Revista Business Portugal Maio 2019

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CARM racterísticas desta região. Celso Madeira, engenheiro civil, afirma que “a terra tem a capacidade de criar ligações muito fortes com as pessoas” e revela que o gosto pela agricultura surgiu naturalmente relembrando que muitas vezes acompanhava o seu pai ao Douro, onde ele mantinha uma agricultura “de amor” e nada rentável. No entanto, a agricultura a tempo inteiro só apareceu na vida do engenheiro civil após a sua reforma: “quando acabei a minha formação andei um pouco por todo o mundo, mas, aquando da reforma, pensei que alguma coisa tinha que fazer com os terrenos que tínhamos e, no fim, acabei por arriscar”, conta Celso Madeira. Com um intuito inicial de potenciar as propriedades da família, aumentar a agricultura e fazer novas plantações de vinhas, numa perspetiva de vender a produção a terceiros, nem tudo foi fácil. Após o aparecimento de algumas dificuldades em termos de vendas, a única solução viável no entender do fundador da empresa foi “apostar na transformação e comercialização das matérias-primas próprias”, o que deu origem à CARM, em 1999.

A evolução A CARM permitiu ser uma ferramenta não só de rentabilização da produção, como colocar no mercado, a preços acessíveis, produtos com grande qualidade, diferenciados. Grande parte deve-se ao modo de produção biológico e à constante inovação, como é o caso dos vinhos sem sulfitos adicionados, os ‘CARM SO2 Free’. Assim, em 2004, a CARM deu um passo importante na perseguição dos objetivos impostos e construiu uma nova Adega equipada com a mais recente tecnologia. Esta, é uma ferramenta indispensável para os processos de produção, estágio e engarrafamento dos vinhos. Localizada na Quinta das Marvalhas – Almendra, fonteira com o Parque Natural do Douro Internacional, oferece vistas ímpares e impressionantes sobre o Douro Superior. Esta localização deve-se a dois factores: “o facto de esta quinta estar numa posição relativamente central em relação às vinhas da CARM, permitindo assim um transporte rápido e eficaz das uvas na altura da vindima, mas também o facto de estar situada a 400 metros de altitude, com exposição nascente norte, minimizando deste modo a demasiada, e, por isso, nefasta, insolação”. O laboratório analítico, a linha de enchimento e rotulagem, conferem a esta Adega a autonomia necessária ao controlo eficaz de todo o processo produtivo. Com o equipamento tecnológico mais avançado, a proeminência e importância dos recursos humanos não são esquecidos. O principal capital da empresa, são os seus colaboradores, em que cerca de 60 pr cento são licenciados, todos se destacando pelo profissionalismo, capacidade e dedicação.

‘Nobel’ do Azeite

O azeite, após ter sido fustigado durante muitos anos por diferentes óleos e pelo corte cultural com o passado, em que servia para quase tudo em casa, retomou, há poucos anos, a confiança dos portugueses e o prazer do seu consumo. O reaparecimento da mancha de olival nos últimos anos em Portugal permite pensar que um dos maiores símbolos de identidade mediterrânica está de volta. Nos últimos anos, têm sido produzido mais e melhores azeites e os consumidores estão a tornar-se ‘especialistas’, tornando-se mais requintados na escolha. A produção de azeite, pela família de Celso Madeira, começou em 1998, a partir dos seus olivais à volta de Almendra, numa uni-

Celso Madeira, proprietário

dade contemporânea em que os métodos tradicionais coexistem numa harmonia perfeita com a tecnologia de ponta do restante equipamento. Celso Madeira refere que “a decisão de produzir azeite resultou do conhecimento das necessidades e gostos do mercado internacional e a decisão resultou plenamente pois, logo no primeiro ano em que concorreu ao VI Concurso de Azeites DOP, obteve a mais alta pontuação de todos os concorrentes às várias vertentes do concurso”. Os resultados, a partir daí, apareceram cada vez mais satisfatórios com incontáveis prémios em concursos nacionais e internacionais. Destacando-se os prémios ‘Mário Solinas’, considerados ‘o Nobel do Azeite’, do Internacional Olive Council, a CARM era, em 2014, a empresa do mundo com mais prémios (segundo a classificação internacionalmente aceite da ‘Best Olive Oils of the World’). A apanha da azeitona é, ou feita à mão com recurso a pequenos vibradores ou com vibradores grandes acoplados a tratores. Inicia-se em meados de outubro e prolonga-se até ao Natal, altura em que a azeitona, na região, está já praticamente toda preta, com o consequente princípio da perda de qualidade do azeite. As variedades utilizadas para a obtenção dos azeites CARM são: Verdeal, Cobrançosa, Negrinha e Madural, sendo esta última predominante. No entanto, pensa-se que, nos novos olivais a plantar, serão talvez usadas outras castas de molde a potenciar uma maior diversidade dos lotes. A CARM transforma, além da sua, a azeitona de distintas sociedades do Douro, tendo uma produção de cerca de 250.000 a 300.000 garrafas/ano, e sendo o processo produtivo rigorosamente controlado. A maior parte do azeite é obtida a partir do modo de maio 2019 Revista Business Portugal | 169


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