REH_v.26, nº26, 2025

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Estudos HOMEOPÁTICOS

Publicação Digital Quadrimestral Gratuita

Uma realização do Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

Nesta edição...

No mês de aniversário da chegada da Homeopatia ao Brasil,

vamos ler sobre seu uso em nossas hortas e jardins, na escola, no tratamento de cefaleia pós-cirúrgica, e vamos aprender sobre o poder da Calendula... Isso tudo e muito mais neste 26ª edição!

Ano 9

N° 26

Dezembro/2025

Editorial

O trabalho de um grupo especial como o nosso, sem identidade jurídica, um raro exemplo de sociedade civil auto-organizada, é sempre desafiador e surpreendente, em muitos aspectos.

Desde que iniciamos nossos trabalhos, em 27 de novembro de 2016, muitas foram as realizações, e alguns números são extremamente significativos: 91 encontros mensais de estudo, sem interrupções; 26 edições da Revista de Estudos Homeopáticos, sem interrupções e metade delas já com o ISSN atribuído; 31 lives temáticas mensais, abordando diversos temas de saúde à luz da Homeopatia; 7 edições do Seminário Aberto de Terapeutas Homeopatas, com temas e atividades de relevância terapêutica, social e educativa; inúmeros atendimentos em projetos sociais e um crescimento considerável de seguidores e interagentes em nossas redes sociais, com aproximadamente 16 mil visualizações/reproduções.

Alguns membros deixaram o grupo, outros entraram, nos movimentos naturais da Vida, mas o poder do coletivo permanece, gerando os frutos e as realizações, muitos dos quais não chegaremos sequer a conhecer, pois são sementes lançadas no terreno da existência, as quais vão encontrando seus berços e gerando outros movimentos.

Fazer parte deste grupo, participar de suas construções, decisões e organizações tornou-se um elemento constitutivo da minha própria vida, iluminada pela Homeopatia e toda a sua potencialidade.

Que, nesta edição, todos possam perceber essa grandeza e se juntarem a nós, para continuarmos a concretizar, dia a dia, esse lindo arcabouço de bem estar e justiça social.

A editora

Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com

Mantenedores da Revista de Estudos Homeopáticos

1. Agda Maria de Freitas

2. Alessandra Lourenço dos Santos

3. Ana Doris da Silva

4. Andréa Machado

5. Artemiza S. Coelho

6. Barbara K.R.S. Prandini

7. Cassia Regina da Silva

8. Edite Lopes de Souza

9. Francisca das Chagas Silva

10. George Vithoulkas

11. Jacira Ferreira Curvelo

12. José de Assis Marques

13. Karla Rubia dos S. Silva

14. Lourdes C. Prado

15. Ludmilla Lemos

16. Maria Helena A.C. Nunes

17. Maria Mendes da Costa Oliveira

18. Maria Tereza Menezes

19. Moacir W.S. Ferreira

20. Osmar José Ferreira

21. Osvaldo A. T. P. Dantas

22. Perônica Pires

23. Priscila Gomes S. Silva

24. Ramon Lobo Gomes

25. Regina Beatriz Bernd

26. Regina Medeiros

27. Rita Oliva S. Abreu

28. Ronaldo Licínio de Miranda

29. Ruiz Homeopatia

30. Sebastião Alves de S. Sobrinho

31. Sebastião Marcos Spolidoro

32. Sheila da Costa Oliveira

33. Sheila Gutierrez Borges Damazo

34. Suécia Maria M. Damasceno

35. Telda Pereira Costa Lima

36. Vanderley Domingos de Lima

37. Vanessa Cristina Rescia

38. Wilson Pires

Nossa Revista é mantida com contribuições voluntárias. Quer se tornar também um mantenedor e auxiliar a divulgar a Homeopatia? Envie uma mensagem para revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com ou WhatsApp para (61) 99934-5001 e lhe enviaremos o termo de adesão. Sua colaboração garante o sucesso desta publicação!

Termo de Adesão ao Grupo de Mantenedores da Revista de Estudos Homeopáticos

Obs: os valores são definidos em assembleia, durante os encontros presenciais mensais. Este formulário de adesão auxiliará na justificativa de recebimento dos valores junto ao banco e à Receita Federal.

O Grupo “Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste” é uma organização informal, sem fins lucrativos, autogestionada e responsável pela publicação da Revista de Estudos Homeopáticos, periódico quadrimestral, totalmente digital e gratuito para os leitores, disponível no ISSUU (repositório internacional de revistas digitais).

O objetivo dessa Revista é divulgar ao máximo a ciência/arte da Homeopatia, para democratizar o acesso às terapias integrativas e fortalecer a rede de terapeutas homeopatas do Centro-Oeste, bem como os prestadores de serviço correlatos a esta importante área de atuação.

Para mantê-la, os membros do grupo e/ou simpatizantes da causa de divulgação da Homeopatia se cotizam mensalmente, quadrimestralmente ou anualmente, de modo a remunerar as duas jornalistas que trabalham nesse projeto. A pessoa responsável pela arrecadação é voluntária e realiza os pagamentos das profissionais no dia 10 de cada mês.

Agradecemos muito por sua colaboração e solicitamos que (i) preencha os campos a seguir, para formalizarmos nossa parceria, a qual ajuda significativamente a viabilizar a continuidade da publicação, e (ii) escolha a cota de sua preferência, a qual deve ser depositada/transferida até o dia 8 de cada mês. Após o preenchimento, por favor, salve e envie o formulário para o e-mail revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com, em cujo drive ele será devidamente armazenado.

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6. DEPOSITAR O VALOR DA COTA ESCOLHIDA para (CONTA EXCLUSIVA PARA ESSES RECEBIMENTOS) NU PAGAMENTOS S.A, Banco 260, Ag. 0001, CC. 35704174-9, em nome de Lourdes Correia do Prado, CPF 179.914.80178. Esse número de CPF também é o PIX cadastrado no mesmo banco e conta. Favor enviar o comprovante para o WhatsApp 61 9885-7413, para facilitar o controle e o acompanhamento.

Fraternalmente, nossa gratidão. Brasília, ..................... de....................................................... de 20____.

Carta do Leitor

Mariannie Pires, Cachoeiro do Itapemirim, ES

Nossa! Há muito tempo precisávamos de uma publicação assim! Boa de ver, de ler e entender, do princípio ao fim!

Stéfano Giulio Fonseca Abreu, Teresina, PI

Até parece que foi feita no Nordeste, essa Revista, de tão boa! Só continuem, pessoal! Vi no blogue www.saberth.com.br que vocês são voluntários na manutenção da Revista. Quero colaborar também!

Jornalista Responsável

Angélica Calheiros

Editora-Executiva

Sheila da Costa Oliveira

Conselho Editorial Ramon Lobo

Sheila da Costa Oliveira

Angélica Calheiros

Projeto Gráfico e Diagramação

Karine Santos

Redatores Angélica Calheiros

Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

Revisão

Sheila da Costa Oliveira

Contato

Email: revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com

ÍNDICE

EDITORIAL 2

MANTENEDORES 3

TERMO DE ADESÃO AO QUADRO DE MANTENEDORES 4

CARTA DO LEITOR 5

EXPEDIENTE 6

PRIMEIRA PARTE: HOMEOPATIA E NÓS 8

DIÁRIO DE BORDO 10

VALE A PENA LER 12

Dicionário dos sinais e sintomas em homeopatia e dos remédios correspondentes 12

NOTÍCIAS 14

Brasil 14

Seminário de plantas bioativas e homeopatia reúne mais de 400 participantes no RS 14

Pesquisa com homeopatia realizada na Epagri conquista prêmio na Europa 15

Instituições e produtores formam rede para o uso de bioinsumos e homeopatia na agricultura de base familiar 16

Mundo 18

Como a homeopatia pode prevenir e reduzir doenças no gado 21

COM A PALAVRA, OS ATENDIDOS... 22

Moacir Wilson de Sá Ferreira 22

Rita Olívia Araújo – sobre seu pet Anakim 24

HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR 26

Horta e jardim: tratamento homeopático para plantas, água e solo 26

ENTREVISTA 28

Homeopatia e saúde coletiva no contexto escolar 28

HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA... 32

APRENDENDO COM VITHOULKAS 34

Manganum Homeopático no Tratamento da Cefaleia Pós-Punção Dural: Uma Série de Casos 34

CURANDO COM... 42

Calendula officinalis 42

NARRATIVAS TERAPÊUTICAS 46

Convulsão e as possibilidades na homeopatia 46

Quer publicar um trabalho científico nesta Revista? Faça contato em revistadeestudoshomeopaticos@gmail. com e faça parte da nossa galeria de autores! 53

Primeira Parte HOMEOPATIA E NÓS

Revista de Estudos HOMEOPÁTICOS

DIÁRIO DE BORDO

RETROSPECTIVA DO TRABALHO DO GRUPO LIVRE DE HOMEOPATAS DO CENTRO-OESTE

De julho a dezembro, mais uma vez o Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste dedicou-se à produção do Saberth, em sua sétima edição, cujo tema será: “A terapêutica homeopática e as dores nossas de cada dia”.

A comissão foi constituída, a estratégia de divulgação foi elaborada e a equipe se reuniu semanal ou quinzenalmente, de acordo com a necessidade, para a resolução de todas as questões envolvidas.

Este ano, pela primeira vez, houve a colaboração entre nosso Grupo e o Conselho Nacional Autorregulamentado de Homeopatia – Conahom, a qual resultou no alcance de novos nichos de público e a participação de novos interessados.

Também constituiu uma novidade a palestra cedida pelo Dr. Jawahar Shah, homeopata indiano muito importante no contexto atual, e que discorreu com maestria sobre A Fisiopatologia da Dor na Visão Homeopática, palestra principal da edição deste ano. O rico conteúdo será explorado por duas mediadoras brasileiras, as homeopatas Patrícia Ruiz da Silva (RS) e Vanessa Rescia (BA).

Na edição de abril próximo, os anais do evento darão todos os detalhes.

Paralelamente a esse esforço concentrado, continuaram os estudos mensais, atualmente centrados na revisão do Organon, e as lives temáticas mensais, para melhorar a formação do grupo e o contato com o possível público frequentador de mais uma edição do evento.

Em novembro, realizamos um encontro presencial no local onde ocorrerá o Saberth em Goiânia, para testar as rotinas de filmagem, gravação, transmissão e participação online, bem como a aprovação do cardápio vegetariano que será oferecido aos participantes presenciais.

Enfim, tudo foi encaminhado para que o melhor aconteça...

Acompanhe todo o conteúdo disponibilizado em nossas redes sociais e comente, auxiliando a dar mais visibilidade aos nossos perfis!

E em nosso blogue oficial: https://www.saberth.com.br/

Vale a pena ler...

Dicionário dos sinais e sintomas em homeopatia e dos remédios correspondentes

Imagem: Mercado Livre

A obra “Dicionário dos sinais e sintomas em homeopatia e dos remédios correspondentes” foi escrita em francês por Yves Le Penven e publicada pela editora “Maloine SA.. No Brasil, a distribuição ficou a cargo da Organização Andrei Editora Ltda, que disponibilizou o livro para o público geral em 1993. O conteúdo da obra foi produzido durante estudos e pesquisas em homeopatia, que incluíram consultas a múltiplas matérias médicas, além de análises dos resultados observados em atendimentos práticos diários.

Com o objetivo de apresentar quais são os melhores preparados homeopáticos para tratar sinais e

Onde encontrar:

●Estante Virtual

●Mercado Livre

●Organon Books

●Zamboni Books

sintomas específicos, o livro não tem a pretensão de ser um manual, afinal, a homeopatia é uma abordagem individualizada e integral. Contudo, Penven organiza as informações presentes de forma que o leitor possa encontrar os remédios que correspondam melhor a sintomas e sinais procurados, ao lado da posologia mais compatível que deve ser receitada, com base em princípios gerais.

O “Dicionário dos sinais e sintomas em homeopatia e dos remédios correspondentes” pode ser encontrado nos canais abaixo:

NOTÍCIAS

BRASIL

Seminário de plantas bioativas e homeopatia reúne mais de 400 participantes no RS

O 5º Seminário Regional de Plantas Bioativas e Homeopatia reuniu mais de 400 pessoas em Três Passos, no Rio Grande do Sul. Durante toda a quarta-feira (1º/10), um público diverso formado por agricultores, profissionais de saúde, extensionistas rurais, estudantes e movimentos sociais, representando 37 municípios, abordaram o assunto na sede do Lions Clube.

No evento, foi debatido o uso popular, o potencial terapêutico, a composição química e o cultivo das plantas medicinais, em palestras e oficinas, incentivando espaços de diálogo e construção de conhecimentos, re -

afirmando a política pública do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, do Ministério da Saúde.

Foto: Divulgação Emater/RS-Ascar.

Na edição deste ano, foi destacada uma prática local chamada Fitofrau, que é uma metodologia de trabalho construída a partir do conhecimento popular das mulheres guardiãs das espécies medicinais do município para retratar o estudo do corpo humano e o uso tradicional das plantas medicinais na cultura alemã.

Foto: Divulgação Emater/RS-Ascar.

Realizadora do evento, em conjunto a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (EMATER/RS-Ascar) contou com as parcerias da Prefeitura de Três Passos, Conselho Municipal de Proteção ao Meio Ambiente e o apoio da Uergs, Fetag e Lions Club.

Fonte: Facebook da Emater/RS.

Pesquisa com homeopatia realizada na Epagri conquista prêmio na Europa

Uma pesquisa desenvolvida nos laboratórios de Homeopatia e Saúde Vegetal e Biotecnologia da Estação Experimental da Epagri em Lages, na Serra Catarinense, obteve o primeiro lugar em um importante prêmio disputado na Europa. A conquista ocorreu na 6ª Conferência Internacional de Pesquisa em Homeopatia, realizada no fim de junho, na cidade de Tessalônica, na Grécia.

dos por cientistas de várias partes do mundo. O estudo campeão foi apresentado pela pesquisadora britânica Charlotte Southall, que há mais de 20 anos atua com homeopatia humana, inclusive aplicada em crianças com transtorno do espectro autista.

Durante um ano, entre maio de 2024 e maio de 2025, Charlotte morou em Lages e desenvolveu o estudo com profissionais e a estrutura física da Epagri. Na ocasião, ela havia sido contemplada com uma bolsa de doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) por meio de um projeto de cotutela entre a Universidade de Coventry, renomada instituição de ensino superior da Inglaterra com foco em ciência, tecnologia e medicina; e o Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).

Pesquisadora britânica Charlotte Southall desenvolveu o estudo com profissionais e a estrutura física da Epagri por um ano (Foto: Pablo Gomes / Epagri).

O trabalho intitulado “Explorando novos estimuladores de defesa de plantas para reduzir o míldio em videiras no Brasil” ficou em primeiro lugar contra outros 28 realiza -

Em Lages, Charlotte conduziu dois tipos de estudos: a resistência de videiras, por meio da homeopatia, ao míldio, fungo altamente patogênico e destrutivo às plantas; e a possibilidade, também pela homeopatia, de neutralizar resíduos tóxicos para que animais consigam viver em solos contaminados com metais pesados, especialmente o cobre.

Resultados indicam aumento de proteção de planta

A equipe da Epagri em Lages avaliou o efeito de diferentes preparações homeopáticas e biodinâmicas na resistência de videiras ao míldio, medindo os níveis de proteína e algumas enzimas protetoras nas folhas da videira antes e depois do tratamento.

Charlotte Southall foi premiada na 6ª Conferência Internacional de Pesquisa em Homeopatia, realizada em junho, na Grécia (Foto: arquivo pessoal).

Inicialmente, 12 preparações homeopáticas e biodinâmicas foram avaliadas quanto à eficácia no aumento dos níveis de proteína foliar de videiras Isabel. As melhores foram usadas em um experimento em maior escala, usando 80 videiras Pinot Noir e 80 Chardonnay.

As folhas foram coletadas em quatro épocas de colheita e, em seguida, os extratos foram feitos e as concentrações de proteína e enzimas protetoras foram medidas por espectrometria. Os primeiros resultados indicam que algumas preparações homeopáticas e biodinâmicas provocam um aumento nos níveis de proteína e algumas enzimas protetoras, indicando possível aumento da proteção da planta contra o míldio.

“É importante encontrar uma estratégia alternativa para o controle do míldio, que pode devastar uma safra de uvas. Isso é particularmente importante para a viticultura orgânica”, concluiu o estudo.

Fonte: Epagri

Instituições e produtores formam rede para o uso de bioinsumos e homeopatia na agricultura de base familiar

Foto: Fernando Goss

Um evento realizado na sede da Embrapa Pecuária Sul nos dias 23 e 24 de setembro resultou na criação da Rede de Bioinsumos e Homeopatia - ferramentas e estratégias para a transição agroecológica do sistema agroalimentar. O workshop realizado em Bagé (RS) reuniu especialistas do Brasil e do Uruguai que compartilharam experiências e estratégias sobre esse tema, com objetivo de apontar caminhos para o fortalecimento e disseminação da agroecologia entre pecuaristas familiares do Rio Grande do Sul.

A partir de dois dias de apresentação de pales tras e de discussões sobre esses temas, instituições públicas e privadas presentes se comprometeram com a formação dessa rede, que tem como objetivo contribuir para um processo de transição agroecológica da pecuária familiar. Segundo o Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pecuária Sul, Marcos Borba, o evento conseguiu reunir importantes atores que vêm trabalhando dentro deste conceito. “A ideia é promover uma transformação no modelo de produção de alimentos substituindo insumos químicos por biológicos nos sistemas de produção familiar”, ressaltou.

A Rede de Bioinsumos e Homeopatia já possui um comitê gestor com a participação de instituições públicas e privadas e também um plano inicial de trabalho. Entre as ações previstas está a continuidade e o fortalecimento de pesquisas já em desenvolvimento em Universidades e Centros de Pesquisa, tanto para a identificação de bioinsumos a serem utilizados bem como na aplicação daqueles já em uso. Também está previsto o apoio a implantação de biofábricas e de centros de aprendizagem coletiva em propriedades pecuárias, além da contribuição para a formulação de políticas públicas.

Workshop – Na manhã do primeiro dia do workshop foi realizado um painel sobre

homeopatia, com a abordagem de temas como a importância da homeopatia para produção de alimentos saudáveis e também como ferramenta de manejo na produção animal. Na parte da tarde foi realizado um painel sobre o uso de bioinsumos, abordando temas como inoculação de pastagens na região Sul, experiências com o uso de biocarrpaticidas no Uruguai e o papel da iniciativa privada na produção e na comercialização de bioinsumos para a agricultura familiar. No dia 24, a discussão foi sobre o papel do cooperativismo e da intercooperação na transição da base tecnológica da agricultura e pecuária familiar. E, na parte final do evento, foi debatida e deliberada a formação da rede de homeopatia e bioinsumos para a pecuária familiar.

O workshop “Bioinsumos e Homeopatia como Ferramentas para Processos de Transição Agroecológica na Agricultura e Pecuária Familiar” foi promovido pela Embrapa Pecuária Sul, Embrapa Clima Temperado, Emater/RS, Escola Biocentrus, BMF Orgânicos Yucumã, Coptil, Cooperbio, Ecocitros, Centro de Apoio e Promoção à Agroecologia (Capa), Recupera Rural RS, Projeto Bem Cultivar e Rede Saúde Única.

Fonte: Embrapa

Como a homeopatia pode prevenir e reduzir doenças no gado

Integrar protocolos homeopáticos e preventivos aos sistemas de produção animal pode evitar até 80% dos problemas de saúde comuns, de acordo com o cirurgião veterinário e veterinário homeopata Chris Aukland.

“A doença não acontece por acaso”, afirma ele.

“É um processo que se acumula com o tempo e, quando ultrapassado, entra em crise, onde os sintomas da doença se manifestam.”

O estresse costuma ser o precursor de doenças, tornando os animais propensos a infecções, acrescenta.

Remédios homeopáticos para o estresse

Toda fazenda passa por eventos estressantes inevitáveis, como transporte de gado, mistura de grupos, novas situações, parto, desmame, mudanças climáticas e nutricionais.

“Até mesmo uma mudança na rotina, no manejo e no estresse do produtor pode impactar os níveis de estresse do gado”, observa Chris. Ao reduzir o estresse e focar na causa raiz da doença, em vez de tratar os sintomas, a homeopatia pode contribuir para a saúde animal.

A abordagem 80/20

Chris aponta para a abordagem 80/20, que – como um guia geral – prevê 20 remédios

Imagem ilustrativa: Katerina Vulcova/Pixabay.

essenciais que, quando bem utilizados, previnem ou reduzem 80% dos problemas comuns de saúde animal.

“Sabemos que medicamentos complementares, como a homeopatia, podem funcionar. As experiências dos produtores não podem ser ignoradas”, ressalta.

Abaixo, segue a lista de preparados homeopáticos indicada pelo especialista:

Nascimento e fertilidade

A homeopatia pode ser usada para auxiliar a saúde reprodutiva do gado, incluindo os ciclos de parto e fertilidade.

Arnica: Auxilia em traumas, hematomas e fadiga após o parto, sendo benéfica tanto para a mãe quanto para o recém-nascido.

Caulophyllum: Útil quando o trabalho de parto envolve contrações fracas ou ineficazes e ajuda a reduzir o risco de retenção de placenta.

Pulsatilla: Utilizada para auxiliar mães de primeira viagem.

Sépia: Administrada para regular os ciclos hormonais e promover o equilíbrio reprodutivo.

Staphysagria: Um remédio pré-reprodutivo.

Digestão

Remédios podem ser administrados para ajudar o sistema digestivo a se recuperar após a exposição a mudanças na dieta, como capim de primavera, novas rações ou desmame.

Nux vomica: Usado para problemas digestivos causados por mudanças na dieta, excessos ou toxicidade.

Pulsatilla: Adequado para animais jovens que reagem a rações ricas.

Lycopodium: Para animais com falta de apetite ou inchaço.

Arsenicum: Ideal para diarreia especialmente quando associada a toxicidade, ração estragada ou contaminação.

Crescimento e desenvolvimento

Animais jovens ou subdesenvolvidos podem se beneficiar de remédios que estimulam o crescimento e a imunidade.

Calcarea carbonica: Auxilia no desenvolvimento lento ou deficiente, principalmente na mobilidade e no desenvolvimento ósseo.

Calcarea phosphorica: Auxilia no crescimento e desenvolvimento de animais de crescimento rápido que parecem “altos, mas magros”.

Lycopodium: Para animais com dificuldade para terminar a ração e propensos a inchaço.

Silicea: Fortalece animais fracos ou exigentes com baixa vitalidade.

Estresse emocional e por separação

O sofrimento emocional causado pelo desmame, manejo ou mudanças ambientais pode se manifestar em medo e pânico.

Aconitum: Para susto repentino, choque ou pânico, como eventos climáticos ou descorna.

Argentum nitricum: Ajuda animais com medo e ansiedade.

Arsenicum: Usado para ajudar com medo profundo e inquietação.

Ignatia: Para medo emocional, tristeza e pânico, como ansiedade de desmame ou de separação.

Pulsatilla: Especialmente benéfica para animais que precisam de companhia ou que sofrem durante o desmame.

Ainda de acordo com o homeopata, a combinação AAA (Aconitum, Argentum nitricum e Arsenicum) é uma poderosa combinação para alívio do estresse.

Lesões físicas

O uso imediato de remédios para lesões físicas pode acelerar a cicatrização e reduzir complicações.

Arnica: Usado após traumas, contusões ou fadiga.

Hypericum: Remédio para lesões nervosas, traumas na cauda ou garras, feridas, mordidas ou ferroadas e para tratar vacas abatidas.

Inflamação

Condições inflamatórias podem se manifestar como infecções. Os remédios usados para reduzir os impactos incluem:

Belladonna: Para inflamação, estresse por calor e condições que terminam em “-ite” (por exemplo, mastite)

Hepar sulphur: Auxilia o corpo a lidar com abscessos, doenças articulares e outras infecções

Pyrogenium: Usado em casos de retenção de placenta, podridão dos cascos ou doenças articulares.

Parasitas, carrapatos e moscas

A pressão de pragas pode causar estresse e infecções secundárias. Certos remédios são administrados para melhorar a resiliência animal:

Sulphur: Aumenta a resistência natural a parasitas

Ledum: Para ajudar na resiliência a insetos que picam e para tratar picadas, ferroadas e feridas perfurantes

Staphysagria: Administrado para tornar os animais menos atraentes para pragas que picam, sendo útil em ambientes com alta altitude.

Temperatura e clima

Mudanças climáticas repentinas podem levar a doenças, especialmente em animais jovens ou enfraquecidos.

Aconitum: Para animais resfriados por vento frio ou mudanças climáticas repentinas.

Beladona: Usada para tratar insolação e exposição ao sol.

Administração dos remédios

Jacqueline Pearce-Dickens, cofundadora e diretora executiva da Whole Health Agriculture, recomenda colocar o remédio em ação “quando a mudança estiver prestes a acontecer, ou quando ela tiver acabado de acontecer”.

“Para obter resultados eficazes, é importante usar os remédios corretamente. Temos um Centro de Aprendizagem [learning.wholehealthag.org] dedicado a treinar veterinários e produtores sobre isso”, afirma.

Os preparados homeopáticos podem ser diluídos em água e a solução pulverizada nas membranas mucosas, como o nariz, para tratar animais individualmente, ou despejada em um bebedouro para tratar um rebanho.

“O melhor remédio é o integrado. Não se trata de substituir o veterinário. Trata-se de aprimorar a boa criação para evitar a escalada de potenciais problemas”, destaca.

Em caso de dúvida sobre a saúde animal, consulte o veterinário da sua fazenda.

Fonte: FWI.Co.Uk

Na Índia, médicos

protestam contra decisão que autoriza homeopatas a praticarem alopatia

No dia 18 de setembro, médicos residentes de faculdades de medicina e hospitais da cidade de Nagpur, Índia, fizeram uma greve de um dia para protestar contra uma decisão do governo do estado de Maharashtra, que passou a permitir que homeopatas também pratiquem alopatia.

A Associação Médica Indiana (IMA) também decidiu se juntar à Associação Central de Médicos Residentes de Maharashtra (MARD) e pediu a todos os médicos particulares que mantivessem seus hospitais e clínicas fechados das 8h às 20h em protesto contra a “decisão anticientífica”.

Embora os serviços de emergência tenham permanecido abertos nos hospitais públicos, a IMA pediu a seus membros que fechassem todos os serviços durante a greve.

Nagpur tem mais de 10.000 médicos particulares e mais de 1.000 hospitais particulares. Os hospitais governamentais, GMCH e IGGMCH, mobilizaram médicos designados para tarefas não clínicas nas enfermarias para garantir a continuidade dos atendimentos.

A Federação das Associações Médicas de Toda a Índia (FAIMA) também manifestou total apoio à greve de 18 de setembro contra a decisão do governo de permitir a entrada de homeopatas no Conselho Médico de Maharashtra após a conclusão do curso CCMP. “Esta medida é inaceitável, perigosa para a segurança dos pacientes e um ataque direto à medicina científica moderna. Pela primeira vez nos últimos anos, todas as principais associações médicas se uniram em uma única plataforma para se opor a esta decisão ilógica. Esta unidade demonstra a seriedade das nossas preocupações. Exigimos a retirada imediata desta decisão, caso contrário, não nos restará outra escolha a não ser intensificar a nossa agitação para uma greve a nível nacional. A nossa luta é pela dignidade da profissão médica e pela proteção de cuidados de saúde seguros e baseados em evidências para todos os cidadãos”, afirmou o Dr. Akshay Dongardive, presidente da FAIMA.

A Associação de Professores Médicos do Estado de Maharashtra (MSMTA), a Associação de Oficiais Médicos do Governo de Maharashtra (MAGMO) e outros órgãos também apoiaram a greve.

A Associação Central de Médicos Residentes de Maharashtra (Central MARD) condenou veementemente a decisão do Conselho Médico de Maharashtra (MMC) de permitir o registro de profissionais de homeopatia no “Curso de Certificação em Farmacologia Moderna” (CCMP). Chamando a medida de “altamente questionável, anticientífica e prejudicial” ao sistema de saúde, a associação anunciou uma greve simbólica em todo o estado em 18 de setembro de 2025. O MARD Central destacou quatro preocupações principais, incluindo a diluição dos padrões da medicina moderna, o risco à segurança do paciente, a erosão da confiança pública e a violação das diretrizes da Suprema Corte e da Comissão Médica Nacional (NMC).

Os médicos enfatizaram que o MBBS envolve mais de cinco anos de treinamento rigoroso e não pode ser equiparado a um curso de certificação de curta duração. Eles também alertaram que permitir que profissionais de homeopatia com experiência mínima em farmacologia prescrevam medicamentos modernos poderia colocar vidas em risco e minar a confiança dos cidadãos em médicos qualificados. Reafirmando sua posição, o Central MARD esclareceu que não é contra a homeopatia como um sistema, mas afirmou que cada linha de medicina deve funcionar dentro de seus próprios limites científicos, uma vez que permitir a “cross-pathy” não apenas comprometeria o atendimento ao paciente, mas também desvalorizaria os esforços dedicados dos alunos de MBBS e médicos residentes. A associação instou o governo a revogar a decisão, manter as diretrizes do NMC e proteger a integridade da prática médica moderna.

Fonte: Times of India

COM A PALAVRA, OS ATENDIDOS

O homeopata, médico ou não médico, lida com questões diversas, sempre levando em conta que para a Homeopatia não existe doença e sim doente.

Moacir Wilson de Sá Ferreira

Militar da Reserva e terapeuta homeopata

Arraial do Cabo – RJ

Foto: Arquivo pessoal.

Nesta perspectiva, nossa atuação vai além das dimensões física-emocional-mental, alcançando a dimensão espiritual ou energética do indivíduo.

Cuidamos daqueles que nos procuram e de repente nos vemos acometidos por um adoecimento, que para a Homeopatia significa desequilíbrio da energia vital.

Foi quando me vi numa crise de dermatite de contato.

Já havia realizado o teste alérgico cujo resultado foi uma sensibilidade ao produto químico conhecido como “solvente universal”. Ora, universal significa, neste caso, estar presente na maioria dos produtos utilizados na vida cotidiana.

Em tratamentos anteriores, utilizei os medicamentos homeopáticos Graphites, Alumina e Petroleum, por recomendação de outro profissional, que trouxeram melhoras significativas, mas não resultaram na estabilização do estado alérgico.

A eficácia dos medicamentos homeopáticos no tratamento de alergias, as mais diversas, tem merecido pesquisas com comprovação científica dos excelentes resultados, não só na prevenção, como também no tratamento.

Desta forma, resolvi tornar-me o meu próprio terapeuta e iniciei minha jornada pessoal, ciente de que, como terapeuta homeopata, não poderia negligenciar os cuidados necessários em relação às distintas abordagens terapêuticas para tratamento dos casos agudos e dos casos crônicos.

No meu caso, a crise aguda sinalizava uma questão crônica, que demandaria um tempo maior de tratamento.

Interessante destacar que os casos agudos muitas vezes se apresentam como urgência e emergência para o paciente e não é diferente quando o afetado somos nós.

Então, Moacir, vamos cuidar da crise!

Neste sentido, optei por considerar, no início do tratamento, os medicamentos miasmáticos ou constitucionais para alívio da crise e para movimentar a energia vital a meu favor.

O tratamento foi iniciado com o medicamento Sulphur, na 12 CH, e com a pomada de Hamamelis, na 6CH, por 15 dias.

Transcorrido os 15 dias, iniciei uma nova fase do tratamento com o medicamento Psorinum, na 12 CH.

Observei uma melhora significativa no quadro agudo.

Mantive o tratamento com Psorinum na 12 CH, por 30 dias. Após a primeira quinzena

de tratamento, introduzi a pomada de Hamamelis e Calêndula, na 6 CH, para hidratar e ajudar na recuperação da pele.

Observei novamente uma melhora no quadro descrito. A pomada fez toda a diferença no processo de renovação da pele.

Mantive a pomada de Hamamelis e Calêndula, na 6 CH, por mais 30 dias.

Resolvida a crise aguda, seguimos o tratamento que este espaço não permite compartilhar.

Encerro este depoimento pessoal reiterando que a busca por tratamento mais natural e de poucos ou nenhum efeito colateral coloca a Homeopatia como uma das terapias mais utilizadas na atualidade.

Despeço-me com as sábias palavras de Samuel Hahnemann sobre a Homeopatia, a “Arte de Curar”:

“Nossa arte com o tempo tornar-se-á o carvalho sagrado, o carvalho de Deus. Estenderá seus ramos enormes, inabaláveis nas tempestades. A Humanidade que sofreu tantos males descansará sob sua sombra benéfica.”

Um fraterno abraço hahnemanniano!

Aposentada

Brasília-DF

Foto: Arquivo pessoal.

Anakin é um cachorro de 12 anos, de porte médio, sem raça definida (a mãe era uma shnauzer mas não se sabe quem era o pai). Sua dona era vizinha e amiga do meu filho. Foi um filhote muito doente, que nos primeiros dias dependia de sonda para urinar. Quando a cirurgia parecia ser a única solução possível, começou a fazer xixi espontaneamente.

Quando estava com 3 meses, foi morar com meu filho, porque a sua dona ia mudar de Brasília. Considera ele que a entrega foi feita de uma forma muito ruim. Aconteceu durante um passeio e ele olhava para trás o tempo todo, tentando voltar para a tutora. Sua percepção é que a sensação do Anakin era de abandono.

Aos 5 anos veio para minha casa, quando nasceram minhas netinhas, gêmeas e prematuras. Achei que em 6 meses eu não precisaria mais cuidar de cachorro. Ledo engano...

As dificuldades com ele estavam nas caminhadas diárias. A vida em casa sempre foi muito tranquila, exceto quando toca a campainha ou o interfone. Na rua, o estresse era enorme. Encontrar qualquer cachorro era treta na certa. Quanto às pessoas, havia problemas se elas procurassem se aproximar muito. Havia também algumas pessoas para as quais latia sempre, estando elas muito perto ou não. Eram situações que sempre me deixavam constrangida. O estresse não se limitava a lidar com tais questões. Muito ansioso, Anakin tentava correr puxando a guia e, por ser forte, torna tudo ainda mais cansativo. Meu filho me ensinou a virar a coleira e colocar a guia não nas costas, mas no peito. Melhorou bem a situação. Outra estratégia foi também sair com ele muito cedo de manhã e muito tarde à noite para evitar os confrontos.

O primeiro susto com a sua saúde foi uma diarreia líquida, fétida e sanguinolenta. Corri pra veterinária. Não me de lembro como foi tratado. De vez em quando ele tinha problemas de diarreia e vômitos. Num desses episódios, ela, embora não seja uma veterinária homeopata, me falou sobre a possibilidade de experimentar um remédio homeopático. Foi uma bênção! Os sintomas desapareceram com 2 ou 3 doses. Desde então tenho sempre algumas homeopatias para essas situações, que diminuíram bastante.

Essa experiência me mostrou que homeopatia é eficaz também para animais. A partir daí, resolvi pesquisar homeopatias capazes de mudar o

comportamento do meu cão (a essa altura ele já era mesmo meu ...). Precisava descobrir seu simillimum. Quem era o Anakin? Já percebia que ele não era agressivo. Mas, é um cachorro que tem medo de várias coisas, principalmente de tempestade, é muito guloso, e come coisas não comestíveis (fezes, papel, etc.). Esses foram os sintomas que me levaram a experimentar Calcarea carbônica.

O resultado foi surpreendente. Ele parou de comer papel (exceto se o papel envolvia algo de comer). Continua sendo um glutão. Ainda preciso tomar cuidado para que não coma coisas inadequadas quando saímos para passear. O medo de tempestades diminuiu um pouco.

Aos poucos comecei a testar deixá-lo de coleira mas sem a guia, em horários mais tranquilos e perto no nosso Bloco, mantendo-me próxima a ele, para evitar surpresas desagradáveis. Não obstante esse cuidado, houve alguns momentos tensos, mas sem maiores problemas. Numa dessas poucas situações, porém, no encontro repentino com dois cachorros pequenos, mas agressivos, o problema foi sério. Foi tudo muito rápido. Os cachorros chegaram latindo muito e ele foi para cima deles. O dono o chutou, mas a confusão continuou e ele foi chutado novamente. É claro que o vizinho e eu nunca mais nos falamos. Na manhã seguinte, Anakin vomitou muito. Equivocadamente achei que a causa foram os chutes. A ultrassonografia mostrou que o motivo era a vesícula com lama biliar e os exames de sangue mostraram um aumento na fosfatase. As homeopatias e a troca da ração pela alimentação natural levaram a taxa da fosfatase para níveis normais e a lama biliar, embora tenha diminuído, continua. Penso que graças à homeopatia e aos chutes do vizinho, Anakin se livrou da comida que o estava adoecendo e agora tem sua saúde bem monitorada.

Posteriormente, num dos exames de sangue periódicos, verificou-se que as plaquetas estavam muito baixas. A observação atenta do comportamento do Anakin e o surgimento desse sintoma me levou a pesquisar a matéria médica Phosphorus, onde achei muitos sintomas semelhantes: cachorro que adora ser acariciado, massageado, com medo de tempestades, de trovão, de solidão, brincalhão e ativo, medroso mas corajoso quando encontra “inimigos”, compassivo, transtorno por antecipação, muito sensível aos ruídos e ao sofrimento dos outros, ciumento, grande necessidade de companhia, não sai de perto do

dono, fica na porta do banheiro se houver mais gente em casa, tendência à hemorragia, vômitos e regurgitações. Phosphorus alternado com Plaquetas fizeram, por muito tempo, aumentar a quantidade de plaquetas, embora ainda abaixo do normal. Sempre que parava de dar os remédios a taxa baixava. No último exame, estava tudo normal. Foi um grande alívio.

Phosphorus transformou o Anakin. Sua liberdade não se restringe mais à região próxima ao Bloco. Vamos para outras quadras e para a comercial da quadra. Quer cheirar tudo e todos e sempre tem alguém achando-o fofo. Mesmo quando os estranhos se aproximam, sua reação geralmente é se afastar um pouco. E parou de latir para as pessoas com as quais implicava sempre.

Ele se tornou meu personal trainer: ando atrás dele e muitas vezes tenho que correr ou andar rápido para me manter perto dele...

A guia agora só é usada quando temos que atravessar a rua ou nos momentos em que percebo que ele está desconfiado de que irá enfrentar um “inimigo”, para evitar que ele assuste cachorros e seus donos. Às vezes fica parado, olhando. Ou deita, parecendo estar se preparando para a luta. Mas nada acontece quando os cachorros já estão perto dele. Antes ele ia para o ataque de forma impulsiva, me arrastando junto. Hoje parece que analisa bem e espera para saber se há perigo ou não.

Quando está passeando solto, na maioria das vezes, ignora os cachorros. Algumas vezes aceita a aproximação de outros cães, mas apenas dá uma cheiradinha rápida e vai embora. Se os cachorros pequenos que latem muito parecem querer atacá-lo, ele se afasta como se tivesse medo. Mas vai atrás do Scott, um cachorro grande e lindo, que também detesta Anakin.

Enfim, a homeopatia transformou uma experiência estressante e desagradável numa atividade agradável e divertida, tanto para ele quanto para mim. Nesses passeios acontecem coisas muito engraçadas e interessantes que era impossível perceber. E posso contar com remédios que não provocarão problemas na sua saúde.

Quer narrar seu caso de sucesso com o uso da Homeopatia? Faça contato em revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com e tenha sua história publicada!

HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR

Apesar de ter sido desenvolvida para tratar aspectos da saúde humana, a homeopatia também tem conquistado cada vez mais espaço na medicina veterinária e na agricultura. Isso porque o tratamento homeopático para plantas, água e solo segue princípios semelhantes aos usados para humanos e animais.

“A homeopatia voltada para cuidados com hortas e jardins segue o mesmo princípio de similitude, ou seja, semelhante cura semelhante”, esclarece o terapeuta homeopata e engenheiro agrônomo Ramon Lobo Gomes, mestre na área pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). “Entretanto, deve-se ter um conhecimento da fisiologia da planta ou das plantas em questão, do solo, do am -

biente e da água, porque todos esses fatores, somados e analisados, são de vital importância para definir a melhor homeopatia a ser utilizada”, relata.

Ramon trabalha com agricultura orgânica e faz uso de preparados homeopáticos tanto para tratamento quanto para fortalecimento, permitindo que as plantas possam se defender de ataques de insetos e fungos. “Além disso, também é possível usar a homeopatia para aumentar a capacidade delas de absorção dos nutrientes disponíveis no solo”, explica. “O uso da homeopatia nas águas pode promover a descontaminação ou mesmo a desparasitação, tanto para o consumo humano, quanto para o uso agrícola. No solo, seu uso pode

Foto ilustrativa: Alison Innes/Pixabay.

auxiliar as plantas a tolerar com maior facilidade o alumínio em solos degradados, ou ainda diminuir os efeitos dos parasitas”.

São várias as possibilidades do uso da homeopatia, devendo ser analisado cada caso de maneira específica e individualizada, segundo as necessidades:

“[A homeopatia] pode ser usada na forma de nosódio para tratamento de pulgão, por exemplo, onde podemos utilizar o próprio inseto para fazer o preparado homeopático e aplicá-lo sobre a planta”, continua Ramon. “Também é possível usar a homeopatia do solo do local em que a planta se encontra para que, assim, a mesma possa ter condições de absorver melhor os nutrientes e diminuir o efeito tóxico relacionado a sua mineralogia. Outro uso comum envolve homeopatias de plantas, uma abordagem já conhecida, e que pode, por exemplo, reduzir o estresse causado por uma poda”.

Ainda segundo o profissional, optar pelo tratamento homeopático no cuidado com plantas evita o uso de produtos químicos, o que pode trazer consequências negativas tanto para seres humanos, quanto para animais. “Atualmente, há um desequilíbrio muito grande do meio ambiente, envolvendo insetos, solo e água, e a homeopatia pode atuar reequilibrando esses sistemas, fortalecendo a planta, melhorando a microbiota do solo e desintoxicando a água, fortalecendo o ecossistema necessário para o bom desenvolvimento. A homeopatia promove um maior equilíbrio do ecossistema, mantendo o equilíbrio, e reduzindo o uso de produtos que possam causar descontrole”.

Diferentes preparados homeopáticos podem ser indicados para auxiliar nos cuidados com hortas e jardins:

Arsenicum album: Para desintoxicação causada por veneno;

Borax venerata: Para desbalanço do mineral boro;

Carbo vegetabilis: Para recuperação de plântulas transplantadas e injúrias;

Phosphorus: Para aumento da fotossíntese e fortalecimento da planta;

Sulphur: Contra vários tipos de insetos, fungos, bactérias e nematóides;

Ferrum sulphuricum: Para crescimento radicular e desenvolvimento da parte aérea da planta;

Pulsatilla nigricans, Apis mellifera e Phosphorus: Para aumentar o número de frutos e auxiliar no seu desenvolvimento.

“No caso de plantas, faz-se necessário conhecer sua fisiologia, tanto quanto suas necessidades e características adaptativas para cada ecossistema, para podermos fazer uma análise detalhada das necessidades e escolher o tratamento homeopático correto”, destaca o terapeuta homeopata. “Se não levarmos em consideração as necessidades das plantas e do solo, fornecendo nutrientes de qualidade, água em boa quantidade e restringindo produtos químicos, metais pesados ou contaminantes, não teremos bons resultados. Também é importante assinalar que a homeopatia é uma ferramenta eficaz quando bem utilizada, mas seu uso deve ser consciente. Se o ambiente se encontra em harmonia, não há necessidade de uso. A natureza é sábia e deve ser respeitada”, conclui.

ENTREVISTA

Homeopatia e saúde coletiva no contexto escolar

A homeopatia integra o rol das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) e se trata de uma abordagem terapêutica de caráter holístico e vitalista, que trata o indivíduo como um todo, seguindo três princípios fundamentais: lei dos semelhantes, experimentação em pessoas sadias e uso de ultra diluição de medicamentos. Outras de suas características principais são a promoção do cuidado integral e o baixo custo, tornando-a uma aliada relevante no contexto da saúde coletiva, sobretudo, do público infantil, que está mais vulnerável às situações ambientais e sociais.

Para falar sobre as diversas formas em que o tratamento homeopático pode ser utilizado em prol da saúde coletiva no contexto escolar, conversamos com a professora e terapeuta homeopata Sheila da Costa Oliveira.

REH: A saúde coletiva se concentra na prevenção de doenças e promoção da saúde em larga escala, buscando prolongar a vida e melhorar a qualidade de vida. De quais formas a homeopatia pode servir como aliada nesses objetivos?

Sheila: A terapêutica homeopática visa ao equilíbrio global do ser em tratamento. Dessa forma, contribui intrinsecamente para o prolongamento da vida e para o aumento de sua qualidade. Quando isso leva em consideração a atuação em coletivos, imediatamente os ganhos são potencializados, atingindo uma escala maior. Esse conceito pode ser aplicado em qualquer coletivo profissional, melhorando a resistência a doenças, o humor, o comportamento e as atitudes. Na escola, não é diferente. Há homeopa -

tias que podem ser usadas visando às especificidades do ambiente escolar, e, ao mesmo tempo, atendendo aos indivíduos e suas características pessoais, sejam eles professores, estudantes ou funcionários. Dessa forma, atua-se no geral e no particular, e as chances de harmonização são maiores.

REH: No contexto escolar, quais são os principais problemas de saúde coletiva identificados tanto a nível emocional quanto fisiológico? De quais formas o tratamento homeopático contribui para minimizar esses problemas?

Sheila: Isso varia conforme a idade e o nível socioeconômico da comunidade escolar. Os problemas mais comuns são:

(i)Pediculose, doença ligada a questões de higiene, nutrição e equilíbrio emocional, e que causa transtornos muito significativos. Os piolhos, além de promoverem a coceira e, em consequência, as lesões do couro cabeludo, também secretam substâncias tóxicas no sangue, pois essa região é muito vascularizada. Dessa forma, há o desencadeamento de outras doenças de fundo inflamatório e infeccioso que se espalham pelo sangue. As homeopatias adequadas para isso, tais como Staphysagria e Equinacea, entre outras, abortam rapidamente qualquer epidemia de pediculose escolar, servindo, ao mesmo tempo, para a cicatrização do couro cabeludo, a cessação das coceiras e a restauração do equilíbrio global de cada um dos afetados. Os que não tiverem sido infectados podem ser tratados preventivamente, aumentando sua resistência aos parasitas em geral, e isso tudo acontece sem uso de substâncias tóxicas, sem risco de efeitos adversos e sem necessidade de afastamento dos infectados para fazerem o tratamento.

(ii)Desatenção/inquietação: é comum as escolas se queixarem de que seus estudantes ficam desatentos e inquietos com frequência, mesmo com o cuidado pedagógico sendo levado a efeito, o que pode indicar algum nível de desequilíbrio individual que se reflete no coletivo. Também há homeopatias que podem auxiliar nisso, como Avena sativa, Passiflora e/ou Panax gin -

seng, entre outros, melhorando o foco, acalmando a mente e os movimentos, o que auxilia na melhoria do aprendizado e do desempenho escolar;

(iii)Absenteísmo por adoecimento repetitivo: é comum estudantes e trabalhadores de educação se ausentarem do trabalho com frequência, o que afeta bastante o ritmo das atividades escolares. Afecções respiratórias com ou sem febre, problemas digestivos e osteomusculares são os campeões das justificativas. Todos esses problemas podem ser cuidados com medicamentos homeopáticos adequados, como Eucaliptus, Nux vomica, Rhus tox e outros, e prevenidos também, com a busca do equilíbrio individual que sempre impacta positivamente no coletivo.

REH: No contexto escolar, qual é a importância do humor coletivo? A homeopatia pode ser usada para potencializar seus efeitos positivos? Como?

Sheila: Segundo Piaget, a emoção é o tônus da ação. Isso significa que o humor, a disposição emocional para o comportamento, é um fator preponderante no contexto educacional, determinando, em boa parte, qual será o envolvimento de cada um nas rotinas de ensino aprendizagem.

Quanto mais nova é a criança, mais seu humor é decisivo para o envolvimento com o ensinar e o aprender. Quando adolescentes, as flutuações hormonais muito bruscas também são fatores de

complicação de humor e afetam igualmente o desempenho acadêmico nessa faixa etária.

Além disso, fases como a Tensão Pré-Menstrual e as dificuldades familiares e sociais afetam igualmente a natureza do humor coletivo, que pode minimizar ou potencializar conflitos e outros distúrbios. Por isso, criar situações que potencializem o bom-humor coletivo é fundamental para o sucesso das rotinas em uma escola. Para isso, podem-se utilizar essências em aspersores de aroma, para benefício de todo o ambiente, e/ou ministrar medicamentos adequados a cada membro da comunidade escolar, colaborando para que o todo fique equilibrado. Evidentemente, isso se faz somente com as devidas autorizações familiares e tendo um profissional credenciado para conduzir o processo, mas as escolas que adotam essas rotinas homeopáticas são ainda uma exceção, infelizmente, como as escolas antroposóficas, aplicadoras da pedagogia Waldorf.

REH: A realidade escolar atual é complexa, com crianças e jovens doentes emocionalmente e mentalmente, muitas vezes sem tratamento, e professores exaustos, tentando lidar com o impacto que problemas de comportamento geram tanto em estudantes quanto em toda a turma e corpo docente. De quais formas a homeopatia atua para minimizar essas questões?

Sheila: A forma mais adequada seria ter, em cada unidade de ensino, um médico ou terapeuta homeopata escolar que tratasse da comunidade como um todo,

estudando com cuidado suas necessidades de saúde física, mental, emocional e social e prescrevesse as medicações homeopáticas adequadas a cada situação.

Esse serviço implantado com qualidade poderia ser um grande avanço na reconfiguração da escola como um espaço seguro de desenvolvimento pessoal e coletivo. Na falta disso, já seria muito bom que uma parceria entre as secretarias de educação e saúde encaminhasse os membros da comunidade escolar aos tratamentos integrativos já disponíveis no SUS, entre os quais a Homeopatia. Mesmo que não atendesse a todos, já poderia funcionar nos casos mais graves, minimizando problemas que podem gerar mais complicações, caso não sejam tratados.

Cursos de formação em Homeopatia também poderiam fazer estágios em ambientes escolares, contribuindo para que os custos sejam reduzidos e ficassem restritos somente à aquisição dos remédios. Para isso, seria preciso uma equipe de estágio supervisionado eficiente em Homeopatia.

A escola também poderia fazer reuniões de esclarecimento a respeito do valor das práticas integrativas no ambiente educacional, de modo a melhorar a informação de todos a respeito e contribuindo para que todos buscassem tratamento mais natural de maneira regular. Não há como melhorar a escola sem melhorar as pessoas que nela estudam e trabalham, e a Homeopatia é uma abordagem segura e confiável, mesmo que não seja ainda do conhecimento de todos.

REH: Além desses aspectos, a Homeopatia também tem condições de atuar na saúde física de estudantes e profissionais de educação? e nas questões de aprendizagem?

Sheila: Com certeza! O ideal seria iniciar o tratamento homeopático desde a gravidez, para que a criança já se desenvolvesse com mais harmonia e nascesse com níveis de saúde mais elevados. Durante a gestação, existem homeopatias que modulam com segurança o metabolismo do bebê, como a Calcarea carbonica e os Sais de Schussler, contribuindo para que ele adoeça pouco durante toda a sua vida, em especial na primeira infância, desenvolvendo-se com mais potencial de aprendizagem e resistência.

A Homeopatia também auxilia na drenagem de efeitos adversos de vacinações, as quais, durante a infância, são muitas, e, mesmo necessárias, podem provocar vários incômodos agudos e/ou crônicos, a depender da sensibilidade e da resistência do indivíduo vacinado. Como muitas campanhas vacinais são realizadas nas escolas e/ou junto ao público escolar, a administração dos drenadores vacinais, como Thuya, Malandrinum, Silicea terra, Ferrum phosphoricum, junto com a imunização, contribuiria para deixar somente os bons resultados.

Atendimentos homeopáticos regulares elevam o nível de saúde em todos os aspectos, não somente no físico, e contribuem para a geração de bem-estar em larga escala. Os ganhos que se obtém com esse tipo de tratamento são cumulativos, e por isso as pessoas adoecem menos, e, se adoecem, se recuperam mais rápido,

pois a Homeopatia aumenta a força vital de cada indivíduo, e, em consequência, aumenta também a força e a harmonia do coletivo.

Aprender melhor e trabalhar melhor são consequências naturais de um organismo equilibrado, o que a Homeopatia, com certeza, pode auxiliar a promover, em qualquer idade, independentemente de gênero e da formação acadêmica.

REH: Gostaria de fazer alguma observação final?

Sheila: Certamente. O criador da Homeopatia, o médico alemão Samuel Hanhemann, diz, em seu Organon da Arte de Curar, o livro básico dessa abordagem em saúde, que a Homeopatia existe para auxiliar o indivíduo a atingir a sua mais alta missão de vida, o que, certamente, vai muito além dos aspectos físicos. Espero que, com a difusão dos conhecimentos homeopáticos ao grande público, como o faz esta Revista, isso possa beneficiar a cada vez mais pessoas e comunidades, contribuindo não somente para o equilíbrio de uma escola, de uma cidade, de um estado ou de um país, mas sim do mundo inteiro, pois há homeopatas em praticamente todos os lugares do planeta.

Segunda Parte

HOMEOPATIA TAMBÉM É

CIÊNCIA

Estudos

Revista de HOMEOPÁTICOS

APRENDENDO COM VITHOULKAS

Manganum Homeopático no Tratamento da Cefaleia Pós-Punção Dural: Uma Série de Casos

Ekaterina Ivanenko, Amritha Belagaje, Seema Mahesh e George Vithoulkas 1Surgical Clinic of Peoples Friendship University (PFU), Moscou, Rússia. 2Centre For Classical Homeopathy, Bengaluru, Karnataka, Índia. 3University of the Aegean, Mitilene, Grécia.

RESUMO: A cefaleia pós-punção dural (CPPD) é uma condição funcional causada pela ruptura da membrana dural, com baixa pressão do líquido cefalorraquidiano, afetando de 4% a 11% dos pacientes submetidos a procedimentos em que o canal vertebral é propositalmente puncionado. Ela tem um impacto significativo na qualidade de vida dos afetados. Apresentamos 12 casos diagnosticados com CPPD, sem resposta ao tratamento usual, que foram tratados com homeopatia clássica. Nove dos doze casos apresentaram recuperação completa, enquanto os 3 casos restantes apresentaram melhora parcial. O autor ressalta a importância das prescrições baseadas nas patologias, em seus ensinamentos, bem como a importância de valorizar a patologia, conforme enfatizado na literatura homeopática. O medicamento homeopático Manganum auxiliou na melhora de 9 dos 12 casos, com resultados promissores. Mais estudos controlados são necessários para determinar o papel e o mecanismo de resolução da CPPD por meio do Manganum homeopático.

PALAVRAS-CHAVE: Homeopatia, cefaleia pós-punção dural, raquianestesia

RECEBIDO EM: 23 de junho de 2022. ACEITO EM: 6 de outubro de 2022.]

TIPO: Série de Casos

FINANCIAMENTO: O(s) autor(es) não recebeu(aram) apoio financeiro para a pesquisa, autoria e/ou publicação deste artigo.

DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES: O(s) autor(es) declarou(aram) não haver potenciais conflitos de interesse em relação à pesquisa, autoria e/ou publicação deste artigo.

AUTOR CORRESPONDENTE: Seema Mahesh, Centro de Homeopatia Clássica, nº 10, 6th Cross, Chandra Layout, Vijayanagar Bengaluru 560040, Índia. E-mail: bhatseema@hotmail.com

Introdução

A cefaleia pós-punção dural (CPPD) é um tipo de cefaleia postural, causada pela ruptura não intencional da dura-máter, uma das meninges espinhais, durante anestesia ou punção diagnóstica do espaço subaracnóideo, levando a vazamento do líquido cefalorraquidiano (LCR) e baixa pressão do LCR.(1) A incidência é estimada entre 4,6% e 11%, dependendo do grupo de pacientes estudados.(2) Embora o exato mecanismo de desenvolvimento permaneça desconhecido, postula-se que a perda do efeito amortecedor normal fornecido pelo LCR leva a efeitos de tração, causando os sintomas.(1) Outros mecanismos prováveis incluem dilatação reflexa dos vasos meníngeos ou alterações no sistema nervoso central, causando hipotensão intracraniana.(3)

A CPPD geralmente se desenvolve nas 48 horas após o procedimento, com cerca de 50% dos casos se resolvendo espontaneamente em 7 a 10 dias.(1,4) Em alguns casos, a cefaleia pode persistir por meses e evoluir para cefaleias crônicas.(1,5) Os fatores de risco relacionados ao paciente incluem idade, sexo e, até certo ponto, baixo índice de massa corporal. Em pacientes obesos, devido à alta pressão intra-abdominal, o gradiente de pressão entre o espaço subdural e epidural é menor do que em pacientes com menor índice de massa corporal. Em mulheres e pacientes jovens, a elasticidade da dura-máter é maior; portanto, o estiramento do defeito e a perda de LCR ocorrem em maior extensão, causando sintomas. (3)

A CPPD é caracterizada por uma forte dor de cabeça postural, frontal ou occipital, movimento limitado na coluna cervical, acompanhada de náuseas, perda auditiva e disparidade visual, com todos os sintomas diminuindo muito quando os pacientes deitam-se na horizontal. (6)

Sabe-se que os sintomas da CPPD se resolvem espontaneamente em até 2 semanas em mais de 65% dos casos. Em casos com sintomas persistentes, o tratamento conservador utiliza analgésicos, hidratação oral, repouso e vasoconstritores cerebrais, como a cafeína. Tratamentos experimentais, incluindo esteroides, metilxantinas e triptanos, também são utilizados para reduzir a intensidade da dor.(7)

Em caso de ineficiência das medidas terapêuticas acima, o método de administração epidural de sangue autólogo, conhecido como tampão sanguíneo epidural (TPE), continua sendo o padrão-ouro de tratamento para reduzir o vazamento de LCR.(8) No entanto, este é um procedimento invasivo, com seus próprios riscos inerentes, e melhores opções são buscadas para sua substituição.(9) Há, também, evidências indicando a falha do TPE em mitigar a CPPD.8 Embora não ofereça riscos à vida do paciente, ela pode ser torturante e reduzir significativamente a qualidade de vida dos indivíduos afetados.(3) A homeopatia clássica pode oferecer uma opção terapêutica eficaz em tal condição. Estudos abordando CPPD com homeopatia são escassos na literatura.(10) Nós apresentamos uma série de casos de CPPD tratada com homeopatia.

Métodos

A elaboração de uma série de casos foi adotada após o homeopata, que também é anestesiologista, ter encontrado casos de CPPD que aceitaram ser tratados com homeopatia. Os pacientes foram avaliados através de consulta clínica, pelo médico responsável, quanto à intensidade das cefaleias durante o acompanhamento. Os medicamentos homeopáticos foram todos adquiridos da Helios Homeopathy Ltda, Reino Unido, e todos foram administrados em comprimidos à base de sacarose, tamanho 3, administrando- se 3 comprimidos na língua como sendo uma dose. Não foi permitido ingerir alimentos ou bebidas por 30 minutos antes e depois da dose.

Série de casos

Caso 1

Em 12 de fevereiro de 2018, uma mulher de 30 anos foi submetida a uma cesariana para sua primeira gravidez, com 39 semanas, devido à placenta prévia. A operação foi realizada sob raquianestesia (bupiva-

caína 10 mg) sem quaisquer complicações. Seis horas após o procedimento, ao tentar sentar-se, a paciente começou a sentir uma forte dor de cabeça, acompanhada de náuseas e vômitos, que não aliviavam com o vômito. A paciente mencionou que a superfície da cama parecia dura, mas a dor de cabeça e os sintomas que a acompanhavam desapareciam quando ela se deitava. O tratamento convencional padrão (analgésicos e infusão de solução salina) não foi útil. O início dos sintomas, após o procedimento, foi considerado como a causa, com a formação de hematoma no local da cicatriz. Com base nesses sintomas, o medicamento homeopático Arnica montana 30CH foi administrado, após o qual a intensidade da dor de cabeça diminuiu ligeiramente e os sintomas que a acompanhavam diminuíram. Como a paciente não estava completamente melhor, Hypericum 30CH foi administrado com base na sensibilidade da paciente à dor e na possibilidade de lesão nervosa pela administração da raquianestesia. A dor de cabeça diminuiu em 40%, sem grande melhora em seu bem-estar geral. Quando a paciente estava em observação, precisou de analgésicos adicionais. Ao final do período de 4 dias, a dor de cabeça persistiu.

Caso 2

Uma mulher de 46 anos foi submetida à hernioplastia devido à uma hérnia inguinal direita, em 21 de fevereiro de 2018. Ela também apresentava colecistite crônica. O procedimento foi realizado sob raquianestesia (bupivacaína 12,5 mg) sem complicações. Cinco horas após o procedimento, ela apresentou uma dor de cabeça intensa, com náusea, ao tentar sentar-se, e que diminuía ao deitar-se. A paciente estava irritada e os analgésicos prescritos não proporcionavam alívio. Ao ser questionada, constatou-se que ela não tolerava contradições, tinha ansiedade em relação aos negócios e era sensível a correntes de ar. O remédio homeopático Nux vomica 30CH foi prescrito. A cefaleia não melhorou significativamente. Posteriormente, China officinalis 30CH foi prescrito com base nos sintomas de perda de fluidos (perda de LCR) e irritabilidade. A cefaleia reduziu em 60%, assim como a náusea e a irritabilidade, mas ela precisou de analgésicos. Ao final de 4 dias, as dores de cabeça diminuíram em 80% com o uso de analgésicos.

Caso 3

Uma mulher de 46 anos foi operada de um cisto supurante da glândula de Bartholin, em 21 de março de 2018. O procedimento foi realizado sob raquianestesia (bupivacaína 10 mg) sem complicações. A paciente desenvolveu uma cefaleia debilitante, com náuseas, vômitos e visão turva 5 horas após o procedimento, quando começou a andar. Queixava-se de fraqueza generalizada com tremores nos membros inferiores. Todos os sintomas melhoravam ao deitar-se e reapareciam ao tentar se sentar. Analgésicos e infusão salina não produziram efeito perceptível. O medicamento homeopático Gelsemium 30CH foi prescrito com base nos sintomas. A náusea, os vômitos e a visão turva diminuíram em 30 minutos após a administração do medicamento. A cefaleia reduziu de 40% a 50%. Posteriormente, foi administrado Hypericum 30CH para a cefaleia, que não aliviou a dor, e posteriormente, foram prescritos analgésicos. Na avaliação após 3dias, a cefaleia persistia.

Caso 4

Uma mulher de 36 anos, sem histórico de doença crônica, foi submetida a uma cirurgia de emergência, em 4 de agosto de 2018, devido a uma lesão traumática nos tendões do pé direito. Ela recebeu bupivacaína 12,5 mg por via intratecal, com bom efeito analgésico. Cinco horas após a cirurgia, após a restauração da função motora dos membros inferiores, a paciente levantou-se da posição supina. Em 15 minutos, ela sentiu uma forte dor de cabeça, localizada nas regiões frontal e temporal, acompanhada de náuseas, visão turva e rigidez na nuca. A mulher foi forçada a voltar para a cama. Na posição horizontal, a dor de cabeça desaparecia por completo. Nas tentativas subsequentes de se levantar, a dor de cabeça retornava e piorava. A paciente recebeu infusão de soluções cristaloides, analgésicos não-narcóticos (ibuprofeno) e cafeína. Em 10 horas de terapia, não houve alívio. A paciente recebeu, então, Manganum 30CH, em solução, a cada 30 minutos. Após a segunda dose, a dor diminuiu significativamente e, após a quarta, cessou completamente. Nos dois dias seguintes a dor não retornou. A paciente também notou melhora significativa no estado geral e a ferida cirúrgica cicatrizou bem. Ela recebeu alta com recomendação de repetir o tratamento com Manganum caso as dores de cabeça retornassem. Ao exame clínico, um mês depois, ela relatou que as dores de cabeça não voltaram.

Caso 5

Uma mulher de 26 anos, com histórico de varizes, foi submetida a uma flebectomia sob raquianestesia (bupivacaína 12,5 mg). Embora a cirurgia e a anestesia tenham transcorrido sem complicações, 5 horas e meia após a cirurgia, ao tentar sentar- se em posição ereta, ela apresentou cefaleia acompanhada de náuseas, vômitos e diplopia. Todos os sintomas melhoravam ao deitar-se em posição supina. Ela recebeu analgésicos não narcóticos, injeções de cafeína e infusão de solução cristaloide, que não proporcionaram alívio considerável. Ela recebeu Manganum 30 CH, uma única dose. Duas horas e meia após o uso de Manganum 30 CH, a cefaleia, as náuseas, os vômitos e a diplopia foram completamente aliviados. Não houve recidivas até a alta hospitalar.

Caso 6

Em 2016, uma mulher de 34 anos foi submetida a uma cesariana e desenvolveu CPPD e fadiga, tratadas convencionalmente, sem qualquer efeito perceptível. Sete dias após a cesariana, ela recebeu alta com recomendação para tomar analgésicos. Nas primeiras 2 semanas após a cesariana, a paciente não pôde cuidar da criança e levar uma vida normal devido à intensidade das dores de cabeça. A paciente também apresentou distúrbios de lactação, o que exigiu a transição da criança para alimentação artificial.

Dois anos depois, em junho de 2018, a paciente foi submetida a uma cesariana semelhante, sob anestesia geral — bupivacaína 10 mg com bom efeito analgésico. Oito horas após a cirurgia, ao tentar se levantar, a paciente desenvolveu dores de cabeça semelhantes às experimentadas durante a primeira cesariana, dois anos antes. Ela foi orientada a tomar Manganum 30CH em intervalos de 30 minutos. Após 2 doses de Manganum 30CH, as dores de cabeça cessaram imediatamente e não voltaram a ocorrer. Além disso, ela não apresentou complicações e recebeu alta, em boas condições, no quinto dia após a cesárea. A ferida pós-operatória cicatrizou por primeira intenção e também não houve problemas com a lactação.

Caso 7

Em setembro de 2018, uma mulher de 40 anos, com artrose pós-traumática da articulação do joelho direito, foi submetida a artroscopia sob raquianestesia (bupivacaína 15 mg). A cirurgia e a anestesia ocorreram sem complicações. Quatro horas após a operação, a paciente apresentou forte dor de cabeça ao tentar se levantar da cama. A dor de cabeça foi acompanhada de náuseas e tensão nos músculos do pescoço. Os sintomas cessavam quando a paciente se deitava na horizontal e não se movia. O tratamento convencional com analgésicos não-narcóticos e infusão salina não produziu alívio. A paciente recebeu o medicamento homeopático Manganum 30CH. Imediatamente após tomar Manganum, ela sentiu um alívio significativo e, 2 horas depois, a dor de cabeça havia desaparecido completamente e a paciente conseguiu se levantar. Após 3 dias, ela recebeu alta sem queixas de dor de cabeça.

Caso 8

Em novembro de 2018, uma mulher de 28 anos foi submetida a osteossíntese metálica para uma fratura fechada, não curada, da tíbia esquerda. A operação foi realizada sob raquianestesia (bupivacaína 12,5 mg por via subaracnóidea). Dez horas após a cirurgia, a paciente tentou sentar-se na cama, quando desenvolveu uma forte dor de cabeça, com náuseas, vários episódios de vômitos e tensão nos músculos do pescoço. A dor de cabeça e os sintomas associados desapareciam sempre que ela se deitava. O tratamento convencional com analgésicos e preparações com cafeína não aliviaram a paciente. Uma dose de Manganum 30CH proporcionou alívio quase instantâneo. Após 3 horas, todos os sintomas haviam desaparecido. Não houve queixas de dor de cabeça durante sua alta, 3 dias depois.

Caso 9

Uma mulher de 39 anos, com deformidade em valgo do pé direito, foi submetida a uma cirurgia reconstrutiva em dezembro de 2018. A cirurgia foi realizada sob raquianestesia (Bupivacaína 15 mg) sem complicações. Quatro horas após a operação, a paciente apresentou forte dor de cabeça, acompanhada de náuseas, ao tentar sentar-se ereta. Foram prescritos analgésicos não-narcóticos, cafeína e infusão salina, e ela notou uma melhora de cerca de 20%. Quando os sintomas não diminuíram mais, ela recebeu Manganum 30CH,

e a dor de cabeça reduziu em 90% nas primeiras 1 hora e meia da administração do medicamento. Além disso, ela também notou alívio da dor no local da cirurgia. Ao acompanhamento nos 2 dias seguintes, a dor de cabeça não tinha voltado a ocorrer.

Caso 10

Em fevereiro de 2019, uma mulher de 33 anos foi submetida a artroscopia da articulação do joelho esquerdo para tratamento de artrose pós-traumática. A cirurgia foi realizada sob raquianestesia (bupivacaína 10 mg). Cinco horas após a cirurgia, ao se levantar da cama, a paciente apresentou forte dor de cabeça e náuseas, que desapareciam assim que se deitava. Tratamentos convencionais, como analgésicos não-narcóticos, infusões salinas e sumatriptana 50 mg, não aliviaram a dor de cabeça. A paciente recebeu, então, Manganum 30CH. Duas horas após o remédio a dor de cabeça havia desaparecido completamente. Após 3 dias, ela recebeu alta sem queixas de dor de cabeça.

Caso 11

Uma mulher de 37 anos, a termo de uma gravidez normal, foi submetida a uma cesariana sob raquianestesia (Bupivacaína 12,5 mg), devido ao posicionamento incorreto do feto. Não houve complicações durante a cirurgia. Seis horas após a cirurgia, quando a paciente se levantou para amamentar a criança, apresentou fortes dores de cabeça, acompanhadas de náuseas e vômitos. As queixas cessavam ao deitar-se em decúbito dorsal. Ela recebeu tratamento convencional com infusão de solução salina e analgésico não- narcótico, mas o efeito desse tratamento foi insignificante, e a dor de cabeça voltava ao sentar-se ereta. Foi- lhe prescrito Manganum 30CH e imediatamente a intensidade da dor de cabeça diminuiu em 60%. Seis horas depois, a dor de cabeça desapareceu completamente. No quarto dia após a cesariana, ela recebeu alta com melhora geral do estado de saúde e sem recidiva da dor de cabeça.

Caso 12

Em 19 de março de 2019, uma mulher de 34 anos, que estava 40ª semana de gestação normal, optou por uma cesariana devido à sua idade e preferência. Foi submetida, com sucesso, a um procedimento sem complicações, sob raquianestesia (12,5 mg de bupivacaína). Cinco horas após a cirurgia, ela apresentou forte dor de cabeça ao se levantar, acompanhada de náuseas e rigidez na nuca. Ela recebeu infusão salina e analgésicos não- narcóticos, sem obter alívio. Então, foi prescrito Manganum 30CH. A intensidade da dor diminuiu em 80% após o uso do medicamento, e a dor no local da cirurgia também diminuiu. Cinco horas após o início do tratamento com Manganum, as dores de cabeça desapareceram completamente. No quarto dia, a mulher recebeu alta, sem queixas de dor de cabeça e com boa lactação.

Resultados

Doze pacientes do sexo feminino, com diagnóstico de CPPD, com idades entre 24 e 46 anos (média de idade: 34,25 anos), aceitaram tratamento homeopático. A Tabela 1 apresenta as características das participantes.

A principal queixa apresentada em todos os casos foi dor de cabeça intensa, que se desenvolveu após a punção espinhal. As dores eram difusas, compressivas, lancinantes e pulsantes, geralmente se expandindo pela parte de trás do pescoço, acompanhadas de náuseas intensas. Em 2 casos, a dor foi acompanhada de disparidade visual. Todas as pacientes se queixaram de que os sintomas pioravam significativamente ao ficarem em pé ou sentadas, e melhoravam ao se deitarem. As três primeiras pacientes receberam prescrição de medicamentos homeopáticos de acordo com a repertorização dos sintomas de dor de cabeça, considerando a natureza e modalidades em cada caso individual. Arnica, Gelsemium, Hypericum, Nux vomica e China officinalis foram prescritos conforme as indicações, nesses casos. As dores de cabeça reduziram apenas parcialmente, sem melhora significativa no estado geral das pacientes. As 9 pacientes seguintes receberam a prescrição do remédio Manganum, baseado na descrição do mestre homeopata, J.T. Kent, sobre as características deste remédio: “A parte mais surpreendente de tudo é como ele obtém alívio. O paciente

deita-se e tudo passa. Não se encontra isso em todos os medicamentos. Isso é raro, estranho e peculiar. E, no entanto, veja como é geral, define toda a natureza do doente... Manganum é um remédio maravilhoso para mulheres acamadas, que gostam de ficar deitadas, quietas.”(11) As pacientes observaram resolução completa dos sintomas em uma média de 2,9 horas após o início do remédio Manganum (1,5 a 6 horas) (Tabela 1). O estado geral também melhorou e nenhum evento adverso foi observado.

Discussão

O desenvolvimento e o domínio dos métodos de anestesia neuroaxial sempre estiveram inextricavelmente ligados à batalha para reduzir a frequência da CPPD.(12) Apesar do progresso tangível no desenvolvimento dos medicamentos e de agulhas menos invasivas para combater a frequência, não é possível eliminar a CPPD.

Na série apresentada, os 3 primeiros casos foram prescritos com base na natureza da cefaleia e na totalidade dos sintomas de cada caso individual. Isso proporcionou algum alívio, sem benefício considerável no estado geral das pacientes. Manganum foi prescrito nos 9 casos subsequentes e proporcionou não apenas melhora dos sintomas, mas também resolução completa em um curto espaço de tempo, sem qualquer recaída. O autor já havia ressaltado a importância das prescrições baseadas na patologia, em seus ensinamentos, como estratégia de prescrição.(13) Kent enfatizou a importância de se avaliar a patologia também.14 Nos casos relatados, deitar-se não apenas reduziu os sintomas, mas também melhorou o estado geral de todo o ser. Embora comumente encontrado na CPPD, esse sintoma aparece como um sintoma-chave característico nos experimentos com o remédio homeopático Manganum, que, quando aplicado, produziu o efeito desejado. Revisões sobre o tratamento da CPPD mostram que o tratamento convencional, embora promissor, deixa muito a desejar, especialmente em termos de eficácia e facilidade de uso.8 Há uma escassez de diretrizes para o tratamento da CPPD, levando a uma variedade de tratamentos conservadores, sendo as evidências de sua eficácia muito fracas para recomendação.(14) O tampão sanguíneo epidural parece ser o tratamento mais eficaz para dores de cabeça intensas, até o momento; uma técnica invasiva com suas próprias complicações e tendência à falha.7 Nos casos acima, a dor de cabeça era intensa e incapacitante para as pacientes. Nesses casos, a cafeína e os analgésicos convencionais não proporcionaram alívio dentro do período esperado. Com a homeopatia, a resolução foi observada em uma média de 2,9 horas, o que indica uma maior probabilidade de a resolução ter sido um efeito do Manganum homeopático.

No entanto, atualmente é difícil avaliar o mecanismo do efeito terapêutico na resolução desta condição. Além disso, será mais válido se, no futuro, for realizado um estudo comparativo sobre a porcentagem de pacientes que respondem ao tratamento convencional e à homeopatia. O tempo necessário para tal resposta e a eficácia precisam ser comparados para se estabelecer o papel da homeopatia nesses casos.

Embora a resposta ao Manganum na CPPD tenha sido impressionante nesta série de casos, o número de casos é pequeno e tem pouco poder. Estudos maiores, com potência suficiente, e controlados, são necessários para estabelecer o papel do Manganum homeopático no tratamento da CPPD.

Conclusão

Nos casos apresentados acima, os pacientes com CPPD responderam favoravelmente ao medicamento homeopático Manganum, prescrito para um sintoma comum que os acometia, a saber, a melhora de todas as queixas ao deitar-se. Ao final do tratamento, os pacientes permaneceram livres de sintomas, sem a necessidade de terapias adjuvantes. Também não houve eventos adversos. Considerando que esse sintoma característico é comum na CPPD, há a necessidade de investigar cientificamente se o Manganum homeopático pode ser uma alternativa eficaz em casos de CPPD.

Contribuições dos Autores

EI foi o anestesiologista responsável pelo tratamento e pela coleta de dados. A redação e as referências do artigo foram realizadas por AB e SM. GV é o supervisor e garantidor do trabalho.

Consentimento para Publicação

Os pacientes forneceram consentimento oral para o tratamento e a publicação.

Ética

Não aplicável.

ORCID iD

Seema Mahesh https://orcid.org/0000- 0002-4765-5595

Referências

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14. KENT J. The value of symptoms. In: Jain B, ed. Lectures on Homoeopathic Philosophy.7th ed. B. Jain Publishers; 2008;203-208.

CURANDO COM ...Calendula officinalis

Por Sheila Gutierrez Damazo

Terapeuta homeopata

CONAHOM nº 1389

A origem do uso da calêndula remonta à Europa e à região do Mediterrâneo, onde era cultivada por gregos, romanos, árabes e hindus para fins medicinais, estéticos e como corante. A planta foi disseminada para outras partes do mundo, como a China e a Índia, onde se tornou parte de medicinas tradicionais e, mais tarde, chegou a outras regiões, ganhando popularidade e novas variedades de cultivo.

Na calêndula é possível encontrar os seguintes princípios ativos: glicosídeos do flavonol, oligoglicosídeos triterpênicos, glicosídeos triterpênicos oleanânicos, saponinas e glicosídeos sesquiterpênicos. Tem uma concentração muito rica em nitrogênio e ácido fosfórico, responsáveis diretamente pelos seus sintomas. A planta também é conhecida pelos nomes Malmequer, Maravilha dos Jardins ou Cravo-de-defunto. Classificada no reino Vegetal como: Calendula officinalis L.; 666.45.12, pertence à família Asteraceae e tem porte herbáceo.

Os remédios homeopáticos à base de Calendula officinalis são disponibilizados no mercado para compra nas formas líquida (agua e solução alcoólica para proteção), em glóbulos de açúcar, em tabletes de lactose, injeção, papelotes, extrato oleoso e outros, como pomadas (pastas); loções para lavagens feitas com tintura mãe (TM); gel; spray; preparação com glicerina diluída e hidrolato (que é o resultado da ação dissolvente do vapor d’agua através do processo de destilação por arrastamento sobre o fármaco vegetal, fresco ou dessecado. O uso de cada um deles depende da necessidade do cliente. São preparados de acordo com os princípios da homeopatia em diversas dinamizações, na escala decimal (D ou X) na proporção 1:10; na escala centesimal (C ou CH) na proporção de 1:100 e na escala milesimal (M) na proporção 1:1000, diluídos em álcool e/ou água e nas sequências acima até a potência 200.000 CH ou mais.

Pacientes em tratamento com Calendula officinalis podem esperar a cura completa. O tempo para obtê-la vai depender da cronicida -

Foto ilustrativa/Wikipédia.

de do paciente, ou seja, do tempo da existência que ele apresenta a doença no organismo. Por exemplo, em crianças e adolescentes, a cura é bem mais rápida, com casos que precisaram de uma média de três a quatro atendimentos, durante um período entre três e cinco meses. Já em idosos, o tratamento geralmente é de longo prazo.

O mais importante é buscar o Simillimum do ser que está diante do terapeuta. Similia similibus curentur – o doente recebe em doses terapêuticas, o mesmo medicamento ou droga que produziu em seu organismo o conjunto de sintomas e sinais, subjetivos, objetivos e energéticos que caracterizaram o quadro clínico desse paciente.

Os medicamentos são testados em várias pessoas sãs e os sintomas são anotados cuidadosamente dentro de uma hierarquia formando a matéria médica. Quando o relato dos sintomas de um cliente são os mesmos da matéria médica (mostraram os mesmos sintomas que está em estudo), aí sim, este será o medicamento que se encaixará perfeitamente no cliente, tra -

zendo saúde, equilíbrio e bem estar ao cliente. Dessa forma, tem-se o Similimum da pessoa que está em análise.

Um paciente sempre quer a cura total. Isso se obtém através de estudos seguros, atentos, em explorar profundamente a ação do medicamento escolhido, e, continuando a observação ao longo dos atendimentos futuros sempre observando a melhora contínua da força medicamentosa daquela dinamização, no cliente, até exauri-la completamente. Se ainda aparecerem resquícios de sintomas, deve-se subir na dinamização mais alta, objetivando findar os sintomas persistentes naquela pessoa. E assim sucessivamente até esgotar completamente os sintomas incômodos.

Os problemas de saúde, físicos e emocionais, que a Calendula officinalis pode tratar são: febre alta, héctica, gripe; sarampo; catarral, frio, cefaleia rasgante; peso no cérebro; ferimentos lacerados no couro cabeludo; surdez; lesões nos olhos, supuração, blenorragia do saco lacrimal. Também é possível utilizá-la após ope -

rações nos olhos ou pálpebras onde inflamação ou supuração indevidas devem ser evitadas; em conjuntivite traumática, ceratite e irite; ferida por faca; coroide e corpo vítreo protruídos; sinusite frontal; rinite alérgica; coriza, secreção verde; ansiedade e aperto na barriga, com evacuações; dores constantes no abdômen e sensibilidade na região ilíaca esquerda, com fezes frequentes, quase inteiramente mucosas; enterite por corpo estranho; pontadas opacas e ásperas no meio do lado direito do abdômen ao se movimentar; dor aguda e penetrante, profunda na região do umbigo ao caminhar; alongamento e arrasto na virilha, hipertrofia uterina; azia, náusea; vômitos; as sensações são de estar sendo espancado, rasgado, lacerado.

O tempo de duração de um tratamento com Calendula officinalis vai depender da cronicidade pré-existente, da instalação da doença no paciente. Doenças antigas requerem mais tempo, mais apoio do terapeuta que precisa sempre estar olhando para este ser total e único. O tempo depende do nível

de adoecimento e do trabalho bem feito do terapeuta em escolher o medicamento certo.

Olhar para os sintomas oriundos da mente, dos traumas existentes, das dores que gritam, no sentido de olhar para a causa principal desse adoecimento. Analisar toda história pregressa. O que aconteceu com este ser, que provocou estas sensações? Observar os sintomas familiares, ancestrais, emocionais e físicos. Sempre com profundidade e anotando exatamente o que fala o paciente. Em um idoso o tratamento pode demorar mais, todavia, com uma boa análise, esse idoso sempre vai ter bons ganhos de saúde. Se o paciente não melhorar é preciso refazer toda avaliação terapêutica, começando do zero, com novos questionamentos, abordagens e olhares.

A Homeopatia Clássica, fundamentada nos escritos de Samuel Hanhemann, tem como pontos centrais a lei da semelhança, a experimentação em homens sãos e consequentemente a administração de um medicamento para o quadro crônico ou agudo do paciente. Assim,

o objetivo principal do terapeuta homeopata e do médico homeopata clássico consiste em discernir o medicamento que corresponda a cada caso individual. Hanhemann estabeleceu que uma substância experimentada em pessoa saudável desperta uma determinada totalidade sintomática e, se administrada a uma pessoa com quadro sintomatológico semelhante, leva à cura.

Os atributos da mais elevada hierarquia em homeopatia são aqueles exibidos nos estados mental e emocional. O foco do homeopata é buscar a causa do adoecimento. O que o levou a ter os sintomas emocionais, mentais e os sintomas em seu corpo?

Pacientes que precisam de Calendula, segundo Jan Scholten - médico homeopata que nasceu em Helmond, na Holanda - “O mais típico é que não toleram injustiças. Defendem pessoas vitimizadas, humilhadas, rebaixadas ou ridicularizadas. O conceito-chave é respeito. Querem ser respeitados, todo mundo tem que ser respeitado e honrado, considerado como seres humanos com dignidade. Odeiam trotes hu -

milhantes, como nas universidades. Têm padrões morais elevados. Lutam por respeito e independência para todo mundo”.

São pessoas que se assustam facilmente têm grande tendência a sobressaltar-se; possuem hiperacusia, intensa depressão, irritabilidade, e são extremamente nervosas. Suas sensações são de estar sendo espancado, rasgado, lacerado. Tudo é muito intenso em Calendula. Seus sintomas vêm acompanhados de medo e calafrios. Diria que, resumindo, as pessoas calêndulas são profundamente conectadas à humanidade. Daí vem seus sintomas tão intensos, tão profundos, que o deixam tão ligados a tudo e a todos, e o tempo todo. E, principalmente ao ser humano, que a Calendula os considera seus irmãos. Como tudo na vida precisa de equilíbrio, vê-se necessário tomar o medicamento Calendula para ser mais forte, inteiro, harmonizado e feliz com a vida.

NARRATIVAS TERAPÊUTICAS

Convulsão e as possibilidades na homeopatia

Seizure and possibilities in homeopathy

DOI:10.34117/bjdv7n11-275

Recebimento dos originais: 18/10/2021 Aceitação para publicação: 18/11/2021

Tatiana Natacci da Rocha Pelizzon

Pós-graduada em Homeopatia Clínica e Tecnologia das Altas Diluições High Dilution Science

Condomínio Palmeiras Imperiais – Lote B-04, Itapecerica, Salto/SP

E-mail: tativet15@gmail.com

Adalberto do Carmo Braga Von Ancken

Doutor em Patologia Ambiental e Experimental pela Universidade Paulista/ Mestre em Bem-estar e Medicina Veterinária pela Universidade de Santo Amaro / High Dilution Science

Rua Antônio de Barros, 1705, Tatuapé, São Paulo/SP

E-mail: acbvonancken@hotmail.com

Cideli de Paula Coelho

Doutora em Ciências pela FMVZ-USP / Pós-doutorado em Patologia Ambiental e Experimental Professora Universidade de Santo Amaro/ High Dilution Science

Rua Amazonas, 1245, São Caetano do Sul/SP

E-mail: cpcoelho@prof.unisa.br

RESUMO

Convulsões podem ser resultado de falhas na condução elétrica encefálica, decorrentes de alterações nos níveis de neurotransmissores. São as alterações neurológicas mais comuns na rotina clínica de pequenos animais, totalizando aproximadamente 1% a 2% dos casos atendidos. A ocorrência pontual de convulsões é classificada apenas como crise convulsiva. A repetição de convulsões em frequência elevada é classificada como epilepsia. Para o controle de crises convulsivas, há inúmeras possibilidades para o tratamento. Os medicamentos alopáticos mais utilizados em cães são o fenobarbital e brometo de potássio. Porém, por produzirem muitos efeitos colaterais, sugere-se a possibilidade da utilização da homeopatia nesses casos em medicina veterinária, para o controle das crises convulsivas sem efeitos colaterais. O objetivo desse trabalho foi mostrar de maneira prática, os principais medicamentos homeopáticos e suas peculiaridades a despeito dos quadros convulsivos nos animais.

PALAVRAS-CHAVE: Homeopatia, Convulsão, Tratamento.

ABSTRACT

Seizures may be the result of failures in brain electrical conduction resulting from changes in neurotransmitter levels. These are the most common neurological alterations in the clinical routine of small animals, totaling approximately 1% to 2% of the cases treated. The punctual occurrence of seizures is classified only as convulsive crisis. The repetition of seizures in high frequency is classified as epilepsy. For the control of seizures, there are numerous possibilities for treatment. The most commonly used allopathic medicines in dogs are phenobarbital and potassium bromide. However, because they produce many side effects, it is suggested the possibility of using homeopathy in these cases in veterinary medicine, for the control of seizures without side effects. The objective of this work was to show in a practical way the main homeopathic medications and their peculiarities despite the convulsive conditions in the animals.

KEYWORDS: Homeopathy, seizures, treatment.

1. INTRODUÇÃO

A convulsão não é classificada como uma doença e sim como um sinal clínico de uma disfunção na substância cinzenta do cérebro (KENT, 2011; PLATT, 2012).

As convulsões são classificadas como distúrbios paroxísticos, resultantes de uma falha na condução elétrica no cérebro, devido à uma excessiva descarga elétrica. São as alterações neurológicas mais comuns na clínica de pequenos animais, acometendo aproximadamente 1% a 2% dos cães e gatos atendidos na rotina. A ocorrência pontual de convulsões é classificada apenas como crise convulsiva. Porém, quando essas crises se repetem com uma frequência elevada, ela é classificada como epilepsia (SCHRIEFL et al., 2008).

Esse trabalho tem como objetivo revisar os principais medicamentos homeopáticos que podem ser utilizados no tratamento das crises convulsivas em animais.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 CONVULSÃO

A convulsão é definida como um comportamento clínico anormal, em consequência de uma descarga elétrica, paroxística, incontrolável e momentânea nos neurônios cerebrais, resultando, principalmente, em contrações musculares involuntárias de todo o corpo ou de partes dele. As manifestações clínicas de uma crise convulsiva estão relacionadas ao tipo de convulsão e às regiões cerebrais afetadas pela descarga elétrica (BLOOR, 2013; CHERUBINI et al., 2002).

Uma vez iniciada, a descarga elétrica convulsiva pode estimular outros neurônios e afetar áreas cerebrais circunvizinhas. Com isso, as crises convulsivas costumam ocorrer em resposta a desequilíbrios metabólicos, intoxicações ou pela presença de cicatrizes após traumatismos, que atuam como focos de produção de descargas elétricas anormais, se propagando para o encéfalo (CHERUBINI et al., 2002; LORENZ; COATES; KENT, 2011).

A epilepsia é uma afecção caracterizada por convulsões recorrentes e sem nenhuma alteração morfológica cerebral, sendo, portanto, denominada de epilepsia verdadeira, idiopática, funcional ou primária. Quando as crises convulsivas ocorrem por alguma lesão cerebral, tem-se a epilepsia sintomática, adquirida ou secundária. Entretanto, na prática clínica, o tratamento da epilepsia verdadeira e da sintomática costuma ser o mesmo (BERENDT, 2008; BERENDT et al., 2015). A epilepsia idiopática é sub classificada em 3 tipos: genética (histórico genético demonstrado), sus -

peita genética (evidência de alta prevalência de raça ou associação familiar) e epilepsia de origem desconhecida (causa subjacente não identificada e ausência de epilepsia estrutural). A epilepsia estrutural é caracterizada pela presença de patologia cerebral ou intracraniana subjacente. Convulsões reativas não são consideradas como epilepsia, mas respostas do cérebro normal a uma perturbação transitória em função (ou seja, metabólica ou tóxica) que é reversível quando a causa ou perturbação é corrigida. Epilepsia idiopática é diagnóstico de exclusão. (HERLEN; POTCSCHKA; VOLK; SAUTER-LOUIS; O’NEILL, 2020).

2.2 HOMEOPATIA

Definida como uma forma complementar para tratamento de diversas doenças, a homeopatia é uma especialidade médica, um sistema terapêutico, que afirma que os semelhantes se curam pelos semelhantes (“Similia similibus curantur”). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a homeopatia é o segundo sistema médico mais utilizado internacionalmente em humanos (MALIK, 2015).

Na medicina veterinária, Hahnemann atestou a cura de seu cavalo baseado no princípio da semelhança e proferiu: “Se as leis que proclamo são as da Natureza, elas serão válidas para todos seres vivos”. Desde então, Hahnemann também estudou a homeopatia nos animais e em 1815, apresentou o trabalho intitulado “O tratamento homeopático dos animais domésticos” em uma conferência realizada em Leipzig. Foi nessa época, portanto, que o emprego da homeopatia em medicina veterinária teve início segundo os mesmos princípios básicos publicados em seu livro “O Órganon da arte de curar”, no ano de 1810 (PUSTIGLIONE, 2010). Anos depois, essas ideias foram retomadas por alguns veterinários que a modificaram e a melhoraram (PIRES, 2005).

Homeopatia busca a cura dos doentes através de remédios preparados em altas diluições que são capazes de produzir no indivíduo sadio sintomas semelhantes aos da doença que deve curar em um indivíduo enfermo. É baseada em quatro pilares, que são: Lei da semelhança, experimentação no indivíduo são, remédio único e doses infinitesimais, a partir de subsequentes diluições e vigorosas agitações antes de ser ingerido. (PUSTIGLIONE, 2010)

A homeopatia veterinária segue os mesmos princípios e leis da homeopatia humana. Dessa forma, os medicamentos homeopáticos são prescritos para o animal a partir generalidades e sintomas individualizados. Para tanto, a conduta do médico veterinário homeopata é qualificar o paciente a partir de uma repertorização, determinando os principais sintomas oriundos da doença, mas sempre buscando tratar o animal e não a doença. (FONTES, 2012).

No organismo, os medicamentos diluídos promoverão uma resposta imunomodulatória, graças a sensibilização do eixo psico-neuro-endócrino-imunitário (energia vital) do paciente (ALMEIDA; WERKMAN; CANETTIERI, 2006). Com isso, acredita-se que uma doença artificial energética e não tóxica inicia-se no organismo, e por ser semelhante à doença natural, evocará uma resposta secundária deste organismo, manifestada por meio do sistema imune que a combaterá (ALMEIDA; WERKMAN; CANETTIERI, 2006).

Os medicamentos homeopáticos utilizados nos animais, são os mesmos usados para humanos, produzidos a partir de substâncias animais, vegetais ou minerais diluídas e dinamizadas. (VIJNOVSKY, 2003). Porém, preconiza-se o uso da medicação em glóbulos ou baixas concentração hidro alcóolica.

2.3 HOMEOPATIA E A CONVULSÃO

A Homeopatia, vem sendo utilizada em humanos há algum tempo e tem apresentado bons resultados tanto por controlar as crises e quanto por não produzirem efeitos adversos como os da terapia convencional. Os medicamentos homeopáticos mais utilizados para o controle das convulsões em humanos são o Absinto (Artemisia absinthium), a Artemísia (Artemisia vulgaris), Silicea, Calcarea arsenicosa, plantas do gênero Cocculus, o Hyoscyamus niger, Cicuta virosa, Cuprum metallicum e a Belladona (Atropa belladonna). (VARSHNEY, 2007; TORRO, 2020). Na medicina veterinária, há uma variação desses medicamentos, tendo em vista que os animais não relatam ilusões ou sensações (subjetivo).

3 MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS

Uma breve explanação dos medicamentos mais indicados para convulsão, transpassando para a Medicina Veterinária, e uma tabela comparativa, facilitando o entendimento e decisão do medicamento a ser melhor utilizado, individualizando o animal.

3.1 ARTEMISIA VULGARIS (ART-V)

Doenças convulsivas em animais jovens, mas frequente em fêmeas. Epilepsia sem Aura, com várias convulsões consecutivas, estado catatônico (TORRO, 2006).

Precedida por gritos agudos, mantém a cabeça jogada para trás, olhos voltados para cima, semiabertos, espuma bucal, mordendo a língua, com micção e evacuação involuntária (TORRO, 2006).

Em distúrbios no cio, apresentando quadro noturno com trismo violento ferindo os dentes. Sono longo e profundo após um ataque (TORRO, 2006).

3.2 BELLADONA (BELL)

Violentas convulsões, desencadeadas por luz, correntes de ar ou friagens. Movimentos convulsivos da face com distorção da boca. Quanto mais congestão mais excitabilidade (TORRO, 2006).

Podem ocorrer convulsões isoladas, mas não é um remédio para epilepsia. Normalmente onde existe um agudo de Belladona vais existir um crônico de calcárea (TORRO, 2006).

3.3

BUFO RANA (BUFO)

Irritável, especialmente antes do ataque epilético (VIJNOVSK, 2003). “Nenhum remédio foi mais útil no tratamento da convulsão (CLARKE).

As convulsões aparecem em geral dormindo, depois do coito, depois de um acesso de ira, por um susto, excitação sexual, na lua nova. Precedido o ataque, o indivíduo está mais irritável, com midríase, esfrega o nariz. Instantes antes os membros ficam rígidos. As convulsões começam no rosto ou abdômen. Durante o ataque, urina-se, violentos movimentos dos membros, inconsciência total. Depois, do ataque, sono profundo, membros frios e rosto quente e permanece inconsciente (VIJNOVSK, 2003).

3.4 CALCAREA ARSENICOSA (CALC-ARS)

Indicada para os casos mais violentos e tenazes de epilepsia. Grande debilidade mental e física. Animal fica paralítico e com tremores. Paciente perde a voz antes de uma convulsão (LATHOUD, 2017).

Convulsões com enfermidades nas válvulas cardíacas. Agravação: tarde e noite. Sensível ao frio, por falta de calor vital (LATHOUD, 2017).

3.5

CALCAREA CARBÔNICA (CALC)

O individuo que vibra em Calcarea, apresenta muito medo com tremor, todo seu metabolismo é lento, e por isso acaba sendo um animal friorento (TORRO, 2006).

3.6 CAUSTICUM (CAUST)

Principal característica é a debilidade, chegando a paralisias. Medo com tremor. Sonolentos e cansados durante o dia e inquietos a noite. Animal tem desde convulsões de cabeça e tremores de membros até as crises epiléticas por ruído, susto, temor, banho frio, ou qualquer outra emoção. Convulsiona também na lua cheia (TORRO, 2006).

3.7 CICUTA VIROSA (CIC)

Convulsões que sejam excessivamente violentas, tanto epileticas, catalépticas, clônicas ou tônicas. Há perda de consciência e a cabeça é estirada para trás (opistótono) (GUERNSEY).

Cicuta começa suas convulsões do centro do corpo para a periferia, e de cima para baixo, normalmente a partir da cabeça e olhos, descendo para as costas em fortes contrações (KENT). Normalmente, entre os ataques, o animal está alegre e brincando.

3.8 CUPRUM METALLICUM (CUPR)

Convulsões se espalham da extremidade para o centro, iniciando como câimbras nos dedos e mãos, subindo pelo corpo; tem convulsões de todos os músculos do corpo (KENT).

A palavra-chave do medicamento é espasmo. Quando o espasmo pára, fica parecendo morto, e as vezes custa a voltar a respirar (VIJNOVSK, 2003).

3.9 HYOSCIAMUS (HYOS)

Nesses pacientes, as convulsões ocorrem após as refeições, após um susto, durante o sono e durante o parto. Podem haver convulsões locais também, como sacudidas, nistagmo. Os espasmos são mais tônicos do que clônicos. Sono muito agitado, podendo chegar a ter convulsões (TORRO, 2006).

3.10 NUX-VOMICA (NUX-V)

Convulsões agravadas pelo contato, ruído ou luz. Convulsões violentas com opistótono, conscientes, ou semiconscientes, desencadeadas pelo menor ruído, toque ou luz. Trismo mandibular (TORRO, 2006).

3.11 OENANTHE CROCATA (OENA)

As convulsões características deste medicamento não apresentam aura, com perda de consciência brusca e completa, com face pálida (cianótica ou vermelha), com gritos, olhar fixo ou olhos desviados para cima, midríase, com respiração estertorosa, com quedas, principalmente para trás, às vezes pulso lento e priapismo (VIJNOVSK, 2003).

Os acessos aparecem principalmente à noite com sono intenso entre uma convulsão e outra (VIJNOVSK, 2003).

3.12 PLUMBUM (PLB)

Indivíduo com uma percepção lenta, com torpor mental. Expressa grande ansiedade e sofrimento (BOERICKE, 1999).

3.13 SILICEA (SIL)

Segundo Clarke, grande medicamento a ser pensado na epilepsia. O i ndivíduo que vibra em Silicea é enfraquecido, friorento, hipersensível, debilitado e magro, com grande tendência a supurações (BOERICKE, 1999).

3.14 STRYCHNINUM PURUM (STRY)

Sua função primária é estimular os centros motores e a ação reflexiva da medula espinhal. A estricnina estimula o sistema nervoso central, a respiração aumenta, todos os reflexos ficam mais ativos, com extremidades frias, convulsões tetânicas com opistótono (BOERICKE, 1999).

Agravação: pela manhã; ao menor toque; ruído; movimento; depois das refeições. Melhora: deitado de costas (BOERICKE, 1999).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A homeopatia mostra-se através desse estudo uma terapia viável e efetiva no tratamento dos casos de convulsão, do qual representa a alteração neurológica mais comum na rotina do Médico Veterinário, não provocando efeitos adversos, nem lesões hepáticas comuns no tratamento convencional, tratando o animal como um todo.

O tratamento homeopático visa reduzir e controlar as crises convulsivas, não tendo um remédio único para o tratamento e controle delas, mas sim a individualização do animal, dependendo do comportamento do indivíduo na sua totalidade e quando está apresentando um quadro convulsivo.

Tabela 1. Medicamentos homeopáticos utilizados para tratar convulsões na Medicina

REFERÊNCIAS

BERENDT, M. et al. International veterinary epilepsy task force consensus report on epilepsy definition, classification and terminology in companion animals. BMC Veterinary Research, v. 11, n. 1, p. 182, 2015.

CHRISMAN, C. Ataques convulsivos. In: CHRISMAN, C. et al. (Eds.). Neurologia para o clínico de pequenos animais. São Paulo: Roca, 2005. p. 83–110.

FILHO, A. Repertório de Homeopatia. São Paulo; Ed. Organon; 2018.

FONTES, O. L. Farmácia homeopática: teoria e prática. 5. ed. São Paulo: Editora Manole, 2012. LATHOUD, J. A. Estudos de Matéria Médica Homeopática. São Paulo; Ed: Organon, 2017.

MALIK, N. Worldwide Status and Growth of Homeopathy: World Health Organisation, Development, Global Scenario, TimeLine, Popularity. Disponível em: https://drnancymalik.wordpress. com/article/status-of-homeopathy/

SANKARAN, R. A Essência dos Remédios Homeopáticos. São Paulo; Ed: Organon, 2019.

TORRES, B. B. J. et al. Atualização em epilepsia canina - Parte I : Classificação , etiologia e diagnóstico. MEDVEP. Revista Científica de Medicina Veterinária. Pequenos Animais e Animais de Estimação, v. 9, n. 29, p. 1–9, 2011.

TORRO, A. Repertório Homeopático para Médicos Veterinários. São Caetano do Sul; Ed: do Autor 2006.

VIJNOVSKY, B. Tratado de Matéria Médica Homeopática. São Paulo: Organonbooks, 2003.

http://homeoint.org/books/boericmm/p/plb.htm

http://homeoint.org/books/boericmm/s/stry.htm http://homeoint.org/books/boericmm/s/sil.htm https://www.abrahcon.com/materia-medica/pt/artemisia-vulgaris-27

Convulsões em cães sob cuidados veterinários primários no Reino Unido: Etiologia, testes diagnósticos e gerenciamento clínico - Erlen - 2020 - Journal of Veterinary Internal Medicine - Wiley Online Library

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