produzindo compreensões abstratas e conceituais dos fenômenos estudados, defendendo assim o adiamento da revisão bibliográfica com o objetivo de evitar que os pesquisadores percebessem o mundo pelas lentes de ideias já preconcebidas (CHARMAZ, 2009). Os componentes determinantes da pratica da teoria fundamentada abrangem:

-O envolvimento simultâneo na coleta e análise de dados.

-Construção de códigos e categorias analíticas a partir dos dados, e não de hipóteses preconcebidas e logicamente deduzidas.

-A utilização do método comparativo constante, que compreende a elaboração de comparações durante cada etapa de análise.

-O avanço no desenvolvimento da teoria em cada passo da coleta e da análise dos dados.

-A redação de memorandos para elaborar categorias, especificar as suas propriedades, determinar relações entre as categorias e identificar lacunas.

-A amostragem dirigida à construção da teoria, e não visando à representatividade populacional.

-A realização da revisão bibliográfica após o desenvolvimento de uma análise.

Ao compreender como os participantes de pesquisa percebem as suas experiências, começamos a ter uma compreensão analítica das suas ações e dos seus significados e passamos, assim, a classificar os dados de acordo como o que eles indicam (SANTOS et al., 2016).

Esses códigos e as ideias acerca deles indicam áreas a serem investigadas. Durante a coleta de dados subsequente e a compreensão analítica dos dados começam a criar forma as anotações sobre os dados, que é chamada de memorandos. Os memorandos definem as ideias que melhor se ajustam e interpretam os dados como categorias analíticas (CHARMAZ, 2009).

As categorias analíticas e as relações delas extraídas fornecem instrumento conceitual sobre a experiência estudada. “O trabalho culmina em uma teoria fundamentada ou em uma compreensão teórica da experiencia estudada” (CHARMAZ, 2009 p.16).

Glaser e Strauss passaram a divergir quanto aos procedimentos metodológicos da TFD. Glaser mante-se fiel aos princípios da TFD, baseando-se no empirismo, e Strauss incorporou novos instrumentos de análise, como a descrição interpretativa dos dados. Dessa forma, ocorre a ruptura entre os autores e os dois passam a trilhar caminhos diferentes (CHARMAZ, 2009; SANTOS et al., 2016).

O novo posicionamento teórico de Strauss em parceria com Juliet Corbin em relação ao método culmina com a publicação do livro “Basics of Qualitative Research: Techniques and Procedures for Developing Grounded Theory”. Nessa obra, os autores acrescentam a ideia de que a geração da teoria ocorre a partir de uma relação colaborativa entre pesquisadores e participantes do estudo, criando as bases para a perspectiva construtivista do método (CORBIN; STRAUSS, 1990; CHARMAZ, 2009; SANTOS et al., 2016).

A autora Kathy Charmaz (2009) ganha destaque ao estudo da teoria fundamentada com abordagens construtivistas e introduz uma nova perspectiva, principalmente no que diz respeito aos procedimentos analítico, recomendando três tipos de codificação: “Codificação inicial?, após a transcrição de todo o material coletado, a codificação inicial fragmenta os dados em palavras, frases, linhas ou segmentos de dados e selecionar as palavras-chave. Ao longo de todas essas fases são construídos os memorandos ou “memos”; “Codificação focalizada? utiliza os códigos ou categorias iniciais mais significativas ou frequentes para classificar, sintetizar, integrar e organizar quantidades enormes de dados; “Codificação axial? especifica as propriedades e as dimensões de uma categoria, ao relacionar as categorias às subcategorias e reagrupar dados que foram fragmentados durante a codificação inicial para dar coerência à análise emergente (ALVES; MARTINS, 2015;CHARMAZ, 2009).

A Teoria Fundamentada nos Dados tem ganhado espaços em estudos da saúde, porém, ainda há poucos trabalhos a ela referenciados necessitando de mais estudos e compreensão da sua teoria.

Questões éticas

O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), conforme determina a Resolução nº. 466 do Conselho Nacional de Saúde, de 12 de dezembro de 2012 e pela Resolução nº. 510, de 07 de abril de 2016 e obteve o CAAE número 58365916.9.0000.5108 ao ser enviado para a Plataforma Brasil. O referido Conselho exarou parecer nº. 3.212.413, favorável ao desenvolvimento da pesquisa e contou com a anuência do Instituto Flavia Barits e do Espaço Solidário Francisca de Ávila.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análises quantitativas/Análises descritivas

O perfil socioeconômico dos usuários de Homeopatia no município de Diamantina (Tabela 1), demonstrou-se ser constituído em sua maioria por mulheres (85,70%), solteiras (58,21%), de raça parda (47,76%), adeptas ao catolicismo (59,70%), com ensino médio completo (23,88%), seguido de ensino superior incompleto (22,39%), composto pela maioria por estudantes (23,88%), com faixa etária de 23 anos de idade (variação da amostra de 18 a 73 anos), seguida de aposentados (11,94%), com renda familiar de até dois salários mínimos (49,25%) e com a média de 1 a 2 anos de tratamento com Homeopatia.

Dentre os usuários entrevistados, 57 participantes eram do gênero feminino (85,7%), 09 participantes (13,43%) do gênero masculino e 1 participante (1,49%) informou outro gênero (Tabela 1).

Estudos apontam para a diferença comportamental de gêneros ao se tratar do autocuidado com a saúde. As mulheres tendem a ser mais conscientes e preocupadas em relação a saúde, em comparação aos homens. Isto não se deve ao fato de os homens adoecerem menos que as mulheres e sim a um modelo criado em torno da masculinidade e feminilidade do gênero, modelo esse que também se encaixa no requisito preocupações com a saúde e se estabelece como padrão de referência. Além desse fator, outros requisitos contribuem para alavancar os elementos influenciadores de uma menor procura por parte dos homens à assistência em saúde, tais como: aspectos relacionados ao trabalho, à acessibilidade, às especialidades das equipes profissionais e à estrutura de funcionamento desses serviços (ALVES et al., 2011; SIMÕES; DE CASTRO, 2017).

Ao referirmos ao estado civil dos participantes, 39 mencionaram ser solteiros (58,21%), 24 casados (35,82%), três divorciados (4,48%) e um viúvo (1,49%), O estado civil separado não foi mencionado por nenhum participante da pesquisa (Tabela 1).

Dados do IBGE referentes ao registro civil do município de Diamantina no ano de 2010, apontam uma população de 39.347 habitantes sendo, 58,10% constituído pelo estado civil solteiro, 32,60% casado, 5,10% viúvo, 2,49% divorciado e 1,73% separado (IBGE, 2010). Embora a população dos usuários de Homeopatia do mu-

nicípio de Diamantina não represente a totalidade da população do município, os dados sobre o registro cível mantiveram semelhantes.

Em relação à etinia, 32 participantes (47,76%) mencionaram serem pardos; 24 (35,82%) declararam-se brancos; 11 (16,42%) disseram-se negros e nenhum participante da pesquisa mencionou ser indígena (Tabela 1). Dados do IBGE referentes à etnia da população do município de Diamantina no ano de 2010, tem a descrição parda como predominante (60,73%), seguida pela branca (25,89%), negra (13,23%) e indígena ( 0,14%) (IBGE, 2010).

Ao referir ao universo religioso dos usuários de Homeopatia, no questionário essa questão ficou em aberto para que os participantes mencionassem sua preferência religiosa ou sua agnostia. Os resultados demonstraram que a maioria dos participantes são da religião católica, 40 deles (59,70%). A doutrina espírita foi citada por 16 participantes (23,88%) e a daimista, o candomblé e a religião evangélica foram mencionadas por 01 participante (1,49%) em cada uma delas. Dentre os participantes, 06 sujeitos da pesquisa (8,96%) consideram-se agnósticos e duas pessoas não responderam a essa questão (Tabela 01).

Segundo dados coletados pelo IBGE em 2010, a crença religiosa da população de Diamantina se divide em: católicos (82,43%), evangélicos (12,48%), agnóstico (2,68%), espirita (1,49%), candomblé (0,05%).

A Homeopatia sofreu influências religiosas desde o momento de sua inserção no cenário brasileiro. Em 1840, buscou aliados, primeiramente no Catolicismo e, a partir de 1860, no Espiritismo. Tal aproximação se deu, sobretudo, devido ao conceito de força vital sugerido por Hahnemann e o de fluido vital sugerido por Allan Kardec. É nesse período que se cria a associação que se faz comumente entre Homeopatia e Espiritismo, Umbandismo, ou ainda medicina religiosa, mística (MÍKOLA, 2011).

Do ponto de vista filosófico, a Homeopatia é um sistema vitalista que defende a existência de um princípio autônomo que explicaria a vida como existência, como atividade animadora do organismo. Este princípio não é necessariamente a alma ou a inteligência. O espiritualismo (imaterialismo) implícito na teoria homeopata da dose infinitesimal e do dinamismo vital vem, portanto, da concepção da matéria que a Homeopatia, desde o seu fundador, defende como verdadeira (LUZ, 2014).

Para a medicina, no entanto, matéria e massa são, na prática, sinônimos. Onde não há massa não pode haver matéria. Se houver, portanto, alguma atividade imaterial, essa atividade inexiste ou corre o risco de ser tributada a algo espiritual. E quem afirma a atividade de algo espiritual é necessariamente místico (LUZ, 2014).

Essa associação da Homeopatia com doutrina espírita pode ser percebida pela representatividade dos usuários de Homeopatia do município de Diamantina, uma vez que essa população (23,88%) se diferencia da representatividade total da população de Diamantina (1,49%), assim como a população evangélica que faz uso da Homeopatia (1,49%) e sua representatividade do município (12,48%).

Dados semelhantes foram encontrados no estudo de Monteiro e Iriart (2007) em uma unidade de saúde do SUS da cidade de Salvador, na Bahia, onde era oferecida a Homeopatia para a população. Observou-se que 79% dos usuários de Homeopatia eram compostos por mulheres, de cor predominante parda (54%), adeptas do catolicismo (62%). A escolaridade era baixa, considerando-se que 45% relataram não ter finalizado o ensino fundamental e trabalhar em profissões variadas, principalmente serviços domésticos, no caso das mulheres. Quando não desempregadas, estavam inseridas no mercado informal com renda familiar de menos de dois salários mínimos (65%) (MONTEIRO; IRIART, 2007).

Em um estudo feito por Simões (2017) sobre o perfil dos usuários da medicina alternativa e complementar na região central de são Paulo, ele percebeu que 80,7% era composto por mulheres, predominantemente brancas (63,28%), estado solteiro (57,7%), religião católica (61,47%), com escolaridade ensino médio completo (81,61%), com renda familiar superior a 2 salários mínimos (57,7%) (SIMÕES; DE CASTRO, 2017).

Em Moutinho et al. (2007), ao descreverem o perfil dos usuários de medicamentos homeopáticos do município de Santos, identificam 61% do gênero feminino e 39% do masculino. A escolaridade superior foi destacada (62%), seguida pela de ensino médio (22%) e fundamental (15%) (MOUTINHO et al., 2007).

Martins et al. (2011), ao analisarem o perfil dos pacientes que buscam tratamento homeopático na Unidade de Cuidados Integrais à Saúde “Professor Guilherme Abath” (UCISGA), em Recife, Pernambuco, indicam que 79,1% da amostra era do gênero feminino e 20,9% do gênero masculino. Quanto à escolaridade, observou-se que 47,2% cursaram o ensino fundamental.

No estudo, prevalência do consumo de medicamentos homeopáticos no município de Sete Lagoas, em Minas Gerais, Mazala et al. (2003) observou-se que 68% eram do gênero feminino, 49% casados, com faixa etária predominante entre 30 a 40 anos (36%), renda média mensal de 1 - 2 salários mínimos (43%), e ensino superior completo (43%).

Em relação à escolaridade dos usuários de Homeopatia, nenhum participante mencionou ser analfabeto. 09 participantes (13,43%) declararam ter o ensino fundamental incompleto, 06 (8,96%) o ensino fundamental completo e 02 participantes (2,99%) o ensino médio incompleto. O ensino médio completo foi relatado pela maioria dos entrevistados, ou seja, 16 participantes (23,88%), o ensino superior incompleto por 15 participantes (22,39%) e o ensino superior completo por 07 participantes (10,45%). Quanto à escolaridade pós-graduação incompleta, são 05 participantes (7,46%) e com pós-graduação completa 06 participantes (8,96%). Para essa questão, um participante preferiu não se manifestar (Tabela 01). Perfil semelhante foi encontrado no estudo de Simões; De Castro (2017), onde 81,61% dos entrevistados possuíam o ensino médio completo.

Para Monteiro e Iriart, (2007), a escolaridade verificada foi baixa, considerando-se que 45% relataram não ter finalizado o ensino fundamental. Em Martins et al., (2011) observou-se que 47,2% cursaram o ensino fundamental, 29,3% ensino médio e 23,5% ensino superior.

Para Mazala, Tássio Trindade ; Almeida (2003), o ambiente estudado apresentou uma escolaridade com maior ênfase no ensino superior completo (43%), assim como Moutinho et al., (2007) escolaridade superior (62%) seguida pela de ensino médio (22%) e fundamental (15%).

Diamantina é uma cidade habitada por um grande número de estudantes de ensino público superior e, por se tratar de uma cidade universitária, justifica-se a presença de maior número de estudantes (Tabela 2) como fator de diferença de outros estudos mencionados, assim como a escolaridade (Tabela 1), ensino médio completo (23,88%), seguido de ensino superior incompleto (22,39%).

Dentre a profissão/ocupação listadas, 16 declararam ser estudantes (23,88%), seguida por aposentado, mencionada por 08 participantes (11,94%), funcionário público 04 participantes (5,97%), professor 04 participantes (5,97%),técnico administrativo 04 participantes (5,97%) e a profissão/ocupação doméstica, técnico de enfermagem e terapeuta foram mencionadas por 03 participantes (4,48%) em cada uma delas. Aos demais profissão/ocupação citadas obtiveram porcentagens inferiores a 2,99% (Tabela 02).

O perfil socioeconômico dos usuários de Homeopatia levantados por Monteiro e Iriart (2007) apontam que a maioria dos entrevistados trabalham em profissões variadas, sendo mais comuns domésticas (no caso de mulheres) e desempregados (MONTEIRO; IRIART, 2007).

Em relação a renda familiar mensal, dentre os usuários de Homeopatia que responderam o questionário, a maioria sendo 33 participantes (49,25%), relataram possuir uma renda familiar mensal de até 02 salários mínimos. Com renda familiar mensal de 2 a 3 salários mínimos, relataram possuir 14 participantes (20,90%). Com renda familiar mensal de 3 a 4 salários mínimos, 09 participantes relataram possuir (13,43%). Com renda familiar mensal de 4 a 5 salários mínimos, relataram possuir 04 participantes (5,97%). Com renda familiar mensal de 5 a 10 salários mínimos, relataram possuir 05 participantes (7,46%). Com renda familiar mensal de 10 a 15 salários mínimos, 01 participante relatou possuir (1,49%). Não houve nenhum participante, que relatou possuir uma renda familiar mensal de maior que 15 salários mínimos. Um participante, não informou seu rendimento familiar mensal (Tabela 03).

Dados do IBGE referentes à renda familiar mensal dos habitantes do município de Diamantina no ano de 2010 apontam que a maior parte da população recebe até 2 salários mínimos (52,61%), o que corrobora os dados encontrados no estudo. A parcela que recebe de 2 a 5 salários mínimos representa 29,63% da população; já as que recebem de 5 a 10 salários mínimos representam 11,69% da população, de 10 a 20 salários mínimos contribuem com 4,86% da população e os que recebem acima de 20 salários mínimos corresponde a 1,19% da população do município (IBGE, 2010).

Em seu estudo, Monteiro e Iriart (2007) afirmam que 65% de sua amostra possui renda familiar mensal menor que dois salários mínimos. Já Simões (2017) relata que 42,24% dos participantes possuíam uma renda familiar de até 2 salários mínimos e que a maioria 57,76% possuíam uma renda mensal familiar superior a 2 salários mínimos.

Ao estudar o tempo de tratamento com Homeopatia (anos), essa questão foi importante para a escolha de representantes sociais dos usuários de Homeopatia que iriam compor o quadro amostral da segunda etapa da pesquisa de metodologia qualitativa.

Com a análise dos dados, pode-se verificar que a maioria, 39 participantes (58,21%), buscaram o tratamento homeopático há menos de 1 ano. Há 14 participantes (20,90%), que fazem tratamento homeopático entre 1 a 2 anos; 08 (11,94%) que fazem tratamento homeopático entre 2 a 3 anos; 03 (4,48%) que fazem tratamento homeopático entre 3 a 4 anos; 01 (1,49%), que faz tratamento homeopático entre 4 a 5 anos e 02 participantes (2,29%) que fazem tratamento homeopático há mais de 5 anos (Tabela 04).

A média do tempo de tratamento dos usuários de Homeopatia no município de Diamantina foi calculada entre um a dois anos de tratamento. Os locais onde foram realizadas a pesquisa foram fundados no ano de 2014 (5 anos), o que explica a diferença em relação ao tempo de tratamento encontrada em outros estudos.

No trabalho de Monteiro e Iriart (2007) o tempo médio de tratamento homeopático foi estimado em quatro anos e sete meses. Já no de Simões (2007), os entrevistados utilizam a terapia homeopática com uma média de 6,5 anos de tratamento.

Quanto à satisfação dos usuários de Homeopatia em relação ao tratamento, 53 participantes (79,10%) disseram estar muito satisfeitos com o tratamento, 14 participantes (20,90%) disseram estar satisfeitos com o tratamento e nenhum participante da pesquisa demonstrou insatisfação em relação ao tratamento (Gráfico 1).

Ao abordar as queixas que motivaram os participantes da pesquisa a procurar pelo tratamento homeopático, essa questão foi trabalhada de forma aberta e os participantes mencionaram as principais queixas que os afligiam.

A maior parte dos entrevistados (47/70,5%) procurou o tratamento homeopático queixando-se de mais de um problema de saúde. Dentre esses, destacaram-os os problemas emocionais como as principais queixas (70,30%) e os problemas físicos logo após, com (27,70%).

As queixas mais relatadas foram ansiedade (mencionadas por 27 participantes, 17,40% do total, seguida por desequilíbrio emocional (19/12,30%), depressão (9/5.80%), baixa autoestima (7/4,5%), estresse (7/4.50%), angústia (5/3.20%), dor de cabeça (5/3.20); nervosismo (5/3.20%), insônia (5/3.20%), tristeza (5/3.20%). As demais queixas foram abaixo de 2.60% do total (Tabela 5).

A predominância da queixa emocional pode ser confirmada em outros estudos homeopáticos, como em Martins et al. (2011), que, ao estudarem o perfil dos pacientes que procuram a Homeopatia, constataram que vários pacientes procuraram o serviço por mais de uma queixa, conforme os seguintes agrupamentos: distúrbios emocionais (56,60%), artropatias (34,30%), alergias (31,10%), distúrbios metabólicos (30,60%) e outras causas (29,10%).

Mazala e Almeida (2003) destacaram que dentre as principais doenças/condições que levaram os pacientes a utilizar os medicamentos homeopáticos estão dores de cabeça, enxaqueca (33%), posteriormente ansiedade, angústia, depressão, insônia (29%), e afirmam ter alcançado o objetivo esperado com o uso dos mesmos (96%).

Levantamento realizado no banco de dados SUS de Belo Horizonte mostrou que, nos atendimentos homeopáticos entre 2000 e 2001, a maior procura foi por transtornos mentais, doenças respiratórias e hipertensão (apud FLEITH et al., 2008).

Outros estudos apontam a queixa de problemas físicos como principal gatilho para a procura por tratamento homeopático. Entre estas, as queixas mais comuns foram sintomas gerais e inespecíficos (24%), problemas respiratórios (21%), dores osteomusculares (12%) e doenças de pele (12%) (MONTEIRO; IRIART, 2007).

Simões; De Castro (2017) apontaram que os principais motivos do uso foram devidos a problemas de saúde (64,50%) sendo destes 40% para alívio da dor, e problemas emocionais (9,20%). Embora com menor expressividade foram citados nesta pesquisa: problemas familiares; tradição familiar; melhorar a alma; reflexão espiritual; complementa o tratamento convencional; por problemas de dependência química; emagrecimento.

No levantamento feito por Novaes (2007), os usuários do Serviço de Homeopatia em Vitória, no Espírito Santo relataram como principais queixas: doenças alérgicas (22%), transtornos mentais e comportamentais (19%), doenças respiratórias (8,20%), cefaleia (6,30%), doenças osteoarticulares (5,60%), hipertensão arterial sistêmica (3,50%), distúrbios de sono e transtornos da menopausa (2,30%), hiperatividade e obesidade (1,50%).

Análises indutivas

Ao analisar os dados obtidos no programa estatístico SPSS, primeiro realizou-se os testes de normalidade para saber se as variáveis possuíam uma hipótese nula ou uma hipótese diferente da distribuição normal. Para análise optou-se pelo teste de Kolmogorov- Smirnov, devido a amostra estar entre 30 a 100 participantes (67 participantes), sendo assim o mais indicado. Verificou-se que a amostra não segue uma distribuição normal, optando pela realização de testes não paramétricos (DORIA FILHO, 1999).

Optou-se por utilizar a correlação de spearman, pois se trata de correlações não paramétricas, ou seja, não segue um padrão de normalidade. Foram realizados testes de correlações com os seguintes parâmetros:

-Tempo de tratamento com Homeopatia (anos).

-Renda familiar/mês dos usuários de Homeopatia.

-Escolaridade dos usuários de Homeopatia.

-Satisfação com a terapêutica homeopática

Após os testes, verificou-se uma correlação significativa entre os parâmetros satisfação dos usuários de Homeopatia com o tempo de tratamento. Obteve-se um P= 0,362 e p = 0,003. Essa correlação indica que existe correlação entre o grau de satisfação com o tempo de tratamento. Já a renda familiar/mês dos usuários de Homeopatia com a escolaridade obteve-se um P= 0.465 e p = 0,000, o que indica que existe correlação entre a renda familiar/mês com a escolaridade dos usuários de Homeopatia (Tabela 6). Os demais parâmetros não apresentaram evidencias estatísticas correlacionáveis.

Análises qualitativas

As categorias e subcategorias que emergiram da análise dos dados estão descritas na Tabela 7.

Representações sociais dos usuários sobre o tratamento homeopático no município de Diamantina - Minas Gerais

Histórico familiar com tratamentos naturais

A falta de acesso a médicos e até mesmo aos medicamentos convencionais, fizeram com a Homeopatia e outras formas de tratamento tidas como não convencional, como a utilização de plantas medicinais, fossem bem adotadas nessas regiões. Os conhecimentos dessas formas de tratamento foram repassados aos descendentes familiares e a busca por outras modalidades de tratamento tidas como naturais ficaram registradas no cerne dos usuários: “acho que já vem vindo de família, mesmo, minha avó sempre usou muita assim é remédio de horta, né então acho que vai indo né de geração pra geração” (BMO04ES).; “mas minha mãe nunca gostou de nos dar nenhum remédio [...] ela sempre incentivava a gente a tomar chá, sabe, do jeito dela” (VSR58IFB).

Segundo Novaes (2007), esses pacientes são classificados como “pacientes tradicionais” e caracterizam-se por se tratarem com Homeopatia desde a infância, pois a terapêutica é adotada pela família há pelo menos duas gerações. Poucos usuários de Homeopatia buscaram o tratamento sem um prévio contato familiar com outras terapias integrativas.

Motivações para a busca do tratamento homeopático

A motivação da busca pelo tratamento homeopático se deve aos seus resultados. A influência de colegas e de familiares tem um importante papel na indicação da terapia homeopática, tanto na forma de exemplo, confiança repassada e principalmente através dos resultados alcançados: “Foi minha colega,

ela faz um tratamento lá, foi ela que falou, ela é minha amiga ne, aí ela falou comigo vai lá, porque vai te ajudar muito ai eu comecei a ir (MJSR40ES).; “[...] ai minha mãe resolveu, minha mãe sempre gostou dessas coisas mais naturais assim, ai ela me levou em um médico homeopata” (NAN21ES).; “É minha mãe já traz essa cultura” (EMB36ES).

Um número muito baixo procurou o tratamento por influência e aconselhamento de um profissional de saúde. A curiosidade e a busca por outras formas de tratamento fizeram algumas pessoas a buscar o tratamento por livre e espontânea vontade: “Não, eu sempre fui muito curiosa sabe, em tudo, tudo e eu sou assim” (VSR58IFB).; “Eu já estava nesses processos mais naturais assim, eu já entrava em uns processos mais naturais de alimento, meditação então é foi uma coisa casada” (PDO59IFB).

A Homeopatia se caracteriza pelo tratamento holístico e tem na filosofia vitalista os pilares de sustentação. O invíduo é tratado como um todo, inserindo-o ao meio em que vive, trabalha e se relaciona. Mesmo como esse conceito holístico, a busca pelo tratamento se manifesta em uma queixa especifica, e geralmente essa queixa já foi tratada em outras terapias sem resultados positivos. A busca pelo tratamento homeopático caracteriza-se como uma alternativa a um tratamento malsucedido. Poucos usuários de Homeopatia buscaram o tratamento homeopático como primeira escolha: “E eu procurei a Homeopatia porque foi o único método na medicina que eu não tinha procurado ainda pra fazer esse tratamento [...] eu já tinha procurado tantos métodos, tantos médicos também, que eu fui só pra desencargo de consciência, procurar a Homeopatia mesmo” (ICFCM53IFB).

Dentre as queixas as mais citadas se destacaram foram por problemas emocionais, tais como ansiedade, depressão baixa autoestima, estresse, nervosismo, seguida de problemas físicos como dores e problemas ginecológicos: “ansiedade, essa dor na coluna, eu não dormia a noite, entendeu eu ficava num desespero um aperto no coração um trem ruim” (MMVAP49ES); “É eu estava muito mal eu nem conseguia olhar assim pra você [...] com autoestima baixa, com depressão, e ajuntando tudo eu fui buscar também porque eu estava com problema espiritual.” (SMM29ES)

Achado semelhante foi encontrado no trabalho de Monteiro e Iriart (2007), a procura se originou por problemas de saúde, não procurou a Homeopatia em decorrência de um conhecimento prévio dessa prática terapêutica, eles chegaram ao serviço de Homeopatia através da indicação de familiares, amigos, vizinhos ou conhecidos que tiveram uma experiência positiva com essa prática terapêutica e a recomendaram e em geral esse problema não foi eficaz pelo tratamento alopático convencional. “Nesse sentido a Homeopatia é menos uma escolha ideológica e mais uma busca pragmática de uma alternativa terapêutica para a solução de um problema de saúde que a medicina tradicional não consegue resolver” (QUEIROZ, 1993; MONTEIRO; IRIART, 2007, p.1907; DENEZ, 2015 NUNES; ABRAHÃ, 2016)

Representações sociais sobre a consulta homeopática

Na busca pela visão holística do paciente, a consulta homeopática se destaca por sua minuciosa anamnese e por sua longa duração. Essa característica foi referida pelos pacientes como um fator positivo e comparativo à medicina convencional, pois os mesmos se sentiam acolhidos e humanizados ao estar recebendo aquele tratamento e possuem um espaço para expressar seus sentimentos: “além desse tratamento com a Homeopatia ela conversa com você, você consegue colocar pra fora tudo o que está sentindo, ela te dá uma liberdade, então isso é muito bom” (MMVAP49ES); “Ai quando marca comigo ela quer saber como é que foi meu mês, tudo isso foi muito interessante” (SMM29ES).

O destaque ao método holístico e o maior tempo dispensado à consulta homeopática é evidenciado positivamente em trabalhos como Nunes; Abrahã, (2016) e Monteiro e Iriart (2007) “A escuta atenta à narrativa do paciente pelo médico homeopata é percebida pelos informantes como um ato de atenção e de respeito”.Fleith et al., (2008) acrescenta que o maior tempo da consulta “possibilita uma observação mais aprofundada do paciente, diminuindo o número de internações, pedidos de exames e o custo com a medicação”.

Uma pequena parte dos usuários, se sentiram desconfortados inicialmente com essa anamnese, por sentir-se exposto e ter dificuldade em relatar seus problemas. Esse incomodo foi sanado a medida em que se estabeleceu uma relação de confiança entre o paciente, profissional e a terapêutica utilizada: “Esse primeiro contato foi pra mim muito estranho porque eu não entendia nada do que estava acontecendo porque eu era muito nova” (ICFCM53IFB).;”Assim no primeiro momento e estranho você chegar tá falando se abrindo e contando né, o que te aconteceu, como é sua vida e foi assim” (SAOP67ES).; “magoas, você vai contando porque querendo ou não a gente tem né. Então assim foi meio constrangedor sabe, não vou falar que não foi porque é estranho chegar efalar. O fato de você se expor é vergonhoso. Sabe eu senti um pouco de vergonha um pouco de constrangimento” (SAOP67ES).

O tempo destinado a consulta homeopática justifica-se na terapêutica ao tentar descobrir na história regressa do paciente os principais motivos que o levaram ao processo de adoecimento. De acordo com Araújo (2001): “o relato oral permite que o paciente narra a sequência dos acontecimentos relativos à doença e suas circunstâncias de vida. Compreender esses relatos como narrativas é partir do suposto de que as queixas dos pacientes não podem ser traduzidas só por uma leitura técnica e que requerem do médico uma postura disponível para que ele possa buscar na memória a sua história de vida, que lhe permita traçar a sua patografia” (ARAÚJO, 2001)

Conhecimento dos usuários sobre a terapia homeopática

A terapia homeopática apresenta uma boa aceitação e um bom conhecimento pelos seus usuários. A visão holística do tratamento homeopático se destaca na fala, e tem essa perspectiva o diferencial da terapia e o seu potencial de cura. O entendimento do processo de adoecimento, tendo como sua cerne o campo energético, e se materializando no nível físico, foi mencionado priorizando o tratamento do indivíduo como um todo e o tratamento da causa do adoecimento, e não meramente a doença: “... não vem atuar em um lugar, não vem colocar algo na gente vem despertar na gente acordar né a gente o nosso próprio, porque o nosso corpo né, eu acho isso muito fantástico, o nosso ser ele tem toda a capacidade de se curar né a cura já está na gente e a Homeopatia vem de modo eficiente, efetivo e comprovadamente, despertar isso na gente”(VSR58IFB).; “Ela busca tratar a causa e eu acho que ela pega mais lá fundo a causa disso tudo que acontece com o visível do corpo com a gente, eu acho super importante” (EMB36ES).

O entendimento desse processo colabora para fortalecer a adesão ao tratamento, ocorrendo uma percepção da melhora do quadro emocional e posterior fisicamente. A sutileza da ação terapêutica vem de encontro ao reequilíbrio energético do usuário, respeitando seus limites e grau de adoecimento,

reestabelecendo a saúde e o reencontro do indivíduo com si mesmo, retornando-o a sua essência: “A gente percebe uma mudança assim tanto na parte física, emocional ele vai agindo assim, porém com muita sutileza, transforma o que você pode ver e o que vai além disso” (EMB36ES).

Uma grande parcela dos usuários (46,15%) confunde o tratamento homeopático com fitoterapia.

Representações sociais sobre medicamento homeopático

O medicamento homeopático, por se tratar de um medicamento holístico, farmacotecnicamente focado na extração da essência energética da matéria prima, tendo esse aspecto a grande diferença dos medicamentos alopáticos industrializados, poucos usuários demonstraram inicialmente incrédulos sobre sua ação, porém já nas primeiras doses de tratamento começaram a perceber uma sutil melhora do quadro motivando a uma melhor aceitação do tratamento: “[...] eu comecei a usar mas um pouco descrente, porque eu achava que 05 gotinhas na parte da manhã e 05 gotinhas a noite não iria resolver o problema” (ICF CM53IFB).

O medicamento homeopático demonstrou grande aceitação por se tratar de um medicamento seguro, ter uma resposta eficaz, seu uso não produzir efeitos colaterais e ou induzir o aparecimento de outras doenças e juntamente com a certeza de que o medicamento melhoraria a condição do paciente fizeram com que o medicamento homeopático tivesse uma boa aceitação por parte de seus usuários: “[...] eu tinha tanta fé que eu ia melhorar que eu achava assim vou tomar todos os dias certinho” (MMVAP49ES).

A segurança em relação ao efeito dos medicamentos homeopáticos foi motivo de comparação à medicina convencional, uma vez que ao tomar os medicamentos homeopáticos os usuários não se sentiam agredidos, dopados e não possuíam efeitos adversos e nem colaterais. Essa segurança, associada aos resultados e aos baixos custos de tratamento contribuíram para aceitação e adesão ao tratamento: “e ele não, ele é um remédio que você toma sem preocupação de de de de ta prejudicando você em outra coisa” (MMVAP49ES).; “é totalmente diferente, eu falo assim é totalmente diferente, além assim, pois as vezes igual quando eu tomo um remédio de farmácia me dá queimação [...] eu sei que não vai estar me prejudicando” (BMO04ES): “porque quando a gente toma um remédio alopata né? A gente sabe que está tratando uma coisa, mas está atrapalhando outras três, principalmente se ler a bula né?” (EMB36ES). Outros trabalhos, como o Monteiro e Iriart (2007), destacam essa característica do medicamento homeopático em comparação aos medicamentos alopáticos, o medicamento homeopático é visto como natural e não prejudicial à saúde em contrapartida os medicamentos alopáticos são vistos como artificiais e passiveis de causarem outros efeitos adversos e até danos a outros órgãos do corpo que estavam saudáveis.

A resistência à utilização de medicamentos alopáticos e a opção por utilizar outra forma de tratamento, que não seja o preconizado pela medicina tradicional, foi um fator preponderante e motivacional para promoção do uso racional de medicamentos, evitando o uso excessivo de medicamentos alopáticos: “[...] olha pro ce vê que beleza, quantas complicações que deixariam de existir por causa desses remédios [...] Outra coisa é o tanto de remédio que eu evitei de ficar tomando” (MMVAP49ES).

O fator econômico também foi relevante, uma vez que os medicamentos homeopáticos são mais baratos que os alopáticos, favorecendo a adesão ao tratamento: “Até o custo também, porque os remédios são um absurdo” (MMVAP49ES)

Resposta ao tratamento homeopático

A resposta ao tratamento homeopático não está vinculada ao acreditar na terapia. Segundo os participantes, o efeito acontece e é perceptível mesmo o indivíduo não tendo conhecimento da terapêutica. Porém a certeza de que esse tratamento iria melhorar as condições e as queixas dos usuários, ajudava na recuperação e nos resultados do tratamento:”não precisa acreditar né para acontecer e nem saber aonde irá acontecer onde vai atuar, de forma nenhuma; vai chegar.” (VSR58IFB).; “A gente vai com fé e acredita que vai melhorar mesmo, acho que isso é importante, a fé né acho que isso ajuda muito. Porque se você toma um remédio sem fé, isso não vai valer nada não, aí eu acho que não vale mesmo né, você já toma sem fé” (MJSR40ES).

A resposta ao tratamento foi observada por todos os entrevistados, alguns mencionaram uma melhora rápida no quadro e outros precisaram de um tempo a mais para observar. Todos demonstraram o entendimento que, como não é um processo agressivo ao organismo, os efeitos demoram um tempo a mais para se estabelecer: “Não é rápido como a gente está acostumado a ver o resultado de uma medicação normal, o resultado vem mais a médio e longo prazo” (EMB36ES); “Não, não foi tão rápido assim não. Eu acho que de acordo que eu fui indo lá é que foi me ajudando, entendeu, acho que eu fui me desabafando, continuei tomando o remédio direitinho, não é um efeito de uma vez” (MJSR40ES).

A resposta lenta ao medicamento é entendida como algo natural e que vai ao encontro do ritmo do organismo. Monteiro e Iriart (2007) acrescentam que essa demora está “associada ao tempo necessário para que se descubra a verdade mais fundamental sobre a pessoa e seu sofrimento”, ou seja a razão principal de seu adoecimento.

A observação a resposta ao tratamento foi além da queixa principal, todos os usuários observaram melhorias com o tratamento, tanto física quanto emocional. Portanto se observa o tratamento holístico da Homeopatia agindo em todos os campos morfogenéticos do organismo. Com o tratamento, os usuários começaram a perceber o processo de adoecimento, o que fizeram refletir sobre suas reações perante aos estímulos nocivos: “A resposta eu acredito que não só veio curar a questão física, não foi só o físico sabe, eu senti uma mudança muito grande na parte emocional mesmo, a parte espiritual assim, eu senti um equilíbrio mesmo, uma leveza” (PDO59IFB).; “eu falo que foi um divisor de águas na minha vida assim, mudei muito, a perspectiva, a forma de ver as coisas, eu acho eu limpou muita coisa, é eu tinha muita ansiedade, eu tinha muito medo do futuro, várias coisas assim que a Homeopatia realmente me curou” (NAN21ES).; “Eu comecei a ver os problemas que estavam me acontecendo de uma outra maneira, comecei a aceita-los e a tentar superar, entendeu, não foi fácil.” (SAOP67ES); “Melhor, mil vezes melhor, mil vezes melhor. Hoje igual mesmo eu consigo conversar com as pessoas eu não olhava as caras das pessoas eu não olhava igual eu estou conversando com você aqui” (SMM29ES).;”mas o resultado eu acho que é mais profundo, mais confiável, mais seguro, eu acho que ele vai lá no amago” (EMB36ES).

Representações sociais sobre o tratamento natural

As terapias integrativas e complementares, muitas vezes são categorizadas como terapias naturais. Dentre os entrevistados a totalidade manifestou-se sobre a Homeopatia como sendo um tratamento natural, porém há uma subjetividade ao se expressar o significado de natural.

O natural, para a maior parte dos usuários de Homeopatia, é tido como “algo que vem da natureza”, fazendo alusão muitas das vezes com a fitoterapia, medicamentos preparados a partir de plantas medicinais, extraídos do cultivo em hortas, etc. ou ainda tido como medicamentos que não possuem tanta química, não é sintetizado em laboratório como os medicamentos industrializados: “à cura está na natureza, né, então eu falo assim, o importante é a pessoa por aquilo ali em pratica, e saber usar” (BMO04ES).; “Bom, natural é aquilo que não é sintetizado em laboratório ou que não é, ou que não causa um efeito artificial no organismo” (NAN21ES).

O natural também é retratado como aquilo que vai ao encontro do nosso organismo, ajudando-o a fortalecer e encontrar o caminho de cura por si só, não produzindo um efeito artificial no organismo, não prejudicando a saúde de outros órgãos, não é agressivo ao organismo, trazendo assim segurança ao usuário: “Natural pra mim é o que não me tira do meu eixo normal, me trata bem sem me trazer más consequências, sem me perturbar, sem me prejudicar, pra mim isso é natural” (EMB36ES).; “O natural eu entendo por aquilo que, é, a grosso modo né, cutuca o nosso corpo pra ele, nosso corpo, nossa mente, nosso ser para que ele mesmo reaja naturalmente, para que ele procure seu caminho de cura, sem agressividade mas de um jeito eficiente, uma forma eficiente sem ser agressiva” (VSR58IFB).

Monteiro e Iriart (2007) reforçam essa observação ao afirmar que entre seus entrevistados os elementos oriundos da natureza são ditos como saudáveis e até mesmo vitais ao organismo. “A noção de natural se relaciona com o que é produzido pela natureza, em oposição a aquilo que é fabricado, que é químico, sintético, artificial. O medicamento homeopático foi descrito pelas pessoas como análogo aos medicamentos fitoterápicos, que são naturais, pois utilizam plantas, folhas e raízes”(MONTEIRO; IRIART, 2007;.NUNES; ABRAHÃ, 2016).

Outras aplicações da filosofia homeopática

A metodologia da filosofia homeopática em tratar o ser humano como um todo, levando em consideração todo a sua história pregressa, o ambiente em que vive, trabalha, bem como a inserção desse indivíduo no meio, afim de buscar um reequilíbrio energético precisava ganhar espaços fora da área da saúde.

Tratar o indivíduo de forma individualizada facilitaria muito o convívio entre os alunos e a compreensão de determinadas atitudes no ambiente escolar. Por trás de cada ação existe uma história, a inserção da filosofia homeopática dentro das escolas ajudaria resolver e entender cada aluno e dessa forma formar uma educação de equidade: “Precisava usar visão da Homeopatia para dentro das escolas, poderia até levar a criança no psiquiatra, mas ter essa visão de menos medicalização pois isso também tem consequências terríveis para a criança se pra gente que é um adulto formado já tem, imagina pra quem ainda não acabou de se formar” (EMB36ES).; “Não estamos preparados para trabalhar com o que é diferente. A gente vê muito que atrás de cada menino que está pintando ai ou tem uma história muito triste ou engraçada, ou às vezes as duas coisas juntas, né quando a gente vai escutar a gente escuta muito pai e mãe que vai acompanhar o menino na escola ou que está passando por alguma coisa na escola e quando a gente vai escutar, nossa que do de ter julgado né?” (EMB36ES).

A falta de investimento é um fator preponderante para implementação de estratégias educacionais.

Inserção da Homeopatia no SUS do município de Diamantina

A inserção da Homeopatia no SUS é entendida como um ganho para os usuários da terapia, que, além de aprovarem os benefícios por ela conquistados, referem que essa modalidade está inserida quase exclusivamente na rede particular de serviços de saúde, e seu acesso torna-se restrito a determinadas classes sociais. O oferecimento dessa terapêutica ajudaria muito as pessoas que hoje passam por diversos problemas. A inserção introduziria uma nova forma de se pensar em saúde e doença, oferecendo outra opção de tratamento ao usuário. Várias doenças emocionais e mentais, que vem acometendo a população, poderiam ser tratadas com a Homeopatia de forma eficiente, reduzindo-se assim os custos de tratamento, os agravos à saúde além de ajudar a promover o uso racional de medicamentos: “[...] mas ajuda sim e ajuda muito, se for implantada eu acho que é muito bom, porque ajuda muita gente, tem muita gente precisando e futuramente eu acho que o pessoal vai precisar mais disso, porque é o seu interior que vai melhorar e se melhorar o interior a parte física melhora mais rápido” (MJSR40ES).; “Nossa, com certeza, se a Homeopatia fosse ofertado no SUS, muitas pessoas não passariam por sofrimentos igual está passando hoje” (VSR58IFB).; “Do ponto de vista prático, seria essencial. porque é um medicamento, um tratamento barato” (NAN21ES).

Quando se fala de saúde, a visão hospitalocêntrica ainda se sobressai aos outros serviços de atenção básica. Permeados pela falta de informação a respeito da terapia homeopática, a escassez de profissionais especializados e ao misticismo que permeia sua filosofia destacam-se como obstáculos a serem percorridos para sua implantação e oferta desses serviços à população: “Ah, eu só acho assim, que as pessoas poderiam se conscientizar mais, de entrar com a Homeopatia entendeu, porque eu pra mim ela foi excelente” (MMVAP49ES).; “Agora do ponto de vista social eu acho que aqui ainda existe um certo domínio dos profissionais da saúde né, existe um certo poder ainda assim [...] acho que ainda pode ter alguns entraves nesse sentido é preciso eles aceitarem, mas é necessário que haja essa inserção para que haja essa mudança de pensamento. Não vai ser fácil né, mas será necessário” (NAN21ES).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados obtidos e analisados permitiram constatar que o perfil socioeconômico dos usuários de Homeopatia do município de Diamantina demonstrou ser constituído em sua maioria por mulheres (85,70%), solteiras (58,21%), pardas (47,76%), adeptas ao catolicismo (59,70%), com ensino médio completo (23,88%), seguido de ensino superior incompleto (22,39%), composto pela maioria por estudantes (23,88%), com faixa etária de 23 anos de idade (variação da amostra de 18 a 73 anos), seguida de aposentados (11,94%), com renda familiar de até dois salários mínimos (49,25%) e com a média de 1 a 2 anos de tratamento com Homeopatia.

As motivações que motivaram os usuários a buscar a terapia homeopática estão entrelaçadas a um histórico familiar com tratamentos naturais e tem por influência colegas e familiares um importante papel na indicação da terapia homeopático tanto na forma de exemplo confiança repassada e principalmente através dos resultados alcançados. A busca pelo tratamento se deu para resolução de problemas de saúde, físicos e ou emocionais, e em parte foi motivada pelo insucesso após tentativas com outros modos de tratamento.

A terapia homeopática possui uma boa aceitação e um bom entendimento pelos seus usuários. Fatores como a abordagem holística do tratamento, a busca do equilíbrio energético e o tratamento do indivíduo como um todo, segurança dos medicamentos, a escuta aberta no discurso dos pacientes em

relação a consulta, efetividade dos resultados esperados e baixo custo terapêutico, favorecem a aceitação da Homeopatia por parte dos entrevistados. Todos os usuários consideraram a Homeopatia como um tratamento natural, porém, uma grande parcela dos usuários (46,15%) confunde o tratamento homeopático com fitoterapia.

A resposta ao tratamento foi observada por todos os usuários, a lentidão dos resultados, comparada à ação dos medicamentos alopáticos, é entendida como algo natural e vai ao encontro do ritmo do organismo. 79,10% dos usuários disseram estar muito satisfeitos com os resultados do tratamento.

A possibilidade de inserção dessa terapia integrativa e complementar no SUS do município de Diamantina foi contemplada pelos usuários, motivados pela certeza que iria fortalecer a atenção básica de saúde tratando muitos problemas que afligem a população. Outro ponto importante foi em relação a seguridade e baixo custo da terapia.

Entretanto, apareceram no discurso questões referentes ao preconceito em relação à Homeopatia e a veiculação da terapia ao misticismo e discriminação por parte dos profissionais de saúde em geral, que são importantes entrave a sua aceitação.

Por fim, a visão holística individual e integrativa do tratamento homeopático obteve uma ótima aceitação e resposta por parte dos usuários de Homeopatia do município de Diamantina. O entendimento do processo de tratamento consolidado no tripé: saúde, doença e reequilíbrio energético do indivíduo é crucial para a promoção da cura, uma vez que o processo de doença se estabelece quando os limites de tolerância e aceitação do indivíduo são ultrapassados e o processo de cura vai de encontro ao reequilíbrio energético e ressignificação desse processo, na busca da essência individual, com auxílio dos medicamentos homeopáticos, que agem por similitude de forma segura, eficaz e respeitando os limites de tolerância e individualização de cada um.

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Revista de Estudos HOMEOPÁTICOS

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