#274 BOA VONTADE

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Em seu artigo “Homenagem aos Pais de Boa Vontade”, Paiva Netto afirma: “A felicidade segura de uma família depende do bem-estar de todas”.

ANO 66 • No 274 • AGOSTO/2022

LBV: há mais de 72 anos

Na luta permanente

contra a

FOME e a miséria • 33 milhões de pessoas acordam todos os dias sem saber se vão se alimentar (Rede Penssan) • LBV fortalece seu trabalho para levar comida à mesa de quem mais precisa e educação na vida dos vulneráveis DESEQUILÍBRIO INSUSTENTÁVEL Em entrevista exclusiva, o economista Sérgio Besserman alerta para a crise climática sem precedentes que a humanidade enfrenta


Oração dedicada aos pais Paiva Netto Vamos elevar o nosso pensamento a Deus, ao Pai Celestial. Pedir a Ele a proteção para os pais terrenos. Na dor, no sofrimento, na guerra, a primeira invocação que se ouve por parte dos que padecem é o nome daqueles que os geraram. Agora, vamos orar a Prece Ecumênica de Jesus, a Oração do Senhor deste planeta, que se encontra no Seu Evangelho, segundo Mateus, 6:9 a 13.

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Pai Nosso, que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome. Venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a Vossa Vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia dai-nos hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoarmos aos nossos ofensores. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, porque Vosso é o Reino, e o Poder, e a Glória para sempre. Amém!


TRATADO DO NOVO MANDAMENTO DE JESUS A Espiritualmente Re volucionária Ordem Su prema do Divino Mestre repr esenta o diferencial da Le giã o da Boa Vontade e é a base de todas as suas ações de promoção espiritual, socia l e humana, pela força do Amor Fraterno, por Ele trazid o ao mundo. Ensinou Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Es 13:34 tadista: “ Novo Mandamento vos do u: am aivo s com o Eu 13:35 vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos, se tiverdes o mesmo Amor uns pelos outros. 15:7 Se permanecerdes em mim e as minhas palavras em vós permanecerem, pedi o qu e quiserdes, e vos será 15:8 con ced ido. A glória de meu Pai está em que deis muito fruto; e ass im sereis meus discípulos. 15:10 Se guardardes os meus mandamentos, permanec ereis no meu Amor; assim como tenho guardado os mandam ent os de meu Pai e permaneço no Seu Amor. 15:11 Tenho-vos dito estas coisas a fim de que a minha alegri a esteja em vós e a vossa ale gria seja completa. 15:12 O meu Mandamento é est e: que vos ameis como Eu vos tenho amado. 15:13 Não há maior Amor do que doar a pró pria vida pelos seus amigos. 15:14 E vós sereis meus amigos se fize rde s o que Eu vos mando. 15:17 E Eu vos mando isto: am ai-vos como Eu vos amei. 15:15

Já não mais vos chamo ser vos, porque o servo não sab e o que faz o seu senhor; ma s tenho-vos chamado amigo s, porque tudo quanto aprendi com meu Pai vos tenho dado a con hecer. 15:16 Não fostes vós que me esc olhestes; pelo contrário, fui Eu que vos escolhi e vos design ei para que vades e deis bo ns frutos, de modo que o vosso fruto permaneça, a fim de que tud o quanto pedirdes ao Pai em meu no me Ele vos conceda. 15:17 E isto Eu vos mando: que vos ameis como Eu vos ten ho amado. 15:9 Porquanto, da mesma forma como o Pai me am a, Eu também vos amo. Perman ecei no meu Amor”. (Tratado do Novo Mandame nto de Jesus, reunido por Pai va Netto, consoante o Santo Evange lho do Cristo de Deus, segund o João, 13:34 e 35; e 15:7, 8, 10 a 17 e 9.)



SUMÁRIO

Revista apolítica e apartidária da Espiritualidade Ecumênica ANO 66 • EDIÇÃO 274 • AGOSTO/2022 Edição fechada em 1/8/2022 BOA VONTADE é uma publicação da LBV, lançada pela Editora Elevação. Registrada sob o no 18.166 no livro “B” do 9o Cartório de Registro de Títulos e Documentos de São Paulo.

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DIRETOR E EDITOR RESPONSÁVEL: Francisco de Assis Periotto — MTE/DRTE/RJ 19.916 JP CHEFE DE REDAÇÃO: Rodrigo de Oliveira — MTE/DRTE/SP 42.853 JP COORDENAÇÃO-GERAL DE PAUTA: Gerdeilson Botelho SUPERINTENDÊNCIA DE MARKETING E COMUNICAÇÃO: Gizelle Tonin de Almeida EQUIPE ELEVAÇÃO: Adriane Schirmer, Carolina Salomão, Cida Linares, Leila Marco, Leilla Tonin, Mariane de Oliveira Luz, Mário Augusto Brandão, Neuza Alves, Nicholas de Paiva, Vivian R. Ferreira, Walter Periotto, Wanderly Albieri Baptista, Wellington Carvalho de Souza e William Luz. CAPA E PROJETO GRÁFICO: Helen Winkler DIAGRAMAÇÃO: Diego Ciusz e Helen Winkler FOTO DE CAPA: Lucas Rodrigues ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA: Rua Doraci, 90 • CEP 01134-050 • Bom Retiro • São Paulo/SP • Tel.: (11) 3225-4971 • Caixa Postal 13.833-9 • CEP 01216-970 Internet: boavontade.com E-mail: info@boavontade.com

6 Mensagem de Paiva Netto

Homenagem aos Pais de Boa Vontade

A revista BOA VONTADE não se responsabiliza por conceitos e opiniões em seus artigos assinados. A publicação obedece ao elevado propósito de estimular o debate dos temas relevantes brasileiros e mundiais e de refletir as tendências do pensamento contemporâneo.

16 Biosfera

Desequilíbrio insustentável

24 Campanhas

LBV na luta contra a fome

40 Mês dos pais

CANAIS DA LBV NA INTERNET

Paternidade responsável

www.lbv.org.br

52 Cultura

Facebook: LBVBrasil Youtube: LBV Videos Instagram: LBVBrasil Twitter: @LBVBrasil

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• ABL completa 125 anos (p. 52) • Sucesso literário (p. 56)

60 LBV é ação

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MENSAGEM DE PAIVA NETTO

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Vivian R. Ferreira

PAIVA NETTO ESCREVE

Homenagem aos Pais de boa vontade


João Preda

MENSAGEM DE PAIVA NETTO

JOSÉ DE PAIVA NETTO é escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno”.

Fotos: Reprodução BV

M Alziro Zarur

João Evangelista

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inhas Amigas e meus Irmãos, minhas Irmãs e meus Amigos, completei, em 29 de junho deste ano, 66 anos de atuação legionária da Boa Vontade. Em todas essas décadas, temos procurado, de maneira universal, inspirar nossas palavras nos Sagrados Preceitos do Cristo Ecumênico, o Divino Estadista. É dessa forma abrangente que compreendemos

o Jesus liberto de preconceitos e tabus e Seus Ensinamentos Redentores, isto é, acima de idiossincrasias ou atavismos grosseiros. Um Jesus sem algemas. Em Jesus e a Cidadania do Espírito (2001), escrevi: Exemplificando que a Boa Vontade é o elo de sapiência que nos une como seres espirituais e terrenos, porque a vida na Terra começa no Céu, exponho nos meus escritos e palestras a visão de tanta gente dos incontáveis redis religiosos, políticos, científicos, filosóficos, artísticos e, universalizando, do pensamento criador. Porquanto existe um fio de Ariadne*1 que, se fielmente observado, nos livra da terrível escuridão da caverna do insaciável Minotauro, da Ilha de Creta da submissão e do sacrifício humano, conduzindo-nos até à claridade que nos liberta do cativeiro da ignorância que, de uma forma ou de outra, nos oprime a todos. Esse fio de Ariadne é o Novo Mandamento de Jesus — “Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos” (Evangelho, segundo João, 13:34 e 35) —, a respeito do qual eu já afirmei ser o fio milagroso que une as partes anacronicamente separadas do organismo sociedade. Alziro Zarur (1914-1979), saudoso fundador da Legião da Boa Vontade, o definiu como o “Denominador Comum”, em que é possível a todas as pessoas confraternizarem.

*1 O fio de Ariadne e o Minotauro — O escritor Paiva Netto sintetiza essa história na obra Somos todos Profetas (1991), que, em 2 de julho deste ano, recebeu sua novíssima edição, revista e ampliada pelo autor: De acordo com a mitologia grega, Ariadne era filha de Minos, rei de Creta, um governante cruel que, tendo subjugado Atenas pela força, exigia anualmente o envio de sete rapazes e sete moças atenienses para serem oferecidos em sacrifício ao Minotauro. Esse monstro mítico tinha cabeça de touro e corpo de homem e era mantido pelo tirano em um labirinto tão complexo, que dele ninguém podia escapar. Conta a lenda que um jovem herói ateniense chamado Teseu, filho do monarca Egeu e de Etra, princesa de Trezena, juntou-se àqueles que iam ser sacrificados a fim de matar o Minotauro e salvar os companheiros. Estando Teseu em Creta, Ariadne apaixonou-se por ele e deu-lhe um novelo de linha para que o fosse desenrolando ao entrar no labirinto e pudesse achar, depois, o caminho de volta. Teseu matou o Minotauro e fugiu de Creta, levando a princesa, mas abandonou-a na ilha de Naxos, onde ela, mais tarde, veio a se casar com Dionísio, o deus do vinho na mitologia grega.


PERMANENTE VIVÊNCIA DO AMOR FRATERNO NO LAR

— Temos de preservar os valores maiores de nossas vidas, que são os sentimentos de maternidade, paternidade, de família, entre todos. Fazendo isso, mereceremos sempre a proteção dos Espíritos de Deus, que amparam e equilibram o ambiente de

A ceia em Emaús, na concepção de Carl Bloch.

higiene espiritual junto ao planeta Terra (...). — Não há Religião firme sem o envolvimento da família (...). — Se atingirmos o equilíbrio familiar, levaremos o mesmo equilíbrio para a vida diária, para o trabalho, para as relações interpessoais (...). — Reflitamos sobre os compromissos individuais e coletivos de nossas famílias. Acertadas as diferenças, conseguimos alimentar ainda mais a maravilha da realização com Deus (...). — Unir nossos entes queridos, parentes ou não, num gesto fraternal perene, na condução, no crescimento de nossas crianças, é ato moral, digno, diante do Pai que está no Céu. O Criador apoia aqueles que harmoniosamente inflamam o seio do Lar no Amor, na Solidariedade e principalmente na Responsabilidade da vida.

Fotos: Reprodução BV

No segundo domingo do mês de agosto, comemoramos o Dia dos Pais no Brasil. Na Legião da Boa Vontade (LBV), consideramo-lo todos os dias, pois o Amor na família precisa ser constante. E, nessa ocasião especial, firmados na súplica do Divino Mestre, em Sua Prece Ecumênica do Pai-Nosso, não nos podemos esquecer de homenagear, inicialmente, o maior de todos os pais: o Celestial. Ao dedicar algumas linhas aos heróis que pelo mundo desempenham bem o seu papel de educar os filhos, faço-o com muito carinho. Minha saudação é extensiva aos que não mais se encontram neste orbe, visto que habitam agora o Plano Espiritual, como meu querido pai, Bruno Simões de Paiva (1911-2000). A morte não interrompe a Vida. Na Terra ou no Céu da Terra continuamos a trilhar a Existência Eterna. Por exemplo, o nobre Dr. Bezerra de Menezes — que coordena a Revolução Mundial dos Espíritos da Luz no Plano da Verdade — viveu, em sua última reencarnação no Brasil, de 29 de agosto de 1831 a 11 de abril de 1900. Nem por isso deixou de permanecer vivo, porquanto, verdadeiramente, os mortos não morrem. Razão por que aqui comparece com extratos de suas mensagens psicografadas a respeito do valor da família, durante reuniões do Centro Espiritual Universalista, o CEU da Religião Divina, por intermédio do Sensitivo Cristão do Novo Mandamento Chico Periotto:

Bruno Simões de Paiva

Dr. Bezerra de Menezes

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John Ruskin

Honoré de Balzac

Victor Hugo

Cuida da família e o mundo será mais feliz! E a mulher, com o seu espírito maternal, realiza o ensejo da relevância da existência na Terra e do Progresso Espiritual valoroso (...). — Oremos por nosso Brasil e pela humanidade, fortalecendo a Instituição chamada ser humano, a Organização chamada família, porque os povos da Terra sentirão a necessária convivência dos polos diferentes: é a Cultura de Deus, é a universalidade dos Espíritos. Em suma, o Cristianismo Ecumênico.

A ESPIRITUALIDADE ECUMÊNICA E O PROTAGONISMO DE NOSSOS FILHOS Respeitada a Hierarquia Divina, as Bênçãos do Criador recairão sobre aqueles que, dia a dia, se empenham a fim de que nada falte aos seus filhos — carnais ou do coração —, incluído o direito de agirem por si mesmos; alertados, porém, de que cada ato produz o efeito correspondente. E nisto consiste a glória dos pais: prepará-los devidamente para a vida. Não devemos educar as novas gerações com pendor ao asqueroso vício da impunidade. Quando todos querem, de qualquer forma, sair lucrando, sempre chegará o momento em que ninguém desfrutará de ganho algum, pois se terão ido, além dos anéis, os dedos. O povo é uma permanente surpresa. E aí reside um dos fatores da violência: “Pode fazer isso. Não vai dar em nada mesmo...”. Será? Eis a cultura da inconsequência. John Ruskin (1819-1900), um dos mais importantes críticos e pensadores ingleses da arte no século 19, argumentava: — Fazer com que suas crianças sejam capazes de ser honestas é o começo da boa educação.

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Vivian R. Ferreira

Fotos: Reprodução BV

MENSAGEM DE PAIVA NETTO

São Paulo/SP

Por essa razão, o combate à conduta doentia de se tirar proveito de tudo, sob qualquer pretexto, é a defesa de uma sociedade saudável, porquanto o que atinge o destino da família contamina um Estado inteiro. E vice-versa. A Democracia é o regime da responsabilidade. Em seu livro O Cura da Aldeia, Honoré de Balzac (1799-1850), autor de A Comédia Humana, escreveu: — Perdendo a solidariedade das famílias, a sociedade perdeu essa força fundamental que Montesquieu descobrira e chamara a Honra. Aliás, aos que asseguram ser as bases da coletividade mundial apoiadas somente na ação direta do indivíduo, esta afirmativa do formidável Victor Hugo (1802-1885):


Kauã Roger

Izabela Lobianco

— Toda doutrina social que visa destruir a família é má e, de mais a mais, inaplicável. (...) Quando se decompõe uma sociedade, o que se encontra como resíduo final não é o indivíduo, mas sim a família. Por sua vez, registrou o notável Rui Barbosa (1849-1923), em seu “Discurso no Colégio Anchieta”, em dezembro de 1903:

uma desestudada permuta de abnegações, um tecido vivente de almas entrelaçadas. Multiplicai a célula, e tendes o organismo. Multiplicai a família, e tereis a pátria. Sempre o mesmo plasma, a mesma substância nervosa, a mesma circulação sanguínea. Os homens não inventaram, antes adulteraram a fraternidade, de que o Cristo lhes dera a fórmula sublime, ensinando-os a se amarem uns aos outros.

A pátria é a família amplificada. E a família, divinamente constituída, tem por elementos orgânicos a honra, a disciplina, a fidelidade, a benquerença, o sacrifício. É uma harmonia instintiva de vontades,

O que inspira a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico*2, que propomos, em seu sentido supino, é, além de um sentimento de Alma elevado, uma estratégia política, igualmente

Pedro Velho/RN

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Campinas/SP

Rui Barbosa

*2 Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico — Vanguardeira linha pedagógica, que propõe um modelo novo de aprendizado, o qual alia cérebro e coração. Para as crianças de até 10 anos desenvolvemos a Pedagogia do Afeto, e, voltada à Educação de adolescentes e adultos, a Pedagogia do Cidadão Ecumênico. Criada pelo educador Paiva Netto, essa proposta educacional é aplicada com sucesso na rede de ensino da LBV e nos serviços e programas socioeducacionais desenvolvidos pela Legião da Boa Vontade.

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MENSAGEM DE PAIVA NETTO

Apenas com o Amor Fraterno — passe o tempo que necessário for e superados todos os percalços — será sustentada a relação entre pais e filhos (reiteramos, biológicos ou do coração), mulher e marido, avós e netos, tios e sobrinhos, enfim, sólida e indestrutível, porquanto a fortaleza dessa união estará sobre o mais sublime dos sentimentos solidários.

le que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a Quem não vê. Ora, temos, da parte Dele, este mandamento: aquele que ama a Deus ame também a seu irmão. (...) porque Deus é Amor. (Primeira Epístola de João, 4:20, 21 e 8). E essa lição de Jesus, anotada pelo Evangelista-Profeta, me faz recordar de um complemento feito pelo saudoso Irmão Alziro Zarur à palavra do Discípulo Amado: — E nada existe fora desse Amor.

compreendida na sua índole mais exalçada, em consonância com a Justiça Social, como uma Estratégia de Sobrevivência para o indivíduo, povos e nações. Os seres humanos — portanto, os cidadãos, entre eles os esperançosos jovens — são muito mais do que um saco de carne, ossos, músculos, nervos, sangue. Amam e sofrem. Sonham, desejam, constroem, frustram-se, e, apesar de tudo, prosseguem, vão em frente... Merecem, além de leis, respeito para que elas jamais constituam obscuros privilégios e possam ser cumpridas em benefício de todos.

RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS Apenas com o Amor Fraterno — passe o tempo que necessário for e superados todos os percalços — será sustentada a relação entre pais e filhos (reiteramos, biológicos ou do coração), mulher e marido, avós e netos, tios e sobrinhos, enfim, sólida e indestrutível, porquanto a fortaleza dessa união estará sobre o mais sublime dos sentimentos solidários. — Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aque12 | BOA VONTADE

Por conseguinte, também não se sustenta afastado desse Afeto, substância que percorre e mantém viva a Alma, como o sangue não permite que o corpo humano gangrene, ao levar vida a todas as suas partes. Na verdade, a luta é grande; os obstá­ culos, muitos. É um desafio que nos aponta a importância de cuidarmos para que não falte aos nossos filhos o alimento material. Todavia, não nos esquecendo, antes de tudo, de os saciar espiritualmente, conforme defendemos na Pedagogia do Afeto e na Pedagogia do Cidadão Ecumênico. E por que as chamamos assim? Ora, primeiro, porque o Ecumenismo é para isto: em vez de nos matarmos por causa de religião, de ciência, de ideologia, de filosofia, de política, de clubes de futebol, ou o que mais o seja, devemo-nos unir ecumenicamente. Precisamos seguir em frente sem levar em consideração se a pessoa é negra, branca, amarela, mestiça — aliás, toda a população terrena é mestiça — e levantar quem estiver caído na vala comum da miséria física, social, moral ou espiritual. Esse é o Ecumenismo sem fronteiras que pregamos. Segundo, porque de Afeto andam carecendo os povos por todo o mundo.


Vivian R. Ferreira

Continua faltando Humanidade à humanidade. Você está rindo dessa argumentação? Perdeu a fé nas criaturas? Desistiu de usar sua inteligência em prol de tempos melhores? Então, não se queixe da violência. E não haverá muro ou cerca eletrificada que possa salvá-lo, ou salvá-la, dessa grosseria que apavora as ruas, porquanto a violência pode estar dentro da sua própria casa. Aliás, basta assistir aos noticiários e veremos como a violência endêmica vem soterrando a sociedade. Daí a urgência do bom relacionamento na família, que é a base de uma nação. Temos de propagar a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, porque, fortalecidos no seu caráter, convictos de que habitamos um único planeta, nossos jovens se tornarão imbatíveis nos assuntos que merecem o respeito e a decisão de todos. Alcançarão as vitórias que

tanto almejamos para eles, assim como para os filhos de outros pais. A felicidade segura de uma família depende do bem-estar de todas. O Amor, ou, lamentavelmente, a dor, ensinará essa verdade à consciência das multidões, no transcurso das épocas. Que nossos filhos estejam bem-vestidos, alimentados, nutridos, medicados quanto se fizer preciso. Mas, acima de tudo, protegidos das más influências espirituais e psíquicas, que fatalmente resultam nos males físicos e sociais. Para a reflexão de vocês, reproduzo comovente mensagem de autoria de W. Livingston Larned, que ficou famosa na interpretação magistral do radialista, jornalista, poeta e filósofo brasileiro Alziro Zarur. Meditemos em profundidade sobre as palavras de um pai que, estremecido, ob-


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MENSAGEM DE PAIVA NETTO

serva seu querido filho — que dorme na inocência natural e confiante das crianças — e reconhece que não pode permitir que a rigidez na criação, até certo ponto necessária, sufoque os laços de Amor que aproximaram dele, pai, o Espírito que habita o corpo daquele pequenino. Lembremos sempre que há Vida antes da vida.

MEU FILHO É UMA CRIANÇA “Ah, meu filhinho! Eu te falo enquanto dormes. A mãozinha encolhida debaixo do rosto e o cachinho úmido, caído sobre a tua testa. “Há poucos minutos, quando no meu gabinete lia o jornal, uma onda terrível de remorso tomou conta de mim. Reconhecendo-me culpado, vim para o teu lado, meu filhinho. “Vou dizer-te, filho, o que estive pensando. “Na verdade, tenho sido exigente de14 | BOA VONTADE

mais para contigo. Eu te repreendo quando estás te vestindo para ir à escola, só porque não enxugaste direito o rostinho com a toalha. “Eu te censuro, só porque os teus sapatinhos não estão completamente limpos. “Chamo a tua atenção com aspereza e até com raiva, quando jogas alguma coisa tua no chão. “À hora do café, encontro faltas ainda e reclamo que desperdiças as coisas, comes com pressa, pões os teus cotovelinhos na mesa, passas manteiga demais no teu pão. “Vivo o tempo todo a ralhar contigo, meu filho. “E quando sais para brincar, e eu vou para tomar o meu ônibus, levantas a mãozinha, acenas com gesto de amizade e dizes: ‘Até logo, papai!’ “E eu, na eterna mania de te repreender, franzo a testa e respondo: Endireita os ombros!


“E quando volto à tardinha, recomeço a minha ranzinzice; sempre exigências e mais exigências. “Quando subo a estrada, venho te espiando. Vejo-te de joelhos, jogando bola de gude com os teus amiguinhos, descubro um buraco na tua meia; diante dos teus companheiros, te humilho, te dou ordens para seguir à minha frente para casa; que as meias custam muito dinheiro, se tivesses que pagar por elas, saberias ser mais cuidadoso. “Imagina só, meu filhinho adorado, tudo isto de um pai para um filho. “Lembras-te de mais tarde quando eu estava no gabinete lendo, como vieste timidamente com uma espécie de mágoa brilhando nos teus olhinhos, quando olhei para o jornal, aborrecido com a interrupção, ficaste hesitando na porta, e eu disse intempestivamente: que você quer? “Não disseste uma única palavra, mas correste para mim, passaste os bracinhos no meu pescoço e me beijaste. Os teus bracinhos me apertaram com o afeto que Deus colocou florescente no teu coraçãozinho, e que mesmo com toda a minha negligência não pôde fenecer. E te foste, aos pulinhos, escada acima para dormir. “Bem, meu filho, logo depois deixei o jornal cair. “Um receio doentio me invadiu o coração. Que vantagem para mim vinha ensejando o meu modo de te maltratar, pensando te educar? Descobrir tuas faltas, repreender-te pelas mínimas coisas, era a minha recompensa para ti, meu filho, por seres uma criança? Não era porque não te amasse, era porque queria exigir demais da tua infância. Eu te estava medindo com as jardas dos meus próprios janeiros. “E no teu caraterzinho há tanto de bom, de meiguinho, de verdadeiro. Teu coração é tão grande como a própria aurora

quando desponta sobre a grande montanha. Melhor demonstração de tudo isto não podias dar do que, apesar de tudo e depois de tudo, correndo para mim e beijando-me carinhosamente ao dizer-me: ‘Boa-noite!’ “Ah, meu filho! Hoje nada mais importa. “Deixei tudo, vim para o teu lado no escuro, e aqui estou ajoelhado, envergonhado diante de ti, cheio de remorso. “Esta é uma fraca reparação. “Mas, meu filhinho, amanhã eu serei um verdadeiro papai. Serei um companheiro teu. Quando sofreres, eu sofrerei. Quando te rires, eu me rirei. Morderei minha língua quando vierem palavras de impaciência, pois eu me conservarei repetindo como se fosse um ritual: ‘Meu filhinho ainda é uma criança, uma pequenina criança’. “Estou receoso de te haver encarado como um homem, filhinho. Entretanto, quando te vejo agora, todo encolhidinho, despreocupado na tua caminha, entendo que realmente és apenas uma criança. Ainda ontem estavas nos braços de tua mamãe, com a cabecinha recostada no seu ombro. Ah, meu filho, eu estava exigindo muito de ti, muito, muito! “Que Deus me perdoe!” Que haja, para todo o sempre, o Amor de Deus a unir pais e filhos, a engrandecer as famílias. É a salvação da Terra. Como poetizava Zarur: — O Amor é todo o encanto da vida. A vida sem Amor não vale nada. Feliz Dia dos Pais com Jesus!

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BIOSFERA

Desequilíbrio insustentável Em entrevista exclusiva, o economista Sérgio Besserman afirma que a humanidade vive uma crise climática sem precedentes e que ela só será vencida se houver empatia e cuidado com os mais pobres e vulneráveis LEILA MARCO E ALAN LINCOLN


Divulgação

Sérgio Besserman, economista, coordenador estratégico do Climate Reality Project — Brasil e curador de clima e sustentabilidade do Museu do Amanhã.

N

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ão é de hoje que cientistas de todo o planeta chamam a atenção para os dados alarmantes da crise climática. Os relatórios do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), a exemplo do último, divulgado em 4 de abril deste ano, ressaltam o incremento das concentrações de gases de efeito estufa e a relação disso com o aumento das altas temperaturas, de chuvas mais intensas e inundações, bem como de secas prolongadas e de enchentes em regiões costeiras, ocasionadas em parte pelo avanço do nível do mar. Para falar desse tema, que é de extrema urgência, a revista BOA VONTADE conversou com o economista Sérgio Besserman, coordenador estratégico do Climate Reality Project — Brasil*1 e curador de clima e sustentabilidade do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro/RJ. Entre seus focos de atuação e pesquisa estão Economia do Meio Ambiente, Desenvolvimento

*1 The Climate Reality Project é uma organização global fundada em 2006 pelo ex-vice-presidente dos EUA e Nobel da Paz Al Gore. Tem como missão catalisar uma solução global para a crise climática, tornando a ação urgente uma necessidade em todos os setores da sociedade. Por isso, recruta, treina e mobiliza pessoas para se tornarem ativistas poderosos, providenciando as habilidades, campanhas e recursos para demandar ações climáticas ambiciosas e políticas de alto nível que aceleram uma justa transição para uma economia de baixo carbono. No Brasil, a entidade é representada pelo Centro Brasil no Clima desde 2016 e conta com mais de 1.200 líderes da Realidade Climática. BOA VONTADE | 17


BIOSFERA

Econômico Sustentável, História do Aquecimento Global e Mudanças Climáticas. No bate-papo, Besserman foi categórico ao destacar que, para atenuar essa catástrofe ambiental que se avizinha, necessária se faz uma mudança profunda e imediata na forma como nos relacionamos como sociedade. Ele adverte que, apesar de esses efeitos serem sentidos por todos, o impacto deles ganha maior intensidade, gerando enorme sofrimento, naqueles que são mais pobres e vulneráveis, hoje já afetados com a insegurança alimentar, moradias precárias, transportes coletivos ineficientes e a falta de acesso à internet de qualidade. Segundo o ambientalista, as implicações desse momento singular que vivemos exige uma transformação de mentalidade, em que o bem-estar social da população seja prioridade: “Não podemos perder o direito à dignidade humana. É preciso enfrentar esses grandes desafios e cuidar daqueles que precisarão de mais proteção”. BOA VONTADE — Professor, para que possamos ter uma mudança de com-

“Uma sociedade cresce quando homens e mulheres plantam árvores que eles nunca chegarão a ver a sombra, plantam para os filhos, para os netos, para todos, mas nós nunca fizemos isso. Cada geração viveu a sua vida, depois, a geração seguinte que vivesse a sua. Agora não dá mais [para agir assim].”

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portamento da humanidade, um olhar distinto quanto à preservação do meio ambiente, reduzir ou zerar a emissão de carbono é o caminho? Ele é longo? Sérgio Besserman — É uma alegria estar aqui com vocês novamente. Vou tentar responder da forma simples, pois o assunto é bem complexo e a resposta é sim e não, ao mesmo tempo. É sim, porque dispomos de todo o conhecimento necessário para isso, mas já não é mais possível evitar problemas, tanto no clima como na extinção da vida, das espécies. Nós iremos extinguir, matar, 20% das espécies do planeta, se tudo der certo... Talvez até menos, quem sabe, com o sequenciamento genômico, zoológicos do mundo inteiro deixando de ser só de visitação, ou mesmo diminuindo um pouco [a quantidade de público] — ninguém precisa conhecer pessoalmente uma girafa em um jardim zoológico, ou um hipopótamo; pode fazer isso pela internet. Com isso, os jardins zoológicos passariam a se dedicar, todos eles, com o seu pessoal maravilhoso e a sua infraestrutura, à proteção das espécies ameaçadas, a exemplo do lobo-guará, da ararinha azul etc. O mesmo ocorre com o clima, [a meta de limitar] a temperatura média global a menos de 1,5ºC [em relação aos níveis pré-industriais] está difícil. Já chegamos a 1,1ºC, que está trazendo várias problemáticas, especialmente para os mais pobres, e a gente está assistindo a isso nos noticiários, a problemas que nunca tínhamos visto antes. Neste momento, há uma onda de calor na Índia, um país com 1,3 bilhão de habitantes, em que a temperatura está em torno dos 52°C. Isso nunca havia acontecido antes. BV — Pode nos dar mais detalhes dessa necessária virada sustentável? Sérgio Besserman — Temos todo o conhecimento, as tecnologias mais modernas e também recuperamos os saberes dos nossos


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povos indígenas, no Brasil, de quilombos, de pessoas que vivem em contato com a Natureza. Que conhecimento é esse que perdemos e a Ciência só resgatou há 30 anos? De que não somos donos da Terra, não somos sequer hóspedes, mas, sim, parte da vida do planeta e dependemos dela do mesmo jeito que ela também está relacionada a nós. A boa notícia é que sabemos como fazer o reflorestamento para sequestrar o carbono e recuperar a vida, sem diminuir a produção de alimentos; pelo contrário, aumentando. Existem outras tecnologias, como a energia solar, que hoje é mais barata do que as que aquecem o orbe, a energia eólica, que está se tornando mais acessível, e essas tecnologias vão continuar evoluindo e ajudando a reduzir a desigualda-

de, sempre atentos para a chamada “justiça climática”, para proteger quem está mais vulnerável no início do processo todo. Isso é um mundo melhor, com mais compaixão e mais empatia, é o lado “sim”. Agora, o “não” já sabemos há pelo menos 30 anos, desde a Rio92*2. Na época, já tínhamos modos de começar a resolver. No entanto, não o fizemos, mas a consciência ecológica aumentou, [principalmente a dos] jovens. A mídia divulga, e vocês [da LBV] fazem esse trabalho nas redes sociais, que a juventude está muito antenada, está mudando hábitos alimentares, de transporte... O drama da pandemia nos trouxe essa coisa do on-line que, sozinho, é ruim, porque a gente quer encontrar as pessoas, mas será que precisa mesmo, de manhã cedo

*2 Rio-92 foi a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, promovida no Rio de Janeiro/RJ, em 1992. O encontro teve desdobramentos relevantes para o cuidado do meio ambiente em esfera mundial, abrindo espaço para debates e iniciativas políticas, sociais e científicas que visam ao modelo de desenvolvimento ambientalmente sustentável. BOA VONTADE | 19


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BIOSFERA

pegar um ônibus e ir para o centro da cidade, aquecendo tanto o planeta? Aí, tem uma reu­ nião de uma hora e pega o ônibus... E é uma população de quase 8 bilhões de habitantes. Nós continuamos, todo ano, aumentando as emissões em vez de diminuí-las, o tempo está ficando curto. Uma sociedade cresce quando homens e mulheres plantam árvores que nunca chegarão a ver a sombra, plantam para os filhos, os netos, para todos, mas nós nunca fizemos isso. Cada geração viveu a sua vida, depois, a geração seguinte que vivesse a sua. Agora não dá mais [para agir assim]. Vamos conseguir fazer essa mudança? Isso será em um tempo mais longo? Isso é o próprio significado da consciência. BV — Por que é relevante, neste contexto globalizado, observarmos a questão da justiça climática, levar em consideração as camadas mais pobres da sociedade? 20 | BOA VONTADE

Sérgio Besserman — Essa pergunta é fundamental. Os impactos da crise ecológica global são graves, mas é possível evitar que eles sejam gigantescos. Só no ano passado, morreram pessoas na Alemanha, em porões, por conta de inundação, algo que os alemães achavam que não era possível se dar em um país tão desenvolvido; e uma onda de calor assolou a costa leste dos Estados Unidos e do Canadá, também provocando mortes. Neste ano, [temperaturas altas ocorreram] em uma cidade chinesa de quase 10 milhões de habitantes. O Rio de Janeiro sofreu com diversas enchentes, como nunca antes. Esses fatos irão se dar cada vez mais, além de problemas de saúde. O calor provoca enfartes, acidentes vasculares cerebrais, permite que a larva do Aedes aegypti se transforme em mosquito o ano inteiro. Há dez anos, a dengue [tinha uma maior incidência] de novembro a abril; agora, temos de lidar com dengue, zika, chikungunya, a febre do Mayaro o ano inteiro, pode até


estar muito frio, mas terá ali uns 15 dias, 10 dias, com calor suficiente para a larva eclodir e virar mosquito. Todos terão problemas, [tanto] a cidade mais rica dos Estados Unidos como a mais pobre da África, mas é diferente o impacto. Eu vou dar um exemplo bem simples: meus pais deixaram para mim e para os meus irmãos, Marcos, médico e pesquisador da Fiocruz, e Cláudio — o Bussunda do [programa] Casseta e Planeta — falecido, uma pequena casinha de condomínio na serra em Teresópolis/RJ. É muito bom, meu irmão Marcos mora lá. Se houver uma enxurrada mais forte que a usual e levar a casa, desde que o meu irmão não esteja lá, será chato, porque a perderemos, ele terá de morar em outro lugar, mas é vida que segue. Agora, se essa enxurrada leva a moradia de uma família em uma comunidade aqui do Rio de Janeiro, mesmo que ninguém morra na comunidade, onde as famílias são mais vulneráveis, três gerações serão afetadas (idosos, adultos, crianças...). Os adultos terão de trabalhar para refazer o que tinham; e as crianças perderão o dinheiro que poderia ter sido utilizado para a escola, para a saúde, para comprar roupa, livro, que será usado para reconstruir o imóvel. Então, é uma situação completamente diferente, e isso afeta a todos no planeta que sofrem com a desigualdade, com a pobreza e o racismo estrutural. BV — Essa realidade é ainda mais presente em países como o Brasil? Sérgio Besserman — Os exemplos brasileiros são melhores. Quando falta água ou luz, onde é que demora mais para voltar? Na zona sul do Rio de Janeiro ou em Belford Roxo? Nós vamos ter o Censo Demográfico realizado pelo IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] agora em 2022, importantíssimo para as políticas públicas, e saberemos, por exemplo, quantos lares são chefiados por mães solo. Acredito que dará

um número perto de 30% no Rio, maior no Brasil. Pense que essa mulher está trabalhando no centro do Rio de Janeiro e que a casa dela fica em Jacarepaguá, em um lugar onde inunda muito, como a comunidade do Anil e de Rio das Pedras. Aí, ela está voltando para a residência e ocorre uma dessas inundações, tão comuns na capital fluminense, mas que vão se tornar ainda mais frequentes, acontecerão o tempo todo e mais fortes do que antes. Ela está no ônibus e quer notícias dos filhos, porque sabe que o seu bairro inunda, e as crianças podem estar em casa, na creche, com uma amiga que toma conta delas... Imagine que haverá mais dificuldade para essa mãe ter notícias de seus filhos em uma situação de desastre ambiental. Esse e centenas de outros casos ressaltam a importância do assunto “justiça ambiental”. Não podemos perder o direito à dignidade humana. É preciso enfrentar esses grandes desafios e cuidar daqueles que precisam de mais proteção. BV — O que é economia verde e qual é a dimensão dela nesse momento crucial para os destinos humanos?

“(...) A consciência ecológica aumentou, [principalmente a dos] jovens. A mídia divulga, e vocês [da LBV] fazem esse trabalho nas redes sociais, que a juventude está muito antenada, está mudando hábitos alimentares, de transporte...”

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Sérgio Besserman — Economia verde é, na minha compreensão, um grande guarda-chuva no qual o verde entra mais como esperança e regeneração da Natureza, a fim de que as formas de fazer a produção, o consumo e a distribuição dos bens mudem, não apenas de tecnologias. Porque o desenvolvimento da civilização nos últimos 250 anos teve alguns aspectos espetaculares, a expectativa de vida aumentou tremendamente, a mortalidade infantil caiu bastante, descobrimos os antibióticos... Agora, com a pandemia, tivemos vacina em um ano e pouquinho, foi efetivamente uma conquista da humanidade. Mas, ao mesmo tempo, esse tipo de desenvolvimento, que nos trouxe tanto bem, gerou duas faixas de problemas: um é que certas coisas que pertencem a nós, humanos, deixaram de ser atendidas. Como uma aldeia indígena sofrendo tantas dificuldades, apesar de estar em harmonia com a Natureza, mas com muito menos recursos. Em um mundo de 22 | BOA VONTADE

quase 8 bilhões de habitantes, justo neste momento em que temos tantos recursos, estamos mais ricos, que existem tecnologias inimagináveis, quase um bilhão de pessoas vivem em insegurança alimentar e algumas centenas de milhões passam fome. Isso não é da nossa humanidade. Então, essa desigualdade tão grande, a pobreza que não precisava mais existir nesse nível, sugere também que esse tipo de desenvolvimento foi muito bom, e o que ocorreu de bom nele deve continuar, como a inovação tecnológica dinâmica, mas temos coisas para corrigir. Há alimentos pra todos. A fome hoje é falta de dinheiro ou de acesso aos produtos, não é de produção. Mas, além desses problemas sociais, esse desenvolvimento utilizou aquilo que a Natureza nos oferece de uma forma muito descuidada, até meio ofensiva. Ao contrário do que costumam pensar, o descuido com a Natureza não é uma dificuldade em si para ela, o tempo dela é outro, é de deze-


nas de milhões de anos, inimaginável pra nós. Para a Natureza, é assim: “Eu estou muito doente, porque têm esses humanos me usando sem nem mesmo respeitar o tempo que preciso para me recuperar”. Quem perde, digamos assim, é a Natureza do nosso tempo, porque, quando ficar boa, ela será outra. Já aconteceu dezenas e dezenas de vezes na história do planeta Terra. Ela muda. Antes era um dinossauro, depois viemos nós. A resiliência dela é a diversidade, a capacidade de se reerguer... Esse recado não tem sido ouvido pelos tomadores de decisão, pelos economistas, nós, economistas, costumávamos até teorizar de que era possível, sim, utilizar para todo o sempre a Natureza da Terra sem isso nunca causar problemas. Isso não tem nenhum sentido. E os desafios começaram a acontecer e a humanidade se movimentar... Ocorreu a Conferência de Estocolmo, em 1972; agora, a Estocolmo+50. Tivemos também a maior reunião de chefes de Estado de toda a história humana, no Rio de Janeiro, a Rio-92, e ali se firmou uma série de acordos. Todo ano tem reunião do clima, da biodiversidade, mas, na prática, nós continuamos a esquentar o planeta, a extinguir as espécies, há muita discussão, acordos, mas os interesses econômicos e políticos e os hábitos e a vida, olhando só para o dia seguinte, e não para daqui a 10, 20, 50 anos, fizeram com que a situação fosse se agravando cada vez mais. Então, economia verde é tudo, economia circular, bioeconomia, é reduzir as emissões de carbono, que talvez seja o principal a se fazer. BV — A economia mundial dependerá cada vez mais dessa nova visão? Sérgio Besserman — A crise tornou-se tão grave que não há possibilidade de haver crescimento econômico sem enfrentar esse desafio. Por quê? Se o sujeito constrói

mais termelétricas a carvão, usa mais petróleo, a crise agrava-se. Dois terços das reservas de petróleo do mundo já descobertas nunca poderão ser usados se quisermos manter a [temperatura média do orbe abaixo de] 1,5ºC até o fim do século. (...) Da mesma forma, não há combate à pobreza sem enfrentar a crise climática. Além do mais, se o planeta vai esquentando mais, todo mundo é impactado. Há um documen­ to do Banco Mundial que afirma que, por conta da crise climática, corremos o risco de perder todos os ganhos contra a pobreza nos últimos 20 anos. (...) Com 1,5ºC, 2ºC, o número de refugiados previstos para a segunda metade do século é da ordem de 350 milhões de indivíduos. Imagina! Bangladesh, um país pobre, 30% da população vai ter que se mudar. O município de São Gonçalo, na Baía de Guanabara, um pedaço grande dele será inundado pela elevação do nível dos mares, e assim por diante, podemos ficar aqui horas falando. Só conseguiremos eliminar a pobreza do planeta, que é uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU, até 2030, se enfrentarmos o desafio da crise climática e pararmos o aquecimento do planeta.

“Justo neste momento em que temos tantos recursos, estamos mais ricos, que existem tecnologias inimagináveis, quase um bilhão de pessoas vivem em insegurança alimentar e algumas centenas de milhões a fome.”

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LBV na luta contra a

Fome

Com 33 milhões de brasileiros sem ter comida na mesa, a Instituição reforça seu trabalho para atender pessoas em vulnerabilidade social WELLINGTON CARVALHO DE SOUZA

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Ítala Kelly

Mãe de 11 filhos, Maria dos Santos foi beneficiada com a cesta de alimentos da LBV no dia 20 de julho, quando a Caravana da Boa Vontade esteve em Itapicuru/BA, entregando mais de duas toneladas em doações nos povoados de Catuaba e Catu da Sucupira. Nas raras vezes em que seu marido encontra trabalho, ele consegue até R$ 40 pela diária. A família tenta sobreviver do plantio de mandioca e feijão, destinado apenas para o consumo.


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Ibirá/BA

Kelly

dia é ainda maior do que a de receber boas notícias pelo telejornal. Por isso, a Legião da Boa Vontade segue empreendendo esforços na luta pela garantia de dignidade àqueles que enfrentam desafios como a pobreza e o desemprego — apoio imprescindível, principalmente no mês passado, quando crianças e jovens estavam de férias, tendo de fazer as refeições em suas próprias casas em vez de no colégio. De acordo com a Fundação Abrinq, seguindo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nove milhões de meninos e meninas entre 0 e 14 anos vivem em situação de extrema pobreza. Para responsáveis, professores, gestores e especialistas, boa parte da população infantojuvenil tem a segurança alimentar ameaçada durante o recesso escolar. Visando amenizar o impacto de tantos contratempos, além das atividades que realiza em suas 82 unidades socioeducacionais em todas as regiões do país, a LBV tem intensificado suas ações emergenciais em benefício dos atendidos pela Entidade e por organizações parceiras desde o início da pandemia, em 2020. E ainda mais nos últimos meses, auxiliando indivíduos afetados por desastres naturais, a exemplo do que faz com as campanhas Diga Sim! (com a entrega de cobertores, cestas de alimentos e kits Aquecer no inverno) e SOS Calamidades, para os atingidos pelas fortes chuvas nos Estados do Rio Grande do Norte, Alagoas e Pernambuco. Nestes dois últimos, já foram mais de 20 toneladas de itens essenciais levados à população, como leite e alimentos não perecíveis. Tudo isso sem se esquecer das necessárias palavras de conforto e esperança por parte dos voluntários, que encorajam cada indivíduo apoiado pela Instituição a sempre perseverar e buscar melhor qualidade de vida. A seguir, alguns registros das entregas de benefícios mais recentes pelo país. Ítala

T

udo está mais caro. É o que os brasileiros, lamentavelmente, têm constatado nos últimos meses. Se estivessem presentes apenas em artigos de luxo, os altos preços não seriam tão preocupantes aos mais pobres, que a cada dia se sentem mais encurralados para dar conta de suas necessidades. Ocorre que a inflação tem aumentado o valor de produtos e serviços básicos à sobrevivência, como o fornecimento de energia e o acesso a combustível e a alimentos. No mês de julho, em muitos supermercados, o preço do pacote de um quilo de feijão carioca, tão consumido em nosso país, chegou a custar mais de R$ 9. O litro do leite integral também pesou no bolso: cerca de R$ 7. Com o preço do pó de café em torno de R$ 17 (500 gramas), o popular café com leite virou meme nas redes sociais, sendo ironicamente chamado de bebida para quem tem mais recursos. A realidade é uma combinação desastrosa de vários fatores — dentre os quais a desigualdade de renda se destaca —, o que tem levado cerca de 33 milhões de pessoas a enfrentar algum grau da fome, conforme atesta o 2o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). As conjunturas do cenário político-econômico internacional também pesam sobre as populações com precário ou nulo acesso à renda, a exemplo da crise econômica que tem assolado vários países, das mudanças climáticas, da guerra entre Rússia e Ucrânia e da dificuldade que a China ainda apresenta para superar a contaminação do SARS-CoV-2. Para o pai de família, principalmente quando esta se encontra em situação de vulnerabilidade social, a pressa em garantir o almoço do


Quando a conta não bate, o desespero aparece Alguns indicadores que demonstram a dificuldade que muitas famílias enfrentam para suprir as necessidades fundamentais de sua sobrevivência, a exemplo da alimentação.

ALIMENTAÇÃO 9 CAPITAIS BRASILEIRAS

13,34% a 26,54%

NORDESTE

sofreram aumento no preço da cesta básica de alimentos em junho

Região onde foram verificados os produtos mais caros

Variação do aumento de custos nas capitais em relação a junho de 2021

CIDADES COM AS CESTAS BÁSICAS MAIS CARAS São Paulo/SP: R$ 777,01 Florianópolis/SC: R$ 760,41 Porto Alegre/RS: R$ 754,19 Rio de Janeiro/RJ: R$ 733,14

REnda R$ 6.527,67

R$ 415

Estimativa mínima necessária para a manutenção mensal de uma família de quatro componentes. São 5,39 vezes o salário-mínimo, atualmente estabelecido em R$ 1.212

Seguindo dados de 2021, esse é o rendimento médio mensal de 106,35 milhões de brasileiros

Saúde Sabe-se que, além da alimentação, há outros gastos essenciais previstos a cada mês, como as contas de água e de luz. Cada família pode empregar sua estratégia para superar o déficit entre renda e despesas, como comprar menos itens no supermercado. No entanto, infelizmente, por mais que haja esforço em não cair na inadimplência, ela acaba sendo inevitável para muitos cidadãos. Basta ver que 66,6 milhões de brasileiros estão com seu nome negativado, segundo a Serasa Experian. E essa condição gera danos à saúde emocional, conforme revela uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) feita com consumidores que tinham contas em atraso há mais de três meses. Ao entrevistar 600 pessoas de todas as regiões brasileiras e classes econômicas, o estudo constatou a seguinte incidência destes sentimentos: 69% | Ansiosos

64% | Estressados

58% | Deprimidos, tristes e desanimados

65% | Inseguros de não conseguir pagar as dívidas

61% | Angustiados

57% | Culpados

56% | Com baixa autoestima 51% | Envergonhados perante a família e amigos próximos

Fontes: Pesquisa “Consequências da Inadimplência”, realizada em 2017 pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL); Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese); e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2012/2021, do IBGE.

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CAMPANHAS

“Essa cesta ajuda na nossa sobrevivência”

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Oderlânia Galdino

S

em dúvida, uma marca da Legião da Boa Vontade que justifica a sua longeva atuação de quase 73 anos é a perseverança no Bem. Inúmeros episódios na história da Instituição provam isso, como o que ocorreu no dia 7 de julho, quando a Caravana Solidária da LBV marcou presença no município de Pedro Avelino/RN, localizado a cerca de 133 quilômetros de Natal. O caminhão carregando cestas de alimentos não perecíveis tinha como destino final a comunidade quilombola Aroeiras, na qual a maioria das famílias sobrevive da agricultura familiar, da produção de carvão e de auxílio governamental. Em razão das fortes chuvas que encharcaram a estrada de terra, o veículo atolou a centenas de metros antes de concluir o trajeto. Como nenhum obstáculo é capaz de impedir a LBV de entregar os donativos, esta conseguiu avisar as famílias sobre o ocorrido, as quais, então, se dirigiram ao local onde o caminhão ficou parado. A família da dona Maria Damiana da Silva foi uma das contempladas. “Agradeço primeiramente a Deus e em seguida a vocês, da LBV, pelo esforço em trazer essa bênção para nós. Agradeço muito! Tem muita gente que está passando necessidade, e, numa hora dessa em que chega [a cesta da Instituição], é uma bênção de Deus”, afirmou. Com


Pedro Avelino/RN

“Caridade é ação realizadora permanente, nascida do sentimento de Solidariedade do ser humano. ” PAIVA NETTO


Od erl ânia

um belo sorriso no rosto e a satisfação de poder levar tantos gêneros alimentícios para casa, a beneficiada até arriscou cantar o seguinte verso: “Eu sou feliz com a LBV! Com a LBV, eu sou feliz!” Para Francisco Medino, que vive da produção de carvão — atividade pela qual recebe cerca de R$ 280 mensais —, a cesta de alimentos entregue pela Entidade “vai ajudar enquanto esperamos o dia de receber o auxílio [governamental]. Vai dar pra gente ir sobrevivendo. Muita paz, muita saúde, muitos anos de vida [aos doadores da LBV]”. Vale realçar que a equipe local da Instituição tem se desdobrado ainda mais para proporcionar suporte às vítimas dos fortes temporais que atingiram o Rio Grande do Norte. Infelizmente, as águas das correntezas invadiram centenas de casas, e muitos tiveram seus pertences perdidos. No dia 12 de julho, o governo do Estado decretou situação de emergência em 21 cidades, com 126 mil pessoas afetadas, direta ou indiretamente. De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), em apenas 11 dias, 130 municípios atingiram o volume de chuvas esperado para todo o mês. Além de já ter beneficiado 370 famílias nas cidades de São José do Seridó, Lajes Pintadas, Senador Eloi de Souza e Lajes do Cabugi em oportunidades anteriores (com mais de 5,3 toneladas de alimentos no total), a LBV também esteve, nessa mesma data, no assentamento Dr. Marcos Dionísio Caldas, no bairro Planalto, zona oeste da capital, onde entregou cestas de alimentos aos mais carentes — fato que demonstra a agilidade da Instituição até mesmo em causas humanitárias graves. A propósito, assim como as unidades da LBV em Maceió/AL e Recife/PE, o Centro Comunitário de Assistência Social da Entidade em Natal/RN continua servindo como posto de arrecadação de alimentos não perecíveis, água potável, material de limpeza e produtos de higiene pessoal. Ele fica na Rua dos Caicós, 2.148, bairro Dix-Sept Rosado. Telefone: (84) 3613-1655.

Gald ino

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Kauã Roger

Kauã Roger

Natal/RN

Vivian R. Ferreira

Natal/RN

SÃO PAULO/SP

Mais de 14 toneladas em doações Em São Paulo/SP, o Instituto de Educação José de Paiva Netto, localizado no bairro do Bom Retiro, foi o ponto de encontro de uma grande mobilização. Nos dias 18 e 19 de julho, a Instituição entregou mil cestas de alimentos no formato drive-thru para 13 entidades parceiras, ajudando quatro municípios paulistas, além da própria capital: Cotia, Ferraz de Vasconcelos, Guarulhos e São Bernardo do Campo. Ao todo, foram entregues mais de 14,3 toneladas de alimentos! São Paulo/SP

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APOIO AOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS A equipe da Legião da Boa Vontade na região Centro-Oeste cumpriu sua missão fraterna, em 29 de junho, na cidade de Aparecida de Goiânia/GO. Ao todo, 150 famílias dos bairros Buriti Sereno e Jardim dos Ypês receberam cestas de alimentos não perecíveis. Uma delas, a da senhora Maria Pereira dos Santos, afirmou à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e publicações): “Isso aqui é uma bênção, porque só eu e Deus sabemos quanto preciso. Se não fosse Ele e a LBV, como seria? A situação está bem crítica. São duas pessoas que moram comigo: meu neto e minha filha, que está desempregada. Faz um bom tempo que ela vem pelejando, e não conseguiu [um novo emprego] ainda. Mas temos que agradecer a Deus por essa cesta, que vai ajudar a gente a passar o mês que vem aí”. Também em Goiás, a Instituição entregou no município de Goianira, no dia 7 de julho, cestas a famílias do Residencial Loyola. No local, a equipe de voluntários pôde constatar cenários de extrema pobreza, com casas sem saneamento básico e feitas com tapumes. Muitos tentam tirar sustento da reciclagem, mas não conseguem nem R$ 300 ao fim do mês apenas com essa atividade.

JOÃO PESSOA/PB

“A fome é muito ruim” Eliane Lopes da Silva, moradora da comunidade São Pedro, no bairro Novais, em João Pessoa/PB, foi contemplada com uma das cestas de alimentos repassadas às famílias do local no fim de junho. Ela reside com filhos e netos em uma casa feita com madeiras e lonas reaproveitadas. Conforme expôs à reportagem desta revista, antes da pandemia trabalhava como

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Aparecida de Goiânia/GO

diarista, mas viu os serviços serem cancelados por causa da crise sanitária. Desempregada, hoje conta apenas com o auxílio do governo e com doações, como a da LBV. “Todos nós aqui da comunidade precisamos de ajuda, sempre falta comida. Agradeço muito a Deus e a vocês [da Instituição], que ainda lembram da gente que vive numa situação dessas. Já passei muita fome, não vou mentir. A fome é muito ruim. Quando não se tem um pão, um café pra ‘calar’ a boca, aí fica difícil. Que a LBV continue essa batalha pela gente”, declarou a beneficiada.


Contra o desperdício de alimentos

“A Caridade é ferramenta essencial para a transformação da vida planetária.”

Segundo o “Índice de Desperdício de Alimentos 2021”, relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e da organização britânica de resíduos WRAP, 931 milhões de toneladas de alimentos foram desperdiçados em 2019. Isso sugere que 17% da produção total de alimentos do mundo foram para o lixo. Esse número é o equivalente a 23 milhões de caminhões de 40 toneladas totalmente carregados com gêneros alimentícios, que, alinhados, dariam a volta na Terra sete vezes. Ao tratar do tema fome no programa Boa Vontade Entrevista, da Boa Vontade TV, o dr. Rafael Zavala, represenRafael Zavala tante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, enfatizou essa problemática, afirmando que a quantidade de alimentos desperdiçados atualmente seria capaz de suprir as necessidades da maior parte da população que sofre gravemente com a falta de comida. “Temos que fazer muito esforço para diminuir o desperdício de comida, não só nas casas, mas, sobretudo, na cadeia de abastecimento, distribuição e varejo.” Fique por dentro dos principais pontos abordados pelo especialista sobre segurança alimentar. Para assistir ao conteúdo, acesse o canal da emissora no YouTube: https://www. youtube.com/watch?v=vPGX5fS02TE.

Ana Paiv a

Egeziel Castro

Arquivo BV

PAIVA NETTO

João Pessoa/PB BOA VONTADE | 33


Bianca Gunha

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Denilsa Guilherme da Silva, catadora de material reciclável na Cooperativa Novo Amanhecer, em Curitiba/PR.

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Proteção contra o frio A

Legião da Boa Vontade está arrecadando e distribuindo, desde maio, milhares de cobertores e kits Aquecer (compostos de gorro, cachecol, luvas e meias de lã) àqueles que moram nas regiões onde o inverno é mais rigoroso. Confira, a seguir, algumas dessas entregas, que têm trazido conforto e segurança a famílias de diversas localidades, sobretudo no sul do país.

“Saio de casa cedo, deixo minha neta na creche, venho trabalhar aqui [na cooperativa], e minha filha vai trabalhar das 13 às 22h30. O inverno aqui é muito frio. Só Deus para dar força pra nós. E eu estou feliz porque isso aqui [o cobertor doado pela LBV] vai nos ajudar muito. Eu agradeço aos doadores [da Instituição]. Que Deus abençoe todo mundo!” DENILSA GUILHERME DA SILVA

Catadora de material reciclável na Cooperativa Novo Amanhecer, em Curitiba/PR, onde a LBV entregou donativos no dia 5 de julho

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Fotos: Bianca Gunha

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Em 19 de julho, a LBV entregou cobertores para famílias que moram na Comunidade Bubas, a maior ocupação urbana do Paraná, localizada em Foz do Iguaçu. Na área de 40 hectares, que fica no Grande Porto Meira, região sul da cidade, além da fragilidade das casas, os moradores enfrentam outros problemas de infraestrutura precária, como ruas de terra, ausência de saneamento básico e energia elétrica ligada pela própria população, que cai constantemente. A falta de emprego também é um desafio presente, afligindo muitas famílias que não têm escolha, senão a informalidade. Foz do Iguaçu/PR

“Assistência social é, acima de tudo, Amor.” PAIVA NETTO

No dia 8 de julho, cobertores foram entregues a famílias da Cooperativa Ambiental de Telêmaco Borba e às que são assistidas pela Secretaria Municipal de Assistência Social da cidade paranaense.

Telêmaco Borba/PR Telêmaco Borba/PR 36 | BOA VONTADE


Roberto Pellegrini

São Joaquim e Bom Retiro/SC

Quando as temperaturas caem, a Solidariedade aquece

Evelyn Alves

Por vezes, a cidade de São Joaquim/SC chama a atenção nos noticiários em razão das baixas temperaturas que registra. No inverno, elas se tornam ainda mais preo­ cupantes. O Vale dos Caminhos das Neves, por exemplo, que fica a três quilômetros do centro da cidade, chegou a ficar coberto de gelo na manhã do dia 13 de julho. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os termômetros chegaram a marcar -2,4ºC ao longo do mês nessa região, que já registrou 67 dias com geada e 42 com temperaturas negativas neste ano. Atenta a essa realidade, para que pessoas em risco social pudessem enfrentar o frio com maior proteção, a LBV já havia beneficiado 180 famílias com cobertores ao fim de junho. Semelhantemente, em Bom Retiro, município situado a 96 quilômetros de São Joaquim, a Entidade também destinou outras unidades do benefício aos cidadãos que mais precisavam.

São Joaquim/SC Bom Retiro/SC

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Fotos: Bianca Gunha

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“Moro com meu neto, que crio desde pequenininho, e com meu filho. Meu sustento vem do [material] reciclado, que saio na rua para catar, e do auxílio do governo. Esse cobertor da LBV é uma bênção. Glória a Deus por Ele ter fornecido isso pra gente graças à LBV, porque nós precisamos. Estava sendo terrível. Ontem e antes de ontem estava fazendo muito frio. Lá em casa não tem cobertor suficiente. Gostaria de agradecer a todas as pessoas que estão doando para nós.” ZILDA FERREIRA DA SILVA

Contemplada pela entrega da LBV na Vila Pantanal, bairro da capital paranaense, no dia 1o de julho

Curitiba/PR

“Assistência Social se faz com o coração.” PAIVA NETTO

Em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba/PR, a LBV destinou cobertores, no dia 7 de julho, a famílias das comunidades São Judas, Jardim Independência e Jardim Areal. Nesta última, a entrega precisou ser concluída rapidamente, já que a chuva pegou todos de surpresa.

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Genivaldo Marquiza

Como ajudar a LBV A Legião da Boa Vontade precisa da SUA AJUDA para continuar atendendo quem se encontra em risco alimentar. Sua doação é esperança na vida de milhares de pessoas, pois ela possibilita que esse trabalho humanitário continue sendo realizado e seja intensificado, proporcionando um fundamental amparo a crianças, adolescentes e adultos que vivem em situação de vulnerabilidade em todo o Brasil. Pix da LBV E-mail: pix@lbv.org.br

Alex Dias

Campo Grande/MS

Contas bancárias: CNPJ: 33.915.604/0001-17 • Bradesco: Ag. 0292-5 C/C: 92830-5 • Itaú: Ag. 0237 C/C: 73700-2 • Banco do Brasil: Ag. 3344-8 C/C: 205010-2

Em Glorinha/ RS, o Centro Comunitário da Legião da Boa Vontade realizou, no dia 8 de julho, um verdadeiro marco da Solidariedade. Foram 550 cobertores entregues a famílias em situação de vulnerabilidade social. Em Glorinha/RS, o Centro Comunitário da Legião da Boa Vontade realizou, no dia 8 de julho, um verdadeiro marco da Solidariedade. Foram 550 cobertores entregues a famílias em situação de vulnerabilidade social.

• Caixa Econômica Federal: Ag. 1231 — operação: 003 — C/C: 100-0 • Santander: Ag. 0239 C/C: 13.002754-6

Entre maio e julho deste ano, a LBV entregou: 20.000 cobertores 2.500 kits Aquecer Total de benefícios: 22.500

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MÊS DOS PAIS

Paternidade responsável Saiba como a L B V se faz presente na educação das crianças e apoio a pais solo LEILA MARCO


Egeziel Castro

Goiânia/GO

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MÊS DOS PAIS

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Após o falecimento de sua esposa, Valdir Alves, 50 anos, teve de cuidar sozinho das três filhas: Rebeca, Roberta e Renata. Esta última é atendida no Centro Comunitário de Assistência Social da LBV em Brasília/DF. “Fiquei muito grato à LBV pela vaga da Renata, porque isso facilitou muito a minha vida. Ela vai para o colégio e de lá para a Instituição, onde ocupa o tempo dela e tem o lazer. Nós temos muitas palestras e reuniões no Centro Comunitário. A educação que os pais recebem lá, a gente traz pra casa. E temos também a cesta de alimentos. A LBV nunca esqueceu da gente. Sempre está presente”, contou o pai, que trabalha como motorista.

Fotos: Paulo Araújo

m um mundo que caminha para o fim de preconceitos e tabus, a revista BOA VONTADE faz questão de contribuir para esse futuro, em que o Amor se torne o fator preponderante a reger a convivência entre as pessoas. Neste mês em que se celebra a paternidade, entrevistamos cinco pais solo que, a despeito de serem solteiros, separados ou viúvos, por força das circunstâncias ou por opção, se esforçam para dar conta das funções vinculadas à responsabilidade parental. São homens que se fazem presentes e se dedicam para cumprir

a importante incumbência de criar e educar uma criança, dispondo-se, sempre que necessário, a levantar de madrugada para ver se o filho tem febre, a auxiliá-lo a se arrumar para ir à escola, a trocar fraldas e a realizar tarefas domésticas. Nos casos em questão, acrescente o fato de que, em sua maioria, são famílias que enfrentam grandes desafios econômicos e situação de vulnerabilidade social, os quais não poderiam ser vencidos sem o atendimento proativo e o apoio socioemocional da Legião da Boa Vontade.


Vale dizer que, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2015 (último disponível), eles ainda são minoria nessa complexa tarefa, apesar do ligeiro crescimento da quantidade de pais solteiros no país, que chegou a 3,6% das famílias com filhos, se comparado a 2005, que era de 3,1%. Esse número ainda é bem inferior ao de mulheres que assumem sozinhas a prole. Para se ter uma ideia, no mesmo período de dez anos, subiu de 25,8% para 26,8% a quantidade de mães solo.

63 milhões de brasileiros têm menos de R$ 497 para as despesas mensais Pais e mães atendidos pela LBV vivem essa dura realidade

A informação é do Mapa da Nova Pobreza, da Fundação Getulio Vargas (FGV), publicado em 29 de junho deste ano, no qual se vê que um em cada três brasileiros recebe menos da metade de um salário-mínimo para arcar com as despesas do mês, o que leva essas pessoas a sair em busca de suporte alimentar para sobreviver. A seguir, outros desdobramentos dessa estatística.

O dado supera em

9,6 milhões o número de 2019 2019

2021

23 milhões

enfrentam situação ainda pior, vivendo com menos de R$ 7 por dia Brasília/DF

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João Nery

MÊS DOS PAIS

José Heronildo e a filha Pietra no pátio do Conjunto Educacional Boa Vontade, na capital paulista. Na escola da LBV, a menina destaca seus espaços prediletos: a biblioteca e a sala de música, onde aprende a tocar violino.

São Paulo/SP

“A escola da LBV é fantástica; se não fosse esse apoio, eu não sei como seria.”


H

á três anos, a vida do vendedor José Heronildo Gonçalves Júnior ganhou ainda mais responsabilidades quando, depois de um período separado de sua antiga companheira, ela propôs que a filha Pietra Rafaela, à época com 8 anos de idade (atualmente com 11), ficasse sob a tutela dele. Apesar das dificuldades iniciais para adaptar-se à nova realidade, a oportunidade de estar mais presente no dia a dia da menina, principalmente atento ao seu desenvolvimento escolar, fez José abraçar o desafio com muito Amor. “Faço tudo. Lavo pratos, cozinho, apronto o café da manhã, levo ela pra escola; há uma ligação muito forte entre nós”, afirma. Grande aliada nessa tarefa é a equipe do Conjunto Educacional Boa Vontade, localizado no bairro do Bom Retiro, em São Paulo/SP, onde ela estuda desde o maternal em horário integral, o que possibilita ao pai trabalhar com tranquilidade. “A escola da LBV é fantástica; se não fosse esse apoio, eu não sei como seria”, enaltece. Nesse ínterim, José não contava que teria de enfrentar os desdobramentos da pandemia do novo coronavírus, que acrescentou ainda mais desafios na trajetória de sua família. Um mês depois de declarada a crise sanitária da Covid-19, em março de 2020, ele ficou desempregado — pois a loja de eletrônicos em que trabalhava fechou as portas em meio às restrições de funcionamento do comércio, situação essa que durou dois anos. De acordo com ele, o recurso da rescisão foi consumido em pouco tempo com o básico: aluguel, contas e alimentação. Para driblar o momento tão adverso, passou a morar com a mãe, que sobrevive com uma pequena aposentadoria.

Mais uma vez, o auxílio da LBV foi fundamental para eles. “Foi bem difícil. Eu entrava no supermercado, ela queria uma bolacha, e não tinha dinheiro pra comprar. (...) A LBV, com esse trabalho social que faz com a [entrega de] cestas de alimentos e mais algumas coisas que nos deu, ajudou muito.” O isolamento social provocado pela pandemia não foi de todo ruim. O pai conta que, com mais tempo livre, pôde acompanhar com maior afinco a menina nas lições escolares e a viu progredir nos estudos nesse período de aulas remotas, graças também ao apoio do Programa LBV — Potencializando Habilidades (PPH), cujo objetivo é acompanhar o desenvolvimento pedagógico, emocional e social dos alunos da unidade de ensino com necessidades educacionais diferenciadas, promovendo estratégias e adaptações que os ajudem no aprendizado dos conteúdos curriculares. “Ela melhorou muito. [Atualmente,] domina as quatro operações matemáticas, língua portuguesa... E eu continuo incentivando-a. Todo dia eu pergunto se está avançando, como vai nas provas”, diz. Recentemente, José conseguiu um novo emprego e já começa a traçar planos para a família. Ele conta que optou por não entrar em outro relacionamento por enquanto, a fim de dedicar-se ao máximo a ela. “O tempo todo sou pai, não deixo a minha filha na mão de outras pessoas.” Ao ser questionado se esse é um sacrifício que vale a pena, ele responde com um sorriso e lágrimas nos olhos (estava usando máscara durante a entrevista): “Vale a pena, sim! Sinto-me uma pessoa mais feliz hoje! Eu era bastante impulsivo, passei a controlar melhor a minha vida e aprendi a ter mais paciência”. BOA VONTADE | 45


MÊS DOS PAIS

Kleiton, atendido pela LBV em Campinas/SP, é o filho mais novo dos quatro criados por Idelvan da Silva, pai solo, que agradece o apoio alimentar da LBV neste momento de inflação alta e de tantas dificuldades para colocar comida no prato.

Campinas/SP

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Campinas/SP

“Permaneci perto da LBV e da escola das crianças por conta de apoio”

César Faria

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m Campinas/SP, o operador de máquina de moldar vidro Idelvan Vicente da Silva, 47 anos, atualmente desempregado, também encontrou no cuidado dos quatro filhos a razão de sua vida. A exemplo de outros homens, a separação da esposa acabou sendo o pontapé inicial para assumir essa responsabilidade, isso há 15 anos. Desde então, “sempre fiz tudo o que podia para não deixar meus filhos sozinhos”, afirma o genitor. No início, ainda contou com a colaboração da mãe, Estela Chaves, que depois de um tempo acabou retornando à cidade mineira de Iturama, onde Idelvan nasceu. Para dar conta de tantas obrigações e compromissos, esse pai buscou uma rede de apoio: “Graças a Deus, tem dado tudo certo, porque contei com o auxílio da minha mãe, que me ajudava sempre, e permaneci perto da LBV e da escola das crianças, por conta de apoio”, relata. Ele explica que há uma década seus filhos têm sido atendidos pelo serviço de convivência da Legião da Boa Vontade, o que foi fundamental para o bom relacionamento entre eles. Em especial, nesses últimos dois anos de pandemia, quando ficou desempregado, vivendo apenas da renda do programa

Auxílio Brasil e de pequenos bicos que faz. Atualmente, só o Kleiton Vicente de Jesus Castro, de 13 anos, o mais novo dos irmãos, frequenta a unidade da Instituição no município paulista, localizada à Rua Nelson Barbosa da Silva, 289, bairro Jardim Profilurb, mas toda a família continua sendo beneficiada: “A LBV ainda me ajuda com cestas de alimentos não perecíveis, cestas verdes, pães e outras doações, como material pedagógico [para o meu menino]. Penso que não posso reclamar da vida, porque, apesar de as coisas estarem difíceis, conto com a Instituição. Temos sempre que pensar no amanhã, confiar em Deus e pedir boas mudanças em favor da nossa família”. Mesmo durante as férias escolares, Kleiton continua frequentando o Centro Comunitário de Assistência Social da Entidade, o que lhe possibilita participar de atividades que propiciam a convivência comunitária e familiar, estimula o fortalecimento de vínculos e a ampliação de redes de apoio. Além disso, na Instituição, possui acesso a uma alimentação de qualidade, em um momento em que a inflação dificulta ainda mais o acesso adequado das famílias à comida.“Na LBV, ele toma café da manhã e almoça, chega em casa satisfeito”, finaliza. BOA VONTADE | 47


Kauã Roger

MÊS DOS PAIS

Carlos Barbosa com os filhos Allan e Antonhy: muito carinho e cumplicidade.

Natal/RN

Natal/RN

“Não abro mão dos meus filhos”

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utro que optou por devotar seu tempo e cuidados aos filhos Allan, 10 anos, e Antonhy, 12, foi o vigia autônomo Carlos de Souza Barbosa, 58. Há 8 anos, percebendo que eles não recebiam o apoio necessário para o pleno desenvol-

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vimento deles, trouxe os dois irmãos para sua casa com o consentimento materno. Ele lembra que o início foi desafiador, pois Allan era ainda um bebê e necessitava de uma alimentação mais específica, que dedicasse quase as 24 horas do dia para acompanhar seus passos. A escolha de ficar com os meninos exigiu dele várias renúncias. “É trabalhoso, a gente abdica de muitas coisas, perde serviços, porque você não pode abandonar as crianças para ir trabalhar em tempo integral. Por isso, vivo de fazer serviços informais, mas é algo que não me arrependo, não abro mão dos meus filhos, porque eles precisam de mim, e eu também preciso deles.” Aliás, foi observando quanto Carlos se desdobrava para dar conta de educá-los que uma senhora o incentivou a procurar a Legião da Boa Vontade em Natal/RN,


APOIO EM DOBRO NA LBV Apesar do esforço de Carlos, a renda da família não chega a um salário-mínimo, e se eles têm um teto para morar é graças ao serviço esporádico de vigilante que faz em troca do aluguel da moradia. Durante a pandemia, enfrentou ainda mais obstáculos, a situação só não foi pior porque contou com apoio de pessoas amigas e da Legião da Boa Vontade, que entregou mensalmente à família cestas de alimentos, frutas e kits de higiene. “A LBV deu uma assistência boa para a gente, sempre me ajudou muito. No ano passado, até quando fui operado de hérnia inguinal, o pessoal [da Instituição] trouxe aqui a cesta de alimentos”, lembrou.

Fotos: Kauã Roger

onde reside. Logo que pôde, dirigiu-se ao Centro Comunitário de Assistência Social da Instituição na cidade para tentar vaga no serviço de convivência ofertado no local. Assim, teria mais condições de buscar o sustento para a família. “Fui muito bem-recebido pela assistente social que me atendeu, e, em três dias, eles estavam com o lugar garantido [no serviço Criança: Futuro no Presente!], e foi de grande valia para mim.” A frequência na Entidade trouxe mudanças positivas para os meninos. “Eles falam muito bem da LBV, a gente observa [que se tornaram] mais obedientes, a forma como lidam com as pessoas melhorou. Os dois gostam dos educadores, lembram das instruções que recebem lá e repetem elas em casa, o que influencia no crescimento deles, na conquista de novos conhecimentos.” Para Carlos, isso é fundamental para que seus filhos tenham um futuro digno e feliz, trata-se, afirma ele, do pedido que sempre faz: “Eu quero que Deus dê para eles discernimento, estudo, mostre o caminho que têm de seguir”.

Natal/RN


Egeziel Castro

MÊS DOS PAIS

Goiânia/GO

“Antigamente eu pensava que o serviço doméstico era fácil, mas não é”

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Goiânia/GO

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ara Daniel Ferreira Gomes, 37 anos, autônomo, estes quase três anos de pandemia têm sido um período de grande aprendizado que o ajudou a criar uma relação ainda mais forte com seu filho, Daniel Ferreira Gomes Filho, 9 anos. Por conta da crise sanitária e das dificuldades pessoais enfrentadas pela mãe do garoto, ele passou a ser criado pelo pai, que não teve dúvidas na hora de mudar sua vida para se dedicar ao menino: “É gratificante estar com ele, um pouco difícil, mas acho muito bom”, fala com orgulho. Morador de Goiânia/GO, o genitor teve de adaptar os horários para acompanhar ao máximo a rotina do filho, passando a


trabalhar na parte da tarde, a fim de poder levá-lo à escola e à unidade da Legião da Boa Vontade e, depois, no intervalo de descanso do serviço, buscá-lo na Instituição e deixá-lo com a avó paterna até poder retornar à sua residência. “Lá para 10 horas da noite é que consigo ver com ele as tarefas da escola, arrumar a janta e o que tiver para fazer, porque trabalho de casa nunca acaba. Antigamente eu pensava que o serviço doméstico era fácil, mas não é”, conta. Daniel sabe que sem o apoio da mãe e da LBV a tarefa de cuidar do filho seria ainda mais difícil e agradece à Entidade o cuidado que o menino recebe no serviço de convivência Criança: Futuro no Presente!: “A LBV me ajuda bastante, porque, no tempo em que fica aqui, ele está se desenvolvendo, fazendo atividades, e eu estou cuidando das outras obrigações, pra gente poder suprir as nossas necessidades. Ele, estando aqui, fica bem mais seguro”. Além disso, conclui o pai, desde que ingressou no serviço, “meu filho está mais comunicativo, conversa mais, gosta muito da LBV!”

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5 dicas para pais e mães serem mais participativos

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Conhecer e compreender a rotina dos(as) filhos(as) é um importante passo para iniciar essa aproximação. Busque espaços de escuta e atenção nos quais eles(as) possam compartilhar seu cotidiano.

2

Esteja atento ao desenvolvimento educacional – entendendo quais são as principais habilidades, mas também os desafios da vida escolar, mostrando orgulho e apoio quando necessário. Acompanhe as crianças e os adolescentes nas consultas médicas e ressalte a importância delas.

3

Quando possível, dedique um tempo de qualidade em família, seja nas refeições, jogos, brincadeiras ou mesmo em momentos para assistir a algo juntos na televisão, construindo tradições e espaços seguros, acolhedores e divertidos na rotina familiar.

4

O diálogo é o melhor caminho para ajudar os(as) filhos(as) quando preciso. Quando se sentem ouvidos(as) e acolhidos(as) pelos pais, eles(elas) conseguem entender seus limites e construir uma relação de confiança e respeito. É muito relevante escutá-los e respeitá-los, ouvindo suas necessidades, sem menosprezar ou diminuir seus sentimentos.

5

Autoconhecimento é fundamental! Busque conhecer mais suas características individuais, seus limites, potencialidades e desafios. Assim você conseguirá compreender as próprias necessidades e expectativas e desenvolver uma relação mais saudável e respeitosa com os(as) filhos(as) também. Colaborou: Juliana da Silva Pinho, psicóloga do Centro Comunitário de Assistência Social da LBV em Brasília/DF.

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CULTURA

ABL completa 125 anos Amiga de longa data da Academia, a LBV esteve presente nesse marco para a cultura brasileira DA REDAÇÃO

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econhecida como uma das mais renomadas instituições que zelam pela língua portuguesa e pelo cultivo da literatura nacional, a Academia Brasileira de Letras (ABL) completou 125 anos de fundação no dia 20 de julho. A celebração ocorreu na mesma data, em uma noite inesquecível para os imortais da Casa de Machado de Assis e demais personalidades que compareceram ao Palácio Petit Trianon, no Rio de Janeiro/RJ. Em sessão solene no Salão Nobre do icônico edifício, acadêmicos e convidados reafirmaram a relevância da ABL para os tempos atuais, em virtude de sua longeva atuação na defesa das variadas expressões culturais do nosso país. Sempre presente nas iniciativas da entidade, a equipe da Legião da Boa Von­tade prestigiou o evento, cumprimentando a todos os participantes. O discurso de abertura da festa ficou a cargo do acadêmico e ex-presidente da República José Sarney, que declarou: “Quanto tenho essa Casa como Templo da Cultura Nacional! Como tenho admiração pelos colegas, que aqui representam para o país guardiães desses valores espirituais. (...) Quero hoje, como membro e ocupante da cadeira de Graça Aranha [1868-1931], limpar as palavras

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Palácio Petit Trianon, sede da Academia Brasileira de Letras, localizado na cidade do Rio de Janeiro/RJ.

que ele disse aqui, ‘Honra à Academia’, Viva a Academia!” Para a querida escritora Nélida Pinõn, ex-presidente da ABL, conforme declarou à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e publicações), esses 125 anos “mostram que o Brasil tem muito a oferecer a ele próprio, à sua memória, ao que ele é e ao mundo. Nós não estamos perdidos. Vivemos dificuldades como a Europa inteira está vivendo, o planeta todo. Mas um país que tem uma instituição como a Academia


Richam Samir/Acervo ABL

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Richam Samir/Acervo ABL

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(1) Durante a sessão solene, o Cristo Redentor, cartão-postal da Cidade Maravilhosa, foi iluminado de verde, cor oficial da ABL, em homenagem à instituição. (2) O consagrado Quinteto de Cordas da Orquestra Sinfônica Brasileira foi responsável pelas apresentações musicais da noite de gala.

“Não se pode deixar de ser grato. Vocês [da LBV] foram carinhosos no centenário [da ABL], quando eu era presidente [da Casa]. O primeiro centenário da Academia... Sempre maravilhosos. Portanto, estou reverenciando uma amizade de 25 anos.” NÉLIDA PIÑON

Quinta ocupante da cadeira 30 e primeira mulher a presidir a ABL, ao expressar seu apreço pela Legião da Boa Vontade

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CULTURA

Recém-chegados Fotos: Reprodução BV

Desde 2021, a Academia Brasileira de Letras (ABL) ganhou seis novos membros. São eles:

Gilberto Gil

Cantor, compositor, escritor e ex-ministro da Cultura Ocupante da cadeira no 20

Fernanda Montenegro Atriz Ocupante da cadeira no 17

José Paulo Cavalcanti Filho

Eduardo Giannetti

Paulo Niemeyer Filho

Jorge Caldeira

Advogado e ex-ministro da Justiça Ocupante da cadeira no 39

Médico e escritor Ocupante da cadeira no 12

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Escritor, professor e economista Ocupante da cadeira no 2

Jornalista e escritor Ocupante da cadeira no 16

Brasileira de Letras e que teve uma plêiade de grandes criadores, pensadores, é uma maravilha, sem dúvida. É motivo de felicidade. Nós temos razão para celebrar hoje uma festa linda, que não é só nossa; é do povo brasileiro”. Na visão do escritor Domício Proença, a história da ABL sustenta-se na qualidade que a instituição tem de acompanhar, valorizar e congraçar as mudanças que a cultura brasileira foi sofrendo ao longo do tempo. “A chave, a meu ver, dessa presença cultural da Academia é que, sempre que ela pensa no presente, não esquece do passado. E, se pensa no futuro, também não esquece do passado, [pois] faz essa fusão [do legado de cada época]. Então, juntando tradição, contemporaneidade e amizade, você tem o êxito dos 125 anos da Academia Brasileira de Letras.” Vale destacar que o encontro coroou uma série de atividades realizadas desde o dia 12 de julho, como leituras dramatizadas de grandes obras da literatura brasileira, peça teatral, apresentação musical e rodas de conversa. Em nome do presidente da LBV, José de Paiva Netto, parabéns a todos os que fazem da Academia Brasileira de Letras esta Casa do Saber que orgulha o Brasil!


Fotos: Richam Samir/Acervo ABL

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“[A ABL] é importante como uma instituição cultural, como um baluarte de resistência, [símbolo de] permanência. É uma instituição amada pelas pessoas, respeitada, defendendo a cultura, a língua portuguesa. [O trabalho da Academia] é fundamental.” ANA MARIA MACHADO

Escritora e sexta ocupante da cadeira de número 1, presidiu a ABL em 2012 e 2013

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(3) Foto oficial dos acadêmicos nas comemorações dos 125 anos da ABL. (4) O Prêmio Machado de Assis, maior honraria literária concedida pela Academia, foi entregue ao antropólogo Roberto da Matta pelo conjunto de sua obra. (5) Foram concedidas ainda as medalhas Machado de Assis e João Ribeiro, respectivamente, ao ilustre João Roberto Marinho, presidente do Grupo Globo, (6) e ao empresário Rui Campos, fundador da famosa Livraria da Travessa. BOA VONTADE | 55


CULTURA

Sucesso literário Nova edição de Somos todos Profetas, best-seller do escritor Paiva Netto, conquista o público da 26a Bienal Internacional do Livro de São Paulo DA REDAÇÃO

* Os Simples de Coração — Quando se refere a esse termo, Paiva Netto não faz distinção de classe social, nível cultural, preferência política, aspecto físico. Fala à inteligência do coração, riqueza inestimável do Espírito que o autor denomina Simplicidade de Coração, Simplicidade de Alma.

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Vivian R. Ferreira

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o dia 10 de julho, leitores de diversas partes do Brasil e do mundo despediram-se da 26a Bienal Internacional do Livro de São Paulo. O evento, que ocorreu de 2 a 10/7/2022, no pavilhão do Expo Center Norte, localizado na capital paulista, contou com a presença de 660 mil pessoas, conforme divulgaram os organizadores — número 10% maior do que a quantidade de visitantes na última edição presencial, em 2018. Ao todo, foram 182 expositores reunidos, que disponibilizaram cerca de 500 selos editoriais dos mais variados gêneros literários, o que resultou em aproximadamente 3 milhões de livros acessíveis ao público, de 300 autores nacionais e 30 internacionais. O escritor Paiva Netto figura entre os mais prestigiados nesta que é a maior feira literária do Brasil, na qual lançou a edição revista e ampliada de seu best-seller Somos todos Profetas (Editora Elevação). O título, cuja primeira versão data de 1991, faz parte da famosa coleção “O Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração”*, que alcançou a expressiva marca de 3,5 milhões de exemplares vendidos, um verdadeiro fenômeno editorial!



CULTURA

É necessária a integração no Dia do Senhor (Apocalipse, 1:10), estado psíquico-espiritual de conformidade com o Espaço-Tempo de Deus. Então, nós mesmos seremos Espaço e Tempo Divinos, a própria Profecia, que é Deus em nós, “o Testemunho de Jesus”, como está grafado no Apocalipse, 19:10: “(...) o Testemunho de Jesus, o Cristo, é o espírito de profecia”. PAIVA NETTO

Fotos: Vivian R. Ferreira

Trecho da nova edição revista e ampliada de Somos todos Profetas, do escritor Paiva Netto, constante na p. 134.

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Pessoas de todas as idades estiveram no estande da BookOutlet para adquirir exemplares da obra. Entre elas, a jovem Vanessa Lucena, que é leitora assídua dos livros de Paiva Netto. Ao falar à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e publicações), ela elencou características que destacam o trabalho do autor, a exemplo da “linguagem acessível a todos os públicos”. Claudio Gonçalves também endossou essa qualidade: “O escritor Paiva Netto coloca de maneira muito clara o tema. A escrita facilita demais para que você possa compreender o Apocalipse. Virei fã!” Para Maisa Diogo, “é gratificante ter esse livro em mãos, porque nele o escritor nos ensina que somos todos profetas. Portanto, capazes de levar as palavras do Cristo aos corações que necessitam, de compreender as Profecias, pois fazemos parte delas e somos seus agentes. Com essa obra, a gente compreende nossa essência espiritual, inclusive que o Apocalipse é uma revelação do nosso íntimo, de


quem somos, de como devemos agir. Tudo o que está escrito aqui é o caminho que devemos seguir para que ocorra a Volta Triunfal de Jesus, que é a maior Profecia de todas”.

ENCONTRO LITERÁRIO Certamente é por esse talento de se fazer bem compreendido pelas massas, confortando e esclarecendo corações à luz da Espiritualidade Ecumênica, que o autor empolgue tantos leitores, como os que estiveram no encontro literário #EuLeioPaivaNetto, ocorrido no dia 8 de julho. Dezenas de pessoas reuniram-se no pavilhão em uma interativa roda de conversas para compartilhar trechos favoritos de Somos todos Profetas e as respectivas percepções sobre estes. A cada comentário, os participantes puderam fazer novas anotações, demonstrando que os capítulos do livro se apresentam como uma verdadeira pregação fraterna, profunda, dinâmica e atenta ao atual momento histórico da humanidade.

Estude o Apocalipse de Jesus com Paiva Netto Adquira já o seu exemplar da nova edição, revista e ampliada pelo autor, de Somos todos Profetas! A obra encontra-se disponível nos sites da Amazon (www.amazon.com.br) e do Clube Cultura de Paz (www.clubeculturadepaz.com.br).

Capas das obras literárias que integram a coleção “O Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração”, do escritor Paiva Netto: As Profecias sem Mistério (1998), Apocalipse sem Medo (2000), Jesus, o Profeta Divino (2011), Jesus, a Dor e a origem de Sua Autoridade — O Poder do Cristo em nós (2014) e Somos todos Profetas (edição de 2022).

Destaque na mídia brasileira Vale realçar que, antevendo o sucesso do título, diversos veículos de comunicação do país despertaram a expectativa de seus públicos quanto à novidade desde antes da Bienal. Exemplo disso foi a coluna da jornalista Lia Dinorah no popular Jornal de Brasília. Em 29 de junho, a Amiga de Boa Vontade publicou, ao lado de uma foto da capa da publicação, a seguinte nota: “Hoje, o colega jornalista Paiva Netto completa 66 anos de atuação em nossa heroica LBV. E celebra lançando a nova edição de seu best-seller Somos todos Profetas, no próximo dia 2, na Bienal do Livro de São Paulo. Essa obra faz parte da coleção ‘O Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração’, que já vendeu 3,5 milhões de exemplares desde o seu lançamento, com sucesso absoluto em eventos literários, no Brasil e no exterior. Parabéns pela perseverança ecumênica em nobres ideais!”

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LBV É AÇÃO

LB V compartilha boas práticas educacionais em evento da ONU 60 | BOA VONTADE

“Recuperar melhor da Covid-19, enquanto se avança na implementação completa da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.” Esse foi o tema da Reunião de Alto Nível do Conselho Econômico e Social (Ecosoc), da Organização das Nações Unidas (ONU), ocorrida, em formato on-line, entre os dias 13 e 18 de julho, em Nova York, nos Estados Unidos. A Legião da Boa Vontade participou do encontro e compartilhou suas recomendações com foco no quarto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que trata da “Educação de qualidade”. Em seu documento, a Instituição evidenciou os resultados de ações voltadas à saúde mental


Super Rede Boa Vontade de Rádio inaugura nova frequência em Uberlândia/MG

de crianças e adolescentes, o suporte social às famílias em vulnerabilidade social e o combate à evasão escolar, que permanece zero em suas escolas. Vale destacar que, em virtude da ampla abrangência de seus programas, serviços e ações e da excelência no trabalho realizado, a LBV mantém relações consultivas com a ONU, desde 1994, por intermédio do Departamento de Comunicação Global (DCG) desse organismo internacional e, desde 1999, com o Ecosoc, no qual possui status consultivo geral, grau máximo de reconhecimento que uma entidade pode alcançar nesse importante órgão.

Atenção, moradores da querida cidade mineira! Agora a Super Rede Boa Vontade de Rádio pode ser sintonizada em nova frequência: 102,5 FM! Essa é mais uma vitória da Operação Jesus, mobilização lançada pelo radialista, jornalista e escritor Paiva Netto em 25 de março de 1995, a fim de levantar recursos para a expansão da mensagem fraterna e ecumênica de Jesus, o Amigo Celeste, por meio da Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e publicações). Graças ao apoio dos mantenedores, a emissora tem crescido exponencialmente, oferecendo conteúdos de utilidade pública, educação, saúde, cidadania, entre outros temas, à luz da Espiritualidade Ecumênica. Se você deseja fazer parte desse time, saiba como contribuir, ligando 0300 10 07 940 (custo de uma ligação local + impostos).

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Ítala Kelly

LBV É AÇÃO

Dia do Amigo

Mobilização da LBV repercute por todo o país Há muitos esforços para amenizar a fome, que está assolando as famílias mais pobres. À sua maneira, cada cidadão ajuda como pode para reverter esse cenário. Nesse sentido, na data em que se comemora o Dia do Amigo, 20 de julho, a Legião da Boa Vontade fez uma mobilização nacional, em todas as suas escolas e Centros Comunitários, para ajudar famílias em situação de risco social. Por meio dessa iniciativa, intitulada “Amigo Solidário”, a Entidade convidou a população a celebrar a data levando gêneros alimentícios, principalmente arroz, feijão, óleo, leite e café, até a sua unidade mais próxima, um gesto de verdadeira amizade. Antevendo o sucesso da ação, inúmeros veículos de comunicação a divulgaram. A seguir, destacamos alguns deles: em Goiânia, a TV Anhanguera, afiliada à TV Globo; em Brasília/DF, o jornal Correio Braziliense; na capital do Mato Grosso do Sul, o jornal Folha de Campo Grande; em Ribeirão Preto/SP, o SBT; no Rio Grande do Sul, a RBS TV (Globo); em Manaus/AM, a Rede Amazônica (Globo); em Fortaleza/CE, a Rádio Jangadeiro FM (Band News); em São Luís/MA, a TV Difusora (SBT); em Teresina/PI, a TV Cidade Verde (SBT); e em Salvador/BA, os jornais A Tarde e Tribuna da Bahia. Vale destacar que, na capital baiana, voluntários da Instituição estiveram nas lojas do Supermercado Bompreço e angariaram quase meia tonelada de alimentos. 62 | BOA VONTADE


Fotos: Pietro Capri

Momentos para guardar na memória Olha só que legal! No dia 20 de julho, crianças atendidas pela LBV em Salvador/BA visitaram o Estádio Manoel Barradas. Além do campo, arquibancada e outros ambientes, elas ainda conheceram os jogadores do Esporte Clube Vitória. O passeio foi emocionante, pois foi a primeira vez que todas estiveram em um estádio e viram pessoalmente os atletas do famoso time. A propósito, a prática esportiva é sempre incentivada nas atividades da Instituição, tendo em vista os benefícios dos exercícios físicos e do cultivo do espírito de cooperação, por exemplo. Daí a pioneira campanha de conscientização da Entidade, nomeada com esta assertiva de seu presidente, José de Paiva Netto: “Esporte é Vida, não violência!” Na oportunidade, ao conversar com a Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e publicações), o volante Gustavo Blanco declarou: “A gente fica muito feliz de receber a LBV aqui. Sabemos do trabalho que vocês fazem. É um reconhecimento das ações que realizam estar hoje aqui [com as crianças da Instituição]. Naquilo que pudermos ajudar, ajudaremos. Que continuem realizando esse trabalho!”

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Fotos: Luzia Ribeiro

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Comemoração em dobro O Centro Comunitário de Assistência Social da LBV em Araçatuba/SP completou 65 anos de trabalho. Para celebrar esse importante marco, a Entidade promoveu, no dia 1o de julho, uma verdadeira festa com os atendidos, a qual contou com decoração, bolo, guloseimas e atividades recreativas. O evento repercutiu na mídia local, a exemplo do portal Ata News. Em Santos/SP, mais um motivo para celebrar: a unidade da Instituição comemorou, em 24 de julho, seus 40 anos de atuação fraterna. A Rádio Jovem Pan (95.1 FM), inclusive, fez questão de destacar o aniversário de quatro décadas por meio de seu perfil no Instagram. Parabéns! A todos os que participaram, nossos agradecimentos!


De norte a sul, a Solidariedade em alta A Legião da Boa Vontade não mede esforços para amenizar o sofrimento de famílias que estão passando por desafios, em especial a fome. Seguindo seu roteiro solidário, a Caravana da Boa Vontade foi até a cidade de Marabá/PA, em 18 de julho, onde entregou 200 cestas de alimentos por meio da campanha Diga Sim! A ação ganhou destaque nas seguintes emissoras: SBT, RedeTV! e TV Cultura, além de vários sites e rádios. Nessa mesma data, em Pelotas/RS, a equipe da RBS TV, afiliada à TV Globo, realizou um link ao vivo para o Jornal do Almoço, divulgando a arrecadação de calçados em prol das famílias atendidas no Centro Comunitário de Assistência Social da Entidade — aliás, o mesmo programa havia noticiado também, no dia 1o do referido mês, as atividades da LBV em Glorinha/RS. Em Fortaleza/CE, no dia 12, o programa Balanço Geral, da TV Cidade, repetidora da Record TV, destacou o trabalho promovido pela Instituição por meio do Vida Plena, serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, dentro da temática de combate à violência contra idosos. Horas depois, a TV e rádio Assembleia FM, bem como a TV Ceará/Brasil e a TV Verdes Mares (afiliada à TV Globo), registraram a montagem de cestas de alimentos que seriam entregues no dia 14. Em Volta Redonda/RJ, o abrigo para idosos da Legião da Boa Vontade também recebeu importante apoio de vários veículos de comunicação no fim de junho. Exemplo disso foi a matéria publicada no site da TV Rio Sul, afiliada à TV Globo. Ao abordar responsabilidade social e como a população pode ajudar instituições do Terceiro Setor, a reportagem indicou a unidade da LBV como possível destino de doações.

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Fotos: Suyane Lopes

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Em 29 de junho, a LBV em Fortaleza/CE realizou o “Arraial da Boa Vontade” para os idosos que participam do serviço Vida Plena. O evento teve decoração especial, comidas típicas dos festejos juninos, músicas, danças, brincadeiras, apresentação de cordel e bastante entusiasmo. De tão bela, a festa foi destaque no Jornal da Jangadeiro, emissora afiliada ao SBT.

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Pula a tristeza, iáiá...


Fotos: Thiago Ferreira

Heróis homenageados No Brasil, celebra-se, em 2 de julho, o Dia do Bombeiro, profissional indispensável para a segurança da população. Por já reconhecerem esse fato, crianças atendidas pela LBV nas cidades paulistas de São José do Rio Preto e Presidente Prudente prestaram homenagens aos bombeiros do 13o e do 14o Grupamentos desses municípios. A garotada levou muita alegria e afeto a todos os presentes nos batalhões e pôde se encantar com os caminhões tão chamativos. BOA VONTADE | 67


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“A mensagem da LBV de que o mundo necessita compreender a Paz é importantíssima” Em julho, o departamento de tradução da Legião da Boa Vontade recebeu uma mensagem do dr. Humphrey Tonkin referente ao livro A Esperança não morre nunca, best-seller do escritor Paiva Netto, cuja versão digital em Esperanto foi disponibilizada no dia 26 daquele mês. O correspondente, que é ex-presidente da Associação Universal de Esperanto (UEA) e representante dela junto à ONU, aprecia muito o trabalho da Instituição e ficou feliz em saber da nova obra lançada na língua internacional. Reconhecendo valores tão positivos na missiva, a equipe desta revista considerou o ensejo de apresentá-la a seguir. “A mensagem da Legião da Boa Vontade de que o mundo necessita compreender a Paz é importantíssima. “Como representante da Associação Univer-


MENSAGEM DE PAIVA NETTO CONFORTA UCRANIANOS Outra correspondência recebida foi a do sr. Semjon Iljich Vajnblat, pedagogo,

jornalista e poeta, que reside na cidade de Odessa, na Ucrânia, a qual tem sido alvo das ofensivas militares no conflito do leste europeu. O ex-presidente da Associação Ucraniana de Esperanto destacou quanto a mensagem de conforto trazida pelo escritor Paiva Netto no referido título é acalentadora aos corações que vivem naquela região: “Atualmente, nem tudo está em ordem em meu país. Mas nada nos amedronta se estamos juntos de Deus. É preciso crer que tudo irá melhorar. Um enorme muito obrigado ao escritor Paiva Netto, que conseguiu escrever o livro A Esperança não morre nunca. Enquanto houver humanidade, a Esperança sempre aquecerá os corações dos que creem em Deus. “Creio que o livro do escritor Paiva Netto será verdadeiramente um presente festivo para os leitores esperantistas, pois como acepção o Esperanto ['esperanto' quer dizer 'aquele que espera'] tem o radical ESPERANÇA! De todo coração, eu o parabenizo por ocasião da festa do Dia do Esperanto, que no futuro será MUNDIAL! “Saúde, saúde e saúde ao escritor Paiva Netto. Com amizade, sr. Semjon Iljich Vajnblat”.

Divulgalção

sal de Esperanto junto às Nações Unidas, eu fortemente admiro o trabalho da LBV no âmbito da ONU e saúdo a sua cooperação conosco. “A LBV tornou-se recentemente membro do Comitê das Organizações Não Governamentais sobre Línguas, o que nos ajudará a divulgar a mensagem de que uma parte essencial da Paz e do entendimento é o multilinguismo autêntico e inclusivo, em que também figura a língua internacional Esperanto. “Estamos particularmente interessados​​ na Educação, um campo especialmente importante também para a LBV. “Sim, a Esperança não morre nunca, porém, o caminho à frente para alcançarmos a Paz mundial é longo e íngreme. Fico feliz pelo fato de que a Legião da Boa Vontade trabalha em favor desse tão importante objetivo da humanidade. “Dr. Humphrey Tonkin. “West Hartford, Estados Unidos da América.”

Humphrey Tonkin

Valeu, Unimed! A Unimed, por meio de seu programa social intitulado Doe+, enviou, no início de julho, uma doação em dinheiro para a LBV, a qual será utilizada para a manutenção do Centro Comunitário de Assistência Social em Campinas/SP. Gratidão por esse apoio à LBV!

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Atletas mirins apoiados pela LBV são campeões nos EUA Jovens atendidos pela Legião da Boa Vontade que moram na comunidade do Jardim Catarina, em São Gonçalo/RJ, foram campeões no Pan-Americano Kids, realizado pela International Brazilian Jiu-Jitsu Federation (IBJJF), na Flórida, Estados Unidos, nos dias 23 e 24 de julho. Essa é a mais importante competição de crianças e adolescentes do calendário mundial da arte suave. Participantes do projeto Vencedores em Cristo, João Pedro Figueiredo, de 12 anos, foi o vencedor peso pesado na faixa amarela; seu irmão, Gabriel, 14, na categoria superpesado (mesma faixa); e Renan Ottoni, 15, ganhou o bronze no peso leve na faixa laranja. A notícia foi destaque em muitos veículos de comunicação, a exemplo dos sites dos jornais O Extra, O Lance e Zero Hora e dos portais UOL e Yahoo Esportes. A ação, liderada pelo faixa preta Fabiano Figueiredo, é mais uma de muitas apoiadas pela Instituição, pela Super Rádio Brasil, pela Prime Esportes e pela Boomboxe, que há mais de 12 anos prestam assistência a projetos sociais que levam a prática esportiva a moradores de comunidades. Aproveitamos também para agradecer ao jornal Monitor Mercantil, que publicou, no fim de junho, nota ressaltando a participação dos judocas do Centro Educacional José de Paiva Netto, escola de referência da LBV na capital fluminense, no Campeonato Brasileiro da Região Sudeste, organizado pela Liga Nacional de Judô.

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Fotos: Facebook da IBJJF

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As Organizações da Sociedade Civil de Assistência Social e a efetivação dos direitos socioassistenciais Data: 30 e 31/8/2022 Horário: 19h30 às 21h30

ACESSE: LBV.ORG/CONGRESSOSOCIAL E FAÇA SUA INSCRIÇÃO



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