Revista Evidências - Edição 09

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Revista Islâmica

Shawwal / Zul Qa’dah / Zul Hijjah 1430 (A.H.) - Outubro / Novembro / Dezembro 2009 (A.D.) - Ano 2 / Número 9

Juventude A outra face da beleza Brasil Como vivem os muçulmanos no país? Nós e a vida O direito e a obrigação

Alcorão e Ciência A importancia do aleitamento materno



Em nome do Altíssimo Revista Islâmica

Caro leitor,

Jornalista responsável:

Um dos grandes problemas da vida moderna é o vício do fumo. Hábito que provoca inúmeros males à saúde, ele afeta prejudicialmente não apenas o fumante, mas aqueles que estão ao seu redor. Por isso, sua prática é desaconselhada pelo Islã, uma religião que preza pelo bem-estar dos crentes. Nesta edição, trazemos matéria esclarecedora sobre o assunto, dando inclusive dicas práticas para parar de fumar. Voltamos a abordar, também, um tema fundamental e que desperta muito interesse do público em geral: o uso do véu. Em artigo muito bem escrito, Sayyed Sharif Sayyed Al-‘Amili, diretor-presidente da Revista Evidências, faz interessantes comparações sobre os dispositivos de proteção que diversos seres vivos – e até nós mesmos, dentro de nosso corpo – desenvolvem na natureza. Pois o véu – ou hijab – é a proteção da mulher. Trazemos ao Caro Leitor, ainda, informações muito interessantes sobre os milagres científicos do Alcorão Sagrado. Desta vez, o tema é o aleitamento materno. Hoje, instruídas pelas últimas descobertas científicas, praticamente todas as mães sabem da importância de tal ato para a saúde da criança. Os muçulmanos sabem disso há 14 séculos, pois a sua relevância está registrada no Livro Lúcido: “As mães amamentarão os seus filhos durante dois anos inteiros.” (2:233), prescreve Allah, Elevado e Exaltado seja. No mais, desejamos a todos os nossos amigos uma agradável e proveitosa leitura.

Departamento Jurídico

Que a paz esteja convosco!

“Em Nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso” “Enviamos os Nossos mensageiros com as evidências e enviamos, com eles, o Livro e a balança, para que os humanos observem a justiça.” Alcorão Sagrado (57:25)

Revista Islâmica Evidências

é uma publicação da Associação Beneficente Islâmica do Brasil CNPJ 43.759.802/0001-92

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Publicação Trimestral

Shawwal/Zul Qa’dah/Zul Hijjah 1430 (A.H.) Outubro / Novembro / Dezembro 2009 (A.D.) - Ano 2 / Número 9

Diretor-Presidente:

Assayyed Sharif Sayyed (Teólogo e Pesquisador em Pensamento Islâmico) sayyed@revistaevidencias.org

Vice-presidente:

Abdallah R. Hammoud

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Tradução:

Samir El Hayek (Matemático e Físico pela UNISA)

Omar Nasser Filho - MTB - 26164

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(11) 9911-2513 / (11) 3592-6398

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Os artigos publicados na “Revista Islâmica Evidências” não refletem, necessariamente, a opinião da revista. NOTA EXPLICATIVA: Ao longo dos textos de “Revista Islâmica Evidências”, o leitor encontrará algumas siglas e sinais particulares, os quais explicamos a seguir: Após a menção ao nome do Profeta Muhammad, segue-se uma letra “S” entre parênteses. Esta é a abreviatura da expressão arábe: “Salla allahu aleihi wa álihi wa sallam”, ou, traduzindo: “Deus o abençoe e lhe dê paz, bem como à sua Família”. Quando é citado o nome de um outro Profeta ou de um Ma’assum (isto é, pessoa imaculada), segue-se a sigla (A.S.), que significa: “aleihi salam” (A paz esteja com ele); “aleiha salam” (A paz esteja com ela); ou “aleihem salam” (A paz esteja com eles). Outra sigla utilizada é (R.A.), que significa “radi’allah an-hu (an-ha)”, ou “Deus esteja satisfeito com ele (ela)”. Revista Islâmica Evidências - 1


Revista Islâmica Evidências - Ano 2 - número 9

30

mensagem islâmica

SUMÁRIO

48

9

01 Caro leitor 03 Cartas do futuro 04 Religião O período do HAJJ

06 A Prece de segunda-feira Preces diárias

12

Interpretando o Alcorão

17

Mulher

20

Nós e a vida

22

S???????????

As esposas de Npé e Lot

Nossas Crenças 36 Sinais fundamentais da

44

Narrativas do Alcorão e da vida

Parte 10

Por que o uso do véu no Islã

O Direito e a Obrigação

A posição do Islã, quanto a globalização

51

Nossas Crenças A Beleza e a Feiúra Mental

Nossas Crenças Mensageiro de Deus, conversa conosco Perguntas e Respostas

As condições da alma

56 A outra face da beleza Valores

Sinais científicos do Alcorão 60 O tempo ideal para amamentação natural

62

Comportamento O Sexo na Ótica do islã

Jurisprudência 66 A Inseminação artificial, suas implicações e restrições

70 73 78

O Amor Atualidades Palavras Cruzadas


Cartas

Envie-nos sua opinião através de carta para: Revista Islâmica Evidências Rua Eliza Witacker, 17 - Brás São Paulo - SP - CEP 03009-030, ou pelo e-mail cartas@revistaevidencias.org

Deus, o Altíssimo, diz: “Em suas histórias há um exemplo para os sensatos” (12:111). Foi dito: “O sensato é quem aproveita a advertência dos outros, quem consulta as pessoas e participa de suas idéias.” Leitor, esta página é dedicada à sua participação: opiniões, pensamentos, críticas e sugestões. Basta enviar sua mensagem pela internet ou carta, citando sempre o seu nome, número do RG e endereço. Devido ao espaço disponível, algumas mensagens podem ser editadas. Desde já, agradecemos por sua contribuição.

Véu

Achei muito interessante a matéria da edição passada sobre o véu (“Por que o uso do véu no Islã?”). Apesar de morar no Brasil, país que tem uma cultura liberal, concordo com o ideal proposto pelo Islã. Não se trata apenas de um pedaço de pano sobre a cabeça, mas de toda a filosofia e justificativa que existe por trás do uso do hijab. Não perco uma edição. Parabéns! Alda Frazolin – Porto Alegre (RS)

Profundidade

Eu não tinha ideia de que a Religião Islâmica era tão profunda. Estava acostumado com a imprensa diária, com suas informações parciais e dirigidas contra os muçulmanos. É uma pena que a grande mídia não dedique mais espaço à mensagem de paz e encontro do Islã. Sou fã da Revista Evidências e desejo a vocês continuado sucesso! Salam! Everardo Dias Paes – Araçatuba (SP)

Cabeceira

A Revista Evidências foi um marco na minha vida de brasileira convertida. A Revista Evidências é uma leitura instrutiva, globalizada, que traz informações para toda a família, em vários aspectos da vida. Principalmente para nós, mulheres, que temos de vencer desafios da sociedade leiga dia-a-dia, como comportamento, perguntas... Enfim, a Revista Evidências para mim, é minha revista de cabeceira, para todo momento. Sugestão: Dediquem meia página para culinária árabe, com receitas fáceis de doces e salgados. Obrigada Maria do Carmo - São Paulo (SP) Resposta: Prezada Maria do Carmo, Obrigado pelos elogios. Quanto à sugestão de culinária, acompanhe as próximas edições. Salam! O Editor


Religião do futuro

A

Assayyed Charif Sayyed

s pessoas que acompanham as notícias de todos os países, na diversidade de suas organizações sociais e políticas, observam que não estão livres das notícias da Peregrinação (Hajj), que coincide com o mês de Zul Hijja, o 12º do calendário islâmico. A informação aborda, geralmente, do período da Peregrinação ao cumprimento dos rituais, uma obrigação para os muçulmanos. Porém, essa informação é veiculada não apenas por causa dos muçulmanos em si, mas principalmente devido

à surpresa dos não muçulmanos ao verem os corações dos verdadeiros crentes repletos da fé em Deus, glorificado seja, reunindo-se na condição de peregrinos, num verdadeiro exemplo de comunhão islâmica, sem nenhuma distinção. Nesse período, diluem-se todas as diferenças de classe, com o homem paupérrimo e o riquíssimo em pé na presença do Criador e do Profeta da Humanidade, Muhammad (S). Durante a Peregrinação, os crentes peregrinos se aconselham entre si na prática do bem,


Alcorão Divino, revelado por Deus. desejando assimilar todas as prédicas religiosas e todas as lições ministradas entre os grupos que Os não-muçulmanos, que olham as cerimôvêm de todo lugar, do mais próximo ao mais nias e os rituais da Peregrinação nas telas dos cadistante. Todos se acercam, desejosos de obter nais internacionais de televisão e os que ouvem o perdão divino pelos erros cometidos nos dias as estações radiofônicas que precederam a sua islâmicas, percebem que chegada à Terra Sagraa dimensão social, pacífida de Meca e Medina. No Hajj, diluem-se todas as ca e de crença da Divina Isso lhes proporciona Religião de Muhammad um sentimento de con- diferenças de classe, com o homem (S) é muito mais do que quista eterna à qual nepaupérrimo e o riquíssimo em pé os inimigos de Deus tennhuma outra se iguala. tam escondem sobre ela.

na presença do Criador

A participação de milhões de muçulmanos neste grande ritual coletivo reúne os filhos e as filhas de todas as escolas islâmicas de pensamento, sem qualquer diferença. Não há na Peregrinação qualquer distinção entre xiitas e sunitas, uma vez que seu Senhor é Um só, é Allah, exaltado seja, o seu Profeta é um só, Muhammad (S), seu Livro é um só, o

Pelo contrário, neste período a unidade muçulmana se fortalece e os relacionamentos humanos se estreitam. Na volta, após o cumprimento da obrigação do Hajj, os peregrinos livram-se dos erros e dos pecados cometidos para iniciar uma nova etapa na construção da pessoa, confiantes em Deus, glorificado e exaltado seja. Revista Islâmica Evidências - 5


Preces diárias

A Prece de Segunda-Feira “Louvado seja Deus Que não teve testemunha de ninguém quando criou os Céus e a Terra, nem teve auxiliar quando criou os zéfiros. Não tem parceiros na Soberania nem é rivalizado na Unicidade. As línguas são incapazes de descrevêlo, as mentes de imaginá-Lo. Os poderosos se tornam modestos perante a Sua Grandeza, os rostos se apuram em respeito a Ele, cada poderoso se curva perante o Seu Poder. Louvado seja com harmônica frequência, em sucessão possível. Que Sua paz e graça estejam com o Seu Mensageiro para sempre. Ó Deus, torna o início do meu dia orientação para a retidão, o seu meio prosperidade, o seu fim salvação. Peço refúgio em Ti de amedrontar-me no seu início, de inquietar-se no seu meio, e de sentir dor no seu fim. Ó Deus, peço o Teu perdão por todo voto, promessa e pacto que fiz e não cumpri. Peço por qualquer injustiça que cometi contra os Teus servos e servas direta ou indiretamente, contra eles ou contra sua honra, em seus bens ou familiares e filhos, contra qualquer calúnia ou maltrato, orgulho ou desdenho, exibicionismo ou fanatismo, presente esteja ou ausente, estando vivo ou morto, que por causa da minha insuficiência e incapacidade não lhe restitui, livrando-me da minha falta. Peço, ó Soberano de tudo e Quem concede tudo imediatamente, que conceda paz e graça a Mohammad e aos familiares de Mohammad, que o satisfaça por mim de acordo com o Teu desejo e que me conceda misericórdia, pois não Te falta perdão nem dádivas, ó o mais misericordioso dos misericordiosos. Ó Deus, concede-me cada segunda-feira duas dádivas: Felicidade no seu início pela obediência a Ti e felicidade no seu fim com o Teu perdão, ó Deus, e ninguém perdoa os pecados além de Ti.”


D

A Explicação da Prece

compensar os injustiçados e que os agracie. eus criou tudo sem que ninguém No final da prece de segunda-feira o pedido testemunhasse o ato e ninguém O é para que Deus conceda ao ser humano a feajudou. Ele não possui parceiro licidade no início e a obediência e a graça no algum, nem rival. Ninguém confinal, com o Seu perdão. segue descrevê-Lo, por mais que tente, nem as mentes conseguem conceber a Sua realidade. “Louvado seja Deus” é a frase que reEle é o Grande perante o Qual os grandes se sume a concepção da crença na Sagrada Dihumilham, o Compulsório perante o Qual os vindade e tem o sentido de louvá-lo de forpoderosos se apequenam. A prece apresenma absoluta, em todos os sentidos do termo ta tudo isso para despertar a sensibilidade do “louvor”, em seu mais alto padrão, porque os ser humano quanto à grandiosidade de Deus e Atributos Divinos incita a procurá-Lo para não se assemelham pedir, confiando n’Ele e a nenhum atributo Ó Deus, torna o início do meu sem sentir que pode redas criaturas. A excorrer a outro. dia orientação para a retidão, pressão: “Louvado

seja Deus” revela a “Concede-me no o seu meio prosperidade, expressão dos sentiinício de meu dia a rementos humanos em tidão em meu pensao seu fim salvação relação a Deus com mento e ato, cumulaa palavra de louvor me com o sucesso em misturada ao agradecimento que o ser humatodos os planos no seu meio e a salvação no no intenciona fazer, considerando que as dáseu fim, para que o meu dia seja, em todas divas de Deus com que Ele cumula os Seus as suas horas repleto com o que eleve o meu servos são um dos fenômenos da veracidade grau perante Ti. Ó Senhor, não permite que do louvor a Ele. Este termo é a expressão eso início do meu dia seja de medo e pavor, piritual perfumada com o significado da sernem o seu meio inquietude que possa me vidão e que parte das profundezas do coração desequilibrar e reduz a minha paciência. para atingir a proximidade de Deus, exalanQue no seu fim não haja dores que possam do agradecimento, louvor e amor. Por isso, me acontecer por meio de enfermidades que o método educacional no Islã considera essa possam atingir o meu corpo e espírito”. A expressão uma parte da recordação que o ser prece é dirigida, então, às práticas do ser huhumano faz de Deus, em todas as circunstânmano perante Allah, como os votos, promescias da vida. sas, pactos, e às injustiças cometidas, pedin“Que não teve testemunha de ninguém do perdão por elas. Então, pedimos para Deus Revista Islâmica Evidências - 7


“Os poderosos se tornam modestos perante a Sua Grandeza, os rostos se apuram em respeito a Ele, cada poderoso se curva perante o Seu Poder”, porque Ele é o Poderoso Que possui todo o poder, toda força. Não há poderoso que possa comparar-se a Ele, a não ser por intermédio da desprezível força limitada que Allah lhe concedeu. Ele é Quem pode removê-la com a Sua Vontade e meios ocultos, fazendo-o vacilar, débil, perante o Poder de Deus. Quando os poderosos se conscientizam disso, humilham-se perante A prece procura despertar Ele, com temor e reverência. a sensibilidade do ser humano

quando criou os Céus e a Terra”, porque é o Uno, o Único, Que não gerou ou foi gerado, o Eterno a Quem ninguém se iguala. Não há existência a não ser através do Iniciador da existência. Ele iniciou a criação dos céus e da terra com uma organização cósmica que é extensão das Suas leis e regras, que governam todos os fenômenos universais, querendo que o ser humano e os gênios se submetessem a elas, para que governassem as suas vidas. É a organização prudente e minuciosa que organiza a vida humana.

“Nem teve auxiliar quando criou os zéfiros”, porque é o Os rostos tenFortíssimo Absoluto a quanto à grandiosidade de tam se erguer na sua Quem nada enfraqueimaginação à Própria Deus e incita a procurá-lo ce para necessitar de Divindade, na posiajudante ou quem O ção de espanto diante auxilie na criação de da sacralidade e da verdade. Imediatamente todas as almas, gênios, humanos e outros secaem nos sentimentos de espanto, em situres. Ele é o Opulento e não necessita de Suas ação de reverência, perante a grandeza do criaturas, enquanto todas as Suas criaturas poder absoluto e da sabedoria criadora. Os d’Ele necessitam. grandes e poderosos, em todos os campos de “Não tem parceiros na Soberania, nem é grandeza e em todos os seus aspectos, estão rivalizado na Unicidade”. Ele é a Única Disubmetidos à Grandeza Divina, porque toda vindade, sendo que Ele e e a Sua Divindade grandeza não consegue se equiparar à d’Ele. formam um só mistério, sem multiplicidade, É Allah, o Compulsório, o Supremo, o Grannem dualidade e ninguém O ajuda na Sua de em todos os sentidos de louvor, Que é temido e não teme ninguém. Unicidade. Ele não necessita de ninguém no sentido de auxílio porque a Sua Unicidade “Louvado seja com harmônica frequênprescinde de tudo. cia, em sucessão possível.” A Ti Ó Senhor, “As línguas são incapazes de descrevêLo, as mentes de imaginá-Lo”, porque as línguas não possuem, dentro do sentido da fala, poder de conhecimento do desconhecido que oculta o Seu mistério, tampouco o ser humano possui os meios que o capacitem a descobrir os mistérios do desconhecido ocultos no Glorificado. 8 - Revista Islâmica Evidências

pertence todo o louvor, com freqüência, sem interrupção, em sucessão, sem interrupção, organizado, sem defeito, agregado. Somente Tu, Ó Senhor, merece ser louvado, não tens parceiros nisso. Eu, Ó Senhor, apresento o meu louvor por necessidade, seguindo a orientação da Nobre Tradição que diz: “Cada coisa que não se inicia com o louvor é falho.”


castidade, exceto para com os seus cônjuges ou cativas – nisso não serão reprovados. Mas aqueles que se excederem nisso serão os transgressores. Os que respeitarem suas obrigações e seus pactos, e que observarem as Allah é o Opulento e não suas orações, estes serão os herdeiros.” necessita de Suas criaturas, (23:1-11).

“Que Sua paz e graça estejam com o Seu Mensageiro para sempre.” Eu, além disso, solicito a Ti a paz e a graça ao Teu Profeta, Mohammad, em todos os tempos, e que a Tua paz esteja com ele para sempre.

“Ó Deus, torna o início do meu dia orientação para a retidão”, enquanto todas as para tornar a retidão o “O seu fim, saltema de tudo que penvação” nos planos Suas criaturas d’Ele necessitam so, para que eu trabaque faço para que lhe para ela, no que diz sejam de sucesso, respeito à minha responsabilidade perante alcançando os seus objetivos e obtenham o Deus e perante as pessoas. No que planejo seu fim. Tudo isso, para o dia de hoje, na sua quanto ao edifício baseado em fundamentos linha e concessão, um dia de retidão, de pros sãos e fixos, na retidão do país e dos servos, na reforma de minha alma no grau permitido por Deus, para obter a Sua satisfação em meus atos, em minhas palavras, em meu relacionamento e minha posição, nas questões gerais e particulares. “O seu meio, prosperidade” para se tornar o comportamento prático, o planejamento dinâmico, e seguir os caminhos lícitos de sucesso nesta vida e na Outra, de acordo com o que Deus confirmou em Seu Livro, quando falou do sucesso dos crentes por meio de suas características espirituais, morais e conduta, conforme os resultados do seu planejamento e execução. Deus, exaltado seja, diz: “É certo que prosperarão os crentes, que são humildes em suas orações, que desdenham a vaidade, que são ativos em pagar o zakat. Que observam a Revista Islâmica Evidências - 9


peridade e de sucesso, que eleve o nível de seu praticante, com muitas benevolências e poucas maldades. “Peço refúgio em Ti de amedrontar-me no seu início” pelo que enfrenta de temor e medo, tudo que desafia o ser humano na sua segurança pessoal ou a sua segurança na sociedade e na pátria.

em todo o seu sentido, um compromisso para mim, as pessoas e a vida, que é Tua. Senhor, infelizmente eu infringi o pacto e me desviei do seu cumprimento, sendo infiel a ele.

A promessa que fiz a mim mesmo e às pessoas, e que desejaste que a realizasse, em respeito à minha palavra e na dimensão de minha responsabilidade. Porém, a promessa não foi confirmada na prática e não se rea“De inquietar-se no seu meio”, de forlizou como prova da minha fidelidade. O ma que a pessoa perde o seu equilíbrio, seus meu pacto - quiseste que eu fosse fiel a ele sentimentos de temor e tristeza diminuem a - é o constante nas Tuas palavras: “Cumpri sua paciência, reduzindo-a à situação de ino convencionado, porque o convencionado quietude, fazendo-a perder a consciência das será reivindicado.” (17:34). “Cumpri o pacto coisas, a sua capacicom Deus, se o houdade de análise e a sua verdes feito, e não posição natural, não É Allah, o Compulsório, perjureis depois de se firmando nem se haverdes jurado soo Supremo, o Grande em todos equilibrando, gritanlenemente.” (16:91). do, sem concentração, os sentidos de louvor, Imprimiste, Senhor, pela dor, ruína e pelos Teu chamado aos Que é temido e não teme ninguém no problemas. Por isso, o israelitas, a fidelidade Islã censura a inquieao Teu compromistude por falta de paso e a fidelidade deles ao seu compromisso ciência pela sentença de Deus, confortando con’Tigo. Disseste em Teu Livro Sagrado: o ser humano nos momentos de decepção e “Cumpri o vosso compromisso, que cumpritristeza. rei o Meu compromisso e temei somente a Mim.” (2:40). Assumi muitos compromisso “E de sentir dor no seu fim”, pelo que con’Tigo e com as pessoas, porém, distanacomete o ser humano de enfermidades que ciei-me do cumprimento e da fidelidade a atingem o corpo e a alma. De Ti, Ó Senhor, eles. Falhei no cumprimento da promessa, tenho medo, a Ti recorro, e em Ti me guardo compromisso e do pacto, desobedecendo do. Peço refúgio em ti que para me proteger: as Tuas ordens e me rebelando contra Ti. Por “... porque tropeçareis, depois de haverdes isso, peço perdão, esperando o Teu perdão e pisado firmemente.” (16:94). És, Senhor, o indulgência, pois Tu és Indulgente e Quem Poderoso e tem poder sobre todas as coisas, perdoa. não há força nem poder a não ser em Ti, Ó

Misericordiosíssimo!

“Ó Deus, peço o Teu perdão por todo voto, promessa e pacto que fiz e não cumpri.” Peço perdão a Ti por isso, porque me comprometi perante Ti, sendo minha promessa, 10 - Revista Islâmica Evidências

“Peço por qualquer injustiça que cometi contra os Teus servos e servas.” As injustiças contra os Teus servos, que são os direitos das pessoas sobre alguém. “direta ou indiretamente, contra eles ou


contra sua honra, em seus bens ou familiares e filhos, contra qualquer calúnia ou maltrato, orgulho ou desdenho,” ou seja, sentimentos de intolerância contra o próximo, acusando-o caluniosa e falsamente, sem fundamento.

“ou fanatismo”, inimizade, ciúme, ódio, radicalismo quanto a uma certa opinião.

e não encontro para isso um meio, devido à

minha incapacidade de pagá-los. Por isso, recorro a Ti, Senhor, arrependido, pedindo-Te que intervenha na indenização com os Teus tesouros inesgotáveis e Tuas dádivas infindáveis, Tua generosidade ilimitada, para receberem de Ti os seus direitos sobre mim. És Quem supre as necessidades de Teus servos e restitui seus direitos. Teu perdão é concedido a quem desejas, pois Tu és o Zeloso e o Fiador de todos os Teus servos.

“exibicionismo, presente esteja ou ausente, estando vivo ou morto, que por causa da minha insuficiência e incapacidade não lhe restitui, livrando-me da minha falta. Peço, ó Soberano de tudo e Quem concede tudo ime“Ó Deus, concede-me cada segunda-feidiatamente, que conceda paz e graça a Mora” - de Tuas dádivas, nas quais reside a mihammad e aos faminha felicidade, minha liares de Mohammad, salvação nesta vida e O Islã censura que o satisfaça por na Outra - “duas dámim de acordo com o a inquietude por falta de divas: Felicidade no Teu desejo e que me seu início, pela obedipaciência pela sentença conceda misericórdia, ência a Ti”, seguindo pois não Te falta perde Deus, confortando o ser humano o que me ordenaste dão nem dádivas, ó o e evitando o que me mais misericordioso proibiste, porque a dos misericordiosos.” São as trevas das pesobediência a Ti, ó Senhor, é salvação para os soas, que surgem de suas próprias tendênobedientes. Peço-Te que me conceda o olor cias de matança, ferimento, perseguição, agir contra a honra e a dignidade, ou contra seus da obediência e que ela seja uma obediência bens, usurpando-os, ou contra suas famílias, de abertura espiritual, que me aproxime de Ti prejudicando-as de várias formas, cometendo e Te satisfaça, “e felicidade no seu fim, com o maldades contra elas, expulsando seus filhos Teu perdão”, pelos pecados que cometi neste e os castigando, ilicitamente, caluniando-os, meu dia. Essa é a melhor das dádivas, a felimostrando as suas falhas ocultas e difamandocidade que me cumula por toda a minha vida, os, ou acusando-os injustamente e imerecidapois nisso reside a abertura de meu destino mente, ou com exibicionismo e insinuações, para todo o bem. que revelam a soberba do orador, desprezando “ó Deus, e ninguém perdoa os pecados ao outro, ou o fanatismo tribal, pessoal, partialém de Ti”, porque somente Ele possui o darismo ou coisa similar, quer essas injustiças perdão de todos os pecados de Seus servos. sejam dirigidas aos ausentes ou aos presentes, aos vivos ou aos mortos. Assumo, Senhor, a É Quem perdoa sem enfraquecimento, mas posição de arrependido pelo que pratiquei e com poder absoluto, força vencedora, que tento livrar-me pedindo perdão aos ofendidos zela por todos os assuntos.

Revista Islâmica Evidências - 11


Interpretando o Alcorão

Assayyed Sharif Sayyed

Exegese do Alcorão Sagrado

Parte 10

Allah não Se furta em exemplificar com um insignificante mosquito ou com algo superior (ou inferior) a ele. E os crentes sabem que esta é a verdade emanada de seu Senhor. Quanto aos incrédulos, asseveram: Que quererá significar Allah com tal exemplo? Com isso Ele desvia muitos e encaminha muitos outros. Mas, com isso, só desvia os depravados.” (2:26). 12 - Revista Islâmica Evidências


O

s opositores do Islã utilizaram a pequenez da fêmea do mosquito e da mosca como uma forma de depreciar as parábolas do Alcorão. Porém, se fossem justos e olhassem fixamente para estes pequenos insetos, teriam encontrado coisas extraordinárias quanto à criação, formação e precisão de suas estruturas, características que causam perplexidade à mente e à inteligência. Allah usou a fêmea do mosquito como exemplo porque, apesar de sua pequenez, ela é dotada das mesmas estruturas básicas contidas num enorme elefante. Allah, glorificado seja, quis com isso chamar a atenção dos crentes a respeito da delicadeza de Sua criação e da maravilha de sua formação. Allah é o Senhor do grande e do pequeno, Criador da fêmea do mosquito e do elefante. O milagre na fêmea do mosquito é o mesmo existente no elefante: É o milagre da vida, do segredo oculto, que somente Allah conhece. A lição do exemplo não está no volume e na forma, mas no esclarecimento.

ser humano sinta a picada. O que a vítima sente como picada é o resultado de chupar do sangue. A fêmea do mosquito possui, ainda, um sistema para análise de sangue. Ela não chupa qualquer sangue. Sem falar na enzima anticoagulante para fazer fluir o sangue em sua finíssima tromba. Pensa-se que o mosquito é um inseto chupador de sangue e que ele vive desta substância, apenas. Isso, porém, não é verdade, apenas a fêmea o faz. Talvez a citação de Allah, glorificado seja, citando o mosquito na forma feminina seja um tipo de milagre em si, porque a fêmea do mosquito é mais forte e mais complexa. O macho só aparece na época do acasalamento. A fêmea não chupa o sangue para se alimentar dele, porque o seu alimento é o néctar das flores, mas o faz para alimentar seus ovos, que necessitam de proteína para crescer. Podemos afirmar, em outras palavras, que ela conserva a continuidade da espécie com esse método, chupando sangue para alimentar os descendentes.

O milagre na fêmea do mosquito é o mesmo existente no elefante: É o milagre da vida, do segredo oculto, que somente Allah conhece

A cada dia há novas descobertas a respeito dessa débil criatura. Os cientistas descobriram recentemente que a fêmea do mosquito consegue saber a localização do ser humano através da respiração dele. Allah concedeu ao mosquito técnicas com as quais consegue captar o dióxido de carbono que o ser humano expele. Ela analisa a sua quantidade e origem. Os cientistas confirmam que esse inseto tem uma sensibilidade extraordinária quanto ao dióxido de carbono. Ele possui poderes superiores a qualquer equipamento feito pelo ser humano! A fêmea de mosquito possui cem sensores na cabeça e 48 dentes na boca, três corações, seis “facas” em sua tromba, cada uma com uma função. Possui três asas de cada lado, sensores de calor que funcionam como raios ultravioleta. Sua função é refletir a cor da pele humana no escuro em cor violeta para que possa ser vista. Além de tudo isso, tem uma enzima anestésica que a ajuda a injetar a sua proboscis (agulha) sem que o

A fêmea de mosquito utiliza técnicas que nos deixam perplexos: Quando ela fixa um alvo, primeiro cheira o sangue para saber se é conveniente ou não. Se não for, procura outro alimento. Após certificar-se que o tipo de sangue é conveniente, a fêmea do mosquito começa a procurar um local propício na pele da vítima, fino, que possua uma boa quantidade de sangue, como as veias. Então, determina o local por intermédio da tromba, borrifa o local com uma enzima anestésica e emprega a sua proboscis para chupar o sangue. A pele não é perfurada pela proboscis, como se imagina, mas com a mandíbula superior, que parece uma faca. A mandíbula inferior possui dentes inclinados para dentro que funcionam como serrote. A pele é perfurada com a ajuda da mandíbula superior, que opera como faca. No lugar perfurado, a proboscis penetra, atingindo a veia, e começa a chupar o sangue.

Revista Islâmica Evidências - 13


Como é sabido, quando sai sangue do corpo humano, em pouco tempo e com a ajuda de enzimas existentes no corpo começa a coagulação no local. Por isso, a enzima causa grandes problemas para a fêmea do mosquito, porque a perfuração causada por ela fecha em pouco tempo e isso significa que não poderá chupar o sangue. A fêmea do mosquito, porém, não enfrenta esse problema, porque ela expele um produto anticoagulante no local, causado inflamação na pele e permitindo a continuação do fluxo do sangue, para dar continuidade à operação. Quando a fêmea do mosquito pica o ser humano em um local, o mesmo incha e a pessoa sente coçar. A causa disso é a enzima anticoagulante.

disso porque não possui cérebro para raciocinar nem conhecimento químico, nem laboratório para fabricação das enzimas. O inseto do qual falamos não passa de alguns milímetros, sem cérebro, sem conhecimento. Quem criou o ser humano e criou o mosquito, o inseto extraordinário perfurante, que possui o sistema de perfuração que causa espanto no ser humano, é Quem criou o ser humano e é capaz de ressuscitá-lo no Dia do Juízo. Glorificado seja Quem colocou todos esses sistemas complexos nessa pequena criatura. O sábio Zamkhachari disse a verdade ao afirmar:

“Quem vê o mosquito estender as asas na terrível escuridão da noite E vê à distância as veias e a sucção daquelas finas veias, E vê o fluxo do sangue em suas veias mudando de veia para veia E vê e ouve o som mais baixo ainda num terrível mar escuro”.

Sem dúvida, todas essas operações nos colocam perante várias perguntas: 1- Como a fêmea do mosquito sabe da existência dessa enzima coagulante? 2. Como ela anula o efeito coagulante como a fabricação de uma enzima em particular? Como ela conhece esse produto químico e como acontece todo o processo?

Talvez, a citação do mosquito na forma feminina seja um milagre de Allah, porque a fêmea do mosquito é mais forte e mais complexa

3. Como ela adquiriu todo esse conhecimento? Como este inseto consegue fabricar a enzima dentro do corpo e transportá-la com técnica própria para o corpo humano?

A resposta a todas essas perguntas é simples: A fêmea do mosquito não consegue fazer nada 14 - Revista Islâmica Evidências

Isso mostra que a fêmea do mosquito, o pequeno e desprezível inseto, é cientificamente uma criatura importante, que Allah, exaltado seja, o Onipotente, criou. Será que conseguimos calcular a importância desta complexa criatura? Não merece ser citada no Livro de Allah? A primeira parte do versículo diz: “Allah não Se furta em exemplificar com um insignificante mosquito”. Quando o ser humano se envergonha de algo, significa mudança em sua natureza por um motivo qualquer. A vergonha do ser humano é boa e ruim. Seu aspecto positivo ocorre quando a pessoa se envergonha do que fez de mau. Por isso, se diz para quem as comete: “Se não tens vergonha, faz o que quiser”.


O Imam Assádiq (a.s.) disse: “Não tem vergonha quem não tiver crença.” Quanto ao aspecto negativo é a pessoa usar a vergonha como desculpa para deixar de fazer o que deve, com receio e medo, como procurar conhecimento. Porém, se a vergonha é designada para Allah, significa deixar de fazer. Por exemplo, Allah se envergonha do idoso, ou seja, deixa de castigá-lo. As parábolas convenientes têm um papel sensível e importante na explicação, convencimento e entendimento. As parábolas são um meio para demonstrar a verdade, visando seu autor demonstrar a debilidade do acusador e diminuílo. A eloqüência das palavras às vezes escolhe um ser débil para dar como exemplo. Allah, glorificado seja, diz: “Ó humanos, eis um exemplo; escutai-o, pois: Aqueles que invocais, em vez de Allah, jamais poderiam criar uma mosca; ainda que, para isso, se juntassem todos. E se a mosca lhes arrebatasse algo, não poderiam dela tirálo, porque tanto o solicitador como o solicitado, são impotentes.” (22:73). Observamos nessa parábola que a mosca e o mosquito são os melhores meios para mostrar a debilidade dos que são descrentes. Da mesma forma, o Alcorão quer demonstrar a debilidade dos politeístas por adotarem divindades além de Allah, comparando-os

à aranha, que tece para si uma casa, sendo esta a mais débil de todas: “O exemplo daqueles que adotam protetores, em vez de Allah, é igual ao da aranha, que constrói a sua própria casa; por certo que a mais fraca das casas é a teia de aranha. Se o soubessem!” (29:41). É certo que se o Alcorão adotasse os astros e as estrelas como exemplos nos trechos acima, não atingiria o seu objetivo de diminuir e rebaixar. Contudo, as metáforas adotadas se coadunam com a eloquência e a pureza, o que nos faz concluir que Allah quis dizer com elas: “Não há inconveniente em exemplificar com um mosquito ou coisa similar para demonstrar a realidade em vestes sensoriais e apresentá-las às pessoas”. O objetivo é mostrar a ideia. Os exemplos devem se coadunar com ela. Por isso, Allah, glorificado seja, exemplifica com um mosquito ou algo menor. Que significa “com algo superior”? Os exegetas têm duas opiniões: A primeira é superior em pequenez (inferior) porque a questão é apresentar um pequeno exemplo. Isso é utilizado no diálogo diário. Ouvimos, por exemplo, alguém dizer ao outro: “Não se envergonha em se empenhar tanto por causa de um dinar? Mais do que isso, estou disposto a me empenhar dessa forma por meio dinar”.

As parábolas convenientes têm um papel sensível e importante na explicação, convencimento e entendimento

A segunda é superior no sentido de maior, ou Revista Islâmica Evidências - 15


seja, Allah exemplifica com o grande e o pequeno, dependendo da questão. A primeira opinião, porém, é mais propícia. O versículo diz ainda: “E os crentes sabem que esta é a verdade emanada de seu Senhor.” Os fieis, com sua crença e temor, ficam distantes da discussão, da teimosia, do rancor pela verdade. Conseguem ver a verdade e os exemplos de Allah com clareza. “Quanto aos incrédulos, asseveram: Que quererá significar Allah com tal exemplo? Com isso Ele desvia muitos e encaminha muitos outros.” Estes se opõem aos exemplos. Alegam que se fossem de Allah, todas as pessoas se orientariam e eles não se extraviariam. Allah responde a eles com uma pequena sentença que resolve a questão. Diz: “Mas, com isso, só desvia os depravados.” Todas as metáforas são de Allah e são luz e orientação, mas necessitam de uma disposição que as aproveite. A oposição a elas é gerada pela falta de compreensão e não por falha dos versículos divinos.

tra testemunha nesse respeito. Allah, o Exaltado, diz: “Mas, com isso, só desvia os depravados.” Do que vimos acima, fica claro que o ser humano é livre na escolha do caminho. É uma verdade aceita por toda consciência humana. É dever da pessoa, depois, esperar os resultados definitivos de suas ações. De forma sucinta: A orientação e o extravio, na concepção corânica, não significam a obrigação da escolha do caminho certo ou o errado. O guiamento significa proporcionar os meios da felicidade. O extravio significa o desaparecimento do substrato que ajuda na orientação, sem que haja obrigatoriedade. A existência dos meios (que denominamos de sucesso) e o desaparecimento deles (que denominamos de insucesso) são resultados dos atos do próprio ser humano. Se Allah proporcionar a uma pessoa o sucesso da orientação, ou tirar de alguém o sucesso, isso é resultado dos atos imediatos do indivíduo. Pode-se exemplificar essa verdade de maneira simples: Quando o ser humano passa por um perigoso precipício, ele fica sujeito ao risco de escorregar e cair nele, quanto mais dele se aproximar. A possibilidade de sua queda no precipício diminui quanto mais se distancia dele. Esta situação constitui em orientação, aquela em extravio.

Todas as metáforas são de Allah e são luz e orientação, mas necessitam de uma disposição que as aproveite

A aparência da sentença citada revela que a orientação e a desorientação são compulsivas e vinculadas à vontade de Allah, enquanto a última sentença do versículo esclarece que a orientação e a desorientação dependem dos atos humanos. Para maior esclarecimento, dizemos: “Os atos e as ações do ser humano têm resultados e frutos específicos. Se o ato é benéfico, seu resultado será repleto de sucesso e orientação no caminho em direção a Allah, aumentando a prática de bons atos. Allah, exaltado seja, diz: “Ó crentes, se temerdes a Allah, Ele vos concederá discernimento...” (8:29). Se o ser humano se desviar para a prática do ilícito, a escuridão se avoluma em seu coração, chegando o indivíduo a negar o seu Criador. Allah diz: “E o destino daqueles que cometeram o mal será pior, pois desmentiram os versículos de Allah e deles escarneceram!” (30:10). E diz: “Porém, quando se desviaram, Allah desviou os seus corações, porque Allah não encaminha os depravados.” (61:5). O versículo de que trata a nossa pesquisa é ou16 - Revista Islâmica Evidências


Mulher

Assayed charif Sayed Al ‘Ámili

Por que o Uso do

T

odo o mundo usa véu... Você irá abandoná-lo?

A espada é conservada dentro de sua bainha. A tinta da caneta sem tampa seca, tornando-se inútil. A caneta é, então, jogada para ser pisoteada, porque perdeu a sua proteção que é a tampa. A célula possui uma membrana externa e in-

terna que a protege. Então, cada célula possui o seu véu particular. Você, portanto, deve ter o seu véu particular para destacá-la. O véu da semente é a terra, que a protege dos raios solares. A semente vive nas trevas até começar a brotar. Para a semente, portanto, dentro da terra é melhor do que fora. Da mesma forma, a mulher, se não usar o véu, atrairá o mal para ela Revista Islâmica Evidências - 17


e a desonra para a família, ajudando a corrupção a proliferar na comunidade. Então, viver e dentro da terra, ou seja, enclausurada em casa, será melhor para ela do que fora. O órgão feminino da flor encontra-se num centro cercado de folhas floridas que a protegem. Se Deus, exaltado seja, protege até mesmo o órgão feminino da flor, a mulher não seria mais importante e merecedora dessa proteção? Quais são os meios dessa proteção? Será que você é mera e bela flor?

espinhos; a tartaruga possui um grande e pesado casco que carrega nas costas por toda a vida. Por isso, é denominada, cientificamente, em homenagem à sua paciência, com o apelido de “a portadora do mais pesado véu”. Quem, por acaso, possui o mais caro véu? O óvulo da mulher e o feto no ventre da mãe são protegidos por uma membrana. Deus, exaltado seja, diz: “Configuravos paulatinamente no ventre das vossas mães, entre três trevas.” (39:6). O feto permanece nove meses no ventre da mãe, seguro no seu habitat. O óvulo da mãe é protegido por membranas e véus que são: a placenta, a parede uterina e a parede do ventre. Isso proporciona ao feto a tranquilidade, a segurança, o alimento e o oxigênio. Portanto, nós ficamos dentro de véus antes de nascermos.

A mulher, se não usar o véu, atrairá o mal para ela e a desonra para a família, ajudando a corrupção a proliferar

O que acontece se mordermos uma maçã e a deixamos por algum tempo? Porque a banana escurece quando é descascada?

Vemos na água muitas cores de corais e conchas, como se estivessem em festival, todas formando uma barreira que protege o seu interior flácido. Bendito seja Deus, Senhor do Universo! Entre os insetos há uma borboleta que foi designada pelo Senhor do Universo com uma importante missão. Ela a executa, apesar de não ter força nem poder. Em uma das etapas de sua vida ela expele fios viscosos e os transforma num véu que veste para avançar à etapa seguinte. Nesse estado é chamada de “virgem em seu casulo”. Os répteis possuem escamas; o ouriço tem

O Véu Como Barreira: Presente no interior do corpo, esta membrana separa o coração e os pulmões do resto dos órgãos. Desempenha o seu papel da melhor forma possível porque é grossa, não permeável. Que dirá do véu da mulher, fino, permeável, e em alguns casos não existente? O Esqueleto Humano: Entre os seus componentes está o crânio, onde se encontra o cérebro. É o tesouro do ser humano e o que o distingue do animal. Está localizado numa caixa óssea, em segurança. Um cirurgião não consegue chegar a ele a não ser serrando o osso do crânio. É um cofre importante para o rico e o pobre, similar ao cofre de aço abarrotado de pedras preciosas. O coração: Como se fora um presente, é acondicionado em invólucros uns sobre os outros, ou como cinco guarda-costas para protegêlo. Os invólucros de endocárdio, miocárdio e pericárdio, protegidos por dois pulmões tenros, acondicionados em uma caixa toráxica em segurança, coberta por músculos e tecidos, e estes cobertos pela pele protetora. Assim, a misericórdia, o amor e a sabedoria de nosso Senhor nos cerca. Por isso ele instituiu o véu. O olho: Um dos órgãos mais caros ao ser hu


mano. É um globo acondicionado dentro de uma cavidade óssea e protegido pelas pálpebras.

De uma irmã para outra Cara irmã: Que a paz, a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam contigo! Paz de Quem criou os Céus e a terra, as aves e as flores. Paz de Quem criou nossos olhos, língua e lábios. Paz de Quem, se sentarmos juntos para calcularmos as dádivas concedidas a nós, cem anos seriam insuficientes para abrangê-las. É o Senhor dos servos Que criou, preparou, concedeu e predestinou, Cujo amor, tenho certeza, enche o meu e o seu coração. Esse amor que, sem ele, estaríamos perdidos, em dúvida; sem ele estarímos totalmente extraviados. Ele é Quem nos dá provas de afeto e nos convoca sempre para Ele, nos dizendo que nos perdoa pelos nossos deslizes e pecados - e quão numerosos são os nossos deslizes e pecados! Ele estende a Mão toda a noite para que se arrependa o pecador do que fez durante o dia; pela Sua generosidade estende a Mão durante o dia para que se arrependa o pecador do que obrou à noite.

das coisas ilícitas. Cada bom ato é recompensado por ele em dez vezes, até setecentas vezes! A maldade é castigada como uma só. Se nos arrependermos e pedimos perdão, Ele nos perdoa. Ele recompensa pelo ato mais simples e perdoa os pecados mais graves. Sua misericórdia está na frente de Sua ira, Sua indulgência sobrepuja Sua condenação. Seu perdão sobrepuja o Seu castigo. É mais misericordioso com os Seus servos do que a mãe pelo filho.

Por Deus, há um amante melhor que Ele, algum médico mais competente que Ele, alguém que esteja mais próximo de nós que Ele? Não é certo que devemos adorar a Ele pela Sua benevolência, afeto, indulgência e misericórdia em relação a nós? Não é certo que devemos obedecê-Lo mais do que a qualquer outro? Não é certo que devemos amá-lo acima de qualquer ourtro?. Tenho certeza que você, irmã, irá dizer que sim!

O que acontece se mordermos uma maçã e a deixamos por algum tempo? Porque a banana escurece quando é descascada?

Por Deus, é possível que adoremos a outro, sabendo que Ele é Quem nos criou? Podemos agradecer a outrro, sendo Ele Quem nos agracia? É possível que Ele nos cumule com benesses e nós O desagrademos com as nossas maldades? Ele demonstra o Seu amor por nós, com as dádivas, mesmo prescindindo de nós, e nós O desagradamos com a nossa desobediência, mesmo necessitando extremamente d’Ele! Ele nos recebe imediatamente, vindo de longe, quando O procuramos, e quando O rejeitamos, Ele nos chama de perto. Quando nos privamos de coisas por causa d’Ele, concede-nos acima da medida. Ao nos arrependermos Ele nos cumula com o Seu amor, pois ama os arrependidos e os que se purificam. Se não nos arrependermos, Ele é o médico que nos aflige com as calamidades, para nos purificar

Então, minha cara, devemos nos aproximar de Quem nos criou, protege e cumula de graças. E o mínimo que podemos fazer para nos aproximarmos d’Ele é usar o véu islâmico, que constitui em castidade e pureza, elevação e distinção. Deus nos ama por causa dele. Cara irmã, não escrevi estas palavras senão por causa de meu amor por você, por temer por você e por defender os seus interesses.


O Direito e a Obrigação

Nós e a Vida

Parte 5

C

ada ser neste mundo tem relação mútua com as coisas que o cercam. Ele pega e dá. O ser humano, as plantas, os animais, a natureza, a troca de oxigênio e dióxido de carbono. Os alimentos, o calor, a luz, a água, etc.

O ser humano vive com a família e a sociedade e se relaciona com os outros, trocando com eles os benefícios, tendo direitos sobre a família e sua sociedade, ao mesmo tempo em que a família e a sociedade têm direitos sobre ele. Cada indivíduo tem direitos e deveres. Essa é uma equação e um código social. Somente através de sua aplicação a justiça e a estabilidade serão obtidas na sociedade humana. Quem exige o direito sem o dever, está sendo injusto com os outros, desejando viver como peso sobre a família e a sociedade. Por isso, é rejeitado por todos. O indivíduo tem direito à vida e tem direito de ver atendidas as necessidades de vida. É seu direito ter acesso a oportunidades de trabalho, à liberdade de obter lucro, à propriedade privada. É seu direito desfrutar dos recursos da terra em que vive. Lemos esse direito do ser humano nas palavras de Deus, o Altíssimo: “Aplainou a terra para as (Suas) criaturas.” (55:10). A terra foi estabelecida para que todos desfrutem e se beneficiem dela. Não é permitido que alguém tenha monopólio dos benefícios e os vede aos outros. O ser humano é um membro da sociedade e tem direito de desfrutar dos serviços e dos benefícios existentes em sua sociedade. Destinar os benefícios, os interesses e os recursos para o bem de apenas um grupo, privando os outros, é injustiça e agressão contra o código da vida e os princípios do direito e da justiça. O Alcorão Sagrado confirma esse princípio, dizendo: “Allah ordena a justiça e a prática do bem.” (16:10). O Mensageiro de Deus (S) disse: “As pessoas são iguais como os dentes do pente”, ou seja, um não deve ser maior que o outro. Quando as pessoas se calam perante a injustiça e a privação, o perigo se espalha e reflete em todos, terminando no domínio de um grupo de tiranos sobre toda a sociedade. Como o indivíduo se empenha para a obtenção do direito, deve também reconhecer o direito dos outros, sem lhes confiscar esse direito. É direito do ser humano viver tranqüilo quanto à sua vida, sua honra, seus bens e o que está relacionado com eles, distante do receio e intranquilidade. A usurpação do direito é injustiça e agressão cujo autor deve ser castigado.


Como ele possui esse direito, os outros também o possuem. Quando se perturba o direito dos outros, ou demonstra-se algo que os amedronta, espalhando o temor e a intranqüilidade na sociedade, está-se praticando agressão contra a organização social, desestabilizando a segurança pessoal, no final das contas. O Nobre Mensageiro Muhammad (S) fixou uma base para a segurança e a estabilidade da sociedade, dizendo: “O muçulmano é irmão de outro muçulmano; nunca o engana, não o calunia, não o trai, não derrama o seu sangue, não toma os seus bens, a não ser de sua livre vontade (i.é, se o proprietário quiser doar algo).” O valor do ser humano está na sua dignidade e honra. Por isso, a lei islâmica proíbe a calúnia, a difamação, a desonra, seja com palavras ou atos, a espionagem e a revelação dos segredos. Esse mesmo código obriga o indivíduo a respeitar a honra dos outros, não ultrapassar a sua honra pessoal. Deus, exaltado seja, diz: “Ó crentes, que nenhum povo zombe de outro; é possível que (os escarnecidos) sejam melhores do que eles (os escarnecedores). Que tampou-

co nenhuma mulher zombe de outra, porque é possível que esta seja melhor do que aquela. Não vos difameis, nem vos motejeis mutuamente com apelidos. Muito vil é o nome que denota maldade (para ser usado por alguém), depois de ter recebido a fé! E aqueles que não se arrependerem serão os injustos. Ó crentes, evitai tanto quanto possível a suspeita, porque algumas suspeitas implicam em pecado. Não vos espreiteis, nem vos calunieis mutuamente. Quem de vós seria capaz de comer a carne do seu irmão morto? Tal atitude vos causa repulsa! Temei a Allah, porque Ele é Remissório, Misericordiosíssimo.” (49:1-12). Como o indivíduo tem direitos perante a sociedade, ela tem de oferecê-los ao indivíduo, como o direito à educação, ao amparo legal, à segurança, ao fornecimento de serviços de saúde, etc. Da mesma forma, o indivíduo tem deveres perante a sociedade e a pátria. Se o indivíduo não proteger os interesses da comunidade, defendêlos, cumprir com as obrigações que o código legal e moral determina, a vida social fica sujeita à instabilidade e à dissolução. Então, o dano causado aos outros irá também atingi-lo.


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Xeique Mohammad Mahdi Shamseddin

A Posição do Quanto à Globalização nos campos Cultural e Político A. A Globalização, Sua Terminologia e Significado: O termo globalização é utilizado por pensadores e pesquisadores para expressar uma mudança planetária no ponto de vista sobre valores morais, econômicos e políticos até então correntes entre os seres humanos. Esse fenômeno parece, ao observador, como se fosse um ser de possibilidades extraordinárias, de força descomunal, preparado para dominar tudo que lhe cai nas mãos, sejam grupos, nações ou povos. Será que esse conceito representa uma verdade objetiva? Será que a globalização significa uma verdade incontestável ou continua sendo apenas uma suposição, que pode se realizar ou não? Não pensamos que seja meramente uma conjectura, como não pensamos que seja uma verdade vencedora e estável. É um processo em formação, 22 - Revista Islâmica Evidências

que percorreu, até aqui, a etapa da apresentação de suas características pessoais, por assim dizer. Vemos isso nas políticas econômicas e de segurança. Vemos isso no campo cultural. Então, a globalização é algo inacabado, não estático, dinâmico. Ela passou por várias fases, desde a antiguidade. Porém, desfruta atualmente, pelo extremo poder que a ciência moderna lhe proporcionou, de potencialidades extraordinárias para quem tenha condições de dominar sua força e poder. B. A Universalidade e a Organização Mundial: Antes de entrarmos no assunto da globalização e estabelecermos uma posição em relação a ela, é oportuno distinguir entre ela e duas outras terminologias: “Organização Mundial” e “Universalidade”. Quanto à primeira, parece que é uma forma de interpretar a ambição de se encon-


sobrevivência está restrita, muitas vezes, a uma condição folclórica, para mera audição ou rememoração de um passado distante, não para o desenvolvimento e enriquecimento cultural da pessoa humana. É o domínio da superpotência. Além do domínio econômico e político, esta exerce o O mundo testemunhou várias organizações domínio cultural sobre os demais, utilizando a mundiais abrangentes, mesmo antes da época rodiversidade cultural para subordinar e aterrorizar mana. Após a queda de Roma, apareceram com os outros, subjugando-os politicamente. A globavários aspectos, até o surgimento do Islã e da forlização, na forma como é exercida pela potência mação da Nação Islâmica, que assumiu as caracteestadunidense, tenta impor ao mundo uma visão rísticas de uma nova organização mundial, em sua que não representa apenas um desafio à liberdade, época mais abrangente. Depois disso, apareceram mas uma invasão. É um plano que visa à hegemooutras organizações mundiais sucessivas, até a nia política e econômica, para a qual lança mão época atual, na qual testemunhamos uma Nova da orientação da mídia. Ela também se arma com Organização Mundial: Trata-se de um mecanismo o poder de legislar no âmbito mundial. Por isso, a que permite a continuidade da política de influglobalização não representa, a nosso ver, apenas ência que se baseia nos interesses visados ou deum desafio, mas invasão, que deve ser enfrentafendidos pelas superpotências mundiais. A nação da. Cremos que os defensores da que encarna, hodiernamente, globalização visam o esta aspiração são os domínio político e O mundo testemunhou várias Estados Unidos da econômico, sob a América. organizações mundiais abrangentes, alegação de que C. A “Unimesmo antes da época romana ela conduz à elevaversalidade” e sua ção do nível da vida das distância da política e da nações e permite a melhor distrieconomia. Trata-se, aqui, de um conceito de orbuição dos bens econômicos. Visam, também, o dem cultural. A “universalidade” significa o redomínio cultural, que difama e dilui a personaliconhecimento dos papeis, de forma que o mundo dade. esteja aberto para todos, com o respeito às diverPor outro lado, a globalização leva ao incensidades. tivo da desintegração e divisão dentro das socieEssa foi a marca distinta da civilização e dades. Incentiva as oposições raciais, religiosas crença islâmicas, em particular, representada pelo e doutrinárias entre os povos, causando guerras reconhecimento dos outros e o respeito às partie tensões internas que permitem tanto o domínio cularidades alheias. Este comportamento criou pessoal como econômico. Incentiva a desintegrauma situação de diálogo entre as culturas, as cição da estrutura cultural e moral e os sistemas de vilizações, as nações, os povos, os interesses, as valores dentro da sociedade e dentro de cada civireligiões, etc. Então, universalidade não significa lização pelos interesses da corrente “modernista”. a hegemonia econômica nem, ao mesmo tempo, Isso nos impõe - e a todo povo, a toda civilização hegemonia cultural, mas sim respeito à diversidae toda cultura - a responsabilidade de fortalecide e à abertura das culturas particulares; significa mento pessoal, de um lado, e abertura cultural, de o reconhecimento do outro, de acordo com o prinoutro. Fortalecer o indivíduo não significa cerrácípio alcorânico: “Ó humanos, em verdade, Nós lo numa redoma e a abertura cultural não significa vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos diluir os seus valores. em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos Em relação a nós, no chamado “Mundo Islâoutros.” (Alcorão Sagrado, 49:13). mico”, isso impõe responsabilidades educacionais D. O Conteúdo da Globalização: Quanto à na família, na escola, na universidade e na vida globalização, como é conhecida e como aparece em geral. São responsabilidades mais importantes com as suas aplicações, está baseada na invasão e persistentes do que antes do surgimento da onda e eliminação completa das outras culturas. Sua cultural “modernista” e a corrente de perdição e trar um sistema político mundial, com hegemonia de uma só força ou aliança de forças; uma hegemonia política, movida por interesses materiais e exercida sobre o maior número de povos e nações do mundo.

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aniquilamento cultural que flui através da Internet, da televisão, do cinema e da mídia.

mera incompreensão. Não são apenas os árabes e os muçulmanos que são contra a globalização. Os europeus, principalmente os franceses, descrevem-na como a americanização do mundo e ela é americanização, de fato. Os americanos dizem que se trata de uma organização mundial, querendo dar-lhe outro nome não americano, mas a verdade é que o processo todo está sob o domínio deles. A Europa grita e diz: “Parem a americanização”, porque essa organização denominada de “mundial” visa impor a cultura americana e o sistema americano de vida, conquistar os recursos da economia mundial, destruindo as outras economias, quando os Estados Unidos não conseguirem obrigá-las a segui-lo. Lembramo-nos do grito do Ministro da Cultura francês, Jacques Lang, no México, no Congresso Mundial da UNESCO, quando disse: “Ó, culturas do mundo, unam-se contra a invasão cultural americana.” A globalização se mostra dessa forma quanto à submissão.

Abrir o caminho para a globalização no campo econômico leva a abrir caminho para o domínio das gigantes multinacionais, que não reconhecem nações, limites, povos e conduta, mas causam a destruição dos valores morais que devem governar a economia, o desenvolvimento e a ciência. Elas utilizam tudo para o aumento dos lucros e para atingir este objetivo, subjugam qualquer aspiração, domesticando o desenvolvimento e a ciência. Quando procuramos as forças influentes que administram o processo de globalização, constatamos que estão reunidas no chamado “G8”, os países super-desenvolvidos industrialmente, com a liderança dos Estados Unidos. A eles estão subordinadas as instituições financeiras mundiais, como os grandes bancos, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a Organização Mundial de Comércio e as companhias mulAbrir o caminho para a globalização tinacionais. no campo econômico leva a

O importante para o muçulmaabrir caminho para o domínio Observamos no, do ponto de nós, os muçulmadas gigantes multinacionais, que não vista islâmico, no nos, que todas as forreconhecem limites que diz respeito à globaliças que movimentam a glozação, é o fortalecimento pessoal conbalização e a administram assumem uma posição tra a fragmentação do indivíduo e a diluição dos negativa quanto ao Islã e aos árabes, atrelando-se seus valores, fortalecer a pessoa civilizada culao sionismo (1). Essa posição arbitrária, unilatetural, doutrinária e legislativamente, sem cortar ral e de inimizade aparece em todos os campos e as relações com o outro, mas promovendo a sua em todos os níveis. A posição dos árabes e muçulaceitação. De outro lado, reafirmar os a soberania manos contra a globalização, ou sua precaução, contra a violação dos interesses econômicos e posão geradas pela experiência prática e não por líticos das nações, preservando sua independência. Com estas garantias, o Islã incentiva o contato efetivo com o mundo. Porém, os movimentos e as nações islâmicas assumiram uma de três posições: 1) Há quem recomende entusiasticamente a incorporação absoluta e a aceitação de todas as exigências da globalização, abandonando todas as particularidades que distinguem a pessoa de maneira distinta. 2) Há outro grupo que recomenda a retirada, o retraimento e a rejeição. Ele se agarra à identidade e à cultural nacionais e recusa toda manifestação da globalização. Esse recolhimento e retraimento, a (1) Dá-se o nome de “sionismo” ao movimento nacionalista judaico fundado pelo jornalista húngaro Theodor Herzl, no final do século XIX. O movimento preconizava a criação de um “lar nacional judaico” na Palestina, ou “Eretz Tzion”, que em hebraico significa “Terra de Sião”. Por meio da compra de terras, da ocupação sorrateira de território por imigrantes e ações terroristas (explosão de casas e aldeias árabes na Palestina, assassinato de lideranças e explosões de prédios públicos provocados por células terroristas como Irgun Zwei Leumi, Lohamei Herut Yisrael, Haganah, Palmach, Gangue Stern, entre outras de menor expressão), o movimento logrou a criação de Israel, em 1948. Desde então, o país tem se notabilizado como o grande aliado dos interesses imperialistas do ocidente no Oriente Médio (NE).

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ruptura com as mudanças do mundo não constitui solução do problema. Não é certo que nos asfixiemos dentro das nossas fortalezas. Na realidade, não as temos mais, porque os meios de comunicação modernos as derrubaram. A situação de recolhimento e de retiro cria uma condição de suicídio, asfixia e aniquilamento.

de poder para enfrentar a invasão da corrente da globalização? Será que pode enfrentar a cultura sensorial, visual, material e sensual, com todos os elementos que formam a modernidade que mostramos acima?”. A resposta é: “Não!”.

balização o que se coaduna com a ciência e conservar, ao mesmo tempo, os nossos valores é uma afirmação não realista. A pergunta pertinente é: “Será que o nosso sistema de valores desfruta

A verdadeira posição que vemos como viável incorre em não aceitar os métodos da globalização, mas administrar a prática cultural, econômica

Nessa situação, assumimos uma posição verbal e formal. É preciso assumir uma posição de enfrentamento, de desenvolvimento pessoal, e não 3) Há uma terceira corrente, que possui as mesde conservação do que consideramos mas virtudes presentes na convivência permanente. O exigido é a relativamente harmônica A posição dos árabes e muçulmanos evolução de todas as entre o Islã e o Ociinstituições da nadente, verificada contra a globalização, ou sua ção, com seu sisteséculos atrás. Ela precaução, são geradas pela ma político e suas está num meioexperiência prática orientações científicas termo entre as duas e culturais, com suas oriencorrentes anteriores. Procutações econômicas nos campos da indústria, da ra tomar da globalização o que se coaduna com a agricultura e finanças. Devemos nos mover numa identidade pessoal e rejeita o que a contraria. Essa Intifada (2) abrangente, que restaure a edificação corrente conciliadora, na realidade, é uma corrente da comunidade de acordo com uma nova visão, fracassada, pois a conciliação, aceitando e rejeitanque vivifique a sua raiz, seu dinamismo e sua efido formas e instituições prontas, faz do mundo algo cácia no enfrentamento das diferenças. Sem isso, parecido com o ato de mobiliar uma casa com objenão vemos que haja horizontes para se enfrentar tos e móveis de vários modelos e épocas diferentes. esta corrente globalizante pandêmica. A afirmação de que podemos tomar da glo-

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municação. Possuem armas de destruição em mase comunicativa, relacionando-nos com o outro da sa. Assim, a globalização, sob esse ponto de vista, é forma que nós, muçulmanos, criamos com a nossa domínio mundial e não associação. As tentativas da própria globalização ou, em outras palavras, estachamada “modernização cultural” que a adminisbelecer a nossa forma de globalização, de acordo tração estadunidense exerce sobre o mundo visa a com as normas islâmicas. A globalização para o eliminar as oposições, as resistências e o papel dos Terceiro Mundo - ou a maior parte dele - signifipovos, anulando os prováveis ou efetivos rivais ou, ca o acatamento e a subordinação. Significa que se não for o caso, destruindo as forças que atrapao seu papel dentro da dinâmica globalizante é o lham a transformação de um determinado povo em de submissão, que a sua função é receber instrumercado para os seus produtos. ções e copiar métodos de vida e de produção, subordinando-se econômica e politicamente, em Esse método provoca o aprisiovez de buscar o diálogo e a namento do mundo com participação ativa na garras e dentes, disA afirmação de que podemos tomar formulação de nofarçado de “nova da globalização o que se coaduna com vos métodos de evolução científia ciência e conservarmos, ao mesmo vida e de organica”. É o plano de zação da sociedade. tempo, nossos valores não é realista dominação por interQual é o objetivo da globalização? Diz-se que é a formação de um novo ser humano. Quem é esse novo ser? O ser escravizado e envolvido pela mídia, afundado nas aparências, desprovido de qualquer conteúdo particular. Aliás, o formalismo passou a ser o conteúdo. O ser humano, cuja vida está baseada no consumismo, no gozo e diversão sensorial, sem outro conteúdo que alimente a civilização e sem valores, é um ser humano materialista que Deus Altíssimo descreveu, dizendo: “Ele se inclinou para o mundo e se entregou à sua luxúria.” (7:176) “Não tens reparado naquele que idolatrou os seus vãos desejos?” (45:23). “Quanto aos incrédulos, que comem como come o gado, o Fogo lhes servirá de morada.” (47:12).

A globalização, como nos parece pela sua marcha e manifestação quanto à segurança, economia e cultura, é uma expressão imposta por 20% a 25% dos habitantes do mundo aos outros 75% a 80%, de tal forma que o grupo que “comanda” a globalização domina os recursos do resto do mundo. Ele tem a hegemonia sobre sua economia, seus mercados, suas riquezas nacionais e sua identidade cultural.

médio da economia, da cultura e dos valores; um plano que concentra a força numa só mão para desintegrar e dominar o resto. Esse método não se importa com as particularidades culturais dos outros, caso não se oponham ao seu plano de domínio. Mas, uma vez que a reação represente um projeto de resistência a este projeto, as forças da globalização a destroem com todo rigor e força. Para tanto, chegam a realizar simpósios e conclaves que visam a desintegrar a família, como o Congresso da Mulher, em Pequim e no Cairo, congressos que visam a destruir a economia, como em Davos, na Suíça, ou visam a eliminar a liderança e conferir um aspecto de legalidade à ingerência nos assuntos internos das nações, utilizando o lema dos “direitos humanos”, organizações denominadas “mundiais” ou o código da “proteção religiosa” – vide a invasão do Iraque e do Afeganistão.

As forças dominantes da globalização, que exploram o mundo sob o seu ditame, monopolizam a tecnologia, o sistema monetário mundial, têm a facilidade de conseguir as matérias primas em todo o globo terrestre com preços ínfimos. Possuem o poder de dominar os meios de informação e de co(2) “Intifada” é a revolta árabe contra a ocupação dos territórios da Palestina. No texto, assume a conotação de resistência contra o totalitarismo da globalização (NE).

26 - Revista Islâmica Evidências


e atraso, enquanto os 20% restantes detêm todas A Resistência Européia à Globalização: A as riquezas do mundo. Quanto à ciência, constitui ocorrência do medo de aniquilamento cultural e no monopólio de uma minoria que não permite de isolamento não está restrita ao Terceiro Munà maioria adquirir dela a não ser o mínimo para do ou ao Mundo Árabe e Muçulmano. Esse medo capacitá-la a produzir os gêneros primários que começou aparecer com força no Mundo Europeu. alimentam as grandes e desenvolvidas indústrias, Vemos que os países europeus (isoladamente) e a obtendo, assim, os meios para consumir produtos Comunidade Européia (como um bloco) procuram supérfluos. se organizar e se fortalecer contra essa invasão e contra o Há muita resDevemos nos mover numa plano de hegemotrição quanto ao Intifada abrangente, que restaure nia escondido sob desenvolvimento a cortina da gloa edificação da comunidade de científico. A cibalização. Vemos acordo com uma nova visão ência tornou-se um a manifestação desses meio de domínio de um fenômenos na Europa através do grupo sobre o outro em vez de ser um meio esforço de preservação das línguas nacionais, da para a libertação da humanidade, que é o ponto de produção artística, nas músicas, no cinema e na vista islâmico. As guerras aumentam de intensiculinária, nos costumes sociais, além de outros dade, gravidade, prejuízo e proliferação. Os vinte campos. O que se destaca aqui são as iniciativas por cento da humanidade que detêm o poder da na França, chegando a proibir o uso das expressões globalização promovem intrigas, revoltas e diviinglesas na publicidade ou nos meios de comunisões entre os povos, desintegrando sua unidade, cação. Verificamos que uma das expressões mais para poder garantir a continuidade de seu domínio importantes do empenho europeu para se fortaleEles colocaram num nível perigoso os valores do cer diante da globalização americana é a busca da amor, da tolerância, do altruísmo e da castidade, segurança da informação, um dos objetivos prindestruindo a vida espiritual e o apego aos valores cipais da sua união nos campos da economia, da elevados. Este é o clima que a globalização propapolítica e da ciência. ga e deseja impor, considerando-se a forma final Registramos aqui que o medo da corrente da da evolução da espécie humana. globalização se manifesta na sua própria casa, A Globalização Humana: A globalização, uma vez que a natureza da voracidade material da se entendida como uma forma de intercâmbio, de corrente globalizante gera receios entre os pensaajuda e integração do conhecimento na direção do dores dos próprios Estados Unidos. Eles advertem desenvolvimento do ser humano, está enraizada no que essa corrente pode devorar a força que a liíntimo da fé religiosa. O Islã expressa isso quan berou, porque destrói completamente os valores e gera a derrota do indivíduo. A Globalização e a Influência Cultural: O que a civilização contemporânea apresentou de novo ao mundo? O que ela apresentou para a humanidade além de prazeres materiais, a exploração excessiva da natureza e a destruição do meio ambiente? O que apresentou além de desenvolver os meios de satisfação dos desejos para exigir o papel de dirigir o destino, a moral e os preceitos da humanidade, uma vez que as dores e as manifestações do atraso e da deficiência humanas continuam vigentes? A maioria no mundo é pobre, faminta e desprovida, enquanto as riquezas se avolumam e a satisfação atinge a congestão de não mais de 20% dos habitantes do mundo. Oitenta por cento da espécie humana sofre de pobreza, fome, enfermidade


do convoca para a cooperação humana na base da piedade e do temor a Deus, e quando preconiza a busca pelo conhecimento, quando estabelece que a ciência é como um tesouro de toda a humanidade e afirma que seu objetivo é servir ao homem, promovendo o seu domínio sobre a sociedade e a natureza. Com esse significado, a globalização, sendo considerado um objetivo humano para enriquecer ao outro e se integrar com ele, dando-lhe a oportunidade de prosperidade, é uma idéia original e uma adoção original da fé religiosa entre todos.

humana, que harmoniza a identidade civil e cultural dos grupos humanos e a pluralidade étnica. Esse ponto de vista se coaduna com o ponto de vista islâmico quanto à globalização, que se baseia no princípio de “auxiliai-vos na virtude e na piedade”. Vemos que é irreal e ilógico enfrentar a globalização com a clausura ou com a rejeição de tudo, ou com o retorno ao texto sagrado, inconscientemente. A Ciência Jurídica é a ciência da jurisprudência, que é a ciência da consciência. A Jurisprudência significa a ultrapassagem do texto não com o sentido de rejeição, mas com o sentido de aprofundamento de sua Observamos que o espírito compreensão horizontal e ocidental, que produziu A globalização, entendida como verticalmente, desa globalização ao cortinando o futuro ajuda e integração na direção do nível das relações e se harmonizando humanas, é o mesdesenvolvimento do ser humano, está com as necessidades mo que produziu as enraizada no íntimo da fé religiosa do presente. mais perigosas armas de

destruição em massa, atendendo aos pressupostos de uma inspiração maligna da qual a expressão mais clara talvez seja a ideologia facista, que se opõe ao ponto de vista islâmico. As armas produzidas pela mente e espírito ocidentais passaram a ameaçar toda a espécie humana, pela primeira vez na história, de tal forma que um erro ou uma mente criminosa pode liberar uma força incontrolável que pode destruir o globo terrestre ou a maior parte das coisas produzidas pela humanidade. Esse espírito que produziu essa força maléfica não pode, sob nenhuma hipótese, pleitear para si a capacidade de estabelecer um sistema de relações humanas em harmonia com o mundo dos valores elevados, onde a existência humana prospera. Ele é destinado a reproduzir um sistema de valores que destrói o que há de melhor no ser humano, satisfazendo, assim, o interesse do mal que o inspirou.

A Humanização da Globalização: Todas essas considerações devem nos levar a agir com seriedade para humanizar a globalização de forma a que ela se torne uma visão humanista para o mundo, para o bem-estar e a dignidade da espécie humana. Ao mesmo tempo, devemos eliminar as armas de destruição em massa a nível mundial, não apenas para as nações fracas, com a sua permanência nas mãos dos fortes. Devemos agir para organizar a utilização dos recursos naturais paralisando o domínio e a exploração excessiva deles pelas superpotências. Devemos utilizar a economia para atender aos interesses da espécie humana e não apenas de 20% da população da terra. Devemos estabelecer oportunidades para a conciliação 28 - Revista Islâmica Evidências

A força que liberou a extraordinária Civilização Islâmica nos séculos três e quatro da Hégira (a civilização que o Ocidente ignora, atualmente), essa extraordinária força espiritual, surgiu do Islã e continua a existir com poder de liberar o espírito, se toda a comunidade humana se incorporar e interagir com ela. Ela é capaz de liberar a energia latente no espírito e na mente humana para criar, na medida das necessidades contemporâneas, instituições culturais baseadas na espiritualidade, na moralidade e nos valores humanos mais elevados. Acreditamos que um dos objetivos dos centros de poder, de domínio e influência no mundo ocidental é o impedimento dos muçulmanos de reagir vitalmente com o Islã, por considerá-lo uma importante energia dinâmica para a formação humana e para a liberação da sua energia moderna. O papel do Islã na liberação dessa energia não é o papel do fator material que move os estímulos de liberação, mas é o fator ideal interno que prepara a mente e o espírito para a criação. Lembramos aqui as palavras de Deus, glorificado e exaltado seja: “Ó crentes, atendei a Deus e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação.” (Alcorão Sagrado, 8:24). Os exegetas entendem essa ordem como a crença no incognoscível com a adoração. Nós entendemos do versículo algo mais profundo do que isso: É a ordem para a renovação do espírito e da mente e a abertura para o mundo, baseando-se no princípio da renovação, do espírito científico, do ponto de vista lógico quanto à pessoa, ao ser e ao mundo. Louvado seja Deus, o Senhor do Universo.



As Traidoras

Narrativas do Alcorão e da Vida

Primeira Cena:

D

uas esposas de profetas: A esposa de Noé e a esposa de Lot. Apesar de estarem no lar de esposos-profetas, preferiram seguir a corrente da sociedade corrupta, desviada, que se coloca do lado oposto da pregação de seus maridos crentes e bene-


volentes. Duas mulheres inimigas de seus maridos, vivendo em suas casas e apoiando seus inimigos. Que traição é mais grave que a da companheira de vida que se coloca nas fileiras dos inimigos para lutar contra seus maridos, que lhes confiam os seus lares, sua honra e seus filhos? O inimigo interno é mais perigoso do que o inimigo externo. Por isso, a injustiça co

As Crentes

Parte 6


metida pelo parente é mais danosa. Deus, exaltado seja, diz: “Deus exemplifica, assim, aos incrédulos, com as mulheres de Noé e a de Lot: ambas achavam-se submetidas a dois dos Nossos servos virtuosos; porém, ambas os atraiçoaram e ninguém pôde defendê-las de Deus. Ser-lhesá dito: Entrai no Fogo, juntamente com os que ali entrarem!” (66:10).

Apesar de viver luxuosamente, ela não foi dominado pelo luxo do palácio do Faraó e se submeteu ao Paraíso de Deus e buscou a Sua proximidade: “E Deus dá, como exemplo aos crentes, o da mulher do Faraó, a qual disse: ‘Ó Senhor meu, constrói-me, junto a Ti, uma morada no Paraíso, e livra-me do Faraó e das suas ações, e salva-me dos injustos!’” (66:1).

Que traição é mais grave que a da companheira de vida que se coloca nas fileiras dos inimigos para lutar contra seus maridos?

A Segunda Cena: Duas mulheres corretas, uma é a esposa de um tirano, maléfico, orgulhoso, que degola as crianças e deixa livre as mulheres. É Ássia, filha de Mazáhim, a nobre mulher crente que o Mensageiro de Deus (S) considerou uma das quatro mulheres mais perfeitas do mundo.

Quanto à outra mulher, é Maria, filha de Imran, a mulher casta, honrada, cujo excelente conceito de vida entre seu povo era mais cristalino do que a água pura. Seu povo considerava a sua castidade, virgindade e adoração. A sua vida era excelente e agradável. Constituía o exemplo para as mulheres de sua geração e das outras. Ela não poluiu a sua fama com a lama do mal e da abominação, continuando a viver pura, casta, características que Deus ama para os jovens e as jovens, igualmente.


Comparação Entre as Duas Cenas: 1. A primeira cena mostra a mulher de Noé e a mulher de Lot, que não conseguiram se beneficiar grande bondade que se movimentava em seus lares. Apesar de se supor que a esposa de um profeta deveria ser incluída na moral, na prática do temor e da benevolência, representando o exemplo para as mulheres de sua geração, elas eram o contrário. Eram como o sedento que está próximo do rio e não deseja matar a sede, preferindo beber do esgoto. Quanto à segunda cena, (Ássia e Maria), apesar da possibilidade terrena de conseguirem desfrutes mundanos, gozos materiais e alegrias, decidiram obter o que é melhor, mais alegre e mais duradouro, que é a dádiva da outra vida, obtendo a satisfação de Deus, a mais importante das dádivas. 2. A primeira cena retrata duas figuras ignorantes, perdidas, que desconhecem o caminho correto e o valor da fé, da benevolência e da confiança. Elas passaram a combater tudo isso devido à sua confusa ignorância, que tapou-lhes a visão, impedindo-as de ver a não ser a treva da rebeldia, da teimosia e da desobediência.

matrimoniais, nem retornam a confiança aos seus maridos. Em vez de serem esteio para os maridos corretos, passaram a ser ajuda contra eles, corrompendo suas vidas e a vida de seus filhos. Já vimos como o filho de Noé (Kan’na) se envolveu de forma corrupta com a sua comunidade, desviado devido ao extravio da mãe. Por isso, ambos afogaram-se. Quanto à segunda cena, fala de duas mulheres fiéis à sua missão, sua crença e sua sinceridade para com Deus, sendo verdadeiras no seu relacionamento com Ele, castas, puras, obedientes, preferindo Deus a outra coisa.

Lições Práticas: Devem-se tirar lições de ambas as cenas. Uma delas é que o meio-ambiente não constitui tudo na educação. Há outros fatores que influenciam a vida, o comportamento e a posição do ser humano. Não é suficiente a vida numa residência para se tornar habitante daquela casa, a não ser os profetas e os benevolentes. O ambiente social que pressiona o indivíduo para o lado do extravio o induz à incredulidade e a lutar contra a fé.

Ássia e Maria decidiram obter o que é melhor, mais alegre e duradouro, que é a dádiva da outra vida e a satisfação de Deus

Quanto à segunda cena, revela o conhecimento e a razão de duas mulheres virtuosas que sabem exatamente o que querem e o que se deseja delas, mesmo que toda a sociedade fosse corrupta, desviada, injusta e rebelde. Elas estão conscientes de que a responsabilidade perante Deus é individual e definitiva: “E detende-os lá, porque serão interrogados.” (37:24). 3. A primeira cena retrata duas mulheres traidoras, que não respeitam os direitos

De acordo com a realidade que vivemos, vemos que alguns filhos e algumas esposas de crentes e benevolentes se colocam nas fileiras dos inimigos, prestando uma espécie de serviço de espionagem que favorece os adversários, sendo, talvez, a causa do assassinato, pelos tiranos, de muitos homens de bem. É uma grande traição, parecida com a traição da mulher de Lot e da esposa de Noé aos seus maridos. Ao contrário disso, a aproximação dos inimigos de Deus, dos rebeldes e dos tiranos não representa um motivo para se aliar a eles Revista Islâmica Evidências - 33


e agir de acordo com seus planos. A relação matrimonial ou familiar não concede justificativa para o desvio e o envolvimento com os desejos desviantes. Há casos de jovens de ambos os sexos que são praticantes de suas obrigações religiosas, com pudor, mesmo que vivam em casas extraviadas, onde o pai é alcoólatra, não pratica a oração, não jejua, pratica o mal sistematicamente, que têm mães distraídas ou desamparadas, vivendo no extravio, sem véu. Isso se dá devido a uma avaliação consciente e precisa da gravidade do comportamento dos pais, tornando os filhos aptos a rejeitar o ilícito, fugindo para Deus para salvá-los dos atos de seus pais. São como a Ássia, que viveu numa casa de extraviados e não se extraviou.

dos crentes atuantes e íntegros. A gente vê alguns filhos, filhas e esposas de sábios, de pessoas atuantes, de divulgadores, de líderes e de responsáveis como vergonha para os pais e maridos. Apesar de Noé (a.s.) não arcar com a culpa de seu filho, da mesma forma, os crentes não arcam com a culpa de seus filhos desviados a não ser na medida de sua negligência na sua educação. Porém, podemos confirmar que alguns pais íntegros ficam tranquilos de que a sua integridade é suficiente para transformar a sua família em uma família íntegra. Não se empenham devidamente para reformálos, edificá-los e educá-los de forma correta. A integridade dos filhos de ambos os sexos não é reflexiva, direta ou espontânea, também não ocorrendo por mera subordinação, mas é resultado de um esforço empenhado, cultura bem conduzida e educação contínua.

O ambiente social que pressiona o indivíduo para o lado do extravio o induz à incredulidade e a lutar contra a fé

Sem dúvida que a influência do lar – como os estudos afirmam – é muito forte e profunda sobre o comportamento e a personalidade dos filhos de ambos os sexos. Porém, o objetivo da citação das histórias de Ássia no palácio do Faraó e de José na casa da esposa do governador é confirmar que alguns que vivem no coração do desvio, todavia, não perdem os valores, a responsabilidade, o seu apego à sua religião, sua conduta e sua retidão. Não é segredo que a colocação dos jovens de ambos os sexos em casa de crente e de família íntegra tem a sua particularidade. As pessoas – como dissemos – olham a casa e a família como um todo. Não olham para as pessoas individualmente. O desvio de qualquer membro da família atinge com o seu dano todos os outros membros. Como as mulheres dos profetas não são mulheres comuns, devido à sua posição especial perante o profeta e a sociedade, o mesmo acontece com as mulheres e os filhos 34 - Revista Islâmica Evidências

Conclusões: Depois dessa viagem nas histórias do Alcorão e da comparação entre elas, concluímos o seguinte: 1. Os métodos benéficos não se desenvolvem no vazio, mas partem de uma sólida base cultural, de crença espiritual. Por isso, a sua marca é a estabilidade e a firmeza de princípio; 2. Os métodos maléficos se movem com as influências da ignorância, dos desejos e da pressão da corrente. Pessoas que se deixam influenciar por eles tornam-se trêmulas, vacilantes, agitadas, tendendo para onde o vento as levar; 3. Os métodos benéficos são apreciados, afetivos, tolerantes, doces, percebem o bem no seu interior e o espalham sobre quem os rodeia. Sua função é a mesma das flores perfumadas;


4. Os métodos maléficos são duros, rudes, agressivos, arrogantes, ferem os sentimentos das pessoas, causam-lhes dor e fadiga. São como as agulhas dos espinhos;

7. O ser humano constitui-se em atitude... Os personagens das histórias do Alcorão são testemunhas de que o valor do ser humano é validado pela sua atitude;

5. O meio-ambiente não é o único responsável pela formação da personalidade do indivíduo. Este é capaz de se rebelar contra ele e não fazer parte do círculo desviado, extraviado, corrupto e maléfico;

8. As histórias de pessoas corretas abrem os corações para o bem e as mentes para o conhecimento, o espírito para o amor a Deus, a vida para o humanismo tolerante. Por isso, convocamos para a maior quantidade de leitura, quer do Alcorão ou de outros livros, porque é uma parte da base da nossa cultura educacional, colaborando na formação da personalidade dos jovens de ambos os sexos, para que se tornem exemplos vivos de José, Ismael, Ássia, Maria, Moisés e das duas filhas de Xu’aib.

O desvio de qualquer membro da família atinge com o seu dano todos os outros membros

6. Os indivíduos que mantêm relação estreita com Deus, glorificado e exaltado seja, amam-No, obedecem-No e recorrem a Ele nas situações de fraqueza para livrá-los das garras da sedução e da violência, ao contrário dos indivíduos maléficos, que cortam os vínculos com Deus e colocam a sua mão na mão de Satanás;


Nossas Crenças

Parte 6 Vamos continuar falando sobre as peculiaridades da Mensagem Islâmica. Falamos no número anterior a respeito da primeira delas:

“A Eternidade do Islã”.

Dando continuidade ao tema, vamos falar das demais: 2. A Facilidade e a Comodidade: O Islã é a Revelação Divina cujas dimensões denotam os atributos do Legislador, manifestando-se em sua estrutura e objetivos os sinais e os fenômenos desses atributos. O Legislador é Deus, glorificado seja, caracterizado pela Justiça, Sutileza, Misericórdia e Prudência. Por isso, esses atributos do Legislador Sagrado aparecem cristalinos em todas as leis e formalidades do Islã.

çar suas relações e transações com Deus e com as pessoas. A Prudência Divina se manifesta na legislação e imposição de uma base prática efetiva, fundamentada na relação entre as obrigações e as responsabilidades na medida da capacidade de execução humana. Pois faz parte da determinação da Justiça Divina e do critério de sua realização que o ser humano não seja incumbido com obrigações e responsabilidades além de sua capacidade e que ultrapassem o limite do seu poder.

O Islã é a Revelação

cujas dimensões denotam

os atributos do Legislador

Por isso, também, o reflexo e o aparecimento desses atributos se manifestam na facilidade e tolerância da lei, em seu tratamento às potencialidades e aptidões pessoais do ser humano. Essa verdade é plenamente visível em cada legislação e responsabilidade que o Islã apresenta e dirige ao ser humano, para tra36 - Revista Islâmica Evidências

Se o ser humano é incumbido com tarefas acima de sua potencialidade e então são exigidas dele a submissão e aceitação dos códigos e da legislação sem que ele tenha aptidão para tal, o legislador está obrigando-o a desobedecer. Este seria injusto e insensato, incapaz de organizar e


coordenar a relação entre a natureza da criação e da legislação. Assim, os códigos e os sistemas sociais e rituais se chocarão com a natureza e a capacidade humanas, os objetivos do Legislador seriam distorcidos e perder-se-ia o propósito da Lei e do Código Divino. Porém, o Legislador é Deus, o Justiceiro e Prudente, que não é injusto com ninguém nem abusa de ninguém. Ele é o Estabelecedor da Justiça, é Quem estabeleceu tudo com sabedoria e perfeição. “Allah dá testemunho de que não há mais divindade além d’Ele; os anjos e os sábios também O confirmam Justiceiro; não há mais divindade além d’Ele, o Poderoso, o Prudentíssimo.” (3:18). O Alcorão Sagrado indicou as fabulosas características do Islã de facilidade e tolerância. Ele esclareceu a Onis-

ciência Divina com uma pluralidade de adjetivos e termos. Escolhemos as Palavras de Deus, exaltado seja: “Deus deseja aliviar-vos o fardo, porque o homem foi criado débil.” (4:28). “Deus não deseja impor-vos carga alguma; porém, se quer purificar-vos e agraciar-vos, é para que Lhe agradeçais.” (5:6). “Deus não impõe a nenhuma alma uma carga superior às suas forças. Beneficiar-se-á com o bem quem o tiver feito e sofrerá o mal quem o tiver cometido.” (2:286). “Deus não impõe a ninguém obrigação superior à que lhe concedeu; Deus trocará a dificuldade pela facilidade.” (65:7).

Faz parte da Determinação Divina que o ser humano não seja incumbido com obrigações e além de sua capacidade

Quando passamos do Alcorão para a Sunna, vemos que ela é uma sombra perfeita desse espírito corânico. Prega o que o Alcorão prega Revista Islâmica Evidências - 37


e corrobora o que ele corrobora. O Mensageiro de Deus (S) disse: “Trouxe-vos a lei fácil e tolerante.” O mesmo sentido foi expresso pelo Imam Ali (a.s.) ao afirmar: “Rendo graças a Deus por ter estabelecido o Islã e facilitado as suas leis.” Com esses princípios e declarações, o Islã fixou as bases da facilidade e tolerância na Lei, estendendo suas dimensões a todas as obrigações e encargos para corroborar o aparecimento prático da característica do legislador na legislação. Deus é o Legislador, Conhecedor da capacidade humana e dos limites de sua capacidade. Ele, glorificado seja, decretou a obediência do ser humano e o apego aos fundamentos e princípios que lhe foram traçados. Por isso, fixou todas as obrigações e imposições na medida de sua capacidade e potencialidade. Quem analisa as divisões da Lei Islâmica consegue observar essa característica com clareza, destacada em toda legislação e codificação. Por exemplo, o Islã isenta o enfermo, o incapaz e o viajante de jejuar e estabelece leis amenas em tais situações, como a reposição, a oferenda e a indulgência. O enfermo repõe sai obrigação após recuperar a saúde e a capacidade. Se não conseguir, ele pode fazê-lo com oferenda. Se não puder, estará isento e deve fazer pedido de perdão. O incapaz de cumprir a Peregrinação (Hajj) e a Jihad (1) pela causa de Deus fica isento de cumpri-los. Ao devedor que não consegue pagar a sua dívida pode ser concedido auxílio suficiente de dinheiro do Zakat para saldar seus compromissos. Ao desobediente são abertas as portas do arrependimento e o pedido de perdão, etc. Tudo isso para ajudar o ser humano cumprir sua obrigação e capacitá-lo a agir devidamente.

sedutores, do extravio da crença, da corrupção dos sistemas, da ruína da moral e dos valores, protegê-la à sombra da justiça e da misericórdia e espalhar a segurança e a paz. Assim, a humanidade irá desfrutar da felicidade e aproveitar a sombra da graça e da dádiva divinas sem declinar da missão ou se desviar dos princípios na direção dos conceitos da ignorância e seus pontos de vista, que agridem a unidade da humanidade e rasgam os laços da fraternidade humana com as garras do racismo, da luta de classe, do partidarismo, da força, do dinheiro, dos laços de sangue, etc. Por isso, surgiu o generoso discurso divino, dirigido a toda humanidade, como salvador e pioneiro para o seu bem, sem distinção entre rico e pobre, forte e fraco, uma classe ou outra, uma raça ou outra: “Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Allah, é o mais temente. Sabei que Allah é Sapientíssimo e está bem inteirado.” (49:13). Em outros textos corânicos, dirigiu-Se Allah ao Seu nobre Profeta, corroborando e confirmando a exortação: “E não te enviamos, senão como misericórdia para a humanidade.” (21:107). “E não te enviamos, senão como universal (Mensageiro), alvissareiro e admoestador para os humanos; porém, a maioria dos humanos o ignora.” (34:28). Essa característica humana se incorporou à Lei Islâmica com dois princípios fundamentais: O amor à humanidade e o afeto por ela em primeiro lugar, e suprimiu as diferenças e as distinções pré-islâmicas, que desintegravam a espécie humana em conceitos de raça, região e classe. Assim, o Islã tornou-se uma missão mundial, com características de misericórdia, amizade e paz, destacando-se com sua nobre tendência humanística, que não priva ninguém de seus benefícios nem amedronta ninguém.

O Legislador é Deus, o Justiceiro e Prudente, Quem estabeleceu tudo com sabedoria e perfeição

3. A Humanidade. O Islã visa nesta vida, com sua exortação e missão, a salvação do homem. O objetivo da redenção da humanidade é salvá-la da tirania dos

(1) Jihad, islamicamente falando, significa “empenho individual” e não “guerra santa”, como é divulgado no ocidente (NE).

38 - Revista Islâmica Evidências


O sublime Profeta Muhammad (S) foi o exemplo superior e a forma sincera de exemplo e nobres valores humanos. A história nos informa a respeito da extraordinária posição e das atitudes do salvador da humanidade e exortador do bem e da paz. Muhammad (S) interpreta o espírito de sua missão e testemunha a veracidade de sua exortação no dia em que foi ferido na Batalha de Uhud, com a quebra de seu dente e a penetração de dois elos de sua armadura do rosto, causando-lhe enormes dores. Seus companheiros lhe pediram para amaldiçoar os inimigos. Ele, porém, respondeu-lhes com o seu conhecido humanismo e sua conduta exemplar: “Não fui enviado para amaldiçoar, mas como misericórdia. Ó, Deus, orienta o meu povo, pois não sabem o que fazem.”

4. O realismo: O Islã é uma religião prática e um método de vida. Foi transmitido à humanidade para que ela se oriente e siga o seu método, construindo a sua vida e a sua civilização baseada nele, assumindo uma missão com as seguintes características: Deve ser uma missão realista, distante das conjecturas e da imaginação irracional. Por isso, o Islã, em toda legislação, crença e compreensão observa a capacidade humana, a necessidade social do homem e seus objetivos existenciais inatos, diferente dos métodos estabelecidos pelo ser humano, com sua incapacidade de planejamento, sua compreensão superficial e limitada. Planejamento sem levar em consideração a aplicação, sem calcular a harmonia com a natureza, os estímulos psicológicos, intelectuais e físicos que combinam a legislação e as necessidades humanas. O exemplo mais esclarecedor quanto à falta de realismo nas teorias e conceitos humanos é a teoria marxista. Marx, que elaborou sua teoria como reação pessoal contra as situações sociais que o cercavam quando era correspondente de um jornal alemão, sendo desprovido do aumento de

seu salário. Essa situação gerou em si um rancor contra as situações econômicas. Ele começou, então, a imaginar uma nova forma de organização da sociedade humana, baseada no apelo contra a propriedade, a família, a nação, a dívida, os códigos e a moral vigentes. Começou a pregar por uma sociedade liberal comunista, o que na sua visão seria o ápice da sua análise e tradução da história. Sob sua influência surgiram muitos intelectuais, como Lênin e Stalin, que tentaram implantar à força um sistema de orientação socialista, a que muitos denominaram “socialismo real”. Após o sacrifício de milhões de pessoas, vítimas da aplicação experimental prática dessa teoria falida, eliminadas pela tirania e terrorismo leninista e stalinista na Rússia e suas colônias, começaram as decisões e as modificações do sistema. Começou, também, a retirada e a saída paulatina dessas gaiolas de ouro imaginárias, devido ao seu irrealismo, ao distanciamento entre teoria e mundo prático e falta de consideração à natureza humana. Contudo, não é só o comunismo marxista que está destituído dessa característica do realismo, mas o capitalismo também, em seus conceitos e teorias. Em sua configuração formal, este sistema não possui reservas de segurança efetivas para a sua adaptação às necessidades humanas. Por exemplo, a democracia capitalista ostenta a liberdade política e econômica como fundamento de seus conceitos e elaborações teóricas, alegando que é direito de todos. Porém, não apresenta a cada indivíduo a garantia real que lhe proporcione a possibilidade de desfrutar plenamente desta liberdade. O significado da liberdade passou a ser na sua realidade natural uma porta aberta para um grupo em particular, uma propriedade particular das classes executivas, detentoras de capital e a influência política que lhe capacitam a dominar e explorar. A teoria da liberdade no mundo capitalista se transformou em uma forma intrigante de

O sublime Profeta Mohammad (S) foi o exemplo superior e a forma sincera de exemplo e nobres valores humanos

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escravidão e exploração econômica e política das classes pobres e desprovidas, tornando-se motivo de exploração dos povos. O Islã, porém, é realista em cada um de seus passos, efetivo em todos os seus métodos. Se dermos uma olhada perscrutadora na área da legislação islâmica, e tentarmos nos aprofundar nela, descobriremos que a causa do realismo islâmico é proporcionada por: a) Respeito à natureza e à gênese humanas, aceitando os desejos, tendências inatas e naturais do ser humano, adequando os deveres, as responsabilidades e os vários códigos de acordo com a capacidade humana. b) Estabelecimento do princípio do arrependimento, com abertura das portas do perdão divino aos rebeldes e injustos, capacitando o ser humano a se apegar às obrigações, levando em consideração a capacidade humana voluntária e psicológica. Todos os seres humanos estão sujeitos a cometer erros e desobediências, a não ser a quem Deus conceder a infalibilidade. Todo ser humano está sujeito a, durante sua marcha, não ser permanentemente correto. Daí, o princípio do arrependimento e do perdão divino, um equipamento legislativo para capacitar o ser humano a cumprir com o seu dever, corrigir a linha de sua marcha, tranquilizando a sua consciência quanto aos golpes do pecado, dos sentimentos do atraso e da incapacidade.

conhecê-las o Criador, sendo Ele o Onisciente, o Sutilíssimo?” (67:14). Ele é Quem sabe que o ser humano certamente irá se rebelar e cometerá pecado. Por isso, abriu-lhe a porta do arrependimento e do perdão se cometer erro e pecado, como primeiro passo no caminho da orientação. Talvez o pecador volte à esplanada de Deus, sentindo o caminho da luz e da retidão. Contudo, Deus sabe também que muitas pessoas não ouvem a palavra da verdade, nem se submete aos códigos do bem e da justiça, nem pensam em se retirar do pecado, em mudar a sua tendência criminosa. Por isso, estabeleceu o castigo como tratamento para os desviados irredutíveis, que representam um perigo para o sistema de vida, acostumados que estão a destruir os edifícios do bem e da paz, espalhando a corrupção na terra. Seu arrependimento não é válido nem aceito, devido ao crime cometido, merecendo eles o castigo: “Tendes, no talião, a segurança da vida, ó sensatos, para que vos refreeis.” (2:179). Deus impôs o castigo repressivo como proteção do código da vida e aplicação da Boa Vontade de Deus na terra. O versículo sagrado descreve minuciosamente essas etapas orientadoras, reformadoras e avaliadoras que o Islã apresenta ao ser humano. Deus, exaltado seja, diz: “Enviamos os Nossos mensageiros com as evidências: e enviamos, com eles, o Livro e a balança, para que os humanos observem a justiça; e enviamos o ferro, que encerra grande poder (para a guerra), além de outros benefícios para os humanos, para que Allah Se certifique de quem O secunda intimamente, a Ele e aos Seus mensageiros; sabei que Allah é Poderoso, Fortíssimo.” (57:25).

A democracia capitalista não apresenta a cada indivíduo a garantia real de desfrutar plenamente da liberdade

c) A existência do princípio da facilidade e da tolerância. d) A imposição dos castigos legais: Esse princípio surge como expressão da retificação islâmica efetiva da natureza dos estímulos e das condutas humanas, como garantias que agem na aplicação da lei e na proteção do sistema de vida. Deus é o Legislador Prudente, que deseja que o ser humano corresponda à palavra da verdade e do bem, orientando-se com a Lei e o Código Divino. Ele é Quem olha a realidade do ser humano, é Quem sabe o que a alma humana carrega de estímulos e tendências: “Como não haveria de 40 - Revista Islâmica Evidências

e) A progressividade e a diligência: Dentre os fatores legislativos e sistemáticos que concedem ao Islã a característica de realidade está o fenômeno da progressividade na comunicação das leis no início da missão, apresentando-as em etapas e períodos sucessivos que duraram 23 anos. Elas não foram estabelecidas para o ser humano


de uma só vez e as pessoas não foram encarregadas de cumpri-las no primeiro dia. O caráter gradual da comunicação divina expressa não apenas o realismo do Islã e a consideração do realismo na natureza humana, mas os fatores ambientais que ele deseja mudar. Da mesma forma, a Diligência (Ijtihad) expressa a mesma verdade, porque é o reconhecimento do desenvolvimento da vida humana e a evolução de suas exigências. Ela interpreta o papel de desenvolvimento constante das leis e dos códigos islâmicos, que expressam, na sua expansão o crescimento dos assuntos vitais no campo individual e coletivo, nos setores políticos, financeiros, jurídicos, econômicos, da organização e administração, etc.

ção da mente e harmonia com a sua lógica, convencendo-a com argumentos e provas incontestáveis. Por isso, o diálogo do Alcorão é constante e aberto. Seu apelo é contínuo, estimulando o ser humano a pensar em si mesmo e em seu mundo, na missão que lhe foi apresentada. Tudo isso para construir a relação do ser humano com o seu Criador e com o seu mundo de forma compreensiva e racional, e da concepção científica minuciosa, distante da falsidade e da fraude, dos mitos e do extravio. Deus, exaltado seja, diz: “E estas parábolas, citamo-las aos humanos; porém, só os sensatos as compreendem.” (29:43). “E com ela faz germinar a plantação, a oliveira, a tamareira, a videira, bem como toda a sorte de frutos. Nisto há um sinal para os que refletem. E pôs ao vosso dispor, a noite e o dia; o sol, a lua e as estrelas estão submetidos às Suas ordens. Nisto há sinais para os sensatos.” (16:11-12). “Aos olhos de Allah, os piores animais são os “surdos” e

O apelo do Alcorão é contínuo, estimulando o ser humano a pensar em si mesmo, em seu mundo e na missão que lhe foi apresentada

5. O Respeito à Razão: A Lei Islâmica se destaca como lei da razão e da lógica. É uma missão que se baseia na convic-

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“mudos”, que não raciocinam.” (8:22). A partir dessa base metódica do pensamento islâmico, o Alcorão refutou qualquer fomento perturbador na crença islâmica que a mergulhe nas profundezas da ignorância, da dúvida e da vacilação, circunscrevendo a fé aos limites da conscientização e da prática. Deus, exaltado seja, diz: “Somente são crentes aqueles que crêem em Allah e em Seu Mensageiro e não duvidam, mas sacrificam os seus bens e as suas pessoas pela causa de Allah. Estes são os verazes!” Uma tradição narrada pelo Imam Jaafar Assádiq (a.s.) expressa o valor da razão no Islã e personifica a importância da vida humana. Foi relatado que ele disse: “Quando Deus criou a razão, fê-la falar. Disselhe para se aproximar e ela se aproximou. Disse-lhe para se afastar e ela se afastou. Afirmou, então: ‘Por Meu Poder e Magnificência, não criei nada mais amado do que tu, nem te aperfeiçoei a não ser no que amo. Porém, vou ordenar-te e restringir-te, vou castigar-te e recompensar-te.” De acordo com esse conceito e avaliação islâmica, foi traçada a base fundamental que diz: “Tudo o que a razão sentencia a lei sentencia.”

rem uma unidade legislativa e intelectual que se apóiam mutuamente. Cada parte prepara o caminho para a realização da função da outra. Peguemos como exemplo a função do Zakat, que é um preceito econômico, ritual e moral que visa a conservar a estabilidade da vida coletiva, eliminando as diferenças de classe na sociedade islâmica e purificando a alma dos estímulos egoísticos e cobiçosos. Essa legislação de vários objetivos, conceitos, pensamentos e regras se juntam para o sucesso de sua função e a realização de seus objetivos. A crença em Deus e no Dia do Juízo Final, a educação moral, o poder da autoridade e do código são forças e estímulos que agem efetivamente para o sucesso da legislação. A crença do muçulmano na recompensa da Outra Vida e o seu medo do castigo divino, o desenvolvimento dos estímulos morais como a generosidade e o altruísmo que o Islã desenvolve na consciência do indivíduo e da sociedade, a existência da imposição legal, o direito da Nação Islâmica de utilizar a força para obrigar os contraventores, dentre os ávidos e escravos do dinheiro, que não cumprem a obrigação do zakat e o sucesso da função da legislação econômica e moral, são todos meios de proteção que agem para fechar o círculo da execução e coordenar o efeito prático das regras e preceitos, estabelecendo a justiça econômica, reanimando a sociedade com recursos financeiros e com os nobres valores humanos, elevando, assim, o nível espiritual e ritual do muçulmano.

O Islã organizou os efeitos e as recompensas conforme as intenções, tornando-os a base do merecimento

6. Conveniência e Falta de Contradição: As leis, os conceitos, as organizações, as regras, as crenças islâmicas se destacam como leis, conceitos e crenças que caminham sobre fundamentos lógicos, coordenadas e monoteístas de tal forma que cada parte se tornou base, elemento e força que ajuda na aplicação das outras, aplainando o caminho para a execução e o sucesso de sua função sem que haja entre eles qualquer contradição ou oposição. A crença em Deus, o ater-se à boa conduta ajudam na aplicação das regras políticas, jurídicas e econômicas. A prática ritual e o cumprimento das obrigações ajudam na purificação da alma, na retidão do comportamento e na conservação da saúde do corpo. Assim, os preceitos, os valores, as regras e os rituais se ajudam dentro do círculo da crença e da fé em Deus para forma42 - Revista Islâmica Evidências

7. A Preocupação com a Intenção e o Objetivo: O Islã concedeu à intenção e ao objetivo uma grande importância, tornando-os o espírito da ação e a base de sua avaliação, porque o autor, do ponto de vista islâmico, expressa com o seu ato a sua intenção e objetivo. Se for para o bem, bem será, se for para o mal, mal será. Por isso, o Islã se preocupou com a educação da intenção, na emenda da orientação e o objetivo do ser humano na vida como parte do método educacional que prima


em corrigir a pessoa internamente, construindo os bons sentimentos, moral e espiritualmente. Devido ao papel efetivo e os resultados causados pela intenção humana na personalidade do indivíduo ativo e sua sociedade, o Islã organizou os efeitos e as recompensas conforme as intenções, tornandoos a base do merecimento da recompensa divina. O Nobre Mensageiro de Deus (S) disse: “As obras vêm determinadas pelas intenções. Assim, cada pessoa alcançará o que busca, de acordo com suas intenções. Desse modo, aquele cuja emigração acontecer pela causa de Deus e do Seu Mensageiro, essa emigração será considerada como sendo pela causa de Deus e do Seu Mensageiro. Porém, aquele que emigrar em busca de algum benefício material, ou para desposar uma mulher, sem dúvida a sua emigração será para aquilo para o quê emigrou.” O neto do Mensageiro de Deus, o Imam Ali Ibn Hussein (a.s.), disse: “Não há obra sem intenção.” É verdade que o Islã separa entre dois tipos de atos: a) Atos cuja validade depende da intenção (intenção de se aproximar de Deus, glorificado seja) e são os rituais e os atos de piedade e da benevolência;

b) Atos cuja validade não depende da intenção de se aproximar de Deus, glorificado seja, como de comércio, contratos, casamentos e demais relações sociais. Essa divisão, porém, não tira da intenção seu papel e a sua importância quando é tomado o lado espiritual e moral vinculado ao lado legal desses atos. Por exemplo: aquele que vende e compra, é tolerante em suas relações, cumpridor das leis islâmicas, intencionando com isso cumprir a ordem de Deus nesse sentido, faz com que sua intenção conceda ao seu comportamento uma forma ritualista, transformando o ato material em ato espiritual e moral que torna o autor merecedor da recompensa de Deus, glorificado seja. A influência dessa intenção sobre o ato e a mudança de seu valor como resultado natural da preocupação do Islã com o conteúdo da pessoa autora é um princípio efetivo. O ato é um efeito e fenômeno dinâmico do indivíduo agente. Por isso, o Islã empreende todo o seu esforço e cuidado na educação das boas intenções, orientando a pessoa para elas, como introdução para vinculá-la a Deus, glorificado sejam e à adoração somente a Ele.


Nossas Crenças

Parte 6

A Beleza e a FeiĂşra Mental:


A

mente humana percebe os aspectos belos e feios das coisas, devido à bênção que é a capacidade humana de discernir entre ambos, depositada no ser humano por Deus, exaltado seja. Este, antes da revelação das Leis Divinas, determinou que a mente poderia captar a beleza da justiça e da piedade, em contraponto à feiúra, por assim dizer, da injustiça e da tirania, a beleza de características morais como a veracidade, a confiança, a coragem, a generosidade, etc. e a feiúra da mentira, da traição, da avareza, etc. Porém, a mente humana é incapaz de captar a beleza e a feiúra de todas as coisas. O conhecimento humano é limitado de todas as formas. Por isso, Deus, exaltado seja, enviou os Profetas e revelou os Livros Sagrados para complementar essa questão por meio da razão, iluminando os cantos escuros que não podem ser alcançados pelo esforço mental humano.

“feias” – isto é, reprováveis – e é inconcebível que Deus legue o que é reprovável. A Liberdade do Ser Humano: Como prova do que foi citado antes, acreditamos que Deus criou o ser humano livre, fazendo-o agir segundo a sua vontade e escolha, porque se o ser humano fosse obrigado a praticar os atos, seria injusto castigá-lo pelas suas maldades e impossível recompensá-lo pelas bondades. Em resumo, dizemos: A crença no feio e no belo e a independência de pensamento do ser humano na determinação de sua conduta são dois pilares básicos da religião, da Shari’a, da crença na missão dos profetas e nos Livros Celestiais. Porém, a capacidade do ser humano, como dissemos, é limitada e não consegue, apenas por seu intermédio, chegar a todas as verdades que o façam alcançar a felicidade e a perfeição. Por isso, ele necessita dos profetas e dos Livros Celestiais.

O conhecimento humano é limitado de todas as formas. Por isso, Deus, exaltado seja, enviou os Profetas e revelou os Livros Sagrados

Não podemos, contudo, negar totalmente a independência da mente na determinação da verdade. Agindo assim, não conseguiríamos comprovar a existência de Deus, o Seu conhecimento e a legalidade da missão dos profetas. É surpreendente que o indivíduo só possa se submeter aos ensinamentos da Shari’a (Lei Islâmica) e aceitá-la integralmente após ser confirmada pela mente a origem da unicidade de Deus e da Profecia. A Justiça Divina: Por isso acreditamos na justiça divina, e dizemos: É impossível que Deus seja injusto com os Seus servos ou castigue ou perdoe alguém sem provas. É impossível que Deus não cumpra o prometido, ou que escolha para a profecia e a missão uma pessoa malvada, que comete erros e mente. É impossível que abandone Seus servos a quem criou, sem atingirem a felicidade, sem um orientador e líder, porque todas essas atitudes são

A Prova Mental é Fonte Jurisprudente: De acordo com o que falamos acima, cremos que a prova mental é considerada uma das fontes básicas da religião. O que se quer dizer com “prova mental” é a capacidade da mente de compreender algo definitiva e conscientemente, emitindo opinião a respeito. A exemplo disso, se supostamente não conseguimos qualquer prova no Livro e na Sunnah sobre a ilegalidade da injustiça, da traição, da mentira, do assassinato, do roubo e da falta de respeito aos direitos dos outros, proibiríamos esses vícios apenas mediante a análise racional. Estamos certos de que Deus, o Onisciente, o Prudente nos proibiu essas coisas e não aceita que as pratiquemos. Por isso, constituem um argumento divino contra nós. Os versículos do Alcorão estão repletos de expressões que mostram a importância da mente e das provas racionais. Por causa da Revista Islâmica Evidências - 45


convocação para se percorrer os caminhos da A Filosofia das Calamidades: unicidade, o Alcorão aconselhou os sensatos a Para comprovação do que foi citado acima, pensar nos sinais divinos nos céus e na terra, cremos, também, que os acontecimentos dolorodizendo: “Na criação dos céus e da terra e na sos no mundo, como terremotos e as desgraças, alternância do dia e da acontecem, às vezes noite há sinais para como castigo, como os sensatos.” (3:190). É impossível que Deus não ocorreu com o povo Por outro lado, conde Lot: “E quando se cumpra o prometido, ou que siderou o objetivo de cumpriu o Nosso deevidenciar os sinais diescolha para a profecia e a sígnio, reviramos a vinos como aumento da cidade nefasta e demissão uma pessoa que compreensão humana: sencadeamos sobre ela “Repara em como discomete erros e mente uma ininterrupta chupomos as evidências, a va de pedras de argila fim de que as compreendurecida.” (1:82). E endam” (6:65). Por último: “Aos olhos de Deus, aconteceu com o tirano povo de Sabá: “Porém, os piores animais são os “surdos” e “mudos”, desencaminharam-se. Então, desencadeamos que não raciocinam” (8:22). Juntamente com sobre eles a inundação provinda dos diques” muitos outros versículos a esse respeito. Como (34:16). Algumas vezes acontecem para desperpode a mente, com todas essas confirmações, tar as pessoas e retorná-las ao caminho da verdaignorar isso e não lhe dar a importância devida? de: “A corrupção surgiu na terra e no mar por causa do que as mãos dos humanos lucraram. E (Allah) os fará sentir o gosto do que cometeDe Volta para a Justiça Divina: ram. Quiçá assim se abstenham disso” (30:41). Citamos acima a nossa crença na Justiça DiEsse tipo de calamidades, portanto, constitui em vina, e dissemos que Deus, glorificado e exaltabenevolência divina. do seja, não deseja cometer injustiça contra os Quanto à outra parte de dores que acomeSeus servos, porque a injustiça é algo maléfico. tem o ser humano é o que causa a si mesmo por Deus, glorificado e exaltado seja, está isento disignorância: “Deus jamais mudará as condições so: “Teu Senhor não é injusto com ninguém” que concedeu às pessoas, a menos que elas mu(18:49). dem o que há em seus íntimos.” (13:11). “Toda A culpa pelos castigos que acometem algua ventura que te ocorra (ó homem) emana de mas pessoas nesta vida e na Outra é delas mesAllah; mas toda a desventura que te açoita mas: “Allah não os condenou; outrossim, foram provém de ti” (4:79). eles mesmos que se condenaram” (9:70). Isso se aplica a todas as criaturas do mundo e não ao ser humano, apenas: “Allah jamais deseja a inEste Mundo Constitui na justiça para as criaturas” (3:108). Certamente, Melhor Organização: todos esses versículos confirmam a importância Cremos que este mundo cósmico representa da prudência e da correta orientação da mente. a melhor organização, no sentido de que a organização existente no mundo é a melhor em que Negação do Encargo Insuportável: o mundo se estabiliza. Cada coisa foi criada sob medida, não se vê nada que contrarie a verdade, Cremos que, de acordo com as ordens de a justiça e o bem. Se o mal existe na sociedade Deus, glorificado e exaltado seja, não se imhumana, é por causa do que cometeram as mãos põe ao ser humano o que ele é incapaz de fazer: das pessoas. “Allah não impõe a nenhuma alma uma carga superior às suas forças” (2:286). 46 - Revista Islâmica Evidências

Reiteramos, dizendo: “Cremos que a justiça


divina é um pilar básico na visão cósmica islâmica, sem a qual oscilam as bases da Unicidade (Tauhid), da Profecia (Nubuwa) e do Dia do Juízo (Me’ad). Portanto, precavenha-se. As Quatro Fontes de Jurisprudência: As fontes de jurisprudência, como citamos antes, são quatro: 1): O Livro de Deus (o Alcorão Sagrado), como a fonte principal do conhecimento e das leis islâmicas; 2): A Sunnah do Profeta (S) e dos Imames Infalíveis (a.s.); 3): O Consenso dos sábios e dos jurisconsultos, oriundo da opinião de um Infalível; 4): A prova racional, ou seja, a prova mental definitiva. Quanto à prova mental hipotética, como a analogia e a aprovação, não é adotada em nenhuma questão jurídica. Se o jurisconsulto vir interesse em algo não legalizado pelo Livro e pela Sunna, não pode considerar isso como lei divina, como não é possível recorrer à analogia hipotética e coisa similar para descobrir a sentença legal. Quanto às questões axiomáticas, como a conscientização quanto ao malefício da injustiça, da mentira, do roubo, da traição, a sentença racional é considerada como a descoberta da sentença legal consoante uma base: “Tudo que a razão estabelece, a lei estabelece.”

as sentenças e as leis divinas das quatro fontes e colocá-las à disposição das pessoas. Como a religião pode ser completa sem possuir todas as regras jurídicas para todas as épocas e períodos? Deus Altíssimo, na Surata Al-Ma’ida, que é a última surata revelada ao Profeta (S) - ou uma das últimas: “Hoje, completei a religião para vós; tenho-vos agraciado generosamente, e vos aponto o Islã por religião.” (5:3). O Mensageiro de Deus (S), em sua conhecida tradição proferida na Peregrinação de Despedida, exortou: “Ó gente, por Deus, o que mais os aproxima do Paraíso e os afasta do Inferno é o que eu lhes ordenei fazer; o que mais os aproxima do Inferno e os afasta do Paraíso é o que os proibi fazer.” (Ussul al Káfi 2: 74, Bihar al Anwar, 67:96). A Dissimulação e a sua Filosofia: Cremos que o indivíduo é encarregado de ocultar suas crenças perante o indivíduo fanático e radical, que não reconhece a linguagem lógica, caso a divulgação delas representar perigo de vida ou algo semelhante, sem que se obtenha com a divulgação algum proveito. Damos a esse comportamento o nome de Taquiya (Dissimulação), que extraímos de dois versículos do Alcorão Sagrado e da prova racional. Deus, Altíssimo, disse a respeito de um crente da família do Faraó: “E um homem crente, da família do Faraó, que ocultava a sua fé, disse: ‘Mataríeis um homem tão-somente porque diz: Meu Senhor é Allah, não obstante ter-vos apresentado as evidências do vosso Senhor?’”. A expressão: “ocultava a sua fé” expressa uma autorização quanto à Taquiya. Será que é certo um crente da família do Faraó declarar a sua fé e expor a sua vida ao perigo sem nada obter de volta?

A crença no feio e no belo e a independência de pensamento do ser humano na determinação de sua conduta são dois pilares básicos da religião

Não Há Vazio Legal no Islã: Cremos que não há qualquer vazio legal no Islã, com o sentido de que todas as leis das quais o ser humano necessita, até o Dia da Ressurreição, ora de forma particular, ora dentro de uma lei em geral, estão dadas ou podem ser inferidas racionalmente. Por isso, não permitimos aos jurisconsultos o direito de legislação, mas temos que eles são encarregados de extrair

Da mesma forma, Deus ordenou alguns Mujáhidin (Guerreiros), nos primórdios do Islã, que viviam entre as garras dos incrédulos, a dis Revista Islâmica Evidências - 47


simular sua crença, dizendo: “Os crentes não tomam por confidentes os incrédulos, em detrimento de outros crentes. Aqueles que assim procederem, de maneira alguma terão o auxílio de Allah, salvo se for por precaução e resguardo contra eles.” (3:28). Com base nisso, Taquiya significa ocultar a crença quando a vida, os bens e a honra da pessoa estão ameaçados por perigo perante um inimigo fanático e implacável, sem conseguir realizar algo. Nessa situação, a pessoa não deve se lançar no precipício, desperdiçando as energias existentes. Deve conserválas para utilizá-las na hora da necessidade. A

respeito disso, o Imam Assádiq (a.s.) disse: “A Taquiya é o escudo do crente.” O escudo aqui é uma expressão delicada, que mostra que a Taquiya é uma forma de defesa perante o inimigo. O caso de Ammar Ibn Yássir é conhecido quanto à sua prática de Taquiya perante os incrédulos e a sua aprovação pelo Profeta (S). [Essa narrativa foi citada por muitos exegetas, historiadores e tradicionalistas. Entre eles, Wáhidi na obra “Assbab an Nuzul” (A Causa da Revelação), Tabari, Kurtubi, Zamkhachari, Fakhr Arrázi, Al- Baidháwi, Annaissaburi em suas exegeses a respeito do final do versículo 106 da Surata Annahl (As Abelhas)].

Se o mal existe na sociedade humana, é por causa do que cometeram as mãos das pessoas

A camuflagem dos soldados nos campos de batalha, a ocultação dos segredos militares do inimigo e coisas similares, tudo isso é considerado Taquiya na vida humana. A Taquiya significa, em termos gerais, ocultação quando à divulgação, significa perigo e dano, sem revelar qualquer benefício. Essa é uma sentença racional e legal que todos os muçulmanos do mundo, ou pelo menos os sensatos entre eles, utilizam numa necessidade. Casos da Ilicitude da Taquiya: Devemos confirmar aqui que a Taquiya torna-se ilícita em alguns casos em que os fundamentos da religião, o Alcorão ou a organização islâmica se expõem ao perigo. É dever do ser humano divulgar a sua crença mesmo que se torne um mártir com isso. Cremos que a Revolução do Imam Hussein (a.s.) em Ashura’ foi consequência da realização de objetivo justo, porque os governantes Omíadas colocaram as bases do Islã em perigo. O Imam Hussein (a.s.) revoltou-se para desmascarar os corruptos e enfrentar o perigo que representavam.



O Mensageiro de Deus(S) Conversa Conosco

O

Mensageiro de Deus (S) disse: “Quando o adultério aumentar depois de mim, a morte repentina irá também aumentar. Se a balança for defraudada, Deus fará com que as safras diminuam. Se o zakat for proibido, a terra ficará sem a bênção das plantações, dos frutos e dos minérios. Se as sentenças forem injustas, haverá cooperação na injustiça e na agressão. Se as promessas não forem cumpridas, Deus enviará contra os descumpridores os seus inimigos. Se o relacionamento familiar for interrompido, os bens passarão para as mãos dos criminosos. Se a prática do bem não for ordenada, a prática do mal não for coibida 50 - Revista Islâmica Evidências

e os escolhidos entre os meus familiares não forem seguidos, Deus fará prevalecer os maldosos. Então, convocarão os escolhidos, que não os atenderão.” O Nobre Profeta (S) afirmou, também: “Só ingressará no Paraíso quem for muçulmano.” Abu Zarr perguntou: “Ó, Mensageiro de Deus, o que é o Islã?” Ele respondeu: “O Islã é nu e suas vestes são o temor a Deus, sua pele é a orientação, seu manto é o pudor, seus bens são a piedade, seu complemento é a religião, seu fruto é a boa ação. Cada coisa tem seu fundamento e o fundamento do Islã é ter amor pelos meus familiares.”


Ele também disse: “Quem pedir o aprazimento de uma criatura, indignando ao Criador, Ele, exaltado seja, o fará ser dominado por aquela criatura.” Ele falou, ainda: “O mundo é a prisão do crente e o Paraíso é a prisão do incrédulo.” E disse mais: “Tenha cautela das pessoas de má opinião.” E afirmou também: “Todo o bem é alcançado por meio da razão. Não possui religião quem não tem razão.” Disse ainda: “Deus dividiu a mente em três partes, quem as possuir terá uma mente completa, quem não as tiver, não terá mente: o bom conhecimento de Deus, a boa obediência a Ele e a boa paciência perante a Sua determinação.”

vida da pessoa. Cada favor é uma caridade; os que praticam o lícito neste mundo serão os praticantes do lícito no Outro. Os praticantes do ilícito neste mundo serão os praticantes do ilícito no Outro. Os primeiros a ingressar no Paraíso serão os praticantes do lícito.” Ele (S) disse mais: “Se Deus agracia um servo, gosta de ver o vestígio de Sua graça sobre ele. Deus odeia a miséria e o ato de aparentar miséria.” Disse também: “O filho de Adão se torna velho e duas coisas ficam jovens nele: a ambição e a esperança.” Disse também: “O pudor faz parte da fé.” Disse mais: “Quem se relacionar com as pessoas, não pode ser injusto. Quem conversa com elas, não pode mentir. Quem promete, não pode ser desleal. Deve ser de perfeita hombridade, de perfeita integridade, merecedor de recompensa e não se deve falar mal dele.”

Falou o Mensageiro de Allah (S): ‘O mundo é a prisão do crente e o Paraíso é a prisão do incrédulo’

Declarou também o Nobre Profeta (S): “O conhecimento é amigo do crente, a compreensão é o seu ministro, a mente é o seu orientador, a ação é o seu valor, a paciência é o comandante de seu exército, a amizade é o seu genitor, a piedade é o seu irmão, a descendência é Adão, a consideração é o temor a Deus e a hombridade é a integridade dos bens.” Então, o Mensageiro de Allah (S) perguntou a Abu Zarr: “Que parte da crença é mais forte?” Respondeu o homem: “Deus e Seu Mensageiro sabem mais.” Disse-lhe, então, Muhammad (S): “Ter amizade por Deus, ter inimizade por Deus e indispor-se por Deus.” E disse mais: “O arrependimento é penitência.” E disse ainda: “Não crê no Alcorão quem torna lícito o que ele proíbe.” Um homem lhe pediu: “Aconselha-me.” Disselhe: “Conserva a tua língua.” Pediu-lhe, novamente: “Ó, Mensageiro de Deus, aconselha-me.” Respondeu-lhe: “Conserva a tua língua.” O homem repetiu: “Ó, Mensageiro de Deus, aconselha-me.” Respondeu-lhe: “Ai de ti. Não sabes que as pessoas serão arrojadas no Inferno por causa de suas línguas?” Muhammad (S) afirmou: “Os favores evitam os campos do mal. A caridade oculta e apaga a ira de Deus. O relacionamento com os parentes aumenta a

Disse Ainda: “Tudo no crente é sagrado: sua honra, seus bens e seu sangue.” Afirmou o Nobre Mensageiro (S): “Relacionemse com seus parentes mesmo com uma saudação.” Disse: “A fé é um acordo do coração, pronunciado pela língua e o agir deve ser de acordo com os pilares (da Religião).” E declarou: “O abandono do mal é caridade.” E disse mais: “Quatro coisas são características dos inteligentes da minha comunidade.” Perguntaram: “Quais são, ó, Mensageiro de Deus?” Respondeu: “Ouvir o conhecimento, aprendê-lo, divulgá-lo e agir de acordo com ele.” E disse ainda: “Quem satisfizer o governante com o que irrita a Deus estará cometendo apostasia.” E disse, também: “O melhor do bem é quem o faz e o pior do mal é quem o comete.” Ele disse mais ainda: “A quem Deus muda da humilhação da desobediência para a honra da obediência enriquece-o sem dinheiro, honra-o sem tribo e o distrai sem amigo. Quem teme a Deus é temido Revista Islâmica Evidências - 51


por todos. Quem não teme a Deus, Deus o fará temer a tudo. Quem fica satisfeito pelo pouco concedido por Deus, Deus fica satisfeito com pouco de seus atos. Quem não se envergonha de procurar o lícito para o sustento, não necessita de muita provisão, sua preocupação diminui e seus familiares são beneficiados. A quem menosprezar o mundo, Deus fixará a prudência em seu coração e a pronunciará com a língua, o fará ver os defeitos das pessoas, as enfermidades e suas curas. Ele o fará sair do mundo são e salvo para a Residência Eterna.” E disse: “O menosprezo pelo mundo constitui em contentar-se com pouca esperança, em agradecer todas as dádivas, em temer tudo que Deus proibiu.” E disse mais: “Não faças nada de bem para se mostrar, nem deixes de fazê-lo por vergonha.” E disse ainda: “Temo pela minha comunidade três coisas: Avareza aceita, desejo seguido e um Imam extraviado.” E disse mais ainda: “Quem se preocupar demais, seu corpo adoecerá. Quem tiver mau caráter torturará sua alma. Quem disputar com os homens, perderá sua virilidade e honra.” Ensinou o Nobre Mensageiro (S): “O pior entre minha comunidade é quem é honrado por receio de sua maldade. Fiquem sabendo que quem for honrado pelas pessoas para evitar sua maldade

não pertence a mim”. E disse: “Quem de minha comunidade amanhecer e a sua preocupação não for Deus, não pertence a Deus. Quem não se preocupar com as aflições dos crentes, não pertence a eles. Quem aceitar impassivelmente a humilhação, não pertence a nós, Ahl Al-Beit (1).” O Mensageiro de Deus (S) escreveu uma carta a Mou’az com condolências pela perda do filho. Disse: “De Mohammad, o Mensageiro de Deus, para Mou’az Ibn Jabal. Que a paz esteja contigo. Agradeço a Deus, não há outra divindade além d’Ele. Fiquei sabendo da tua aflição pelo filho que faleceu. O teu filho foi uma feliz dádiva de Deus e um préstimo depositado contigo. Deus te satisfez com ele até um término e o levou num tempo conhecido. Fique sabendo que somos de Deus e a Ele retornaremos. Que a tua aflição não te prive da recompensa. Quando tu vires a recompensa de tua desgraça, ficará sabendo que ela aconteceu por causa importante que Deus preparou para os resignados e pacientes. Fique sabendo que a aflição não devolve o falecido, não evita a predestinação. Portanto, conforma-te e aceita o prometido. A tua tristeza não evitará o que te é destinado e todas as criaturas encontrarão o seu destino”. Que a paz e a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam contigo.”

(1) Literalmente, “Gente da Casa”, ou seja, os membros da Nobre e Purificada Família de Muhammad (S) (NE).

52 - Revista Islâmica Evidências


Perguntas e Respostas

As condições da alma Pergunta: Quais são as condições da alma no Alcorão Sagrado? Resposta: Temos a alma tranquila, a derradeira condição da perfeição humana: “E tu, ó alma tranquila.” (89:27). E temos a alma propensa ao mal: “Porquanto a alma é ordenadora do mal.” (12:53). Depois de ingressar na corrente do movimento integral, passa a ser alma que reprova a si mesma: “E juro, pela alma que reprova a si mesma.” (75:2). Em seguida, alcança a etapa de inspiração: “E lhe inspirou o que é certo e o que é errado.” (91:8). E passa a ser a alma inspirada, permanecendo assim até alcançar a posição da tranquilidade pessoal. Essa última, também, possui posições: A satisfeita e satisfatória, o último grau. Há uma observação para a qual chamamos a atenção: a alma ordenadora do mal, a inspirada, a reprovadora e a tranqüila não se encontram em quatro existências distintas, apenas. Podem integrar uma só alma, porém diferem entre si nas várias situações do cotidiano. A alma de todo ser humano é constituída por estas quatro “identidades”. De início, devemos entender a alma ordenadora. Trata-se da alma humana Revista Islâmica Evidências - 53


que tem uma condição de liderança, extrapolando, contudo, na sua característica de líder. Ela tenta controlar e dominar, não está preparada para abandonar o domínio e reconhecer a sua servidão e submissão. As crenças celestiais informam que os mensageiros e os profetas (a.s.) orientam quanto à existência de um Deus Único, Onisciente, Poderoso, que domina os Seus servos. A alma ordenadora, porém, que considera a si mesma a dominadora, não se submete a qualquer autoridade divina e não está preparada para reconhecer a sua servidão. Ela tenta se livrar de assumir a responsabilidade com diferentes argumentos e desculpas. Nós éramos uma gota de esperma. Olhemos para o fabuloso sistema de nosso corpo e nossos ossos, para as nossas veias e artérias, para as complicadas funções do fígado, que são 12; para o coração e a filtração do sangue, para os rins e o estômago. Olhemos para o aparelho respiratório, para as traquéias. Será que esses extraordinários órgãos, aparelhos e sistemas formaram-se sozinhos? Você acredita nisso? Porém, como este tipo de alma é ordenador, recorre a argumentos e pisoteia a consciência. Segue no sentido contrário da natureza, apega-se a dúvidas e ambiguidades para não reconhecer a sua servidão. Ela é ordenadora, não desejando assumir a sua responsabilidade.

voltou daquele mundo e trouxe qualquer notícia a seu respeito”. Deseja viver livre e sem obrigações. Não se submete à questão do retorno nem aceita a responsabilidade divina, afastando-se das proibições. Deseja saciar o estômago com o ilícito. Por isso, diz: “Essas crenças são retrógradas, são questões antigas e petrificadas”. Tudo isso é resultado da alma ordenadora. Porque deseja comer o que consegue alcançar, quer sejam bens do órfão, fraudar na medida e no peso, ou praticar o crime. Deseja desfrutar da visão, olhando para tudo que é ilícito. Por ser uma alma ordenadora, não gosta que seu domínio e controle sejam restritos. A questão chega ao cúmulo de o ser humano e sua alma ordenadora desejarem assumir o lugar do Senhor do Universo: “Proclamando: Sou o vosso senhor supremo!” (79:24). A alma fica feliz quando as coisas são como ela gosta e deseja. Fica triste e com raiva quando acontece o contrário. Enquanto a sua alma permanecer ordenadora, seu prognóstico é ruim. Quão péssima é a sua maldade!

A alma de todo ser humano é constituída por quatro ‘identidades’: ordenadora do mal, inspirada, reprovadora e tranqüila

Porém, em relação ao retorno, quantas vezes ouvimos as vozes da verdade: “Ó, gente, vós não desapareceis após a morte e não vos tornareis um nada. Mas estareis presentes e o tribunal da justiça divina está presente, também”. Cada indivíduo será recompensado por seus atos e verá os resultados de suas ações: se boas, receberá o bem, se mas, receberá o mal. Essa alma vê as provas e as indicações quanto ao retorno mencionadas no Alcorão Sagrado. E por ser ordenadora, ela não deseja abandonar os prazeres. Aquele que almeja alcançar posições altas e permanentes deve restringir a língua, a visão e a audição. Quanto à alma ordenadora, ela deseja permanecer livre. Ela nega a Ressurreição e diz “ninguém 54 - Revista Islâmica Evidências

O ser humano deve crer em Deus e se livrar da alma ordenadora, deixando as suas tendências e desejos de lado. O primeiro indício do abandono dos desejos ocorre quando a pessoa se reprova quando contraria a servidão, sofrendo por isso. Esses são os primeiros sinais da fé, ou seja, a alma torna-se reprovadora de si mesma. A diferença entre o crente (que possui a alma reprovadora) e o incrédulo (que possui a alma ordenadora do mal) é que o incrédulo, quando pratica um pecado, é como se uma mosca pousasse em seu nariz e então voasse. Ele não se importa se usurpa os bens dos outros, como se nada fizesse. Quanto ao crente, se cometer um pecado, é como quem está ao lado de uma montanha, com uma enorme rocha caindo sobre ele. Como estará ele? Preocupado e infeliz. O crente é assim, quando comete um pecado fica se lamentando até a noite: “Eu dirigi palavras inconvenientes a minha mãe. O que eu fiz? Que palavras eu disse? Peço perdão a Deus. Meu Deus, perdoa-me”. Se nos sen


tirmos dessa forma, agradeçamos a Deus porque estaremos trilhando o caminho da fé e devemos continuar dessa forma, ou seja, reprovando a nós mesmos quando cometermos pecado. Depois disso, alcançamos o grau de inspiração: “E lhe inspirou o que é certo e o que é errado.” (91:8). Adquire a capacidade de distinguir entre o bem e o mal, fica sabendo o que é benéfico e o que é maléfico. Antes de alcançar esse grau, quantas boas ações fez? Porém, às vezes, a alma está repleta de erros ocultos, como exibicionismo, admiração, sedução, etc. Quando alcança a etapa de inspiração, ela estará distante dessas enfermidades, elevando-se até alcançar o nível da alma tranquila com a fé e a verdade. Nada, então, a perturba, durante a noite ou o dia, não há vestígio para o governo da alma, nem a existência de desejos ou tendências pessoais ilícitas. A satisfação de Deus ocupa o lugar daquelas tendências e desejos. É como se os anjos ocupassem o lugar quando o demônio sai, retornando o sossego e a tranqüilidade. Deus é Quem revela o sossego dos corações dos crentes para aumentar suas crenças. O sossego constitui em paz. Não há nenhuma agitação. Há servos de Deus que, mesmo possuindo o mundo e tudo que há nele, perdem tudo de uma só vez. A riqueza, para eles, é como uma pena pendurada que os ventos levaram. Isso não lhes afeta em nada. Eles sabem que Deus é Quem concede. Que seus bens são de Deus. Vieram para o mundo com as mãos vazias e sairão dele da mesma forma. Diante disso, Ele é Quem garante a Sua graça sobre nós: “Ele foi Quem infundiu o sossego nos corações dos crentes para acrescentar fé à sua fé.” (48:4). Não devemos considerar isso pequeno, pois é o espírito da religião, o olho da verdade, a realidade da fé.

dade é a fé. Hussein ibn Ali ibn Abi Tálib (a.s.) foi o paradigma da mais perfeita veracidade, era detentor de uma alma tranquila. Pois Hussein (a.s.) tinha seu abençoado rosto iluminado a cada desgraça que lhe ocorria. Uma tranquilidade admirável pela predestinação e a Vontade Divina, manifestada em sua expressão, porque tinha plena convicção de que aqueles acontecimentos e aflições ocorriam com a anuência de Deus. Por causa do interesse em sua ocorrência, Deus os permitiu, ou seja, não vedou o seu acontecimento. Isso não significa coação, mas o Senhor do Universo quis que Hussein (a.s.) suportasse aquelas aflições, foi de Sua escolha para que ele alcançasse os mais altos graus da perfeição e uma posição sublime diante dos demais seres humanos. Da mesma forma, desejou para os seus algozes as piores desgraças e os piores castigos pela sua péssima escolha. Hussein (AS) vê o seu filho, ainda pequenino - uma cena terrível! - ser assassinado em seus braços. Essa aflição, na realidade, faz tremer as montanhas e fulmina as pessoas comuns. Hussein (a.s.), porém, possuidor da alma tranqüila, disse: “Foi-me facilitado devido à visão de Deus.” Essa enorme aflição, que dilacera as entranhas e queima os corações, torna-se fácil de ser enfrentada, porque Deus é Quem a vê e recompensa por ela. Até o último instante, assim era a sua conduta com Deus.

A alma ordenadora não se submete a qualquer autoridade divina e não está preparada para reconhecer a sua servidão a Deus

Nós devemos nos empenhar para alcançar o grau de tranquilidade na fé. “Os crentes que não obscurecerem a sua fé com injustiças obterão a segurança e serão iluminados.” (6:82). Portanto, a perfeição do sossego e da tranquili-

Vamos nos empenhar para eliminar a etapa da alma ordenadora. Se não conseguirmos alcançar o nível da alma tranqüila, não digo que as nossas almas sejam reprovadas. Levante-se e peça perdão, não se esquecendo de se envergonhar perante Deus. “Ó, Deus, torna a minha alma tranqüila, com o Teu poder, satisfeita com a Tua determinação, agarrada à Tua recordação e súplicas, amada aos escolhidos por Ti, amada em Tua terra e Céus, paciente perante a Tua calamidade, agradecida pelas Tuas inúmeras graças”. Revista Islâmica Evidências - 55


Valores

A outra face da

beleza O

Alcorão Sagrado não aborda a e não mero desejo deste. A perfeição moral, beleza como valor e não especiporém, é de autoria da própria pessoa e é cofica a beleza feminina. Aborda roada com o sucesso e a orientação de Deus. o assunto de forma geral, refeEste tipo de “beleza” causa admiração e elorindo-se à beleza do ser humano. Como na gios, é amplo, largo, ampliável, podendo ser parábola de José (a.s.) desenvolvido, enquanque, atraiu o coração to o campo da beleza de Zuleika, a esposa física é estreito e liA perfeição física de ‘Aziz, fazendo-a, mitado. Procure, caro é uma dádiva de Deus inconscientemente, jovem, procure, cara enamorar-se por ele. jovem, a face perene para o Seu servo José (a.s.) era jovem da beleza. Assim, vede beleza marcante, rão que todas as virtue não mero desejo deste ao ponto de as mulhedes, sem exceção, são res da elite ferirem as belas, e que os vícios, próprias mãos ao vê-lo com seu belo rosto sem exceção, são feios. Podemos divergir angelical. Ele mesmo não dava importância à quanto à beleza de uma jovem ou à simpatia sua beleza como valor absoluto, evitando ser de um jovem, porque cada povo tem as suas atingido pela ilusão de ser a mais bela criatumedidas de beleza, sendo esta uma questão ra da terra. Nem se submeteu à sedução femirelativa. Porém, os povos não divergem quannina, atraída por sua bela forma. to ao fato de que o amor, o perdão, a castidade, o favor, o bem, a justiça, a cooperação, O Alcorão Sagrado fala de outras virtua generosidade, a coragem, a modéstia e a des do Profeta José (a.s.): sua castidade e seu benevolência são belos sentimentos e ações. apego ao vínculo de Deus, sua honestidade Não divergem, também, ao observar que a e a pregação que fazia da palavra de Deus, mentira, o roubo, a agressão contra a honra, sua capacidade de interpretar os sonhos e de o orgulho, a soberba, a agressão individual administrar o tesouro do país. Dessa forma, a e coletiva, a manipulação, a contravenção, Escritura chama a nossa atenção para os vero desrespeito aos pais e a fraude são dadeiros valores e a verdadeira beleza, que sentimentos e atitudes feios. não estão na valorização dos atributos físicos do ser humano, unicamente. A perfeição física é uma dádiva de Deus para o Seu servo 56 - Revista Islâmica Evidências

Se fizermos uma rápida viagem em algumas Nobres Tra-


de. dições, que nos revelam a outra face da beleza, verificaremos que a maior parte das me2. A beleza do conhecimento: É o que indidas de beleza são negligenciadas, ou que as dicam as Tradições quando falam sobre agir pessoas não são avaliadas com cuidado porcom conhecimento e disseminá-lo, para que que se acostumaram a olhar para a beleza de ele não seja como o dinheiro guardado em um ângulo meramente exterior. Entre estas cofres fechados. “A purificação do conheciTradições, citamos: “A beleza do homem é a mento é ensiná-lo a quem não o conhece.” indulgência”; “A beleza do homem é a digni3. A beleza social: É o que as Tradições dade”; “A beleza do crente é a piedade”; “A dizem a respeito da indulgência, dignidade e beleza do servo é a obediência”; “A liberdade favor. Devemos nos ater um pouco mais nesdo livre é evitar a vergonha”; “A beleza do te aspecto. Deus, glorificado e exaltado seja, rico é a continência”; é o Criador da bele“A beleza da benevoza, concede a beleza lência é o abandono da Deus não olhará, no Dia às mulheres e aos horeprovação”; “A belemens. Ele não incluirá za do favor é compleda Ressurreição, para vossos as nossas formas e a tá-lo”; “A beleza do nossa beleza exterior rostos e vossos corpos, sábio é o seu conhecinas nossas contas no mento”; “A beleza do mas olhará vossos corações Dia da Ressurreição. conhecimento é espaA Tradição diz: “Deus lhá-lo”; “Não há belenão olhará, no Dia da za melhor do que a raRessurreição, para vossos rostos e vossos corzão”; “A beleza da mulher está no seu rosto e pos, mas olhará vossos corações.” a beleza do homem está em sua eloqüência.” Se Ele, exaltado Abbas perguntou ao Profeta Mohammad seja, olhasse (S): “Onde está a beleza do homem, ó, Mensageiro de Deus?” Respondeu o Profeta (S): “No falar a verdade.” Desse belo buquê de Nobres Tradições podemos concluir o que segue: 1. A beleza da adoração: É o que as Tradições falaram sobre a piedade, a obediência, a humilda-


material. Além disso, o Alcorão Sagrado conapenas para a nossa beleza exterior, os deforvoca para atos de benevolência, chamando mados, deficientes, desfigurados e portadonossa atenção sobre eles, incentivando-nos res de doenças protestariam - e com absoluta a adotá-los, por meio de ações ou palavras, razão. Quando lemos a Nobre Tradição que como diz o Altíssimo: diz: “Deus tem mise“Tudo quanto existe ricórdia da pessoa que O amor, o perdão, a castidade, o favor, sobre a terra, criamopratica um ato e o faz lo para ornamentá-la, bem feito”, concluío bem, a justiça, a cooperação, a a fim de os experimos que completar as generosidade, a coragem, a modéstia e mentarmos e vermos coisas e fazê-las bem aqueles, dentre eles, feitas é uma beleza, a benevolência são belos sentimentos que melhor se comnão importa que o ato portam.” (18:7). A seja virmelhor forma: “Repele (ó Mohammad) o mal da melhor fortual ma possível, e eis que aquele que nutria ou inimizade por ti converter-se-á em íntimo amigo!” (41:34). A boa palavra: “E quem é mais eloquente do que quem convoca (os demais) a Allah, pratica o bem e diz: Certamente sou um dos muçulmanos?” (41:33). A melhor religião: “E quem melhor professa a religião do que quem se submete a Allah e é praticante do bem?”. (4:125). A melhor saudação: “Quando fordes saudados cortesmente, respondei com cortesia maior.” (4:86). A beleza foi também descrita como a moral, a digna paciência: “Persevera, pois (ó Mensageiro), dignamente!” (70:5). O perdão: “Perdoa-os generosamente.” (15:85). A boa libertação: “Dai-lhes um presente, e libertai-as decorosamente.” (33:49). O afastamento digno: “E tolera tudo quanto te digam, e afasta-te dignamente deles.” (73:10). “Jesus (a.s.) passou, com os discípulos, por um cão morto, exalando mau cheiro. Os discípulos disseram: ‘Que mau cheiro exala esse cão!’ Jesus (a.s.) disse: ‘Quão brancos são os seus dentes!’” Eles olharam para o que era feio naquela cena e Jesus olhou para o que ela continha de belo. Há um ditado que diz: “A galinha preta bota ovos brancos.” E outro


que fala: “A vaca preta fornece leite branco.” beleza figurativa. Pensemos nas palavras do Outro adágio popular atesta: “Quem tem a Mensageiro de Deus (S): “Pedi as vossas boca amarga consinecessidades dos que dera amarga a água possuem belos rostos. límpida”. E também: O Alcorão Sagrado convoca para Se Ele vos atender, o fará com o rosto sere“O olho que aceita o vício está fatigaatos de benevolência, chamando no; se não atender, o do, enquanto o olho fará com o rosto serenossa atenção sobre eles, da indignação revela no. A feiúra de quem tem um rosto belo está equilíbrio” incentivando-nos a adotá-los em pedir algo e a beNão acontece de leza de quem tem um algumas vezes renerosto feio está tamgarmos a beleza de quem amamos, aceitanbém em pedir algo.” Não cruzamos na vida do e renegando a feiúra de quem odiamos e com pessoas de belos rostos, mas de atitudes rejeitamos? Essa visão diminutiva não reprefeias, ou com indivíduos feios, mas de atos senta a beleza nem a feiúra. O belo permabelos? Isso, porém, não evita que o ato seja nece belo mesmo que não gostemos dele e praticado, às vezes, de acordo com a figura o feio permanece feio mesmo que gostemos do praticante. O que aumenta o bem é o pródele. Devemos, então, procurar a outra face prio bem. da beleza, pois é a verdadeira, e estar ávidos por ela, pois traz a alegria não trazida pela


Sinais Científicos do Alcorão

Q

ual é o tempo ideal de amamentação da criança, para que consiga adquirir todos os nutrientes e usufruir de inteligência elevada, reforçando o seu sistema imunológico? Será que esse tempo está de acordo com o que foi revelado no Livro de Deus, exaltado seja? A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que haja cuidado com a amamentação dos recém-nascidos e que ela seja feita com leite materno, devido ao papel importante que ele desempenha na proteção e na melhoria e fortalecimento da saúde das crianças. Aqui lembramos a recomendação divina. Deus Altíssimo diz no Alcorão Sagrado: “As 60 - Revista Islâmica Evidências

mães amamentarão os seus filhos durante dois anos inteiros.” (2:233). Observem que Allah não diz apenas “dois anos”, mas “dois anos inteiros”, para afirmar a obrigação do aleitamento. De acordo com estatísticas da (OMS), o aleitamento materno pode salvar a vida de um milhão de crianças durante os seus primeiros meses de vida. Porém, menos de 40% das crianças menores de seis meses no mundo se alimentam com leite materno. A diretora da Organização, Margaret Chan, disse, durante a semana Mundial do aleitamento materno - de 1 a 7 de agosto deste ano: “O melhor método de prevenção contra a má nutrição e a mortalidade das crianças é que crianças sejam amamentadas já na primeira hora de seu nascimento.”


A diretora aconselhou, ainda, que “as crianças sejam alimentadas apenas com o leite materno pelos seus primeiros 6 meses de vida, evitando tanto água como leite industrializado ou outros alimentos. Então, devem continuar a sua amamentação natural com a administração de alimentos complementares até os dois anos de vida ou mais.”

A OMS também esclareceu que a influência positiva da amamentação sobre as crianças perdura por anos, ficando elas menos sujeitas a doenças como pressão arterial, aumento das taxas de colesterol no sangue e gordura excessiva, que causa o aumento do nível de glicose no corpo. As crianças que utilizam o leite materno possuem um quociente de inteligência alto comparado ao das que tomaram apenas leite industrializado.

Deus Altíssimo diz no Alcorão Sagrado: “As mães amamentarão os seus filhos durante dois anos inteiros”

A OMS recomenda a obediência a dez importantes recomendações no aleitamento materno, que, como foi dito, deve começar na primeira hora após o nascimento da criança e ocorrer sempre que a criança quiser, em qualquer tempo, evitando o uso de chupetas.

O órgão afirma que o leite materno possui todos os nutrientes necessários para a criança, além de reforçar seu sistema imunológico, prevenindo contra doenças como diarreia e pneumonia. Ao mesmo tempo, os especialistas de saúde mundial afirmam que ao aleitamento materno protege a mãe, reduzindo o perigo de câncer de mama e útero, ajudando na recuperação do peso anterior à gravidez e reduzindo o nível de gordura.

Ao mesmo tempo, o órgão afirma que o leite industrializado não possui os nutrientes exitentes no leite materno e sua utilização pode causar vários perigos, como os provocados pela impureza da água utilizada na sua preparação ou subnutrição, além da dificuldade de retornar ao aleitamento natural na falta do leite industrializado. Então, afirmamos: Essa é mais uma prova para todo aquele que duvida da missão do Profeta Muhammad (S). Como o Nobre Profeta (S) sabia, 14 séculos atrás, qual o tempo ideal para a amamentação, algo recomendado pela OMS apenas no século XXI?


Comportamento

O

Xeique Mohsen ‘Atawi

O Sexo na Ótica do Islã

instinto sexual é um fenômeno humano natural ao qual não se dá atenção no início da vida, quando ainda está latente. O fenômeno torna-se presente e importante após a puberdade, quando ocorre a maturidade sexual entre os jovens de ambos os sexos. Ele tem uma dimensão material externa, representada pelos órgãos sexuais, e interna, representada pelo desejo, tornando-se parte fundamental da constituição material e psicológica do ser humano. Enquanto perdurar a atividade sexual como parte do corpo e da alma, seu conhecimento e administração não se completam sem que se identifique o seu centro. Quanto ao ambiente em que ela se desenvolve, devemos salientar que nenhuma atividade desenvolvida pelo ser humano se separa do local onde ele exerce a sua atividade, pois tem ali a fonte de seu alimento, de sua saúde e de sua riqueza; assim como o homem também não se separa da coletividade em que está inserido, pois necessita dela para sua segurança, necessidade, costumes e para a continuidade de sua existência. Da mesma forma, ele não se separa de Deus, glorificado seja, a origem de sua existência e responsável por sua criação.

conta quando se analisa o instinto sexual. Devese observar o seu condicionamento ao local, uma vez que ele fornece o alimento para o corpo e a saúde tem influência sobre o instinto... Como o tempo despendido para a satisfação do instinto veda o indivíduo de dispor da terra para o seu benefício, ele deve condicionar a sua satisfação à sociedade em que vive, pois ela protege a sua estabilidade, segurança, honra e sua própria existência. O desperdício só gera mais falhas na formação da sociedade, que possui origens e regras precisas. O ser humano deve, também, adap-

Nenhuma atividade desenvolvida pelo ser humano se separa do local onde ele exerce a sua atividade

Esse ambiente trilateral deve ser levado em 62 - Revista Islâmica Evidências


tar-se à relação inata com Deus Altíssimo, por ser Ele o Criador e o Formador de tudo que existe. Deus Altíssimo só deseja o bem do ser humano. Ele é Opulento e não necessita de nada. Nenhuma desobediência O prejudica, nem é beneficiado por alguma obediência. É erro crasso crermos em Deus de forma completa e encontrarmos no secularismo uma saída de Seu domínio e justificativa para a rejeição de suas leis. O Islã considera o ser humano o eixo da Legislação. É denominado de “religião inata”, nas suas características e essência, vistas de todos os ângulos. Ele legisla para o ser humano e não deforma a natureza para que sua humanidade permaneça inteira, completa. Ele considera a norma inválida quando necessário, em caso de grau máximo de infortúnio que possa matar a pessoa, ou na presença de ameaça de dano ao indivíduo, representado por pressão excessiva ou grande fadiga. A Escritura Sagrada diz que quem “sem intenção nem abuso, for impelido a isso, não será recriminado” (2:173). E diz, ainda: “E não vos impôs dificuldade alguma quanto à religião” (22:78). Duas bases fixas que colocam a lei a serviço do ser humano e a destinam para a sua felicidade. Ao tratar dos problemas do ser humano sem deformar a sua natureza, o Islã pode anular leis durante situações excepcionais.

questões sexuais, percebe que a sociedade islâmica tem uma distinção, que lhe imprime a característica de uma “sociedade da pureza”. A orientação do Islã quanto ao controle desse instinto tem por objetivo livrá-lo da pecha de mera função orgânica, mecânica, fria, elevando-o à condição de conduta humana bem orientada, colocada a serviço de objetivos sublimes, ao mesmo tempo em que não a condena por ser uma inclinação natural do ser humano. Quer o Islã, com a noção de pureza, tornar esse instinto um ato civilizado, de objetivos nobres, em contrapartida à corrupção que o torna um ato animalesco, material, desprovido de nobreza e sublimidade, mesmo sendo envolvido numa falsa aura de conveniência e finura. Para melhor entendimento, queremos dizer com “pureza” a introdução do fator incognoscível e espiritual no ato material, em contrapartida às restrições de sua dimensão meramente física.

O ser humano deve adaptar-se à relação inata com Deus Altíssimo, por ser Ele o Criador e o Formador de tudo que existe

Daí, a organização do instinto sexual no Islã ser coordenada com a natureza humana, colocando-o a serviço do ser humano. Quando o instinto sexual é controlado e são-lhe impostos limites, é por ser do interesse humano, individual e coletivamente. Quando é praticado – dentro de regras claras – e se permite satisfazê-lo, é porque reside nisso a felicidade e a tranquilidade humanas. Os controles, proibições e prescrições ao ser humano não são impostos para que ele viva uma luta dolorosa, afogando-se nela. É por que o controle é um dos elementos de equilíbrio em que se baseia a vida humana, em todos os seus sentidos. Quem observa as leis islâmicas quanto às

Posto isso, fica evidente que o Islã, ao tratar da questão sexual, não deseja apenas organizar o instinto, vedando a agressão e promovendo o equilíbrio, mas também elevá-lo e torná-lo um ato moral, de objetivos sublimes para que o crente. Afinal, a piedade constitui-se em alta posição na formação do muçulmano, algo que não se alcança sem moral. Revista Islâmica Evidências - 63


Podemos observar esses conceitos em uma série de Tradições que incentivam o ato sexual e o consideram um dos símbolos do crente. No que diz respeito à obediência da mulher ao marido no ato sexual, ela é recompensada. No que diz respeito ao muçulmano vincularse a Deus, desejando agradá-Lo, o ato é recompensado e se torna obediência e adoração.

Outra Vida, representada pela satisfação de Deus, o Altíssimo. Na introdução desse estudo quanto à tese do Islã a respeito do sexo, tentamos confirmar que a opinião do Islã não pode ser entendida a não ser se for estudada no âmbito geral e abrangente do ser humano, não separada de Deus, da natureza e dos demais membros da sociedade. Que o tratamento islâmico dado ao tema se coaduna com o pensamento científico, o qual não devemos desconsiderar. Ela traz implícita o método que deve ser seguido na adoção das leis islâmicas. A tentativa de impor de maneira absoluta e dominante o aspecto material – o que chamamos de “método ímpio” – visa a tornar o Islã uma ideologia apenas do humano. Esse tipo de tentativa é tendencioso e estéril. O exemplo de quem se envolve nessa tentativa é como quem deseja aprender a profissão de ferreiro com equipamento de marceneiro.

Quando o instinto sexual é controlado e são-lhe impostos limites, é por ser do interesse humano, individual e coletivamente

Essa é na realidade, a sociedade da pureza que a religião deseja realizar, a sociedade que concede aos estímulos materiais uma dimensão espiritual e moral que realiza o grau máximo de felicidade terrena, relacionada completamente com a felicidade na

São muitas as tentativas, em nosso tempo, dos críticos do Islã de saltar o nível da abordagem crítica e lançar-se à fidedignidade da pesquisa científica pura. Essa introdução confirma a importância do método islâmico, que estuda as implicações religiosas e espirituais do tema, assumindo a identidade de uma proposta liberal mas não libertina, evidente, e que os resultados se coadunem com esse desprendimento. Daí a visão cósmica abrangente que estabelece a lei no Islã, e essa é a função da religião que foi estabelecida para servir ao ser humano e conservar a pureza de sua natureza. Da mesma forma, a religião concedeu ao ato material uma dimensão espiritual e incognoscível, que vincula o ser humano a Deus, o Altíssimo. Esses são os pontos de partida para a compreensão da concepção islâmica a respeito do papel do instinto sexual e a forma de satisfazê-lo. A compreensão desses assuntos é uma garantia de solução de vários problemas.



Jurisprudência

A Inseminação , suas Implicações e Restrições

A

é do esposo e é inseminado na esposa, não há questão da inseminação artificial gera inconveniente. Algumas pessoas têm restrições uma série de perguntas e as opiniões quanto a mostrar partes proibidas do corpo. Há juristas se dividem a seu respeito, algumas soluções para isso. Portanto, por prinentre aliados e opositores. Devido à cípio, a inseminação artificial é legal, porém enimportância do assunto e devido às implicações tre marido e mulher, tirando-se o óvulo para que morais e sociais geradas por ele, vimos que deseja fertilizado fora do corpo e então devolvido vemos abordar o tema, para esclarecermos o que ao corpo da esposa. Não está oculto nele, do ponhá problema e a criança, to de vista jurídico, com neste caso, será fruto de Sua Eminência Allama Se o espermatozóide é do marido um procedimento legal. (Jurisconsulto) Sayyed e é inseminado na esposa, não há Mohammad Hussein Se o espermatozóiFadlallah, explorando de não for do marido, inconveniente e o procedimento seu conhecimento sobre o procedimento passa a questão. é, islamicamente, legal a ser ilegal, mas não

Uma das situações que se apresentam é a da inseminação praticada por meio de voluntários desconhecidos, sem casamento, em que inexiste o espermatozóide do marido; ou em que ocorre a extração do espermatozóide do marido para fertilizar o óvulo de outra mulher que não a sua esposa. É uma questão que não podemos abordar apenas sob aspectos materiais, pois, do ponto de vista islâmico, no sistema reprodutivo há algo chamado de relações legais e ilegais. A lei limitou e estabeleceu este procedimento para a proteção da descendência. Por isso, se o espermatozóide 66 - Revista Islâmica Evidências

no nível de adultério. A criança, porém, não é filha ou filho do marido. Não é também bastarda, porque este tem uma situação específica. A criança da inseminação é considerada filha do dono do


Adotamos a opinião de que a criança pertence à dona do óvulo, porque é formada pelo espermatozóide e pelo óvulo juntos

espermatozóide e não do marido. A operação de se tirar o espermatozóide do marido e fertilizar o óvulo de outra mulher que não a esposa, transplantando-o, então, no útero desta, não é proibida. Neste caso, alguns podem se precaver e introduzir o ato num contrato de casamento temporário com a mulher. Se o homem contrair matrimônio com uma estrangeira, é necessário extrair o óvulo apenas no período do contrato, ou é permitido o uso do óvulo fertilizado antes do contrato? Sua Eminência opina que a precaução não permite a fertilização do óvulo de uma mulher estrangeira com o espermatozóide do marido. Porém, se ele casar com a tal mulher, passa a ser permitido, sem diferença entre o aspecto da utilização do óvulo para fertilização antes ou após o contrato. O problema, porém, está se a criança irá pertencer à dona do óvulo ou da grávida. A opinião do professor Ayatullah Al-Khau’i (que Allah abençoe o seu ministério), é que a criança pertencerá à grávida, como mãe, porque Allah diz: “Suas mães são as que os geraram.” (58:2).

suas considerações à questão, concentra-se na ideia da existência, porque o óvulo é a base da constituição da criança. O espermatozóide e o óvulo desempenham um papel de integração no caso. Por isso, consideramos que a mãe é a dona do óvulo e não a grávida, pois esta representa mero “utensílio”, por assim dizer, no caso. Ela alimenta e desenvolve a criança, mas não desempenha nenhum papel básico na sua existência, sendo tributária do seu crescimento. Pode ser que represente papel semelhante à nutriz, mas isso é caso de discussão, naturalmente. Se a semente não for do marido, este não se beneficia na questão da paternidade, mesmo que a semente seja transplantada no óvulo da esposa, porque ele não será o pai. A anuência dele em nada modifica a questão, porque são casos relacionados com a existência da criança. A condição de que o homem está ligado à mulher através de

Há outra opinião que adotamos, acompanhando o parecer jurídico e a precaução de alguns jurisconsultos contemporâneos, de que a criança pertence à dona do óvulo, porque é formada pelo espermatozóide e pelo óvulo juntos, e Allah é Quem sabe mais. Sua Eminência, em Revista Islâmica Evidências - 67


Se o indivíduo é um estranho para a criança, qual é natureza da relação que o pai terá com ela um contrato de casamento não significa que um filho que não provenha dele lhe pertença, mesmo que por mera relação conjugal. Para Sua Eminência, problemas surgem quando tentamos nos envolver nos dramas pessoais, distantes da realidade de cada relação. O drama pode causar o derramamento de uma lágrima, mas não proporciona um sistema seguro ao indivíduo. Devemos viver o drama, e cada um tem o seu. Em relação à mulher que carrega o óvulo de outra mulher em seu útero, a Jurisprudência diz que a criança não é da primeira porque não participou de sua existência, mas de seu crescimento, e não é considerada nem como nutriz. Alguns jurisconsultos fazem analogia com a amamentação. Quando uma mulher alimenta uma criança, é como se lhe tivesse dado uma parte de seu corpo, tornando-se sua mãe de leite. Pode-se dizer que, na gravidez, a criança alimentou-se da mulher pelo período de nove meses. Essa é opinião de jurisprudência, que continua em discussão, sem se chegar a um veredicto final, ainda. Se a fertilização representa uma solução para os interesses de quem quer ser pai, Sua Eminência afirma que a questão de paternidade, maternidade e filiação está intimamente ligada aos interesses da criança, considerada a extensão da existência. Se o indivíduo é um estranho para a criança e esta é considerada resultado de um simples contrato de casamento, sem que o pai desempenhe outro papel além do que foi previsto no documento escrito, qual é natureza da relação que ele terá com ela? Qual é a diferença entre a criança que a sua esposa carrega e a criança que a mulher do vizinho carrega na barriga? Em conclusão, existe um contrato de casamento entre um homem e uma mulher, porém, esse contrato não representa um movimento de existência, mas um movimento legal que proporciona a cada um uma posição em particular.


Por outro lado, Sua Eminência chamou a atenção para o fato de que não há na Lei Islâmica algo chamado “barriga de aluguel”, sem que haja licença legal. Não é permitida a fertilização do espermatozóide de um homem estranho no óvulo de uma mulher casada, porque não lhe é permitido casar com ela, uma vez que ela possui marido. Contudo, na existência de um contrato legal, se a mulher tiver marido e não estiver no período de resguardo, é permitido ao homem transplantar o espermatozóide em seu óvulo, ou fazer-se o transplante de um óvulo fertilizado no útero dela.

pode matar a pessoa, não se pode matar a energia, a não ser em casos de necessidade.” Por outro lado, ele diz quanto à questão de se amarrar as trompas: “Se a eliminação do dano causado pela gravidez for obtida com a amarração das trompas, provocando esterilidade permanente, ela é permitida, a não ser que haja outro meio seguro de anticoncepção, que não cause esterilidade permanente. Neste caso, não se pode recorrer à amarração de trompas.”

Quanto à concepção fora do útero, conhecida como “bebê de proveta”, Sua Eminência opina que é válida, porém com a condição de que a fertilização seja feita pelos gametas de duas pessoas casadas entre si. Nesse caso, a extração do espermatozóide pode ser feita por instrumento ou com a utilização da mão da esposa, sem, contudo, mostrar os órgãos genitais ao médico. Quanto aos anticoncepcionais, Sua Eminência diz que todos os meios anticoncepcionais são permitidos dentro das leis islâmicas, com exceção do aborto e da esterilidade. Quanto ao uso do DIU (Dispositivo Intra-Uterino), ele o considera permitido legalmente, mas antes da consolidação do espermatozóide, não depois. Quanto à questão de a mulher fazer uma operação cirúrgica de remoção de trompa por motivos que lhe causem malefícios e constrangimentos, ou por problemas psicológicos e sociais, Sua Eminência diz: “Se não houver outros meios anticoncepcionais além desse e a mulher sofrer constrangimentos e danos graves, é permitido. Porém, se houver outros meios, como amarrar as trompas, então este é permitido. Quanto ao corte das trompas, só pode ser utilizado em casos urgentes. A ideia geral é que o ser humano pode paralisar sua energia, não matá-la. Como não se

A remoção das trompas é permitida, se não houver outros meios anticoncepcionais e a mulher sofrer constrangimentos e danos graves Revista Islâmica Evidências - 69


O amor

Assayed charif Sayed Al-‘Ámili

O amor a Deus

O

amor a Deus, bendito e exaltado seja, é a base de todo amor puro. Todo amor, na realidade, está incluído no amor de Deus pelo crente. Quem quiser ter sucesso nesta vida e na outra deve amar Deus para que ame o que Deus ama e odeie o que Deus odeia, porque no ódio há amor, no sentido de que o ser humano, ao odiar algo odioso para Deus, O está amando. Odiar o que é odioso significa amar Deus por Deus e por tudo relacionado com a permissão e

70 - Revista Islâmica Evidências

a proibição ordenada por Ele. O crente, portanto, assume sua condição de ser obediente e submetido à vontade divina. Como Deus, bendito e exaltado seja, é o Criador do amor, e ama os servos que crêem n’Ele e agem segundo Suas ordens, Ele é Amigo de todo amor, de toda beleza, de toda perfeição, de todo esplendor e de toda excelência. Lemos na súplica do Imam Hussein (a.s.): “Cego é o olho que não vê seu Observador e ruinoso é o negócio do servo que não participa de Teu amor.” Disse, também:


“Tu é que removeste as diferenças dos corações de quem Te ama para que não amem nem recorram a outro além de Ti. Tu és o seu Íntimo quando estão sozinhos; Tu és o seu Orientador quando estão perdidos.” Em outra ocasião, disse: “Ó, Quem fez os seus amados sentirem o gosto da intimidade, e se apresentam lisonjeados. Ó, Quem vestiu Seus escolhidos com as vestes da modéstia e se apresentam pedindo perdão.” O Imam ‘Ali Ibn Hussein (a.s.) disse: “Louvado seja Deus Que me ama, mesmo prescindindo de mim.” E afirmou: “Se me fazes ingressar no Inferno, irei informar os seus habitantes a respeito do meu amor a Ti”.

Em algumas narrativas, lemos: “Mente quem alega amor a Mim mas que, quando a noite o cobre, esquece de Mim. Não é certo que todo amante deseja encontrar o seu amor? Pois, estou presente para quem deseja encontrar-Me.” O amante fica ligado ao seu amor maior, bendito e exaltado seja, seguindo as Suas ordens, parando nos limites de Sua Lei, considerando que Ele é o Formador e o Criador do amor, da perfeição, da beleza, da grandeza e da excelência. Ele é Quem cumula, com a Sua generosidade e graça, os Seus servos, que se amam mutuamente, que se comprometem em fidelidade e amor sincero ao glorificado. Por isso, Ele os ama por seu amor a Ele, por sua fidelidade a Ele, ao ponto de purificar os seus corações e polir as suas almas no amor a Ele. “Entre os humanos há aqueles que adotam, em vez de Deus, rivais (a Ele), aos quais professam igual amor que a Ele; mas os crentes só amam fervorosamente a Deus.” (2:165).

Por isso, vemos que quem ama a Deus ama o Seu método, percorre o Seu caminho, aplica as Suas ordens, afasta-se de Suas proibições, tornase a Sua figura e exemplo. Não é o caso de quem tem o amor a Deus como símbolo, no entanto é inimigo de Deus e de Seu Mensageiro, quem mata, prende, persegue, tortura e comete genocídio contra povos inteiros e assassina milhões de pessoas em nome da paz. São cegos, surdos, adoram a si mesmos e seu mundo efêmero e amam outro além de Deus. Quem ama outro além d’Ele, como ao mundo material e seus atrativos, distante de Deus, tem sua vontade desviada e se distancia enormemente do amor a Deus e da obediência a Suas Ordens: “Dize-lhes: Se vossos pais, vossos filhos, vossos irmãos, vossas esposas, vossa tribo, os bens que tenhais adquirido, o comércio – cuja estagnação temeis – e as casas nas quais residis, são-vos mais queridos do que Deus e Seu Mensageiro, bem como a luta por Sua causa, aguardai, até que Deus venha cumprir os Seus desígnios. Sabei que Ele não ilumina os depravados.” (9:24).

“Odiar o que é odioso significa amar Deus por Deus e por tudo relacionado com a permissão e a proibição ordenada por Ele”

Deus quer que Seus servos se amem por Ele. Com isso, amar-se-ão entre si. Assim, irão se relacionar em Seu abundante reino com amor e cooperação, elevando seus espíritos no mais alto horizonte. Serão cumulados por Seu amor, em corroboração ao que lemos no Nobre Hadith: “... até Eu amá-lo. Se Eu o amar, serei a sua audição, a sua visão, a sua língua.” Esse amor é enorme. É outorgado ao ser humano amado sem merecê-lo.

Certamente, o servo necessita sobejamente do amor de Deus. O Imam Assadiq (a.s.) disse:

Revista Islâmica Evidências - 71


“O servo ama ao seu Senhor por Suas dádivas e por tê-lo criado do nada, então o aperfeiçoou após a imperfeição, orientou após o extravio, por ser o Perfeito Absoluto que deve ser amado por ser Perfeito.” O amor a Deus, portanto, é o eixo principal para a purificação das almas das impurezas do mundo. Ele é Quem determina as posições, Quem concede a perfeição sublime ao ser humano. Deus criou o ser humano pelo ato de Seu amor. O Nobre Hadith diz: “Eu era um Tesouro Oculto e quis ser reconhecido. Por isso, criei as criaturas para ser reconhecido.” Estranhos são aqueles que trocam o amor de Deus por outro, são levados a trocar o melhor pelo pior. Deus, exaltado seja, diz: “Quereis trocar o melhor pelo pior?” (2:61). Deus é o Melhor Protetor e o Mais Misericordioso dos misericordiosos, é o mais amado dos amados. Nós O amamos e suplicamos a Ele e desejamos o Seu amor e carinho e não aceitamos quem adota outro amor além d’Ele.

despertaste o desejo nele no que possuis, inspiraste-o a recordar-Te e agradecer-Te, ocupasteo em obedecer-Te, converteste-o em benévola criatura, escolheste-o para invocar-Te e o privaste de tudo que corta as relações contigo. 3. Ó Deus, torna-nos daqueles que se esforçam em obter sossego contigo e Te anelarem, cuja vida é suspirar e se lamentar, suas frontes se prostram perante a Tua Grandiosidade, seus olhos despertam ao Teu serviço, suas lágrimas escorrem por temor a Ti, seus corações estão ligados ao Teu amor, suas entranhas ficam abaladas perante a Tua dignidade. Ó, Aquele cujas luzes de Sua Santidade são cristalinas para a visão dos que O amam, Sua Divina Majestade para os corações de quem O conhecem e anseiam. Ó, esperança dos corações dos saudosos! Ó, objetivo da esperança dos amantes, peço-Te o Teu amor e o amor de quem Te ama, o amor a cada ato que me aproxima de Ti, que Te faz mais amado do que qualquer outro. Que torne o meu amor por Ti orientado para a Tua satisfação, minha saudade de Ti uma proteção contra o desobedecer-Te. Agracia-me para poder ver-Te, digna-me com a visão de amizade e carinho, não desvia o Teu Rosto de mim. Torna-me dos felizes, que estão em Tua companhia, ó Exorável, ó o mais Misericordioso dos misericordiosos!

“Deus é Amigo de todo amor, de toda beleza, de toda perfeição, de todo esplendor e de toda excelência”

Vamos encerrar o nosso artigo com a “Evocação aos Amantes” de Zain Al ‘Abdin, Áli Ibn Hussein (a.s.): 1. Deus meu, quem sentiu o sabor de Teu amor e anelou algum substituto? Quem se familiarizou com a Tua proximidade e desejou se separar de Ti? 2. Deus meu, torna-nos de quem escolheste para a Tua proximidade e proteção. E consagraste para o Teu amor e Tua amizade, a quem tornaste ansioso para encontrá-Lo, a quem satisfizeste com a Tua determinação. A quem concedeste olhar para o Teu Rosto, a quem presenteaste com a Tua satisfação, preparaste para não abandonar-Te, a quem concedeste o assento da veracidade ao Teu lado, particularizaste-o para conhecer-Te, preparaste-o para adorar-Te e submeteste o seu coração para a Tua Vontade, escolheste-o para ver-Te, desviaste o seu rosto para Ti, esvaziaste o seu coração para amar-Te,

72 - Revista Islâmica Evidências


“Mesquita Imam Ali bin Abi Talib, em Curitiba (PR), referência para os muçulmanos no Sul do país”

CRESCE O NÚMERO DE MUÇULMANOS NO BRASIL Organizações islâmicas estimam em até 1,5 milhão número de fiéis no país, um contingente em expansão

O

s números variam. Enquanto o Censo de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta a existência de 27.239 muçulmanos no Brasil, as organizações que congregam os fiéis estimam em até 1,5 milhão o número de seguidores da Religião Islâmica no país. Controvérsias numéricas à parte, o fato é

que os muçulmanos estão cada vez mais presentes no cenário brasileiro, constituindo-se em importante minoria em cidades como São Paulo e Foz do Iguaçu. Mesquitas e centros islâmicos espalham-se pelo país, integrando-se à imagem de centros urbanos como Curitiba, Salvador, Brasília, Goiânia e Cuiabá, entre outros. E uma coisa podese afirmar com certeza: o contingente de muçulmanos no Brasil Revista Islâmica Evidências - 73


está crescendo.

ram a aportar no país, mas a grande maioria deste contingente era constituída por cristãos A chegada do Islã ao Brasil data do peque vinham majoritariamente das regiões da ríodo colonial. Juntamente com Cabral cheSíria e do Líbano, então velayetes – ou “progaram Shuhabiddin Bin Májid e o navegavíncias” – do outrora poderoso Império Otodor Mussa Bin Sáte. Quando do tráfico de mano. Os primeiros escravos, no século chegaram na década XVIII, muitos milhade 1860, num moOs muçulmanos estão res de muçulmanos vimento migratório africanos (hauças, fucada vez mais presentes no cenário crescente que durou lanis, yorubás, denoaté a véspera da Priminados sob o termo brasileiro, constituindo-se em impormeira Guerra Mungenérico de “malês”) dial. Eles se dirigiam trabalharam como estante minoria em várias cidades principalmente pra cravos nas plantações. São Paulo (em 1920 o Eles estavam localizaestado tinha cerca de 20 mil sírios e libaneses, dos principalmente na região de Salvador, na aproximadamente 40% do total nacional), mas Bahia e tiveram significativa participação nas também para Minas Gerais e Rio de Janeiro. revoltas contra a escravidão, principalmente na de 1835. Essas primeiras comunidades, privadas de suas heranças e famílias, inevitavelmente perdiam sua identidade islâmica à medida que o tempo passava. Hoje, alguns muçulmanos afro-brasileiros desempenham um importante papel na comunidade islâmica brasileira e há um movimento importante de retorno de parte destes descendentes a suas raízes islâmicas. Árabes Em fins do século XIX os árabes começa-

A atual presença muçulmana no Brasil remonta à segunda metade do século XX, com a imigração de sírios, libaneses e palestinos. Dentre as razões da emigração desta população estão, de um lado, o crescimento do comércio internacional de bens manufaturados – propiciado pela melhoria das redes de transporte –, o que levou à ruína diversas atividades artesanais pouco competitivas desempenhadas nos países de origem. De outro, o crescimento urbano nos países de origem não foi suficiente para absorver o contingente demográfico das regiões rurais, cujas estruturas agrárias tradicionais se mostravam inadequadas às novas condições de produção e comercialização. Chegando ao Brasil, estes imigrantes, mesmo que alguns tenham vindo da área rural, fixaram-se de maneira dominante nos centros urbanos, onde começaram a desempenhar a atividade comercial. Primeiramente como caixeiros viajantes, de mala na mão, percorrendo o interior do país para vender de tecidos a armarinhos, brinquedos a “roupa feita”. Mais


tarde, tendo acumulado algum capital, como lojistas. Uma vez fixados economicamente no novo território e podendo contabilizar algum excedente financeiro, estes imigrantes muçulmanos iniciaram a construção de espaços próprios para a convivência e a prática da Religião Islâmica, como mesquitas, sociedades beneficentes e associações.

Retorno

A consolidação da presença islâmica no Brasil trouxe como fenômeno acessório o crescimento do número de revertidos. A palavra “revertidos” é preferida à palavra “convertidos” porque, na visão islâmica, quando um não-praticante da fé muçulmana faz a shahadda – a profissão de fé islâmica – A consolidação da presença A primeira mesele retorna à condição quita do país e da de muslim, ou seja, islâmica no Brasil trouxe como América Latina, a de criatura submissa Mesquita Brasil, teve fenômeno acessório o crescimento a Allah. Esta é consua construção iniciasiderada a condição do número de revertidos da em 1929, em São primária, natural do Paulo. Atualmente, ser humano: todos estima-se que existam nascem muçulmanos, em todo o país mais de cem mesquitas e sadesviando-se da senda islâmica por determilas de oração. Somente na capital paulistana nantes de ordem cultural. são cinco. No estado do Paraná, que tem o Estima-se que a maioria dos “revertidos” segundo maior contingente de muçulmanos brasileiros seja formada por mulheres de do país, devido à forte presença islâmica em classe média, dos 20 aos 40 anos, que abanFoz do Iguaçu, há oito templos. donaram o convívio com o catolicismo e o

“A Mesquita do Brás, em São Paulo (SP), reúne um grande número de fieis durante os eventos religiosos islâmicos”


o Islã implica um profundo processo de auto-avaliação. “Aí é que vem a mudança de atitudes, a vontade de estudar e aprender, a gana por fazer orações e aprender a Sunnah. O Islã é um código de vida e você tem de estar disposto a mergulhar nesse mundo por completo. Não adianta pegar uma parte que acha bonito e seguir” aconselha. No momento, o curitibano Carlos Hamilton Singer Júnior está envolvido neste processo de auto-conhecimento e estudo. pentecostalismo, em sua maioria. Um fato que Casado, 37 anos, este cozinheiro especialista em desmente a imagem machista e opressora do culinária italiana e árabe ainda não fez a reversão Islã. Na verdade, as mulheres convertidas enformal, que ocorre quando, diante de três testecontram nesta religião o conforto e a proteção munhas, pronuncia-se, em árabe, a shahadda – que a sociedade laica de “Testemunho que não perfil ocidental muitas há divindade senão vezes lhes nega. IndeOs primeiros muçulmanos no Brasil Allah e que Muhampendentemente do sexo, é Seu mensageicontudo, brasileiros e eram negros que vinham da África mad ro”. Contudo, assíduo brasileiras revertidos têm um perfil diversi- para trabalhar nas lavouras, durante frequentador da Mesquita Imam Ali, em ficado: de servidores a o período colonial Curitiba (PR), ele já profissionais liberais, de se considera muçulestudantes a desempremano “de coração”. gados, apresentam uma “Sempre tive curiosidade”, conta. “Ouvia as nogrande diversidade sócio-econômica e cultural. tícias na televisão, lia os jornais e então comecei a estudar”. Singer decidiu que se converteria Mudança desde o primeiro dia em que entrou na Mesquita. “Admiro a doutrina e os ensinamentos milenares “Muita gente me pergunta por que me do Islã, que tem uma escritura que não mudou converti, como foi e como consegui mudar nada desde que foi escrita”, observa. tantas coisas e tantos hábitos. Primeiro, por-

que se converter tem que vir do coração e de fé, não pode ser por uma pessoa”, conta Marina Faleiros, jornalista, que mora em São Paulo (SP). Casada com um egípcio, ela tem um blog - http://egitoebrasil.com – onde aborda temas pessoais e relativos à religião islâmica. Dali, inclusive, foi tirado o depoimento acima. Para ela, revertida desde 2006, abraçar

76 - Revista Islâmica Evidências

Aos poucos, mas de maneira constante, o Islã fixa suas raízes no Brasil. Terra fértil e generosa, que acolheu pessoas do mundo inteiro ao longo dos seus cinco séculos de história, o país, de maneira paulatina, começa a conhecer, entender e admirar, também, a cultura muçulmana.


1

A partir de agora, você poderá ter acesso a estes temas, tão importantes para compreender o mundo em que vivemos. Afinal, a Religião Islâmica é considerada a que mais cresce no mundo, contando com 1,5 bilhão de seguidores em todo o planeta. A Revista Islâmica Evidências traz a você o conhecimento sobre o Alcorão Sagrado, a vida do Profeta Muhammad (S), práticas e costumes dos muçulmanos.

Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 4

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Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 3

Você conhece a História e a Cultura Islâmica? Sabe quem são os muçulmanos e no que acreditam? Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 2

Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 1

Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 0

Revista Islâmica

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Palavr C

4. Em qual mês ocorreu a consquita de Meca? 5. O Profeta Muhammad (s.a.a.a.s) teve dois filhos homens e ambos morreram em tenra idade, um era Al- Qassem e o outro era Al_______. 7. “Acima de toda devoção há uma devoção ainda maior, e o nosso amor a Ahlul Bait é a melhor das devoções”. Qual dos Imames falou essa frase? 9. Região que faz fronteira com o Senegal e a Guinéi, é maioritariamente habitada por muçulmanos e é a primeira comunidade religiosa monoteísta da Guiné-Bissau. 10. Qual é o nome da Mesquita onde o Profeta (s.a.a.a.s.) recitou o primeiro discurso, na cidade de Medina? 14. País insular situado no Oceano Índico ao sudoeste do Sri Lanka e da Índia, ao sul do continente asiático, constituído por 1.196 ilhas, onde 90% da população é muçulmana. 15. Companheiro do Profeta Mohammad (s.a.a.a.s.), foi sobre ele que o Profeta disse: “__________ é de nós Ahlul Bait”. 18. Deus, o Poderoso, denominou Fátima (a.s) com oito cognomes, um deles é _________. 19. Com a perseguição dos muçulmanos em Meca, o Profeta (s.a.a.s) permitiu que eles emigrassem. Para onde se dirigiu a primeira caravana de exilados? 20. Todos os Imames nasceram em Medina, exceto o Imam Ali (a.s), o Imam Mussa (a.s) e o Imam _______. 21. Dos 22 paises conserados árabes, um deles tem o presidente chamado Abdelaziz Bouteflika, qual é esse pais?

VERTICAL 1. A viagem noturna ocorreu milagrosamente de Medina _________.

até

2. Profeta que mandou construir fortes muralhas na cidade de Jerusalém, bem como diversas cidades fortificadas e torres de vigia. 3. Se não fosse __________, nós não teríamos conhecido os objetivos do qiyam de Hussain ibn Ali (a.s.). Seu objetivo teria sido perdido e esse trágico evento teria sido esquecido. 6. Cantor famoso no mundo do reggae, convertido ao islamismo, seu segundo nome é Cliff. Qual é seu primeiro nome? 8. Califa Abássida na época do Imam Ali Redá (a.s). 11. “O mês de Ramadã é o mês em que Deus multiplica as boas ações, apaga as más e eleva as recompensas. Neste mês, quem der caridade, fizer o bem, tiver bom caráter, contiver sua ira e se confraternizar com seus parentes, Deus o perdoará”. Qual Imam (a.s) falou esse dito? 12. O minarete da grande Mesquita de Samarra, chamado malwiyya, é em espiral. Com mais de 50 metros de altura, foi construído entre 848 e 852 d.C., ao lado da maior Mesquita do Mundo, no __________. 13. Qual o nome da ama de leite do Profeta Muhammad (s.a.a.s)? 16. Montanha na cidade de Meca, a qual testemunha a realização de um dos rituais da peregrinação na sua região. 17. Onde está localizado o túmulo do Profeta Noé (a.s.)?

alavras CRUZDAS

Palavras CRUZDAS

HORIZONTAL

CRUZDAS

Palavras

CRUZDAS

Palavras Cruzadas por Chadia Kobeissi

CRUZDAS

Palavras CRUZD

Palavras Cruzadas


Palavras Cruzadas

Respostas das cruzadas edição número 8

1

H U S O B E R A N O

K

P

S S S E I N R I M A U R A R N O W N A A N

I

T O R N B R A A O

A R A R A C B E S C O

K U M B A G D A V I C E L C R U R N A F O E A B N S

L E T O

V A S S I D A M C A A H I P F L M U H A M M A D T A L I O

HORIZONTAL

3 4 8 11 14 15 17 19 20 21

Quando falamos de martírio, quem vem a nossa mente? Cidade na qual foi fundada a primeira farmácia moderna do mundo. Doutor francês convertido ao Islã, após verificar muitos milagres científicos no Alcorão, em especial em relação ao corpo mumificado de faraó. Seu sobrenome é Bucaille. Oração não obrigatória mas muito recomendada, após a meia-noite. Nome do filho do Profeta Noé (a.s)... A “Era de Ouro” do Islã, depois da morte do Profeta Muham mad (s.a.a.s), ocorreu na época de qual dinastia? Os 5 mensageiros resolutos são: Noé (a.s),________, Moisés(a.s), Jesus (a.s) e Muhammad (s.a.a.s). Há vários versículos da Bíblia que falam que virá o “Portavoz”, após Jesus. Em grego, qual é essa palavra, que anuncia a missão de Muhammad (s.a.a.s)? “É mais nobre perante Deus quando a pessoa está em família do que quando está na mesquita em situação de devoção total”. Quem narrou esse ditado? “________ e para mim, como Arão era para Moisés”; a única diferença é que ele não era profeta. Complete o dito do Pro feta Muhammad (s.a.a.s)

I S L

A L B A Q U

VERTICAL

1 2 5 6 7 8 9 10 12 13 16 17 18

Um dos melhores alunos de Imam Ali (a.s). O Profeta Zacarias(a.s), pai de João Batista, está enterrado em uma mesquita, mas em qual país? Seu nome em árabe é Ibn Rushd. De acordo com ele, a filo sofia e a religião caminham de mãos dadas, são diferentes caminhos para chegar à mesma verdade. Cemitério onde estão enterrados quatro dos doze imames. Um dos 99 atributos de Deus, presente na primeira surata do Alcorão Sagrado... Montanha do lado da Caaba, em Meca, na qual é realizado um dos rituais da peregrinação. O muçulmano é enterrado sem caixão, apenas no... Religião na qual a mulher não tem obrigação de fazer nenhum serviço doméstico. No Alcorão Sagrado o cham do Versiculo do ________ dá muita proteção ao crente. “Não há imposição quanto à religião, porque já se destacou a verdade do erro”. Esse versículo encontra-se na surata da... Palavra árabe que significa “doutrina islâmica” ou o con junto de leis o qual o muçulmano é obrigado a colocar em prática durante sua vida. Combinação de formas geométricas frequentemente semelhantes às plantas. É um elemento da arquitetura islâmica, normalmente usado para enfeitar as paredes das mesquitas. Al-Farabi acreditava que o estado deveria ser chefiado por um filósofo. Nesse pensamento, quem o influenciou foi o filósofo grego...





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