#258 BOA VONTADE

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Paiva Netto escreve “A Divina Mensagem da Cruz” e ressalta: “Quando o Celeste Amigo revelou o Túmulo Vazio, acabou com os impossíveis, porque ressuscitou, conforme prometera, da morte para a Eternidade. E nós, com Ele. Graças a Deus!”

ANO 65 • No 258 • ABRIL/2021

Guerra contra a

FOME Segundo o IBGE, dez milhões de brasileiros acordam todos os dias sem saber se terão uma refeição sequer

LB V intensifica ação que já entregou mais de 3 milhões de quilos de doação a famílias vulneráveis, em mais de 185 cidades do Brasil

EDUCAÇÃO INCLUSIVA Com autismo ou Síndrome de Down, alunos da LBV contam com apoio personalizado para estudarem na pandemia, e resultados são animadores


Uma capa seria pouco... Quando a equipe da revista BOA VONTADE se reuniu para decidir a imagem de capa desta edição, o objetivo era mostrar por que é preciso ser mais solidário do que nunca neste momento, em que a fome ameaça a milhões de brasileiros e pode ser a segunda pandemia em nosso país. Então, aqui está mais uma foto que representa bem essas pessoas que tanto precisam de sua ajuda, amigo(a) colaborador(a).


Vivian R. Ferreira

Vadiele Conrado é uma das atendidas pela LBV na comunidade Vila São Jorge, no Rio de Janeiro/RJ. Com os alimentos, ela pôde ver os filhos “comendo com vontade, foi uma alegria!”



SUMÁRIO

Revista apolítica e apartidária da Espiritualidade Ecumênica ANO 65 • EDIÇÃO 258 • ABRIL/2021 Edição fechada em 31/3/2021 BOA VONTADE é uma publicação da LBV, lançada pela Editora Elevação. Registrada sob o no 18.166 no livro “B” do 9o Cartório de Registro de Títulos e Documentos de São Paulo. DIRETOR E EDITOR RESPONSÁVEL: Francisco de Assis Periotto — MTE/DRTE/RJ 19.916 JP CHEFE DE REDAÇÃO: Rodrigo de Oliveira — MTE/DRTE/SP 42.853 JP

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COORDENAÇÃO-GERAL DE PAUTA: Gerdeilson Botelho SUPERINTENDÊNCIA DE MARKETING E COMUNICAÇÃO: Gizelle Tonin de Almeida EQUIPE ELEVAÇÃO: Adriane Schirmer, Carolina Salomão, Cida Linares, Leila Marco, Leilla Tonin, Mariane de Oliveira Luz, Mário Augusto Brandão, Neuza Alves, Nicholas de Paiva, Vivian R. Ferreira, Walter Periotto, Wanderly Albieri Baptista, Wellington Carvalho de Souza e William Luz. CAPA E PROJETO GRÁFICO: Helen Winkler DIAGRAMAÇÃO: Diego Ciusz e Helen Winkler FOTO DE CAPA: Shutterstock.com ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA: Rua Doraci, 90 • CEP 01134-050 • Bom Retiro • São Paulo/SP • Tel.: (11) 3225-4971 • Caixa Postal 13.833-9 • CEP 01216970 • Internet: boavontade.com • E-mail: info@boavontade.com

6 Mensagem de Paiva Netto

A revista BOA VONTADE não se responsabiliza por conceitos e opiniões em seus artigos assinados. A publicação obedece ao elevado propósito de estimular o debate dos temas relevantes brasileiros e mundiais e de refletir as tendências do pensamento contemporâneo.

A Divina Mensagem da Cruz

12 SOS Calamidades

Fome: a segunda pandemia

30 Entrevista

Lilian Tahan: na linha de frente contra as fake news

36 Educação

CANAIS DA LBV NA INTERNET

Apoio incondicional

www.lbv.org.br

42 Espírito e Ciência

Para crentes e céticos

Facebook: LBVBrasil Youtube: LBV Videos Instagram: LBVBrasil Twitter: @LBVBrasil

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48 Saúde

Pandemia e hábitos saudáveis

54 LBV é ação

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EDITORIAL

PAIVA NETTO ESCREVE

A Divina Mensagem da Cruz


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EDITORIAL

João Preda

JOSÉ DE PAIVA NETTO é escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno”.

Fotos: Reprodução BV

A Alziro Zarur

Philipp Melanchthon

Semana Santa tem como coroamento da Páscoa tocante demonstração de que os mortos não morrem. Não obstante crucificado, na Sua Ressurreição, Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, proclamou aos quatro cantos do mundo que a Vida é eterna. E essa indelével Mensagem da Cruz nos faz buscar sempre renovadas forças na Prece. Certa vez, numa de minhas orações a Deus, na esperança filial de merecer Sua piedosa atenção, lembrei-me do grande esforço empreendido por Alziro Zarur (1914-1979) pela vitória da Boa Vontade, do bom senso de Melanchton (1497-1560) e do notável pontificado de João XXIII (18811963). Ao elevar minha súplica ao Pai Celeste, senti Sua compassiva influência vibrando em meu Espírito. E não há nessa afirmativa qualquer jactância, porque Jesus ensina que “o Reino de Deus está dentro de nós” (Evangelho, segundo Lucas, 17:21).

DEUS É O MEU REFÚGIO*1 Ó Deus, que sois o meu refúgio, a Vós, outra vez, ergo o meu pensamento e encontro resposta aos meus propósitos, amparo aos mais desafiantes projetos, porque jamais prostrarei a Vossa Bandeira, que preconiza: “(...) Paz na Terra aos de Boa Vontade” (Boa Nova, consoante Lucas, 2:14). Longe de mim as cassandras do desânimo, que proclamam um Juízo Final sem remissão, quando sois Vós — em tudo — o Princípio Eterno da permanência pujante de vida. De Vós não escuto o abismo; todavia, deslumbro a redenção. Creio no Amor Universal, que conduz à sobrevivência o gênero humano, que é teimoso em subsistir, apesar das muitas ciladas que lhe são dispostas no caminho. Esta é a minha Fé Realizante, que vive em Paz com as outras; o meu ideal ecumênico de Boa Vontade, que se esforça pela confraternização de todas as nações, por serem formadas por criaturas Vossas, ó

*1 Circular de Paiva Netto, encaminhada aos Legionários da Boa Vontade, em 27 de março de 2000, segunda-feira.

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Fotos: Reprodução BV

Jesus

Representação artística de Warner Sallman (1892-1968)

O Túmulo Vazio, obra de Frank P. Ordaz

Criador Único de Céus e Terra! Sois a Fraternidade Suprema, o abrigo dos corações. (...) Achei-me a mim porque me identifiquei no Vosso Amor. Sois o auxílio conclusivo à minha Alma. Sinto o meu ser transbordar de alegria. Em Vosso Espírito, reconheço-me como Irmão dos meus Irmãos em Humanidade. Nesse Éden, que é o Vosso Sublime Afeto, não me vejo como expatriado, abatido pelas procelas do desalento, distante dos entes mais queridos. Enfim, me encontrei, ó Deus!, porque Vos encontrei. Vós me esperáveis, há tanto tempo, e eu não sabia. Portanto, meu coração não vaga sem paradeiro: no Vosso Divino Seio, achei guarida; sob Vosso Amor, meu seguro teto; no Vosso Colo, descanso para a Alma. Graças Vos dou, Pai Magnânimo, por me ouvirdes! Hoje, compreendo que sois integralmente Amor; isto é, Caridade, Mãe e Pai da verdadeira Justiça.

Em Vós habita, com fartura, a genialidade*2 pela qual tantos demandam, pois dela o planeta carece: a Vossa Majestosa Luz, que desce a nós indistintamente, mesmo que não a percebamos. Confiante em Vosso Critério Sobrenatural, entrego-Vos meu destino, porque a minha segurança de filho está na Vossa Sabedoria de Pai! Que assim seja! Dessa forma concluí a sentida prece. Nada melhor que falar com Deus, sobretudo nas horas em que espiritualmente nos devemos fortalecer, que afinal são todas elas. Quem não sofre neste orbe ou padece da privação de alguma coisa que as satisfações terrenas mais sofisticadas não suprem a falta? Busquemos na Fé a Esperança de que necessitamos para nossa sustentação espiritual, mental e física. Que Fé? Escolha a sua. Ao terminar a minha oração, sentia em

João XXIII

Lucas

Nota dos editores *2 A genialidade que Jesus aprova — Leia no livro Somos todos Profetas, de Paiva Netto, p. 36 — 44a edição.

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EDITORIAL

Best-seller OS Mortos Não Morrem

A BÍBLIA SAGRADA DIZ QUE JESUS NÃO MORREU Em minha obra Os mortos não morrem (2018), ressalto que se Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos, é porque, ipso facto, há vida além da “morte”. Observemos bem o que está escrito no Evangelho, segundo João, 13:1: ― Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os Seus Irmãos que estavam no mundo, amou-os até ao fim.

Depois do grande sucesso no Brasil, o livro Os mortos não morrem (2018), do escritor Paiva Netto, tem alcançado grande visibilidade em nações de língua espanhola. O e-book nesse idioma ultrapassou a marca de 50 mil downloads em 36 países. Em breve, a obra estará também à disposição em inglês.

Fotos: Reprodução BV

Adquira no site www.PaivaNetto.com/livros ou ligue 0300 10 07 940

Alexis Carrel

mim o bafejo da clemência de nosso Amabilíssimo Educador. O notável cientista francês Alexis Carrel (1873-1944), Prêmio Nobel de Medicina em 1912, após exaustivo estudo, definiu: — A oração verdadeira é um modo de vida; a vida mais verdadeira é literalmente uma forma de oração.

João Evangelista

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Está certo o sábio Carrel. Qualquer libertação — que não faça do ser humano escravo — tem início na região do Espírito.

Perceberam? O Evangelho não diz que Jesus iria morrer, mas “passar deste mundo para o Pai”. O Cristo de Deus derrotou a morte. Com isso nos capacita a sobrepujar quaisquer dificuldades aparentemente intransponíveis. É a indesmentível “Mensagem do Túmulo Vazio” — título de circular que escrevi em 25 de agosto de 1997, no Rio de Janeiro/RJ, madrugada de segunda-feira. Nela, com emoção, explicitei: com a Ressurreição de Jesus, a morte deixou de ser o lúgubre ingresso para o Nada; porquanto, na verdade, é a esplendorosa revelação de que a felicidade em Deus, o Provedor de todas as carências, é eterna, como perenes são as realizações do Bem, na Terra e no Espaço. Respeitemos a vida, e ela nos abençoará. Quando o Celeste Amigo revelou o Túmulo Vazio, acabou com os impossíveis, porque ressuscitou, conforme prometera, da morte para a Eternidade. E nós, com Ele. Graças a Deus! Feliz Páscoa da Ressurreição de Jesus!

paivanetto@lbv.org.br | www.paivanetto.com


Tela: R Jon McNaughton

OUTRAS ORAÇÕES PARA ACOMPANHAR PARA ASSISTIR AO CONTEÚDO, CLIQUE SOBRE OS LINKS ABAIXO:

AO CRISTO CRUCIFICADO Santa Teresa d'Ávila*1 Versão: Fernando Rocha*2

Não me comove, meu Deus, para amar-Te o céu que Tu me tens prometido; não me comove o inferno tão temido, para deixar por isso de ofender-Te. Tu me comoves, Senhor; comove-me o [ver-Te cravado numa cruz e escarnecido; comove-me ver Teu corpo tão ferido; comove-me Teu sofrimento e Tua morte. Comove-me, enfim, Teu Amor, de tal [maneira, que, embora não houvesse céu, Te amaria, e, se não houvesse inferno, a Ti temeria. Nada tens de me dar porque Te queira, pois, ainda que tanto espere, não mereça, o mesmo que Te quero, Te quereria.

*1 Santa Teresa de Jesus ou Teresa de Ávila (15151582) — Religiosa espanhola, Carmelita. Nasceu na província de Ávila, na Espanha. Teresa é uma das maiores personalidades da mística católica de todos os tempos. Voltou à Pátria Espiritual em 4 de outubro de 1582 e foi canonizada em 1662. *2 Fernando Antonio Franco da Rocha (1933-2001) — Engenheiro e poeta, foi membro do Departamento Editorial da Legião da Boa Vontade.

DEUS É O MEU REFÚGIO https://youtu.be/ ayXIJ_JERD8

PAI-NOSSO: PROTEÇÃO EM MEIO AOS DESAFIOS https://youtu.be/ 3S7EpSlNP44

PAI-NOSSO: UM MOMENTO DE PRECE https://youtu.be/ Br49dW09Yzw

PAI-NOSSO: CONFIE EM JESUS https://youtu.be/ hliBwaW1We0

PAI-NOSSO: A SEGURANÇA ESPIRITUAL EM TEMPOS DIFÍCEIS https://youtu.be/ AQD-6fzqiAM

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SOS CALAMIDADES

Fome a segunda pandemia

Para vencer esse triste quadro, a LB V intensifica ação que já entregou mais de 3 milhões de quilos de doação a famílias vulneráveis, em mais de 185 cidades do Brasil, desde o início da pandemia LEILA MARCO

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shutterstock.com

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Jaqueline da Silva, mãe solo que aparece aqui com cinco de seus filhos, ressalta que, sem o apoio da LBV, teria de pedir alimentos nas ruas para dar o que comer à família.

Ana Olívia Verly

N

um bairro da periferia de Natal/RN, descobrimos a história de Jaqueline da Silva, 40 anos, com seis filhos em idades diferentes para cuidar, tendo um deles deficiên­cia. Na casa simples, de três pequenos cômodos, o grupo familiar luta bravamente para se manter unido e vencer os desafios diá­rios, que ficaram ainda mais acirrados pela pandemia do novo coronavírus. O medo de não ter o que comer é a maior preocupação dessa guerreira. A trajetória dessa mãe solo, que você conhecerá melhor nesta reportagem, representa o desafio diário de 10 milhões de brasileiros que não sabem se vão ter uma refeição sequer no dia, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É como se a fome atingisse a população inteira de cada um destes Estados: Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco ou Ceará, por exemplo — nessas unidades federativas, o total de habitantes aproxima-se desse contingente. A extensa duração da crise sanitária (mais de um ano), que extenua a todos e gera implicações econômicas, emocionais e para a saúde da população, ganha contornos extras para os mais pobres. A alta nos preços dos alimentos mais comuns na mesa do brasileiro e dos produtos de primeira necessidade, como o gás de cozinha, é um exemplo.

Kauã Roger

SOS CALAMIDADES

ALTA DE PREÇOS E DESEMPREGO PRESSIONAM OS MAIS POBRES Em um ano, de fevereiro de 2020 ao mesmo mês de 2021, itens básicos do prato de comida feita em casa (arroz, feijão, batata, tomate, carne de segunda e óleo de soja) subiram quase 40%. Ironicamente, a mesma refeição para os mais ricos, com a substituição da carne de segunda pela de primeira (o filé mignon), teve um acréscimo de 31,6% nesse período, porque o corte de segunda aumentou 35%, e o de primeira, 26,9%, conforme informou a consultoria GFK, que audita as vendas no varejo. 14 | BOA VONTADE

Nova Friburgo/RJ


Egeziel Castro

Aparecida de Goiânia/GO Kauã Roger

Natal/RN

Baía Formosa/RN

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* No dia 18 de março, foram assinadas duas medidas provisórias (MPs) sobre o novo auxílio emergencial, que deverá ser pago, a partir de abril, em quatro parcelas de R$ 150 a R$ 375 a 46 milhões de cidadãos. A maior parte desse público contará com o valor de R$ 150, cerca de 20 milhões de famílias; 16,7 milhões receberão R$ 250 e, apenas 9,3 milhões de mulheres que são as únicas provedoras do lar, terão direito ao auxílio de R$ 375. 16 | BOA VONTADE

Araucária/PR

Kauã Roger

Junto a isso, pelo menos dois fatores agravaram esse triste quadro: o fim do auxílio emergencial (em dezembro) — com retorno previsto somente para este mês de abril e com valor bem menor (entre R$ 150,00 e R$ 375,00, de acordo com a composição familiar*) — e o crescimento do desemprego recorde em 19 Estados e no Distrito Federal em 2020. De acordo com outro levantamento do IBGE, divulgado em 10 de março deste ano, as maiores taxas de desocupação foram registradas no Nordeste e confirmaram que mulheres e negros são os mais penalizados. O índice de desemprego foi de 13,5% no ano, o maior desde 1993, revelou a consultoria iDados. A população sem carteira assinada atingiu a média de 13,4 milhões de brasileiros, 840 mil a mais do que em 2019. Nesse cenário de guerra, as organizações do Terceiro Setor também sentiram o impacto dessas turbulências, com a elevação de pedidos de ajuda, tendo, contudo, poucos recursos para a tarefa. A Legião da Boa Vontade (LBV) é uma dessas instituições que, desde os primeiros dias da atual crise sanitária, está na linha de frente das ações para tentar conter os impactos sociais e econômicos, protegendo esses cidadãos. No mês de abril, a LBV lança a campanha Diga, sim!, para fortalecer essa ação de combate à fome e à insegurança alimentar. Até agosto, a Entidade desafiou-se a arrecadar e distribuir 463 mil benefícios – reforçando suas cestas de alimentos com o leite longa vida, tão essencial para a alimentação na primeira infância. No texto a seguir, você, amigo(a) leitor(a), poderá conhecer o perfil das famílias atendidas pela Entidade e saber como esse apoio tem salvado vidas, minimizando o sofrimento de milhares de indivíduos.

Bianca Gunha

SOS CALAMIDADES

São Tomé/RN


Junio Alcantara

“VIÚVA E COM DOIS NETOS, SOBREVIVO COM 171 REAIS POR MÊS” Dona Maria de Fátima Silva Moreira, 59 anos, que cria dois netos e é viúva há dois anos, sobrevive com uma renda mensal de R$ 171,00. Ela é uma das atendidas pela campanha SOS Calamidades, da LBV, que, em parceria com o grupo de convivência do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) de Santa Maria, entregou, em 3 de março, gêneros de primeira necessidade a comunidades vulneráveis no bairro 24 de Dezembro, em Várzea Grande/MT. “É maravilhoso receber esta cesta de alimentos da LBV. Lá em casa, a alimentação está crítica, a gente vem sobrevivendo com a ajuda que vocês trazem. Agradeço à LBV por estar vindo aqui atender a mim e às famílias carentes da região”, declarou. Várzea Grande/MT

Número de brasileiros na extrema pobreza triplica O total de cidadãos que sobrevivem com menos de 246 reais por mês foi triplicado em seis meses, no intervalo de agosto de 2020 a fevereiro de 2021. Hoje, esse contingente é superior ao de toda a população da Austrália. Trata-se de um desafio ainda maior do que o que tínhamos no país antes da pandemia.

9,5

milhões de pessoas

27,2

milhões de pessoas

Fonte: Fundação Getúlio Vargas.

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SOS CALAMIDADES

Na pandemia, a LBV é Esperança Ciente dos desafios enfrentados pelas famílias mais vulneráveis, a Legião da Boa Vontade, com a sua doação e com o apoio de bancos de alimentos, acrescenta à cesta hortaliças próprias da região e, quando consegue, biscoitos, iogurtes, carne bovina e de frango. A partir de abril, também entregará litros de leite, um item essencial na alimentação da primeira infância e na de idosos.

O que compõe a cesta? • 5 kg de arroz • 3 kg de feijão • 1,8 litro de óleo de soja • 2 kg de açúcar • 2 pacotes de macarrão • 1 kg de farinha de mandioca • 500 g de fubá • 1 kg de sal • 500 g de farinha de milho • 1 kg de farinha de trigo • 4 litros de leite

Total: 17 kg

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Por que ajudar?

2020

A maioria das pessoas nas periferias tem menos de 2 refeições diárias. Fonte: Data Favela e Cufa.

O pacote de 5 kg de arroz, um dos grandes “vilões” da inflação e a base da refeição do brasileiro, tem custado entre R$ 22 e R$ 40.

2021

Em 12 meses, desde o início da pandemia do novo coronavírus, o preço dos alimentos foi quase o triplo da taxa oficial de inflação do período. Fonte: IBGE.

O óleo de soja subiu 87,89%, o arroz ficou 69,80% mais caro, e o leite longa vida teve alta de 20,52%. Fonte: IBGE.

Para levar mais proteína à mesa dos atendidos, uma vez que o aumento do preço da carne tem dificultado o seu consumo, a LBV passou a entregar 4 litros de leite a seus atendidos para suplementar a alimentação de crianças e idosos.

80% DOS MORADORES DE REGIÕES PERIFÉRICAS PRECISAM DE DOAÇÕES PARA SOBREVIVER A pesquisa “A favela e a fome”, feita pelo Instituto Locomotiva, em parceria com o Data Favela e a Central Única das Favelas (Cufa), revelou que 8 em cada 10 moradores de regiões periféricas precisaram de doações para sobreviver. O levantamento, realizado com 2 mil pessoas de 76 comunidades brasileiras, de 9 a 11 de fevereiro, aponta que cerca de 7 em cada 10 (68%) cidadãos que vivem nesses locais tiveram uma piora na alimentação com a pandemia. Ainda segundo o estudo, as doações são fundamentais para que esse público consiga lidar com o problema de forma mais imediata: 90% dos moradores de favelas receberam algum tipo de ajuda neste período, e 8 em cada 10 famílias entrevistadas disseram que, caso não contassem com esse apoio, não teriam como colocar comida no prato, comprar produtos de higiene e de limpeza ou pagar contas mais básicas.

BOA VONTADE | 19


SOS CALAMIDADES

Vivian R. Ferreira

Maria Celina Maciel emociona-se ao receber alimentos da LBV. O gesto deu esperança à família, que buscava verduras e frutas descartadas no Ceasa, em Cubatão/SP, para ter o que comer.

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LBV: prioridade às mães de bairros vulneráveis todos os protocolos do Ministério da Saúde para evitar o contágio da Covid-19). É a Solidariedade dando esperança a quem achava que estava tudo perdido, como era o caso de Jaqueline da Silva, cuja história começamos a contar no início desta reportagem. Moradora da comunidade do Mereto, uma das mais vulneráveis e violentas da zona oeste de Natal/RN, essa batalhadora perdeu três filhos para as drogas, do total de nove que teve. Além disso, enfrenta uma grande batalha para suprir sozinha as necessidades da filha mais velha, Joice da Silva Ferreira, 22 anos, que não anda nem fala. Houve vezes, de tanto desespero, que só lhe restou ir às ruas para pedir comida para Bianca Gunha

B

ebês, crianças, adolescentes e jovens. Há uma geração inteira ameaçada pela pobreza extrema, com poucas oportunidades de desenvolvimento e proteção, em decorrência da pandemia. Neste momento, surgiram também órfãos e famílias que tiveram que deixar seus filhos por não terem mais condições de criá-los. Por tudo isso, a prioridade da Legião da Boa Vontade é estar presente na vida dos que mais precisam, com ações que proporcionem os meios necessários para que pais e responsáveis cuidem dessa gente moça. Por meio de seus serviços e programas, os quais fortalecem os vínculos familiares dos atendidos, a Entidade não parou um dia sequer de atender o público mais vulnerável, em seus 73 Centros Comunitários de Assistência Social, seis escolas (cinco de Educação Básica e uma de Capacitação Profissional) e três abrigos para idosos, bem como por intermédio do assessoramento da Rede Sociedade Solidária, que reúne centenas de instituições e lideranças em todo o território nacional, realizando cursos, consultorias e oficinas temáticas para fortalecer e qualificar o trabalho executado por eles. Dessa forma, durante esse um ano de crise sanitária, a LBV encaminhou atividades remotas para seus atendidos e entregou cestas de alimentos não perecíveis, cestas verdes e kits pedagógicos e lúdicos, assim como kits de produtos de higiene e de limpeza em suas unidades (seguindo

Curitiba/PR

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São Paulo/SP

Vivian R. Ferreira

a família. Para ela, contar com a Legião da Boa Vontade foi visualizar a luz no fim do túnel, o que a ajudou a ter forças para evitar o esgarçamento dos laços afetivos, ameaçados constantemente por um lar que se tornou um espaço de privações e de instabilidade. Na Instituição, ela e três de suas meninas foram inseridas em serviços que trabalham a convivência e o fortalecimento dos vínculos familiares, onde receberam atendimento psicossocial e alimentação. “A LBV representa tudo [de bom], porque é um lugar onde minhas filhas estão protegidas ao invés de estarem nas ruas aprendendo o que não presta, como ocorreu com filhos que perdi para as drogas, que faleceram, porque eu não conhecia ainda a LBV... Então, elas poderiam estar indo pelo mesmo caminho se não fosse a LBV”, acredita. Com o distanciamento social, Jaqueline, que havia conseguido certo equilíbrio com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) de um salário-mínimo da filha que tem deficiência e as faxinas que fazia, viu o orçamento despencar com a pandemia. Mais uma vez, a presença da Entidade foi fundamental, pois, mesmo com as restrições de circulação, a LBV, entendendo ser essencial para os indivíduos e as famílias, manteve suas ações de atendimento psicossocial à distância, e ela também recebeu o apoio em gêneros alimentícios não perecíveis, verduras, legumes e produtos de higiene e de limpeza. Foi com esses atendimentos e benefícios que Jaqueline tem conseguido superar a falta das atividades presenciais. Com carinho, ela lembra que, na unidade da LBV em Natal, suas meninas faziam várias refeições por dia, o que era de suma importância para o desenvolvimento delas. Oderlânia Galdino, gestora do Centro Comunitário de Assistência Social da Instituição na capital potiguar, diz que, por conta das restrições necessárias para frear a transmissão da Covid-19, a equipe de profissionais da LBV teve de se reinventar para prosseguir assistindo quem mais necessita e oferecendo também acompa-

Vivian R. Ferreira

SOS CALAMIDADES

Guarulhos/SP


Ediele Marçal

“Quando a LBV chegou, estava há dois dias sem comer” A gravidade do quadro de pobreza pode mesmo levar a sentimentos extremos, como a desesperança e a angústia, prejudicando diretamente a qualidade de vida de quem a vivencia e podendo interferir no futuro de milhares de brasileiros. No município Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba/PR, a família de Isabela da Silva Camargo e de Diogo Serafim de Souza, ambos com 29 anos, é uma das muitas beneficiadas pela campanha SOS Calamidades, da LBV, em parceria com a instituição Amigos Curitiba. Essa Caravana da Boa Vontade foi vital para evitar o pior. O casal, que tem quatro filhos (entre 2 e 12 anos) e está à espera do quinto, tem passado por momentos complexos. Durante a pandemia, por causa da gravidez e dos cuidados com as crianças, Isabela não pôde mais trabalhar fora. O marido, desempregado, tem conseguido pequenos bicos, por meio dos quais tira uma média de 50 reais por serviço. Em março, ao receber o benefício da Legião da Boa Vontade, novas perspectivas abriram-se para ela e seus entes queridos: “Quando a LBV chegou, estávamos há dois dias sem comer (...); eu não tinha mais vontade de viver. É muito difícil não ter comida para dar para os filhos. Eu não desejo isso para ninguém. Só tenho a agradecer imensamente a ajuda que tem sido dada [à minha família]. Agradeço a cada colaborador da LBV e peço a Deus que os abençoe cada vez mais”.

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Francklene Nery, que perdeu quase tudo que tinha em casa após uma enxurrada em Araucária/PR, mal recebeu os alimentos da LBV foi logo à cozinha para preparar uma refeição para as 6 pessoas da família.

Araucária/PR

Kauã Roger

nhamento psicossocial. Para a sua realização, damos destaque à Escuta Qualificada, na qual o profissional realiza a escuta ativa e participativa e o acolhimento empático das necessidades do atendido. Durante a pandemia, os atendimentos à distância ocorreram a cada 15 ou 30 dias, dependendo de cada situação acompanhada, por meio de aplicativos, telefonemas e, em caso de urgência ou necessidade, até mesmo de forma presencial, sempre cumprindo todos os protocolos para a segurança do profissional e do atendido. Para essa mãe que enfrenta tantas adversidades e sustenta o lar, isso é também de grande valia. “Você sabe como são os adolescentes, são rebeldes, mas aqui, na LBV, as minhas filhas têm o apoio da assistente social, da psicóloga, orientando, conversando... Sempre que estou precisando de uma coisa — e não é só de alimentos, porque a gente precisa também de uma conversa, às vezes uma palavra significa bastante mesmo —, tem a psicóloga. Você liga ou marca um horário e vem, e sai muito mais tranquila e leve. É como se [a Legião da Boa Vontade] fosse uma segunda mãe para mim e para os meus filhos. Se não fosse a LBV, eu teria caído. A Instituição é uma mãe acolhedora, me sinto feliz aqui”.

Bianca Gunha

SOS CALAMIDADES

Baía Formosa/RN

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Manaus/AM


Elisene Santos

“Passamos por dias bem difíceis, comendo só fubá” As chuvas intensas que atingiram Curitiba e região metropolitana nos primeiros dias de março fizeram com que moradores da comunidade Rio Negro, no bairro Capela Velha, em Araucária, tivessem ainda mais agravada a situação de vulnerabilidade social. Lá, a Legião da Boa Vontade esteve presente para as 40 famílias que perderam quase tudo com a enxurrada. Mais de uma tonelada de doações foi entregue. Essa ocupação sofre com alagamentos e a falta de saneamento básico e de acesso à água e à luz. Ainda assim, o número de moradores vem aumentando em decorrência da pandemia, pois muitos ficaram desempregados e precisaram escolher entre comprar comida ou pagar aluguel. A fim de amenizar a realidade desafiadora desses cidadãos, especialmente nos dias atuais, a LBV realizou a entrega de cestas verdes (contendo tomate, batata, cenoura, laranja, melão, mamão, tangerina, repolho, limão, banana, pepino, maçã e acelga), cada uma com 13 quilos. A família de Francklene Braga Nery, 34 anos, e Misael Almeida de Souza, 40 anos, que moram com suas quatro filhas, de 17, 14 e 10 anos e uma bebê de apenas 1 mês de vida, foi uma das contempladas. Ela contou as dificuldades que tem enfrentado: “Com a enchente, perdi a minha geladeira, a água veio rápido, e eu estava sozinha com as crianças; então, levou quase tudo, só sobraram o colchão e as cobertas que estavam no berço da bebê. Hoje, não tinha nada para comer. Estávamos passando por dias bem difíceis, comendo só fubá, era o que eu tinha para dar para as minhas meninas”. Emocionada, ela falou sobre quão importante foi o amparo que recebeu da Instituição: “Vocês me fizeram sorrir de novo. Só tenho a agradecer pela ajuda. A gente estava sem nada, graças a Deus veio o pessoal da LBV e trouxe essa cesta”. Para a ação, a LBV contou com o apoio dos seguintes parceiros: o Banco de Alimentos, do Ceasa; o programa Mesa Brasil, do Sesc/PR; e o Sindicato das Empresas de Ônibus (Setransp), além de voluntários do Amigos Curitiba e da Central Única das Favelas (Cufa), que levaram aos atendidos álcool em gel 70% e biscoitos.

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Vânia Besse

SOS CALAMIDADES

“A LBV não me desamparou em nenhum momento” Graças à colaboração de milhares de pessoas de Boa Vontade, esse cenário de luta contra a fome tem um lado positivo e comovente, o que se percebe no olhar e na voz de gratidão e de reconhecimento daqueles que são contemplados. “A gente não ficou desamparada em nenhum momento. Está muito difícil e ao mesmo tempo não está, porque existe a Legião da Boa Vontade na vida da gente, na vida dos meus filhos e na de tantas pessoas. Como eu falo para meus meninos, família nem sempre é pai, mãe e filho, ela é também as pessoas que ajudam os outros, que se amam, se respeitam, não pensam só em si. Eu sou feliz, porque tenho uma família não

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só de sangue, tenho um conjunto, que é a LBV, os colaboradores e todos os que fazem parte da Instituição”, afirma Silvana Maria da Silva, de 39 anos, que mora em um barraco com dois de seus três filhos, na Comunidade dos Coelhos, em Recife/PE. Beneficiária do Bolsa Família, ela faz serviços informais para ter um pouco mais de renda. Grata por conseguir suplantar as adversidades surgidas em sua trajetória, essa guerreira emocionou a equipe desta revista e os próprios rebentos, o menino Lázaro, 12 anos, e a Jéssica, 9, ao falar dos momentos passados por eles, do Amor que sente pelas crian-


Solange Lucas

Camila Mota

Porto Velho/RO

Elisene Santos

Mãe solo, Silvana da Silva tem dois de seus três filhos atendidos pela LBV. Para ela, o amparo da Instituição é fundamental para vencer os desafios.

ças e por ter na Entidade o porto seguro de sua existência: “Se não existisse a LBV, eu não teria vida!” E continua: “O dinheiro que recebo só dá para pagar o aluguel, priorizo um teto para dormir, porque tenho que pensar nos meus filhos”. As condições de moradia são precárias. Soma-se a isso o racionamento de água que enfrenta a Grande Recife. Para contornar a situação, Silvana armazena o líquido precioso em recipientes, de modo que consiga fazer regularmente a limpeza do lar, lavar louças, cozinhar e, com isso, evitar o contágio do coronavírus. Ela fala com alegria da cesta verde que ganhou. “Vem cebola, tomate, alface, pepino, verduras... Aqui em casa, tem a sopa que fiz ontem, tem feijão, foi tudo da LBV. Eu tenho comida, verduras e um teto. Agradeço de coração, de verdade, por ter alimento no fogo, por ter comida para dar aos meus filhos”, concluiu. Manaus/AM

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Fotos: Márcio Francisco

SOS CALAMIDADES

“Se não fosse a LBV, a gente passaria fome” Nome: Simone Santos Silva, 48 anos Onde mora: Glorinha/RS Principais desafios: A renda com a coleta de materiais recicláveis caiu bastante em virtude da pandemia, além do crescente risco de infecção pelo novo coronavírus. Atendimento recebido: Os três filhos (Clara, 10 anos, Dienifer, 8, e Mateus, 6) estão matriculados no serviço Criança: Futuro no Presente!, no Centro Comunitário de Assistência Social da LBV da cidade. Sobre o apoio: “A nossa situação está terrível, não tem serviço. A única ajuda que nós temos é da LBV; se não fosse ela, a gente passaria fome. Moramos aqui em sete pessoas. Minha renda, quando eu cato latinha, é de 20, 30, 40 reais por semana, além do apoio do Bolsa Família. Não dá para sustentar a casa, pagar aluguel, água e luz. Quando a gente vê os filhos pedindo o que comer e [não tem o que oferecer], dá uma dor no coração, mas, graças a Deus, surgiu a LBV. A assistente social é muito amiga, ela procura saber como a gente está, não só se tem comida, mas dá uma palavra. Deus colocou a Instituição na minha vida. Eu não tenho internet, então, o pessoal da LBV traz o material [pedagógico lúdico] para as crianças fazerem atividades em casa. Primeiramente, quero agradecer a Deus e àqueles que doam pra Entidade nos ajudar. A LBV é tudo em minha vida!”

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Izabela Lobianco

“O que ganho da reciclagem só paga o aluguel” Você ajuda, a L B V faz! Colabore com a Legião da Boa Vontade. Acesse lbv.org e faça a sua doação de maneira rápida e totalmente segura.

Nome: Rodrigo Rodrigues de Carvalho, 42 anos Onde mora: Campinas/SP Principais desafios: É pai solo e sustenta a família com o trabalho em uma cooperativa de reciclagem, na qual ganha aproximadamente R$ 700,00 por mês, valor destinado inteiramente ao pagamento do aluguel de sua moradia. Atendimento recebido: A filha Gabrieli Santiago de Carvalho, de 14 anos, frequenta o serviço Criança: Futuro no Presente!, na unidade campineira da Instituição. Sobre o apoio: “Com as doações que recebo da LBV e de outras redes de apoio, consigo me manter. Se não fossem essas ajudas, a situação estaria bem complicada. Antes, a minha filha só queria ficar na rua, mas depois que entrou na LBV passou a ter mais respeito e compreensão pelos colegas, a dividir as coisas em casa, tudo isso por conta das atividades que faz aqui. A Legião da Boa Vontade é uma instituição que a gente tem que aplaudir”.

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ENTREVISTA

Na linha de frente contra as fake news Quase metade dos brasileiros já recebeu alguma informação falsa sobre vacina, o que torna mais urgente o trabalho sério dos jornalistas KÁSSIA BERNADE E LEILA MARCO

E

m um mundo cada vez mais hiperconectado, as pessoas são bombardeadas diariamente com conteúdos, relatos e notícias das mais variadas formas e com uma velocidade sem precedentes. É bem verdade que isso permite dar voz a mais pessoas, tornando o processo de comunicação mais descentralizado, plural. Contudo, traz uma consequência perigosa: um terreno fértil para a proliferação, ainda mais veloz, de informações falsas, as chamadas fake news. Levantamento feito pelo Radar Dotz Locomotiva, em fevereiro deste ano, constatou que 48% já viram ou receberam em seus perfis nas redes sociais notícias falsas relacionadas a vacinas contra a Covid-19. E é nesse cenário que cresce a relevância do jornalismo sério a fim de combater a desinformação e, ao mesmo tempo, instrumentalizar o leitor com todas as ferramentas para agir e proteger-se ante os desafios que se apresentam. São esses especialistas que podem checar e analisar os conteúdos, destacar o que é verdadeiro e o que tem real valor. Uma das jornalistas da linha de frente da comunicação, a brasiliense Lilian Tahan, em

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entrevista exclusiva à BOA VONTADE, falou das dificuldades enfrentadas pelos colegas da área, das novas tecnologias e das plataformas, enfatizando que, agora mais do nunca, o profissional humano treinado é fundamental para dar a notícia com exatidão, de maneira ética, e desmentir boatos que circulam nas redes sociais. Desde 2015 na direção do Metrópoles, ela contou como fez do portal um dos cinco maiores do Brasil. Para Lilian, o sucesso é o resultado de bastante trabalho, suor e dedicação dos colaboradores do veículo: “Eles se sentem pedra fundamental neste projeto, porque vários deles estão conosco desde o primeiro dia da existência do Metrópoles. Ter essa equipe, que estava lá naquele começo até hoje, agora voando Cruzeiro, faz toda a diferença. Mesmo em momentos tão difíceis como o que estamos passando, eles se entregam [ao trabalho], [dando] até a última gota de energia para fazer a coisa dar certo”. Formada em Comunicação Social pela Universidade de Brasília (UnB), começou a trabalhar muito cedo, com apenas 17 anos, e passou por grandes veículos da mídia, como o


Daniel Ferreira/Metrópoles

jornal Correio Braziliense e a revista Veja Brasília. Ao longo da carreira, conquistou prestigiados prêmios de jornalismo, como Esso, Embratel, CNT, CNI, AMB, MPT e Engenho. Ao lembrar o Dia do Jornalista (neste 7 de abril), Lilian fez uma homenagem a todos os colegas de profissão, afirmando que é hora, mais do que nunca, de valorizar quem traz a notícia, quem se dedica a filtrar fontes, a apurar a verdade dos fatos e a compartilhá-la com a sociedade, pois é com esse apoio que se combate o vírus da desinformação e se impede a disseminação das fake news. BV — Neste período de distanciamento social, como o grupo Metrópoles se adaptou para continuar trazendo a notícia na mesma velocidade e com todos os critérios de qualidade? Lilian Tahan — Foi uma surpresa, um susto, na verdade, quando tudo isso começou, em março completou um ano. No Distrito Federal, acho que o primeiro grande evento foi o fechamento das escolas por um período inicial de cinco dias; naquele instante, eu tive essa informação em primeira mão. Lembro-me de que, na época, pensei: “Nossa, meu Deus, e agora?” Ao mesmo tempo que você entende que [a pandemia] terá um impacto na sua vida e para a so-

“O bom jornalismo faz-se essencialmente com o material humano, é o nosso tesouro. Para você ter um bom veículo de comunicação, precisa ter muita gente.”

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José Gonçalo

ENTREVISTA

“Já passou da hora de as autoridades investigarem a internet como um ambiente, realmente, passível de cometimento de crime, porque essas mentiras têm consequências, que podem, inclusive, definir a vida e levar à morte de indivíduos, especialmente neste período de pandemia.”

ciedade, percebe [que terá] um impacto na redação [também]. Respirei fundo, publicamos a notícia, e, imediatamente, fiz a leitura de que isso ia mexer com a nossa dinâmica de produção. Tomamos uma decisão muito rápida de fazer a transferência do nosso sistema para o home office. Na semana seguinte, passamos todos a trabalhar nesse formato, foi uma adaptação bem-sucedida, porque não houve perdas, em termos de volume de informação produzida, e, consequentemente, de audiência no site, muito pelo contrário. Nem sequer houve um abalo no faturamento que eu pudesse dizer que é importante. No mês de abril, a gente teve de reajustar o nosso tamanho para a realidade que se colocava. Rapidamente, conseguimos recuperar o fôlego e entender como seria esse momento de pandemia, o impacto dele em nosso negócio. Com o fechamento do comércio, as pessoas transitando menos, houve uma transferência de suas necessidades de consumo para o digital, não que não existisse antes, mas muita gente que não consumia on-line passou a ter esse hábito. Como a nossa plataforma disponibili32 | BOA VONTADE

za espaços para publicidade, houve um acréscimo de aporte financeiro para propagandas de marcas [, o que ajudou a recuperar] aquilo que o grupo perdeu com a venda direta, por exemplo. A gente tem aqui no Distrito Federal o DOOH [digital out of home, ou mídia exterior digital], que são aqueles painéis de led. Se ninguém está na rua, como é que as marcas vão anunciar ali? Então, tivemos um encolhimento, sim, em algumas áreas de atua­ção, mas um crescimento em outras. BV — A mídia ganhou destaque neste cenário de crise sanitária mundial? Lilian Tahan — Eu considero que neste e em qualquer período. O nosso papel mudou um pouquinho ao longo dessas décadas, [mas sempre foi de relevância]. O que acontece hoje é que cada ser humano tem um dispositivo móvel em mãos, qualquer um pode gerar notícia, ou seja, temos milhões de repórteres em potencial trabalhando. Nós vamos considerá-los como opositores, concorrentes ou aliados? São nossos aliados, desde que a gente entenda o compromisso de quem é jor-


nalista, comunicador profissional, que é o da checagem, e [saiba] ouvir o outro lado, que é fundamental. Quantas vezes nos deparamos com um vídeo nas redes sociais e perguntamos: ‘Será que é verdade?’ Nesse ponto exato, entra o jornalista; enquanto as pessoas estão ali [pensando], nós já estamos ligando para as fontes oficiais, tentando ouvir as partes envolvidas, checando o outro lado, enfim, fazendo o cruzamento dos dados, contextualizando com fatos passados e com os que podem acontecer e entregando isso em forma de conteúdo jornalístico. É o compromisso com a verdade. BV — Esse compromisso se tornou maior com o aumento das fake news? Lilian Tahan — Na verdade, acabamos usando esse termo em inglês, mas fake news não é nada mais do que mentira, e isso existe desde sempre. Sabemos que regimes políticos inteiros se sustentaram, às vezes, na base da mentira. Só que há uma diferença. Hoje, da mesma forma que o potencial de uma mentira é enorme, porque rapidamente se espalha, a gente também consegue desmenti-la, o potencial está para os dois lados. Antigamente, quando só se dispunha do papel, você precisava de 24 horas, às vezes mais tempo, para imprimir uma notícia, aquilo ali demorava, havia todo um ciclo para ser corrigido. Agora, imediatamente se consegue desmenti-la. Então, ganha-se agilidade com a mesma tecnologia que viraliza uma fake news; ela nos ajuda a derrubar essa mentira. BV — Quais as ferramentas e técnicas que sua equipe tem utilizado para desmascarar autores da desinformação sobre a Covid-19? Lilian Tahan — O bom jornalismo faz-se essencialmente com o material humano, é o nosso tesouro. Para você ter um bom veí­ culo de comunicação, precisa ter muita gen-

te. Há várias experiências já de máquina que substitui [o profissional], até mesmo de robô que “produz” a notícia, quando esta não precisa de grandes apurações, e entrega aquilo ali rapidamente. Mas o jornalismo investigativo, esse de checagem rápida, quanto mais profissionais bem formados se tem em uma redação, mais rapidamente e de maneira completa ocorre a entrega do resultado, com uma checagem efetiva. A primeira coisa é saber de onde veio o material, se há algum processo [em torno do assunto], quem são as partes envolvidas, ligar para especialistas, contextualizar. (...) Quanto mais experimentado é o jornalista, o repórter, mais fontes tem para fazer a checagem rápida da informação e poderá ter vozes diversas para ouvir o contraditório. Nós temos uma redação [no Metrópoles] que é uma das maiores do país, porque houve um movimento de encolhimento nos últimos tempos, em função não só da crise no país, mundial, mas da crise dos veículos de comunicação, que tiveram de fazer um bom trabalho, mesmo tendo menos tempo [e profissionais para auxiliá-los]. Isso leva as pessoas à exaustão. Há muita gente cansada, com crise de pânico, sofrendo as consequências de ter mais serviço com menos pessoas para dividi-lo. BV — Quem são os principais agentes desses conteúdos falsos? Lilian Tahan — Qualquer um pode ser um agente de conteúdo falso. Quando me referi aos robôs, estava falando de Inteligência Artificial mesmo. Já existem experiências no mundo da comunicação de máquinas que produzem conteúdos, mas são conteúdos verdadeiros. (...) Mas, neste caso, a questão é outra, [estamos falando de] robôs a serviço da desinformação. Na verdade, são replicadores de desinformação, trata-se de um exército virtual. Qualquer um pode lançar a sementinha por telefone, pelo BOA VONTADE | 33


Fotos: José Gonçalo

ENTREVISTA

Em 2019, algumas das crianças atendidas pela LBV em Brasília/DF estiveram na redação do portal Metrópoles, visita essa que foi relembrada com carinho pela jornalista Lilian Tahan: “Muito obrigada pelo carinho! Eu estava lá naquele dia, foi um abraço caloroso, muito gostoso receber essa homenagem por meio das crianças e, mais uma vez, agora, ter a oportunidade de falar um pouquinho do projeto nesta entrevista. Realmente é uma grande honra (...) falar com vocês da LBV, que fazem um trabalho tão bonito de Solidariedade, que leva conforto a tantas pessoas que estão precisando, mais do que nunca, de uma palavra, de um incentivo, que são carentes em todos os aspectos”.

WhatsApp, e aquilo começa a ganhar corpo se há uma rede de replicadores. (...) Já passou da hora de as autoridades investigarem a internet como um ambiente, realmente, passível de cometimento de crime, porque essas mentiras têm consequências, que podem, inclusive, definir a vida e levar à morte de indivíduos, especialmente neste período de pandemia. BV — Há como evitar as fake news no ambiente jornalístico? Lilian Tahan — Com todo esse processo de checagem, diminui, drasticamente, a possibilidade do erro. Claro que eles sempre ocorrerão, somos humanos, lógico que pode acontecer um equívoco, mas há dois fatores, a figura do ombudsman, que é aquele que lê o jornal para encontrar problemas, não erros pontuais de digitação, de português, bem mais que isso. Trata-se de uma figura importante ao longo de décadas no jornalismo, hoje tem alguns veículos pon­tuais que trabalham com essa figura, como os jornais Folha de S.Paulo e O Povo, de Fortaleza, 34 | BOA VONTADE

mas a grande verdade é que todos os nossos leitores que têm acesso [aos nossos conteú­ dos] e podem se comunicar com a gente pelas redes sociais, eles são ombudsmen. Assim, quando há qualquer desinformação, quando um erro que não se percebe é publicado, imediatamente chovem pessoas apontando, e são comentários sempre bem-vindos, porque a verdade é que todos esses “checadores” estão ali para criar um processo de correção instantâneo. Eu tive uma experiência interessante. Passei mais de um mês na Alemanha, estudando os veículos de lá, foi uma oportunidade muito importante, porque a embaixada [brasileira] levou alguns jornalistas, e eu conheci a sede da revista Der Spiegel, que é super tradicional. Um dos colegas perguntou para o editor-chefe da Der Spiegel: “Como vocês agem quando há erros? Fazem uma retratação?” E, aí, ele interrompeu esse colega e falou: “Não, não. Aqui a gente não erra”. Eu achei tão arrogante — ainda que seja uma publicação conhecida e reconhecida por ser bastante correta —, mas é lógico que era uma


retórica dele. O que esse editor quis dizer e depois até complementou foi: “A gente tem mais checador do que repórter. Uma informação para ser publicada aqui é apurada, checada e revisada”. BV — Temos visto um comportamento irresponsável de alguns indivíduos pelas ruas, como a falta de distanciamento social, o uso incorreto de máscaras. Isso também é resultado dessas mentiras plantadas na internet? Lilian Tahan — É resultado da falta de educação, e isso também tem a ver com a desinformação, com a ignorância. É um conjunto de fatores. (...) O antídoto para tentar diminuir um pouco o dano que esse tipo de desinformação causa é ensinar as pes­soas, o máximo que a gente puder, a checar a origem da informação. Quantas vezes você recebe uma notícia [, por exemplo, que diz] “Você vai se curar” ou “Você vai adoecer se tal coisa...”? [Quando isso acontecer,] pesquise no Google para ver se encontra alguma fonte confiável para respaldar a informação. Há várias plataformas que fazem jornalismo profissional, e, se for algo relevante, [essa notícia] vai estar contemplada em uma dessas plataformas. Se a pessoa fizer esse movimento de checar a informação, ela vai se deparar com conteúdo verdadeiro e de fácil acesso. BV — Há uma estimativa de quantos boatos foram desmentidos pelo Metrópoles em 2020? Lilian Tahan — É difícil dizer com precisão, mas todos os dias temos matérias desmentindo algo. Às vezes, não sai na forma: “Olha, isso aqui é fake news”, mas só o fato de dar a informação que é correta já é uma forma de corrigir aquela que não é. Possuímos também parceiros de plataformas de checagem da informação; então, como agente público, há uma média de 280 a 300 conteúdos por

“É uma grande honra (...) falar com vocês da LBV, que fazem um trabalho tão bonito de Solidariedade, que leva conforto a tantas pessoas que estão precisando, mais do que nunca, de uma palavra, de um incentivo, que são carentes em todos os aspectos.”

dia, a maioria deles é restabelecendo a verdade. BV — A mídia tem se notabilizado ainda por ser portadora de palavras de alento, ao mostrar os avanços da Ciência no combate ao novo coronavírus, bem como se engajado em ações solidárias. Como vê o papel social da imprensa? Lilian Tahan — Ele é enorme, de mobilização, de sensibilização, de plantar a semente da empatia, às vezes, também, a da indignação. Vou dar um exemplo: uma vez me mandaram uma mensagem dizendo: “Eu estou com um irmão no hospital de Ceilândia, ele tem só 38 anos, pegou Covid-19 e vai morrer se não tiver apoio. Ele não está conseguindo respirar”. Então, pedi que mandassem o vídeo, porque nada melhor do que a própria pessoa dizer o drama que está passando. A partir desse material que publiquei, rapidamente, uma grande corrente em dois sentidos muito bonitos [se formou], o vídeo teve mais de 300 mil views. Uma série de pessoas mobilizaram-se para ajudá-lo. Ele se sentiu acolhido, amparado e está em processo de recuperação. Por isso, eu acho que a gente tem um papel que, se bem executado, pode fazer a diferença na vida das pessoas. BOA VONTADE | 35


Arquivo pessoal

EDUCAÇÃO

Apoio incondicional Na pandemia, a LB V segue apoiando alunos com necessidades educacionais específicas, como autismo e Síndrome de Down, e gera resultados animadores WELLINGTON CARVALHO DE SOUZA

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Pedro Felipe

C

oloque-se no lugar de uma mãe de filho com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e que sabe que, em decorrência disso, ele enfrenta dificuldades de aprendizagem que podem impactar decisivamente o futuro dele. Agora, imagine quanto ela pode estar preocupada na atual pandemia do novo coronavírus, cogitando que os avanços obtidos com o acompanhamento de um professor possivelmente não ocorrerão durante as aulas remotas. Felizmente, esse não é o caso da Roberta Cristina Monteiro, mãe do Gabriel, de 9 anos. O menino, que mora com os pais no bairro do Cachambi, no Rio de Janeiro/RJ, estuda no Centro Educacional da Legião da Boa Vontade, em Del Castilho. Graças ao Programa LBV — Potencializando Habilidades (PPH), desenvolvido pela escola, o garoto tem vencido as limitações do autismo nos estudos e na vida. O PPH é aplicado pela Instituição desde 2008 e tem como objetivo acompanhar o desenvolvimento pedagógico, emocional e social dos alunos com necessidades educacionais diferenciadas, promovendo estratégias e adaptações que os ajudem no aprendizado dos conteúdos curriculares (veja o passo a passo no infográfico da p. 41). Mesmo com as aulas presenciais suspensas, as ações do programa não foram interrompidas. Os educadores continuaram a dar suporte aos discentes, contribuindo com planos didáticos individualizados, desde a produção de aulas remotas diferenciadas à confecção de tecnologias assistivas — isto é, qualquer ferramenta, material, metodologia e recursos, como jogos lúdicos —, que são enviadas à casa daqueles que precisam desse suporte. Por meio do WhatsApp, a equipe multidisciplinar da unidade de ensino mantém parceria com os familiares, trocando infor-

“A professora abraçou o Gabriel de uma maneira muito especial, usou o lado humano e criou vínculo muito grande com o meu filho. E eu sabia que, quando o deixava na escola, era como se o estivesse deixando em casa, porque estaria se sentindo bem, muito feliz. Via isso no rosto dele: ele saía muito feliz da LBV, e eu também, porque, como mãe, saber que meu filho está bem, sendo amado, compreendido, aceito, é o mais importante.” ROBERTA CRISTINA MONTEIRO

Mãe de Gabriel, 9 anos, integrante do Programa LBV — Potencializando Habilidades (PPH), no Centro Educacional da Instituição, na capital fluminense

mações quanto aos avanços e às necessidades reais das crianças. Para Gabriel, que não encontrou apoio em outros colégios por onde passou, esse trabalho tem sido primordial. Quando chegou à LBV, aos 4 anos, ele já sabia ler, mas não conseguia interpretar os textos; também não compreendia a lógica de cálculos matemáticos e apresentava muita dificulBOA VONTADE | 37


EDUCAÇÃO

dade para se socializar. “Com o auxílio da Legião da Boa Vontade, graças às intervenções das professoras, ele foi entendendo tudo o que estava lendo. Tudo o que via queria ler. (...) Quando chegou ao 1o ano, que era nossa maior preocupação, porque já havia as provinhas, eu tinha receio [de ele não conseguir avançar nos estudos]. E só me surpreendi positivamente. (...) O Gabriel desenvolveu-se muito. Do 1o ano em diante, ele deslanchou”, conta a mãe. Ainda de acordo com Roberta, hoje a socialização do menino também está muito melhor.

“Ele cumprimenta as pessoas, dá bom-dia, joga beijo e passou a ser ainda mais carinhoso, aceitou o carinho das pessoas. (...) Ele tem amigos, sente que as outras crianças gostam dele, então, se sente bem. É muito amado, querido pelos colegas.” A propósito, esses vínculos criados com o Gabriel fizeram toda a diferença para a adaptação dele na unidade de ensino da Instituição, que adota a Pedagogia da LBV, composta pela Pedagogia do Afeto (destinada às crianças de até os 10 anos) e pela Pedagogia

Transtorno do Espectro Autista em detalhes No dia 2 de abril, celebra-se o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de reduzir a discriminação contra indivíduos que o apresentem. A seguir, algumas relevantes informações acerca desse transtorno.

O QUE É?

INCIDÊNCIA

Transtorno de desenvolvimento que prejudica a capacidade de se comunicar e interagir. Seus graus são leve, moderado e severo.

Ao todo, 70 milhões de pessoas em todo o mundo têm autismo, 2 milhões apenas no Brasil. Ele é cinco vezes mais comum em meninos do que em meninas.

ALGUNS SINAIS Falta de contato visual, gritos, movimentos repetitivos, preferência por atividades solitárias, necessidade de rotinas diárias que não podem ser quebradas, repetição de palavras sem sentido, atraso na fala ou dificuldade de aprendizagem, hipersensibilidade a sons e toques e andar constante na ponta dos pés. Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS) e Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-5).

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ESPECIALISTAS QUE PODEM AJUDAR Psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, neurologista, psiquiatra, pediatra e psicopedagogo.


EDUCAÇÃO INCLUSIVA COM AMOR FRATERNO A professora Ana Claudia Monteiro acompanha de perto a evolução de Gabriel, que está no 4o ano do Ensino Fundamental I, e relata como essa atenção tem ocorrido: “Antes de executar qualquer estratégia, coloquei em prática a Pedagogia do Afeto, da LBV: criar vínculo com o Gabriel, entender as limitações enfrentadas por ele e motivar a turma a acolhê-lo. As estratégias foram feitas com Amor e carinho, como atividades de socialização. (...) Apresentei musiquinhas com os sons fonéticos das letras, e ele ficou apaixonado por elas”. Como professora, também destaca a importância do suporte que recebe para dar o melhor de si. “A todo momento que apareça um obstáculo e eu não consiga resolver sozinha, tenho acolhimento no PPH. Essa parceria é fundamental no desenvolvimento das crianças. (...) Elas precisam desse olhar além do intelecto, conforme a nossa Instituição propaga.” Profundamente emocionada, às lágrimas, a educadora fez questão de enfatizar quanto sua convivência com o menino tem sido enriquecedora: “Quando ele entrou na sala de aula, não falava. Às vezes, ‘expressava-se’ com o olhar. Eu tinha que decifrar

Pedro Felipe

do Cidadão Ecumênico (aplicada a partir dos 11), ambas concebidas pelo educador Paiva Netto, diretor-presidente da Entidade. Dentro da sua proposta de Educação com Espiritualidade Ecumênica, ele orienta os educadores a terem “uma visão além do intelecto”, para, assim, enxergar todo o potencial que há no estudante, sua real capacidade, superior às limitações cognitivas, emocionais ou socioeconômicas que enfrente, de modo que possa realizar tudo aquilo que deseja para o próprio bem e o da coletividade.

LBV adapta videoaulas para aluna com síndrome de Down Outra aluna que participa do PPH na escola da LBV no Rio de Janeiro/RJ é Gabriele Evangelista, de 13 anos. Para superar as dificuldades causadas pela Síndrome de Down, a menina também recebe vídeos com aulas adaptadas às suas necessidades. “Estou muito feliz, sinto carinho por todo mundo. Amo muito os professores, todos do colégio. Gosto também bastante dos meus amigos e de estudar”, disse à revista BOA VONTADE. De acordo com a irmã da estudante, Ariele, “quando a Gabriele chegou à LBV, foi como se as portas do ensino tivessem sido abertas para ela. (...) Os professores incentivam muito a Gabriele a ser independente, a sair da zona de conforto para se arriscar no ensino. Ela não tinha abertura nas outras escolas, e a LBV deu essa oportunidade. O PPH a ajudou muito”. Ariele completa: “(...) Antes de a Gabriele vir para a LBV — sempre me emociono contando essa história —, eu estava estudando e perguntava para minhas amigas como poderia ajudar a minha irmã. E, quando a minha mãe conseguiu a vaga na Instituição, fiquei muito feliz, porque sabia que a Gabriele iria ‘voar’. É muito gratificante ver que ela está caminhando com as próprias pernas. Não é qualquer lugar que tem essa inclusão. E é muito bom ver isso aqui na LBV”. BOA VONTADE | 39


Pedro Felipe

EDUCAÇÃO

A professora Ana Claudia Monteiro acompanha de perto a evolução de Gabriel, no 4o ano do Ensino Fundamental I.

Arquivo pessoal

o que ele queria. E, pelo vínculo que fui criando por meio da Pedagogia do Afeto, comecei a compreender o olhar dele, o que queria. Foi uma experiência que mudou a minha vida, não só profissionalmente, mas também como ser humano. (...) Eu me desdobrava. Ao sair da escola, ia estudar, fazia cursos, pedia ajuda à Andréia de Jesus [coordenadora do PPH no colégio]”. Nem mesmo o distanciamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus impediu essa boa cumplicidade entre edu-

cador e educando. “(...) Hoje, saber que ele está me dando bom-dia do outro lado da tela [da TV], [vendo o vídeo da minha aula remota], sabendo que não está me vendo presencialmente e que, mesmo assim, está se socializando, não tem preço. Não há nada que pague isso”, contou Ana Claudia. Vale salientar que os diagnósticos do público atendido pelo PPH são os mais diversos, com destaque para Daltonismo, Dislexia, Síndrome de Down, Transtorno Bipolar, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), entre outros. Com a intervenção dos profissionais da LBV, em muitos casos, os responsáveis dessas crianças também são orientados a encaminhá-las a especialistas externos, como psicólogos, psicopedagogos e médicos neurologistas, de modo que sejam devidamente apoiadas. Em razão desse primoroso trabalho, a revista BOA VONTADE homenageia todos os envolvidos com a educação inclusiva na LBV, aplicada com Amor Fraterno e muito empenho, para que nenhum educando se sinta abandonado, especialmente nestes tempos tão difíceis pelos quais a humanidade atravessa.

No Conjunto Educacional Boa Vontade, localizado em São Paulo/SP, ações criativas são constantemente desenvolvidas pela equipe do PPH junto aos professores. Para avaliar a absorção do conteúdo sobre substâncias puras, misturas e métodos de separação, por exemplo, alguns educandos receberam kits de Ciências e, com o material neles contido, foram desafiados a realizar “missões”. A professora Daiana Evaristo, que leciona a matéria no Ensino Fundamental (Séries Finais), explicou, de maneira superdivertida, todo o passo a passo do que deveriam fazer. No link a seguir, é possível assistir à aula: https://www.youtube.com/ watch?v=i-CLKgr-1_M. 40 | BOA VONTADE


8.

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO DA LBV 3=E?

Esses profissionais reúnem-se para juntar os dados levantados do educando. No encontro, compartilham as dificuldades notadas nele e expõem as primeiras ideias de apoio aos professores, a fim de que estes auxiliem o estudante na descoberta de seu caminho na aprendizagem dos conteúdos. Há também a observação do aluno na rotina escolar, desestimulando brincadeiras ou qualquer tipo de rotulação quanto aos desafios que enfrenta, uma vez que, nos ambientes da escola da LBV, há o direcionamento de incentivo para que as diferenças sejam sempre respeitadas. Psicóloga Escolar

Coordenação Bilíngue e de Esporte

Serviço Social

Posto de Enfermagem

3.

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Direção Escolar

Professora

Os responsáveis do estudante são orientados pela escola a buscar um profissional externo, a fim de que seja feito, de forma eficiente e segura, o diagnóstico do educando.

Coordenação Pedagógica

Orientação Educacional

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Tudo ocorre de maneira divertida! Com a utilização de jogos, brincadeiras e novas tecnologias, o conhecimento ocorre para esses alunos de forma leve e didática, sem que sejam esquecidos os valores éticos, solidários e ecumênicos, que ajudam a elevar a autoestima deles.

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Após a percepção de que determinado aluno possa necessitar de inclusão específica (por apresentar alguma dificuldade na aprendizagem ou no comportamento), o professor comunica a situação à Orientação Educacional, que mobilizará a equipe multidisciplinar da escola para novas observações, acompanhando-o em sala de aula.

Na parceria entre escola e família, ainda são promovidos encontros com os responsáveis desses estudantes. Nessas ocasiões, são formados grupos, de acordo com o diagnóstico da criança ou do adolescente, e cada responsável compartilha o que tem feito de positivo em casa.

No horário inverso ao das aulas, o aluno com necessidades específicas de inclusão pode frequentar o espaço do PPH, que oferece caminhos que estimulem as habilidades necessárias para compensar a deficiência na aprendizagem e/ou no comportamento. Dentre elas, constam: atenção, organização, planejamento, interpretação de texto e raciocínio lógico-matemático.

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5. O time de profissionais ganha um reforço fundamental. Por meio do Atendimento Educacional Especializado (AEE) da escola, as professoras do PPH passam a cooperar com os titulares das disciplinas no planejamento e na adaptação de aulas e de avaliações do estudante. Para isso, contam, também, com a ajuda das psicólogas escolares no acolhimento e suporte emocional do educando.

Com o diagnóstico, a equipe multidisciplinar volta a se reunir (quantas vezes forem necessárias) para definir estratégias conjuntas, como adaptar as atividades pedagógicas e avaliativas, de modo que o aluno receba o tratamento curricular adequado à situação dele e o apoio emocional necessário a ele.

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ESPÍRITO E CIÊNCIA

Para crentes A e céticos A diretora norte-americana Ricki Stern fala sobre a série Vida Após a Morte LEILA MARCO E JOSUÉ BERTOLIN 42 | BOA VONTADE

costumada a trabalhar com temas profundos em seus documentários, que levam por caminhos inesperados, a diretora de cinema norte-americana Ricki Stern sentiu-se motivada a produzir a série Vida Após a Morte (Surviving Death, no original em inglês), lançada pela Netflix (2021), a qual divide a assinatura com Jesse Sweet. O trabalho trata, de forma franca e séria, de assuntos relacionados ao prosseguimento da existência para além do fe-


BOA VONTADE — Por que decidiu

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nômeno da morte, com um conteúdo voltado tanto para crentes quanto para céticos. Inspirada no livro homônimo da jornalista Leslie Kean, a primeira temporada aborda, em seis episódios, o que acontece com pacientes que foram considerados mortos por um curto período e que, ao retornarem à vida, fazem relatos surpreendentes, como a visão de túneis que terminam em luzes, encontros com seres angelicais ou entes queridos falecidos, memórias de uma consciência deslocada do corpo físico e uma indescritível sensação de Paz — são as chamadas experiências de quase-morte (EQMs). Além dessa vertente, a equipe empenhou-se em entender como se dá a comunicação dos Espíritos por meio dos chamados médiuns e trouxe ainda à discussão o fenômeno da reencarnação, ao exibir relatos de crianças que se lembram de existências passadas. Em entrevista exclusiva à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e publicações), Stern relata sua jornada nesse trabalho e revela que espera ter a oportunidade de rodar uma segunda temporada, pois, segundo ela, há muitos pesquisadores sérios que investigam o prosseguimento da consciência espiritual após o fenômeno da morte a serem ouvidos. No bate-papo, a diretora manifestou ainda a vontade de filmar em nosso país e agradeceu à Legião da Boa Vontade (LBV) o espaço para debater assunto tão relevante, ficando admirada com o Templo da Boa Vontade e o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV, em Brasília/DF, que sedia o pioneiro Fórum Mundial Espírito e Ciência. “Muito obrigada! Estou muito feliz por terem entrado em contato [comigo], e saibam que, se eu for ao Brasil, vou procurar vocês [da LBV]”.

Ricki Stern, diretora de cinema norte-americana.

que seria importante fazer para a TV a série Vida Após a Morte? Ricki Stern — Na verdade, realmente não era algo que me interessava tanto no passado, mas uma amiga minha, Leslie Kean, escreveu um livro chamado Surviving Death [Sobrevivendo à Morte], que eu li e achei que era uma perspectiva de fato interessante. A Leslie apresentou pesquisas, a Ciência por trás dessa possibilidade de continuação da vida ou da consciência, abordou o assunto de forma ímpar, e isso chamou muito a atenção da Netflix. Acho que essa é uma das primeiras [séries] sobre esse tema feita com médicos, cientistas e pesquisadores conceituados. Acredito que o que me fez criar a série foi ter conversado com tantas pessoas que tiveram experiências que as tocaram profundamente e que mudaram suas vidas de diversas maneiras. BV — É a primeira vez que tem contato com experiências de quase-morte, mediunidade e reencarnação? Ricki Stern — Praticamente, é a primeira vez. (...) Passar um ano filmando diferentes histórias sobre reencarnação, experiênBOA VONTADE | 43


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ESPÍRITO E CIÊNCIA

cias de quase-morte, Espíritos e médiuns foi, definitivamente, uma montanha-russa para minhas próprias crenças e entendimento... A série não é sobre dar respostas, mas, sim, fazer perguntas. BV — A série deu voz a pesquisadores, médicos, famílias, médiuns... Como foi esse processo, o que a motivou a fazer o trabalho dessa forma? Ricki Stern — Para mim, era muito importante encontrar depoimentos que fossem reais, autênticos. Quando lidamos com assuntos chamados de paranormais, às vezes, encontramos atos performáticos, artistas, indivíduos fraudulentos, que querem tirar proveito do seu luto, da sua dor. Ao embarcar [nesse trabalho] com o meu coprodutor-executivo, Jesse Sweet, nós entrevistamos as pessoas antes de gravarmos para ver se eram honestas, se suas experiências eram reais para elas. Foi um 44 | BOA VONTADE

processo muito interessante e conhecemos pessoas que acabamos não filmando, porque ou suas histórias não se encaixaram no final ou sentimos que talvez as experiências não fossem tão impactantes como as de outras. BV — Qual foi a emoção ao se conectar com esses relatos? Ricki Stern — Como documentarista, pelo tipo de filme que faço, é importante que eu me conecte com as pessoas sobre as quais conto histórias. Especialmente porque estamos lidando com essa capacidade de sobrevivência, com a morte. Então, as histórias são sempre comoventes, tocam o público, porque são universais. É por isso que são traduzidas no Brasil e em países ao redor do mundo. Todos nós lidamos com perdas, e acho que vocês já se perguntaram: “Então é isso? É essa vida que estamos vivendo agora ou há


“Todos nós lidamos com perdas, e acho que vocês já se perguntaram: “Então é isso? É essa vida que estamos vivendo agora ou há algo além?” As pessoas têm essa vontade universal de fazer perguntas e tentar se conectar, ver se há algo fora deste mundo materialista.”

algo além?” As pessoas têm essa vontade universal de fazer perguntas e tentar se conectar, ver se há algo fora deste mundo materialista. BV — Conte-nos também sobre os efeitos visuais para conseguir traduzir essas experiências do Mundo Espiritual. Ricki Stern — É sempre um desafio contar uma história que se passou na mente de outra pessoa nesse mundo paranormal. Nós acreditávamos que era importante apresentar à Netflix como a série ia se dar antes que topassem, porque eles não queriam que ela se parecesse com essas séries de terror, nas quais o sobrenatural é retratado de uma forma que os indiví­duos não conseguem se conectar. Trabalhei com diretores de fotografia maravilhosos, o Nelson Hume e o Jonathan Nastasi. E, para mim, era uma questão de luz e escuri-

dão. Por isso, em cada cena, víamos como usar a luz, se seria natural, qual o clima no ambiente... Em um caso, o Nelson quebrou um espelho, colocou-o na água e refletiu a luz nele, criando um tipo de iluminação cintilante na parede. São essas pequenas técnicas interessantes. Para mim, era importante registrar o máximo possível na câmera, mas contamos com uma ótima equipe gráfica e procuramos o equilíbrio para parecer orgânico. Então, tirávamos uma foto e animávamos levemente essa imagem para trazê-la à vida, mas não tanto a ponto de tirar a veracidade dela. Tratava-se, sim, de criar a sensação de que as coisas eram familiares, como nas experiências de quase-morte sobre as quais as pessoas falam de maneira incrível, clara e vívida. Um homem disse que parecia que ele era [o oceanógrafo] Jacques Cousteau [19101997], que estava debaixo d’água e havia peixes ao seu redor, e essas experiências são tão claras e vívidas que são fáceis de se traduzir para um meio visual. Todas essas são referências que temos em nossas vidas, e, portanto, é a isso que as pessoas se conectavam na vida após a morte. BV — E o áudio, a trilha sonora? Como foi usar esse recurso para dar vida às ideias? Ricki Stern — O áudio é provavelmente um dos recursos mais subestimados. Trabalhei com uma equipe maravilhosa de designers de som. Nós preenchemos uma lista bem detalhada do que precisávamos antes de enviar [o material] a eles. Por exemplo, queremos um som de eco aqui, como se estivesse descendo por um túnel ou subindo muito rápido em um balão de ar ou algo semelhante. E eles criaram esses efeitos sonoros, e isso é muito importante. Acredito que, quando você não ouve nada, como se estivesse com fones de ouvido BOA VONTADE | 45


ESPÍRITO E CIÊNCIA

quando sai para correr, por exemplo, é incrivelmente distorcida a forma como percebe o mundo ao seu redor, então, cada camada da narrativa precisa ser pensada. E o que as pessoas ouvem e como fazem isso as desorienta ou cria uma emoção para elas, tudo isso faz parte. A música foi feita pelo meu primo Paul Brill, com quem sempre trabalho... E, de novo, queria que ela tivesse isso, uso a palavra “surpresa”, uma espécie de admiração, a sensação de que há momentos quase que épicos, porque acho que essa experiência é um tanto épica, mas também há essa sensação de beleza. E a admiração pela natureza eu não queria que soasse muito sobrenatural, não queria que parecesse também muito meigo ou sentimental. Eu só desejava que houvesse um ganho na sonoplastia. E acho que a música alcança isso com sucesso. BV — Quais as histórias que mais a impactaram? Ricki Stern — Acho que as [do episódio sobre] reencarnação, porque há tantas coisas que essas crianças sabem sobre pessoas que elas realmente não poderiam ter conhecimento. Não havia nada na internet na época em que tiveram essas experiências, algo que

Ouvir uma série de respostas a essas perguntas dá ao público a oportunidade de tirar as próprias conclusões e, talvez, desperte em você alguma curiosidade de ir atrás e pesquisar sobre o assunto. Para conferir a entrevista, na íntegra, com a diretora de cinema norte-americana Ricki Stern sobre a série Vida Após a Morte (Netflix), acesse: https://www.youtube.com/watch?v=H_wpTTGIuNo

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pudesse ter sido plantada na cabeça delas. E senti no fundo do meu coração que era verdade para elas. (...) Um garotinho contou toda a trajetória [de uma pessoa] para sua mãe, e ela ficou realmente desesperada; então foi na internet e encontrou o dr. Jim Tucker, que estuda reencarnação. Essas histórias fazem você coçar a cabeça e se perguntar: “Como pode?” Outras que me emocionaram também foram as do Retiro do Luto, onde havia uma família, o Steven e a Courtney, cujo filho havia morrido em um acampamento. Ele estava acampando com escoteiros quando uma árvore caiu e o matou. (...) Toda a equipe se apaixonou por eles, porque estavam realmente buscando algum modo de dar sentido ao que aconteceu com o filho deles. Você pode ser cético, mas a realidade é que, se isso os ajuda a lidar com a dor, a, de alguma forma, sentir que seu filho ainda está presente em suas vidas, não vejo nenhum problema. (...) Acho interessante trazer esses questionamentos. Ouvir uma série de respostas a essas perguntas dá ao público a oportunidade de tirar as próprias conclusões e, talvez, desperte em você alguma curiosidade de ir atrás e pesquisar sobre o assunto. BV — Houve uma preocupação de mostrar o dia a dia dos médiuns, quais são suas crenças, seus dons, que são pessoas autênticas? Ricki Stern — Quando escolhemos os médiuns, eu realmente queria pessoas sinceras sobre o que fazem, porque é uma área em que existe quem se aproveite. Estava interessada na escola na Holanda e em saber quem eram [aqueles indiví­duos], porque vieram de todos os lugares. Havia um químico alemão, um agente funerário holandês, um terapeuta norte-ameri­cano... Eram pessoas de toda a parte. Algumas sentem que nasceram com o dom da me-


BV — Depois do sucesso da série em todo o mundo, você acha que esse assunto será mais discutido? Ricki Stern — Acredito que existirão mais trabalhos sobre o tema, porque a série Vida Após a Morte tem feito sucesso, e recebo mensagens do mundo inteiro, de pessoas me agradecendo. Estou surpresa que o público esteja tão grato. Acho que as pessoas querem falar sobre isso e compartilhar suas histórias; então, devemos ter espaço que permita que isso seja feito [naturalmente], como em uma conversa aberta. BV — Sentiu-se de alguma maneira transformada pelo que ouviu e aprendeu com a produção desse trabalho? Ricki Stern — Provavelmente tive a mesma experiência que quero que o público tenha, que é estar disposto a fazer perguntas, a se conectar com pessoas que compartilham suas experiências e discutir isso

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diunidade, de se conectar com o Espírito; outras estavam apenas esperando aprender isso. (...) É como ocorre com a meditação, tem de tranquilizar a mente [para perceber] os sinais, as mensagens. Eles estão lá, a consciência também, mas você esteve tão ocupado em sua vida diária filtrando as coisas, os sons, as luzes e as conversas, que acaba não sintonizando com aquilo. O que tem sido interessante durante a pandemia da Covid-19 — até saiu um artigo no The New York Times sobre como as pessoas estão relatando ver fantasmas, contando outras histórias, porque elas estão em casa, não estão ao telefone com os amigos, dando festas, recebendo visitas em suas casas, viajando... — é essa espécie de silêncio que o isolamento criou; os indivíduos estão reportando uma maior conexão com outras coisas.

“O que tem sido interessante durante a pandemia da Covid-19 — até saiu um artigo no The New York Times sobre como as pessoas estão relatando ver fantasmas, contando outras histórias, porque elas estão em casa, não estão ao telefone com os amigos, dando festas, recebendo visitas em suas casas, viajando... — é essa espécie de silêncio que o isolamento criou; os indivíduos estão reportando uma maior conexão com outras coisas.”

com os amigos, parceiros ou com um ente querido. Esse é um tema fascinante; e, se você for transformado, se passar a ter um pouco mais de esperança, como ouço das pessoas: “Eu me sinto um pouco mais esperançoso”, isso é ótimo! Deixei as pessoas contarem suas histórias e, particularmente, me sinto um pouco esperançosa ao ouvir essas narrativas, mas essa série é para testemunhar e interpretar como quiser. BOA VONTADE | 47


SAÚDE

Pandemia e hábitos saudáveis CAMILA BARBIERI E WELLINGTON CARVALHO DE SOUZA

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Especialistas ensinam como manter idosos protegidos, mais ativos e felizes para enfrentar o distanciamento social


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saltam a importância de os familiares apoiarem o idoso a manter uma rotina de hábitos saudáveis. BOA VONTADE — Alguns pacientes que tiveram a Covid-19 ficaram com sequelas. Quais são os sintomas mais comuns? Adriana Irikawa — A síndrome pós-Covid é inflamatória e multissistêmica, que acaba se manifestando de três a cinco semanas após o evento. Qual o sintoma principal? A fadiga, o cansaço. Como segundo sintoma, temos as dores osteomusculares. Os pacientes queixam-se muito que estão com dores pelo corpo. (...) O terceiro é a falta de ar. Há pessoas que precisaram usar oxigênio em casa. Muitas vezes, isso vai reduzindo com a fisioterapia respiratória, que auxilia a caixa torácica e melhora o quadro. É importante que os pacientes deem seguimento ao tratamento mesmo estando em suas residências. O quarto sintoma que ocorre bastante é o distúrbio do humor, [envolvendo] depressão, ansiedade e estresse.

Fotos: Divulgação

pandemia do novo coronavírus tem afetado a vida, em maior ou menor grau, de todos os cidadãos. As pessoas com mais de 60 anos sofrem o impacto da atual crise sanitária de maneira ainda mais intensa, por fazerem parte do grupo de risco. Por conta própria ou por incentivo de familiares, elas têm se preocupado em assegurar o necessário distanciamento social, principalmente agora, com cepas mais agressivas do Sars-Cov-2 espalhando-se. No entanto, médicos apontam que boa parte de seus pacientes nessa faixa etária vem apresentando declínio funcional — o que gera brecha para a incidência de outras doenças. Para falar como é possível mantê-los mais ativos mesmo tomando todos os cuidados para a prevenção da Covid-19, a revista BOA VONTADE reproduz a seguir a entrevista com a geriatra Adriana Irikawa e a fisioterapeuta Carla Gustchov, esta com especialização também em gerontologia. No bate-papo, concedido ao programa Viver é Melhor!, da Boa Vontade TV (www. boavontade.com/tv), as especialistas res-

Adriana Irikawa, geriatra, especialista em acupuntura.

Carla Gustchov, fisioterapeuta, especialista em cuidados na terceira idade.

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SAÚDE

“Os idosos precisam de nós, jovens, porque representamos [o movimento da] vida, o sonho, a perda do emprego, a vitória em relação à dificuldade financeira... Quando colocamos os idosos como centro do mundo, eles sempre terão o que ensinar. (...) O idoso fará parte da vida do outro quando a gente permitir.” CARLA GUSTCHOV

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BV — Em geral, como a pandemia tem afetado a saúde dos idosos? Adriana Irikawa — O que temos visto nos consultórios é que eles têm retornado com os exames bastante alterados. Colesterol ruim, triglicérides, glicemia e hipertensão muito altos. Há uma descompensação metabólica, porque tiveram um estresse maior. O idoso acaba ficando mais estressado também por conta de todo o processo de distanciamento social. (...) [Antes da pandemia,] vários faziam aula de dança, por exemplo. Então, ao dançarem com os seus parceiros, tinham atividade social, encontravam-se e praticavam exercícios físicos de maneira bastante adequada. Agora isso não ocorre. Lembrando que a atividade física melhora não só o nosso corpo, mas também a nossa saúde mental.


BV — As novas variantes do coronavírus têm levado cada vez mais jovens para os hospitais. Isso aumenta a preocupação em relação aos idosos, que sempre foram considerados do grupo de risco por causa da fragilidade da saúde. Como mantê-los seguros? Carla Gustchov — Se o indivíduo já teve a Covid-19 e a doença trouxe sequelas, precisará de um processo de reabilitação (...) [e, para isso, deverá] procurar um profissional que conseguirá direcioná-lo. (...) Dói, por exemplo, quando um paciente de 94 anos entra no hospital andando [para tratar a Covid-19] e, após a recupe­ ração, não consegue mais ficar em pé. Dói, porque o idoso nonagenário quando é ativo tem isso como um troféu. Ele está acostumado a ver as pessoas o elogiando ao ir à feira ou à padaria. Certo paciente me falou: “Carla, eu preciso ficar na rua. Não posso ficar em casa. Se eu ficar em casa, vou ficar caduco. O que me faz ter independência e autonomia é a rua. Tenho que olhar o farol, conversar com as pessoas, saber o que está acontecendo. E você quer que eu fique em casa?” Respondi: não quero que o senhor fique em casa [inativo], não quero que fique caduco, mas desejo que tenha responsabilidade. Não precisa se sentar no banco do ônibus, como faz há anos. Agora, o senhor pode aprender a usar o celular. E vários pacientes começaram a ter consultas por teleatendimento! BV — Então, precisamos não só ajudar os idosos a respeitar o distanciamento social, mas incentivá-los a fazer isso de forma ativa. Adriana Irikawa — Tive um paciente com suspeita de ter contraído a Covid-19. E o receio dele não era de morrer, era o

O QUE FAZER EM CASA? Há inúmeras atividades que o idoso pode fazer na própria residência para se manter ativo, de preferência acompanhado por algum familiar ou pessoa próxima a ele. Dentre elas, algumas opções são:

Preparar receitas na cozinha

Plantar pequenas hortaliças ou temperos

Revisitar álbuns de fotos

Conversar sobre a própria história da família e descobrir curiosidades

Realizar videochamadas com entes queridos e amigos

Cantar e dançar

Contar histórias

Brincar com jogos lúdicos

Ajudar as crianças em matérias que lhes são difíceis na escola

Fazer artesanato

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SAÚDE

isolamento. Ele tinha medo de ficar sozinho. E, muitas vezes, o idoso já tem certo distanciamento social, pois há pessoas que já faleceram na família dele. (...) É importante lembrar: quando falamos em distanciamento social, não significa confinamento, não é para o idoso ficar sozinho, totalmente isolado e confinado dentro do próprio ambiente. Temos casos de indivíduos que dizem não colocar o pé na rua há um ano. Será que isso é saudável? Até que ponto isso irá protegê-lo? Será que [essa inatividade] não o levará a [ter] outras doenças? É importante ter equilíbrio. (...) “Quando posso visitar o meu pai? Será que vou levar alguma doença para ele?”, alguém pode perguntar. É essencial que tenhamos os cuidados [sanitários]. O 52 | BOA VONTADE

uso de máscara é um dos itens mais relevantes para prevenir a doença. Se eu a utilizo e o meu pai também, se ficamos a um metro e meio de distância e usamos álcool em gel 70% para limpar as mãos, nós estamos protegidos. Precisamos manter a assistência aos idosos, o contato com eles, porque temos visto que acabam ficando com quadro muito grande de ansiedade, de estresse, de depressão [quando enfrentam a pandemia sozinhos]. Que possamos compreender e lidar melhor com a doença! Não precisamos ter medo, mas fazer tudo aquilo que necessitamos para prevenir a transmissão. Se conseguirmos fazer isso, preservaremos a saúde e a qualidade de vida dos idosos ao mesmo tempo que os protegeremos.


“Quando falamos em distanciamento social, não significa confinamento, não é para o idoso ficar sozinho, totalmente isolado e confinado dentro do próprio ambiente. Temos casos de indivíduos que dizem não colocar o pé na rua há um ano. Será que isso é saudável? Até que ponto isso irá protegê-lo? Será que [essa inatividade] não o levará a [ter] outras doenças? É importante ter equilíbrio.” ADRIANA IRIKAWA

BV — Que outras dicas podemos colocar em prática? Carla Gustchov — Para muitos idosos, é uma afronta estar bem enquanto crianças e jovens estão morrendo. Tenho uma paciente que perdeu dois netos e um filho. Como vou falar que ela deve caminhar no quintal e se exercitar sendo que o neto dela era atleta? Porém, posso mostrar a ela que é possível fazer um painel de fotos em casa. Se colocarmos todas as imagens em cima da mesa, vamos trabalhar equilíbrio, mobilidade, propósito, e ela vai, sim, se cuidar e lembrar dessas pessoas que a amavam muito e que continuarão presentes com ela [nas memórias e no coração]. (...) Porque não podemos mais enviar cartas... [Se o idoso tem familiaridade com

as tecnologias atuais] e temos um celular para fazer chamada de vídeo, é usá-lo. O idoso, quando recebe uma ligação, faz uma atividade de vida instrumental. E aí ele vai, sim, ativar o corpo: se estava deitado, vai ficar um pouco mais sentado; se estava sentado, poderá conversar em pé. (...) Devemos estimular o paciente a sentar e a levantar da cadeira, a pegar algo, a apertar uma almofada entre os joelhos, mas, principalmente, pedir a ele que se movimente. (...) Está tudo bem se não posso andar na rua, mas posso dar duas voltas na sala de casa. Amanhã, posso marcar o tempo em que estou dando essas voltas e gerar o desafio que dou conta para minha vida. (...) É preciso que a atividade faça algum sentido para ele. É o que faz a gente ter a nossa rotina, a qual o idoso também necessita. BV — Adriana, qual mensagem podemos deixar ao público da terceira idade? Adriana Irikawa — O importante, em relação a tudo isso, é que a gente possa fazer, da melhor maneira possível, com todos os nossos recursos internos e externos, a prevenção e a promoção da saúde. Se temos uma dieta balanceada, se praticamos atividade física, se temos a condição mental adequada, isso melhora até a nossa imunidade. É fundamental que, no nosso dia a dia, pratiquemos aquilo que nos faz bem, pois assim fortalecemos o nosso sistema imunológico e cardiovas­ cular e, desse modo, temos melhor qualidade de vida para enfrentar a pandemia. [O fim dessa crise sanitária] vai demorar a chegar, temos muitos desafios pela frente. (...) Tenham cuidado, é claro, mas sejam felizes. Vamos curtir e aproveitar o dia de hoje mantendo nossa saúde física e mental adequada. BOA VONTADE | 53


Fotos: Vivian R. Ferreira

LBV É AÇÃO

EVENTO ON-LINE

18o Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da LBV Neste período em que as relações foram tão impactadas pela atual crise sanitária, crianças refletiram sobre como a verdadeira amizade se mantém mesmo à distância e compreenderam que ela deve ser construída com base nos melhores sentimentos que possuem. Sob o tema “A verdadeira amizade rima com Boa Vontade”, foi aberto, no dia 27 de março, o 18° Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da LBV, com


Reprodução BVTV

AMIZADE DO CRISTO JESUS Veja o recado das crianças contido nessa Música Legionária, gravada em quatro idiomas.

PORTUGUÊS (PT-BR) https://youtu.be/qr7jTKR3NYU

milhares de participantes do Brasil e do exterior, que acompanharam sua programação pela Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e aplicativo Boa Vontade Play). O encontro teve como slogan “Amizade nascida no ideal eterno do Bem não se desfaz nunca”, pensamento de autoria do educador José de Paiva Netto, diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV) e criador do fórum, cujo nome é uma homenagem aos Soldadinhos de Deus, da LBV, forma como carinhosamente são chamados os meninos e as meninas na Instituição. O evento, que é anual, tem como público-alvo crianças atendidas nas unidades socioeducacionais da Entidade, as que participam das Aulas de Moral Ecumênica (AMEs) nas Igrejas Ecumênicas da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo e as interessadas no assunto. O objetivo desse espaço é promover o protagonismo infantojuvenil, mobilizando a garotada a utilizar a criatividade, a aprender e a refletir acerca de assuntos atuais da sociedade, incluindo nas ações a vivência de valores espirituais, éticos e ecumênicos.

ESPANHOL https://youtu.be/Ywg6_ZKeRh8

INGLÊS https://youtu.be/cZqBUb2vclE

PORTUGUÊS (PT-PT) https://youtu.be/hCr-VwCh4ug BOA VONTADE | 55


LBV É AÇÃO

LBV entrega 4 toneladas de doações no Acre gião. “Quero agradecer imensamente à LBV por acreditar na nossa iniciativa e nos repassar quatro toneladas de alimentos e materiais de limpeza e também pela satisfação de saber que a campanha SOS Acre vai continuar, a LBV vai continuar sendo nossa parceira. Tenho certeza de que essa doação vai chegar a quem está precisando neste momento”, declarou a dra. Kátia Rejane, representante do órgão. A TV Rio Branco (afiliada do SBT) e a Rede Amazônica Rio Branco (Rede Globo) registraram a ação solidária da Legião da Boa Vontade. Para conferir a reportagem desta última, acesse o link: https://bit.ly/3rljEr6. Tiago Teles/Ascom MP-AC

A campanha emergencial LBV — SOS Acre arrecadou quatro toneladas em doações — dentre as quais 5.400 itens de primeira necessidade, como água potável, cestas de alimentos e produtos de limpeza e de higiene — para famílias que, além de terem sofrido com fortes chuvas em março, têm enfrentado o surto de dengue, a crise migratória na fronteira com o Peru e o agravamento da pandemia do novo coronavírus no Estado. Os donativos foram entregues, no dia 17 de março, à Procuradoria Geral da Justiça de Rio Branco, que fez o repasse às famílias atendidas nas cozinhas e nos abrigos comunitários da re-

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BV

O Sistema Único de Saúde (SUS) de Rondônia está em esgotamento. O Estado vive o período mais difícil desde o início da pandemia, assim como outras cidades e capitais do país. A LBV, desde março de 2020, está atuando, em sua unidade em Porto Velho, de forma intensificada, auxiliando não só a família de seus atendidos, bem como as cadastradas por 14 entidades parceiras, com a entrega de cestas de alimentos e de kits de limpeza e de higiene. De forma emergencial, por conta do avanço da Covid-19, a Instituição entregou, ao longo do mês de março, 1.000 kits de limpeza e de higiene, além dos atendimentos que já tem prestado. Dessa forma, cerca de 3 mil pessoas foram beneficiadas.

Ao longo do mês de março, por seu trabalho sério e de ampla capilaridade, a Legião da Boa Vontade contou com importante colaboração da Azul Linhas Aéreas. A empresa destinou, a várias unidades da Instituição espalhadas pelo Brasil, lanches que, por causa da pandemia, não poderiam ser oferecidos aos passageiros. Entre as cidades contempladas constam Belém/PA, João Pessoa/PB, Maceió/AL, Manaus/AM, Salvador/BA e Cuiabá/MT. Somente nesta última, o Centro Comunitário de Assistência Social da LBV recebeu, em 20 de março, 41.400 unidades de biscoitos de polvilho salgado e 600 unidades de refrigerante. A ação contou com o apoio da 13a Brigada de Infantaria Motorizada do Exército Brasileiro, que colaborou na logística de entrega dos itens até a Entidade. Em nome de todas as famílias beneficiadas, a LBV agradece aos envolvidos nesta parceria solidária com a Azul.

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Arquivo BV

Ajuda à população de Porto Velho/RO

LBV recebe apoio de peso da Azul Linhas Aéreas


Arquivo BV

LBV É AÇÃO

Danilo Parmegiani, representante da LBV nas Nações Unidas, durante a 65a Sessão da Comissão sobre a Situação das Mulheres, ocorrida em Nova York

LBV na 65a Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, da ONU A Legião da Boa Vontade marcou presença, como faz há anos, na mais recente Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU). Neste ano, o evento chegou à sua 65ª edição e ocorreu, entre os dias 15 e 26 de março, no formato híbrido, com a maior parte das atividades sendo realizada virtualmente. Chefes de Estado, delegações governamentais, agências especializadas da ONU e organizações da sociedade civil discutiram os avanços e os desafios enfrentados pelo público feminino em todo o mundo, tendo o seguinte tema prioritário: “A participação plena e efetiva das mulheres e a tomada de decisões na vida pública, bem como a eliminação da violência, para alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento”. 58 | BOA VONTADE

A LBV, acompanhando as discussões, compartilhou sua experiência com os participantes, trazendo exemplos de como tem atuado neste período de pandemia. O relatório encaminhado pela Instituição para a CSW pode ser lido neste link: https://bit.ly/3tOSiLv.

LBV NA ONU A Legião da Boa Vontade faz parte da sociedade civil brasileira com status consultivo geral no Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas (Ecosoc/ONU) desde 1999 e é associada, desde 1994, ao Departamento de Comunicação Global da ONU. Essa condição lhe permite participar e contribuir para a discussão dos temas de desenvolvimento propostos pelo organismo internacional e seus países-membros.


Vivian R. Ferreira

Medalha de prata entre dois milhões de participantes

Vitória Aparecida Alves dos Santos, aluna da 3a série do Ensino Médio, do IEJPN.

Arquivo pessoal

Os educadores da LBV sempre incentivam suas alunas a se lançarem às profissões em que desejam atuar.

A aluna Vitória Aparecida Alves dos Santos, da 3a série do Ensino Médio, do Instituto de Educação José de Paiva Netto, ganhou Medalha de Prata na Olimpíada Nacional de Ciências, edição de 2020. O resultado foi anunciado no início do mês de março e encheu a gente de orgulho: significa o ingresso de mais mulheres com destaque nas áreas das ciências – uma preocupação sempre presente entre os educadores da LBV, para instigar as meninas a se lançarem às profissões em que desejam atuar, mesmo que majoritariamente ainda formada por homens.

LBV nas redes Instagram/Reprodução BV

BOA VONTADE | 59


O ensino de qualidade do Instituto de Educação José de Paiva Netto (IEJPN), aliado ao empenho dos estudantes, renderam o ingresso de Diego Rodrigues dos Santos e de Raul Souza Salgueiro nos cursos de Arquitetura e Farmácia, respectivamente, da Universidade de São Paulo (USP). O curso de Arquitetura tem 28,6 candidatos por vaga; e o de Farmácia, 9,9 inscritos concorrendo ao ingresso. Mais de 130 mil jovens realizaram a prova para conquistar o pleito, sendo 10 mil destes na condição de treineiros. Nossos parabéns ao Diego e ao Raul pela dedicação, extensivos a todos os demais alunos que também se dispuseram a esse grande desafio!

Diego Rodrigues dos Santos, ex-aluno do IEJPN.

Raul Souza Salgueiro, ex-aluno do IEJPN.

Arquivo pessoal

Alunos da escola da LBV aprovados na Fuvest

Arquivo pessoal

Marcos Santos

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