28ª Edição - Junho / Julho 2013

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Revista

M nas Ano 3 . Ano N° 25 Outubro / Novembro 4 .| N° 28 | Junho / Julho 2012 2013

ISSN 2179-6653

O CLIMA

As mudanças climáticas e o que elas significam para o agronegócio


33 8707-9717

Agenda

04 a 14 de Julho/2013

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índice

editorial

A inflação não tem dado sossego para o bolso dos brasileiros. Os preços dos alimentos e da cesta básica sofreram variações entre as mais extremas nos últimos meses. Entretanto, segundo pesquisa feita em 18 capitais pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em maio houve redução nos preços da cesta básica, o que não acontecia desde novembro do ano passado. Dessas capitais, 12 delas tiveram retração nos preços: Manaus (AM) com -4,91%, Salvador (BA) com -3,76% e Belo Horizonte (MG) com -3,00% tiveram as maiores reduções. Na agricultura, o tomate foi o produto que teve maior destaque. Se no primeiro semestre deste ano ele esteve em evidência pela alta dos preços da hortaliça, a previsão é que no segundo semestre o destaque seja por conta de um grão: o milho. O milho foi tratado na última edição da Revista Agrominas. Mesmo no começo do ano as estimativas não terem sido as melhores, com previsão de produção para a safra 2012/2013 de 70,7 milhões de toneladas de milho, 2,7% menor que a última safra, devido à falta do grão em importantes países produtores, em maio a Conab divulgou relatório com previsão de safra de 78 milhões de toneladas. Como a produção de alimentos é um assunto frequentemente abordado, devido às demandas mundiais, abordamos na seção Entrevista um dos fatores que afetam diretamente o setor: o clima. Leia sobre os impactos e o que se esperar para a produção agrícola, diante das manifestações climáticas dos últimos tempos. Em Grandes Criatórios, a tradição e a paixão pelo Nelore, fizeram da Linhagem Lemgruber um plantel em destaque no país. Já em Dia de Campo, conheça a administração da Fazenda Vitória e a produção de 50 hectares de tomate. Boa leitura!

4 Giro no Campo 6 Entrevista 10 Entidade de Classe 12 Grandes Criatórios 15 Dia de Campo 18 Saúde Animal 20 Caderno Técnico 23 Forragicultura 26 Agrovisão 28 Sustentabilidade 30 Perfil Profissional 31 Meteorologia 32 Mercado 34 Cotações 36 Mão na Massa 37 Emater | IMA Incaper

Denner Esteves Farias

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Diretor Executivo

Aconteceu Culinária

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Diretor Executivo Denner Esteves Farias contato@minasleiloes.com.br Diretor Administrativo Dalton Esteves Farias administrativo@revistaagrominas.com.br Editora-Chefe Waneska Alves waneska.alves@revistaagrominas.com.br Departamento de Jornalismo - Lidiane Dias - MG 15.898 JP jornalismo@revistaagrominas.com.br - Marthina Dias - Estagiária contato@revistaagrominas.com.br Departamento Comercial e Logística - Minas Gerais - em contratação (33) 3271-9738 comercial@revistaagrominas.com.br

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Giro no Campo

Plano Agrícola e Pecuário 2013/14 disponibilizará R$ 136 bi O Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2013/14 é o mais abrangente e maior em volume financeiro já lançado no Brasil. Anunciado na terça-feira, 4 de junho, pela presidenta Dilma Rousseff e pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, o total de recursos liberados para a próxima safra é de R$ 136 bilhões, sendo R$ 97,6 bilhões para financiamentos de custeio e comercialização e R$ 38,4 bilhões para os programas de investimento. Em relação ao crédito disponibilizado na temporada que terminou no dia 30 de junho deste ano, a alta é de 18%. Durante o lançamento do PAP, o ministro ressaltou ainda o fortalecimento do sis-

Câmara aprova proposta que autoriza criação de conselhos de Zootecnia A Comissão de Constituição, de Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou no dia 05 de junho, em caráter conclusivo, proposta que autoriza o Poder Público a criar os conselhos federal e regionais de Zootecnia. A matéria seguirá agora para sanção presidencial, caso não haja recurso para análise do Plenário. Aprovado anteriormente pela Câmara em agosto de 2007, o Projeto de Lei 1372/03, do ex-deputado Max Rosenmann, retornou a Casa por ter sido alterado no Senado. Em sua versão original, o texto determinava a criação dos conselhos. Com as mudanças feitas pelos senadores, a proposta agora passa a ser autorizativa, permitindo ao Poder Executivo a instalação desses órgãos. Os conselhos de Zootecnia serão autarquias federais, com autonomia financeira e administrava, conforme o projeto. Caberá a eles orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício profissional dos zootecnistas, assim como das empresas cuja atividade principal relaciona-se à área. Para o exercício da atividade, os zootecnistas terão de registrar-se até 30 dias após a instalação dos conselhos regionais. Esses profissionais atuam no controle da reprodução, no aprimoramento genético e na nutrição de animais criados para fins comerciais. (Fonte: Agência Câmara Notícias)

tema de defesa agropecuário brasileiro e da assistência técnica rural. Dos R$ 136 bilhões previstos para a nova safra, R$ 115,6 bilhões serão com taxas de juros controladas, crescimento de 23% sobre os R$ 93,9 bilhões previstos na temporada 2012/13. A taxa de juros anual média é de 5,5%, sendo que serão menores em modalidades específicas: de 3,5% para programas voltados à aquisição de máquinas agrícolas, equipamentos de irrigação e estruturas de armazenagem; de 4,5% ao médio produtor rural; e de 5% para práticas sustentáveis. (Fonte: ASCOM MAPA)

Produtos agrícolas levam balança comercial a registrar superávit na primeira semana de junho Impulsionada pelas safras do milho e da soja, a balança comercial (diferença entre exportações e importações) registrou superávit de US$ 285 milhões na primeira semana de junho, informou no dia 10 de junho, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O saldo positivo decorre de exportações de US$ 5,367 bilhões e importações de US$ 5,082 bilhões. Com o resultado, o déficit da balança comercial acumulado este ano caiu para US$ 5,109 bilhões, contra o total de US$ 5,392 bilhões registrado até o fim de maio. No ano, as exportações somaram US$ 98,656 bilhões e as importações, US$ 103,765 bilhões. No mesmo período do ano passado, a balança comercial registrava superávit de US$ 6,563 bilhões. O déficit este ano, no entanto, é influenciado pelo registro em atraso de US$ 4,5 bilhões de importações da Petrobras. As operações ocorreram no ano passado, mas só foram incorporadas ao saldo comercial de janeiro a maio. Pelo critério da média diária, as exportações em junho cresceram 10,9% em relação à primeira semana de junho de 2012. (Fonte: Agência Brasil)

Café mineiro invade a mesa dos orientais O café mineiro cruza o mundo e invade a mesa dos orientais. Uma parceria entre o grupo mineiro Montesanto Tavares e a gigante japonesa Itochu Corporation firmada no dia 06 de maio criou uma empresa focada na exportação de grãos especiais para países asiáticos. Chamada de Cafebrás (simplicação de Cafés do Brasil), a companhia sediada em Patrocínio, no Alto Paranaíba, pretende levar o grão produ4 JUN / JUL 13

zido de norte a sul do estado. No primeiro ano de atividade, a expectativa é de que sejam negociadas 180 mil sacas, mas a meta é mais que triplicar o volume em cinco anos, atingindo 600 mil sacas por ano até 2018. A formação da joint venture se dá devido às altas taxas de crescimento do consumo do café em países asiáticos. (Fonte: Pedro Rocha Franco / Estado de Minas)


Brasil e países em desenvolvimento manterão domínio do setor agrícola por mais 10 anos A produção agrícola mundial deverá crescer em média 1,5% ao ano ao longo da próxima década, em comparação com o crescimento anual de 2,1% entre 2003 e 2012. É o que aponta um novo relatório divulgado no dia 06 de junho pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A pequena expansão de terras agrícolas, o aumento dos custos de produção, a crescente escassez de recursos e o aumento das pressões ambientais são os principais fatores por trás dessa tendência. No entanto, o relatório defende que a oferta de produtos agrícolas deve acompanhar o ritmo da demanda global.

Helicoverpa: aplicação de defensivo está proibida O defensivo apontado pelos pesquisadores como o mais eficiente no combate a lagarta Helicoverpa armigera não será utilizado nesta safra. O setor produtivo articulou com o governo a importação e utilização em caráter emergencial do princípio ativo Benzoato de Emamectina, mas a aplicação foi suspensa por meio de uma decisão judicial. Uma liminar expedida pela 1ª Vara da Fazenda Pública de Barreiras (Oeste baiano) vetou o uso do produto em todo o estado. Como boa parte do prejuízo já é irreversível, representantes dos produtores acataram a medida e não devem recorrer da decisão. Armando Sá Nascimento, diretor da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), afirma que o produto seria testado em dez propriedades de forma experimental, com monitoramento constante da agência. (Fonte: Gazeta do Povo)

De acordo com o relatório “Perspectivas sobre a Agricultura da OCDE-FAO para 2013-2022”, em 2022 o Brasil continuará sendo o maior exportador de açúcar, com 50,7% do setor; de aves, com 33%; e de carnes bovinas, com 17,3% da exportação mundial. Espera-se que os países em desenvolvimento cubram 80% do crescimento da produção mundial de carne e fiquem com a maior parte do crescimento do comércio ao longo dos próximos 10 anos. A maioria das exportações mundiais de cereais, arroz, sementes oleaginosas, óleos vegetais, açúcar, carne bovina, frango e peixe serão deste grupo de países em 2022. (Fonte: Divulgação ONU/BR)

Vazio sanitário da soja começou em Minas Gerais

Minas Gerais viverá o período conhecido como vazio sanitário, pelo qual fica proibido por três meses, o plantio de soja. Estabelecida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), a medida tem como objetivo prevenir e controlar a Ferrugem Asiática, doença que ataca a lavoura e causa prejuízos aos produtores. O calendário, que é anual, tem início no dia 1º de julho e se estende até 30 de setembro. A meta para 2013 é fiscalizar 548 propriedades. Em 2012, o IMA vistoriou no mesmo período, 452 propriedades mineiras, o que corresponde a uma área de 157.050 hectares. Assim como nos anos anteriores, o Instituto vai vistoriar propriedades no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Noroeste e Norte, regiões em que se concentra o cultivo de soja no estado. O diretor-geral do IMA, Altino Rodrigues Neto, explica que o vazio sanitário é uma medida fitossanitária recomendada por pesquisadores. “As pesquisas orientam que seja realizada a eliminação do hospedeiro - a planta de soja -, para se eliminar o fungo causador da ferrugem asiática da soja, que provoca queda das folhas e prejudica a formação dos grãos, derrubando drasticamente a produtividade das lavouras”, afirma. (Fonte: ASCOM IMA)

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entrevista

O impacto das mudanças climáticas na produção agrícola

Imagem Internet

As incertezas do clima e os desafios que o produtor rural tem enfrentado nas últimas décadas

Pode até ser enfadonho, mas um dos temas que mais ouvimos nos últimos tempos é a demanda por alimentos, o preço da cesta básica e um fator determinante na produção agrícola: o clima. No primeiro trimestre deste ano, segundo divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a agropecuária se destacou com crescimento de 9,7% se comparada ao trimestre que o antecedeu. Se comparado ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 17%. Em entrevista à Agência Brasil, a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, lembra que essa com6 JUN / JUL 13

paração é feita com o ano em que as lavouras foram prejudicadas pelos fatores climáticos. No dia 05 de junho, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciou durante o Fórum de Mudanças Climáticas (FBMC), em Brasília, dados do desmatamento e os planos setoriais de mitigação dessas mudanças climáticas. O destaque foi à queda de 84% na taxa de desflorestamento medida em 2012, se comparada a 2004, na Amazônia Legal, feita pelo Projeto PRODES de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite, de acordo com informações

divulgadas pela ASCOM do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Além disso, a ministra destacou que o Brasil atingiu 76% da meta na redução do desmatamento previsto para 2020. Já em relação à seca que atinge o Nordeste do país e o Norte de Minas Gerais, o Plano Safra do Semiárido, lançado no final de junho, pretende auxiliar na recuperação e fortalecimento da produção agropecuária, para tentar amenizar os efeitos do clima. Esses e outros dados compõem os fatores determinantes do clima, pois as emissões de gases do efeito estufa influenciam diretamente nas mudan-


ças climáticas. Para esclarecer alguns pontos sobre os impactos das mudanças climáticas na produção agrícola e o cenário atual, convidamos o Pesquisador nas áreas de climatologia agrícola e geoprocessamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Daniel Pereira Guimarães.

Imagens NASA

aquecimento global em http://climate.nasa.gov/. Afinal de contas, trata-se da empresa que lançou o homem à Lua, colocou em órbita uma rede de satélites, criou a estação e os ônibus espaciais, definiu o sistema de posicionamento global (GPS), lançou os telescópios espaciais Hubble e Kepler, colocou o veículo de uma tonelada, o REVISTA AGROMINAS - As Curiosity, em Marte e possui a maior altas nos preços dos alimentos vêm rede de observações sobre o planeta. surpreendendo o bolso dos consumidores. O tomate, por exemplo, teve uma grande alta e atualmente já apresentou uma queda de mais de 10%. Qual o panorama, no que diz respeito ao clima, representa o país hoje? Quais impactos as mudanças climáticas têm sobre a produção de alimentos e o preço dos mesmos? Redução das geleiras no hemisfério norte DANIEL GUIMARÃES - Antes de falar sobre as mudanças climáticas é preciso tratar do paradoxo em que se tornou a questão do aquecimento global, uma vez que muitos cientistas afirmaram exatamente o contrário, ou seja, uma tendência futura de resfriamento do planeta. A NASA, instituição mais credenciada sobre o tema, apresenta uma série de evidências do Tendência de aumento da temperatura global

As instabilidades climáticas são facilmente percebidas em função de diversos eventos ocorridos nos últimos anos, como as fortes ondas de calor ou de frio e as tempestades. Alguns exemplos são o aumento dos furacões, inclusive a ocorrência do furacão Catarina no Hemisfério Sul, a onda de ciclones assustadores no Oeste americano, as secas do rio Amazonas, do Pantanal e no Sul do Brasil e a prolongada estiagem que assola o Nordeste brasileiro. Essas instabilidades afetam a produção agrícola e a recente quebra de safra nos Estados Unidos causou impacto global no preço dos alimentos. O mês de maio na região Sudeste registrou altos índices pluviométricos e baixas temperaturas. Nesse mês de baixíssima ocorrência de chuvas, a cidade de Uberlândia foi afetada por um dos maiores temporais de sua história e várias plantações de café da região Sul do estado foram atingidas por chuvas de granizo. Nesse contexto, as olerícolas são as culturas agrícolas mais afetadas e o recente aumento do preço do tomate foi causado pelas variabilidades climáticas: baixa temperatura,

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chuva e alta umidade atmosférica. Esses mesmos fatores causaram forte impacto na produção de rosas que estavam sendo produzidas para colocação no mercado em época coincidente com as comemorações do Dia dos Namorados. REVISTA AGROMINAS - E a médio e longo prazo o que podemos esperar para a produção agrícola e os impactos do clima? DANIEL GUIMARÃES - Desde a formulação da fracassada teoria de Malthus, que no final do século XVIII previa uma crise alimentar da humanidade, muitos ainda temem pelos riscos da falta de alimentos no futuro. Ocorre que o aumento dos padrões tecnológicos sempre esteve à frente do aumento dos fatores relacionados às perdas de produtividade agrícola como as alterações climáticas e danos ocasionados pelas pragas e doenças. Isto é comprovado pelos sucessivos aumentos da produção brasileira de grãos sem impactar o tamanho da área plantada, ou seja, os aumentos são de produtividade. Os zoneamentos agrícolas indicam os locais e épocas mais adequadas para o plantio, os avanços tecnológicos relacionados ao melhoramento genético das culturas agrícolas e as técnicas de manejo vêm contribuindo para o aumento da produtividade e garantia da segurança alimentar da população: qualidade, quantidade e acessibilidade. Exemplos típicos desses avanços são a produção de uva em Petrolina (PE), maçã na Chapada Diamantina (BA) e azei8 JUN / JUL 13

tona em Maria da Fé (MG). Os impactos do clima somente serão minimizados se cuidarmos melhor do meio ambiente. No Brasil os grandes vilões são os desmatamentos e as queimadas. Ainda temos muitas pessoas, inclusive administradores públicos, cuja visão canhestra ainda encara as árvores como ameaças ou preferem vê-las cortadas em benefício próprio, porém, suas ações serão extintas pelo avanço cultural da sociedade. O governo enfrenta sérias dificuldades para a execução de projetos que causam impactos ambientais como a transposição do Rio São Francisco ou a construção de represas nos rios amazônicos. A Turquia vive momentos turbulentos deflagrados a partir da autorização do governo permitindo a derrubada das árvores de uma praça para dar lugar à construção de um centro comercial. Voltando para o caso brasileiro, os avanços tecnológicos irão permitir que atividades altamente impactantes ao meio ambiente, como a pecuária extensiva, sejam substituídas por sistemas de produção muito mais eficientes como aqueles que fazem a integração lavoura-pecuária-floresta. Em breve estaremos assistindo à devolução de áreas ocupadas pela exploração pecuária, para os sistemas naturais e os instrumentos. Para isso foram criados como o novo Código Florestal e a implantação do CAR (Cadastro Ambiental Rural). Afinal de contas, nas condições atuais nossa agricultura produz alimentos suficientes para abastecer cerca de cinco vezes a população brasileira e a tendência futura

é de aumento de produção e redução da área ocupada. Diante desses fatos podemos até parafrasear a música de Lulu Santos: “Eu vejo a vida melhor no futuro...”. REVISTA AGROMINAS - Sabemos que o clima é um dos fatores influenciadores no resultado da produção. O Nordeste vem passando por uma seca terrível. O excesso de chuva de algumas regiões ou a seca de outras tem atrapalhado a produção nacional. Como está a situação atual? DANIEL GUIMARÃES - O produtor rural deve ter em mente que os estudos de previsão do tempo fornecem indicações precisas para períodos curtos (duração de uma semana) e que os estudos de previsão de clima são baseados em tendências médias e estão associados a altos riscos de incertezas. Vejamos a atual seca que castiga alguns estados do Sudeste e toda a Região Nordeste do Brasil. Nos anos de 2010 e 2011 tivemos a ocorrência do fenômeno La Niña e nos últimos 12 meses o registro da temperatura do Oceano Pacífico situa-se dentro da normalidade no litoral da América do Sul. Essas condições deveriam favorecer altas incidências de chuvas na Região Nordeste e seca na Região Sul do Brasil. Portanto, o produtor rural estará sempre sujeito a perdas causadas pelas instabilidades climáticas e a saída é o aumento da eficiência de seu sistema de produção e a prevenção dos riscos através do seguro agrícola. O Nordeste sempre foi e será uma re-


gião de altos riscos e a saída depende do uso de técnicas de convivência com a seca, como os sistemas irrigados, a coleta da água das chuvas, o cultivo de plantas e a criação de animais adaptados às condições locais. O uso da tecnologia fez com que altas produtividades fossem obtidas em Israel, onde as condições climáticas são muito mais drásticas que no Nordeste brasileiro. Nas demais regiões do Brasil o clima está dentro da normalidade e teremos uma safrinha recorde nos estados do Centro Oeste e Sul do Brasil.

subsequentes sejam generosas para as áreas atingidas pela estiagem prolongada. As chuvas ocorridas no mês de maio na Região Sudeste contribuíram para a melhoria da qualidade do ar e a recuperação das pastagens, mas foram insuficientes para normalizar o volume de água dos rios e o nível das represas. A produção de grãos está batendo recordes nessa safra, a produção de cana está voltando à normalidade, o governo tem liberado crédito para a

REVISTA AGROMINAS - De acordo com o Agromensal – CEPEA/ESALQ, este ano será tão desafiador quanto o ano passado. Quais serão esses desafios para 2013 no que diz respeito ao clima? Ele será o maior desafio? DANIEL GUIMARÃES - As condições climáticas passadas afetaram fortemente a disponibilidade hídrica dos solos e os impactos somente serão minimizados caso as chuvas nos meses

produção agrícola e os produtores estão investindo bastante em seus sistemas de produção. Lamentavelmente as regiões mais afetadas pelas instabilidades climáticas foram as mais pobres e de menor uso tecnológico. Esperamos que a criação da ANATER (Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural), leve novas tecnologias para essas regiões menos favorecidas, único meio de enfrentar as adversidades enfrentadas pelo produtor rural.

Chuvas nos últimos 8 meses. Fonte: NOAA - http://www.cpc.ncep.noaa.gov

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9 JUN / JUL 13


entidade de classe

Sindicato Rural de Itapetinga

Fotos: Arquivo Sindicato

Um choque de gestão na recuperação da força da entidade

Figura 1: Exposição Agropecuária promovida pelo sindicato - Figura 2: Diretoria: Adriano Alcântara, Marcelo Ferraz e Eder Rezende Situada no Centro-Sul baiano, a cidade de Itapetinga fica 2005); Newton Carlos P. Andrade (2005 à 2008); Comissão às margens da BR 415, a uma distância de 562 km de Salva- Provisória: Marcelo Roth Ferraz de Oliveira, Henrique Brugdor e 100 km de Vitória da Conquista. De acordo com o Cen- ni Saraiva de Araújo e Adriano César Pessoa de alcântara so Demográfico 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e (2009 à 2010); Henrique Brugni Saraiva de Araújo (2010 a Estatística (IBGE), a cidade tem uma população de 68.273 2012). pessoas. Itapetinga é conhecida pelo seu destaque na pecuária Hoje, o Sindicato Rural de Itapetinga é dirigido por uma do estado, devido sua aptidão natural, o solo e o clima como diretoria executiva composta pelo presidente, o secretário e o fatores determinantes. A tradição, onde gerações e gerações tesoureiro, além dos três representantes do Conselho Fiscal de pecuaristas estão ativamente envolvidas, transformou o e seus respectivos suplentes. Conta ainda com uma equipe Sindicato Rural de Itapetinga no acelerador no setor. composta por cinco funcionários, sendo três do setor admiCom o objetivo de fortalecer a classe rural, dando repre- nistrativo e dois em serviços gerais. sentatividade ao setor e incentivando a agropecuária na reCom sede própria, a entidade funcionou por alguns anos gião de Itapetinga há 57 anos, no dia 02 de janeiro de 1956 em um imóvel localizado no centro da cidade, que hoje se enfoi criado o Sindicato Rural da cidade. A iniciativa de criação contra alugado para uma empresa local. Há três anos o sindido sindicato, de acordo com o atual presidente da entidade, cato se mudou para o Parque de Exposições Juvino Oliveira, Adriano César Pessoa de Alcântara, foi de Juvino Oliveira, que também pertence à entidade e possui uma área de 20 hecum dos nomes da cidade, que auxiliou na fundação da mes- tares, doado pelo próprio Juvino. De acordo com o presidenma. Considerado um grande líder e visionário da época, Juvi- te, o Parque de Exposições possui um Centro de Treinamento no Oliveira foi o fundador do sindicato e considerado presi- Rural, com quatro auditórios climatizados, refeitório, cozinha dente de honra em Julho de 1957. industrial e alojamento, atendendo assim as necessidades do Pela entidade já passou os seguintes presidentes: Vespa- sindicato. ziano da Silva Dias (1956 à 1958); Nelson Alves de Oliveira Junto aos produtores e trabalhadores rurais, a entidade (1958 à 1960); Ney Coelho Silveira (1960 à 1962); Thomaz atua oferecendo cursos de capacitação, defesa jurídica para Hemetério Monte (1962 à 1964 e 1968 à 1971); Lindolfo No- atender as reivindicações de seus associados e exercendo pavaes Silveira (1964 à 1966); Osmar Novais da Silveira (1966 pel político na representação da classe produtora. Além disso, à 1968); Marcos Vinícius Wanderley (1971 à 1975 e 1990 a entidade tem o papel de participar ativamente das discussões à 1993); Felício Francisco de Brito (1975 à 1984); Rômulo de interesse da coletividade dentro da comunidade. Adriano Souto Coelho (1984); Abdias Vilar da Silva Campos (1985 à Alcântara destaca ainda a Exposição Agropecuária de Itape1987); Antônio Benenvides Brito Lima (1987 à 1990); José tinga, que é uma realização do sindicato. “O grande destaFerreira Gomes (1993 à 2002); Ulysses Barcelos (2002 à que fica realmente por conta da realização das Exposições. 10 JUN / JUL 13


Porém, nos últimos anos o sindicato cresceu muito no papel de verdadeiro representante de classe, buscando dar qualificação, informação, conhecimento aos produtores e também sempre buscando ações de interesse direto do setor”, enfatiza o presidente. Devido a essa busca pela informação, Alcântara complementa que os produtores passaram a investir em suas propriedades, empregando técnicas aprendidas. Até 2009 o sindicato possuía 47 associados. Depois das mudanças a partir daquele ano, a entidade apresenta representação de 120 produtores. Mesmo o sindicato tendo suas ações voltadas para o município de Itapetinga, Adriano Alcântara aponta que na prática a entidade funciona como organismo convergente, se direcionando também a produtores da microrregião, alcançando desta forma, outros municípios. Os produtores associados pagam uma mensalidade ao Sindicato Rural e uma contribuição sindical anual para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Além desses subsídios, a entidade se mantém através do aluguel de imóvel, locação de espaços para realização de eventos no Parque de Exposições, da Exposição Agropecuária e leilões. As parcerias com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB) e a CNA, além do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) na realização de cursos de capacitação realizados no Centro de Treinamento Rural, localizado no Parque de Exposições, proporcionam uma maior representação aos associados. Há outras parcerias como com a Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia (SEAGRI) e com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Para se associar, o produtor rural precisa estar inserido no sistema CNA, com sua contribuição sindical em dia e, manifestando interesse em se associar ao sindicato, basta solicitar sua inscrição. O pedido será submetido à aprovação da diretoria da entidade. R

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O presidente Em 2009, Adriano Alcântara informa que assumiu a junta governativa interina juntamente com Henrique Brugni e Marcelo Ferraz, para ajudar a entidade no momento de crise devido ao endividamento que a mesma estava passando. O sindicato, de acordo com o presidente, já tinha até interrompido seu funcionamento. No final desse mesmo ano, a entidade se reajustou e os componentes da junta interina foram eleitos para o triênio 2010/2012: Henrique Brugni como presidente, Marcelo Ferraz como tesoureiro e Adriano Alcântara como secretário. Atualmente, Adriano está na presidência, Marcelo Ferraz é o tesoureiro e Eder Rezende o secretário. “A linha imposta ao sindicato nesse período foi a de gestão eficiente e transparente, o que o tornou superavitário e independente, tanto financeira quanto politicamente”, caracteriza. Adriano Alcântara, 45 anos, natural de Itapetinga, é advogado e produtor rural. Atua tanto na pecuária de corte quanto na de leite e aponta que sua formação jurídica o auxilia muito na condução do cargo. Associado à entidade há dez anos, assumiu pela primeira vez a presidência do sindicato no dia 28 de janeiro deste ano, para um mandato de três anos. O presidente aponta que as ações atuais do sindicato mantêm uma linha constante, implantada desde a última gestão. Desta forma, objetiva como gestor dar sequência nesta linha administrativa. Destaca que nos últimos anos o sindicato passou por um choque de gestão, com o intuito de se recuperar, e hoje caminha para se tornar uma entidade ainda mais forte e representativa no setor. Quanto à reeleição, Alcântara acredita que ainda é muito cedo para antecipar essa decisão. “No momento, meu foco é cumprir este mandato da melhor maneira possível, com empenho, dedicação e responsabilidade, contando sempre com o apoio dos diretores e associados. Independentemente de quem venha a ser o próximo presidente, o importante é que se mantenha a linha de crescimento que o Sindicato vem traçando e o bom é que há muitos outros nomes excelentes para isso”, avalia.

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11 JUN / JUL 13


grandes criatórios

Fazenda Santa Clara na criação do Nelore

Fotos: Arquivo Criatório

Um braço no Sul Baiano da Linhagem Lemgruber

Baú é um dos reprodutores da Fazenda Santa Clara Como você acostumou a ler aqui nesta seção, Grandes Criatórios tem o objetivo de trazer para nossos leitores, histórias de criadores que focam no melhoramento genético como ferramenta para produzir animais com qualidade e evolução genética, de raça e que se torne referência no setor para outros criadores. Muitos deles, embasados na tradição familiar e outros como empreendedores natos no agronegócio. Nesta edição resolvemos contar com a tradição a favor: a Linhagem Lemgruber. Segundo informações de Cláudia 12 JUN / JUL 13

Maria Lemgruber da Silva Tavares e da própria biografia da família Lemgruber, encontrada no site http://linhagemlemgruber.com.br, a tradição da Linhagem Lemgruber teve seus primeiros passos há quase 135 anos, mais especificamente em outubro de 1878, quando um dos integrantes da família, Manuel Ubelhart Lemgruber, trouxe um lote de animais da raça Nelore (Ongole), da cidade de Hamburgo, na Alemanha. Em viagem feita ao zoológico da cidade, conheceu os reprodutores do gado indiano, pertencentes à firma Ha-

agenbeck. O lote de animais que chegaram ao Brasil, na Fazenda Santo Antônio, no município de Sapucaia no estado do Rio de Janeiro, era chefiado pelo reprodutor Hanomet e as matrizes Vitória e Golconda, que se destacavam na produção. Mais tarde, em 1880, devido aos resultados satisfatórios, um segundo lote veio para o país, chefiado pelo touro Nero. Três anos depois, o touro Castor chefiava o terceiro lote dos animais da raça Nelore. Esse foi o começo de uma linhagem que hoje é referência


Figura1: Manuel Lemgruber com o touro Piron - Figura 2: Cláudia, Eduardo Cardoso da Fazenda Mundo Novo, Davi Borges (MS) e Dr. Fausto Pereira Lima. nacional na criação na raça. Para fugir da consanguinidade, Sr. Manuel Lemgruber recomendou que os animais fossem de fontes distintas. Ainda segundo a biografia, o criador tinha o registro das reses, fazia controle de produção leiteira e fazia seleção dos animais, descartando os deficientes.

Assim, até chegar na nossa entrevistada desta edição, Cláudia Lemgruber, a família foi perpetuando a iniciativa de Manuel Lemgruber. O bisavô de Cláudia, Lourenço Augusto Lemgruber, primo de Manuel, foi o primeiro a aderir à criação do Nelore. Lourenço era proprietário da fazenda Boa Esperança,

no município de Carmo (RJ). A marca “LL”, utilizada por Lourenço, teve destaque nas exposições daquela época. Buscando preservar as características da linhagem, os filhos de Manuel, de Lourenço, dentre outros, deram continuidade à raça. Entre eles, estava o avô de Cláudia, Otacílio Lemgruber

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e, posteriormente, seu pai Paulo Lem- o padrão brasileiro da linhagem só foi criado em 1938, 60 anos depois da gruber. importação feita por Manuel Lemgruber, mas ela procura manter o padrão Um braço Baiano Há 15 anos, o Sul Baiano, mais da linhagem importada originalmente. especificamente em Mucuri, ganhou “Procuro dar continuidade ao trabaum criatório da Linhagem Lemgruber. lho dos meus familiares em preservar Cláudia Maria Lemgruber da Silva a Linhagem Lemgruber, mantendo o Tavares, juntamente com seu marido padrão indiano seguido pela família Armando Tavares, dão sua contribui- desde a primeira importação”, enfatiza. ção na pecuária baiana e ao Nelore Frisa ainda que o Nelore Lemgruber é Lemgruber. Natural de Carmo (RJ) criado a pasto, sendo uma linhagem de é formada em Medicina Veterinária animais rústicos, mansos e pesados. A pela Universidade Federal Fluminense Fazenda Santa Clara apresenta como pastagem o Brachiarão. Os animais, (UFF-RJ). Sendo que seu bisavô Lourenço, criados de forma extensiva no pasto, seu avô Otacílio e seu pai Paulo aju- recebem suplementação com cana e sal daram na continuidade da Linhagem, a proteinado na seca. As ferramentas de biotecnologia veterinária não poderia seguir outro caminho. Cláudia nasceu na Fazenda São utilizadas são a Inseminação Artificial José onde seu pai, Paulo Lemgruber, (IA), Transferência de Embriões (TE) cria até hoje a raça. “Desde pequena e Fertilização In Vitro (FIV). A veteriacompanhava meu pai nas exposições, nária aponta também que participam de visitas a criadores e nas visitas de ou- programas de melhoramento genético tros criadores que iam lá em nossa casa da Associação Brasileira de Criadores conhecer o gado. Aos poucos fui me de Zebu (ABCZ) e Geneplus da Emapaixonando pelo Nelore”, lembra a presa Brasileira de Pesquisa Agropecucriadora. Devido essa paixão, que cres- ária (Embrapa). Mesmo investindo em ceu junto com ela, foi para a faculdade biotecnologias, é feito também a monta de Veterinária em Niterói, se formou, natural. A estação de monta tem início em Novembro e termina no dia 15 de casou e se mudou para Mucuri. A propriedade adquirida pelo ca- março. As novilhas são colocadas com sal é chamada de Fazenda Santa Cla- touro a partir de 18 meses, com peso ra e tem 360 ha. O plantel é formado mínimo de 320 kg, e desta forma popor 300 animais. Cláudia informa que dem ser feitas as avaliações com os fu-

turos reprodutores da fazenda. Em relação à comercialização, a criadora informa que os tourinhos são colocados à venda a partir dos 24 meses, já com exame Andrológico feito, onde se avalia o potencial reprodutivo do touro, e o Registro Genealógico Definitivo (RGD), emitido pela associação da raça, certificando a pureza racial, as características morfológicas e reprodutivas. O Nelore da Linhagem Lemgruber, de acordo com a Veterinária, é conhecido em todo o país, com touros desde os puros até os bisnetos, com sêmen em centrais de inseminação: Versátil (ABS), Baú (ABS), Capitão (Alta Genetics) e Manso (Lagoa da Serra) são exemplos de reprodutores que estão nas centrais. Além disso, coletas são feitas também a nível de fazenda. Enfim, Cláudia e o marido têm a preocupação e o empenho de manter a tradição, a genética e a qualidade do Nelore Lemgruber. São gerações diversas com esse objetivo que se reafirma com o peso que esse sobrenome tem para a raça. “Continuamos esse trabalho, persistentes em manter a linhagem fechada, oferecendo ao mercado uma genética honesta, produtiva e que demanda baixos custos de produção. É o que denominamos de ‘choque de sangue’ com qualidade dentro da própria raça Nelore”, caracteriza.

Figura 1: O Touro Versátil é um dos reprodutores que está em coleta na central de inseminação Figura 2: Baú com Paulo Lemgruber e Armando Tavares, em foto tirada na Expozebu 14 JUN / JUL 13


Por ano 250 mil caixas de tomate são comercializadas na propriedade Fotos: Lidiane Dias

dia de campo

Fazenda Santa Vitória

A produção de tomate distribuída em 50 hectares. Em entrevista pudemos ver que nos últimos meses o preço dos alimentos vem deixando a população brasileira insatisfeita. Ora é o tomate, ora é o feijão, ora o leite, e por ai vai. Em março, de acordo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) os maiores aumentos no preço do tomate, em pesquisa feita em 18 capitais, foram em Vitória (ES) que teve alta de 42%, seguida de Belo Horizonte (MG) com 17,20% e São Paulo (SP) com 15,68%. Já em Maio, ainda segundo levantamentos feitos pelo Dieese, alguns produtos da Cesta Básica tiveram retração em algumas capitais brasileiras: em Belo Horizonte a hortaliça teve queda de 26,45%, em São Paulo houve retração de 10,64% e em Vitória os preços caíram em 18,96%. Para ilustrar essa realidade, trazemos em Dia de Campo um produtor da hortaliça que mais esteve em foco este ano e que já foi citada aqui: o tomate. Não é só o consumidor que fica apreensivo com as altas e baixas do fruto. A ponta

da cadeia produtiva, que começa nas áreas de plantio do fruto, sofre com essas variações de preço, climáticas e a pressão do mercado. Mas, nosso personagem desta edição acredita que o investimento em tecnologia de ponta é a melhor forma de se prevenir desses fatores. Situada na Baixa do Bugre, a oito km de Marilac (MG), a Fazenda Santa Vitória do produtor rural Ricardo Silveira Braga, 53 anos, é a única da cidade com produção de tomate. O tipo da hortaliça produzido é o tomate de mesa, com cultivo envarado e que é consumido in natura. Numa área de 150 hectares irrigados, o produtor dedica 50 destes hectares para a produção de tomate. Segundo Braga, a cada mil pés são colhidas 500 caixas, sendo 50 mil pés plantados, a produção anual é de 250 mil caixas. Braga informa que a comercialização da hortaliça é até feita para redes de supermercado da região, porém o escoamento de sua produção é destinado principalmente ao Sul do país: Porto Alegre (RS), Curitiba (PR) e Florianópolis 15 JUN / JUL 13


produção de abóbora, banana, limão, maracujá, melancia e pimentão.

A produção de banana abrange 30 hectáres da propriedade (SC). Por dia cerca de seis caminhões, enviados por essas redes de supermercados, saem de sua propriedade com destino às capitais da região Sul. Natural de Peçanha (MG), Ricardo Braga começou na atividade de produtor rural em 1986. Sempre voltado para a agricultura, o produtor acredita na diversificação. Inicialmente, a produção, que era feita em outra área, era voltada para o quiabo, onde 80 hectares arrendados eram utilizados. Informa que em 1991, chegou a ser considerado o maior produtor independente de quiabo do país. Em 2006, quando adquiriu a atual fazenda, resolveu investir no tomate. “Pesquisei muito. Tenho muitos colegas no Espírito Santo e na Bahia e visitei alguns deles. O tomate é uma cultura de risco, mas se ela for bem, ela te dá um retorno muito grande”, justifica. Mesmo o tomate sendo o foco atual da propriedade, a Fazenda Santa Vitória tem um aproveitamento de área e diversificação de renda através da

Manejo e estrutura A plantação do tomate, que não é muito adaptada para a cidade devido ao clima quente, é feita a partir de março e passa por três renovações até junho, quando começa a colheita. O produtor adquire as sementes produzidas na China e na Holanda, que são encaminhadas para uma estufa terceirizada em Caratinga, e só retornam para a propriedade como mudas, onde serão plantadas. No início eles produziam as mudas na propriedade, pois trabalhavam somente com 15 hectares. Como a produção foi crescendo, acharam melhor terceirizar esse serviço. Braga informa que com a chuva ocorrida em abril, teve uma perda de 20% do primeiro semeio, correspondentes a 10 mil caixas. A hortaliça só produz de 45 a 60 dias depois da primeira colheita. Para auxiliar nesse processo e amenizar o clima, o produtor utiliza a irrigação por gotejamento, de março a novembro, três vezes por semana a plantação é adubada por fertirrigação e duas vezes por semana é pulverizada. Esse sistema de irrigação é considerado o mais econômico entre os sistemas e é feito com filtragem de areia. Quarenta mil pés de tomate são envarados com bambu e o restante com eucalipto. A colheita é feita todos os dias, de junho a novembro, de forma manual. A lavagem e separação dos frutos bons para comercialização dos que apresentam algum defeito, é feita através de uma esteira e dela, o tomate já vai direto para as caixas. O armazenamento é feito em dois galpões, sendo um de 400 e o outro de 500 metros. O transporte das hortaliças é feito em caixas plásticas, o que aumenta o custo da viagem porque há uma necessidade dos caminhões fazerem duas viagens: uma para levar os tomates e outra para devolver as caixas. Toda a carga tem seguro, como forma de garantia para o produtor, já que o transporte desses produtos passa por viagens longas, com cerca de 30 horas. Para o descanso do solo, utiliza a rotação de culturas.

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Quando acaba a colheita do tomate, fazem o plantio de milho, que é usado na produção de silagem para o confinamento de gado do ano seguinte. São produzidas 2500 toneladas de silagem/ano. A sobra da silagem que não será utilizada para o gado é comercializada. A rotação de culturas é feita em toda a área irrigada. O produtor trabalha com o confinamento de 500 animais da raça Nelore e está investindo numa nova estrutura de currais e tecnologia para confinar o gado. Braga informa que os custos de produção são altos, desde a plantação até a logística do transporte do fruto, mas o produtor acredita que se é para apostar em algo, essa aposta precisa ser em algo de qualidade. “Mexer com o que a de melhor para errar menos. Tudo é computadorizado, há dois motores a diesel e oito bombas elétricas para fazer a irrigação da plantação”, frisa. O produtor conta que os investimentos em tecnologia são necessários para se produzir em quantidade e qualidade. Na produção de banana, por exemplo, mais de 20 mil metros de canos subterrâneos foram construídos para irrigar a fruta. São 30 hectares destinados a essa cultura e a plantação de banana chega a produzir 75 mil caixas/ano. Em agosto será a colheita do plantio feito em outubro de 2012. Um profissional do Espírito Santo, especializado na plantação e no mercado de tomate, e uma empresa de consultoria, prestam-lhe assistência técnica. No funcionamento e gerenciamento da propriedade, a família Braga é quem está à frente. No trabalho familiar, Ricardo Braga conta com a ajuda da esposa Carla Silva Medrado Braga e dos filhos Manoel de Oliveira Braga e Diego Medrado Braga, no departamento de campo. Já a filha Natállia Medrado Braga fica por conta do departamento financeiro e a nora Viviane França é responsável pelo setor de RH. O produtor salienta a importância do trabalho em família, da ajuda deles e dos funcionários na execução das atividades. Informa ainda da importância de participar de feiras e congressos voltados para a produção de tomate, pois assim fica sabendo o que há de melhor no setor e poder investir na propriedade.

Figura 1: Sistema conputadorizado de irrigação Figura 2: O produtor rural Ricardo Braga

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saúde animal

Manejo Reprodutivo na criação de bovinos Ítalo Ferraz Mendes

Imagem Ilustrativa

Médico Veterinário CRMV-MG 9562

O manejo reprodutivo é um dos principais aspectos responsáveis pelo bom desempenho econômico da atividade de criação de bovinos. Vários fatores podem interferir nas taxas de reprodução destacando-se aqueles relacionados à fisiopatologia, à genética, à nutrição e ao manejo zootécnico-sanitário dos rebanhos. Inquéritos sorológicos realizados em todo o Brasil têm demonstrado altos percentuais de soroconversão de fêmeas bovinas para o Herpesvírus bovino 1 (BoHV-1), para o Vírus da Diarreia Viral Bovina (BVDV) e para a Leptospira. Após a infecção primária esses microrganismos podem alcançar o trato reprodutivo da fêmea ocasionando 18 JUN / JUL 13

falhas na reprodução. A Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR), a Diarreia Viral Bovina (BVD) e a leptospirose, tanto de forma isolada quanto em associação, ocorrem em um percentual expressivo dos rebanhos bovinos brasileiros. O Herpesvirus bovino tipo 1 (BHV-1) é reconhecidamente um dos principais patógenos de bovinos jovens e adultos. Após a primo infecção, a latência viral induz nos animais o estado de portadores e potenciais transmissores devido aos episódios de reexcreção viral. Esta característica biológica do BHV-1 é responsável pela manutenção e expansão da infecção nos rebanhos que clinicamente


Foto Infoescola

Divulgação Vallée

tais como: identificação de animais soropositivos no rebanho, exame de animais a serem introduzidos no rebanho, utilização de sêmen de boa qualidade e vacinação de todo rebanho. A vacinação deve ser administrada no período que antecede a cobertura ou Inseminação Artificial (IA). Animais primos-vacinados devem receber duas doses com período de intervalos de 30 dias, fazendo o efeito Booster nos animais e revacinação anual. Deve ser ressaltado que a vacina em animais infectados não vai debelar a infecção, mas pode reduzir a frequência ou até mesmo a intensidade dos sinais clínicos, que causa o prejuízo ao produtor. As doenças reprodutivas e respiratórias ligadas a esse agentes estão principalmente relacionadas à intensificação da produção já que são doenças contagiosas e causam sinais clínicos principalmente em condições de stress do animal, a saber: períodos de gestação, confinamento, pressão de produção, entre outras. Por isso, em sistemas cada dia mais intenso e tecnificado, essas doenças vêm aparecendo como grandes agentes causadores de prejuízos ao produtor. Dar-se aí a importância do produtor estar atento a essas doenças realizando ações preventivas no seu rebanho.

Foto Milkpoint

compõem o complexo Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) e Vulvovaginite Pustular Infecciosa (IPV) na dependência, entre outros fatores, do subtipo viral podem ocasionar sinais respiratórios, reprodutivos, nervosos e sistêmicos. A infecção pelo BVDV pode resultar em uma grande variabilidade de sinais clínicos, relacionados com doença reprodutiva e respiratória. A sua capacidade de cruzar a barreira placentária durante a gestação pode causar infertilidade temporária, queda nas taxas de concepção, morte embrionária e abortamentos, mumificação fetal e natimortalidade. Animais infectados no início da gestação podem nascer persistentemente infectados (PI), e se constituem numa fonte constante de infecção para animais não imunes. Além de serem os maiores disseminadores do BVDV nos rebanhos, os animais PI estão sujeitos a desenvolver uma síndrome usualmente fatal, denominada doença das mucosas. O BVDV pode ser transmitido pela saliva, secreções nasais, oculares, urina, fezes, sêmen, embrião, placenta, sangue e fômitos, e se caracteriza por induzir altas taxas de soropositividade nos rebanhos expostos. A leptospirose é uma zoonose e afeta várias espécies de animais domésticos e silvestres, que podem funcionar como portadores (sadios ou doentes) ou reservatórios. A transmissão se dá por contato direto com a urina, sangue ou tecidos de animais infectados, ou de modo indireto pela água e/ou alimentos contaminados. Animais em lactação podem eliminar leptospiras no leite na fase aguda da doença. As vias de penetração são a pele lesada, mucosas oral, nasal, ocular e genital. Leptospiras são eliminadas na urina de animais infectados, logo após a bacteremia. Isso ocorre, teoricamente, da segunda a quinta semana da doença; mas animais convalescentes podem eliminá-las durante meses. A importância da leptospirose é relevante, pois, além de ser uma zoonose, causa consideráveis perdas econômicas no rebanho bovino, devido a abortos, retenção de placenta, nascimentos prematuros, morte, infertilidade, decréscimo na produção de leite. Medidas profiláticas devem ser adotadas para não introdução e aparecimento de sinais clínicos no rebanho,

Figura 1: BVD - Figura 2: Leptospira interrogans 19 JUN / JUL 13


caderno técnico

Pescado um alimento de importância nutricional Bruno Olivetti de Mattos Engenheiro de Pesca - Mestre em Zootecnia

Renato Silva Leal

Quimico - Mestre em Ciencias Veterinarias Guilherme Cleto de Carvalho - Zootecnista

Maria Emilia de Sousa Gomes Pimenta Zootecnista - Doutora em Zootecnia

PESCADO Antes de abordarmos o assunto principal, é interessante que tenhamos em mente o significado da palavra pescado. Pescado é todo e qualquer organismo que tenha pelo menos uma fase de seu ciclo de vida em ambiente aquático, podemos destacar os peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios, répteis e plantas aquáticas. Para que se possa ter estes organismos em nível produtivo e escala é necessário o seu cultivo, já que a pesca dos mesmos está em grande declínio. Dessa forma, a atividade realizada para a produção é a aquicultura, que em sua essência, é uma atividade multidisciplinar que tem como objetivo a produção ou o cultivo desses organismos aquáticos. Dos organimos supracitados, destaca-se o peixe, que é o grande responsável pela produção de pescado no Brasil e no Mundo. A atividade que visa à cultura ou à produção racional desses em quaisquer fase de desenvolvimento é denominada piscicultura. A aquicultura é uma alternativa para incrementar os índices de consumo de proteínas de origem animal e um importante fator de desenvolvimento sócio econômico para o país. Atualmente, apesar das crises econômicas e do surgimento de novas enfermidades, a aquicultura é considerada um dos sistemas de produção de alimentos que mais cresce no mundo, e que poderá contribuir muito com a crescente demanda mundial de pescado neste milênio (Souza, 2002). 20 JUN / JUL 13

O Brasil reúne condições extremamente favoráveis à aquicultura, apresentando excelente potencial hídrico, clima favorável, boa disponibilidade de áreas e grandes safras de grãos para formulação de rações. São mais de 8.000 km de Zona Costeira, 5 milhões de hectares de água doce em reservatórios naturais e artificiais, além de extensa rede hidrográfica que podem ser aproveitados na exploração da piscicultura no país (Ono & Kubitza, 1999). A produção de pescado no Brasil atingiu 1.072.226 t em 2007, 1.156.423 t em 2008 e 1.240.813 t em 2009, um aumento de 15,72%, sendo a produção de 2009 advinda da pesca marinha (47%), seguida pela aquicultura continental (27%), pela pesca continental (19%) e pela aquicultura marinha (6%). A Tilápia foi a espécie mais produzida em 2009, representando 39% do total de pescado proveniente da piscicultura continental. A segunda espécie mais produzida é a Carpa com 24% do total da produção nacional. A produção do Tambaqui é a terceira com 13,77%. A falta de uma oferta contínua de pescado de qualidade, leva a um baixo consumo per capita de peixes, ou seja, 6 kg/habitante/ano, enquanto que o de carne bovina chega a 50 kg/habitante/ ano para pessoas de maior renda e 10 kg/habitante/ano nas camadas de baixa renda (Brasil, 2000). Um terço da captura mundial de pescado não é empregada para o consumo direto na alimentação humana, seguindo para elaboração de rações ou é desperdiçada como resíduo. O ideal

seria utilizar a matéria-prima em toda a sua extensão e recuperar os subprodutos, evitando a própria formação do resíduo. A política é fazer com que todo empresário de pesca dê um destino ao material residual para que este seja uma nova fonte de renda (Ferraz, 2004). PROCESSAMENTO DE PESCADO O processamento do pescado gera uma grande quantidade de resíduos industriais que poderiam ser utilizados para a produção de alimentos nutritivos e de baixo custo. Os rejeitos gerados durante o processamento de peixes (peles, cabeças, espinhaços, nadadeiras e vísceras) podem totalizar 60% da matéria-prima. Várias alternativas tecnológicas têm sido desenvolvidas por unidades de processamento, para aplicação na indústria alimentícia e cosmética. Esses resíduos são ricos em materiais orgânicos e inorgânicos, e se forem lançados ao meio ambiente, sem tratamento prévio, podem poluir os recursos naturais (ar, água e solo). Para que atividade pesqueira se viabilize efetivamente é necessário que se encontre alternativas de aproveitamento integral do pescado como as vísceras e carcaças. Evitando assim, que essas se tornem um problema ambiental, já que resíduos da indústria pesqueira apresentam nutrientes necessários para o desenvolvimento microbiano de patógenos, podendo causar o surgimento de enfermidades (Espindola Filho et. al, 2002).


Uma das formas de aproveitamento desses resíduos é elaboração de novos produtos utilizando como matéria-prima o resíduo do beneficiamento do pescado, uma vez que os peixes são importantes constituintes na dieta de inúmeros grupos populacionais, visto que possuem uma grande gama de nutrientes, com significativo valor nutricional, como proteínas de alta qualidade, vitaminas, sais minerais e lipídios. Com o aumento da produção de tilápia e sua industrialização em grande escala para a produção de filés para o mercado interno, e também para a exportação, produz-se uma grande quantidade de resíduos, que se compõe basicamente de vísceras, cabeças, nadadeiras, pele e espinho, visto que o rendimento do filé é de 35%, e o restante 65% é um material de ótima qualidade nutricional (Boscolo & Feiden, 2007). O aproveitamento das sobras comestíveis das operações tradicionais de filetagem ou de corte em postas de pescado assume importância muito grande, pois minimiza os problemas de produção e o custo unitário das matérias-primas. A maior justificativa, porém é de ordem nutricional, pois o resíduo de pescado constitui cerca de metade do volume da matéria-prima da indústria e é uma fonte de nutrientes de baixo custo (Ferraz, 2004). Nesse sentido, os peixes vêm sendo processados e ofertados ao consumidor na forma de filés ou outras formas de produtos processados (Valle & Proença, 2000), como polpa de peixes, surimi (Marchi, 1997), embutidos, “nuggets” (Dieterich, 2003), produtos reestruturados (Gonçalves & Passos, 2003) e outros, na tentativa de atingir um consumidor bastante exigente e a cada dia mais esclarecido sobre a importância do consumo desse alimento tão nutritivo.

A INDÚSTRIA DO PROCESSAMENTO E OS NOVOS PRODUTOS Para a indústria, a qualidade da carcaça do pescado é fator imprescindível para definição dos processos de preparação do produto e dos tipos de cortes. O rendimento de filé, além da eficiência das máquinas filetadoras e/ou destreza manual do operário, depende de algumas características intrínsecas à matéria-prima, como a forma anatômica do corpo, tamanho da cabeça e peso dos resíduos (vísceras, pele e nadadeiras) (Eyo, 1993; Contreras-Guzmán, 1994; Ribeiro et al., 1998). Por meio do processamento, pode-se obter produtos de fácil preparo e resíduos que tornam-se importantes na cadeia, para o desenvolvimento de novos produtos. Assim, estes vem sendo importantes, pois inovam o mercado e contribuem de forma significativa para a competitividade de muitas empresas. Existe uma vasta literatura disponível que trata do processo de desenvolvimento de novos produtos em escala industrial. Entretanto, há uma carência de estudos empíricos para identificar os fatores críticos de sucesso para o desenvolvimento de produtos a serem elaborados em pequenas e médias empresas, particularmente aqueles produtos que utilizam como matéria-prima os subprodutos da agricultura ou pecuária. Alguns pontos devem necessariamente ser considerados na tentativa de se elaborar um novo produto. Dentre esses, destacam-se: identificar os principais determinantes de inovação e desenvolvimento do novo produto, identificar as barreiras para a inovação e desenvolvimento do novo produto, agrupados com base nos principais determinantes identificados anteriormente, elucidar de que forma cada barreira/ obstáculo influencia a sistemática para o desenvolvimento do novo produto e verificar a forma com que cada bar-

reira/obstáculo influencia ou direciona o planejamento dos trabalhos necessários. A crescente demanda por produtos seguros e nutritivos pelo consumidor que está cada dia mais educado e exigente, contribui para a contínua necessidade por novos produtos e a oferta de produtos mais diferenciados (LINNEMAN, MEERDINK, MEULENBERG E JONGEN, 1999). Aspectos como qualidade nutricional, microbiológica, presença de resíduos de agroquímicos e poluição ambiental são bons exemplos de preocupações do consumidor. Nesse contexto, o uso de tecnologias “amigáveis” com o meio ambiente podem contribuir para a percepção dos elevados benefícios e satisfação do consumidor. Em mercados estabelecidos, as empresas necessitam desenvolver novos produtos, de forma rápida, de baixo custo e de qualidade superior. Assim, o melhoramento de produtos se torna um processo contínuo. Demanda pré-existente não pode mais ser considerado um requerimento, ao contrário, produtos e processos têm se tornado geradores de suas próprias demandas. ASPECTOS NUTRICIONAIS DO PESCADO Em nutrição humana, o pescado constitui fonte de proteínas de alto valor biológico, tão importante quanto à carne bovina. Em muitos países, principalmente da Europa e da Ásia, é a proteína de origem animal mais consumida. Sendo um produto com teor satisfatório em proteínas, gorduras insaturadas, vitaminas e minerais, o pescado tem sido recomendado para pessoas de qualquer idade principalmente crianças, adolescentes e idosos. Tem sua indicação também para pacientes convalescentes. 21 JUN / JUL 13


É altamente indicado para prevenir o ateroma particularmente nos países onde as taxas de infarto do miocárdio são elevadas. Constitui ainda, fonte importante de vitaminas A e D, principalmente a partir do óleo de fígado de Bacalhau ou de ingestão de carne de peixes gordos. Porém, por ser alimento de fácil decomposição, exige cuidados especiais principalmente relacionados com a conservação pelo frio. Do mesmo modo, está sujeito à contaminação pelos mais variados micro-organismos adquiridos já no ambiente aquático, ou durante as diferentes etapas de captura, transporte e distribuição. Por este motivo não é aconselhável servir pescado cru. Nutricionalmente, a importância do pescado está baseada em seu conteúdo em proteínas de alto valor biológico, vitaminas, especialmente A e D, na qualidade de seus ácidos graxos insaturados e no baixo teor de colesterol. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesse sentido, o desenvolvimento de produtos a base de pescado é interessante para se criar alternativas de consumo pelo mercado. Assim, este deve ser um alimento que atenda às exigências nutricionais e que obtenha aceitação pelo consumidor. Portanto, esta é uma questão de ampliar o mercado consumidor com produtos de excelência nutricional e ainda proteger o meio ambiente com a redução do impacto ambiental gerado pela atividade, de forma que o aproveitamento seja integral de todo resíduo gerado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOSCOLO, W.R. e ALDI, F. 2007. Industrialização de Tilápias. Toledo: GFM, Gráfica e Editora, 272 p. BRASIL. EMBRAPA. A cadeia da 22 JUN / JUL 13

carne bovina no Brasil. Brasília-DF. 2000. CONTRERAS-GUZMÁN, E. S. Bioquímica de pescados e derivados. Jaboticabal: FUNEP, 1994. 409 p. DIETERICH, F.; Avaliação de “nuggets” de pescado obtido a partir de polpa de tilápia do Nilo (Oreochoromis niloticus) e Armado (Pterodoras granulosus). 2003. 37f. Monografia (Graduação em Engenharia de Pesca)-Centro de Engenharias e Ciências Exatas, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo, 2003. ESPÍNDOLA FILHO, A. Tecnologia de processamento de resíduos de pescado/silagem ácida e o agronegócio. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE AGRONEGÓCIOS EM PESCA E AQÜICULTURA, 1., 2002, Santos. Anais... Santos: Secretaria de Agricultura e do Abastecimento/SP e SEBRAE, 2002. 84p. EYO, A. A.Carcass composition and filleting yield of ten fish speciesfrom Kainji Lake:proceedings of the FAO expert consultation on fish technology in Africa. FAO fishers Rport, Rome, n. 467, p. 173-175, 1993. Supplement. Ferraz de Arruda, L. (2004), Aproveitamento do resíduo do beneficiamento da tilápia do nilo (Oreochromis niloticus) para obtenção de silagem e óleo como subprodutos. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior De Agricultura “Luiz De Queiroz”, Universidade De São Paulo, Piracicaba, Brasil. 78p GONÇALVES, A. A.; PASSOS, M. G. Uso da enzima transglutaminase na elaboração de um produto reestruturado à base de peixe. Revista Nacional da Carne, n. 317, p. 252-256, 2003. LINNEMAN, A. R., MEERDINK, G., MEULENBERG, M.T.G., and JONGEN, W.M.F. 1999. Consumer

oriented technology development. Trends in Food Science and Technology 9: 409-414. MARCHI, J. F. Desenvolvimento e avaliação de produtos à base de polpa e surimi produzidos a partir de tilápia Nilótica, Oreochromis niloticus L. Viçosa, 1997, 85p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) Universidade Federal de Viçosa (UFV). MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA. Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura - Brasil 20082009. Brasília, 2010. 101 p. MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA. Produção Pesqueira e Aquícola? Estatística 2008-2009. Brasília, 2010. 30 p. ONO, E. A.; KUBITZA, F. Cultivo de Peixs em Tanques-rede. 2 .ed. Jundiaí: F. Kubitza, 68p., 1999. RIBEIRO, L. P.; LIMA, L. C.; TURRA, E. M.; QUEIROZ, B. M.; RIBEIRO, T. G.; MIRANDA, M. O. T. Efeito do peso e do operador sobre o rendimento de filé em tilápia vermelha spp. In: AQÜICULTURA BRASIL 98, 1998, Recife. Anais... Recife: ABRAq, 1998. v. 2, p. 773-778. SOUZA, M. L. R. Comparação de seis métodos de filetagem em relação ao rendimento de filé e de subprodutos do processamento de Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, p.1076-1084, 2002. VALLE, R. P., PROENÇA, C. E. M. Evolução e perspectivas da aquicultura no Brasil. In: VALENTI, W.C., POLI, C.R., PEREIRA, J.A., BORGHETTI, J.R. Aquicultura no Brasil: bases para um desenvolvimento sustentável. Brasília: CNPq. Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000. Cap. 13, p. 383-98.


Humberto Luiz Wernersbach Filho Zootecnista MSC / Supervisor de Pesquisa Fertilizantes Heringer

Foto: Havita Rigamonti

forragicultura

Eu enxergo o que o pasto me mostra?

Dizem que o olho do dono é que engorda o Gado! Normalmente nos atentamos em recomendações práticas de manejo para facilitar nossas decisões no dia a dia da Fazenda. Em relação ao manejo das pastagens, sempre nos perguntamos qual o melhor capim e, sobretudo, como faço o manejo do pasto? Em artigos anteriores, já conversamos em vários momentos sobre as recomendações práticas de manejo do pastejo. Ainda nesse tema, gostaria de conversar com o amigo pecuarista sobre nossa principal ferramenta para cuidar das pastagens: o olho! Afiarmos nosso olho pode nos ajudar, de forma prática e sem custo, a tomar melhores decisões sobre as pastagens e, principalmente, facilitar o trabalho da nossa equipe de campo, pois a maioria desses profissionais já possui uma excelente capacidade de observação visual da rotina e, quando bem treinados, podem nos ajudar muito na busca por melhoria nos resultados de desempenho do rebanho.

Quando pensamos em quais momentos a avaliação visual pode contribuir na rotina da fazenda, o primeiro ponto é termos capacidade de identificar a condição produtiva da pastagem, em outras palavras, é sermos capazes de identificar quando podemos intensificar ou devemos recuperar ou até mesmo reformar a pastagem. Esse diagnóstico é fundamental, pois muitos pecuaristas quando se deparam com a pastagem degradada, a primeira decisão para melhorar o volume de forragem é partir para uma reforma, sendo que em muitos casos a pastagem poderia ser recuperada via descanso e correção do solo. Claro que quando necessária à reforma deverá ser feita dentro dos melhores parâmetros possíveis, porém uma recuperação tem um custo em torno de R$ 400,00 por hectare menor, quando comparado a uma reforma. Outro ponto que nos chama a atenção, é que quando desejamos intensificar para aumentar a produtividade, saber a condição do pasto 23 JUN / JUL 13


Fotos: Divulgação

é fundamental, pois quanto melhor essa condição, maior a resposta da planta à adubação. Na Figura 1 está ilustrado um exemplo de diferentes condições de pastagens e seu diagnóstico.

da estrutura do pasto pode ser fundamental no sucesso do sistema de produção baseado em pastagens. Vamos observar a Figura 02. Onde estão ilustradas duas pastagens de capim-marandu (Braquiarão), ambas com 15 cm de altura de corte. Nas imagens podemos observar que apesar de termos a mesma planta forrageira, na mesma altura, observamos que as estruturas apresentadas são completamente diferentes. A falta ou ausência de folhas (Figura 2 B) fará com que a planta use suas reservas orgânicas para conseguir crescer novamente. Esse processo, usado de forma intensa, é caro e pode comprometer a produtividade da forragem, consequentemente, o desempenho animal.

Reforma

A Recuperação com descanso

B Recuperação e intensificação Figura 01 – Diagnóstico de uma pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu degradada.

Figura 02 – Pastagens de capim-marandu (Braquiarão) com 15 cm de altura de corte.

Talvez seja o olho do dono, juntamente com funcionário afiado, é que nos permite identificar as melhores conEm relação ao manejo do pastejo, a avaliação visual dições para o gado engordar.

24 JUN / JUL 13


P R P OD R U Ó Ç P Ã R O IA S E M E N T E S D E C A P I M

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Montes Claros - MG

25 JUN / JUL 13


agrovisão

Sem ciência e conhecimento não há desenvolvimento Alexandre Sylvio Vieira da Costa

Imagens ilustrativas

Eng. Agrônomo – Professor Titular Solos e Meio Ambiente Universidade Vale do Rio Doce Fupac – Teófilo Otoni asylvio@univale.br http://agriculturaecologiaesaude.zip.net

Cientistas de certo país realizaram uma pesquisa inédita com uma aranha. Cortaram uma das pernas da aranha e, em seguida gritaram: “ande aranha!” e a aranha andou. Cortaram mais uma das pernas da aranha e gritaram novamente: “ande aranha!”, e a aranha andou. Fizeram os mesmos testes com as demais pernas da aranha até que, finalmente, arrancaram a última perna do pobre aracnídeo e gritaram: “ande aranha!” e a aranha não andou. Gritaram novamente e mais forte: “ande aranha!” e ela não andou. Após vários gritos ensurdecedores chegaram à seguinte conclusão sobre a pesquisa: aranha sem pernas é surda! Piadas a parte, a ciência é uma caixinha de surpresas, mas nem tanto, afinal antes de iniciarmos uma atividade de pesquisa científica devemos nos basear inicialmente no conheci26 JUN / JUL 13

mento e no entendimento dos processos para realizarmos os estudos adequados e chegarmos às conclusões corretas evitando afirmar que a aranha sem pernas é surda. Todo estudo que trazemos da infância, desde os primeiros anos até a Universidade são fundamentais para a compreensão dos eventos analisando os mesmos de forma lógica. O dois mais dois da matemática, a aceleração do automóvel na física, as proteínas das ciências e por aí vai. Como poderíamos calcular a estrutura de uma ponte sem saber somar; como poderíamos entender e curar uma gripe se não sabemos quem são os vírus. Todos os eventos do planeta (ou quase todos) podem ser explicados com base técnica e científica considerando que dominamos o conhecimento básico das matérias. Em muitas situações, além do conheci-


mento básico que deve ser sólido, devemos ter também um conhecimento específico muito extenso. Antigamente para melhorar a produção do milho, por exemplo, era necessário ter o conhecimento das variedades de milho e cruzá-los entre si, ou seja, só podíamos cruzar milho com milho. Com o advento dos transgênicos, esta restrição genética acabou e agora podemos associar o material genético do milho com o feijão, o arroz, os microrganismos e qualquer outro indivíduo, bastando através de uma célula ou um conjunto de células retirar o material genético que interessa injetando na outra planta e pronto: transferimos a informação genética de um indivíduo para outro completamente diferente. Mas para que o cientista pudesse realizar esta tarefa foram necessários anos de estudo na graduação, no mestrado, no doutorado e até mesmo no pós-doutorado. A transgenia

tem sido uma ferramenta fundamental na melhoria do desempenho de nossa agricultura, mas que só é desenvolvida por pessoas que entendem rigorosamente do assunto, os cientistas geneticistas. Após este longo discurso gostaria de afirmar que: estudar é bom, estudar é divertido, estudar traz novos conhecimentos, abrindo a nossa mente para o novo, pensando em como melhorar determinada situação, pensamento este baseado na carga de conhecimento que adquirimos desde o início de nossos estudos. Meninos e meninas, vamos estudar, pois o futuro da ciência, da tecnologia e do desenvolvimento social está em suas mãos, ou melhor, na sua mente, no seu conhecimento. Como dizia minha avó: “conhecimento não ocupa espaço, por isso, vai estudar menino!”.

27 JUN / JUL 13


sustentabilidade

Desafios à sustentabilidade Benjamin Salles Duarte

Imagens ilustrativas

Engenheiro Agrônomo

Calcula-se que 60 milhões de pessoas desembarcam na Terra anualmente e esse contingente humano deverá contribuir para que a população do globo passe dos atuais 7 bilhões de pessoas para até 9,2 bilhões em 2050. Faltam apenas 37 anos. Numa escala de tempo é uma transição demográfica acelerada e embora essas projeções dependam de muitos fatores restritivos ou estimulantes para que se convertam em dados consolidados. Entretanto, entre 1950 e 2012 a população mundial cresceu 4,5 bilhões de habitantes/consumidores e o Brasil poderá ter 233 milhões de habitantes em 2050, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU). Minas teria 22,1 milhões. Esses cenários têm múltiplas consequências nas demandas por emprego, renda, educação, pesquisa e desenvolvimento, sustentabilidade, saúde, habitação, segurança pública e alimentar, mobilidade urbana, logísticas operacionais do campo à mesa do consumidor, benefícios sociais, entre outros. Porém, duas demandas serão fundamentais e crescentes, ou seja, o acesso à água em quantidade e qualidade nos cenários rurais e urbanos e a oferta regular de alimentos de origem animal e vegetal. Esse binômio, com suas complexidades, exercerá uma pressão hercúlea sobre os recursos naturais nos continentes e nos mares e oceanos com seus 28 JUN / JUL 13

recursos pesqueiros, muitos dos quais quase à exaustão. Estima-se em 870 milhões os famintos no mundo Podem-se avaliar também os danos causados aos seres humanos pelas carências alimentares, principalmente nas crianças, e não se excluindo os rebanhos de pequenos e grandes animais, que compartilham conosco as safras agrícolas de grãos na sua alimentação diversificada durante todo o ano. Além disso, os rebanhos precisam de boas pastagens e que elas sejam tecnicamente rotacionadas para que aumentem sua capacidade de suporte por unidade animal. Minas Gerais abriga 18,03 milhões de hectares com pastagens, sendo 50% degradadas e elevando-se custos operacionais. Estima-se que o Brasil, por safra agrícola, perca até 1 bilhão de toneladas de terras agrícolas anualmente por falta de práticas conservacionistas do solo em larga escala. Noutra configuração mais ampla, considerem-se também aqueles países limitados em recursos naturais e regimes pluviométricos (chuvas), mas com um crescimento populacional substantivo como no continente Africano, hoje com 1 bilhão de pessoas e quase 2 bilhões em 2050. Não há como viver sem água e alimentos. É axiomático. E o Brasil? O país caminha com competência na agricultura e no agronegócio, mesmo diante de estrangulamentos históricos e nem sempre com boa


renda no campo. Os espaços à adoção de inovações tecnológicas continuam abertos aos que plantam e criam e nas convergências entre o mercado, o produtor, a assistência técnica privada, a assistência técnica e extensão rural, o pesquisador e as políticas públicas num contexto de sustentabilidade. Essa sustentabilidade é minimamente econômica (adoção de inovações e dinheiro no bolso empreendedor rural), social (qualidade de vida no campo) e ambiental (uso planejado dos recursos naturais) numa visão de bacia hidrográfica, compartilhando-se com as comunidades saberes, comprometimentos e experiências vividas. Lembre-se que cidade e campo são faces de uma mesma moeda. Segundo o engenheiro-agrônomo Ênio Resende, coordenador estadual da Emater-MG, uma contribuição valiosa à sustentabilidade socioeconômica e ambiental nos cenários de campo, com seus múltiplos reflexos nas cidades, é o manejo integrado de bacias hidrográficas e destaca alguns resultados esperados: regularizar as vazões dos cursos d’água, proteger os mananciais, aumentar a oferta de água para diversos usos, elevar a produtividade das culturas e criações, proteger a biodiversidade. E mais, reduzir a erosão laminar e profunda que agridem os solos, estimular o turismo rural e ecológico, reduzir as enchentes, mobilizar e ouvir as comunidades, contribuir para o abastecimento de reservatórios de hidrelétricas, para irrigar e garantir o uso domiciliar da água. Além disso, agropecuária brasileira avança, ganha produtividade, qualidade, abastece e exporta. As safras agrícolas crescem e as colheitas foram de 141,3 milhões de toneladas em 2010; 149,4 milhões em 2011; 166,1 milhões em 2012; e com previsão de 185 milhões de toneladas em 2013 (Conab). Um desempenho considerável. Confirmando-se a safra de 2013, a disponibilidade de grãos por habitante/ano será de 958,5 quilos e quase no limite superior recomendado pela ONU/FAO, que é 1.000 quilos per capita. Configura-se, sem dúvida alguma, que a questão de fundo é o acesso aos alimentos e não uma baixa oferta. Um problema para o governo resolver com os instrumentos de que dispõe e o poder de decisão que lhe cabe. 29 JUN / JUL 13


Marthina Dias

Estagiária de Jornalismo

André Luiz Coelho Merlo, 47 anos, natural da cidade de Governador Valadares, casado com Andréia Merlo, e pai de dois filhos, é formado em Engenharia Mecânica. Produtor agropecuário, Subsecretário do Agronegócio na Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (SEAPA) e presidente da União Ruralista pela segunda vez. Esse é nosso convidado da 28ª edição da Revista Agrominas. Filho do produtor rural José Miguel Merlo, André Merlo desde pequeno já tinha ligação com o campo. Formou-se em Engenharia Mecânica no ano de 1988, então com 22 anos, pelo MIT (atual Univale). André diz que a faculdade escolhida revelou-se muito útil, proporcionando a ele conhecimentos de muita serventia à sua vida profissional. Acompanhando de perto o dia a dia de seu pai, ainda estudante criou uma granja dentro da propriedade do pai e, posteriormente, começou a criar e negociar bovinos. Sobre as atividades como produto rural, André Merlo diz que a Fazenda Floresta, que fica no município de Pescador, tem uma área de aproximadamente 400 hectares e é voltada para a pecuária de corte e leite de uma forma geral. Sempre engajado em entidades de classes, assumiu no dia 09 de abril de 2013, a convite do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, o cargo de Subsecretário do Agronegócio da SEAPA. Sem deixar de lado o seu segundo mandato como presidente da União Ruralista Rio Doce (URRD), ele se divide toda semana entre as cidades de Governador Valadares e Belo Horizonte, além das viagens por todo o estado mineiro, em incumbência da SEAPA. Sobre a 44ª edição da ExpoAgro de Governador Valadares, André Merlo conta que a festa será totalmente renovada, com preços mais populares e acessíveis, recuperando a condição de festa para a família. Acontecerá também a realização do 1º Encontro Microrregional do Agronegócio

30 JUN / JUL 13

Foto: Cassio Teles

perfil profissional

André Merlo conta sobre o começo de sua carreira no ramo agropecuário e como chegou ao cargo de Subsecretário Estadual

do Rio Doce, promovido em parceria com a SEAPA, além de outros eventos agropecuários. André conta que suas expectativas como subsecretário é ajudar a fomentar o setor do agronegócio, que apesar de ser a âncora da economia mineira, o produtor é constantemente esquecido no Brasil. Sobre a região do Vale do Rio Doce, André Merlo diz que a região é muito importante, pois é a maior bacia leiteira do estado, além de ter grande força na pecuária de corte, merecendo assim um olhar especial. A respeito dos desafios que o agronegócio enfrenta atualmente, ele destaca os três maiores: o primeiro é a questão da sustentabilidade, que precisa estar equilibrada entre a produtividade e a proteção ambiental. Outro desafio são os problemas logísticos da agropecuária, que precisam ser equacionados. Por último, há o desafio relacionado ao direito agrário. “É preciso cuidar do que chamamos de Insegurança Jurídica, garantindo o direito de posse de propriedades rurais, a quem direito, diante de um cenário de invasões que não condiz com o século XXI”, salienta o subsecretário.


Historicamente o período seco em Minas Gerais começou no mês de maio e termina em setembro. O período seco coincide com as estações de outono e inverno. Durante o período seco a massa de ar Tropical Marítima, que atua sempre entre o Brasil e a África avança para o interior do continente e é responsável pela ausência de chuvas e queda da umidade relativa no estado. Nos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce a massa de ar Tropical Marítima acaba aumentando a nebulosidade, os ventos são mais intensos em algumas horas do dia

Ruibran dos Reis

Professor da PUC Minas Diretor Regional da Climatempo – Minas Gerais

Imagem ilustrativa

meteorologia

Começa o período seco em Minas Gerais

e há possibilidades de ocorrência de chuvisco pela manhã em alguns municípios. Neste ano os fenômenos El Niño e La Niña não estarão atuando durante os próximos meses, portanto, as condições do tempo para o mês de maio seguiram dentro do esperado. As temperaturas ficaram ligeiramente acima da média histórica, entre 2 a 3 graus, e não há previsão de chegadas de frentes frias que possam causar chuvas significativas. As chuvas observadas nos período chuvoso 2012/2013 ficaram em torno de 30% abaixo do valor esperado.

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13/06/13 15:21

31

JUN / JUL 13


mercado

A oferta de animais terminados tem colaborado com o volume de carne bovina exportado Hyberville Neto – Médico Veterinário

Scot Consultoria

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações de carne bovina (industrializada, salgada e in natura) somaram 531,9 mil toneladas equivalente carcaça (tec) entre janeiro e abril. Este volume é 27,9% maior que o do mesmo período de 2012, quando foram embarcadas 415,9 mil tec. O faturamento até abril foi de US$1,79 bilhão, acréscimo de 21,8%, frente ao mesmo período de 2012. Veja a Figura 1.

Fonte: MDIC / Elaboração: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

O incremento maior do volume, quando comparado ao faturamento, ocorreu devido ao recuo no preço médio da tonelada exportada. Entre janeiro e abril de 2013 a cotação média foi de US$3.362,73/tec, queda de 4,7%, frente ao mesmo período do ano anterior. A maior oferta de animais terminados e o dólar mais valorizado colaboraram com a competitividade da carne brasileira no início de 2013, ante o mesmo período de 2012. No primeiro trimestre deste ano, segundo estimativas preliminares, houve aumento de 13,3% nos abates de bovinos. Nos primeiros quatro meses deste ano a cotação média do dólar foi de R$2,00, 11,6% maior, frente a R$1,79 no mesmo intervalo do ano passado. Até abril a cotação média da arroba em São Paulo foi de US$49,61, recuo de 9,7%, frente ao mesmo período de 2012. Embora representem cerca de 15,0% do total produzido, as exportações colaboram Figura 1. Faturamento (eixo da esquerda) e volume (eixo da direita) das ex- com o escoamento da produção em momentos de sobreoferta. portações de carnes entre janeiro e abril.

32 JUN / JUL 13


Leite: mercado firme e os preços seguem em alta para o produtor Rafael Ribeiro – Zootecnista Scot Consultoria

A forte concorrência entre os laticínios e a demanda firme na ponta final da cadeia seguem ditando o mercado de leite no país. Considerando a média brasileira, houve alta de 3,7% no preço médio pago ao produtor no pagamento de maio, referente ao leite entregue em abril, em relação ao pagamento anterior. Segundo levantamento da Scot Consultoria, a média nacional ficou em R$0,907 por litro. Os valores máximos chegaram a R$1,170 por litro. A alta desde o começo do ano é de 9,4% para o produtor. O preço médio atual é 10,6% maior na comparação com o mesmo período do ano passado. Veja a Figura 1.

Figura 1. Preço do leite ao produtor (média nacional ponderada)

em R$/litro. Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br Com relação à captação, segundo o Índice Scot para a Captação de Leite, o volume caiu 0,5% em abril, na comparação com março (média nacional). Para maio, considerando a média brasileira, os dados parciais apontam para uma queda na captação em relação a abril. Os produtos lácteos tiveram mais um mês de alta, tanto no atacado quanto no varejo. Este fato dá sustentação ao mercado. O preço do leite ao produtor subiu em todos os estados pesquisados. Os reajustes no pagamento de maio ultrapassaram R$0,07 por litro em algumas regiões do Brasil Central e Nordeste. Em curto prazo, o movimento de alta no mercado de leite deve continuar. A expectativa é de queda na produção até meados de junho. Para o pagamento a ser realizado em junho, 54,0% dos laticínios pesquisados acreditam em aumento dos preços aos produtores e 43,0% acreditam em manutenção. Os 3,0% restantes falam em queda no preço do leite ao produtor. O pico de preço do leite pago ao produtor está previsto para o pagamento de julho, ao redor de R$0,95 por litro.

Análise Conjuntural

Equipe: Dra. Margarete Boteon, Lilian Elias, Fernanda Geraldini e Mayra Viana. Imagem Ilustrativa

Análise do mercado cafeeiro elaborada pelo Cepea.

ARÁBICA - Em maio, as cotações do café arábica recuaram novamente no mercado interno – esta foi a oitava queda no comparativo com a média do mês anterior. Devido à diferença entre o preço oferecido pelos compradores e o pedido por produtores, o ritmo de negociação continuou lento, a exemplo do visto no primeiro quadrimestre de 2013. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 297,25/sc de 60 kg em maio, 1% menor que a de abril. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), o contrato Julho encerrou maio (dia 31) a 127,05 centavos de dólar por libra-peso, queda de 6% em relação ao fechamento de abril e de 13,5% frente ao último dia útil de 2012. Por sua vez, a desvalorização acumulada do grão no físico brasileiro (Indicador CEPEA/ESALQ) ao longo deste ano chega a 15%. Em sentido contrário, o dólar valorizou % nesses cinco meses. Em maio, teve média de R$ 2,155, aumento de 1,3% no comparativo com abril.

CONILLON – Mesmo com a entrada de grãos da nova safra de robusta, o mercado seguiu lento no correr de maio. Produtores limitaram as vendas, na expectativa de reação nos preços – vale lembrar que a estiagem ocorrida no final de 2012 e início de 2013 prejudicou o tamanho do grão, resultando em um menor rendimento em sacas. Já os compradores preferiram acreditar na estimativa da Conab, que prevê alta de 2,4% na produção de robusta para safra 2013/14 ante a temporada anterior. Assim, o Indicador CEPEA/ ESALQ do robusta tipo 6 peneira 13 acima teve média de R$ 250,88/saca de 60 kg em maio, 0,22% superior à de abril. Já o tipo 7/8 bica corrida teve média de R$ 244,17/sc, valor 0,33% menor que o de abril – ambos a retirar no Espírito Santo. Na Bolsa de Londres (Euronext Liffe), o contrato de robusta com vencimento em julho fechou a US$ 1.893/tonelada no dia 31 de maio, 33 queda de 6,7% ante o primeiro dia útil do mês. JUN / JUL 13


cotações

Boi Gordo

(R$/@)

mercado futuro (BM&FBovespa)

Indicadores Eslaq / BM&F Bovespa boi Gordo

Var. (R$)

vencimento

Ajuste (R$/@)

Jul/13

101,24

0,67

data

à vista

A prazo

Ago/13

101,26

0,79

20/06

R$ 99,39

R$ 99,73

Set/13

102,10

0,80

19/06

R$ 99,15

R$ 100,07

18/06

R$ 98,90

R$ 99,48

Fonte: BeefPoint

preços do leite

Fonte: BeefPoint

(R$/L)

cotações do leite cru preços pagos ao produtor

R$/litro

MG

RS

SP

PR

GO

BA

SC

Jun/12

0,8679

0,8333

0,8738

0,8247

0,8723

0,8573

0,8028

Jul/12

0,8606

0,8190

0,8702

0,8331

0,8570

0,8627

0,7917

Ago/12

0,8719

0,8099

0,8884

0,8373

0,8628

0,8596

0,8137

Set/12

0,8896

0,8147

0,9047

0,8450

0,8947

0,8586

0,8297

Out/12

0,8960

0,8210

0,9138

0,8618

0,9244

0,8719

0,8430

Nov/12

0,9089

0,8312

0,9238

0,8745

0,9451

0,8809

0,8602

Dez/12

0,8992

0,8275

0,9261

0,8929

0,9282

0,8426

0,8725

Jan/13

0,9050

0,8364

0,9035

0,8972

0,9223

0,8918

0,8772

Fev/13

0,8925

0,8254

0,9103

0,8839

0,9050

0,8274

0,8639

Mar/12

1,0069

0,9075

0,9956

0,9599

1,0351

0,9301

0,9498

Abr/12

0,9716

0,8738

0,9574

0,9247

1,0201

0,9210

0,9137

Mai/12

0,9301

0,8477

0,9299

0,8929

0,9688

0,9062

0,8825 Fonte: Cepea - Esalq/USP

34 JUN / JUL 13


35 JUN / JUL 13


mão na massa

Dicas para o Produtor Como obter uma boa Silagem

Foto: Arquivo MFRURAL

Retirado do site: Máquinas Guarnieri

1-Inocular o silo com um inoculante de qualidade; dia; 2-Corte a forragem (milho / sorgo) no momento ideal 5-Compacte o silo nas duas direções; para obter o máximo de energia por hectare; Milho - Ideal 6-Use tratores com pneus finos na hora da compactação; para corte: meio do grão. 7-Encha o silo em menor tempo possível; 8-Cubra o silo com lona plástica de alta resistência deUmidade ideal de forragem para corte: pois de tê-lo compactado. Alfafa - 65 a 70% 9-Espere no mínimo 27 dias para a abertura do silo; Sorgo forrageiro e granífero - 67 a 72% 10-Não permita que nenhum tipo de animal tenha acesso Obs.: O ponto de corte e a uniformidade do mesmo defiao silo. Se necessário, cerque a área. ne a qualidade final da silagem. 11-Retire a silagem, extraindo no mínimo 15 cm por dia 3-Corte a forragem com o tamanho de partícula adequa- ou use inibidor fúngico na face exposta do silo; 12-Nunca usar as partes fungadas e estragadas, elimido para facilitar a compactação; 4-Afiar as facas das colhedoras pelo menos uma vez ao nando assim os resíduos tóxicos. 36 JUN / JUL 13


EMATER

Produção programada de hortaliças para o consumo familiar

Eng. Agrônomo Gilmar G. de Oliveira

Extensionista Agropecuário II EMATER MG/Escritório de Nova Módica

4º) Determina-se o período de colheita em semanas, estabeO cultivo de hortaliças para o consumo familiar é geralmente uma atividade múltipla de produção agrícola, lecendo o intervalo de semeadura; 5º) Determina-se a área necessária no período, o intervalo exercida com pouco uso de tecnologia e planejamento, obtendo-se baixos índices de produtividade e baixa quali- de plantio e a quantidade de mudas. dade dos produtos, resultando ainda em excesso de alimento em Exemplos: determinado momento e escassez em outros. Produzir hortaliças de maneira eficaz, exigem do(a) agricultor(a) a adoção de estratégias na condução do cultivo que miniminizem perdas e melhorem a produtividade com diminuição de custos. Isso é possível quando o agricultor(a) faz um planejamento prévio da produção, decidindo o que produzir, como e quando produzir, quanto produzir, projetando o consumo futuro da família e a quantidade a ser comercializada, caso este também seja seu objetivo. Em síntese, a produção programada tem como objetivo, minimizar as bruscas variações na produção, propiciar a regularidade e estabilidade na alimentação das famílias e atender suas necessidades nutricionais. Segundo Oliveira (1996), as quantidades médias de hortaliças destinadas a atender as necessidades nutricionais de uma família composta por cinco pessoas (pai, mãe e três filhos), são:

Orientação técnica na produção programada Considerando o consumo familiar, para decidir sobre “o que” plantar e “como” plantar, é preciso conhecer as necessidades nutricionais de cada indivíduo e as alternativas de aproveitamento do potencial existente em cada unidade de produção familiar. Já as definições de “quanto” e “quando” plantar, é preciso conhecer o rendimento da cultura e o período de colheita. Praticando o planejamento 1º) Determina-se a demanda semanal (quantidade a ser consumida por semana); 2º) Verifica-se o rendimento por área ou planta de acordo com o espaçamento de plantio; 3º) Divide-se a demanda pelo rendimento, obtém-se a necessidade de área/semana;

Para obter sucesso na produção de hortaliças, seja para o consumo familiar ou comercialização, o planejamento da produção apresenta-se como um instrumento imprescindível, uma vez que, possibilita ainda o levantamento sistemático dos meios de produção (área total necessária, estimativa do consumo de água, etc.), a definição de procedimentos necessários para a execução das atividades, aliados a adequação de custos e oportunidades. Para mais informações técnicas, procure o escritório da EMATER MG mais próximo. REFERÊNCIAS: PIRES, A. M. et al. Produção Programada de Alimentos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar. Belo Horizonte: EMATER MG, 2012. OLIVEIRA, F. M de. Alimentos Básicos: planejamento da produção para o consumo familiar. Belo Horizonte: EMATER MG, 1996. 37 JUN / JUL 13


Greening Marcelo de Aquino Brito Lima

Atualmente, o Greening é considerado a pior doença Prejuízos causados pelo Greening: dos citros em todo o mundo, por ser uma das mais severas Plantas contaminadas produzem menos frutos, que fie destrutivas para a cultura. Não existe, hoje, variedade cam menores, mais ácidos e com pouco suco. A planta decomercial de copa ou de porta-enxerto de citros resisten- finha e morre. Plantas novas, quando contaminadas, nem te à praga. É também conhecida como Huanglongbing chegam a produzir. (HLB). Transmissão: A bactéria que provoca o Greening é transmitida de planta a planta por um pequeno inseto chamado Diaphorina citri, que mede aproximadamente 3 mm e que é comum nos pomares brasileiros e na planta ornamental conhecida como murta (Murraya paniculata). Outra forma de transmissão é o uso de mudas e borbulhas contaminadas. Controle: Basicamente são três as medidas de controle: *O primeiro passo é adquirir mudas sadias, produzidas em viveiros protegidos, que seguem a legislação fitossanitária; *Fazer vistorias periódicas para identificar e eliminar as plantas doentes assim que apresentem os primeiros sinSintomas do Greening nos ramos tomas; e folhas da planta: *Fazer o controle químico do inseto com aplicação de O sintoma inicial do Greening geralmente aparece em inseticidas apropriados. um ramo ou galho. Os galhos doentes ficam com as folhas amareladas ou manchadas de verde e amarelo. Com o pasO que fazer se encontrar a doença: sar do tempo, os ramos doentes perdem muitas folhas e os Se surgir algum sintoma suspeito do Greening no seu sintomas começam a aparecer em outros ramos da planta, pomar, procure imediatamente o escritório mais próximo tomando toda a copa. Ocorre também a seca e morte de do Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA. ponteiros. O sintoma inicial é um ramo amarelo que aparece na planta doente. As folhas dos ramos afetados ficam amareladas e apresentam manchas. Sintomas nos frutos: Frutos pequenos e deformados, queda de frutos, filetes alaranjados que partem da haste que segura o fruto, parte branca da casca mais espessa que o normal, sementes pequenas, mal formadas e de cor escura, diferença de maturação dentro do fruto, ou seja, um dos lados maduro (amarelo) e o outro ainda verde e pequenas manchas circulares verde-claras na casca.

38 JUN / JUL 13

Foto: Tim R. Gottwald e James H. Graham

Fotos: Divulgação

IMA

Fiscal Estadual Agropecuário – IMA Coordenadoria Regional de Gov. Valadares


INCAPER

Amarelão do Tomateiro A Doença O tomateiro (Solanum lycopersicum) é uma importante olerícola para o Espírito Santo, sendo cultivada durante todo o ano no Estado em uma área de aproximadamente 2.000 hectares e gerando uma fonte de recursos superior a R$ 100 milhões. Em maio de 2006 foi diagnosticada, pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência técnica e Extensão Rural (Incaper), a ocorrência, em algumas lavouras dos municípios de Afonso Cláudio, Castelo, Domingos Martins, Guaçuí, Itarana, Laranja da Terra e Venda Nova do Imigrante, a presença do vírus causador do amarelão do tomateiro. Na safra de 2009, a doença ocorreu com maior intensidade e com perdas severas em algumas lavouras devido à infecção precoce das plantas. Todos os híbridos ou cultivares atualmente plantados têm apresentando sintomas desta virose com maior ou menor severidade. A doença é causada pelo vírus Tomato chlorosis virus (ToCV) do gênero Crinivirus, transmitido por moscas-brancas e foi confirmado, pela análise de RT-PCR seguida de “nested-PCR”, com oligonucleotídeos iniciadores específicos para a detecção do ToCV.

Fotos: Divulgação

Sintomas da doença Os sintomas característicos da doença ocorrem nas folhas que apresenta uma clorose generalizada, iniciando pelas folhas baixeiras e posteriormente alcançado toda a planta, a qual se apresenta com aspecto de um amarelão generalizado. Nestas condições ocorre uma perda de produção devido à redução da taxa fotossintética nas folhas das plantas doentes.

Sintomas característicos do amarelão nas folhas da base da planta (A). Detalhe do sintoma da folha onde apresenta manchas escuras de cor púrpura com clorose internerval.

Hélcio Costa¹; José Aires Ventura¹; Júlio César Barbosa²; Jorge Alberto Marques Rezende³ ¹Engº Agrº, D.Sc. Fitopatologia - Pesquisador do Incaper ²Engº Agrº, M.Sc. Fitopatologia ³Engº Agrº, PhD. Fitopatologia - Professor da ESALQ/USP Reprodução autorizada pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper)

As folhas mais velhas podem ficar enroladas, tornando-se grossas e quebradiças, com manchas de cor púrpura. As folhas da parte mediana da planta apresentam uma clorose bem acentuada. Os frutos das plantas com infecção severa apresentam alterações na sua maturação. Geralmente, a doença inicia-se pelas plantas que estão no início da fileira. Como os sintomas podem confundir os agricultores, muitas vezes o diagnóstico está sendo feito de maneira equivocada e atribuído a deficiências nutricionais, fitotoxidez ou mesmo senescência natural da planta. É importante que os técnicos fiquem atentos, e em caso de dúvida, procurem um Laboratório de Fitopatologia, para esclarecer o diagnóstico. Como o vírus se dissemina

O vírus é transmitido das plantas doentes para as sadia principalmente através da mosca-branca (Bemisia tabaci biótipo B), que ocorre atualmente com alta infestação nas lavouras de tomate no Estado. Também pode ser transmitido pela mosca-branca Trialeurodes vaporariorum, porém com menor eficiência. Manejo da doença

Não existem ainda híbridos ou cultivares comerciais resistentes para este vírus. Assim, no sentido de evitar a introdução da doença, sua disseminação nas lavouras e minimizar as perdas recomenda-se: • produzir mudas em locais protegidos (estufas ou estufins), isentos de moscas brancas; • as plântulas de tomateiro no estádio de comercialização não podem apresentar sintomas de clorose ou qualquer outra doença; • evitar o plantio escalonado na mesma área; • evitar o cultivo continuado de tomateiro na mesma região onde a incidência e severidade doença é muito alta; • fazer o monitoramento e controle adequado das moscas-brancas desde a fase inicial de cultivo; • realizar inspeções minuciosas nas folhas das plantas, com intervalos de poucos dias, nas primeiras semanas após o plantio e efetuar a erradicação (roguing) imediata das plantas doentes. Geralmente a doença no campo inicia-se nas plantas das fileiras mais externas das lavouras. 39 JUN / JUL 13


O presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Marcelo Lana afirmou que Governador Valadares atende todos os requesitos para receber instalações da empresa na cidade. No entanto, enfatizou que são necessários novos estudos e projetos para definirem o que será melhor para o município, que pode ser uma fazenda experimental ou uma unidade da Epamig. Disse ainda, que a cidade tem potencial para isso, mas que outras medidas devem ser tomadas, para que a Epamig seja instalada no município, apesar de não ter ficado nada oficialmente definido na reunião. “Não estou prometendo nada, mas vamos nos empenhar o máximo, para atender essa necessidade em Valadares, porque sabemos da importância da Epamig em uma região”, comentou. As declarações do presidente da Epamig foram feitas durante reunião com o subsecretário de Agronegócios, André Merlo; deputado estadual, José Bonifácio Mourão; prefeito de

Conselheiro Pena, pecuaristas e representantes de entidades ligadas ao agronegócio, como o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Emater, Ruralminas, Associação dos Pescadores Pres. da Epamig, Marccelo Lana e Amigos do Rio Doce (Aspard), entre outras. A reunião aconteceu no dia 24/05 e marcou um passo importante para a vinda de uma unidade da Empresa para Valadares. (Fonte: Assessoria André Merlo)

Expocafé atrai participantes de todo o Brasil

O Minascentro, em Belo Horizonte, ficou lotado nos dias 05 e 06 de junho, na comemoração do 20º aniversário do SENAR MINAS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). Cerca de 1,2 mil pessoas, entre autoridades, lideranças rurais, instrutores e mobilizadores de todas as regiões do Estado participaram do evento. “O SENAR MINAS está consolidado em todo o território mineiro”, ressaltou o presidente do SISTEMA FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais) e do Conselho Administrativo do SENAR MINAS, Roberto Simões. Segundo ele, a entidade busca acompanhar as tendências da formação profissional, para atender aos anseios do mercado de trabalho. Em Minas, o SENAR já realizou, nestas duas décadas, cerca de 88 mil cursos e programas gratuitos, contemplando 260 tipos diferentes de ocupações rurais, beneficiando mais de 1,2 milhão de pessoas em todo o Estado. “O sucesso alcançado nestes anos nos faz crer que o futuro será ainda melhor”, disse o superintendente do SENAR MINAS, Antônio do Carmo Neves. (Fonte: SENAR MINAS)

A EXPOCAFÉ recebeu visitantes de diversos estados que foram em busca de novidades tecnológicas e melhores condições de negócios. Visitantes da 16ª Expocafé puderam conhecer sete novas variedades de café, desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético da EPAMIG, durante as dinâmicas de campo que acontecem na Fazenda Experimental de Três Pontas. São materiais resultantes do cruzamento genético de algumas cultivares já conhecidas pelos cafeicultores, em fase final de pesquisa, que serão registradas no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) nos próximos cinco anos. (Fonte: ASCOM EPAMIG)

Foto: Sistema Faemg

Senar Minas 20 anos: Solenidade comemorativa reúne mais de mil pessoas em BH

40 JUN / JUL 13

Foto: Divulgação

aconteceu

Presidente vê potencial para Valadares receber unidade da Epamig


Unidade de Negócios Pecuários da Produquímica investe em novas contratações

Regional Rio Doce promove prática sustentável

A Produquímica, empresa do segmento de nutrição vegetal e animal, anunciou a contratação de Albino Rotta Filho para o cargo de gerente nacional de Vendas das linhas de suplementos minerais para gados de corte e leite. “Um dos principais desafios de Albino é fazer novas contratações buscando maior participação no mercado nacional de nossa nova linha de suplementos. Por isso, buscamos no mercado alguém com a envergadura, experiência e o histórico que ele tem”, assinala Rodrigo Miguel, gerente de Negócios Pecuários da Produquímica. Formado em Administração de Empresas pela FAE (Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino), em São João da Boa Vista, São Paulo, o novo contratado tem mais de 30 anos de experiência no agronegócio e já trabalhou em empresas como Tortuga e Bellman. “A Produquímica é uma gigante do mercado e fico muito contente em fazer parte desta equipe. Conheço o Rodrigo há muito tempo e vi, de forma muito positiva, o convite que ele me fez”, ressalta Rotta Filho, que será responsável também por desenvolver novos produtos, solidificar o relacionamento com os produtores e consolidar a atuação da Produquímica em todo território nacional. (Fonte: Interview Comunicação)

Pelo segundo ano consecutivo, a Fiemg Regional Rio Doce e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) promoveram a 2ª Revoada GV+Verde. Quarenta quilos de sementes de espécies da Mata Atlântica (Angelin, Ipês, amarelo e roxo) foram lançados nos dias 06 e 07 de abril por pilotos de voo livre, no entorno do Pico da Ibituruna, em Governador Valadares, com o objetivo de reflorestar as áreas degradadas. Daniele Gomes, analista ambiental da Regional Rio Doce, acredita que pelo menos 20% das sementes lançadas pelos pilotos vão germinar, mas esse percentual poderá ser maior se elas caírem em terra fértil. A analista ainda ressalta que todas as sementes foram doadas pela Universidade Federal de Viçosa, que destinou 100 quilos de espécies diversas ao projeto GV + Verde, que chega agora ao seu segundo ano. Parte dos 60 quilos restantes são de sementes de palmeira imperial, que foram entregues ao Instituto Estadual de Florestas (IEF), para a produção de mudas que serão revertidas para o projeto GV+ Verde, no fim do ano. (Fonte: FIEMG Regional Rio Doce)

A nona edição da Superagro Minas foi realizada entre os dias 29 de maio e 9 de junho. O evento foi composto pela 53ª Exposição Estadual Agropecuária, Expocachaça, Expovet, Vila da Agricultura Familiar, além dos diversos seminários e palestras. Durante a 53ª Exposição Estadual Agropecuária, foram movimentados cerca de R$ 6,2 milhões, com os sete leilões realizados e negócios prospectados pelos expositores para os próximos quatro meses. Foram realizados três leilões da raça Guzerá, e um das raças Gir Leiteiro, Pônei, Jumento Pêga e Campolina. Durante o evento, também ocorreram julgamentos das raças Guzerá Leiteiro, Holandês, Gir Leiteiro, Girolando, Brahman, Nelore e, ainda, dos cavalos Mangalarga Marchador, Pampa, Campolina, Árabe e Pônei. Os Jumentos Pêga também marcaram presença na Superagro Minas 2013. De acordo com estimativas, nos 10 dias de evento, o Complexo Parque de Exposições da Gameleira/Expominas recebeu cerca de 70 mil visitantes para extensa programação que atendeu a todos os gostos e interesses. A Superagro é uma realização do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e Sebrae-MG. (Fonte: Divulgação Superagro)

Foto: Divulgação Superagro

A Superagro Minas 2013 recebeu diversos eventos, além de seminários e palestras

41 JUN / JUL 13


Dobradinha

Foto: Blog Receitas e Apetitte

culinária

Retirado do blog Receitas e Apetitte http://receitaseapetitte.blogspot.com.br/2010/05/dobradinha.html

Ingredientes • 1/2 kg de dobradinha picada • 1/2 kg de feijão branco • 100 g bacon picado • 250 g de linguiça, defumada, fina picada • 4 tomates, sem pele picado • 1 cebola picada • Alho e sal a gosto

42 JUN / JUL 13

• Cheiro verde picado • Azeitona

Modo de Preparo Lave bem a dobradinha com água e limão. Em uma panela coloque a dobradinha com água e vinagre. Deixe ferver por alguns minutos. Lave novamente a dobradinha. Coloque na panela de pres-

são e cozinhe por 40 minutos. À parte, cozinhe o feijão branco. Em uma panela grande, coloque o azeite, o alho amassado e a cebola. Deixe dourar um pouco e acrescente os demais ingredientes. Tempere o feijão com a dobradinha junto e deixe engrossar o caldo. Depois de pronta a dobradinha, pode salpicar queijo ralado por cima. Envie a sua receita para a Revista Agrominas jornalismo@revistaagrominas.com.br


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43 JUN / JUL 13


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44 JUN / JUL 13


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