Revista Business Portugal | Outubro '15

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REVISTA BUSINESS PORTUGAL LIDERANÇA NO FEMININO

A CITE promove a igualdade entre mulheres e homens no trabalho e no emprego. No que diz respeito à discriminação, quais são atualmente os principais obstáculos que homens e mulheres enfrentam no local de trabalho? Destacaria, em relação às mulheres, a ainda persistente desigualdade salarial em relação aos homens, o chamado Gender Pay Gap. Verifica-se, quer através dos dados nacionais, quer dos dados do Eurostat, que o trabalho igual ou de igual valor exercido por mulheres e por homens não é igualmente compensado, desvalorizandose o realizado por mulheres. Em Portugal, de acordo com os últimos dados nacionais disponíveis, relativos a 2013, as mulheres ganham menos 17,9 por cento de remuneração média mensal de base do que os homens, e essa diferença salarial aumenta quando se calcula a remuneração média mensal de ganho, atingindo 20,8 por cento. Na União Europeia, segundo dados do Gender Pay Gap, de 2013, disponibilizados pelo

A CITE tem vindo a assinalar o Dia da Igualdade Salarial no mês de março, na expectativa de o poder vir a fazer mais cedo em cada ano mas a verdade é que, em 2015, para conseguirem ganhar o mesmo que os homens, as mulheres, em Portugal, teriam de trabalhar mais 65 dias, ou seja, até dia 6 de março, enquanto os homens poderiam começar a trabalhar apenas nesse dia para haver igualdade salarial. No que respeita aos homens, salientaria a discriminação de que ainda vão sendo alvo ao decidirem partilhar responsabilidades familiares. Assistimos, paulatinamente, à mudança de paradigma, fruto quer da evolução da mentalidade e da alteração de comportamentos, quer do progresso legislativo que determinou o gozo de um período de licença parental exclusiva obrigatória para o pai, aliás recentemente aumentado de 10 dias úteis para 15 dias úteis, e da possibilidade de, a partir das seis semanas após o parto, mãe e pai poderem partilhar a licença parental de modo a que ambos possam escolher

seu papel de cuidador.

Eurostat, Portugal apresenta uma diferenciação salarial de 13 por cento, sendo esta percentagem a nona mais baixa da UE28, diferença que se justifica, face aos valores nacionais apurados a partir dos Quadros de Pessoal, pela utilização de diferente metodologia de recolha e tratamento dos dados.

em que momento cada progenitor acompanham a criança. Contudo, e embora cada vez menos, a opção do pai trabalhador pela licença partilhada é ainda suscetível de enfrentar alguns constrangimentos uma vez que nem toda a sociedade reconhece ao homem, com genuinidade, o natural e legítimo direito a exercer o

humanos. A complementaridade das características das mulheres e dos homens colocada ao serviço da sociedade é o percurso cujo equilíbrio contribuirá para aprofundar a democracia, tornando a sociedade mais justa e mais respeitadora dos direitos fundamentais constitucionalmente consagrados.

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Tendo em conta o tema “Liderança no Feminino”, quais os conselhos da CITE para que as mulheres que pretendam possam enveredar por uma carreira em cargos de decisão? A adoção de práticas e políticas de gestão que favoreçam a conciliação entre a atividade profissional e a vida e familiar e pessoal é, certamente, um contributo decisivo para que as mulheres assumam cargos de decisão ou possam gerir um seu negócio. Para tanto, é necessário incluir os homens na vida privada e promover o acesso das mulheres à vida pública sendo este o caminho justo que, aliás, de acordo com diversos estudos realizados contribui para o aumento da produtividade e, consequentemente, da competitividade. A base da escolha na meritocracia não pode nem deve conhecer entraves e obstáculos. Trata-se de uma questão de cidadania e de direitos

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