21ª Edição Junho 2012

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N° 21 . Junho 2012

ISSN 2179-6653

Confinamento de animais Uma expectativa de 13% de crescimento no setor em 2012. Estima-se que neste ano 3,233 milhões de cabeças de gado sejam confinadas, frente aos 2,861 milhões do ano passado.


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m meio a votações, o mês de maio foi bastante movimentado. Desde a aprovação do Código Florestal com seus 12 vetos e regras que não satisfizeram totalmente nem ambientalistas e nem ruralistas, até outro assunto que pairou sobre o produtor rural. A aprovação da PEC 438/2001 relacionada ao Trabalho escravo, no dia 22 último, penaliza fortemente os donos de terras. Com 360 votos a favor, 29 contra e 25 abstenções, a proposta foi aprovada pela Câmara dos Deputados e volta para o Senado, de onde teve origem, para a análise. O projeto aprovado aponta que sejam expropriadas as terras de quem for pego mantendo seus trabalhadores em condições de escravidão. As mesmas serão destinadas à reforma agrária e a programas habitacionais. A PEC do trabalho escravo é de extrema importância para que o trabalhador rural seja resguardado, porém é preciso ficar atento que não é só no campo que atitudes como essas são realizadas. Esperamos que o assunto seja tratado em todos os vieses, para que a zona urbana não fique de fora e também seja penalizada com igual rigor. Já nesta edição confira uma reportagem sobre o confinamento de gado, as exigências e panorama para esse mercado no Brasil. Em Grandes Criatórios, a Fazenda União é alvo de nossa visita. Ela abre suas porteiras, para conhecermos sua história e as práticas de manejo da cria de Nelore PO voltado para a pecuária de corte. Aproveitando o período de seca, leia no Caderno Técnico um artigo sobre Suplementação para a época. Uma fruta nada típica no Leste de Minas é usada para o aproveitamento de área: o cupuaçu é a alternativa encontrada por um produtor. Acompanhe na seção Dia de Campo. Aproveitando que o cavalo está arreado, trazemos uma receita sobre o Cupuaçu: Taça da felicidade de cupuaçu. Boa leitura e bom apetite!

índice

editorial

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Cleuzany Lott

Editora-Chefe

4 Giro no Campo 6 Entrevista 10 Entidade de Classe 12 Grandes Criatórios 15 Dia de Campo 18 Saúde Animal 20 Caderno Técnico 23 Forragicultura 26 Agrovisão 28 Sustentabilidade 30 Perfil Profissional 31 Meteorologia 32 Mercado 34 Cotações 36 Mão na Massa 37 Emater | IMA | IDAF 40 Aconteceu 42 Culinária

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A presidente Dilma Rousseff vetou parcialmente o novo Código Florestal (PL 1876/99) aprovado pela Câmara dos Deputados e determinou 32 mudanças em trechos que, em linhas gerais, buscam anular a anistia a desmatadores, beneficiar o pequeno produtor e favorecer a preservação ambiental. Os vetos ainda serão analisados pelo Congresso, que pode derrubá-los. Entre as alterações, 14 recuperam o texto do Senado, cinco são dispositivos novos e 13 são ajustes ou adequações de conteúdo, conforme informou o chefe da Advocacia-Geral da União, ministro Luis Inácio Adams. O prazo para sanção presidencial do texto, que trata da preservação ambiental em propriedades rurais, vencia na sexta 25/05. Para suprir os vácuos jurídicos deixados com os vetos, o governo publicou uma medida provisória na segunda-feira (28) no Diário Oficial da União juntamente com o Código Florestal.

Uma das principais mudanças do governo no novo Código Florestal foi a ampliação da faixa que deverá ser reflorestada nas margens de rios em áreas de proteção ambiental (APPs). Os produtores rurais terão que recompor entre 5 e 100 metros de vegetação nativa das APPs nas margens dos rios, dependendo do tamanho da propriedade e da largura dos rios que cortam os imóveis rurais. As novas regras vão substituir o Artigo 61 do código aprovado pela Câmara dos Deputados no fim de abril. O texto só exigia a recuperação da vegetação de APPs ao longo de rios com, no máximo, 10 metros de largura. Ele não previa nenhuma obrigatoriedade de recuperação dessas áreas nas margens dos rios mais largos. (Fonte: Agência Câmara de Notícias) Imagem Ilustrativa

Giro no Campo 4

Dilma veta 12 artigos no Código Florestal e faz 32 alterações por MP

Exportações brasileiras de couros e peles em 2012

Mapa assina termo de incentivo a boas práticas agropecuárias

As exportações brasileiras de couros e peles alcançaram o valor de US$ 639,6 milhões no primeiro quadrimestre deste ano, o que representou uma queda de 6% em relação ao mesmo período do ano passado. Em peso foram exportadas 123 mil toneladas, representando, também, uma queda de 6%. Os dados foram informados pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), tendo como referência o boletim semanal fornecido pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As exportações do setor representaram 18,9% do saldo da balança comercial brasileira no ano de 2012. Os principais destinos dos produtos brasileiros no início do ano foram China + Hong-Kong, Itália e Estados Unidos, que representaram, aproximadamente, 66% do valor das mercadorias embarcadas. Os estados do Rio Grande do Sul e São Paulo são os principais estados exportadores de couros com 40% de participação. Segundo dados preliminares divulgados pela SECEX, o setor de couros e peles exportou no mês de abril de 2012, um total de, aproximadamente, US$ 175,3 milhões e 32,5 milhões de quilos. No acumulado de janeiro e abril alcançou-se, aproximadamente, o valor de US$ 639,6 milhões. A média mensal das exportações de couros em 2012 alcançou, aproximadamente, US$ 160 milhões. (Fonte: CICB)

Para contribuir na redução de emissões de gases de efeito estufa, foi assinado no dia 2 de maio, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), um protocolo de intenções para recuperação de pastagens degradadas. O documento de cooperação, com validade de 10 anos, foi firmado entre o Mapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Grupo de Trabalho de Pecuária Sustentável (GTPS), formado por representantes de diferentes segmentos que integram a cadeia de valor da pecuária bovina no Brasil. A meta, inserida no Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), é recuperar 15 milhões de hectares até 2020. A próxima etapa será a elaboração de um plano de trabalho com o objetivo de difundir os benefícios da adoção de técnicas agrícolas sustentáveis. Entre as práticas incentivadas, está a integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF), que alterna pastagem com agricultura e floresta numa mesma área. Segundo o secretário executivo do Mapa, José Carlos Vaz, o ministério, a Embrapa e o GTPS também vão promover cursos de formação e capacitação técnica, além de atuarem conjuntamente na obtenção de recursos para a execução das ações propostas. Também serão desenvolvidas atividades e estudos comprovando os benefícios econômicos, sociais e ambientais a partir das boas práticas agropecuárias. (Fonte: ASCOM MAPA)

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CNA prevê aumento de 5,3% do agronegócio

Produtividade agrícola brasileira cresce mais que a mundial

Ampliação do crédito rural, incentivo à exportação e à pesquisa são apontados como fatores que impactaram positivamente o crescimento da agricultura brasileira nos últimos 30 anos, especialmente com o aumento da produtividade. Enquanto no Brasil a produtividade da agricultura cresce a taxa média de 3,56% ao ano, no mundo, essa taxa decresce. É o que aponta estudo realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O trabalho estima os índices de produtividade total dos fatores (PTF) para a agropecuária brasileira para o período entre 1975-2011 e discute seu desempenho comparado com indicadores do mesmo gênero estimados para as principais agropecuárias mundiais, demonstrando posição de destaque do Brasil nesse contexto. Também são analisados os efeitos das políticas sobre a produtividade no Brasil, com destaque para as exportações, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e a evolução do crédito rural. Segundo o coordenador da Assessoria de Gestão Estratégica do ministério, José Garcia Gasques, o efeito mais forte sobre a produtividade está relacionado aos gastos com pesquisa. Um aumento de 1% nesses gastos resulta em acréscimo de 0,35% sobre a produtividade. Na sequência, vem o aumento dos desembolsos por conta do crédito rural a produtores, cooperativas e agricultura familiar de 0,25%. Já os resultados para as exportações da agricultura mostram um aumento de 1% das exportações do agronegócio em decorrência do aumento de 0,14% da produtividade. (Fonte: ASCOM MAPA)

Já o valor da produção da agricultura deve crescer apenas 1,5% neste ano, para R$ 205,42 bilhões. Em 2011, a renda da agricultura ficou em R$ 202,41 bilhões. Os técnicos da CNA atribuem o baixo crescimento às perdas de safra provocadas pela estiagem e às dificuldades de recuperação da economia mundial, que desaquece o mercado de commodities e pressiona os preços dos produtos agrícolas. A CNA divulgou a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, com recuo de 0,1% sobre o do ano passado. (Fonte: DCI em Canal do Produtor)

Grãos: Minas deve colher 1,1 milhão de toneladas a mais Os produtores mineiros deverão colher 1,1 milhão de toneladas de grãos a mais na safra 2011/2012, em relação ao volume registrado no período anterior. Com base em levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado no dia 10 de maio, está prevista para o Estado a produção de 11,8 milhões de toneladas, o que confirma um novo recorde, segundo avaliação da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Os números anunciados indicam que a safra de grãos de Minas deve crescer 10,7%, enquanto a produção estimada para o Brasil (160 milhões de toneladas) mostra uma retração de 1,7%, diz o superintendente de Política e Economia Agrícola da Seapa, João Ricardo Albanez. A produção estimada de milho em Minas, nesta safra, é de 7,5 milhões de toneladas, um aumento de 15,4% na comparação com o período anterior. No caso da soja, embora a área plantada (cerca de 1 milhão de hectares) tenha apresentado redução de 1,8%, a produção deve aumentar como consequência dos investimentos em tecnologia e por causa das condições climáticas nas áreas tradicionais de cultivo. As perspectivas para a safra de sorgo também são boas, com produção estimada em 419,6 mil toneladas, aumento de 14,1%. (Fonte:

Foto Divulgação

O Valor Bruto da Produção (VBP) do setor agropecuário deve crescer 5,3% neste ano e atingir R$ 351,7 bilhões, ante os R$ 333,96 bilhões registrados no ano passado. A previsão é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que considera as estimativas para a produção de grãos e fibras na safra 2011/2012 e os preços médios no mercado. O destaque é o crescimento esperado de 11,2% no faturamento do setor pecuário neste ano, que deve atingir R$ 146,3 bilhões. No ano passado, o faturamento do setor ficou em R$ 131,5 bilhões.

ASCOM SEAPA)

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Com crescimento esperado para esse ano, os confinadores investem no setor Lidiane Dias Jornalista

Fotos: Texto Assessoria

entrevista

Pecuária de corte e o confinamento: mais carne em menor tempo

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onfinar: segundo o dicionário Aurélio, o verbo significa limitar e demarcar. No artigo sobre confinamento de bovinos de Esther Cardoso, da Embrapa Gado de Corte (2000), ela explica que “‘confinamento’ é o sistema de criação de bovinos em que lotes de animais são encerrados em piquetes ou currais com área restrita, e onde os alimentos e água necessários são fornecidos em cochos”. Essa atividade tem por objetivo à engorda e o posterior abate dos animais, fase essa de terminação mais curta que o gado criado a pasto. Fatores como preços de alimentação, boi gordo e boi magro são os principais determinantes para os custos dessa produção. No período seco, que começa em meados de abril, é a época que o confinamento é conduzido no país, devido à escassez de forragem para o pastejo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado o número de cabeças 6

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abatidas foi de 28.814 toneladas, sendo que o peso total das carcaças dos bovinos foi de 6.781.014 toneladas. De acordo com Safras & Mercados, quanto ao confinamento de gado, há uma expectativa de 13% de crescimento no confinamento em 2012 no Bra-

“Há uma expectativa de 13% de crescimento no confinamento em 2012 no Brasil”. Safras & Mercados

sil. A estimativa é que 3,233 milhões de cabeças sejam confinadas, frente às 2,861 milhões de cabeças de gado confinadas no ano passado. Uma das maiores expansões no mercado. Em um levantamento realizado em abril pela Associação Nacional de Confinadores (Assocon) mostra que a taxa de ocupação estimada para junho é de 47% e para julho de 67%.

A Assocon divulgou ainda que as vendas dos animais aos frigoríficos neste 1º semestre de 2012, terá um volume entregue de gado de 12%, com o preço médio da arroba girando em torno de R$ 94,02 (contrato BM&F). Com isso, a perspectiva é de que cada vez mais haja uma profissionalização na produção bovina. Questões como as tecnologias estão cada vez mais fundamentais e que fazem a diferença na qualidade final da carne. No Brasil apenas cerca de 5% do gado abatido no país, como informado por nossos entrevistados, é de gado confinado. A criação extensiva é o que predomina a pecuária de corte. Os EUA, por exemplo, confina praticamente 100% de seu rebanho de corte. O que faz com que o país abata menos cabeças de gado e tenha uma produção de carne bovina quase o dobro do Brasil. Seguindo esse exemplo, o objetivo é produzir mais carne por animal abatido. A tendência do setor


é que se tenha uma melhoria gradati- diante da flutuação de preços ao longo va de produtividade com o auxílio do do ciclo pecuário”, aponta Oliveira. confinamento do gado. Porém, informa ainda que as vantagens do sistema vão depender de cada Mercado pecuarista. O preço, qualidade da terO presidente da Assocon, Eduardo ra, insumos, estrutura da cadeia proMoura, 60 anos, acredita que o mer- dutiva, infra-estrutura, dentre outros cado está lucrativo, isso se a atividade fatores, influenciarão os resultados. for bem exercida pelos confinadores. O consultor da Safras & Mercado, Informa ainda que a procura come- Paulo Molinari, 50 anos, aponta que o çou mais cedo devido a problemas de setor de confinamento vem crescendo pastagem, como por exemplo, a seca a cada ano e a atividade de engorda violenta e a idade das pastagens sem avança a partir da liquidez oferecidas renovação. Ele aponta que o rebanho por alguns frigoríficos e pela crescenbrasileiro não deve crescer muito mais te oferta de milho na entressafra. O do que é, mas há um crescimento ace- que auxilia e melhora a comercializalerado do gado confinado. “É preciso ção, viabilizando que os custos sejam melhorar a relação custo x benefício. menores. Assim, o consultor informa Estamos aprendendo a produzir mais que o confinamento tem levado ao inem menores espaços. As expectativas vestimento de boi magro e na compra para o Brasil são positivas, isso se o go- de milho e insumos para alimentação. verno não atrapalhar e se ele der a de- Acrescenta que a recria, que apresenta vida importância que o setor merece”, escassez de bezerros no mercado inanalisa Moura. O presidente acrescenta terno nos últimos quatro anos, aproainda que o acabamento de carcaça está melhorando, mas é preciso colocar em “É preciso melhorar prática a padronização das mesmas. a relação custo x Os investimentos em melhoramento genético, alimentação e no manejo benefício. Estamos resultam em animais bem criados e de qualidade para as fases de recria e en- aprendendo a produzir mais em menores gorda. De acordo com o zootecnista e analista de mercado da Scot Consulespaços”. toria, Douglas Coelho de Oliveira, 23 Eduardo Moura anos, o mercado de reposição nesta época do ano é o mais influenciado pelos confinadores. A demanda pelo veita esse panorama. “Isto propiciou a boi gordo está gerando especulações retenção maior de vacas e incentivo a em grande parte das praças pecuárias. geração de animais de reposição. Com Informa ainda que o patamar dos pre- momentos em que os preços do bezerços do boi gordo e de grãos regula a ro atingiram R$ 700/800/cabeça a atiprocura pelo animal terminado. vidade foi extremamente lucrativa”, “O lucro está atrelado a diversos atesta Molinari. fatores no confinamento, como: aquiOliveira apresenta ainda que os insição dos animais, período de engor- vestimentos em melhoramento genétida, aquisição dos grãos, elaboração da co estão em um bom momento. Um dieta e outros. O produtor que faz o resultado desse cenário é o aumento ciclo completo (cria, recria e engorda) de venda de sêmen nos últimos anos. consegue, basicamente, verticalizar o O consultor da Scot diz que, de acordo sistema de produção. O que pode ser com a Associação Brasileira de Inseinteressante para minimizar os riscos minação Artificial (ASBIA), as 11,91

milhões de doses de sêmen bovino, comercializadas no ano passado, representam aumento de 23,6%, sobre os números de 2010. As vendas de raças de corte atingiram 7,01 milhões de doses, aumento de 26,8% em relação a 2010, quando somaram 5,53 milhões. Sem contar na retenção de matrizes que ocorreu entre 2006 e 2011, juntamente com o aumento na utilização de biotecnologias, como Inseminação Artificial, Transferência de Embriões, aquisição de tourinhos e cruzamentos direcionados, colaboraram para esse cenário. “O pecuarista deve ficar atento às oscilações de preços neste período. A apreciação do dólar frente ao real também pode implicar em preços mais altos, pois parte dos produtos deste segmento é importada”, alerta. Esses investimentos resultam da preocupação em carcaças mais bem acabadas, uma carne de melhor qualidade, melhor remuneração do setor, dentre outras questões. “Na verdade, esta pressão tem sido elevada por parte dos frigoríficos que tem desejado animais para o abate com melhor terminação e rendimento de carcaça. Esta condição em produzir um animal de melhor padrão de qualidade tem apresentado o reflexo desta exigência, ou seja, o melhor rendimento, preços melhores aos pecuaristas ou um menor patamar de descontos por conta de problemas de carcaça”, identifica Molinari. Entretanto, o consultor de Safras afirma que são essas exigências e cobranças do mercado que elevam a preocupação em investimentos e sem ela, não há melhorias na produção. O que no confinamento ajuda a melhorar esta terminação, a partir obviamente, de uma seleção prévia de animais magros. Os custos de acordo com Molinari estão menores em 2012 devido à retração que está ocorrendo com os preços do milho, basicamente o principal insumo para alimentação do gado confinado. Oliveira complementa que desconsiderando a aquisição do boi JUNho 2012

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magro, a alimentação representa entre 80% e 85% do custo total do confinamento. Ao se analisar a soja e o milho, há dois cenários diferentes. No primeiro caso, há uma menor oferta e os estoques estão apertados, o que pressiona para preços altos. Informa que dados da CONAB de Maio indicam uma produção de 66,68 milhões de toneladas de soja na temporada 2011/2012, oferta essa 11,5% menor que a temporada anterior. Já o milho, se o clima colaborar, apresenta uma expectativa de boa oferta, com previsão de 65,9 milhões de toneladas para essa safra, um crescimento de 14,8% em relação com a safra anterior. Esse cenário resultará na pressão de preços baixos para o grão. “Do mesmo modo que a proteção de preços no mercado futuro é realizada na comercialização do boi gordo, as operações de proteção de preços também podem minimizar os riscos relacionados à aquisição de grãos por parte do confinador”, frisa Oliveira. Dietas mal administradas, entretanto, podem causar distúrbios alimentares como acidose, timpanismo e intoxicações. Qualquer erro pode afetar todo o sistema do confinamento, por isso a atenção dos profissionais técnicos deve ser redobrada.

Fatores Questões como infraestrutura, custos altos e localização da propriedade são fundamentais para o bom funcionamento e menores custos com logística. Qualquer atividade do setor precisa ficar atenta para todos os fatores que podem influenciar direta ou indiretamente na produção e/ou produtividade. O meio onde estão inseridos os animais no setor agropecuário pode influenciar os índices zootécnicos do confinamento e, por consequência, a rentabilidade do produtor. Locais próximos de rios ou de fácil acesso a outros rebanhos devem ser evitados para minimizar os riscos de contaminação dos animais confinados, segundo Oliveira. “As 8

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instalações para a en“Desconsiderando gorda e armazenagem a aquisição do boi de alimento devem ser dispostas de forma magro, a alimentação que a logística facilite o manejo dos animais representa entre 80% e do alimento. Um e 85% do custo total estabelecimento mal do confinamento”. planejado pode impliDouglas Oliveira car em custos mais altos e desviar recursos que poderiam ser investidos dentro do sistema”, informa. Os cuidados no transporte dos animais devem ser uma preocupação para que não haja escoriações e lesões, o que resulta na redução do aproveitamento da carcaça. Molinari pondera ainda que a questão do frete para o boi gordo é sempre um custo a mais e que é depreciado no preço final. Quanto mais acessível aos frigoríficos de grande porte melhor será a condição de comercialização. “Os locais mais distantes dos pontos de consumo são aparentemente mais viáveis devido ao custo da terra mais baixo. Para a pecuária extensiva este é o ponto central. Mas, em uma atividade de confinamento de ano inteiro, por exemplo, no qual o importante é o fluxo de comercialização rotineiro, além do custo de milho, a terra não é o ponto central. Neste caso, o importante é estar nos polos de concentração de frigoríficos e de demanda”, indica o consultor de Safras. Não há dúvidas, portanto, que o confinamento é uma tendência. “Ainda mais com o crescimento do custo da terra, competição com lavouras e cana-de-açúcar e regras ambientais. Dentro deste ambiente, a cada ano teremos mais pecuaristas buscando o confinamento de ano inteiro e não apenas de entressafra. Como há pouco investimento em pastagens e qualidade do gado a pasto, o confinamento acaba permitindo esta condição de qualidade superior ao de pasto. Contudo, é claro, os custos implícitos são mais elevados assim como a decisão de investimento na atividade”, ressalta Molinari.

Entre Julho e Agosto o fornecimento de gado para a indústria está estimado em 32% com o preço da arroba projetado para R$ 98,50; entre Setembro e Outubro, a projeção do índice de entrega aponta para 38% com média de preço R$ 100,90/@, e entre Novembro e Dezembro, 18% com preço médio a R$ 102,68/@. (Fonte: Altair Albuquerque/Assocon)


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entidade de classe

Direto do Vale do Jequitinhonha: Fotos: Arquivo Sindicato

Sindicato dos Produtores Rurais de Pedra Azul

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arlos Drummond de Andrade já dizia: “no meio do caminho havia uma pedra, havia uma pedra no meio do caminho...”. Hoje, uma pedra também se destaca. A cidade de Pedra Azul fica situada no Vale do Jequitinhonha, a 15 km por estrada asfaltada da Rio – Bahia (BR 116) e a 52 km da divisa do Estado da Bahia, a cidade está a 617 metros acima do nível do mar. Ela é o palco desta edição para contar a história do Sindicato dos Produtores Rurais. Entidade sindical de 1° grau, com sede e foro na cidade citada e com extensão de base em Cachoeira de Pajeú e Águas Vermelhas (MG), foi fundada no dia 20 de janeiro de 1966. A finalidade do sindicato destina-se para fins de estudo, coordenação, desenvolvimento, defesa, proteção e representação legal da categoria econômica dos ramos da agropecuária e do extrativismo rural. Inspirada na solidariedade social, na livre iniciativa, dentre outros, foi criado a partir da necessidade de pleitear e adotar medidas cabíveis aos interesses dos associados, constituindo-se em defensor e cooperador ativo e vigilante de tudo quanto possa concorrer 10

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para a prosperidade da categoria que representa. O processo de criação da entidade se deu após alguns produtores rurais remanescentes da extinta Associação Rural de Pedra Azul (ARPA) fundada em 06 de julho de 1940 pelo Coronel João de Almeida, resolveram criar o Sindicato Rural de Pedra Azul, que a partir do dia 20 de janeiro de 1966 adotou a palavra “Produtores” em seu nome. O primeiro presidente da entidade foi Luiz Edmundo de Andrade, que permaneceu no cargo desde a fundação em 1966 até o dia 12 de agosto de 1968. Mais 12 presidentes passaram pelo sindicato: Rosalvo José de Souza (12/08/1968 a 12/08/1971), João Barbato (12/08/1971 a 12/08/1974, 12/08/89 a 12/08/1992, 12/08/1992 a 12/08/1995), Marcilio de Almeida Pires (12/08/1974 a 12/08/1977), Rízzio Pinto (12/08/1977 a 12/08/1980), Geraldo Mendes Faria (12/08/1980 a 12/08/1983), Tarcisio Fernando Félix D’Assenção (12/08/1983 a 12/08/1986), Péricles Xavier Rodrigues (12/08/86 a 12/08/1989), Carlos de Lucena Velloso (12/08/1995 a 12/08/1998), Bernardo Velloso


Pires (12/08/1998 a 01/08/2001), Álvaro de Lucena Ruas (02/08/2001 a 02/08/2004, 02/08/2004 a 02/08/2007), Abílio Montanha da Silva Neto (02/08/2007 a 02/08/2010) e o atual presidente Eduardo Araújo Filho (02/08/2010 a 02/08/2013). A diretoria é composta por 11 membros e o mandato tem a duração de três anos. Mais cinco funcionários trabalham no sindicato, sendo duas funcionárias no escritório e outros três na loja veterinária da entidade. Com sede própria e localizada na Praça Pacífico Faria, 196, centro da cidade, o sindicato permanece no mesmo local desde sua implantação. Entre os serviços prestados pela entidade estão: assistência contábil, assistência mecanizada (trator agrícola), cadastro de produtor rural, emissão de nota fiscal de produtor rural, declarações, contratos. Em implantação o preenchimento de DAP e Processo de Aposentadoria junto a Previdência do Segurado Especial. Convênios com o SENAR para ministrarem cursos de treinamentos e aperfeiçoamento dos trabalhadores, produtores rurais e suas famílias; com a FAEMG/Previdência Social para a montagem de processo de aposentadoria, são alguns exemplos. No início, apenas 45 produtores eram filiados à entidade. Atualmente 100 são associados, porém 34 destes estão inadimplentes. As vantagens em se associar passam pela representatividade junto às entidades classistas, podendo usufruir dos serviços oferecidos pelo sindicato. Além da anuidade dos associados, a realização de leilões e feiras agropecuárias ajudam nessa arrecadação. Segundo informações do sindicato, a pecuária na cidade funciona com 60% de pequenos e médios produtores de corte e leite e 40% de grandes produtores com pecuária de corte. Gestor Eduardo Araújo Filho, 39 anos, assumiu a presidência do sindicato em 2010. É a primeira vez que está na presidência do Sindicato dos Produtores Rurais de Pedra Azul e pretende se reeleger. Sócio há 18 anos da entidade, fez parte da diretoria como conselheiro. “Por ser produtor rural e sabendo dos anseios do produtor, assumi o sindicato no intuito de tentar contribuir com o desenvolvimento dessa classe”, aponta. Natural de Pedra Azul é casado e tem três filhos. Produ-

O presidente Eduardo Araújo Filho

tor rural há 20 anos, trabalha com pecuária de corte e leite e está cursando o 7° período de Licenciatura em História. Informa que à adequação das atividades que exerce, como produtor rural e a de presidente do sindicato, são facilitadas por serem o mesmo setor. Destaca a realização de cursos de formação profissional rural e promoção social em parceria com o Senar, como as principais ações desenvolvidas dentro de sua gestão. Porém, quando assumiu a presidência, disse que a falta de união da classe e o número baixo de associados foram às principais dificuldades. Precisou criar alternativas, como, por exemplo, viabilizar o crédito rural, para superá-las. Araújo finaliza que o ponto forte de Pedra Azul é a localização da cidade. “Nossa cidade está em uma região muito promissora. Nosso rebanho e nossa terra têm qualidade e isso já virou fama em todo o País. Precisa-se que o produtor acredite mais no seu potencial. O sindicato em parceria com o sistema FAEMG/Senar-MG, tem viabilizado ações no sentido de adequar às novas tecnologias que o mercado oferece através do Senar-MG temos realizado cursos de profissionalização rural dos trabalhadores rurais e suas famílias e ofertamos também aos produtores rurais”. JUNho 2012

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grandes criatórios

Fazenda União

Uma mudança em busca pela qualidade de vida Lidiane Dias

Fotos: Lidiane Dias

Jornalista

O casal Amparo e José Geraldo Pedra Sá

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As doadoras da Fazenda União para Transferência de Embriões

s oportunidades de emprego na “cidade grande” conquistaram os olhares de muitos que cresceram na zona rural. O êxodo do campo para as cidades causou, por outro lado, a superlotação das mesmas. O ritmo de vida acelerado e o stress do dia a dia são resultados dessa escolha. Mas um casal específico resolveu dar um rumo diferente para a história deles. Morando em Belo Horizonte, o Engenheiro Mecânico e dono de uma firma de engenharia na capital mineira, José Geraldo Pedra Sá, 62 anos, e sua esposa Maria do Amparo Rezende Sá, 55 anos, adquiriram a Fazenda União a 47 km de Governador Valadares, localizada no município de Tumiritinga. Dois objetivos foram traçados: o negócio para investimento e a mudança radical, pois morariam na propriedade. A ideia de mudança começou em 1999, quando resolveram visitar fazendas ao entorno de Cuiabá (MT) e Virginópolis devido à existência de familiares nos locais. Porém, o negócio 12

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foi concretizado em 2000 com a aquisição da Fazenda União, anteriormente chamada de Pouso Alto. Como era um negócio novo, Pedra Sá informa que precisavam ter o amparo de alguém de confiança. Amparo, mesmo sendo filha de fazendeiro, tem um irmão também do setor, que poderia dar suporte a eles. Daí o nome da propriedade: a união da família com o apoio à decisão para mudança. “Sair um pouco da zona urbana, com todos os seus apelos e obrigatoriedades. Não me arrependi hora nenhuma, muito pelo contrário”, afirma Pedra Sá, que hoje é Presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Corte da FAEMG. O criador é natural de Campos dos Goitacazes (RJ) e neto de fazendeiro. Lembra que só teve ligação com o campo quando era criança. Pedra Sá e Amparo têm dois filhos, o Engenheiro Mecânico Vinícius Rezende Sá, 37 anos, e o Tenista André Rezende Sá, 35 anos. A família não para por ai. Além das duas noras, mais três netos fazem a felicidade do ca-

sal: Carolina, Henrique e Luiza. A escolha pelo gado de corte, segundo ele, se deu primeiramente porque acredita que a pecuária de leite exige uma maior dedicação e uma formação mais difícil. Além de se sentir mais ligado à pecuária de corte. Os primeiros animais adquiridos eram voltados para engorda. Três anos depois da aquisição da fazenda, mais estruturados no ramo, investiram em Nelore PO, vindos de Uberaba, e se especializou na raça. Diz que a preferência pelo Nelore se deu porque ele é responsável por 85% do rebanho nacional, por causa da performance e eficiência da raça. Além é claro, de gostar dela. Os animais são padrão e não mocho. Genética e manejo O foco da propriedade se resume em melhoramento genético, produção de bezerros para recria e engorda e produção de tourinhos. Por isso, o investimento genético é tido como investimento e não custo. É aplicado em todo o rebanho e as biotecnologias aplicadas são a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) e a Transferência de Embriões (TE), além de se-


rem usados os touros melhorados frutos da propriedade. O percentual de produção, de acordo com Pedra Sá, é de 50% em IATF. O procedimento da Fazenda União é fazer estação de monta natural nessas vacas, ao invés da segunda dose. “Eu faço só um protocolo e no segundo eu coloco com os touros. Então na hora que vou separar essas vacas de IATF, eu preciso saber com que touro vou acasalar pelas características do touro”, aponta. A estação de monta começa em dezembro. Nessa época ainda tem vacas parindo, então não dá para inseminá-las. A IATF, portanto, começa em fevereiro e os touros repassam em março, fechando a estação de monta em abril. De acordo com o criador isso é para conseguir um percentual alto de prenhez das vacas. Quarenta dias depois do término da estação de monta, um veterinário vai até a propriedade com o aparelho de ultrassom e identifica as vacas que estão cheias. A parição da fazenda começa em setembro e vai até janeiro. As vacas que não estiverem prenhes elas vão para o frigorífico. “Porque significa que ela ficou quatro meses comendo de graça sem trabalhar. O melhor bezerro é aquele que nasce, essa é a primeira seleção. Mas se ela não parir, ela vai para o frigorífico. Pois eu não tenho como passar uma vaca minha que não tem

O criador e Huke

desempenho como matriz para um companheiro meu, porque não me interessa vender um produto que não vai ter resultado. Se não meu cliente vai ficar insatisfeito e cliente insatisfeito fala para mais 30 a sua insatisfação”, explica. Quanto a TE, a Fazenda União possui 12 doadoras. Rezes de alta performance, de alto valor genético e grande capacidade reprodutiva. Entre elas estão: Chiquérrima da União, Exuberante da União, Bitoca da União, Parati, Rayan e Nuvem TE da Ventania. Cerca de quatro delas foram compradas em leilões,

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um investimento alto. Um dos resultados da Transferência de Embriões, filho de uma doadora, produto da fazenda, é Huke TE da União, com 18 meses. Ele está sendo treinado para pista e se tiver potencial, irá para uma central de genética. Elogio da União é um dos touros reprodutores da propriedade. “É o melhoramento genético, subindo a qualidade do rebanho”, acredita o criador. Normalmente as doadoras são protocoladas duas vezes por ano e depois elas têm um cio natural para serem cobertas pelo boi. Forma essa para não atrapalhar muito a vida reprodutiva da matriz. Na monta natural o criador privilegia os touros de produção própria da fazenda. Numa propriedade de 500 hectares, o plantel é composto por 470, deste 240 são matrizes. A produção desse ano é estimada em 170 animais, porém o objetivo da fazenda é chegar em 400. As vendas dos animais são concentradas num leilão, onde aproximadamente 100 animais são comercializados. A venda direta é feita em menor escala. Os animais são vendidos entre sete e oito meses na desmama, com uma média de sete arrobas. As bezerras das melhores matrizes não são vendidas para fazerem a substituição das vacas mais velhas. O controle da fazenda e dos animais é todo computadorizado. A pastagem predominante é o braquiarão e a alimentação dos animais de pasto é complementada com sal. Já os animais de elite irão depender da necessidade de cada um deles. A média de idade do primeiro parto gira em torno dos 30 meses. Fazem correção de solo e a fazenda é dividida em 25 pastos. O gado criado a pasto faz a rotação nos prazos definidos e pelo menos duas vezes ao ano ele vai ao curral para vacinação. O que lembra o criador de uma história: “o manejo sanitário é uma história antiga. Eu pensava na época ‘agora que vou ser fazendeiro, ninguém vai mandar em mim’. Comprei a fazenda, mas nunca vi tanta gente para mandar em mim: tem médico veterinário, agrônomo, zootecnista e o comprador”, brinca. Desde a aquisição, informa que as mudanças nas cercas, a divisão da propriedade e o abastecimento de água, feito 14

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em uma nascente canalizada por gravidade, são as principais. Ele e mais dois funcionários tomam conta do gado e na cozinha, dona Terezinha impera. Para o criador uma boa produção de animais depende de um tripé: melhoramento genético, manejo e alimentação, pois se não tiver uma dessas pernas, o criador não terá performance. Porém o mercado apresenta dificuldades apontadas por ele: as práticas de comercialização de carne, a falta de massificação do conhecimento e a infraestrutura. O resultado “Quando você fala em carcaça melhor, em genética melhor, em precocidade, você fala automaticamente em custo. Se o criador não é remunerado nesse custo, ele vai querer reduzir custos e provavelmente a qualidade vai embora. É investimento desde que o mercado assim retribua e eu acho que ele retribui porque ele tem um ganho em cima disso. A visão da fazenda é de uma indústria, de outra empresa normal, com as complicações de clima”, enfatiza. Pedra Sá diz que os criadores precisam fornecer sempre o melhor insumo para os companheiros de recria e engorda. Aponta que a qualidade da carcaça que vem da genética é fundamental para uma pecuária eficaz e a comercialização só dependerá do pecuarista para o setor dar um salto rumo aos século XXI, na produção de carne com qualidade de vida. Em busca também de uma qualidade de vida, mesmo tendo sido uma mudança radical, o casal informa que aprendeu a morar na zona rural. “Aprendemos a admirar a cultura não acadêmica, muito mais profunda de repente. Mas infelizmente, no nosso país, muito desconsiderada. Hoje o conhecimento está em segundo plano em relação aos diplomas. O meio rural tem o conhecimento, mas não tem o diploma. Então eu acho que precisamos dar um salto nisso e ter um respeito por essas pessoas, que têm um conhecimento de vida e de sobrevivência espetacular”, finaliza.


O cupuaçu, originário daquela região, é uma novidade para o Vale do Rio Doce Lidiane Dias Jornalista

Fotos: Arquivo Pessoal

dia de campo

Direto da Floresta Amazônica

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A fruta cortada na árvore (esquerda) e o produtor Elyzio José Ferreira (direita)

aproveitamento de espaço, com o cultivo consorciado de culturas, foi à alternativa encontrada pelo produtor rural Elyzio José Ferreira, 74 anos. Há 20 anos o produtor começou a investir na plantação de seringueiras para recuperar as áreas degradadas. Dez anos depois, a aposta foi em uma cultura nada típica no estado: o cupuaçu. A fruta é originária da floresta Amazônica e a árvore é de pequeno e médio porte, podendo chegar até 20 metros. Rica em proteínas, cálcio e fósforo. É duro igual coco, seu sabor é cítrico e a fruta pode ser usada para fazer sorvete, bolo, suco, chocolate, dentre outras guloseimas. Além de hidratantes corporais. Com origem em uma família de fazendeiros e natural de Governador Valadares, Elyzio Ferreira foi para Belo Horizonte estudar. Retornou à cidade em 1962 para trabalhar com seu pai, José Cantídio Ferreira. É casado com Moema Rabello Ferreira, 64 anos, tem três filhos: Márcio Rabello Ferreira, 42 anos, Vanessa Rabello Ferreira, 40 anos, e André Rabello Ferreira, 34 anos. Já foi presidente do Sindicato Rural de Governador Valadares e da União Ruralista Rio Doce. Cerca de três décadas depois do retorno à Valadares, por volta de 1992, começou os investimentos nas seringueiras

no município de Fernandes Tourinho, em uma propriedade que faz divisa com Alpercata e possui 18 alqueires. Na Fazenda chamada Córrego Preto e conhecida como Fazenda da Seringueira, plantaram inicialmente 15 mil pés da árvore. Quase seis anos depois, em visita a uma fazenda de cupuaçu na cidade de Serra (ES), a possibilidade de começar a plantar a fruta poderia ser uma alternativa de aproveitamento da área e ter uma segunda atividade econômica. Cinco anos após a visita começou a produção do cupuaçu. As primeiras sementes foram adquiridas nessa fazenda da Serra e as mudas são produzidas na propriedade Córrego Preto. Informa que tem licença do Ministério de Agricultura para a produção de mudas do Cupuaçu Brasil, marca adotada. A época de plantio começa junto com o início do período das águas, em outubro. A colheita é feita normalmente em janeiro, fevereiro e março, podendo ser estendida para colheitas menores no ano inteiro. A floração das árvores começa em agosto e seis funcionários cuidam do manejo da fruta. A polpa de cupuaçu pode ser armazenada por até 36 meses de forma congelada, desde que conservada em torno dos JUNho 2012

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O cupuaçu durante a lavagem

O momento de separação da semente e da polpa

5 graus negativos. A produção anual chega a uma média de 1000 kg e deve dobrar em um (01) ano com a maturação de algumas árvores, além de árvores novas que irão iniciar a produção. A área de plantio da seringueira é de 20 hectares, porém, só oito hectares foram utilizados para a plantação do cupuaçu, pela incerteza se o negócio daria certo. Dois mil pés estão em produção, mas ao todo são quatro mil pés. Daqui a quatro anos devem entrar mais quatro mil pés. O fornecimento das polpas e das frutas abrange a região de Governador Valadares, Teófilo Otoni e o Vale do Aço, para sorveterias, lojas de açaí e supermercados. À medida que for aumentando a comercialização, o aumento de área seguirá a

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tendência. Visando esse mercado, informa que possui também licença do Ministério da Agricultura para exportação e como é preciso uma maior quantidade para essa finalidade, ele e outros produtores de cupuaçu do Espírito Santo pretendem juntar as produções para fazerem a exportação da polpa. As árvores são irrigadas por aspersão, mas o produtor tem o projeto para o ano que vem fazer a irrigação por gotejamento para a seringueira, mas que pode ser aproveitado pelo cupuaçu. Um técnico Agrícola dá assistência na propriedade. A adubação depende do exame de solo, mas geralmente é feita com Nitrogênio, Potássio e Fósforo. As frutas, quando maduras, caem da árvore e, estas por serem baixas, amortecem a queda. Esse é o sinal de que as frutas estão prontas para serem colhidas. Para a lavagem das frutas após a colheita, é utilizado o Hipoclorito de Sódio. A quebra das frutas é feita com um martelo ou algo do gênero. Após isso a polpa é retirada da casca e passada numa máquina que irá separar as sementes da massa. Antes da aquisição da máquina, feita há três anos, essa separação era feita


por gomos com o auxílio de uma tesoura. A polpa é embalada e congelada para depois ser feito o fornecimento seguindo a necessidade dos compradores. Todo esse processo é feito na propriedade mesmo, em uma pequena fábrica. As sementes são colocadas para germinar numa terra misturada com serragem e depois de 20 dias elas são transferidas, onde são envolvidas num plástico de polietileno com a terra já adubada. Cinco meses depois já é feito o plantio na área onde ela vai crescer. Ai são mais cinco anos para ela começar a produzir. Para garantir uma boa produção informa que frequenta congressos relativos ao setor, vai em outras plantações e entende desde a semente até a colheita. Aponta que a região é propícia para a plantação do cupuaçu. Por ser originária da Amazônia, ela se adapta bem ao clima quente. Todo o controle de pragas é feito com produtos caseiros, orgânicos, de acordo com Ferreira.

Finaliza falando que o custo do cupuaçu não é alto e produz a fruta porque gosta. Alerta que é preciso “conscientizar a outros fazendeiros da região para fazerem o mesmo e os órgãos competentes precisam dar assistência, propagando o plantio”.

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saúde animal

Carbúnculo Hemático Lúcia Helena Salvetti De Cicco

Fotos: www.webrural.com.br

Editora Chefe Saúde Animal - http://www.saudeanimal.com.br

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carbúnculo é uma doença contagiosa que ataca todos os médios e grandes animais, inclusive o homem e, geralmente é mortal. Entretanto os equídeos são menos atingidos que os ruminantes. É produzida pelo Bacillus anthracis e, este micróbio encontra-se, principalmente, onde já ocorreu a doença, pois seus esporos permanecem no solo por vários anos. Geralmente estes esporos provêm de animais carbunculosos enterrados no campo, sem o devido cuidado e trazidos à superfície pelas minhocas. As fezes e sangue dos animais que estiverem na pastagem são infectados. É uma doença comum de animais mantidos em regime de pasto, porém, pode surgir em estábulos por feno contaminado adquirido em áreas onde ela ocorre. O carbúnculo pode aparecer em qualquer lugar, porém, em certas regiões existem focos onde ele se manifesta com frequência. Em terrenos pantanosos e em áreas com muita matéria orgânica em decomposição, os esporos podem viver por tempo prolongado, durante anos. Os bacilos, porém, são pouco resistentes ao calor e à dessecação. Infelizmente o esporo é o elemento responsável pela maioria das infecções. 18

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SINTOMAS Nos equídeos, a enfermidade em geral apresenta forma relativamente benigna, com os seguintes sintomas: cólicas fortes; edema do peito, pescoço e da região faringeana. Também podem ocorrer: depressão, febre alta, dispneia, edemas subcultâneos no tórax e no pescoço, cólicas, faringite, hemorragia nasal e manqueira. A morte, quando ocorre, às vezes é tão rápida que não se percebem os sintomas nos animais a campo. Nos casos fulminantes, a morte pode ocorrer em 24 e 48 horas e, nesses casos, observam-se os edemas (tumefações), diarreia sanguinolentas, cor de chocolate, e os animais se deitam com convulsões e dificuldade respiratória. Os cadáveres incham rapidamente e então observam hemorragias pelas aberturas naturais. O sangue é escuro e de difícil coagulação. Só estes sinais identificam a doença. Os animais são contaminados através dos intestinos, água, escoriações, picaduras de insetos infectados e inalação do agente infeccioso. Os urubus podem transportar a doença a grandes distâncias. O homem pode ser infectado durante uma necropsia ou manipulação de couros, chifres e cadáveres de animais vitimados pela enfermidade.


A necropsia é perigosa, sendo preferível, em caso de se pretender um diagnóstico de laboratório, enviar um esfregaço de sangue ou um osso de canela, muito bem protegido. O cadáver deve ser incinerado ou enterrado no mesmo local, aplicando na sepultura uma boa quantidade de cal.

5. Tratamento dos animais doentes com doses adequadas de soro anticarbunculoso; 6. Vacinação sistemática de todos os animais sãos na região exposta à doença; 7. Drenagem e saneamento das áreas pantanosas.

PROFILAXIA TRATAMENTO Emprego da vacinação. No entanto, a escolha do produQuando há tempo, o soro anticarbunculoso produz bons to deve ser feita por um médico veterinário, pois depende resultados. No caso de suspeita chamar o médico veterináda região e situação que se apresenta. Em toda proprieda- rio o mais urgente possível. de onde tenham ocorrido casos de carbúnculo, ou mesmo na vizinhança, os animais devem ser vacinados no mês de BIBLIOGRAFIA agosto, pois geralmente o carbúnculo aparece em outubro. Millen, Eduardo - Guia do Técnico Agropecuário “Veterinária e A imunização requer 20 a 30 dias.

Zootecnia” Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1984 Também são recomendadas Edwarads, Elwyn Hartley - Horse as seguintes medidas: A Dorling-Kindersley Book - 1993 Santos, Ricardo de Figueiredo – Equideocultura 1. Notificação de qualquer caso às autoridades sanitárias J. M. Varela Editores, 1981 mais próximas; Torres, A. Di Paravicini e Jardim, Walter R. - Criação de Cavalos e 2. Cremação perfeita do cadáver no próprio lugar da morte; outros equinos

3. Isolamento dos pastos contaminados; 4. Desinfecção energética ou queima dos objetos e utensílios contaminados;

Curiosidades “O carbúnculo hemático ou antrax, é uma enfermidade infecto-contagiosa, cosmopolita e altamente fatal que atinge mamíferos domésticos e selvagens, o homem e em circunstâncias especiais também as aves. Conhecido desde o início da humanidade, foi a quinta praga do Egito no século XV A.C. como uma epidemia que grassava nas margens do rio Nilo atingindo cavalos, jumentos, camelos, bovinos e ovinos como cita a Bíblia Sagrada no Êxodo, capítulo 9, vers. 4 e 6. Sua importância histórica deve-se a que seu agente o Bacillus anthracis foi à primeira bactéria observada microscopicamente por Pollender em 1849 e correlacionada como agente etiológico de uma enfermidade por Devaine em 1860.

Entretanto coube Kock em 1876, cultivar o agente “in vitro”, reproduzir e provar a transmissibilidade de uma enfermidade, reconhecer os esporos e atribuir a eles a difusão da doença. Em 1881, Pasteur em Pouilly-le-Fort (França) utilizando o B. anthracis provou pela primeira vez a possibilidade de uma inoculação preventiva ao desenvolver uma vacina contra a enfermidade.” Extraído de: SANTOS, Hélvio Tassinari dos. Carbúnculo Hemático (Antraz): Uma zoonose importante no Rio Grande do Sul. Disponível em: http://www.webrural.com.br/webrural/artigos/pecuariacorte/ sanidade/carbunculoh.htm>. Acesso em: 01 de junho de 2012

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INTRODUÇÃO Atualmente verificamos uma crescente demanda do mercado mundial por carne bovina de qualidade, proveniente de animais criados a pasto, aliado à erradicação e confirmação de áreas livre de febre aftosa, o Brasil possui um amplo mercado a conquistar. Para obter o animal de qualidade e precoce, novas tecnologias devem ser adotadas para a viabilização deste sistema produtivo moderno e de menor ciclo. Devido à sazonalidade das gramíneas forrageiras nos trópicos, que é caracterizada pela diminuição da produção e do valor nutritivo nos períodos secos do ano, ocorre à desnutrição nos animais criados a pasto e consequentemente baixo ganho de peso, nesta época. O desenvolvimento dos bovinos pode também ser comprometido com a ocorrência de veranicos prolongados. Estas fases negativas no desempenho do animal devem ser consideradas em um programa de produção de carne. O ideal seria o crescimento ocorrer uniformemente e constante durante toda a vida do animal. Neste contexto, devido ao desequilíbrio entre os ganhos na época das águas e da seca, se faz necessária à suplementação alimentar em certos períodos, para que se possa abater animais com idades inferiores a 30 meses, remunerando o produtor e liberando a pastagem para novos animais. DESENVOLVIMENTO A época da seca é um período de grandes limitações das pastagens, nela ocorrem reduções nas concentrações de energia, vitaminas, minerais e, principalmente, de proteína (Carvalho et al., 2003). De acordo com Silveira (2007) a baixa qualidade da forragem associada à queda na disponibilidade de matéria seca, faz com que o bovino tenha que pastejar por mais tempo até obter 20

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Raphael Amazonas Mandarino1; Fabiano Alvim Barbosa2; Venício José Andrade2; Adilson Antonio de Melo1; Camila Fernandes Lobo3

1 Doutorando em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG 2 Professor do Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG 3 Mestranda em Ciências Animais, Universidade de Brasília, UnB E-mail: raphael@mandarino.com.br; fabianoalvim@ufmg.br; vejoan@gmail. com; adilson.matsuda@gmail.com; camilalobo.vet@gmail.com

Fotos: Raphael Mandarino

caderno técnico

Suplementação múltipla para bovinos de corte durante a época da seca

Animais em confinamento

as quantidades de nutrientes necessários à sua mantença, comportamento esse que interfere negativamente no seu desempenho produtivo, podendo perder, nesse período, até 30% do peso corporal (PC) (Barcelos, 1999). Dessa forma, para que se atinja o máximo desempenho animal, é necessário que se forneça aos animais, níveis adequados de proteína e energia de forma a permitir o bom funcionamento do rúmen e melhor aproveitamento da forragem disponível aos animais (Poppi & McLennan, 1995). De acordo com Minson (1990), teores de proteína inferiores a 7% provocam redução do consumo de forragem e, consequentemente, redução no desempenho dos animais em pastagens. O uso de suplementos múltiplos – proteína, energia, minerais, vitaminas e aditivos –, na época da seca, tem


produzido resultados satisfatórios, evitando a perda de peso característica para animais não suplementados nesta época crítica do ano. Vários são os trabalhos que comprovam o ganho de peso de bovinos, entre 0,059 a 0,740 kg/cabeça/dia, e consumo diário de suplementos, variando de 0,05 a 0,6% do peso vivo, pois a partir daí pode-se considerar a suplementação como uma ração concentrada - semiconfinamento -, devido ao alto teor de farelos, e não como uma mistura múltipla. As misturas múltiplas têm o objetivo de estimular o consumo de forragem de baixa qualidade e melhorar a sua digestibilidade, e não o de suplementação direta (efeito substitutivo). É importante considerar que o conteúdo de N fermentável, abaixo do ótimo na dieta, pode decrescer a digestibilidade da fibra e também resultar em baixa relação entre aminoácidos/energia nos nutrientes absorvidos. Com isto, aumentando a disponibilidade de N fermentável, eleva-se a digestibilidade e a relação nos produtos absorvidos, devido ao aumento na eficiência da fermentação no rúmen, e ambos os efeitos elevam o consumo de forragem. A resposta na produção de animais em pastejo ao uso de suplemento é, provavelmente, influenciada pelas características do pasto e do suplemento, bem como pela maneira de seu fornecimento e pelo potencial de produção do animal. Os níveis nutricionais dos suplementos (proteína, energia, minerais) dependem do desempenho desejado e do valor nutritivo da forragem disponível. Diversos são os trabalhos de pesquisas mostrando a utilização de suplementos múltiplos na suplementação de bovinos de corte no Brasil, com consumo variando de 630 a 2.620 gramas/cabeça/dia e o ganho médio diário de 132 a 429 gramas/cabeça, durante a época da seca. Os ganhos são dependentes da disponibilidade de matéria seca e qualidade da pastagem, do animal (raça, sexo, peso, idade e sanidade), o clima (temperatura, umidade relativa), entre outros. Outro procedimento que pode ser usado é a suplementação com ração concentrada (semiconfinamento). Nesse caso, as taxas médias de ganho durante o período de suplementação variam entre 500 e 1.200 g/dia e será função da quantidade de suplemento oferecido (0,6 a 1% do peso vivo), do tipo de animal, da condição corporal, do tempo de permanência no trato, da forragem disponível e sua quali-

Cocho de suplementação protéico-energética-mineral

dade, do tamanho dos pastos, da distância das aguadas e da declividade do terreno. A quantidade de matéria seca disponível na pastagem é primordial para o sucesso na suplementação com misturas múltiplas. Tem sido sugerida a disponibilidade de pelo menos 2.500 kg de matéria seca total/hectare, no início da estação seca, para obter ganhos de peso satisfatórios. Barbosa et al. (2007) avaliaram o efeito da suplementação protéico-energética em dois níveis de ingestão diária, 0,17% (SUP1) e 0,37% (SUP2) do peso corporal (PC) na transição águas-seca, em comparação ao suplemento mineral (SM). Os resultados obtidos do ganho médio diário (GMD) dos animais foram: 0,535, 0,655 e 0,746 kg/cabeça/dia para SM, SUP1 e SUP2, respectivamente. Não houve diferença estatística (P>0,05) entre SUP1 e SUP2, entretanto os animais do grupo controle (SM) apresentaram ganhos médios inferiores aos animais suplementados (P<0,05). A suplementação protéico-energética para bovinos em pastagens resultou em ganhos de peso maiores do que àqueles consumindo somente suplemento mineral. Zervoudakis et al. (2000) e Simioni et al. (2009) também encontraram respostas à suplementação protéico-energética. Baroni et al. (2010a) avaliaram o consumo e a digestibilidade de nutrientes com quatro novilhos Nelore após suplementação com elevado teor protéico em pastagem de Panicum máximum cv. Tanzânia no período de seca. Cada novilho foi alimentado da seguinte forma seguindo os tratamentos: 0 kg (grupo controle); 1,0 kg; 2,0 kg; 4,0 kg de suplemento ao dia. Exceto no grupo controle, a suplementação era constituída de menores níveis de proteína bruta, entre 60 e 30% da matéria seca. A ingestão dos suplementos proporcionou aumento do consumo e da digestibilidade JUNho 2012

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da matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro e dos nutrientes digestíveis totais, exceto para os carboidratos não fibrosos. Baroni et al. (2010b) investigaram o ganho de peso de novilhos após aplicação da técnica de suplementação com uso de elevada concentração de proteína em pastagem de Brachiaria brizantha no período de baixa pluviosidade. A amostra foi dividida em grupo controle e experimental cuja suplementação consistiu na quantidade de 0,25; 0,5; 1,0; 2,0; ou 4,0 kg/animal/dia. No grupo experimental, a suplementação apresentou um decréscimo no valor da proteína bruta, 58 a 32% da matéria seca, sendo utilizada mistura mineral, ureia e farelos (milho grão moído e farelo de soja) nas respectivas proporções: 25:25:50 (0,25 kg/animal/dia); 15:15:70 (0,5 kg/animal/dia); 10:10:80 (1,0 kg/animal/dia); 5:5:90 (2,0 kg/animal/dia) e 2,5:2,5:95 (4,0 kg/animal/dia). Os autores verificaram um aumento progressivo do peso corporal final, ganho de peso médio diário, peso da carcaça, da espessura da gordura subcutânea e do rendimento de carcaça com o acréscimo de farelo e de ureia ao suplemento face à diminuição da proteína bruta do mesmo. Deste modo, concluíram que a suplementação com maior nível de energia proporcionou melhores resultados que a suplementação protéica no período de seca. Para o sucesso da suplementação é necessário que seja economicamente viável, isto é, apresente uma relação benefício x custo positiva. O ganho em peso do animal tem que pagar o investimento. Além disto, deve ser levado em consideração que o animal suplementado sairá mais rápido da propriedade, reduzindo o custo de permanência e “abrindo” espaço para a entrada de nova categoria, com aumento de giro de capital. As pesquisas mostram que os resultados econômicos são favoráveis ao uso da suplementação, tanto na época da seca quanto na época das águas. Entretanto, este cenário pode mudar, de acordo com a disponibilidade e qualidade de forragem, categoria animal e mercado, isto é, preço de insumos, compra e venda de animais, além do preço da arroba no abate. Os ganhos em peso adicional convertidos em R$ (reais) da suplementação, em relação ao tratamento sem a suplementação, variam de R$ 3,44 a 44,39/ animal/ período, durante a época da seca. As variações ocorrem devido às diferenças de raças de animais, tempo de suplementação, pastagens, quantidade e valor nutricional do suplemento, valor da arroba. CONCLUSÕES A suplementação pode resultar em um abate mais cedo dos animais com aumento de produtividade (kg de carne/hectare/ano) e taxa de desfrute, bem como um aumento do capital de giro e diminuição do tempo de permanência do animal nas pastagens. Para uma tomada de decisão da suplementação do rebanho deverá ser feita uma análise econômica, levando em consideração o custo do suplemento, o ganho esperado e o retorno do capital investido. 22

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA F.A; GRAÇA, D.S.; MAFFEI, W.E. et al. Desempenho e consumo de matéria seca de bovinos sob suplementação protéico-energética, durante a época de transição água-seca. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia., v. 49, p.160-167, 2007. BARCELLOS, A.O.; VILELA, L. Possibilidade de intensificação da atividade leiteira em decorrência da integração agricultura-pecuária In: SIMPÓSIO SUSTENTABILIDADE DA PECUÁRIA DE LEITE NO BRASIL. 1., Juiz de Fora, 1999. v.1. p.171-184. BARONI, C.E.S. ; LANA, R.P. ; MANCIO, A.B. et al. Consumo e digestibilidade de nutrientes em novilhos suplementados e terminados em pasto, na seca. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.62, n.2, p.365-372, 2010a. BARONI, C.E.S.; LANA, R.P; MANCIO, A.B. et al.. Desempenho de novilhos suplementados e terminados em pasto, na seca, e avaliação do pasto. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.62, n.2, p. 373-381, 2010b. CARVALHO, F.A.N., BARBOSA, F.A., McDOWELL, L.R. Nutrição de bovinos a pasto. Belo Horizonte: Papelform, 2003. 438p. MINSON, D.J. Forage in ruminant nutrition. Academic Press : New York. 483p., 1990 POPPI, D.P., McLENNAN, S.R. Protein and energy utilization by ruminants at pasture. Journal Animal Science, v.73, n1, p.278-290, 1995 SILVEIRA, L.F. Desempenho e comportamento ingestivo diurno de bezerros desmamados em diferentes frequências de suplementação protéico-energética na época da seca. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2007, 47p. Dissertação de mestrado. SIMIONI, F.L.; ANDRADE, I.F.; LADEIRA, M.M. et al., Níveis e frequência de suplementação de novilhos de corte a pasto na estação seca. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.10, p.2045-2052, 2009. ZERVOUDAKIS, J.T. Suplementos múltiplos de auto controle de consumo e frequências de suplementação, na recria de novilhos durante o período das águas e de transição águas-seca. Viçosa, MG: UFV. 2003, 76p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa, 2003.


forragicultura

Utilização de fontes alternativas de fósforo na formação de pastagens Humberto Luiz Wernersbach Filho

Zootecnista MSc / Supervisor de Pesquisa Fertilizantes Heringer S/A

A

s necessidades de fósforo, tanto na recuperação quanto, principalmente, na formação da pastagem, é elevada para a maioria dos solos brasileiros. O pecuarista relata que a utilização de fertilizantes fosfatados esbarra na baixa lucratividade no sistema de pastagens extensivas. E nessa ótica, muitas vezes, deixa de realizar boas formações de pastagens. Uma alternativa para reduzir custos e corrigir, em parte, as deficiências de fósforo no solo é a utilização de fosfatos naturais para aplicação direta nas pastagens (Yost et al., 1982). Existem vários tipos de fosfatos naturais, entretanto, o que define sua utilização na agropecuária é sua rocha de origem. A tabela 01 ilustra os tipos de rochas e os minerais formados. Tabela 01 – Descrição das rochas que dão origem as jazidas fosfáticas

Grupo de Rochas

Descrição

Ígneas

Formação se deve a solidificação do magma de erupções vulcânicas. A formação, portanto, ocorre em altas temperaturas, ocasionando cristais muito duros.

Metamórficas

Oriundas da modificação do estado sólido de rochas pré-existentes. Essa modificação é devido a ação da temperatura como da pressão.

Sedimentares

Rochas que se formam em função do acúmulo e consolidação de materiais degradados de rochas pré-existentes, ou devido ao acúmulo de restos orgânicos (ossadas e esqueletos de animais), por exemplo, no fundo de águas calmas como lagunas.

Natureza Geológica

Fluorapatita Ca10(PO4)6.F2 Hidroxiapatita Ca10(PO4)6.OH2 Cloroapatita Ca10(PO4)6.Cl2

Carbonato-apatita ou francolita Ca9,51Na0,36Mg0,13(PO4)4,73 (CO3)1,27.F2,24

Fonte: Vitti (2009) e Korndorfer (2009)

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Tabela 02 – Equivalência em superfosfato triplo de diversas rochas fosfáticas* Fonte

Eq. SPT (%) **

Fosfato Reativo Patos Araxá Catalão

90 45 33 15

Fonte: Vitti et al., (2009) e Korndorfer (2009).* Avaliação feita aplicando-se à lanço e incorporado superficialmente. **Eq. SPT = (Doses de SPT/Dose fonte teste) x100 para se obter a mesma produção.

O uso de fosfatos naturais, mesmo com restrições, apresenta como vantagem seu menor custo por ponto de fósforo e seu maior efeito residual devido à sua liberação gradual no solo (Adaptado de Korndorfer et al., 1999). Na tabela 03 está ilustrado o comparativo de custos entre Fosfato Natural Reativo e Super Fosfato Simples. A eficiência dos fosfatos de rocha está intimamente relacionada com o grau e substituição de fosfato (PO43-) por carbonato (CO32-), que gera instabilidade a estrutura cristalina da rocha (Lehr & McClellan, 1972). A dureza da estrutura cristalina é tão importante que rochas fosfáticas de origem

ígnea, como a maioria das rochas nacionais, são reconhecidas por sua menor reatividade para aplicação direta como fertilizante. As rochas de origem sedimentar podem ser reativas ou não, dependendo do grau de substituição isomórfica. Assim sendo, as rochas fosfáticas podem ser divididas em rochas de alta, média, baixa e muito baixa reatividade. Um exemplo de Fosfato Natural Reativo de alta eficiência é fosfato proveniente da região de Bayovar (Sechura) no Peru. É importante lembrar que para ocorrer maior solubilização do fósforo, é necessário que suas partículas entrem em contato com o solo, por isso, a incorporação desse fertilizante tem grande importância (Chien & Menon, 1995). Portanto, a melhor forma de utilização do FNR é aplicado à lanço e incorporado superficialmente ao solo. Entretanto, pastagens em regiões montanhosas, onde a mecanização é difícil e muitas vezes, prejudicial ao solo devido causar intensa erosão, recomenda-se aplicá-lo a lanço sem incorporação, pois seu custo compensará a menor disponibilidade no curto prazo para a planta. E com o desenvolvimento da pastagem, o Fosfato Reativo irá disponibilizar o fósforo gradual para a planta, reduzindo-se assim a necessidade de manutenção para sistemas extensivos de produção. Os resultados de pesquisa mostram que o FNR pode ter equivalência agronômica próxima as fontes solúveis, por exemplo, Superfosfato Triplo (SPT), tabela 02.

Tabela 03 – Teores de fósforo total e em ácido cítrico de duas fontes de fósforo Fonte

% P2O5 total

% P2O5 sol Ác. cítrico

Custo R$/t*

Custo R$/Kg de P2O5

Fosfato Nat. Reativo Super Fosfato Simples

29 18

14 16

795,00 805,00

2,74 4,47

*- valores levantados no mercado em 31.05.2012 para Governador Valadares - MG.

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agrovisão

A indústria brasileira e a sustentabilidade dos sistemas produtivos Alexandre Sylvio Vieira da Costa

Imagem ilustrativa

Engenheiro Agrônomo; DSc. Em Produção Vegetal; Professor Titular/Solos e Meio Ambiente - Universidade Vale do Rio Doce asylvio@univale.br

C

omemoramos recentemente o dia mundial do meio ambiente. A preocupação é universal, em todos os setores da sociedade, desde o cidadão, passando pelos governos e empresários. Todos devem assumir suas responsabilidades no processo de preservação do meio ambiente. Os órgãos ambientais fazendo as leis, as indústrias e governos cumprindo-as e o cidadão com atitudes simples não descartando seu lixo em qualquer local, contribuindo com a coleta seletiva, dentre outras ações, fundamentais na cadeia que associa produção e consumo onde a utilização de recursos naturais renováveis e não renováveis aumenta a cada dia. Nesta rede desenvolvida pela sociedade moderna, a indústria assume papel de grande importância na preservação ambiental, pois é uma das principais fontes de consumo que recursos 26

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naturais que são utilizados como matéria prima para o sistema produtivo e como fonte de energia. Foi-se o tempo em que o poder de uma empresa era medido única e exclusivamente pelo seu potencial de produção e dimensões. Atualmente o seu potencial de inovação e o processo de gestão ambiental são fatores fundamentais na inserção do seu produto no mercado consumidor. As bolsas de valores dos principais países, por exemplo, local onde são comercializadas as ações das indústrias, criaram os índices de sustentabilidade das empresas. Através de critérios pré-estabelecidos, as empresas são classificadas de acordo com seus modelos de gestão ambiental valorizando significativamente as suas ações no mercado. Outro ponto importante é a relação com os governos. Diversos incentivos


são direcionados as empresas que pretendem ou já adotam modelos eficientes de gestão ambiental. Financiamento de pesquisas com recursos públicos de fundo perdido, ou seja, sem retorno, recursos que devem ser aplicados no desenvolvimento tecnológico da melhoria dos sistemas produtivos visando à redução dos impactos ambientais; redução de impostos, dentre outros benefícios. Caso a empresa não cumpra a legislação ambiental ou comprometa significativamente a qualidade do meio ambiente (água, ar, solo e florestas), as penalizações são pesadas como multas e até mesmo paralisação de suas atividades. Mas um grande impacto ambiental compromete o principal patrimônio das empresas: o seu nome e a sua marca. A sua imagem como vilã ambiental é difundida rapidamente graças aos nossos eficientes meios de comunicação e que culmina com a própria ação do consumidor que deixa de comprar os produtos daquela empresa por não respeitar o meio ambiente, obrigando-a a gastar milhões

com a mídia para recuperar sua imagem. A maioria das grandes empresas ligadas aos diversos setores da economia tem conhecimento das suas obrigações ambientais como a obtenção dos licenciamentos e exigências dos órgãos fiscalizadores atendendo muitas vezes com sobras a legislação. Sabem que a sua imagem deve sempre estar ligada aos modelos de sustentabilidade ambiental e social com produtos produzidos de forma ambientalmente correta e o mínimo de impacto ambiental gerado. Ainda falta uma longa estrada até atingirmos o equilíbrio entre o setor produtivo e o meio ambiente, principalmente porque o nosso Produto Interno Bruto tem crescido significativamente nos últimos anos e aumentado a demanda da indústria, mas já é possível identificar uma brilhante luz no final do túnel. Já o setor público com seus lixões e esgotos jogados diretamente nos rios...

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sustentabilidade

Motosserra sem ideologia Por Xico Graziano

Imagens ilustrativas

Engº Agrônomo Artigo originalmente publicado no jornal O Estado de S. Paulo

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á quem imagine que pequenos agricultores sejam mais ecológicos que grandes produtores rurais. Políticos que se julgam da “esquerda” propagam que a agricultura familiar faz bem à natureza, enquanto o agronegócio destrói o meio ambiente. Pura ideologia. Nunca nenhum estudo da realidade comprovou isso. O equívoco desse pensamento mostra origens remotas. Desde 1775, quando o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, em seu famoso discurso sobre a origem da desigualdade, conceituou o “bom selvagem”, constrói-se certa imagem de que o homem perdeu sua pureza no processo civilizatório. Antes, vivia em harmonia total. Depois, chegou à maldade sobre a Terra. O raciocínio bem-aventurado procura se aplicar, hoje, aos indígenas. Ambientalistas argumentam que os povos da floresta, na Amazônia, por exemplo, vivem de forma ecológica. Avatar, belo filme, sublima essa questão, agradando sobremaneira aos defensores da natureza. Antropólogos, 28

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todavia, não corroboram facilmente tal ideia. Orlando Villas Bôas, uma legenda nacional, afirmava serem os índios, que conhecia tão bem, nada ecológicos. Ao visitar a Unesp de Jaboticabal, nos anos 1980, contou uma pequena história aos alunos de Ciências Agrárias. Disse o grande indigenista que, certo dia, ao ver um índio derrubar uma palmeira de açaí para lhe retirar o cacho e colher os negros frutinhos, perguntou-lhe: “Por que você não sobe e corta apenas o cacho, sem derrubar a palmeira?” O índio não entendeu: “Qual é o problema?” “Ora”, retrucou Villas Bôas, “evitar a devastação da floresta!” Mas o índio explicou: “Não se preocupe. Eu corto esta palmeira aqui, mas lá tem outra, outra lá adiante, tá cheio de açaizeiro por aí...”. Para o índio, era infinito o estoque de palmeiras. Podia surrupiar à vontade. Sem entender a História não se compreende a questão ambiental de nosso tempo. A pressão sobre os recursos naturais do planeta tornou-se um problema apenas após a


intensa industrialização do século 19. Sua plena percepção ocorreu tão somente há 50 anos, quando a agenda da degradação entrou na preocupação pública. Quem criou o problema ecológico foi à explosão populacional humana. Nem os brasileiros coletores da floresta, nem os índios norte-americanos caçadores de bisões tinham pensamento ecológico. Estes, quando descobriram os rifles dos mercadores de peles, ajudaram a destruir, sem piedade, o rebanho dos peludos bichões. A tecnologia potencializou a destruição da natureza. No Brasil, a discussão sobre ecologia e tamanho da propriedade permeia os estudos sobre reforma agrária. Os agraristas ortodoxos, normalmente de origem comunista, nunca mostraram nenhuma predileção pelo tema da preservação ambiental. Sempre propugnaram pela desapropriação das “áreas ociosas” no campo, pouco se importando se elas estavam cobertas com florestas originais. Sua visão produtivista se aproximava da manifestada pelos desbravadores do território, com a diferença, claro, de que a terra deveria estar dividida, não concentrada. Menos mal. Na história da reforma agrária brasileira contam-se infindáveis casos em que os projetos de assentamento rural recaíram sobre valiosas áreas naturais, seja em florestas densas do Pará ou de Mato Grosso, seja nos remanescentes de mata atlântica interiorana, seja nos frágeis ecossistemas litorâneos do sul da Bahia ou no Rio Grande do Norte. Onde procurar se acha um estrago ecológico, cometido em nome do combate à miséria rural. O complicado tema veio à tona da opinião pública em 1997, num relatório apresentado à CPI do Congresso Nacional que investigava a atuação de madeireiras asiáticas na Amazônia. O então deputado federal Gilney Vianna, do PT-MT, demonstrou que 50% do desmatamento da região advinha dos assentamentos de reforma agrária. Os pequenos desmatavam tanto quanto

os grandes. Deu um quiproquó na esquerda. Nota do núcleo agrário do PT desmoralizou o relatório e enquadrou seu político rebelde, baixando o silêncio sobre o assunto. A senadora Marina Silva, defensora dos assentamentos extrativistas, também se aquietou. Mas não havia como tapar o sol com a peneira. Os sem-terra, tanto quanto madeireiros e grandes fazendeiros, faziam arder à floresta sem dó. Machado e motosserra não têm ideologia. Novos estudos, mais recentes, especialmente os conduzidos pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), comprovam que boa parte da pressão contra a floresta amazônica se origina da reforma agrária. Sem maldade. Nem exclusivo é da Hileia. Na caatinga nordestina, que sofre uma tremenda ameaça, a lenha vira cinza na cozinha das famílias pobres do Semiárido. Subsistência básica. Quando Carlos Minc ainda ocupava o Ministério do Meio Ambiente, patrocinou-se uma proposta estranha que concedia brechas no Código Florestal para os agricultores familiares, discriminando os demais produtores. Nada indica que esse favorecimento ajude a preservação ambiental do País. Reservas florestais belíssimas são mantidas por grandes fazendeiros. A ideia do “small is beautiful” serviu a Ernest Schumacher, um visionário escritor inglês de origem germânica que defendia, na década de 1970, as tecnologias brandas, menos intensivas em recursos naturais. Seu famoso livro com esse título inspirou esse viés do ambientalismo, ultrapassado pelo avanço da tecnologia. Qualidade ambiental independe do tamanho do negócio rural. Passarinhos que o digam. Eles nunca perceberam distinção entre as crianças que os caçam impiedosamente com estilingue e os adultos que os aprisionam para cantar na gaiola. Quem faz a diferença é a consciência humana. Depende da educação.

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Fotos: Arquivo Pessoal

perfil profissional

A mulher em evidência: A zootecnista Helaine Prates conta sua história “Gostar do que faz, ser humilde e aprender com as dificuldades do mercado”. Essa frase, que vale para qualquer profissão, foi dita por Helaine Oliveira Prates, 35 anos. O Perfil Profissional dessa edição apresenta para você leitor, um pouco da carreira desta zootecnista. Ela é natural de Teixeira de Freitas (BA), porém mora em Medeiros Neto desde o nascimento e acrescenta que hoje ela vive dentro de um carro percorrendo as estradas baianas por causa do atual emprego. Em janeiro de 2000, aos 23 anos, começou sua jornada na profissão quando ingressou na faculdade de zootecnia, em Itapetinga. Devido algumas greves que aconteciam na universidade estadual, transferiu o curso para uma universidade particular de Vila Velha (ES), onde se formou. Entretanto, sua ligação com o campo começou bem antes. Filha de produtor rural, Prates foi criada na zona rural. “Sempre tive jeito e vocação para área de agrárias, principalmente no que se diz respeito à organização de eventos agropecuários, estética e produção animal, principalmente de equinos e bovinos de corte. Nas minhas pesquisas eu descobri que a zootecnia era o que

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mais me direcionava ao que eu gostava de fazer”, explica. Desde o primeiro ano da faculdade, a zootecnista informa que participava e organizava eventos agropecuários, selecionando os melhores animais para produção, com o auxílio do Dr. Armando Leal do Norte, uma lenda da medicina veterinária, com quem fez estágio. Sua vida acadêmica esteve voltada para os estágios nas áreas de bovinocultura de corte e leite, além dos equinos. O primeiro emprego foi em 2009, como professora substituta no curso Técnico em Agropecuária no Colégio Estadual Deolizano Rodrigues de Souza, em Medeiros Neto. Entre as principais experiências profissionais está a de coordenação dos campeonatos do Cavalo Mangalarga Marchador em Teixeira de Freitas e em Arraial D’Ajuda. Atualmente trabalha como Promotora Técnica, em uma distribuidora de medicamentos veterinários e nutrição pet. É responsável pelo treinamento de equipes das lojas atendidas pela distribuidora, ministra palestras e divulga os produtos veterinários em eventos. No campo desenvolve trabalhos técnicos ligados à empresa como treinamento e capacitação dos funcionários de seus clientes, atividade que já exercia nas propriedades assistidas por ela antes de ingressar nessa distribuidora. Quanto à vida acadêmica, informa que no momento não se vê em uma sala de aula porque gosta de trabalhar no campo. E as oportunidades e perspectivas na área? Prates aponta que estão cada vez mais favoráveis. “Temos que produzir muito em espaços cada vez menores e isso exige mais tecnificação e seleção. Temos que produzir mais e gastar menos. Nós zootecnistas temos armas para isso, pois produção e custo é o nosso desafio preferido”.


Prof. Ruibran dos Reis

Prof. da PUC Minas Diretor Regional da Climatempo - Minas Gerais

Imagem ilustrativa

meteorologia

Inverno mais úmido neste ano

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os meses de junho, julho e agosto há um declínio acentuado das chuvas nas regiões dos Vales do Rio Doce e Mucuri em Minas Gerais, devido uma maior presença da massa de ar Tropical Marítima, que atua entre o Brasil e a África. Este é um processo que atua todos os anos, daí não se devem esperar chuvas significativas para esta época do ano. O Fenômeno La Niña, que está associado a temperaturas baixas das águas do oceano Pacífico na Costa do Peru e do Equador, atuou durante o período chuvoso 2011/2012, mas entrou em dissipação no mês de março. Portanto, as condições agora são de uma situação normal, e o normal é não ocorrer chuvas nesta época do ano em boa parte de Minas Gerais. As chuvas ocorridas nos meses de fevereiro, março e abril ficaram abaixo da média histórica nas regiões leste e nordeste de Minas Gerais. Devido a este fato, a porcentagem de água disponível no solo caiu muito rápida neste ano, com valores entre 20 e 25%. Como consequência a pastagem secou mais cedo. Mas o que se está observando é que as frentes frias estão chegando com facilidade em Minas Gerais, e a sua passagem pelo litoral da região Sudeste poderá trazer chuvas leves nos próximos meses. Apesar das chuvas serem fracas, vão ser fundamentais para diminuir o número de focos de incêndios, tão comum nesta época.

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mercado

Vendas de sêmen importado e participação dos estados na comercialização Douglas Coelho

Zootecnista | Scot Consultoria

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om base nos dados do Index da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) analisamos as vendas de sêmen importado em 2011. A maioria do sêmen importado de raças de corte comercializado no Brasil é da raça Angus. A participação nas vendas de sêmen da raça foi de 86,6%. Em segundo lugar está a Brangus, com 4,0% das doses importadas para corte. Em terceiro e quarto lugares estão a Hereford e Charolês, com, respectivamente, 2,8% e 1,4% das doses. Figura 1.

(nacional e importado) de sêmen de raças de corte. A comercialização de sêmen no ano passado foi bem dividida. Figura 2. Figura 2. Participação de cada estado nas vendas totais de sêmen de raças de corte em 2011

Figura 1. Participação das vendas de sêmen das principais raças de corte no total de sêmen importado comercializado em 2011

Fonte: ASBIA / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br Os estados que mais comercializaram o produto foram: o Mato Grosso, com 15,3%, e o Mato Grosso do Sul, Fonte: ASBIA / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br com 13,8%. Em seguida estão Goiás, com 11,6%, e São Paulo, com 9,4%. Deve se considerar que com o patamar em alta em que As participações dos estados em quinto e sexto lugares o dólar se encontra, as importações podem ser afetadas. no ranking foram próximas. Minas Gerais representou 8,6% Analisamos também a distribuição das vendas totais das vendas de sêmen para as raças de corte, e o Pará, 7,9%.

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Imagem Ilustrativa

Produção brasileira de leite cresceu 3,9% em 2011 por Jéssyca Guerra

Zootecnista | Scot Consultoria

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volume de leite captado pelos laticínios brasileiros no último trimestre de 2011 foi de 5,9 bilhões de litros (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE). O número se refere à produção formal de leite, estimada ao redor de 70,3% do leite produzido no país. Em relação ao mesmo período de 2010, a captação aumentou 5,4%. Em relação ao trimestre anterior houve alta de 10,7%. Figura 1.

leiras no último trimestre, com exceção do Nordeste, cujo pico ocorreu no primeiro. Em 2011, o volume de leite captado foi de aproximadamente 21,8 bilhões de litros, 3,9% mais, frente aos 21,0 bilhões de litros captados em 2010. Figura 2. Figura 2. Volume de leite captado anualmente – em milhões de litros

Figura 1. Captação trimestral de leite formal – em milhões de litros

Fonte: IBGE. Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

Imagem Ilustrativa

Nos últimos cinco anos a produção de leite brasileira Fonte: IBGE. Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsulto- cresceu, em média, 5,1% ao ano. A tendência para 2012 é ria.com.br de crescimento na produção, mas devido à seca que afetou e vem afetando diversos estados brasileiros, entre eles Paraná e Observa-se que o quarto trimestre é o período de maior cap- Rio Grande do Sul, importantes produtores de leite, a tendêntação. Este pico de produção ocorreu em todas as regiões brasi- cia é que o crescimento seja menor que em 2011.

Análise Conjuntural - CEPEA – CAFÉ Análise do mercado cafeeiro elaborada pelo Cepea. Equipe: Dra. Margarete Boteon, Caroline Lorenzi e Mayra Viana

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rábica – Os preços do arábica no físico brasileiro seguiram em queda em abril – vale lembrar que o movimento de baixa persiste desde o início deste ano. As quedas em abril, especificamente, ocorreram de forma menos intensa em relação aos meses anteriores. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 379,53/saca de 60 kg em abril, 2,1% menor que a de março. A temporada brasileira 2011/12 de café, que deve ser encerrada oficialmente em junho, foi um marco em termos de consumo interno do grão. Dados da Organização Internacional do Café (OIC) divulgados em abril indicaram que a demanda brasileira aumentou 5% em comparação com a safra 2010/11, totalizando cerca de 20,3 milhões de sacas de 60 kg. Considerando-se as últimas 12 temporadas, o aumento na demanda nacional é de expressivos 53,6%. O consumo aumentou também em vários outros países na atual safra. Conillon – Em meados de abril, a colheita de robusta do Espírito Santo (safra 2012/13) foi iniciada. Agentes consultados pelo Cepea comentaram que, até o final do mês, os trabalhos de campo

haviam sido iniciados em cerca de metade das lavouras do estado. A expectativa é de que em maio a colheita seja intensificada, com praticamente todas as lavouras capixabas em atividade. Com produtores do Espírito Santo focados nas etapas de secagem e beneficiamento do café, eram poucos os que possuíam grãos da safra nova para comercialização e entrega imediata em abril. Além disso, uma parte do café que foi colhido teria como destino o cumprimento de contratos, cuja entrega combinada era a partir de abril. Em abril, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima teve média de R$ 248,66/saca de 60 kg, queda de 2,6% em relação à de março. Para o tipo 7/8 bica corrida, a média mensal foi de R$ 240,68/saca de 60 kg, 2,4% menor no mesmo período.

Cotações Junho 2012 / Coocafé Arábica Bebida Dura Tipo 6 | R$ 340,00 Rio Tipo 7 | R$ 310,00 Cereja Descascado Fino | R$ 360,00 JUNho 2012

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cotações

Boi Gordo

mercado futuro (BM&FBovespa) 04/12

(R$/@) Indicadores Eslaq / BM&F Bovespa boi Gordo

vencimento

Ajuste (R$/@)

Var. (R$)

Jun12

93,94

-0,16

data

à vista

A prazo

Jul/12

96,50

0,00

30/05

93,01

93,94

Ago/12

97,60

-0,15

31/05

92,86

93,77

01/06

92,28

93,44

Fonte: BeefPoint

Fonte: BeefPoint

preços do leite

(R$/L)

cotações do leite cru preços pagos ao produtor SP

PR

0,8037

0,8969

0,8430

0,8565

0,7566

0,8435

0,8220

0,8083

0,8733

0,8385

0,8396

0,7408

0,8269

Fev / 12

0,8388

0,8286

0,8681

0,8355

0,8480

0,7353

0,8338

Mar/12

0,8640

0,8427

0,8742

0,8304

0,8880

0,7624

0,8206

Abr/12

0,8828

0,8502

0,8874

0,8338

0,9122

0,7760

0,8218

Mai/12

0,8916

0,8519

0,8956

0,8347

0,9169

0,8475

0,8191

R$/litro

MG

RS

Dez/11

0,8400

Jan /12

GO

BA

SC

Fonte: Cepea - Esalq/USP

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mão na massa

Saiba como fazer um comedouro de pássaros reutilizando PET Foto: Heidi Borchers

Foto: Family Fun

Retirado do site Ciclo Vivo

Alimentador de Pássaro nº 2

Alimentador de Pássaro nº 1

É

divertido alimentar os pássaros em qualquer época do ano. No entanto, dependendo do comedouro, a “brincadeira” pode ficar cara. Para solucionar os problemas financeiros e atrair uma boa variedade de pássaros, construa seu próprio alimentador, reutilizando materiais. Abaixo estão duas opções que podem enfeitar o seu quintal, ambos feitos com garrafas PET. 1. Este alimentador de pássaro reciclado tem um design rústico. Para montá-lo serão necessários, duas garrafa PET (uma pequena e uma grande), tinta à prova d’água, fio de nylon e casca de árvore. As garrafas precisam ter tamanhos diferentes para que o telhado possa ser feito. Corte a parte superior da garrafa maior, na altura da primeira linha. A seguir, corte logo abaixo do gargalo. A garrafa vai ficar com um aspecto de “saia”, que será encaixada na garrafa menor. Este será o telhado. A seguir, faça uma abertura circular na lateral da garrafa pequena. É necessário fazer um furo logo abaixo da abertu36

JUNho 2012

ra, para poder encaixar o puleiro, e outro furo na mesma direção, do lado oposto da garrafa. Para o puleiro, é possível usar um galho, que transpassa os dois lados da garrafa. Feito os cortes, passe uma lixa para aparar as rebarbas ou cole uma fita adesiva colorida para não machucar. Se desejar colorir o comedouro, passe a tinta na cor desejada e espere secar. Faça um furo na tampa da garrafa pequena, passe um fio de nylon, dê um nó [na parte de dentro]. Coloque a comida do passarinho até a altura da entrada do buraco, para que o pássaro alcance a comida, mas que não caia de dentro. A seguir, cole as cascas de árvore com cola quente, em volta da “saia” feita com a garrafa grande. Faça várias camadas para dar a aparência de um telhado e proteger bem a entrada. Encaixe as partes e tampe a garrafinha. Agora, basta pendurar seu comedouro no quintal. 2. Este comedouro é muito mais simples de ser feito. Serão necessárias apenas uma garrafa PET, do tamanho que desejar e duas colheres de pau. Faça dois pares de furos opostos, onde ficará preso o cabo da colher e um pouco mais largo na parte da boca, para que a comida possa sair pelo furo. Coloque a colher e faça um furo na tampa para amarrar o fio. Acrescente a comida e o comedouro está pronto para atrair os pássaros para seu quintal. Deixe-os à sombra.


cultivo de seringueira

A

seringueira é uma árvore, de até 30 metros de altura e 60 cm de diâmetro, que tem como origem a bacia do Amazonas e, além do Brasil está presente na Bolívia, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Suriname e Guiana, onde mais de 10 espécies, da família euphorbiaceae são encontradas, se destacando a Heveae brasiliense pelas suas características genética e capacidade produtiva. O Brasil ocupa o nono lugar na produção mundial, com aproximadamente 1,4% do total. A produção mundial não está crescendo em proporção em ofertar quantidade suficiente para atender a demanda crescente (projeções até 2020). Nesse sentido a renovação de seringais antigos e o incentivo à implantação de novos cultivos, além da manutenção de um preço favorável da borracha natural no mercado internacional, são medidas que devem ser adotadas para suprir esse déficit no Brasil e no mundo. São Paulo é o primeiro produtor nacional de borracha natural (49%), seguindo-se Mato Grosso (20%), Bahia (11%), Espírito Santo (5%) e outros Estados de um total de 95,5 toneladas em 2002. Em Minas Gerais a produção atual é de 4,5 mil toneladas em 3 mil hectares plantados, distribuídos em quase todo o Estado. A borracha da seringueira ainda é imbatível na composição de pneus, além de ser usada para produção de um variado número de utensílios, devido a suas características não encontradas nas borrachas sintéticas. O cultivo da seringueira situa-se, em condições favoráveis, entre 24º de Latitude norte a 25º de latitude sul, temperatura média anual acima de 20º C, não sujeitos a geada, precipitação anual acima de 1.200 mm, déficit hídrico não superior a 50 mm, exigente em solos profundos e bem drenados. Para o estabelecimento com sucesso o empreendedor necessita de: conhecimentos (das interações de fatores envolvidos a fim de que todo o potencial da planta possa ser traduzido em produção), bom

Eng.º Agrônomo Edirson Ramos de Oliveira Extensionista Agropecuário II Esloc Tumiritinga - EMATER-MG

planejamento de sua capacitação e acompanhamento técnico especializado, plantio de mudas de qualidade, clones produtivos e de boa adaptação à região, em áreas não expostas a ventos de topografia que permita a fim de facilitar manejo e os tratos culturais e práticas em relação à conservação do solo. A densidade recomendada para a cultura da seringueira deve ser ao redor de 500 plantas por hectare (8,0m x 2,5m). A implantação de um seringal gira em torno de R$ 7.000,00 por hectare, o retorno financeiro do investimento gira em torno de 18% ao ano até o 12% ano. Existem linhas de crédito para atendimento ao agricultor familiar no Pronaf e, também, para atender agricultores empresariais como propflora ou ABC que tem carência de até 8 anos e de 12-15 anos para amortização. Alguns aspectos favoráveis à heveicultura baseados nos pilares de sustentabilidade: Ambientalmente correto: sequestra tanto carbono como uma mata nativa; plantio em áreas degradadas; pode ser explorada como área de reserva legal dependendo do manejo e legislação pertinente; recuperação e proteção de solos; preservação de mananciais e permite consórcio com algumas culturas (diversificação). Socialmente justo: fixa o homem no campo, melhora a qualidade de vida (reflete saúde, educação, transporte, etc.). Economicamente viável: retorno financeiro ao produtor e ao seringueiro e geração de tributos. Imagem Ilustrativa

emater

Heveicultura:

Fontes consultadas: 101 Culturas: Manual de tecnologias Agrícolas/Trazildo José de Paula Junior, Madelain Venzon coordenadores - Belo Horizonte: EPAMIG, 2007. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v28 n.237 e. 1-124 mar./abr. 2007 - Epamig Revista Lateks, nºs 4, 9, 10, 11, 12, 16 - Lateks Comunicação Ltda

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Imagem Ilustrativa

Marcelo de Aquino Brito Lima

Fiscal Estadual Agropecuário – IMA Coordenadoria Regional de Gov. Valadares

Fotos: Marieta Madureira

ima

Varíola Bovina

A

Varíola Bovina é uma doença que ataca principalmente as tetas das vacas e reduz a produção de leite. Causada por um vírus, nada tem em comum com a tradicional varíola humana, erradicada no mundo há mais de 20 anos. É uma zoonose, isto é, contamina também o homem, normalmente o ordenhador. Para o homem a doença pode ser transmitida por meio do contato do ordenhador com as feridas presentes nas tetas da vaca doente, durante a ordenha. Entre fazendas, a doença pode ser transmitida através do ordenhador, do trânsito de animais e de objetos como, por exemplo, o latão de leite contaminado pela mão infectada do ordenhador. Entre as vacas, a principal forma de transmissão é através do contato com a mão do ordenhador ou com o copo da ordenhadeira. Os bezerros adoecem quando mamam nas vacas doentes. Os sintomas da doença nas vacas em lactação: úbere quente e inchado, bolhas nas tetas das vacas que evoluem para feridas com formação de crostas e presença de pus. As lesões podem ser encontradas também no úbere, mamite, a vaca sente dor ao ser ordenhada – fica inquieta, provocando lesões nas pernas por causa da amarra de cordas. Já nos bezerros aparecerão bolhas e ou feridas na língua, gengiva e no focinho. Raramente outros animais (suínos, gatos, equinos, etc.) podem se contaminar, apresentando feridas em várias partes do corpo. No homem (ordenhadores), os sintomas são bolhas e feridas nas mãos e braços, mais raramente em outras partes do corpo, febre alta por 2 a 5 dias e dor de cabeça, ínguas debaixo dos braços. 38

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Os principais problemas causados pela doença são: dificuldade de ordenhar a vaca, queda na produção de leite, mamite, transmissão da doença para o bezerro, transmissão da doença para o ordenhador, gastos com medicamentos para tratamento dos ordenhadores e dos animais, os ordenhadores doentes ficam impossibilitados de trabalhar. Caso a varíola bovina seja detectada no seu rebanho é preciso adotar as seguintes medidas: separar e ordenhar, por último, os animais doentes; desinfetar o peito da vaca antes da ordenha e também as instalações, com soluções de cloro; lavar as feridas e lesões das tetas com produtos à base de iodo (iodo glicerinado); evitar que os bezerros mamem nas vacas logo após a aplicação dos medicamentos; usar luvas de borracha para fazer a ordenha e desinfetar as luvas com solução de cloro, entre uma ordenha e outra; não consumir o leite das vacas doentes; não transitar com animais doentes; comunicar ao IMA a ocorrência da doença e o ordenhador doente deve procurar o Posto de Saúde mais próximo. Produtor, fique atento! • Ao adquirir animais, verifique sempre sua procedência e estado de saúde. • Transporte somente com a Guia de Trânsito Animal (GTA) e com os exames e atestados de saúde exigidos. • No caso de qualquer suspeita de doença nos animais, procure o escritório do IMA em sua região.


idaf

O cultivo florestal no Espírito Santo e a importância do licenciamento Ademar Espíndula Junior

Engenheiro Agrônomo M.Sc Chefe da Seção de Licenciamento Florestal do IDAF Espírito Santo

D

ados mostram que o Espírito Santo tem boa aptidão para o cultivo florestal, que representa, atualmente, 30% das terras agricultáveis. Isso equivale a cerca de 900 mil hectares de terras com vocação preferencial (mas não exclusiva) para cultivo florestal. Em 2009, o Estado possuía cerca de 250 mil hectares de área plantada com eucalipto e mais 3.940 hectares de pinus, ocupando aproximadamente 10% da área agrícola e representando 3,8% da área de florestas plantadas do Brasil. Esse é um dos setores que mais cresce em área plantada nos últimos anos, com incremento médio anual de 4,29% no período de 2003 a 2009 (Incaper, 2009). Atualmente, as novas áreas florestais licenciadas substituem quase totalmente as áreas subutilizadas com pastagem. Isso demonstra o esforço que tem sido feito pelo Governo do Espírito Santo, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) para regularizar as atividades desse segmento e, assim, contribuir para a ampliação da cobertura vegetal. As atividades florestais no Espírito Santo geram aproximadamente 80 mil empregos diretos e indiretos e envolvem cerca de 28 mil propriedades rurais (fomentados ou produtores independentes), movimentando anualmente cerca de R$ 5 bilhões, ou seja, 25% do PIB do agronegócio estadual (IBGE, 2009). Mas é importante estar atento à importância de regularização das atividades de silvicultura. O licenciamento florestal é um Instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, que foi estabelecida pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. A principal função dessa fer-

ramenta é conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação do meio ambiente. Assim sendo, o licenciamento permite o controle da instalação e operação das atividades, visando preservar os recursos naturais para as sociedades atual e futura. A lei determina que é obrigação do empreendedor buscar o licenciamento ambiental junto ao órgão competente, desde as etapas iniciais do planejamento de seu empreendimento e instalação até a sua efetiva operação. No Espírito Santo, cabe ao Idaf realizar o licenciamento de plantios florestais. Até o final do ano de 2011, entre programas e projetos de reflorestamento, estavam licenciados junto ao Idaf cerca de 210 mil hectares de efetivos plantios florestais. Esses estão distribuídos em áreas pertencentes a empresas do segmento de celulose, plantios fomentados com as mesmas por meio de programas específicos e produtores independentes, sendo que quase a totalidade referente ao gênero Eucalyptus spp. Pelo licenciamento florestal estima-se que aproximadamente 200 mil hectares no Espírito Santo, situados em áreas de reserva legal e de preservação permanente (APP), estejam protegidos ou em processo de revegetação com espécies nativas da Mata Atlântica. Essa é uma grande conquista, que precisa ser incentivada e ampliada, afinal, o maior programa de recuperação do bioma Mata Atlântica no Brasil, feito por iniciativa privada e objeto de condicionantes das licenças florestais, está situado justamente em nosso Estado, com intervenção média anual de 1.300 hectares.

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aconteceu

Fotos: Lidiane Dias

13º Leilão da Cooperativa foi sucesso de público e negócios

Cerca de 1200 pessoas passaram pelo tatersal de leilões do Parque de Exposições José Tavares no dia 26 de maio, no 13º Leilão de Novilhas e Vacas Leiteiras da Cooperativa. Um evento tradicional que movimentou o agronegócio, atraindo cooperados e produtores rurais de toda a região, em busca de boas matrizes para melhorar o rebanho e aumentar a produção leiteira. O Leilão da Cooperativa já acontece há 13 anos e conquistou a confiança dos produtores rurais pela qualidade dos animais apresentados. Em 2011 o leilão movimentou mais de oitocentos mil reais e a diretoria da Cooperativa lançou a meta de um milhão de reais para este ano. Para a satisfação dos cooperados a meta foi atingida, pois foi movimentado no total R$ 1.014.024,00. “É uma alegria muito grande termos chegado

Parceria internacional vai fortalecer café de Minas no exterior

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Arquivo Emater

Capacitação de Agricultoras que fornecem pães e bolos para merenda escolar em Itaipé Doze agricultoras do município de Itaipé foram capacitadas no dia 09 de maio em Processamento de Alimentos e Boas Práticas de Manipulação, Embalagem e Rotulagem, pela Extensionista de Bem Estar Social da EMATER-MG, Katya Luisa Ramos Louzada Ribeiro. As agricultoras fornecem pães e bolos para a merenda escolar que atendem 1.800 alunos onde abrange a zona urbana e rural. A capacitação surgiu da necessidade de padronizar os produtos como também de inserir os estabelecimentos no SIM – Selo de Inspeção Municipal já existente no município, onde os trabalhos estão sendo acompanhados pelo técnico de vigilância sanitária Ted Franco. O município possui o Centro de Referência da Agricultura Familiar – CRAF, projeto adquirido através da Associação dos Agricultores Familiares de Itaipé e o PCPR. (Fonte: Katya Ribeiro/Esloc Itaipé Emater-MG)

a este valor. Isso é mais uma prova que estamos levando animais de excelente qualidade para nosso leilão”, comemorou Guilherme Olinto Resende, presidente da Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce. Foram leiloados 103 lotes, sendo 99 de vacas e novilhas, 4 de bezerras do projeto Crê$er Genética. O lote de maior cotação foi do cooperado Hélio Macedo de Queiroz e o maior comprador foi o cooperado Francisco Ivan Cortez dos Santos, que arrematou 19 lotes. “No Leilão da Cooperativa eu comprei e vendi vacas e também comprei novilhas. Estou muito satisfeito com os animais que adquiri e também fiquei feliz com os animais que eu vendi”, afirmou Santos. (Fonte: Juliana Rangel / Óbvio C. I.)

O programa de Certificação das Propriedades de Café de Minas Gerais (Certifica Minas), criado pelo governo do Estado, já é reconhecido pela Câmara de Comércio Sustentável da Holanda como um dos modelos mundiais de sustentabilidade. A informação é de Eduardo Sampaio, representante no Brasil da UTZ Certified, certificadora internacional que assinou um termo de cooperação técnica com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), no dia 21 de maio, em Belo Horizonte. Por meio do acordo, os produtores vinculados ao programa Certifica Minas poderão ajustar as boas práticas de suas propriedades ao código adotado pela UTZ Certified, criado à base do “EurepGAP”, que foi desenvolvido pelos varejistas europeus para garantir segurança alimentar e a utilização de práticas apropriadas na produção de frutas e vegetais. O processo de adequação será facilitado porque as práticas adotadas no Certifica Minas por meio de ações desenvolvidas pelo IMA e a Emater são muito semelhantes às do protocolo da empresa europeia. A cooperação deverá possibilitar diferenciais reconhecidos no mercado externo para a obtenção da certificação internacional da propriedade, qualidade e origem do café, após a auditoria definitiva a ser realizada por uma instituição independente. (Fonte: ASCOM SEAPA)


Programa Cultivar, Nutrir e Educar chega ao Jequitinhonha A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), por intermédio da Subsecretaria de Agricultura Familiar (SAF), realizou o quarto seminário regional para o lançamento do Programa Estruturador Cultivar, Nutrir e Educar, do Governo de Minas. O evento aconteceu nos dias 30 e 31/05, em Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, e teve também a participação do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e Emater-MG, vinculados à Seapa. “Esses encontros possibilitam a discussão de propostas para promover a edução alimentar e nutricional e fortalecer a agricultura familiar em Minas Gerais”, diz o superintendente da Secretaria de Agricultura , Lucas Scarascia. “O programa Cultivar, Nutrir e Educar prevê ações destinadas a tornar os agricultores familiares aptos a fornecer produtos de qualidade e conforme as normas de segurança alimentar.” A gestão do programa é compartilhada entre a Secretaria da Agricultura, Secretaria de Saúde, Secretaria de Educação e Secretaria Executiva do Comitê Temático de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (CTSANS). (Fonte: ASCOM SEAPA)

Foto: Heckel Junior

II encontro de secretários discute operacionalização de ações para convivência com a seca

“Queremos que tudo que já foi disponibilizado, a exemplo da renegociação e prorrogação de dívidas vencidas e a vencer até dezembro desse ano, crédito emergencial, aquisição de caprinos e ovinos, pela Conab, com doação simultânea e venda balcão de milho, chegue ao agricultor, amenizando os efeitos da longa estiagem”, afirmou o secretário da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, ao abrir na manhã do dia 22 de maio, no auditório da Fundação Luis Eduardo Magalhães, o II Encontro de Secretários Municipais da Agricultura. O evento, que reuniu centenas de secretários de Agricultura, teve o objetivo de explicar e discutir a operacionalização das ações emergenciais e estruturantes que o governo está adotando, e ouvir as sugestões dos titulares das pastas municipais. Além disso, o secretário estimulou a criação de Fóruns de Secretários de Agricultura por território, instância proposta pela Seagri para a discussão dos problemas e busca de alternativas. (Fonte: Ascom Seagri e Secom)

Embrapa sedia evento da Semana Nacional dos Alimentos Orgânicos Nos dias 28 e 29 de maio, a Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, sediou o I Seminário de Agroecologia do Recôncavo da Bahia. O evento é uma das atividades da VIII Semana Nacional dos Alimentos Orgânicos, promovida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em todo o país, por meio de campanhas sobre a importância da alimentação com produtos orgânicos e o fomento a ações de desenvolvimento da agroecologia, tanto em nível técnico quanto político. A Embrapa Mandioca e Fruticultura participa da Semana Nacional desde 2010, quando se tornou membro da Comissão da Produção Orgânica do Estado da Bahia. No dia 28, o seminário foi destinado apenas a produtores rurais e, no dia 29, a estudantes e profissionais da área. (Fonte: Léa Cunha/Embrapa)

Soja de minas na alimentação escolar A Soja de Minas foi destaque no 8º Fórum Nacional de Alimentação Escolar realizado entre os dias 24 e 25 de maio em São Paulo. Durante o evento, profissionais de nutrição de diversas prefeituras do Brasil degustaram, no estande da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), pratos com soja mais saborosa. A nova variedade de soja é resultante de 11 anos de pesquisas desenvolvidas através do Programa de Melhoramento Genético da Soja para Alimentação Humana da EPAMIG, juntamente com Embrapa e Fundação Triângulo, com o objetivo de desenvolver cultivares de sojas especiais para alimentação humana, com sabor mais suave, semente de maior tamanho e elevado teor de proteína. A Soja de Minas Nutry Soy, variedade BRSMG 800A, é semelhante ao feijão carioquinha no aspecto e na forma de preparo. Já a Soja de Minas Fit Soy, cultivar BRSMG 790A, apresenta coloração amarela. (Fonte: EPAMIG)

Governo anuncia, na FAEMG, R$ 4,5 bi para estocagem O cafeicultor brasileiro terá R$ 4,5 bilhões para estocagem na safra 2012/2013. O anúncio foi feito em reunião de lideranças nacionais do setor cafeeiro na sede da FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), em Belo Horizonte, pelo diretor do Decaf/Mapa (Departamento do Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Edilson Alcântara. O objetivo é ordenar o fluxo da safra brasileira 2012/2013, estimada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em 50,450 milhões de sacas de 60 quilos. Do montante de recursos, cerca de R$ 2,5 bilhões virão do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), a juros de 6,5% ao ano. O restante virá de bancos privados, a juros de 6,75% ao ano. (Fonte: ASCOM FAEMG) JUNho 2012

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Taça da felicidade de cupuaçu culinária

Receita enviada por Carolina Queiroz ao Site Tudo Gostoso

Ingredientes Pudim

• 4 ovos • 2 latas de leite condensado • 2 latas de leite (medida da lata do leite condensado) • 1 colher de maizena • Açúcar a gosto para caramelizar a forma Creme

• 1 kg de cupuaçu • 2 latas de leite condensado • 2 latas de creme de leite • Frutas para decorar, como cerejas, pêssegos, maçãs, 1 cacho de uvas • 1 pacote de biscoito champagne

Modo de preparação Pudim: Bata bem todos os ingredien-

tes no liquidificador. Despeje na forma com a calda do açúcar. Leve ao fogo em banho - maria até que o pudim esteja bem dourado. Desenforme após estar pronto e reserve.

Creme de cupuaçu: Bata todos os in-

gredientes no liquidificador e reserve.

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Montagem da taça: Em uma taça de vi-

dro grande ou em um refratário redondo grande e fundo, alterne o creme de cupuaçu, o pudim e os biscoitos, umedecidos levemente em um pouco de leite. A última camada deve ser de creme. Enfeite com o restante dos biscoitos e as frutas. Se quiser também pode colocar um pouco de doce de cupuaçu no meio das camadas e em cima para enfeitar. Leve a geladeira por 30 minutos, até gelar bem a sobremesa.

Informaçães Adicionais • Pode ser feito com maracujá ao invés de cupuaçu • Tempo de preparo 1h 40min • Rendimento 25 porções

Envie a sua receita para a Revista Agrominas jornalismo@revistaagrominas.com.br


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Classificados


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