24ª Edição Setembro - 2012

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N° 24 | Setembro 2012

ISSN 2179-6653

Agro

Ambiental

As discussões que envolvem o setor político, agropecuário e ambiental na definição de estratégias eficazes para a harmonia entre os setores


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Após uma maratona de discussões em busca de um código florestal que agradasse os ambientalistas e ruralistas, todos saíram vitoriosos com acordo unânime entre os parlamentares. O “xis” da questão foi resolvido pela senadora Kátia Abreu, PSD-TO, nossa colaboradora da edição do mês passado. A proposta foi à inclusão de emenda à MP 571/2012 diminuindo a faixa de Áreas de Preservação Permanente (APP) a ser recomposta por médios produtores rurais. Pelo novo texto, propriedades entre 4 e 15 módulos fiscais são obrigados a recompor apenas 15 metros de mata ciliar em rios com até dez metros de largura. No texto original, a medida abrangia as propriedades com até 10 módulos fiscais e obrigando uma recomposição mínima e faixas de 20 metros. Outro ponto positivo é que o Governo Federal não vai interferir na recomposição das áreas. Caberá aos estados, através de planos de regularização a definição da medida apropriada após a análise do bioma da região e diretrizes definidas pela lei. Na onda do bom senso, os ruralistas retiraram a emenda que acabava com a proteção aos rios intermitentes, conservando o texto original. Considerando as gentilezas, os ambientalistas modificaram as diretrizes sobre a recomposição das áreas desmatadas. Com o aval de todos os integrantes, a previsão de votação rápida nos plenários da Câmara e do Senado, colocando mais um ponto final nessa história que começou em 1999. No embalo, nesta edição de número 24, em Entrevista trazemos a discussão sobre um Código Agroambiental. Proposta do ex-ministro da Agricultura, Dr. Roberto Rodrigues. Já na seção Grandes Criatórios, a raça Campolina da Fazenda Veneza, é o destaque. Confira também uma receita de dar água na boca: Bobó de camarão com abobrinha. Já aos domingos não se esqueçam de assistir o Programa Agrominas às 9h na TV Leste / Record. Boa leitura!

índice

editorial

VITÓRIA DO BOM SENSO

Cleuzany Lott

Editora-Chefe

4 Giro no Campo 6 Entrevista 10 Entidade de Classe 12 Grandes Criatórios 15 Dia de Campo 18 Saúde Animal 20 Caderno Técnico 23 Forragicultura 26 Agrovisão 28 Sustentabilidade 30 Perfil Profissional 31 Meteorologia 32 Mercado 34 Cotações 35 Mão na Massa 36 Emater | IMA | ADAB 40 Aconteceu 42 Culinária

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Programa Agrominas Domingo 9h - TV Leste / Record

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aplicará até R$ 330 milhões para a realização de leilões públicos de equalização dos preços do trigo com o objetivo de contemplar a Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM) para o produto. A Portaria interministerial nº 766, que define a medida, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 17 de agosto. Os leilões serão realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que utilizará como

Mapa e Embrapa desenvolvem variedades transgênicas resistentes à seca Imagem Ilustrativa

Exportações de carnes batem recorde em Minas Gerais

As exportações mineiras de carnes (aves, bovina, suína e outras), no acumulado de janeiro a julho de 2012, alcançaram o maior valor histórico para esse período, informa a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A receita somou US$ 487,8 milhões, cifra 4,7% maior que o recorde anterior, registrado no ano passado. O desempenho proporcionou ao segmento a consolidação na segunda posição no ranking das exportações mineiras do setor, depois do café. Conforme a avaliação de Márcia Aparecida de Paiva Silva, assessora técnica da Superintendência de Política e Economia Agrícola (Spea), os melhores resultados foram obtidos com as vendas externas de carnes suínas. “Nos sete primeiros meses de 2012, o segmento movimentou US$ 61 milhões, aumento de 124,1% em comparação ao valor registrado em idêntico período de 2011”, explica. Já para a carne de aves, a pequena progressão de 0,1% na receita das vendas externas de janeiro a julho de 2012 possibilitou o recorde de US$ 190,7 milhões no período. Márcia Silva ainda faz referência ao desempenho da carne bovina, que alcançou a receita de US$ 177,1 milhões, valor 1,6% superior ao registrado entre janeiro e julho do ano passado. Os mercados com maior índice de compras foram a Rússia e a Arábia Saudita, que juntas adquiriram 39,1% das exportações mineiras de carnes. (Fonte: ASCOM SEAPA) 4

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instrumentos de apoio à comercialização do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) e o Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), para o trigo em grãos, da Safra 2012. As operações irão destinar para comercialização até 2,5 milhões de toneladas. Serão beneficiados com a medida, produtores rurais e suas cooperativas. O prazo máximo para a comprovação da operação para fins de recebimento do prêmio será de até 120 dias corridos, contados após a data limite estabelecida para a venda do produto, em cada leilão, cabendo ao Mapa estabelecer o limite para cada operação. (Fonte: ASCOM MAPA) Imagem Ilustrativa

Giro no Campo

Ministério destina R$ 330 milhões para garantir preço do trigo

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), busca desenvolver variedades geneticamente modificadas de cana-de-açúcar, soja, milho, arroz e trigo com o objetivo de reduzir os riscos em decorrência das mudanças climáticas. A pesquisa promete reduzir os custos na lavoura e contribuir na preservação do meio ambiente. O Brasil, como um grande fornecedor de alimentos, deve aumentar sua produção agrícola para acompanhar o crescimento da demanda mundial. (Fonte: ASCOM MAPA)

Soja: Indicadores atingem novos recordes

Os preços da soja em grão atingiram novos recordes no mercado brasileiro, influenciados pela baixa oferta e pela alta externa. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (produto transferido para armazéns do porto de Paranaguá) em moeda nacional subiu significativos 7% entre 17 e 24 de agosto, finalizando em R$ 89,90/saca de 60 kg – maior valor histórico, em termos reais. Ao ser convertido para dólar (moeda prevista nos contratos futuros da BM&FBovespa), o Indicador ESALQ/BM&F Bovespa fechou a US$ 44,42/sc de 60 kg, elevação de 6,55% no mesmo período. Agricultores brasileiros anteciparam as compras dos insumos e devem buscar antecipar o cultivo de soja com vistas a implantar uma segunda cultura no início de 2013, período em que o clima, em geral, ainda é favorável ao desenvolvimento das lavouras. (Fonte: CEPEA/ ESALQ)


Agropecuária cresce 4,9% no segundo trimestre e é destaque no período O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no dia 31/08, o resultado do PIB do País no segundo trimestre do ano, cujo crescimento foi de 0,4% na comparação com o primeiro trimestre de 2012. A agropecuária cresceu 4,9% nessa comparação, enquanto o setor de serviços cresceu 0,7% e a indústria teve queda de 2,5%. O desempenho das lavouras no 2º trimestre impulsionou o resultado da agropecuária. A presidente da CNA, Senadora Kátia Abreu, lembra que o crescimento da agropecuária reflete o desempenho da safra de cereais, fibras e oleaginosas, de colheita relevante no segundo

Safra de grãos no País atinge 165,9 milhões de toneladas A estimativa para a safra de grãos 2012 superou as previsões e atingiu recorde para a agricultura brasileira, com a marca de 165,9 milhões de toneladas. Os números fazem parte do 11º levantamento de safra e foram divulgados no dia 09 de agosto, pelo Ministério da Agricultura. Segundo os dados, houve um crescimento de 1,9% em relação à safra 2010/2011, quando a produção atingiu 162,8 milhões de toneladas, o que significa 3,1 milhões de toneladas a mais no volume total. Os números foram apresentados à presidenta Dilma Rousseff pelo ministro Mendes Ribeiro. As três principais culturas (arroz, milho e soja), que somadas representam 91,0% da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas respondem por 84,7% da área a ser colhida. Em relação ao ano anterior, o arroz apresenta uma redução na área de 13,3%, o milho um acréscimo de 9,6% e a soja acréscimo de 3,7%. No que se refere à produção, a do milho é 27,0% maior, enquanto a de arroz e soja sofreram redução de respectivamente, 14,9% e 12,2%, quando comparados a 2011. (Fonte: Portal Brasil)

trimestre e estimada em 165,92 milhões de toneladas, resultado 1,9% superior à produção da safra 2010/2011. Um dos destaques é a safra de milho (primeira e segunda safra), que cresceu 26,8%, de 57,4 milhões de toneladas em 2010/2011, para 72,7 milhões de toneladas em 2011/2012. O café também apresenta aumento de 16% da produção, de 43,4 milhões de sacas para 50,4 milhões de sacas. Na comparação com o segundo trimestre de 2011, o PIB do País cresceu 0,5%. Novamente a agropecuária se destaca, com o crescimento de 1,7%, também justificado pelo aumento da produção. (Fonte: ASCOM CNA)

Uso de substâncias beta-agonistas na terminação de bovinos de corte Com a publicação da Instrução Normativa nº 55, de 1º de dezembro de 2011, a proibição de produtos do uso de melhoradores de desempenho em bovinos ficou restrita apenas às substâncias hormonais naturais ou artificiais com atividade anabolizante. A partir do mencionado ato está autorizado o uso em bovinos de substâncias desprovidas de caráter hormonal, a exemplo das substâncias beta-agonistas, mediante registro e licenciamento prévio no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A alteração foi motivada e demandada pelo setor privado, para permitir o uso de novas ferramentas tecnológicas na produção animal. A área técnica do Mapa, ao analisar o pleito do setor privado, considerou a pertinência, a conveniência, a sua viabilidade e o interesse público, especificamente nos aspectos relacionados com a segurança para os consumidores das novas tecnologias. Nessa avaliação houve a participação de especialistas em toxicologia e farmacologia veterinárias, respaldando, desta forma, a edição da norma. As questões relacionadas à saúde animal e de saúde pública foram observadas. As substâncias beta-agonistas autorizadas têm indicação de uso para bovinos de corte em fase de terminação, em confinamento, para aumento da taxa de ganho de peso, melhoria no rendimento da carcaça e melhoria da eficiência alimentar. (Fonte: ASCOM MAPA)

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Código Agroambiental: Uma nova estratégia precisa ser definida para que o setor seja sustentável e garanta o abastecimento no Brasil Kaytslaine Mattos

Jornalista

Arquivo Pessoal

Imagem Ilustrativa

entrevista

O setor agropecuário e sua organização

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Dr. Roberto Rodrigues

setor agropecuário brasileiro desde 1970 tem passado por grandes transformações que estão relacionadas diretamente com o avanço tecnológico, desde a substituição de mão de obra por máquinas 6

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até a evolução dos equipamentos que com eficácia e rapidez garantem a produção de alimentos. Além disso, o acesso ao conhecimento e a propagação da informação também tem sido fatores importantíssimos para a união desse setor que, nos últimos 10 anos tem crescido consideravelmente na economia do país. Mas mesmo assim há ainda um longo caminho a ser percorrido para que se torne uma economia sustentável. Para definir qual caminho seguir no ramo do agronegócio é preciso entender como o setor é organizado e em qual cenário está em evidência. Atualmente, a Política Agrícola do Ministério da Agricultura estabelecida é formada por um conjunto de ações voltadas para o planejamento,

o financiamento e o seguro de produção que foram definidas por meio de estudos na área de gestão de risco, linhas de créditos, subvenções econômicas e levantamentos de dados, das quais são trabalhadas em três linhas de atuação: gestão de risco rural, crédito e comercialização. Com base nessas linhas de atuação o Ministério elabora um Plano Agrícola e Pecuário de trabalho anual definindo as metas a serem conquistadas pelo setor para elevar a economia. Nos últimos meses, a grande discussão do setor esteve acerca da polêmica da aprovação do novo Código Florestal brasileiro que ao invés de trazer regras para serem adotadas de forma clara e objetiva, trouxe inúmeros impasses e questionamentos en-


Foto: Íris Comunicação Integrada

tre representantes da classe de ambien- mercadológico Rodrigues argumenta talistas e de produtores rurais, abrindo sobre a ingenuidade brasileira medianprecedentes para que fosse montada te a seca e a crise nos Estados Unidos, uma Comissão Especial Mista com- a qual o Brasil não tinha nada a ver, posta por deputados e senadores com a mas, acabou sendo afetado, mostranfinalidade de estabelecer uma reforma do a instabilidade do setor por falta para mudar a Medida Provisória (MP) de estratégias que priorizem a sua susque altera o Código Florestal. Toda a tentabilidade. “Na minha visão essa polêmica, a princípio, estava centrali- seca que atingiu os Estados Unidos zada na não obrigatoriedade dos produ- comprometeu a produção do país e a Deputado Federal José Silva tores rurais por não terem de recuperar oferta mundial do grão, fazendo com as Áreas de Preservação Permanente que o produto que deveria abastecer o sil exportou mais de 1,7 milhão de to(APP`s), causando instabilidade entre mercado interno brasileiro fosse desti- neladas de milho no mês de julho, mas os ambientalistas que queriam defino mercado interno houve algumas nir faixas de recuperação conforme consequências, os criadores de não “É preciso criar um o terreno e área degradada. estavam encontrando ração para aliNos dias atuais, há grande prementar a criação e acabaram por tocódigo agroambiental que ocupação com a questão ambienmar algumas medidas drásticas. contemple os solos, a água e tal em todos os setores, por isso é Para Rodrigues, já passou da necessário pensar em medidas que as florestas sob o signo da hora de se criar um Código Agronão promovam o desperdício, mas ambiental, com base em elementos sim a sustentabilidade dos produ- sustentabilidade científica e científicos e socioeconômicos, que tos e serviços. A partir dessa visão profunda, tendo em vista a contemple as demandas mundiais é que o ex-Ministro da Agricultura por alimentos, energia, fibras e sua destinação”, e atual Coordenador do Centro de recursos naturais protegidos, que explica Dr. roberto rodrigues Agronegócios da Fundação Getúlio considere o extraordinário potencial Vargas, em São Paulo, o Professor brasileiro de abastecer o mundo por Doutor Roberto Rodrigues, cedeu uma nado à exportação. Não há uma política meio de um zoneamento agroecológico entrevista a Revista Agrominas dan- consolidada voltada para o mercado rigoroso e tecnicamente inatacável, que do o seu parecer sobre a realidade do internacional no país. Essa seca dei- permita o país avançar firmemente no cesetor mediante toda a discussão sobre o xou o tema da segurança alimentar, nário global, gerando empregos, riquezas Código Florestal. Segundo Roberto Ro- neste momento, sustentado em duas e renda para o povo. drigues, “uma das discussões sobre o Có- pernas: a do abastecimento e da produdigo Florestal foi a forma pouco técnica ção. Uma não é tratada com a mesma Por um Código Florestal que ficou marcada a questão da limitação velocidade da outra, o pensamento é Em entrevista com o Deputado Fedas faixas de preservação das APP`s, só direcionado a produção. Tem que deral José Silva, membro da Comissão talvez pelo desconhecimento e desinfor- produzir mais e mais, porém não há Especial Mista da Medida Provisória do mação por sua vez.. Não se pode criar uma política que priorize o abasteci- Código Florestal (CF) a Revista Agropolíticas de preservação que reconheça mento interno. Quero para o Brasil um minas propôs uma análise do panorama os recursos naturais, água, florestas e portão de oportunidades, mas tem que político sobre a legislação atual com a terras para si, é preciso criar um código haver uma grande negociação interna- perspectiva do atual Código Florestal, agroambiental que contemple os solos, a cional para colocar o mercado a frente, tendo em vista a possibilidade de avanágua e as florestas sob o signo da susten- mas quero um Brasil firme, sem passar çar em uma política mais eficaz para tabilidade científica e profunda, tendo em por apertos e que o mercado interno não consolidar o setor agropecuário. vista a sua destinação”, explica. seja desfavorecido”, afirma Rodrigues. “A análise que faço é que o Brasil Apontando para o atual cenário Com a seca nos Estados Unidos, o Bra- já saiu na frente com uma legislação setembro 2012

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moderna através dos debates realizados ao longo desses anos. A lei do Código Florestal foi uma das que mais teve participação dos segmentos envolvidos e da sociedade, até porque ela envolve as gerações futuras, a partir de uma geração atual. Para o momento, foi a melhor que nós conseguimos, mas não é a ideal. Existem pontos que devem ser melhorados. Primeiramente defendo uma legislação um pouco mais técnica, quando nós definimos no Congresso Nacional, por exemplo, a questão das matas ciliares. A largura se é 5m, 10m, 30m é um número empírico, não é científico, para ser científico deve-se verificar o tipo de solo e outros fatores relacionados ao local, mas foi garantido aquilo que foi chamado de justiça ambiental. Aquele que tem mais irá preservar mais, aquele que tem menos irá preservar menos. Outro ponto que acho que temos que avançar na legislação ambiental é em

relação a bonificar aqueles produtores, agricultores que cuidam da natureza. É preciso avançar no sentido de remunerar esse serviço que é prestado à sociedade. Dois pontos que faltaram no Código Florestal, um deles tive a felicidade de ter conseguido aprovar que foi a inclusão no relatório da MP do Código Florestal: o crédito de carbono. Então o Brasil sai na frente com esse tema. Outra que não está inclusa no Código é a irrigação, que está um pouco esquecida, mas precisa ser retomada novamente”, enfatiza o deputado. Quando questionado sobre a possibilidade de se criar um novo Código, voltado para uma perspectiva ambiental, pensando em uma política direcionada para o setor agropecuário, como propõe o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues com o Código Agroambiental, sem deixar de lado o Código Florestal, José Silva declara que “a legislação ambien-

tal estará constantemente no debate da Câmara Federal, no Senado e na sociedade. Ainda não é o momento de criar um novo código com um novo nome. O que defendo é que continue sendo discutida a questão da produção de alimentos e a preservação ambiental. Não pode haver dois extremos. Sabemos que não tem como produzir alimentos sem intervir no ecossistema, mas essa intervenção precisa ser tecnicamente planejada de forma que, você também não vá degradar o meio ambiente. Tem muitas medidas no CF que os produtores rurais terão cinco anos para se adequarem e implantar as medidas conforme o Código e quem irá pagar essa conta? Então é natural que vá acontecer problemas na hora da implementação da lei. É necessário que continue discutindo para a melhoria e benefício de todos”, complementa José Silva.

Após longas negociações, MP do Código Florestal é aprovada em comissão Após intensas negociações, a comissão mista que analisa a Medida Provisória do Código Florestal (MP 571/12) aprovou por unanimidade, acordo que determina a volta da proteção a rios temporários e a inclusão de emenda que diminui a faixa de áreas de preservação permanente (APPs) a ser recomposta por médios produtores rurais. Com o acordo entre os integrantes da comissão, os parlamentares afirmaram que o texto terá votação rápida nos Plenários da Câmara e do Senado. Os rios temporários haviam sido excluídos do conceito de APP no início de agosto, quando a comissão mista aprovou emenda da bancada ruralista. A medida foi considerada absurda por vários parlamentares e pelo governo, levando o relator, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), a buscar acordo para recuperar o texto original. O acordo exigia unanimidade, pois alterava decisão anterior da comissão, mas os deputados pelo DEM Ronaldo Caiado (GO) e Abelardo Lupion (PR) condicionavam seu apoio à inclusão de emenda para regularizar atividades consolidadas em APPs. Ao final, os parlamentares aceitaram proposta da senadora Kátia Abreu (PSD-TO) que modifica a MP para prever que propriedades entre 4 módulos fiscais e 15 módulos fiscais deverão recompor apenas 15 metros de mata ciliar em rios com até 10 metros de largura — no texto original, a medida alcançava propriedades com até 10 módulos fiscais e a recomposição mínima era de faixas de 20 metros. Para propriedades maiores, a comissão aprovou regra prevendo a recomposição mínima de 20 metros e máxima de 100 metros de mata, conforme será estabelecido nos Programas de Regularização Ambiental (PRAs), a serem implantados pelos governos estaduais. (Fonte: Jornal do Senado)

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entidade de classe

Sindicato dos Produtores Rurais de Ipatinga: Capacitando produtores rurais há 19 anos Kaytslaine Mattos

Fotos: Jozian Miranda Chaves

Jornalista

Eleiçãp da Diretoria Executiva e Conselho Fiscal em 2012

S

ituada no interior do estado de Minas Gerais, a cidade de Ipatinga conta com uma população de 239.177 habitantes, pertence à mesorregião do Vale do Rio Doce e à microrregião de mesmo nome. A cidade localiza-se exatamente no local em que as águas do rio Piracicaba encontram se com o rio Doce. Conhecida como uma cidade industrial, Ipatinga também abriga os produtores do setor agropecuário que, segundo o último Censo Agropecuário realizado em 2006 pelo IBGE, há 178 estabelecimentos do setor divididos em uma área de 4.030 hectares. Sua área é de 165,509 km², representando 0,0282% do estado de Minas Gerais, 0,0179 % da Região Sudeste e 0,0019 % de todo o território brasileiro. Desse total, 22,9245 km² estão em perímetro urbano. De todo o PIB da cidade, 1.299 mil reais é o valor adicionado bruto da agropecuária (setor primário) Criado em 1993, com o propósito de atender a demandaa por alimentos, atendimento em planos agropecuários e de abastecimento, bem como realizar ações voltadas para a Formação Profissional Rural e Promoção Social para as comunidades rurais, o Sindicato dos Produtores Rurais de Ipatinga (Sindipri), está em clima de festa. No dia 19 de setembro a entidade completa 19 anos de existência e de inúmeros trabalhos realizados para a consolidação do setor 10

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através da capacitação dos produtores na área rural, jurídico e contábil, não só na cidade de Ipatinga, como nos municípios do Vale do Aço: Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso, Mesquita, Joanésia, Iapu e Inhapim. O Sindicato ainda não possui sede própria, mas conta com a parceria da Associação dos Municípios do Vale do Aço – AMVA, que cederam espaço para que o pudessem realizar os trabalhos. Além de atuar na prestação de serviços como emissão de Declaração ao Pronaf, incentivo a projetos de produção agropecuária, atuar no atendimento às exigências legais para solucionar os problemas fundiários e emissão de PAA, o Sindipri possui também Convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural para a realização de eventos, de promoção social e formação profissional rural; com o Ministério da Agricultura para emissão de Dap e com o INSS para cadastro de Segurado Especial. A entidade se mantém através da Contribuição Sindical Rural recolhida pela Confederação Nacional da Agricultura e pela contribuição simbólica de R$ 5,00 dada pelos 120 produtores associados. O primeiro presidente a assumir a direção do Sindicato foi Paulo Sérgio Julião. Depois dele passaram por lá Silvestre Antônio Ferreira, Sebastião Ferreira Alves e José Eudes Chaves Gandra. Atualmente a ins-


tituição é composta por uma equipe de quatorze pessoas voluntárias para execução dos trabalhos do Sindicato e um funcionário. O Sindicato está localizado na Avenida Castelo Branco, 702, Horto, Ipatinga/MG. Para mais informações entre em contato pelo telefone (31) 3822-1817. Quem está no comando? O Sindicato dos Produtores Rurais de Ipatinga é presidido atualmente pelo técnico metalúrgico aposentado da Usiminas, José Eudes Chaves Gandra, 69 anos, casado e tem um filho. José Eudes é produtor de eucalipto há 30 anos, é natural de Dionísio (MG) e está em Ipatinga a mais de 40 anos. Está na presidência da entidade desde 2005, em seu terceiro mandato, e atuou também como vice-presidente. Uma das principais ações desenvolvidas em sua gestão foi a implantação da GQS – Gestão de Qualidade do Sindicato. Como objetivo visa sempre desenvolver parcerias com outras entidades para a promoção da capacitação dos produtores da região. O presidente do Sindicato, José Eudes (à direita), com produtores associados

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grandes criatórios

Fazenda Veneza e a criação do Campolina Com seu porte nobre, a raça é o investimento da propriedade Lidiane Dias

Fotos: Arquivo Pessoal

Jornalista

TTZ de Santa Rita, o garanhão da Fazenda Veneza que deu origem ao plantel atual

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m animal de grande porte, com andamento marchado, cabeça levemente convexa que se harmoniza com o pescoço no formato de um trapézio. De origem brasileira, ou melhor, mineira, o Campolina é a aposta de um criador que se deparou com a raça na década de 70 quando morava no estado do Pará: José Luiz Côrtes Gama, 45 anos. Na época, seu pai comprava animais para fazer tropa de trabalho. No meio deles, uma égua Campolina registrada se destacou pelo porte. O filho dessa égua, um cavalo bom de sela e com marcha macia, passou a ser o cavalo de montaria de Côrtes. Esse foi o primeiro contato e a partir daí, a raça passou a ser a foco. Os animais ficavam inicialmente em Matias Lobato (MG), mas hoje o criatório se concentra na Fazenda Veneza, em São Vítor, Distrito de Governador Valadares (MG). Natural da terra do Voo Livre, hoje o criador é presidente, com mandato até 2014, do Clube dos Criadores do Cavalo Campolina do Vale do Rio Doce, que tem 12 associados. Formado em Medicina Veterinária em 1989, voltou para Governador Valadares depois de graduado. Criava gado de lei12

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te, mas gostava mesmo era de cavalo. A proximidade com os criadores de Campolina da região, proporcionada pelo trabalho, possibilitou que começasse a criar a raça também. No dia 29 de abril de 1992, Côrtes deu início ao seu criatório registrando as primeiras quatro éguas em Livro Aberto (LA), pois não tinham a origem definida. À medida que foi fazendo o trabalho de seleção, Côrtes foi acabando com os animais de LA, pois, mesmo que estes tivessem boas condições, o criador não poderia alcançar o patamar que buscava no plantel. Chegou a ter 60 animais e ficou somente com 12. A Fazenda Veneza tem 32 alqueires e o plantel hoje é composto por 42 animais de mamando a caducando. Destes, 12 são machos e os 30 restantes são fêmeas. Para esse trabalho de seleção genética, comprou outras éguas de dois criatórios importantes da região: Catulé e Turmalina. “Quando eu comecei a fazer a comparação dos cruzamentos de cavalos com éguas PO e com as de Livro Aberto, a distância era muito grande”, confronta o criador. Em 1998 comprou um potro que marcou a história de seu plantel: TTZ de Santa Rita, o

garanhão base de seu criatório. Côrtes informa que TTZ tem quase 100 filhos registrados na Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Campolina (ABCCC). De acordo com o criador, que está em sua terceira geração de animais, o garanhão foi o divisor de águas da Fazenda Veneza. “Eu considero como a minha primeira geração a época que eu não tinha garanhões, que eu comprava cobertura. A segunda geração é tudo que veio do TTZ”, explica Côrtes. O cálculo do intervalo de gerações é de nove anos. Com o foco do trabalho na propriedade voltado para a morfologia ligada à funcionalidade do animal, a escolha desse garanhão foi justificada devido à estrutura corpórea que o criador buscava. TTZ de Santa Rita, segundo Côrtes, era alvo de críticas porque ele não produzia tanta raça, mas a estrutura morfológica do animal era o padrão buscado. O garanhão foi usado no cruzamento com todas as éguas e o criador usou a estratégia genética de estreitar a consanguinidade da tropa, ou seja, cruzar os animais que tenham relação parentesca, em seus diversos graus. Esse é um resultado de longo


Fotos: Lidiane Dias

prazo e a pressão de seleção tem que ser maior para que os animais não nasçam com problemas. O criador exemplifica que os potrinhos gerados desses cruzamentos eram mais sensíveis à A potra, Ousada da Veneza, é a melhor Babesiose (doença transem andamento na opinião do mitida pelo carrapato). criador e está sendo preparada para marcha TTZ morreu no ano passado aos 20 anos, cia de participar do quadro de árbitros depois de servir por 13 anos à propriedade. Com a morte do do Campolina. Porém, só atuou de garanhão, na última estação de monta 1992 até 2000, quando seus animais que aconteceu de outubro a abril, foi começaram a ir para pista. “Passei no feita uma parceria com o Haras Cam- teste, sou licenciado, trabalhei um bom panário para que o reprodutor Campa- tempo como árbitro para conhecer nário Top fizesse o cruzamento com as mais as referências e saber o que fazer. matrizes, que inclusive estão prenhes do Nesses últimos 20 anos o Campolina garanhão. Em julho desse ano, Desenho teve uma evolução tremenda e trabado Campanário foi adquirido para ser o lhando como juiz pude ver que a principal diferença é a estrutura corpórea novo reprodutor da fazenda. Côrtes conta que à medida que foi do cavalo. O campolina era um cavalo conhecendo a raça, tomou a providên- mais comprido, uma garupa mais es-

José Luiz Côrtes junto com a nova aquisição da propriedade: Desenho do Campanário

treita, no andar era um pouco mais desequilibrado. Então, percebi que tinha que produzir uma tropa com caracterização racial, mas do ponto de vista da morfofuncionalidade, da estrutura corpórea, mais adequada para a funcionalidade do Campolina, que é a marcha”, explica. O criador defende que seria preciso ter cavalos mais quadrados, próximos do chão, pois diminuindo o porte dos mesmos, eles ficariam mais equilibrados e harmônicos. Segundo Côrtes, na época que trabalhava como

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Mariah da Veneza tem quatro anos e foi campeã na Exposição de Valadares em 2009 como Potra Júnior

juiz, os cavalos eram “gigantes”. Alguns chegavam a medir 1,72 metros. Estratégias

Com a morte do avô de José Luiz Côrtes, o criador passou a tomar conta da Fazenda Veneza. Os animais só foram transferidos para o local em dezembro de 2009. O criador providenciou a instalação de água e luz na propriedade para receber a tropa, mas a estrutura da propriedade ainda está sendo construída. Há pouco tempo foram feitas quatro baias, do tamanho 4 x 4 metros, com pé direito alto por causa do calor. A intenção é fechar as baias em um formato de L, com a construção de mais cinco. Há também área de manejo com tronco e maquinário de moer capim. Uma das estratégias do criador é produzir a baixo custo. A pastagem de colonião proporciona a alimentação dos animais que são criados a pasto e a suplementação no período da seca é feita com sal mineral. O criador evita fazer investimentos em tecnologias de melhoramento genético justamente pelo alto custo, por isso os artifícios para garantir uma boa produção é escolher bem o pai e a mãe. Uma alternativa utilizada é o controle folicular para fazer a monta controlada. O controle folicular é um acompanhamento diário do cio da égua para determinar o momento da ovulação, maximizar o uso do cavalo e ter maiores índices de prenhez. A média de idade que as matrizes entram em produção gira em torno dos três anos. A predominância de pelagem do plantel é Baia ou Alazã sobre Baia. 14

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Quanto ao manejo sanitário, o criador informa que segue o calendário de vacinação. As vacinas fundamentais são as de raiva e leptospirose. Já os animais das baias, o garanhão e as éguas de pista, são vacinados também contra gripe. O maior problema é com os carrapatos. De sete em sete dias a tropa inteira ganha um banho de carrapaticida. Dois funcionários são responsáveis pelo manejo diário. Côrtes comenta que está segurando os animais para fazer um leilão com boa parte do plantel. Atualmente as vendas diretas estão focadas só nos cavalos pois pretende reter a tropa por pelo menos dois anos para ter uma quantidade maior de lotes. Porém, identifica que o mercado do Campolina precisa ser reavivado. Aponta que nas décadas de 70 e 80, o núcleo tinha uma participação mais forte na região, com criatórios de renome. Tanto que em 1983, segundo Côrtes, a única vez que a Exposição Nacional do Cavalo Campolina saiu da Gameleira em Belo Horizonte, ela aconteceu em Governador Valadares. Quando o criador começou a fazer parte do núcleo regional, eram 72 associados. Dessa forma, o número de eventos era maior. Comenta ainda que vários campeões nacionais da raça saíram da região e com preços recordes. O que desmotivou a criação na região de Governador Valadares foi à crise no setor rural na década de 90. Desde então, ainda não conseguiram reverter o quadro. Ressalta que existe um mito de que cavalo é coisa de rico, mas acredita que a maior dificuldade é se posicionar no mercado. “O problema é passar nessa primeira fase. A segunda fase é que não é qualquer mercado que está preparado para receber esse animal de raça. Quem não convive com o processo de produção de genética acaba também que não valoriza, não sabe que o está envolvido nesse processo”, pontua. Outra dificuldade listada pelo criador é fazer uma tropa em escala para comercializar. De acordo com ele, muitos criadores acabam enxergando o outro como potencial concorrente e não como potencial parceiro, o que dificulta para manter a comercialização em determinadas regi-

ões. Mas confia que os usuários precisam ser os alvos também. “Vamos colocar bons cavalos de sela e vamos vender para usuários. Pegar boas matrizes e vender a preços razoáveis e estimular, quem sabe, futuros criadores”. Para recuperar o núcleo de criadores, Côrtes diz que estão adotando a estratégia de fazer um circuito de exposições do Campolina no Rio Doce: no final do ano em Ponte Nova (MG), em abril de 2013 em Nova Venécia (ES) e vão fechar em julho do ano que vem com a Expoagro GV. Com as duas primeiras exposições menores o objetivo é levar cavalos inéditos para atrair os pequenos criadores e estimulá-los a participarem. É com essa dedicação em recuperar o núcleo, que o criador demonstra sua paixão construída ao lado do Campolina. Lembra que começou a investir na raça primeiramente pela proximidade de outros criadores para adquirir animais. Mas com o passar dos anos, ao conhecer, entender e se informar sobre a raça, a facilidade foi tomando lugar pela admiração. “Você vê que o campolina é uma raça brasileira, que tem uma caracterização racial que o identifica. Eu acho que essa caracterização racial traz um porte, uma beleza, uma nobreza, que é diferente de outras raças”, completa Côrtes. Curiosidade A raça Campolina está concentrada no Sudeste. Sessenta por cento está em Minas Gerais, 20% no Rio de Janeiro, 12% na Bahia e o restante espalhado em todo o país. A origem da raça é de Entre Rios de Minas (MG), na antiga estrada Real. (Fonte: Clube dos Criadores do Cavalo Campolina do Vale do Rio Doce). Para mais informações sobre o criatório, acesse o site: www.harasveneza.com.br errata Na página 13 da última edição (23ª), a legenda não corresponde com a foto em questão. A legenda é de outra fotografia que saiu na 21ª edição.


Produção sustentável e profissionalização dia de campo

Produtores rurais de Frei Inocêncio adotam técnicas sustentáveis na produção de hortaliças e consolidam o município como destaque no meio Leonardo de Paula

Cleuzany Lott

Jornalista

Fotos: Arquivo EMATER

Jornalista

Com a ajuda certa, Fátima modificou os canteiros, cercou o espaço e deu nova cara à horta

N

a cidade de Frei Inocêncio, região leste de Minas Gerais, a zona rural está cada vez mais produtiva e sustentável. Os pequenos produtores, residentes em distritos como a Comunidade do Tabocal, tem aprendido a retirar da própria natureza os elementos necessários para enriquecer o solo, fortalecer a produção e elevar a qualidade de verduras, legumes e frutas, cultivados em pequenos espaços, no próprio terreiro de casa. A transformação na maneira de plantar tem beneficiado creches, escolas e outras instituições do município, oferecendo gratuitamente a crianças, adolescentes e idosos alimentos mais saudáveis, produzidos na própria região. Fátima dos Santos Alves, moradora do Tabocal, é um exemplo. Apesar de trabalhar com hortas há 25 anos, só recentemente deixou de recorrer aos agrotóxicos para proteger a plantação, e logo notou resultados. “Todas as verduras que eu plantava saíam pequenas. A couve, por exemplo, era bem pequena. Eu jogava agrotóxico e pensava que es-

tava sendo bom”, conta. Essa mudança começou no início deste ano, quando Fátima e outros agricultores da comunidade passaram a receber uma assistência específica sobre horticultura agroecológica, prestada pela Emater-MG. Segundo a extensionista técnica do órgão, Kelyene Sued Leite Rabelo, apesar de o escritório local ter sido reaberto em 2005, foi a partir de 2008 que um trabalho mais próximo dos pequenos produtores passou a acontecer. “A unidade de Frei Inocêncio só atende o município e alcança por volta de 200 agricultores familiares. Desde que entrei aqui em 2008, venho trabalhando principalmente a parte agrícola, incentivando a plantação de milho, feijão e mandioca, além da fruticultura e horticultura”, explica. E foi através da horticultura que a vida dos produtores rurais começou a mudar. Fátima teve que reorganizar a horta: de um espaço de 20m de comprimento por 20 de largura, os canteiros agora ocupam um local cercado com a metade do tamanho anterior (10m x 10m). Com as orientações da setembro 2012

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extensionista, a agricultora aprendeu técnicas mais ecológicas para cuidar do solo e das hortaliças. “A Kelyene me ensinou a juntar folhas que caem das árvores do quintal com esterco para fazer um fertilizante natural, o húmus, que deve ser aplicado nos canteiros uma vez por mês. Ela também mostrou que a urina de vaca, o chorume e a cinza podem ser utilizados Por adotar uma produção mais ecológica, Fátima se destacou entre os horticultores da Comunidade do Tabocal, em Frei Inocêncio como adubo. Os dois últimos são os que eu mais uso na minha horta, por serem de apenas um ponto, mas a vencedora mereceu o destaque. mais fáceis de conseguir”, relata. “A Fátima foi ganhadora porque utilizou todas as técnicas Segundo Kelyene, outras técnicas também foram traba- ensinadas em sua horta. Com o uso do húmus, especialmente, lhadas. “Mostramos como construir um minhocário, para seus produtos melhoraram significativamente. Isso significa produzir o ‘húmus de minhoca’, e também a fabricação de que antes, o solo da horta precisava de nutrientes, e não era composto orgânico. Para evitar o uso de agrotóxicos, in- tratado. Hoje, como ela passou a utilizar os compostos natroduzimos o uso de inseticidas naturais, como a calda de turais, é notável a mudança nas verduras: os pés de couve e fumo, por exemplo. Mostramos a importância de deixar um espinafre, por exemplo, estão lindos”, elogia. espaço entre os canteiros e de observar as épocas de plantio”, completa. Saúde na Alimentação A dedicação dos produtores não tardou a dar resultados. Os produtos cultivados na comunidade do Tabocal e ouEm um concurso de hortas promovido pela Emater local, tros distritos não beneficiam apenas quem produz. Desde onze agricultoras se inscreveram, e Fátima conquistou o pri- 2010, agricultores (que trabalham com hortaliças ou frutas) meiro lugar. O envolvimento foi tão grande que, segundo a e demais produtores (de doces ou quitandas) foram inscritécnica, a diferença entre a primeira e a segunda colocadas foi tos em projetos como o Programa de Aquisição de Alimen-

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comer verduras e frutas, mas com essa parceria, nós temos como colocar esses alimentos nas refeições, e elas estão gostando. As frutas e os doces, elas já conhecem e pedem. São alimentos saudáveis e produzidos aqui mesmo, em nossa região”, ressalta. Vocação para produzir

Graças a iniciativas, como a inserção dos pequenos produtores nos programas da Conab, os agricultores da região têm voltado a investir Mesmo em pequenos espaços e com poucos recursos é possível na horticultura, sabendo que terão um mercado produzir verduras mais saudáveis e incentivar o crescimento do setor e renda certos. Além disso, ao modificar a maneira tos (PAA), e o Plano Nacional de Aquisição de Alimentos de cultivar e cuidar da plantação, utilizando práti(PNAE), iniciativas do Governo Federal, viabilizadas pela cas mais ecológicas, podem disponibilizar, tanto para conCompanhia Nacional de Abastecimento (Conab). Como, sumo próprio quanto para os clientes, alimentos de melhor por lei, os governos municipais, estaduais e a União de- qualidade. Para Kelyene, o comprometimento dos produtores vem adquirir, no mínimo, 30% dos produtos da agricultura tem sido o diferencial que faz de Frei Inocêncio uma refefamiliar, os pequenos produtores rurais de Frei Inocêncio rência na produção de hortaliças. “Frei Inocêncio tem esse passaram a ter uma fonte de renda segura, enquanto duram diferencial porque os produtores acolhem as iniciativas, pois os convênios, que são temporários. veem que isso será positivo para eles. Com o trabalho que Os alimentos são recolhidos em um salão comunitário na temos feito, eles podem se desenvolver e se profissionalizar. comunidade, registrados e depois levados, com auxílio do Plantar e produzir todos sabem, mas vender os produtos no poder público para serem distribuídos por cinco entidades, mercado com qualidade, poucos conseguem. Nós temos tenentre creches, escolas e asilos de Frei Inocêncio. Edney do tado incentivar aqui a união e a independência. Assim, caso Nascimento, coordenadora de uma creche municipal, come- no futuro não haja uma entidade ou instituição organizando mora mudanças na saúde e nos hábitos alimentares das crian- o trabalho, eles mesmos terão condições de levar adiante. A ças atendidas. “Algumas crianças não tinham o costume de união faz a força”, avalia.

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Distomatose

saúde animal

(Fascíola Hepática)

Ima

gem

Ilus

tra

tiva

Dr. Carmello Liberato Thadei

Médico Veterinário - crmv-sp-0442 Retirado do site www.saudeanimal.com.br

O

verme denominado “Fasciola hepática”, descrito originariamente pelo naturalista Lineu, no ano de 1758, portanto há mais de 200 anos, é responsabilizado por uma grave doença denominada DISTOMATOSE, que acomete além do homem também algumas espécies animais, estas principalmente pertencentes aos grupos denominados: vacum (bovinos), suíno (porcos), equídeos (cavalos e burros em geral), principalmente ovinos (ovelhas). O cão doméstico parece ser refratário ou imune a essa doença, já que nunca foi o verme assinalado nessa espécie, ou então consequência do fato do cão doméstico sendo originariamente carnívoro e não se alimentando de capins contaminados com cercárias, não terem oportunidade de se infestarem com o parasita. Além dessas espécies, podem ser também parasitadas lebres, coelhos, castor, nutria, cobaios, antílope, camelo, canguru, além de diversos cervídeos como a corsa, o gamo e o alce. Trata-se de doença parasitária cosmopolita e universal, ocorrendo inclusive no Brasil, principalmente em regiões criatórias de carneiros. O verme tido como padrão da espécie (Fasciola hepática, Linné, 1758), é classificado entre os Trematodos, e estes situados na classe dos Nematodos, que por sua vez está contido no filo (philum) animal denominado Nemathelminthes, ou Nematelmintos como vulgarmente chamados. Isso decorre de terem esses seres vivos o corpo de forma cilíndrica, tubo digestivo completo em todas as fases da vida, livres ou parasitas. Esta última afirmativa merece ser esclarecida, pois inevitavelmente dá motivo a indagações: têm esses seres a particularidade de em seu ciclo biológico passarem primeiro por uma fase denominada de vida livre, na qual habitando coleções de água como lagoas, açudes ou riachos de águas calmas, passarem por várias fases, a primeira denominada Miracídio seguida da forma denominada Rédias. Na fase anterior (Miracídio) medindo cerca de 150 por 40 micra 18

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(Micra, plural de mícron é igual à milésima parte do milímetro), são, portanto só vistos com auxílio de microscópios óticos. Têm esses organismos nessa fase o corpo completamente coberto por cílios e assim são capazes de nadarem nas águas em que vivem, o que lhes permite alcançarem um necessário hospedeiro intermediário, sempre um caracol do gênero “Limnaea truncatula”; Neste caracol hospedeiro penetram pela cavidade respiratória, até atingirem o corpo desse molusco onde se transformam em formas com denominações diversas, até atingirem seu desenvolvimento na nova forma denominada Rédias, e estas subsequentemente em Cercárias. Nessa nova forma abandonam o molusco hospedeiro intermediário e agora por serem providas de flagelos, o que lhes permite nadarem ativamente nas coleções de águas em que vivem, se agarram em raízes de capins ou vegetações ribeirinhas. Essa vegetação contaminada pelo verme, marginal a essas coleções d’água, quase sempre açudes que servem de bebedouros para o gado, são assim ingeridas como alimento pelo gado nessas áreas apascentados, passando as cercárias para o trato digestivo desses animais, que assim se vêm parasitados com o trematoda, que nesses animais localizam-se preferentemente nos canais que dão acesso ao fígado (Canais colédocos); Nesses canais hepáticos que servem para o trânsito da bile elaborada pelo fígado até os intestinos, determinam grave inflamação inclusive da própria vesícula biliar (colicistite); Nessa fase e nesse novo local o parasita amadurece atingindo seu completo desenvolvimento, constituindo-se então o chamado verme adulto e exercendo seu ciclo de vida parasitária. Devido essa particularidade de necessitarem esses trematodas passarem primeiro por um hospedeiro intermediário (caracol), para em seguida poderem vir na vida adulta se constituírem parasitas de outro animal (ovino por exemplo), são chamados em parasitologia de: parasitas heteroxenos, ou seja,


passam seu ciclo biológico parasitário por mais de um hospedeiro. Os próprios caracóis hospedeiros intermediários também são assim parasitados pelo verme, em sua primeira fase de vida (miracídio e rédia). DISTOMATOSE (FASCIOLOSES) - É assim chamada propriamente a doença determinada pela infestação de animais ou do homem, por esse parasita em sua vida adulta. É essa doença parasitária um processo inflamatório crônico do fígado e de seus anexos, tais como a vesícula biliar e canais excretores de bile (Canal colédoco). Inflamados esse importante órgão anexo do aparelho digestivo, como é o fígado e suas vias excretoras de bile (além da vesícula biliar), cujos sucos são responsáveis pela digestão dos alimentos, os transtornos decorrentes são facilmente previsíveis. Dificuldade de digestão, cólicas, dores abdominais, emagrecimento são alguns deles. Sendo essa infestação por grande número do parasitas, ou se tratando de um animal ainda jovem, ou fêmeas em gestação, os sintomas poderão ser alarmantes podendo inclusive levar a morte desses animais. O fígado também se inflama, e na forma crônica da doença ocorre o que é chamado de inflamação intersticial do fígado, levando como resultado a diminuição da produção de bile e consequentemente a transtornos da nutrição e crescimento, e mesmo a morte do animal. No gado bovino os transtornos intestinais ocupam o primeiro plano, variando desde atonia da pança (rúmen) e subsequente cólica, intercalada com diarreias frequentes, até distúrbios maiores como cólicas de evolução quase sempre fatal quando não tratada com urgência. Há concomitante diminuição da produção de leite obviamente das fêmeas em lactação, além de febre, emagrecimento, etc. Em ovelhas o principal sintoma é um edema frio (inchaço) que se estabelece na garganta, faringe, parte do peito e mesmo no abdome. Concomitante palidez das mucosas aparentes (conjuntiva principalmente, além da mucosa da boca), abatimento, debilidade e emagrecimento. A lã desses animais parasitados torna-se quebradiça e seca (sem brilho). Ocorrem crises frequentes de diarreias, com fezes líquidas e negras. Fígado aumentado de tamanho (hepatomegalia), facilmente constatável a palpação abdominal desse animais, e mesmo sintomas de icterícia do tipo obstrutiva. O leite das fêmeas em lactação torna-se aquoso e em decorrência os cordeiros não se desenvolvem podendo mesmo sucumbirem por carência alimentar, ou tendo seu desenvolvimento comprometido. Em porcos os sintomas são pouco visíveis, se exteriorizando principalmente para o lado do sangue: anemia e algumas vezes icterícia. Edema da cabeça algumas vezes também aparece nesses animais quando intensamente parasitados. Diarreias com sangue (melena) são frequentes

nessa espécie quando parasitada, emprestando às fezes odor nauseabundo, consistência líquida e coloração negra. Em cavalos os principais sintomas são digestivos. Cólicas graves, que nessa espécie são frequentemente mortais quando não tratadas com urgência, é um sintoma a ser considerado quando suspeitos esses animais de se encontrarem parasitados pela fascíola. ANATOMIA PATOLÓGICA - Quando necropsiados animais que pereceram em consequência desse parasitismo, são frequentemente achados intestinos com perfuração e mesmo da cápsula hepática, dando em consequência peritonite (inflamação do peritônio), sendo encontrados quase sempre, simultaneamente, aderências dos órgãos intra-abdominais. O fígado nesses casos exibe sinais macroscopicamente visíveis de uma hepatite aguda, com simultâneo aumento de volume. Os gânglios linfáticos abdominais (hepáticos e mesentéricos) são encontrados todos enfartados (inflamados e grandes). Coleções de líquido seroso e mesmo sanguinolento são encontradas na própria cavidade abdominal, constituindo-se na chamada ascite. Em casos de evolução crônica, os animais perecem quase sempre caquéticos e anêmicos. DIAGNÓSTICO - Os sinais clínicos anteriormente enumerados levam a suspeição desse parasitismo. Porém, só o exame coprológico é comprovatório, desde que simultaneamente sejam encontrados ou ovos do parasita nas fezes desses animais, ou mesmo o próprio verme adulto em líquidos digestivos ou coleções ascíticas. Punção exploratória da vesícula biliar, principalmente em carneiros, para coleta de bile e subsequente exame desta diretamente em microscópio, é o meio mais direto e eficiente para comprovação desse parasitismo. Provas sorológicas, como a chamada de fixação do complemento e de precipitação são também utilizadas para diagnóstico da doença. Em exames coprológicos deve ser dispensado especial cuidado na diferenciação dos ovos desse trematoda daqueles do Paramphistomum cervi, que são muito parecidos, porém diferentes. PROFILAXIA - O meio mais eficiente para ser evitado esse parasitismo, é o combate ao seu hospedeiro intermediário (caramujo), pelo fato de sendo este erradicado das coleções aquosas onde o gado bebe água e se contamina, têm o trematoda seu ciclo interrompido e vem a se extinguir naturalmente. TRATAMENTO - Numerosos medicamentos existem para o tratamento desse parasitismo, que deve ser sempre executado de forma geral a todo o rebanho, pelo fato de existindo um único animal infestado pelo parasita num determinado rebanho, seus companheiros apascentados no mesmo local têm probabilidades de estarem também doentes. setembro 2012

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caderno técnico

Ciclo pecuário da bovinocultura de corte e sua relação com preço e demanda Raphael Amazonas Mandarino1; Gabriela Maldini Penna de Mascarenhas Amaral2; Fabiano Alvim Barbosa3; Venício José Andrade3. 1 Doutorando em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG - mandarino@ufmg.br 2 Graduando em Medicina Veterinária, Escola de Veterinária da UFMG. 3 Professor do Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG.

INTRODUÇÃO Em uma economia competitiva, a pecuária vem buscando se adequar aos novos moldes e enfoques necessários para a sobrevivência do produtor no mercado. Para tal, o uso de tecnologias e aperfeiçoamento profissional vem sendo cada vez mais necessários para um bom retorno econômico. Atualmente quando consideramos o mercado de carne bovina brasileira como um todo, pode-se verificar profundas mudanças no cenário produtivo associadas a processos evolutivos de melhorias de sistemas com a utilização de novas tecnologias. As margens econômicas da pecuária de corte se estreitaram muito e o bom desenvolvimento técnico passou a ser determinante na estabilidade do sistema (Burgi, 2001). Para atender à demanda dos mercados interno e externos, os pecuaristas devem conhecer a necessidade da indústria frigorífica e do consumidor final melhorando os aspectos de padronização e qualidade da carcaça bovina, segurança sanitária, certificação de origem e a qualidade do produto. A interligação entre esses setores poderia melhorar consideravelmente um dos maiores entraves do setor produtivo da carne de acordo com Macedo (2006): o efeito das relações não amenas entre produtores, frigoríficos e comércio. Além disso, as ações voltadas para ganhos no curto prazo, oriundos das oscilações de preços, tendem a gerar um maior risco para a atividade, comprometendo ainda mais essa cadeia. Como exemplo, podemos citar os períodos de altas de preços, como os de 1999 a 2001, que geraram uma maior oferta de boi no período seguinte (2004 e 2005) devido aos investimentos na produção de bezerros e, concomitantemente, uma tendência de redução de preços e retração dos investimentos, no mesmo período, no fechamento do ciclo. 20

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Nesse contexto, a busca pelo entendimento do ciclo pecuário bovino e sua relação com o preço e a demanda é vital para tomada de decisões, independente do papel que o indivíduo exerce na cadeia. DESENVOLVIMENTO A década de 90 foi marcada por crescentes expansões no fluxo de mercadorias e investimentos entre países, gerando aumento da competitividade internacional e modificando a estrutura, tanto econômica como social, dos países inseridos nesse contexto. Com essas mudanças, o Brasil teve sua economia afetada e teve de se adequar para vencer concorrências, principalmente relacionado ao setor de agronegócios, por possuírem um maior risco e uma menor previsibilidade, inerente às atividades agropecuárias (Braga, 2010). Mesmo o Brasil sendo destaque com o maior rebanho bovino comercial do mundo, e o maior exportador mundial de carne bovina, o país ainda apresenta, na média, índices produtivos inferiores comparados a uma pecuária desenvolvida. Segundo o IBGE, o plantel cresceu em 5,6 milhões de animais no fim da década passada: partiu de 199,7 milhões de cabeças, em 2007, para 202,2 milhões em 2008, até alcançar as dimensões de 2009, com um incremento de 1,5%. Porém, em torno de 80% dos sistemas produtivos de carne bovina brasileira, continua sendo predominantemente extensivo, ou seja, exclusivo de pastagens nativas e cultivadas como únicas fontes de alimentos energéticos e protéicos. Essas pastagens são normalmente deficientes em vários minerais, bem como de baixa qualidade nutritiva, fazendo com que atividades de cria a engorda apresentem uma alta variação de desempenho.


Quando uma determinada mercadoria está mais cara, mantendo constantes outros fatores, teoricamente, os consumidores tendem a diminuir seu consumo (Cotta, 2005). A estimativa de coeficientes de elasticidade é a forma usualmente adotada para expressar relações entre aquisição, renda e preços (Sarti et al. 2011). De acordo com Cotta (2005) a elasticidade é definida como a forma que a demanda por uma mercadoria responde a variações de seu preço. Um exemplo prático é a produção de milho que, por exemplo, está projetada para crescer 2,0% ao ano nos próximos anos onde a área plantada deverá aumentar 0,3%, aumentando cerca de 500 mil hectares. Como a produtividade tem crescido nos últimos 35 anos, a um ritmo de 3,2% ao ano de acordo com dados da CONAB (MAPA, 2011), estimada em 1,68% ao ano nos próximos 10 anos, podemos perceber um aumento na oferta de milho. O desempenho do crescimento do milho está intimamente ligado ao setor de carnes e às exportações (MAPA, 2011), gerando assim uma relação de oferta e demanda, podendo ter uma variação de preços bem diferente da oscilação usual. De acordo com o CEPEA (2010), em 2009, o agronegócio da pecuária apresentou taxas de variação anual no PIB do agronegócio de -2,2%, reflexo da crise financeira de 2008, e uma recuperação de crescimento de 2,98% no ano de 2010. O CEPEA (2010) afirma ainda que, em 2009, os custos de produção da pecuária de corte caíram, estando esta queda relacionada ao desaquecimento mundial da demanda por insumos, por conta da crise no final de 2008 e início de 2009, desvalorizando ainda mais a arroba naquele ano. Com a escassez de crédito houve uma queda na demanda externa de carne e a possibilidade das empresas financiarem a produção e novos investimentos. No acumulado de 2011, o IBGE (2012) afirma que foram abatidas 28.814 milhões de cabeças de bovinos, com

uma queda de 1,6% em relação a 2010. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Pool, et al. 2011), atualmente o País tem embarcado ao exterior cerca de 20% do total produzido de carne bovina, ficando o restante (80%) para abastecimento do mercado interno. O CEPEA (2010) afirma que a elasticidade média encontrada para a carne bovina de primeira foi de 0,538, significando que um aumento de 10% na renda do consumidor, aumentará em 5,38% a demanda com essa carne. Não somente no Brasil, mas em países em desenvolvimento, como a China, África do Sul, Coreia, Indonésia e Taiwan alta relação da renda com o consumo da carne bovina foi encontrada. As projeções do MAPA (2011) de carnes para o Brasil mostram um crescimento relevante nos próximos anos. O crescimento projetado para os anos 2010/2011 a 2020/2021 da carne bovina é de 2,2% ao ano. O consumo de carne bovina projeta-se para 9,4 milhões de toneladas, superando em quase o dobro do estimado para 2009, de 5,9 milhões de toneladas de equivalente carcaça (ANUALPEC, 2009). O MAPA (2011) ainda projeta que a carne bovina assumirá o segundo lugar no aumento do consumo com uma taxa anual projetada de 2,3%, entre 2010/2011 a 2020/2021. Quanto às exportações, as projeções indicam taxas de crescimento positivas para carnes suína, de frango e bovina, gerando assim, um quadro favorável para as exportações brasileiras. Para a carne bovina as exportações devem situar-se numa média anual de 2,6%. (MAPA, 2011) CICLO PECUÁRIO O ciclo pecuário produtivo bovino está sujeito a uma série de riscos, dependendo de solo, clima, sanidade e outras variáveis como estoque de produto e demanda do mesmo. (Medeiros, 2006). O ciclo anual consiste na variação que ocorre entre o período da seca, onde há menor disponibilidade de forragem e consequentemente uma menor oferta de animais, resultando em um aumento dos preços ao final do período e o retorno da produção de forrageiras no período

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chuvoso, onde se aumenta a oferta de animais, fechando o ciclo com a queda dos preços. No estudo de Schuntzemberger et al. (2009), os autores afirmam que a produção é um processo biológico, afetado pelo clima, pragas e doenças, sendo difícil também, controlar e prever a oferta, bem como é variada ao longo do ano, gerando assim entraves para se determinar o preço do boi. É possível verificar o ciclo plurianual, um ciclo como o próprio nome diz a união de mais de um ano e relaciona-se mais às expectativas de mercado do que a variação dos preços. Na medida em que o preço cai, os produtores tendem a tentar minimizar o problema, vendendo matrizes, e gerando uma reação em cadeia, ou seja, após um determinado período de tempo, começarão a faltar bezerros no mercado, e consequentemente diminuirá o número de bois gordos disponíveis para abate. Schuntzemberger et al. (2009) afirmam que os preços são influenciados pelas expectativas dos agentes do sistema produtivo quanto aos preços futuros, chamando assim de ciclos plurianuais, sendo que a queda do preço do boi, por exemplo, gera uma retração de preços em todas as outras categorias animais. Assim, inicia-se o abate de matrizes para reduzir prejuízos e manter-se no sistema, gerando um buraco ainda maior. O problema pode se agravar ainda mais quando pecuaristas despreparados, se aventuram a interpretar o mercado, muitas vezes de forma equivocada. Assim algumas tomadas de decisões quanto à venda ou compra de produtos podem ser realizadas em um cenário distorcido e gerar diversos prejuízos, devido a uma gestão ineficiente (Medeiros, 2006). Sendo assim é sempre importante que o produtor procure se informar em fontes confiáveis, e buscar ajuda de técnicos e profissionais capazes de orientá-lo.

dos agentes da cadeia produtiva. Estar atento às mudanças e saber avaliar a melhor hora da tomada de decisão é fundamental para a sobrevivência na cadeia produtiva. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANUALPEC 2009. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: FNP Consultoria e Comércio, 2010. 400p. BRAGA, M.J. Redes, alianças estratégicas e intercooperação: o caso da cadeia produtiva de carne bovina. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, p.1116, 2010 (Suplemento especial). BURGI, R. Confinamento estratégico. In: REUNIÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38, Piracicaba. Anais ... Piracicaba: SBZ, 2001. CD-ROM. CEPEA; CNA. Resumo dos custos de produção de boi gordo em 2010., jan/dez., 2010. Disponível em: http://www.ruralcentro.com.br/analises/1389/ resumo-dos-custos-de-producao-de-boi-gordo-em-2010 - (Acesso em 20/07/2012) COTTA, J. L. Elasticidade - Demanda e Preço – Universidade Federal de Minas gerais, UFMG, 2005 (Especialização) FAO - Food And Agriculture Organization of The United Nations, 2011 – Disponível em: http://faostat.fao.org/default.aspx - (Acesso em 17/05/2012). MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – “Brasil caminha para se consolidar como “celeiro do mundo”, 2010. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/portal/page/portal/Internet-MAPA/pagina-inicial/comunicacao/noticias/noticia-aberta?noticiaId=31352 (Acesso em 16/02/2011) MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – “Projeções do Agronegócio Brasil 2010/11 a 2020/21”, 2011. Disponível em: http:// www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Ministerio/gestao/projecao/PROJECOES%20DO%20AGRONEGOCIO%202010-11%20a%202020-21%20 -%202_0.pdf MACEDO, L. O. B. Modernização da pecuária de corte bovina no Brasil e a importância do crédito rural. Informações Econômicas, São Paulo, v.36, n.7, jul. 2006. MEDEIROS, A. L. Regressão múltipla e o modelo de arima na previsão do preço do boi gordo. UNIFEI, 2006 (Dissertação de mestrado). IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatística da Produção Pecuária, 2012. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/ estatistica/indicadores/agropecuaria/producaoagropecuaria/abate-leite-couro-ovos_201104_publ_completa.pdf - (Acesso em 15/08/2012) Sarti F. M.; Claro, R. M.; Bandoni, D. H. Contribuições de estudos sobre demanda de alimentos à formulação de políticas públicas de nutrição Cad. SaúCONCLUSÕES de Pública, Rio de Janeiro, 27(4):639-647, abr, 2011 SCHUNTZEMBERGER, A. M. S. ; PADILHA JUNIOR, J. B. ; ROSSI A relação preço versus demanda está intimamente ligada JUNIOR, P. . O que mexe com o preço do boi. Anualpec (São Paulo), v. 16, aos diferentes fatores que compõe o ciclo produtivo, dentre p. 16-17, 2009.

os quais devem fazer parte do planejamento de qualquer um 22

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forragicultura

Qual o melhor capim para a tropa? Humberto Luiz Wernersbach Filho

Imagem Ilustrativa

Zootecnista MSc / Supervisor de Pesquisa

A

atividade de equideocultura tem importante papel na produção pecuária brasileira. Os equinos são utilizados para trabalho, no manejo dos bovinos mantidos em pastagens, além disso, tem crescido também a criação para lazer e esportes. Contudo, em sistemas pecuários bovinos o foco é a preferência pelo acesso as melhores pastagens para esses animais, os equinos muitas vezes, não tem uma alimentação em quantidade e qualidade disponíveis para seu desenvolvimento. Outro ponto chave é que grande parte das pastagens é formada por espécies do gênero brachiaria principalmente B. decumbens e B. brizantha, que não são consumidas pelos cavalos, o que agrava a qualidade da dieta desses animais. Para mudar essa realidade e até mesmo intensificar a qualidade das pastagens em criatórios exclusivos, o entendimento do processo de digestão do alimento pelo equino é fundamental. Trata-se de um animal herbívoro, monogástrico e com ceco e cólon funcionais, ambos com digestão microbiana onde ocorre a transformação das fibras dos alimentos em energia e proteína, diferentemente do bovino, que possui seu estômago dividido em quatro compartimentos para esse

processo digestório. Além dessas, diferem também no hábito de pastejo por possuírem incisivos superiores e grande motilidade labial, procedendo o corte da gramínea rente ao solo, com grande capacidade seletiva. Um dos principais problemas na escolha da espécie forrageira para equinos é o nível de oxalato e na sua relação com cálcio. Oxalatos são sais ou ésteres de ácido oxálico, que, na presença de íons de cálcio, formam oxalato de cálcio, que é pouco solúvel e tende a se acumular no organismo. O cálcio das gramíneas na presença de oxalato forma compostos insolúveis e fica, portanto, indisponível para o animal, o que pode provocar deficiências na formação óssea, especialmente nos animais novos. A “cara inchada” acontece quando ocorre diminuição do cálcio no sangue provocando a retirada de cálcio dos ossos, mineral esse que é substituído por tecido fibroso que aumenta o volume da face. Plantas que apresentam níveis de oxalatos superiores a 0,5% e relação cálcio/oxalato inferior a 0,5 são consideradas potencialmente tóxicas para equinos. Na tabela 1, constam valores para algumas espécies forrageiras. Pastagens de Brachiaria humidicola cv quicuio apresentam

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maiores problemas em se tratando de nível de oxalato devido ser uma espécie muito utilizada como pastagens para equinos. Normalmente essas pastagens são manejadas em solos de baixo nível de fertilidade, com baixas concentrações de proteína, energia e minerais, principalmente o cálcio. Além disso, os animais, quando sim, recebem suplementação mineral de bovinos que não é adequada, pois os equinos tem grande exigência por cálcio. Nesse contexto, o problema se agrava. Outro ponto de importância é a questão de utilização de pastagens de Panicum maximum cv mombaça. Na região amazônica, estudos comprovam que equinos consumindo forragem nova, no início do período de brotação nas águas, sofreram de cólicas intestinais devido a maior concentração de carboidratos não fibrosos contidos nessa forrageira. Ainda não foram relatados problemas em outras regiões, mas como critério prático de manejo, é importante evitar que esses animais consumam a forragem nesse estágio de crescimento. De fato, diversos são os fatores que interferem na escolha e manejo de pastagens para equinos. As principais espécies utilizadas são: Cynodon sp. (Tifton 85, Coast Cross, Jiggs, etc), Panicum sp. (Aires, Aruana, Mombaça (atentando-se para o manejo da rebrota no início do período chuvoso, evitando utilizá-la na região amazônica) e Tanzânia) e Brachiaria humidicola, tal-

vez a mais utilizada, porém atentar para a suplementação mineral apropriada e buscar utilizá-la com animais adultos. Dentre outras espécies, por exemplo capim elefante. Escolher a espécie que atenda a necessidade desses importantes animais, corrigir o solo para que a espécie escolhida seja capaz de desenvolver seu potencial produtivo e assim nutrir os animais, utilizar suplementação apropriada e por fim manejar os animais de acordo com sua idade e estado fisiológico, são ferramentas que melhoram o desempenho animal de forma econômica para o criador. Bibliografia Consultada:

VICTOR, R. P., ASSEF, L. C., PAULINO, V. T. Forrageiras para equinos. In: http://www.iz.sp.gov.br/artigos.php?ano=2007. NUNES, S. G., SILVA, J. M., SCHENK, J. A. Problemas com Cavalos em Pastagens de Humidicola. Comunicado Técnico nº 37. Embrapa Gado de Corte, Campo Grande – MS, 1990. Disponível em http://www.cnpgc.embrapa. br/publicacoes/cot/COT37.html. ZANINE1, A.M.; SANTOS1, E.M.; FERREIRA2, D.J.; CECON3, P.R. Hábito de pastejo de equinos em pastagens tropicais de diferentes estruturas. Arq. ciên. vet. zool. UNIPAR, Umuarama, v. 9, n. 1, p.83-89, 2006. CERQUEIRA, V. D. Cólica em equídeos mantidos em diferentes cultivares de Panicum maximum no bioma amazônico. Tese de Doutorado. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – USP, 2010.

TABELA 1. Conteúdo de cálcio, fósforo, relação cálcio/fósforo, oxalato total e relação cálcio/oxalato na matéria seca das folhas de algumas gramíneas forrageiras consideradas potencialmente tóxicas para equinos.

Forrageiras

Nome comum

Ca %

P %

Ca/P

Oxalato total

Relação CA/ Oxalato

Setaria anceps3 cv. Kazungula

Setária

0,27

0,25

1,08

2,80

0,10

Brachiaria humidicola Panicum maximum

Humidícola

0,41

0,18

2,27

1,80

0,23

cv. Colonião

Colonião

0,30

0,14

2,14

2,21

0,13

Brachiaria sp. Digitaria decumbens

Tangola

0,34

0,13

2,61

1,55

0,22

cv. Transvala

Transvala

0,53

0,12

4,42

2,30

0,23

Brachiaria dictyoneura

Llanero

0,21

0,17

1,23

1,62

0,13

Pennisetum clandestinum

Quicuio

0,36

0,36

1,00

1,30

0,28

cv. Llanero

Fonte: Nunes et al. (1990)

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Solos: o verdadeiro patrimônio do produtor rural agrovisão

Alexandre Sylvio Vieira da Costa

Fonte Internet

Engenheiro Agrônomo; DSc. Em Produção Vegetal; Professor Titular/Solos e Meio Ambiente - Universidade Vale do Rio Doce asylvio@univale.br

Erosão Laminar severa

Água da chuva que se acumulou pela erosão laminar

O

solo é o principal patrimônio de uma propriedade rural. Para que a produção agropecuária ocorra de forma satisfatória, o produtor rural deve ter em mente que o solo é o suporte para crescimento de todas as plantas. O solo tem origem da degradação das rochas que sofrem a ação de diversos fatores ambientais como o sol, a chuva, o vento e os biológicos como os animais, vegetais e microrganismos. Todos estes fatores atuando em conjunto promovem reações químicas e físicas que irão degradar a rocha, formando o solo. Dependendo da região, o tempo médio para formação da camada de um centímetro de solo varia de 100 a 200 anos. Com a interferência do homem e a utilização de técnicas e manejo adequados, este tempo pode ser reduzido de forma significativa para apenas algumas décadas. Como podemos verificar, o homem pode ser considerado um dos principais agentes de formação dos solos. Mas, analisando por outro ponto de vista, ele também é o principal agente de sua degradação. A ampliação das fronteiras agrícolas nas áreas de mata nativa e a falta de manejo adequado durante a sua ocupação conduzem a quedas de produtividade das lavouras e das pastagens, por conta dos processos erosivos que se instalam. Uma chuva de alta intensidade e de curta duração, típica dos verões no Brasil, em poucos minu26

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Erosão em Sulcos

tos é capaz de arrastar para dentro dos rios e das partes mais baixas da propriedade toneladas de solos ricos em nutrientes, erodindo justamente a camada mais fértil. Com a erosão de um único centímetro, a propriedade estará perdendo cerca de 100 toneladas de solo por hectare, sem contar os nutrientes minerais e matéria orgânica. Um solo que possua 5% de matéria orgânica na camada superficial estará perdendo cerca de 5 toneladas desse precioso material, fundamental na melhoria da estrutura do solo e na sua fertilidade além de 100 quilos de nitrogênio, 60 quilos de fósforo, dentre outros.


A erosão é fácil de ser observada em alguns casos. Quando a água das chuvas se desloca por caminhos definidos, rapidamente formam-se pequenos sulcos de erosão ao longo de toda a área. Inicialmente, muitos desses sulcos são rasos e passíveis de correção. Caso o produtor não atente para esses sintomas e continue com suas práticas inadequadas de manejo do solo, muitos desses pequenos sulcos irão se transformar em grandes voçorocas, estruturas profundas e largas de recuperação, praticamente impossível a curto ou médio prazo, restando ao produtor adotar práticas de manejo para evitar que o problema se torne mais grave. Uma voçoroca de 10 metros de largura, 5,0 metros de profundidade e 50 metros de comprimento contabiliza para o produtor rural uma perda de aproximadamente 750 m³ de solo ou mais de mil toneladas e uma área da propriedade de 500 m². Outro tipo de erosão pouco percebida é a erosão laminar. Nessa modalidade de erosão a água se movimenta pela su-

perfície do solo de forma mais uniforme promovendo lentas reduções da sua superfície, sendo o solo erodido por camadas. No campo é facilmente observado com o surgimento de “peladeiros”, áreas onde as plantas não crescem ou crescem com dificuldade, indicando que a camada fértil e estruturada do solo foi perdida. Seja ele qual for os processos erosivos, são danosos ao solo e comprometem o desenvolvimento da atividade agropecuária. Uma pequena parte dos produtores rurais brasileiros trabalha o seu sistema produtivo e o solo considerando as práticas de conservação. Até mesmo os produtores que possuem propriedades rurais com terreno acidentado, áreas que necessitam de maior atenção, não se preocupam com a conservação dos seus solos, procurando ajuda profissional apenas quando a situação atinge nível crítico comprometendo o seu sistema produtivo. O solo é como o dente: tem que cuidar todo o dia.

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sustentabilidade

“Pulmão verde” do Leste mineiro fica em Aimorés Fazenda Bulcão, sede do Instituto Terra, tem mais de 1,7 milhão de mudas de árvores Cleuzany Lott

Foto: Arquivo Instituto Terra

Jornalista

Jovem que participou de um programa de Educação no Campo - Rio Grande do Sul

Instituto Terra visto do alto

Q

uando falamos em sustentabilidade é fácil a associação do termo ao meio ambiente. De conceito amplo, a palavra ganhou impulso na primeira conferência das Nações Unidas, em 1972, na cidade de Estocolmo, localizada na costa oriental da Suécia. Exemplos de sustentabilidade estão por toda parte. Um deles é o Instituto Terra, localizado na cidade de Aimorés, no Leste de Minas Gerais. Embora muitos desconheçam, o nosso “pulmão verde” está perto de concluir um projeto de recuperação de Mata Atlântica sem precedentes no Brasil em termos de área contínua. O processo teve início em dezembro de 1999, um ano após a fundação do órgão pelo casal Lélia Deluiz Wanick Salgado e Sebastião Salgado. 28

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Constituído por uma área de 709 hectares, sendo 661,69 hectares reconhecidos como Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Bulcão, é a primeira RPPN constituída em área degradada de Mata Atlântica. O trabalho realizado pelo Instituto Terra inspirou outras reservas particulares no estado a partir de 2004, contribuindo diretamente em algumas vertentes do desenvolvimento sustentável. O gerente ambiental Jaeder Lopes Vieira exemplifica a relação do instituto com a sustentabilidade usando a recuperação de nascentes. Na região o trabalho já soma a proteção para revitalização de mais de 350 nascentes de afluentes do rio Doce. Só na fazenda Bulcão, foram recuperadas oito nascentes que mesmo em períodos de seca apresentam vazões em torno de


Mudas para reflorestamento

20 litros por minuto. “Quando fazemos a recuperação de uma nascente, além de auxiliar na adequação ambiental da propriedade, garantimos água ao produtor, que por sua vez depende dela para obter produção agropecuária em suas terras. Daí, consequentemente estamos na vertente do desenvolvimento econômico”, enfatiza, complementando que a fixação do homem no campo melhora a renda do produtor, evitando o êxodo rural. “O produtor concilia sua experiência propondo uma mudança de comportamento em relação à propriedade rural, respeitando suas tradições culturais, completando a triada do Desenvolvimento Sustentável com o social”. Visando tornar-se referência nacional em restauração ecossistêmica de áreas degradadas de Mata Atlântica no Vale do Rio Doce, o instituto está empenhado na recuperação de cerca de 55 milhões de metros quadrados na mata na região do Vale do Rio Doce, alcançando municípios do Espírito Santo. A área foi priorizada por se tratar de uma das regiões do Brasil que vivencia as consequências do desmatamento e do uso desordenado dos recursos naturais como a seca, a erosão do solo e a falta de condições para o homem do campo viver e prosperar. Para assegurar a disseminação da filosofia dos trabalhos, o Instituto conta com vinte e dois associados, sendo dois associados vitalícios, oito fundadores e doze associados efetivos. As principais ações envolvem a restauração ecossistêmica, produção de mudas de Mata Atlântica, extensão ambiental e pesquisa científica aplicada. Graças às parcerias, já foram plantadas mais de 1,7 milhões de mudas de árvores na RPPN Fazenda Bulcão, originando uma floresta que abriga quase 300 espécies florestais arbóreas e arbustivas originárias de Mata Atlântica. O viveiro tem capacidade para fornecer um milhão de mudas por ano. A fauna é igualmente rica. São mais de 170 espécies de aves, seis ameaçadas de extinção, 33 espécies de mamíferos, sendo dois deles em processo de extinção, além de 15 espécies de anfíbios e 15 espécies de répteis. Questionado sobre a forma como esses animais são mantidos, Vieira revela que os estudos não recomendam a reintrodução de espécies. Segundo ele, os riscos envolvidos nesse processo são elevados, a exemplo da introdução de animais doentes, capacidade de suporte da floresta. “Nesse caso a

fauna retorna à medida que o reflorestamento cresce e torna possível a alimentação ao longo do ano”, detalha. Inteligência administrativa

A sede do Instituto Terra está abrigada na antiga fazenda Bulcão, em Aimorés. Sem fins lucrativos, o órgão foi fundado há 14 anos por Lélia e o Sebastião Salgado, renomado repórter fotográfico no mundo inteiro. O casal divide a residência entre Paris e Vitória, no Espírito Santo e é membro vitalício do Instituto. Lélia ocupa a presidência, tendo como vice, Sebastião Salgado. O gerente ambiental, Jaeder Vieira conta que o Conselho Diretor tem a função de ser o norteador das ações do Instituto, promover e apoiar os colaboradores executivos em suas diferentes áreas de atuação. “A presidente Lélia mantém um contato mais direto com a instituição, orientando e fiscalizando as ações de execução dos projetos. Sebastião Salgado, da mesma forma, porém com uma visão mais abrangente, no sentindo de ser também como um embaixador do Instituto Terra. Os dois formam, junto com os outros membros do Conselho, o número de inteligência administrativa”, finalizando a entrevista. Consciência ambiental

A perpetuação de uma atividade se consolida de geração em geração. Por meio de projetos desenvolvidos no instituto, diferentes públicos são conscientizados sobre as questões ambientais. Um deles contempla os jovens na faixa dos 12 aos 14 anos que se tornam monitores mirins. Atualmente 760 “terrinhas” propagam o novo modelo de sustentabilidade rural. Os adultos, por sua vez, aprendem a adotar práticas sustentáveis de uso do solo, por meio do curso técnico agroambiental. Desde a criação do Núcleo de Estudos em Restauração Ecossistêmica, em 2005, foram formados 69 técnicos. Mais de 80% deles atuam no mercado de trabalho na área. Mais informações sobre o Instituto Terra podem ser obtidas no site: www.institutoterra.org setembro 2012

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A arte da cura dos animais irracionais Kaytslaine Mattos

Jornalista

N

o dia 09 de setembro de 1933, o presidente Getúlio Vargas criou uma normatização para a atuação do médico veterinário e para o ensino dessa profissão através do Decreto nº 23.133. Em reconhecimento, a data passou a valer como o Dia do Veterinário, profissional este responsável pela prevenção, controle, erradicação e tratamento das doenças dos animais. Através do trabalho deste profissional é assegurada a qualidade, quantidade e a segurança dos estoques de alimentos de origem animal, através do controle da saúde dos animais e dos processos que visam obter seus produtos. Para celebrar a data, o perfil desta edição conta a história da profissional Waneska Alexandra Alves, 38 anos, que começou a atuar na área da medicina veterinária assim que se formou na Universidade Federal de Viçosa (UFV) em 1998, logo após, no ano de 1999, iniciou o mestrado em Epidemiologia e Saúde Pública pela mesma Universidade, onde pôde trabalhar em uma pesquisa que envolvia as áreas da assistência clínica veterinária e a epidemiologia sobre as leishmanioses (zoonoses que acometem o homem e animais domésticos como cães, gatos e equinos). Trabalhou como consultora técnica do Ministério da Saúde, em Brasília (DF) de 2001 a 2008, sendo: pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) de 2001 a 2003; pela Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura (UNESCO) de 2003 a 2008. Foi Consultora FETP - Supervivisory suporty - Outbreaks Consul pelo Centers For Desease Control end Prevention (CDC/Atlanta/USA) em 2007. Tudo começou como um sonho de infância que foi concretizado no ano de 1994 com a aprovação no vestibular. Waneska é casada e tem uma filha de 17 anos, há quatro anos reside em Maceió, trabalha como professora Titular II no Centro Universitário CESMAC e como professora Assistente II na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas em que ministra as disciplinas de Epidemiologia, Vigilância em Saúde, Saúde Coletiva e Bioestatística. Natural de Goiânia (GO), a veterinária também tem arrumado tempo para se dedicar ao doutorado em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde. Como médica veterinária teve uma oportunidade rara de atuar na área da saúde pública. Segundo ela foi uma experiência marcante. “Trabalhar nesse campo trouxe a setembro 2012

possibilidade de compartilhar experiências e conhecimentos transdisciplinarmente pertinentes para a Saúde Pública HuWaneska Alves mana e Veterinária, assim, foi possível ver que profissionais de saúde, incluindo o médico veterinário, podem trabalhar unidos para um SUS (Sistema Único de Saúde) mais justo, fortalecido e universal, sem deixar de respeitar o bem estar animal. Trabalhar no campo da saúde pública permite atuar na organização dos sistemas e serviços de saúde, em fatores condicionantes e determinantes do processo saúde-doença controlando a incidência e prevalência de doenças nas populações humana e animal através de ações de vigilância e intervenções públicas”, exclama. A veterinária acredita que a assistência clínica e cirúrgica a animais domésticos é o lado da profissão mais tradicionalmente conhecido. No entanto, com a globalização e as novas necessidades em saúde animal e humana demandadas ao final do século passado e novo milênio, colocam o veterinário em uma posição privilegiada nesse contexto, pois é o profissional que pode atuar amplamente em vários campos. “O Veterinário hoje pode atuar, especialmente, nas seguintes áreas além da clínica e cirurgia: Ecologia e meio ambiente; Higiene, inspeção e tecnologia em produtos de origem animal destinados à alimentação humana e animal; Indústria de ração, medicamentos e defensivos animais, cuidando do processo de fabricação e comercialização de soros, vacinas, carrapaticidas, rações, vitaminas e medicamentos; Prevenção e saúde pública com a finalidade de investigar e eliminar fontes de infecções (zoonoses) trabalhando conjuntamente com outros profissionais de saúde; Produção animal, administração e extensão rural trabalhando com zootecnista e engenheiros agrônomos; Biotecnologia, reprodução animal e fisiopatologia da reprodução”, relata. Além das diversas áreas que o profissional pode seguir, Waneska recomenda que para ser um bom profissional e ter destaque na profissão é preciso “ter ética, persistência, dedicação e constante aperfeiçoamento técnico (educação continuada), fundamentais para que o profissional esteja à frente das demandas especializadas que o mercado de trabalho oferece atualmente”.

Foto: Arquivo Pessoal

perfil profissional 30

Medicina Veterinária


meteorologia

Fenômeno El Niño volta a atuar

Prof. Ruibran dos Reis

Imagem ilustrativa

Prof. da PUC Minas Diretor Regional da Climatempo - Minas Gerais

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epois de um mês de agosto frio, com temperaturas ligeiramente abaixo da média e com até ocorrência de chuvas leves em alguns dias, o mês de setembro deverá ser mais seco. Os modelos de previsões climáticas mostram que o fenômeno El Niño está de volta, isto é, as temperaturas da água do mar na costa do Peru e do Equador começaram a esquentar. Em Minas Gerais o El Niño causa elevação da temperatura do ar e formação de pancadas de chuvas de final de tarde, temporais. O período chuvoso deve atrasar neste ano. As chuvas provenientes de frentes frias deverão chegar mais no final do mês de outubro, entretanto, no mês de setembro, segunda quinzena, há possibilidades de ocorrência de pancadas de chuvas isoladas no final da tarde, em toda região leste do estado. Portanto, cuidado os agricutores com as plantações no início do período chuvoso, pois a previsão é de ondas de calor e ausência de chuvas. Segundo os modelos de previsões climáticas, as chuvas mais significativas na região deverão ocorrer nos meses de janeiro e fevereiro de 2013, com possibilidades de ocorrência de enchentes no Rio Doce.

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Preço das carnes nos próximos anos mercado

Gustavo Aguiar

Zootecnista | Scot Consultoria

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Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, sigla em inglês), em parceria com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, sigla em inglês), divulgou seu relatório anual sobre as perspectivas para as principais commodities agrícolas na próxima década. Com base nesse relatório, fizemos um balanço dos principais pontos sobre o preço das carnes para o período. As expectativas são de que os preços das carnes se mantenham elevados na próxima década. Contribuem para isso os altos custos de produção, principalmente para a alimentação animal, além dos custos com transporte e refrigeração - sendo a logística ainda um grave problema. Também colaboram para os altos preços o crescimento das exigências quanto ao bem estar animal, sustentabilidade ambiental dos sistemas e a maior preocupação com a segurança alimentar. Na figura 1 estão as projeções de preço para as carnes bovina, suína e de frango. Figura 1. Preço das carnes* na próxima década, em US$/tec.

Neste gráfico fica clara como a diferença de preços entre a carne de frango e das demais deve aumentar, sendo este o motivo para as projeções do modelo da OECD/ FAO apontarem para o maior consumo desta proteína. De 2012 a 2021, as previsões são de que os preços das carnes suína, bovina e de frango terão aumentos de 21,6%, 10,0% e 4,8%, respectivamente. Considerações finais

Ressaltamos que um número considerável de fatores de ordem macroeconômica podem afetar essas projeções, ainda mais para o mercado da carne, bastante sensível às mudanças econômicas. A dinâmica entre os mercados, com as importações e exportações, também ajuda a regular os preços e é mais uma fonte de variação.

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Imagem Ilustrativa

Custos impactam na produção por Jéssyca Guerra

Zootecnista | Scot Consultoria

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ano começou com preços do leite ao produtor acima dos patamares verificados em 2011. E os custos, estavam menores, considerando o preço dos insumos que compõem o Índice Scot de Custo de Produção de Leite. Em janeiro deste ano o produtor recebeu 10,4% mais que em janeiro de 2011 e os custos de produção estavam 1,7% menores. Porém, de maio em diante, a situação mudou. Considerando o que o produtor recebeu em julho (produção de junho), os preços estão 2,0% menores que há um ano e os custos estão 0,4% maiores. Veja a figura 1. Figura 1. Variação anual do preço médio nacional do leite recebido pelos produtores e dos custos de produção.

Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

Mesmo assim, na média de janeiro a julho, os custos ficaram 0,9% maiores em relação a 2011 e os preços aos produtores 4,5% maiores, o que alivia, em certa medida, o cenário dos últimos meses. Uma opção para tentar reduzir os custos é planejar as compras de insumos antecipadamente, optar por substitutos que estejam com preços mais acessíveis e saber quais os produtos com maior disponibilidade na região.

Expectativas de mercado

Por fim, quanto aos preços do leite, o que poderia colaborar no curto prazo seria um aumento da demanda ou uma diminuição na importação de lácteos. Difícil acontecer. A demanda não está reagindo a ponto de mudar este cenário. A balança comercial de janeiro a julho está negativa em US$ 298,7 milhões, contra US$ 262,2 milhões no mesmo período do ano passado. Para o pagamento de agosto, espera-se uma ligeira redução nos preços aos produtores na média nacional. Dentre os pesquisados pela Scot Consultoria apenas 10,0% falam em queda em Minas Gerais, 13,0% em São Paulo e 17,0% em Goiás. Na média nacional a queda está sendo puxada pelo Sul do país, onde a produção está em ascensão. Imagem Ilustrativa

COTAÇÕES EM BAIXA E EXPECTATIVA PARA PRÓXIMA SAFRA Waldir Francese Filho

Superintendente Comercial Coocafé

A

safra 2012/13 entra na reta final em todas as regiões produtoras no Brasil. A entrada dos cafés do Sul de Minas esfria as cotações no mercado interno e vários custeios vencem neste momento, a estocagem é uma alternativa para preços melhores. Nas últimas semanas de julho e meados de agosto as chuvas deram uma trégua nas regiões cafeeiras em todo o país permitindo concluir os trabalhos com colheita. Nas Matas de Minas somente cafés de varrição estão para serem retirados das lavouras. Este ano a colheita foi marcada por pouco café em nossas lavouras, com qualidade inferior aos últimos anos devido a várias chuvas que aconteceram no início da derriça. No Sul de Minas os armazéns das cooperativas estão recebendo muito café diariamente o que levou o mercado interno a esfriar as cotações. As previsões da Conab deverão ser confirmadas em relação à safra brasileira com produção próxima aos 50 milhões de sacas. Neste momento de muita oferta o mercado interno bastante abastecido leva as cotações para

baixo. O governo deve liberar recursos do Funcafé para a estocagem de 4 milhões de sacas de café, faltando somente ser aprovado no Conselho Monetário Nacional que reuniu no dia 30 de agosto (até o fechamento desta edição não havia sido aprovado). A estocagem permite que os produtores possam honrar seus compromissos de custeio e possivelmente esperar para comercializar a safra com cotações mais interessantes. Neste momento de término da colheita e pré-florada nas lavouras são fundamentais para o próximo ciclo os planejamentos de poda e renovação, nutricionais e fitossanitários. Os produtores devem procurar à cooperativa ou seus consultores para reiniciar os trabalhos culturais.

Cotações 03/09/2012 - Coocafé Arábica

Bebida Dura Tipo 6 | R$ 365,00 Rio Tipo 7 | R$ 310,00 Cereja Descascado Finosetembro | R$ 390,00 2012

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cotações

Boi Gordo

(R$/@)

mercado futuro (BM&FBovespa)

Indicadores Eslaq / BM&F Bovespa boi Gordo

vencimento

Ajuste (R$/@)

Var. (R$)

Set/12

98,64

0,06

data

à vista

A prazo

Out/12

102,69

0,09

29/08

R$ 94,33

R$ 93,27

Nov/12

103,76

0,24

30/08

R$ 92,77

R$ 92,51

31/08

R$ 94,33

R$ 93,27

Fonte: BeefPoint

preços do leite

(R$/L)

cotações do leite cru preços pagos ao produtor

34

RS

SP

PR

0,8220

0,8083

0,8733

0,8385

0,8396

0,7408

0,8269

Fev / 12

0,8388

0,8286

0,8681

0,8355

0,8480

0,7353

0,8338

Mar/12

0,8640

0,8427

0,8742

0,8304

0,8880

0,7624

0,8206

Abr/12

0,8828

0,8502

0,8874

0,8338

0,9122

0,7760

0,8218

Mai/12

0,8916

0,8519

0,8956

0,8347

0,9169

0,8475

0,8191

Jun/12

0,8679

0,8333

0,8738

0,8247

0,8723

0,8573

0,8028

Jul/12

0,8606

0,8190

0,8702

0,8331

0,8570

0,8627

0,7917

Ago/12

0,8719

0,8099

0,8884

0,8373

0,8628

0,8596

0,8137

R$/litro

MG

Jan /12

GO

SC

BA

Fonte: Cepea - Esalq/USP

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Fonte: BeefPoint


mão na massa

Sistema de irrigação por gotejamento com garrafa PET Retirado do Site www.vidasustentavel.net

U

ma boa ideia de reciclagem de garrafas pet é utilizá-las em um sistema de irrigação diferente e fácil. Nesse processo você irá precisar apenas das garrafas pet. O sistema de irrigação é simples onde tudo que você tem a fazer são dois furos no fundo e dois furos na lateral da garrafa e enterrá-las no solo, próximo a suas plantas. Encha as garrafas com água. As plantas na área em torno vão receber água lenta e continuamente durante até uma semana. Os materiais para a construção do Sistema de Irrigação são:

Garrafas de plástico PET 2 litros com tampas, água e chave de fenda pequena afiada.

Utilize sempre as garrafas tampadas para evitar a proliferação da dengue

Modo de fazer:

Fotos Divulgação

• Usando um canivete ou chave de fenda pequena, faça 2 pequenos furos no fundo da garrafa. • Faça furos pequenos no meio da garrafa. • Faça um ou no máximo dois furos na tampa da garrafa, pequenos, se possível do diâmetro de uma agulha de costura. • Em seguida, encha sua garrafa com água e deixe gotejar para testá-la. Tem que pingar lentamente. • Cave um buraco ao lado de sua planta, cuidado para não danificar as raízes. • Coloque a garrafa no buraco um pouco acima do meio. • Encher a garrafa com água. • Se preferir adicione fertilizante líquido.

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emater

Silagem de cana-de-açúcar com inoculante José Rogério da Silva

Técnico Agropecuária- Extensionista Agropecuário I Escritório local de São Félix de Minas – EMATER-MG

Fotos Divulgação

do desenvolvimento de leveduras. Destaca também a perda de componentes nutritivos após a abertura dos silos, que também é um fator determinante do valor nutritivo das silagens. A exposição da silagem ao oxigênio no painel do silo, após a abertura e no cocho é inevitável, permitindo o crescimento de microrganismos aeróbios que causam a deterioração da forragem, deve ser avaliado também o efeito de aditivos em relação à estabilidade no período pós-abertura. A busca por novas opções de aditivos para a ensilagem da cana-de-açúcar deve ser uma constante, sobretudo, entre os aditivos químicos e microbianos. O custo é um dos principais atrativos da silagem de cana em termos de matéria seca. Além disso, estrategicamente, permite racionalizar a mão de obra na pequena e grande propriedade e manejar melhor grandes plantéis. Os benefícios de custos se estendem também ao canavial, que fica mais bem aproveitado, com o corte no momento de melhor qualidade nutricional da planta, adubação e aplicação no momento correto, conseguindo-se até cortes a mais no ciclo do canavial. O uso de inoculante específico para ensilagens de cana limita a produção de álcool e diminui as perdas de matéria seca, propiciando maior ingestão e melhor digestibilidade, com consequente melhoria dos resultados zootécnicos. Em termos de custos, ficou assim na propriedade Fazenda Boas Mangas:

S

e a cana-de-açúcar fresca, picada, com ureia já é considerada uma boa alternativa de volumoso para rebanhos leiteiros na seca, com sua ensilagem, o produtor passa a contar com esse alimento durante o ano todo. Para isso, tem a disposição variedades produtivas e adequadas para a alimentação animal. A modernização administrativa das fazendas e a gestão baseada no retorno econômico da atividade têm observado na cana-de-açúcar a possibilidade de ganhos em escala e aumento na lucratividade por área destinada à produção animal. Nesse sentido, a EMATER-MG ESLOC São Félix de Minas se dedicou ao acompanhamento e implantação através do programa do MINAS LEITE na propriedade Fazenda Boas Mangas, do Produtor Paulo Henrique no Córrego Alto de Mantena, em São Félix de Minas-MG de experimentos com silagem de cana-de-açúcar, com aditivos químicos que eleTotal de Silagem: 20,68 Toneladas; vem a palatabilidade do alimento e inibam as fermentações Custo da Lona Plástica Dupla Face: R$ 100,00; alcoólicas, que provoca perdas de matéria seca, efluentes e Custo Serviço Homem: R$ 390,00; no seu valor nutritivo. O objetivo é alterar a principal rota Custo Serviço Trator: R$ 420,00; fermentativa verificada nas silagens, por meio da inibição da Custo Aditivo (Silocana): R$ 60,00; população de leveduras e do bloqueio da via fermentativa de VALOR TOTAL DA SILAGEM: R$ 970,00; produção de alcoóis. VALOR /TONELADA DE SILAGEM: R$ 46,90; Chamamos a atenção para a escolha do aditivo, que deve ser VALOR / KG DE SILAGEM: R$ 0,047. baseada em critérios que considerem aspectos como recuperação de matéria seca na ensilagem, estabilidade em aerobiose é o difeObs: não foi considerado acima o custo da cana usarencial em desempenho de animais consumindo tal alimento. A da na ensilagem. justificativa para a adoção de um aditivo deverá considerar, além de resultados técnicos satisfatórios, seu custo em contraste com o benefício proporcionado. Foi usado na demostração técnica o inoculante biológico Propionibacterium acidipropionicci. Pelas pesquisas os inoculantes biológicos tem registrado reduções significativas na produção de etanol e nas perdas por gases e de matéria seca, uma vez que o ácido acético produzido em grande quantidade por essa bactéria é um eficiente inibidor 36

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Marcelo de Aquino Brito Lima

Fiscal Estadual Agropecuário – IMA Coordenadoria Regional de Gov. Valadares

Fotos: Ana R. P. Nascimento e Mirtes Freitas Lima

ima

Cancro Bacteriano da Videira

O

Cancro Bacteriano da Videira é causado pela bactéria Xanthomonas campestris PV. viticola. A disseminação ocorre por meio de material propagativo infectado, frutos, equipamentos de colheita, ventos e chuvas. No Brasil, até o momento, a única planta hospedeira é a videira. Temperaturas elevadas, alta umidade e presença de ferimentos nas plantas favorecem o desenvolvimento da praga.

Os frutos ficam desuniformes em tamanho, cor e amadurecimento, podendo apresentar lesões necróticas. Controle:

Uso de material propagativo sadio, realizar inspeções periódicas no parreiral para detectar possíveis sintomas do cancro. Em caso de suspeita de ocorrência da praga, comunicar imediatamente ao escritório do IMA mais próximo à propriedade rural. O Cancro Bacteriano da Videira ataca ramos, Sintomas: Nas folhas surgem pontos necróticos, com ou folhas e frutos. Causa queda na produção de uva sem halos amarelados e sob condições favorá- e grandes prejuízos para o produtor rural. veis ocorre à junção das lesões (coalescência), Em Minas Gerais, as mudas e os frutos de causando necrose de extensa área foliar. Nos pecíolos ocorre necrose que se estende videira devem transitar com a Permissão de ao longo das nervuras foliares, nos ramos e rá- Trânsito Vegetal (PTV) e são fiscalizadas pelo quis dos frutos (cachos) formam-se manchas es- Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) de curas que evoluem para fissuras longitudinais de acordo com as legislações federal e estadual. coloração negra, conhecidas como cancro. setembro 2012

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Adab

Detecção e levantamento do cancro bacteriano da videira (Xanthomonas Campestri pv. Viticola) região de Juazeiro, Bahia Raimundo de Souza Nogueira

Foto Divulgação

Técnico em Fiscalização - ADAB

georreferenciada das propriedades, cultivares/parcelas amostradas, data da última poda, fase fenológica e medidas de manejo adotadas. Por ocasião do levantamento os produtores foram orientados em relação ao manejo correto da doença. Área inspecionada no Vale do Submédio São Francisco, para atualização de cadastro do produtor de uva junto a ADAB, Perímetro irrigado do Projeto Curaçá, Juazeiro – BA, 2010

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados laboratoriais informaram que 29% das amostras foram positivas para a presença da bactéria. Das 10 variedades inspecionadas seis não apresentavam introdução cancro bacteriano. Quando comparado ao ano de 2009, Atualmente, um dos problemas que mais ameaçam a esta- percebeu-se que em 2010 houve uma queda acentuada da bilidade fitossanitária do Submédio São Francisco é o cancro presença da bactéria nos principais parreirais da região, bacteriano da videira (Xanthomonas campestris pv. viticola). fato justificado pelas condições climáticas. Além de pôr em risco a competitividade da região em termos de produtividade, esta doença impede o trânsito de material CONCLUSÕES vegetal de áreas infectadas para áreas livres, já que a bactéria Em 2010, a incidência de cancro bacteriano da videira causadora da doença é uma praga quarentenária presente (A2), (X. campestris pv. viticola) foi de 29% na região do submésujeita a controle oficial, conforme preconiza a IN 9 de 20 de dio do Vale do São Francisco, no estado da Bahia. abril de 2006 (BRASIL, MINISTÉRIO DA AGRICULTUDe 10 variedades avaliadas para incidência de cancro RA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, MAPA, 2008). bacteriano da videira (X. campestris pv. viticola) no ano de Atualmente, essa bactéria é classificada como Praga Quaren- 2010, quatro tiveram resultado de análise positiva para a bactenária Presente nos Estados de Pernambuco, Bahia e Ceará. téria: Red Globe, Itália, Féstival e Thompson foram consideradas suscetíveis e apresentaram sintomas da doença. objetivo

O presente trabalho teve como objetivo elucidar aspecREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, J.S.P. Perfil epidemiológico e subsídios para o controle de tos epidemiológicos do cancro bacteriano da videira (Xancampestris pv. viticola (Nayudu) Dye, agente do cancro bacthomonas campestris pv. vitícola) no Vale do Submédio São Xanthomonas teriano da videira (Vitis vinifera) no Brasil. 2001. 121f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Francisco no estado da Bahia.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Lista de pragas quarentenárias A1, A2 e não quarentenárias regulamentadas. Instrução Normaterial e métodos mativa SAD no. 38, de 14 de outubro de 1999. Disponível em:< http://www.seab. Área do levantamento: os parreirais de videira cultivados pr.gov.br/arquivos/File/PDF/in_38_99.pdf> Acesso em: 18 de maio de 2011. COMISSÃO TÉCNICA PARA A CULTURA DA UVA. Recomenem propriedades localizadas nos Municípios de Juazeiro, dações técnicas visando minimizar os efeitos maléficos das doenças da viCasa Nova, Curaçá, Sobradinho e Sento Sé, no estado da deira. Petrolina: Embrapa Semi-Árido; VALEXPORT, 1999. 2 p. PEIXOTO, A.R.; MARIANO, R.L.R.; MOREIRA, J.O.T.; VIANA, Bahia. Foram submetidos ao levantamento do cancro bac- I.O. Hospedeiros alternativos de Xanthomonas campestris pv. viticola. Fitoteriano, mediante formulário no qual constaram: localização patologia Brasileira v. 32, p.161-164, 2007.

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A 36ª Exposição Estadual Agropecuária - GranExpoES 2012, realizada entre os dias 8 e 12 de agosto, superou a expectativa dos organizadores. Com programação abrangente, envolvendo públicos de diferentes segmentos e idades, o evento consolidou sua representatividade tanto em nível local quanto nacional. Mais de 400 expositores participaram da GranExpoES, entre representantes das cadeias produtivas do Espírito Santo e estados visitantes, dentre eles, Minas Gerais – o grande homenageado dessa edição. A equipe da Revista Agrominas também marcou presença no evento com stand expondo os últimos trabalhos. Durante cinco dias, a feira movimentou o Espírito Santo, recebeu 110 mil pessoas e somou mais de R$ 45 milhões em negócios.

Entre os destaques desse ano, a GranExpoES apresentou as feiras Náutica e de Equipamentos, Feira dos Municípios, exposições de Flores e de Aquários, pavilhões de animais e leilões (ovinos, bovinos e equinos), Fórum de Ciência e Desenvolvimento Rural Sustentável, Festival de Cultura Capixaba e mais um mundo de atrações e oportunidades. A programação gora ASCOM GranEspoES) de 2012 também trouxe novidades,

EMATER-MG realiza capacitação para técnicos do Programa Minas Leite A EMATER-MG através de seu Departamento Técnico (DETEC) promoveu nos dias 20 a 24 de agosto, no Parque de Exposições de Governador Valadares uma capacitação para 32 extensionistas (locais e coordenadores técnicos regionais) em tecnologias de Pecuária de Leite. Entre os instrutores estavam presentes Coordenadores Técnicos da Empresa, consultor da Secretaria de Estado da Agricultura Pecuária e Abastecimento (SEAPA-MG) e de profissionais da iniciativa privada. Essa capacitação foi realizada com o objetivo de suprir a necessidade diagnosticada pelos coordenadores técnicos regionais de Governador Valadares, Ipatinga e Guanhães que, a partir daí, elaboraram uma programação específica para a Região Leste de MG. Foram 32 horas dedicadas a Gestão de Propriedades, análises de índices zootécnicos, interpretação e recomendação de correções de solo e adubações, manejo de pastagem, higiene de ordenha, integração lavoura pecuária (iLP) e integração lavoura pecuária floresta (iLPF). A grande vantagem da técnica de iLP é permitir a recuperação de pastagens degradadas com menor custo quando comparado com o sistema tradicional. A iLPF ainda acrescenta a unidade produtiva, uma nova fonte de renda. (Fonte: Ronald

Hott / EMATER MG) 40

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entre elas: o Espaço de Tecnologias Alternativas, o Pouso do Avião, o Pouso do Tropeiro e o espaço da ovinocaprinocultura, que ganhou destaque nessa edição devido à realização da 6ª Exposição Nacional do Dorper. “Mais uma vez, o Espírito Santo realizou uma das maiores feiras agropecuárias do Brasil. Graças a todo trabalho realizado, alcançamos um elevado grau de satisfação entre os visitantes, e também entre os expositores”, ressaltou Zezinho Boechat, coordenador geral da GranExpoES 2012. “Com a mesma dedicação, em breve iniciaremos os preparativos da próxima edição, que já tem data marcada: de 7 a 11 de agosto de 2013”, finaliza. (Fonte: Camila FreFoto: Michele Torezan

aconteceu

GranExpoES 2012 supera expectativas

Minas prepara técnicos para reforçar controle do uso de agrotóxicos A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) realizou nos dias 13 e 14 de agosto, em Belo Horizonte, o Seminário Temático sobre o Uso de Agrotóxicos no Estado de Minas Gerais. O evento, promovido em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo, teve por objetivo preparar os profissionais para participarem das ações de mitigação do uso de agrotóxico que serão realizadas em Minas Gerais sob a coordenação da Subscretaria do Agronegócio/Seapa. Participaram do encontro representantes de instituições público-privadas do Estado, sobretudo dos setores de pesquisas e universidades que vão levar as orientações aos produtores, conforme um acordo de Cooperação Técnica firmado pela Seapa e suas vinculadas – Emater-MG, Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) – e a Embrapa. (Fonte:

ASCOM SEAPA)

Expoagro Bahia movimenta R$ 40 milhões A Expoagro Bahia 2012 realizada no período de 04 a 12 de agosto, em Salvador, movimentou cerca R$ 40 milhões em negócios, por meio da venda de máquinas, implementos agrícolas e animais. Foram ao todo seis mil animais expostos entre equinos, bovinos, caprinos e ovinos. Organizada pelas principais associações de criadores do Estado, a exposição é considerada uma das mais importantes do calendário agropecuário brasileiro. Mesmo com os transtornos provocados pelo longo período de estiagem a Expoagro Bahia 2012, trouxe o mesmo número de animais da edição passada com a participação de criadores de outros estados, a exemplo de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Com uma programação diversificada, incluindo leilões, julgamento de animais, concurso leiteiro, provas equestres, culinária regional e atividades infantis, como passeios de pôneis e charretes, cerca de 60 mil pessoas prestigiaram o evento. (Fonte: ASCOM SEAGRI)


Adab comemora Dia Nacional do Campo Limpo em todo o Estado O mês de agosto ficou marcado pelas atividades relacionadas ao recolhimento de embalagens vazias de agrotóxicos em todo o país. Preocupada com a questão ambiental, a Secretaria da Agricultura (Seagri), através da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) realizou diversos eventos dentro do Projeto Campo Limpo, com o objetivo de levar às comunidades uma reflexão sobre a preservação do meio ambiente. Na primeira semana de ação, a coleta itinerante realizada pela Coordenadoria Regional da Adab, em Teixeira de Freitas, recolheu 38.439 embalagens vazias de agrotóxicos. Os 71 agricultores que aderiram à campanha receberam o certificado de participação “Destaque Campo Limpo 2012”. A Bahia é um dos 21 estados que participa das comemorações, promovendo palestras, visita às centrais de recebimento e apresentações culturais e educativas.

O Dia Nacional do Campo Limpo foi instituído pela Lei nº. 9.974/00, que disciplina a destinação final das embalagens vazias de produtos fitossanitários e distribui responsabilidades para o agricultor, revendedor, fabricante e poder público. “Essas ações reforçam o comprometimento de estudantes com a educação ambiental das futuras gerações e dos agricultores com preservação do meio ambiente por um campo mais limpo”, diz o diretor de Defesa Vegetal da Adab, Armando Sá. A campanha é realizada anualmente pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos (Inpev) e tem a finalidade de eliminar o lixo tóxico produzido pelas embalagens vazias no campo, dando uma destinação adequada ao material através da reciclagem.

(Fonte: Ascom Adab)

Laboratório de Anemia Infecciosa Equina é aberto em Governador Valadares

Dia de Campo Coocafé leva conhecimento prático para os cooperados

Com o objetivo de facilitar e identificar com mais rapidez a Anemia Infecciosa Equina, foi aberto no Parque de Exposições em Governador Valadares no mês de agosto, um laboratório especializado no serviço credenciado pelo Ministério da Agricultura com médicos veterinários devidamente capacitados na coleta e análise de material. Para se fazer um exame de anemia infecciosa é preciso fazer a coleta de sangue do animal e a resenha, que neste caso deve ser colhida pelo veterinário, como explica a veterinária Ana Cristina Paes Franco, uma das responsáveis pelo laboratório, “o criador que tiver seu veterinário pode pedir para que ele faça a coleta do sangue sem o anticoagulante e que faça a resenha também e envie ao laboratório, caso não tenha o veterinário que faça o acompanhamento é só fazer o agendamento da coletagem com os veterinários do laboratório”, conclui ela. Uma das propostas do laboratório é trazer para a região o exame que detecta a doença de mormo para isso, os veterinários já estão recebendo treinamentos específicos para o tratamento da doença. O laboratório está aberto de segunda a sextas-feiras de 8h às 18h. Para mais informações entre em contato no telefone (33) 8859-3992.

Disseminar o conhecimento entre seus associados, tornar suas práticas mais eficientes e sustentáveis, e aumentar a produtividade e a rentabilidade através da apresentação de soluções integradas para os produtores rurais. Com estes objetivos, a Coocafé promoveu o “Dia de Campo Coocafé”. Entre os dias 2 e 10 de agosto, os produtores das cidades onde a Coocafé possui unidades comerciais, puderam participar do Dia de Campo, com duração de um dia em cada município. A grande novidade do evento neste ano foi à divisão de estações, definidas como Administrativa, Socioambiental, Qualidade do café, além da apresentação das práticas agrícolas e orientações técnicas, que levaram ao produtor o planejamento para todo o processo produtivo do café. Os seis eventos contaram, ao todo, com a presença de mais de 500 participantes, que puderam aprender um pouco mais sobre as diversas áreas que compõe o seu negócio. (Fonte: Comunicação Coocafé)

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Bobó de camarão com abóbora Receita de Eduardo Lage

culinária

Imagem Ilustrativa

Retirado do G1

Ingredientes - Cebola - Alho - Azeite - 400 gramas de camarão descascado - 400 gramas de abóbora cortada em cubinhos - 2 colheres de creme de leite - 2 colheres de tomate fresco cortados em cubinhos - Coentro - Sal e pimenta a gosto

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Modo de preparação

Refogue a cebola e o alho no azeite extra virgem, acrescente a abóbora e dois dedos de água para cozinhar devagar. Quando a abóbora estiver bem macia, amasse grosseiramente, deixando alguns pedacinhos. Acrescente o creme de leite e deixe encorpar um pouco. A textura deve ser cremosa. Adicione o camarão e cozinhe por aproximadamente três minutos até ele ficar com aparência rosada. Junte o tomate, o coentro fresco, sal e pimenta a gosto.

Dica:

A sugestão é servir dentro de uma miniabóbora cozida previamente.

Envie a sua receita para a Revista Agrominas jornalismo@revistaagrominas.com.br


Classificados

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