Revista Evidências - Edição 6

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Revista Islâmica

Zul Qa’adah/Zul Hijjah 1429 (A.H.) novembro / dezembro 2008 (A.D.) - Ano 1 / Número 6 R$

14,90

Ramas da religião Hajj, uma viagem para a outra vida

Família Maternidade, uma profissão sublime

Narrativas do Alcorão Zulaika e as filhas de Shuaib

Escrituras O Alcorão e os livros celestiais


SEMPRE os melhores produtos digitais, DO MUNDO, PARA VOCÊ. P-Acessórios P-Baterias P-Bolsas de Transporte P-Cabos de Conexão P-Caixa de Som P-Cameras Digitais P-Carregador de bateria P Carregadores & Pilhas P-Cartões de Memoria P-Filmadoras P-Fitas, CDS, DVDS P Flash P-Lentes & Filtros P-Marine & Sport Pack P-Microfones P-MP3 P-MP4 P-MP5 P-Pendrive P-Tripés P-Walkman

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Em nome do Altíssimo Revista Islâmica

Caro leitor,

“Em Nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso” “Enviamos os Nossos mensageiros com as evidências e enviamos, com eles, o Livro e a balança, para que os humanos observem a justiça.” Alcorão Sagrado (57:25)

Revista Islâmica Evidências

é uma publicação da Associação Beneficente Islâmica do Brasil CNPJ 09.086.788/0001-75 Rua Eliza Witacker, 17 – Brás São Paulo - SP - CEP 03009-030 Telefone: (11) 3326-8096

Publicação Bimestral

díl kí;dáh / díl híjjáh 1429 (A.H.) novembro / dezembro 2008 (A.D.) Ano 1 / Número 6

Diretor-Presidente:

Assayyed Sharif Sayyed - (Teólogo e Pesquisador em Pensamento Islâmico) sayyed@revistaevidencias.org

Vice-presidente:

Abdallah R. Hammoud

MTB: 53199/SP abdallah@revistaevidencias.org

Tradução:

Samir El Hayek (Matemático e Físico pela UNISA) Profº Jamil Ibrahim Iskandar (Filósofo, Pós-doutor em Filosofia pela Universidade Complutense de Madri)

Inicialmente, pedimos desculpas aos nossos fiéis leitores pelo atraso desta edição, que ocorreu por motivos de ordem técnica. Assumimos o compromisso de nos esforçar para isso que não volte a ocorrer. Um dos temas que mais exasperam os pais na atualidade é a proteção aos filhos. Vivemos numa sociedade violenta e quanto o jovem ou a jovem pedem para sair com os amigos, os corações dos pais e mães se contraem de medo. “Meu filho voltará são e salvo para casa?”, é a pergunta que se fazem. Drogas, a violência das gangues, o uso disseminado do álcool e de armas, o trânsito e o estímulo à prática do sexo antes do casamento deixam o espírito dos pais intranqüilos. Nesta edição da Revista Islâmica Evidências, tratamos de assuntos que falam de perto aos pais. Abordamos, por exemplo, a questão da castidade do jovem e da jovem. Na Religião Islâmica, o sexo não é considerado tabu, mas um assunto extremamente importante, que deve ser debatido no âmbito da família. Afinal, dele origina-se a vida e não é possível fechar os olhos para a sua relevância. Contudo, como qualquer necessidade fisiológica, tem de ser exercido com base em limites, ditados pela moral. Outro assunto fundamental para a harmonia das famílias e da sociedade é o consumo do álcool. A ingestão desta substância é terminantemente proibida pela Religião Islâmica. Por quê? Basta ler as estatísticas sobre a criminalidade e a violência no trânsito para reconhecer a justeza do Islã em agir assim. Há três meses o governo brasileiro emitiu a Lei 11.705, comumente conhecida como Lei Seca, que baniu o uso da bebida alcoólica no trânsito. E algumas cidades brasileiras vêm adotando o chamado “toque de recolher”: a partir de determinada hora, os bares são obrigados a fechar as portas. Em Diadema (SP), onde estes estabelecimentos não podem funcionar após as 23 horas, os índices de criminalidade caíram 60%. Enfim, no nosso entendimento, quando Deus, Elevado e Exaltado seja sempre, institui um mandamento, o faz com o intuito de engrandecer e proteger o ser humano, nunca de prejudicá-lo. A todos desejamos uma boa leitura! E que a paz esteja convosco! O Editor

Jornalista responsável:

Omar Nasser Filho - MTB - 26164 (Jornalista, Economista, Mestre em História pela Universidade Federal do Paraná)

Projeto gráfico / Diagramação: Marcos Faccio Ferreira Marcelo Herculano Ramos mm@terra.com.br Fale conosco:

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Revista Islâmica

Os artigos publicados na “Revista Islâmica Evidências” não refletem, necessariamente, a opinião da revista. NOTA EXPLICATIVA: Ao longo dos textos de “Revista Islâmica Evidências”, o leitor encontrará algumas siglas e sinais particulares, os quais explicamos a seguir: Após a menção ao nome do Profeta Muhammad, segue-se uma letra “S” entre parênteses. Esta é a abreviatura da expressão arábe: “Salla allahu aleihi wa álihi wa sallam”, ou, traduzindo: “Deus o abençoe e lhe dê paz, bem como à sua Família”. Quando é citado o nome de um outro Profeta ou de um Ma’assum (isto é, pessoa imaculada), segue-se a sigla (A.S.), que significa: “aleihi salam” (A paz esteja com ele); “aleiha salam” (A paz esteja com ela); ou “aleihem salam” (A paz esteja com eles). Outra sigla utilizada é (R.A.), que significa “radi’allah an-hu (an-ha)”, ou “Deus esteja satisfeito com ele (ela)”.


sumário Nossas crenças 45 Sinais Fundamentais da Mensagem 01 Caro leitor Islâmica - Parte 3 Cartas 03 Parábolas Inspiratórias 50 A Esperança 04 Editorial Profética 07 Poesia 52 Sabedoria O Mensageiro de Deus o Alcorão 08 Interpretando Orientação Exegese do Alcorão Sagrado

54

12

Juventude

A Honra da Jovem

14

Hussein (AS) um suspiro que nunca sessa

16

Nós e a Vida Sinais de grandeza e organização

19 26

A Arte de Criticar

29

Religiões

32

Jurisprudência No Âmbito das Leis Islâmicas - Parte 7

As Crenças Cristãs

Narrativas do Alcorão e da Vida - Parte 3

56

A Ética Islâmica

Família

O que fazer para acabarmos com a violência familiar?

58

Perguntas e Respostas

Porque o Islã proibiu as bebidas inebriantes?

62

Família

A Maternidade é uma profissão sublime- Parte 2

65

Turismo Chapada dos Veadeiros

68

Comportamento O Sexo na Ótica do Islã

73

Atualidades

O Aborto

36 O Alcorão e os Livros Celestiais

76

Arquitetura

Os Muxárabis

42

78

Palavras Cruzadas

Nossas Crenças

O Significado do ID

A herança da arquitetura islâmica:


Cartas

Envie-nos sua opinião através de carta para: Revista Islâmica Evidências Rua Eliza Witacker, 17 - Brás São Paulo - SP - CEP 03009-030, ou pelo e-mail cartas@revistaevidencias.org Deus, o Altíssimo, diz: “Em suas histórias há um exemplo para os sensatos” (12:111). Foi dito: “O sensato é quem aproveita a advertência dos outros, quem consulta as pessoas e participa de suas idéias.” Leitor, esta página é dedicada à sua participação: opiniões, pensamentos, críticas e sugestões. Basta enviar sua mensagem pela internet ou carta, citando sempre o seu nome, número do RG e endereço. Devido ao espaço disponível, algumas mensagens podem ser editadas. Desde já, agradecemos por sua contribuição. EVOLUÇÃO Recebi hoje (04/09) a Revista Islâmica Evidências (5) e posso constatar que a cada número o periódico se aperfeiçoa em todos os aspectos: gráfico, estilístico, visual e, sobretudo, quanto à natureza dos conteúdos -- cada vez mais profundos na abordagem do Islã e dos temas religiosos em geral e cada vez mais cativantes quando abordam assuntos diversos. Um grande abraço! Muita paz ! Paulo Argolo - Rio de Janeiro, RJ

SURPRESA Como mulher e brasileira, fiquei muito feliz em encontrar uma revista que fale sobre uma cultura tão bonita e tão mal-entendida como a islâmica. Ao ler os textos da Revista Evidências, percebo que esta religião é muito diferente do que ouvimos falar, porque muitas vezes as pessoa se deixam levar pelo preconceito. Parabéns pela qualidade dos temas, textos e ilustrações. Tornei-me assinante e recomendo! Valquíria Benevides – Belo Horizonte (MG)

SUGESTÃO Gostei muito da Revista Islâmica Evidências. Eu era assinante de uma grande revista de circulação nacional, mas me decepcionei com o seu conteúdo preconceituoso contra os muçulmanos. Então, conheci vossa revista e fiquei impressionado com sua qualidade editorial. Leio e recomendo. Só faço uma sugestão: uma sessão com temas atuais de política, por exemplo. Abraço a todos. Salam aleikom. Augusto Silveira Reinhardt – Cascavel (PR)

ANSIEDADE Como muçulmano, fiquei muito feliz em encontrar uma publicação de qualidade que aborde nossa religião com tanta propriedade. Fico ansioso na espera da próxima edição. Peço a Allah que abençoe a todos os que a produzem e que continuem nesta caminhada. Assalamu aleikum! Ibrahim Auada – São Paulo (SP)


Editorial

Sayyed Sharif Assayyed

A Peregrinação (Hajj), Uma Viagem Para a Outra Vida Antes do Tempo

A

peregrinação é um ritual antigo e suas influências são eficazes na educação, purificação e refinamento da alma para sobrepujar as infrações, recusar as proibições, evitar os deslizes dos desejos, visualizando a vida e suas atribulações de forma saudável, colocando as questões da religião e do mundo em seu verdadeiro caminho. No âmbito da alma, constitui em arrependimento sincero perante Deus de todos os pecados e os erros; indulgência, arrependimento, prece e confissão que derruba toda perpetração. No que diz respeito ao gasto, deve ser de dinheiro lícito. No que tange as relações sociais, deve-se fornecer todos os direitos para os seus donos, quer seja

financeiros ou físicos ou culturais. No âmbito das relações e condutas, é uma reiteração para pureza da alma, limpeza dos corações, estreitamento das relações consangüíneas, encerramento dos pactos de ruptura e de inimizade. Quando a alma se transforma convenientemente ela readquire o seu valor de fé, reúne suas potencialidades materiais e espirituais, tocada pela assiduidade e firmeza, como o fio da espada, para com Deus com conhecimento, para iniciar a sua viagem de fé para o mundo desconhecido e da Outra Vida. Ela vive e prova a situação com todas as suas dimensões locais e temporais. Ela veste o manto da humildade que a fazem se lembrar da hora da morte, quando as vestes da alma são arrancadas, é colocada na sua mortalha e é enviada para o seu Senhor: “Por


que, então, (não intervis), quando (a alma de um moribundo) alcança a garganta? E ficais, nesse instante, a olhá-lo. – E Nós, ainda que não Nos vejais, estamos mais perto dele do que vós – Por que, então, se pensais que em nada dependeis de Nós, não lhe devolveis (a alma), se estais certos?” (56:83-87). “E juntará uma perna à outra. Nesse dia, será levado ao teu Senhor.” (75:29-30). É um dia grave em que palpitam os corações das pessoas mais puras dentre os profetas e os piedosos. No dia ela encontra o que dissimulará seus erros, o alcançar o que perdeu de tempo e ações. Naquele dia remove dela a sequidão do calor e as chamas do sol através do resfriamento e o condicionamento, apagando as labaredas íntimas com água potável abundante. Lá não encontra nada disso antes da prestação de contas. Por isso, a questão positiva de mudança com o início da viagem é a o transportarse do habituado para o não acostumado, do frescor e do luxo da vida para a grossura e a rudeza. Nessa nova vida, a alma suporta o molestar dos que convivem com ele na sua variedade de cores, sendo paciente quanto à suas dificuldades, suportando suas agressões e hostilidades, estando alegre e satisfeita porque segue as pegadas dos privilegiados dentre os profetas e piedosos. A sua situação não pára na renúncia, suporte e reprimenda da cólera, mas ultrapassa o movimento praticante das boas ações em todos os sentidos. A sua língua ordena a prática do bem e coíbe a prática do mal de um lado. Não fica debilitado pelo atendimento, pela recordação, pela súplica, pela recitação do Alcorão do outro. A sua mão está estendida na prática da benevolência, na solidariedade do que possa contribuir com dinheiro ou empenho na medida do possível. O seu coração e o seu espírito estão ocupados com as majestades de seu Criador, as maravilhas de seu Feitor e com as extraordinárias e inumeráveis dádivas. Vivem as mais belas horas radiantes e felizes na infindável soberania de Deus. Quando o peregrino muçulmano chega a Meca, e seus olhos recaem sobre a Caaba, ao redor da qual inumeráveis servos virtuosos giram, sua língua

entrega-se à prece: “Ó Deus nosso, concede a Sua Casa maior honra, engrandecimento, nobreza e respeito, aumenta a honra, a nobreza e a virtude de quem a visita. Ó Deus nosso, és a Paz e a paz provém de Ti, faça-nos viver em paz.” As lágrimas rolam e começa a circungirar a Casa. Quando o peregrino passa para o sa’i (o percorrer a distância entre os montes Safa e Marwa), lembra-se da senhora Agar (AS) que foi o símbolo marcante no âmbito da obediência, símbolo crente em Deus, o Criador das causas e os efeitos. Um símbolo, ciente e confiante no Senhor dos senhores, num vale sem plantações, perto da Sua Casa Sagrada. Um símbolo submetido à eternidade dos céus e da terra não importa quantas dificuldades houver, a quantas provas é submetida e por mais sombria que seja a vida. Um símbolo paciente e perseverante na educação do filho querido e único, na hombridade, na dignidade, na castidade e na retidão. Até atingir a juventude, sendo o braço direito do pai, o patriarca Abraão no estabelecimento dos alicerces da Antiga Casa: “E quando Abraão e Ismael levantaram os alicerces da Casa, exclamaram: Ó Senhor nosso, aceita-a de nós, pois Tu és Oniouvinte, Sapientíssimo. Ó Senhor nosso, permite que nos submetamos a Ti e que surja da nossa descendência uma nação submissa à Tua vontade. Ensina-nos os nossos ritos e absolve-nos, pois Tu és o Remissório, o Misericordiosíssimo.” (2:127-128).

A maior parte das pessoas não toma uma atitude de reflexão e abertura crítica

No vale de Arafat o peregrino, nessa pequena assembléia, pressente a Assembléia Maior, no dia em que as pessoas se erguerão para o Senhor do Universo: “Sairão dos sepulcros, com os olhos humilhados, como se fossem uma nuvem de gafanhotos dispersa, dirigindo-se rapidamente até ao convocador; os incrédulos dirão: Este é um dia difícil!” (54:7-8). Deus irá lhes questionar e eles responderão sem rodeios. Então, os registros serão são apresentados por sobre as cabeças. Há que irá tomar o seu registro com a mão direita, dizendo: “Ei-lo aqui! Lede o meu registro; sempre soube que prestaria contas! E ele gozará de uma vida prazenteira.” (69:19-21). Outros receberão


o registro com a mão esquerda, dizendo: “Ai de mim! Oxalá não me tivesse sido entregue o meu registro, nem jamais tivesse conhecido o meu cômputo; oh! Oxalá a minha primeira (morte) tivesse sido a anulação; de nada me servem os meus bens; a minha autoridade se desvaneceu…!” (69:25-29).

Em Arafat o servo pensa como se estivesse à porta do Paraíso, separado dela, com uma separação entre eles. Ele é assolado por sentimentos, pensamentos, então é envolvido por uma inundação de humildade, de rogo, de pedido de perdão, de súplica... Talvez seja questionado de forma fácil e obtenha o seu registro com a mão direita e retorne aos seus, satisfeito. Você o vê distraído das pessoas ao seu redor, tremendo pelo desejo, inundado pelas lágrimas abundantes. Ele suplica a seu Senhor: “Ó Deus nosso, Tu ouves as minhas palavras e vês a minha situação, conheces o oculto e o manifesto em mim, nada se esconde de Ti. Sou o destituído e pobre, o que pede socorro e auxílio, o temeroso e insignificante, o que está confessando os seus pecados, peço-Te como necessitado que estou, imploro como o culpado e o humilde implora, dirijo a súplica do amedrontado e cego, de quem submeteu a Ti a sua cabeça, de quem as lágrimas correm, humilhou para Ti o seu corpo. Ó Deus, não me torne desgraçado. Sê Indulgente, Misericordioso, ó Senhor nosso.”

pesará sobre ti, até ao Dia do Juízo!” (38:75:78). É uma batalha em que o pai, Adão (AS), o pai arrependido se envolveu. Uma batalha em que o outro pai, resignado, Abraão (AS), o inimigo do politeísmo e o símbolo do monoteísmo, se envolveu. Batalha em que a extraordinária mãe, Agar (AS), símbolo da fidelidade e da resignação, envolveu-se. Batalha em que participou o filho, Ismael, o expiatório, símbolo da obediência e da sinceridade. O peregrino se lembra dessa primeira família muçulmana que constituía um grupo independente no combate ao líder da maldade e da rebeldia, Satanás, que foi desprovido de misericórdia e de indulgência. O peregrino renova o seu pacto, sendo fiel à sua promessa, carregando o estandarte do monoteísmo por vales e montanhas, por mais caro seja o sacrifício, até encontrar-se com Deus e ouvir o arauto dizer: “Eis o Paraíso que herdastes em recompensa pelo que fizestes.” (7:43). “E verás os anjos circundando o Trono Divino, celebrando os louvores do seu Senhor. E todos serão julgados com eqüidade, e será dito: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!” (39:75).

O Islã convida para a meditação e a análise pessoal, distante das preocupações materiais

No local do arremesso das pedrinhas o entusiasmo se acirra contra o Satanás, na promessa de combatê-lo sempre, apedrejá-lo em todas as oportunidades. A batalha com esse amaldiçoado não é nova, mas antiga, no dia em que seu Senhor lhe disse: “Ó Lúcifer, o que te impede de te prostrares ante o que criei com as Minhas Mãos? Acaso, estás ensoberbecido ou é que te contas entre os altivos? Respondeu: Sou superior a ele; a mim me criaste do fogo, e a ele, do barro. (Deus lhe) disse: Vai-te daqui, porque és maldito, e a Minha maldição

Após completar o resto dos rituais, de arremesso, de sacrifício, de corte de cabelos e de circungirar a Caaba, o peregrino retorna ao seu país carregando os mais belos sentimentos e lembranças, as mais nobres promessas, com o coração e a mente repletos com a mais importante lição e significados. A recompensa dessa viagem abençoada de agradecimento é o retornar como no dia em que foi gerado pela mãe.


Poesia Mohammad Iqbal*

O Islã

O Islã foi-nos proporcionado como religião, E todo o mundo como pátria O monoteísmo para nós é luz Preparamos a alma para sua morada. O mundo cessa e não se apagam, Na vida, as páginas de nossa honra. Na terra, construímos nossos santuários E a Primeira Casa é a nossa Caaba. É a primeira casa que protegemos Com as nossas vidas, e ela nos protege. A bandeira do Islã, através dos dias, É o símbolo da grandeza do nosso credo. Ó, terra da luz das duas Mesquitas Sagradas A terra onde a nossa Lei nasceu. Jardim do Islã e sua árvore frondosa, Na terra, com nosso sangue regada, Para o retorno das nossas primeiras caravanas E o ressuscitar da glória da nossa Nação. O Alcorão segue representando-a Para renovar a época da nossa libertação Ele é a nossa eterna Constituição, Sobre ele fundamos a nossa Nação. Amanhã, sua bandeira tremulará Para restituir o nosso poder precedente. Mohammad foi o Emir dos cavaleiros Comandando a vitória do nosso triunfo. O nome de Mohammad, o Orientador, Espírito da esperança para o nosso renascimento. À sombra das espadas fomos educados, E a glória, para a nossa comunidade, construímos. * Mohammad Iqbal foi um importante poeta, político e filósofo muçulmano, de origem paquistanesa. Foi um dos responsáveis pela fundação do Paquistão.


Interpretando o Alcorão

Assayyed Sharif Sayyed

Exegese do Alcorão Sagrado Parte 7

“Ó humanos, adorai ao vosso Senhor, Que vos criou, bem como

aos vossos antepassados, quiçá assim tornar-vos-íeis virtuosos. Ele fez-vos da terra um leito, e do céu um teto, e envia do céu a água, com a qual faz brotar os frutos para o vosso sustento. Não atribuais rivais a Deus, conscientemente.” (2:22).


O

s versículos acima fazem menção a três grupos de pessoas: os tementes, os incrédulos e os hipócritas. Os tementes são os cumulados pela Orientação Divina; os incrédulos são aqueles cujos corações Deus selou; os hipócritas são aqueles aos quais Deus acrescentou a enfermidade, fazendo-os perder o seu poder pessoal como resultado de seus atos. Logo após referir-se aos três grupos, a Surata segue convocando todas as pessoas e ordenando toda a humanidade para que escolha a senda nobre da retidão, da pureza e da sinceridade, obreira e útil, orientada e bem sucedida, construindo a imagem dos tementes. No Versículo Sagrado há várias observações relevantes, entre as quais destacamos as seguintes: 1. A expressão: “Ó humanos” é repetida no Alcorão vinte vezes. É um apelo geral, abrangente, que convoca todas as pessoas para adorarem ao seu Senhor, Que os criou, bem como aos seus antepassados. Ela indica que o Alcorão não pertence a uma raça, tribo, seita ou a um grupo em particular, mas dirige o seu apelo a toda a humanidade, para a adoração a Deus, o Uno e Único, e o combate a todo tipo de politeísmo e de desvio, por meio do monoteísmo puro.

prova do conhecimento de Deus e um sinal de agradecimento pelas dádivas recebidas d’Ele. 3. A expressão: “bem como aos vossos antepassados” talvez seja uma resposta para os politeístas, que dedicaram suas adorações aos ídolos, seguindo as práticas de seus pais. O versículo sagrado mostra que a adoração deve ser unicamente a Deus, o Único, Criador da humanidade e Criador de seus pais. Todo politeísmo que invade a marcha da humanidade, no presente e no passado, é desvio da Senda Reta. 4. O resultado dessa adoração é: “quiçá assim tornar-vos-íeis virtuosos”. A nossa adoração nada acrescenta à Grandeza e Magnificência de Deus. A nossa negação a O adorarmos nada diminui a Sua Magnanimidade. A nossa adoração constitui uma escola onde é ensinado o temor e a piedade, estimulando o sentimento pela responsabilidade e a dinâmica pessoal do indivíduo. A adoração a Deus serve de medida para avaliação do ser humano, é a balança para pesar a sua personalidade.

Tementes são os cumulados pela Orientação Divina; os incrédulos são aqueles cujos corações Deus selou

2. O Alcorão se concentra no seu apelo para a adoração a Deus: “Adorai ao vosso Senhor, Que vos criou”. É um apelo para todas as pessoas adorarem ao Único Criador. Por isso, deve ser Deus o Único a ser adorado, pela dádiva da criação da humanidade. Aqueles que declinam da adoração a Deus e de se submeter a Ele descuidam da grandeza existente na Sua criação e na criação dos seus antecessores. Ignoram a Mão que preparou e determinou esse universo, colocando nele as dádivas minuciosa e precisamente reveladas no corpo e no espírito humano. O lembrar-se dessas dádivas é uma

O versículo seguinte trata de outro grupo de dádivas divinas que merecem agradecimento, citado primeiro a criação da terra: “Ele fez-vos da terra um leito”. Esse globo terrestre, que caminha numa velocidade enorme no espaço, foi submetido ao ser humano, para que ele o ocupasse e nele se fixasse. A grandiosidade da dádiva que é o Planeta Terra é revelada de maneira mais clara quando observamos a questão da gravidade, que nos garante a estabilidade, que permite a construção de edifícios, o cultivo da agricultura e a realização de todas as necessidades da vida. Se essas particularidades desaparecessem, num só instante, tudo que há na terra em termos de seres humanos, animais, vegetais e minerais seria espalhado pelo espaço. O emprego do termo “leito” – em árabe “firash” – descreve, de forma fabulosa, as noções de estabilidade e repouso. Mostra também o


entendimento de equilíbrio e adequação da temperatura. Essa verdade é descrita pelo Imam Ali Ibn Hussein (AS), que explica esse versículo dizendo: “Deus a tornou (isto é, a terra) conveniente para a sua natureza, adequada para o seu corpo. Sua temperatura não é alta, para queimá-los, nem baixa, para congelá-los. Não tornou o seu odor muito forte para debilitá-los, nem desagradável para arruinálos. Não a tornou inconsistente, como água, para afogálos, nem muito dura para impedi-los de construir suas casas, seus edifícios e suas sepulturas... Por isso ele tornou a terra um leito para vocês.”

– em árabe “samá” – aparece no Alcorão com vários significados. Todos eles indicam altura. O vínculo da palavra “céu” com “teto” – em árabe “biná” – inspira a existência de um teto acima das pessoas sob a terra. O Alcorão, com a palavra “teto”, indica a situação do céu, ao dizer: “E fizemos o céu como abóbada bem protegida” (21:32). Isso inspira coesão e força, que vedam a sua queda, apesar de não haver colunas fixas na terra.

Todo politeísmo que invade a marcha da humanidade, no presente e no passado, é desvio da Senda Reta

Então, o versículo trata das dádivas celestiais, dizendo: “e do céu um teto”. A palavra céu

Depois disso, o versículo trata da dádiva da chuva: “e envia do céu a água” que vivifica a terra e faz brotar os frutos. Então, o versículo cita a dádiva dos frutos, que brotam com a bênção da chuva para ser sustento para as pessoas: “com a qual faz brotar os frutos para o vosso sustento.” A produção dos frutos merece


o nosso agradecimento pela misericórdia do Senhor do Universo para com os Seus servos e o reconhecimento da Onipotência de Deus na produção de frutos de variadas cores, de água incolor como sustento para o homem e o animal. Por isso, Deus acrescenta: “Não atribuais rivais a Deus, conscientemente.” Tendo consciência de que Deus os criou e aos seus antepassados. Vocês sabem que ele tornou a terra um leito, o céu um teto, faz descer a chuva do céu, que Ele não possui parceiro algum. Atribuir-Lhe parceiros, depois desse conhecimento, é ingratidão e, portanto, um pecado. Aqui vem o alerta sobre o risco grave da adoração aos ídolos, muitas vezes, ao longo da história humana, amados como deveria ser amado Deus, obedecidos como deveria ser obedecido Deus. No entanto, eles não nos criaram nem criaram nossos pais; não criaram o que existe ao nosso redor em termos de fenômenos universais e dádivas inumeráveis. São servos como nós, sem nenhuma diferença entre nós e eles no que diz respeito à adoração ao Deus Único, sendo que não há outra divindade além d’Ele, O que não possui semelhante nenhum. Sim, pois até mesmo as plantas e os animais louvem ao TodoPoderoso, louvado seja. Devemos confirmar que o politeísmo não se restringe a adotar ídolos de pedra ou madeira, como os idólatras fazem, ou dizer que Deus é apenas um de uma trindade, como dizem os cristãos. O politeísmo tem um significado mais amplo e figuras variadas, mais dissimuladas. De forma geral, a crença na existência de coisas que têm as mesmas influências de Deus na vida é um tipo de politeísmo. Isso é explicado por Ibn Abbás, quando diz: “Atribuir semelhantes a Deus é politeísmo, mais dissimulado do que o caminhar de uma formiga sobre superfície negra numa noite escura. É alguém dizer a outro: ‘O que Deus e você quiserem’.” Refere-se Ibn Abbás a uma tradição, de acordo com a qual um homem disse ao Mensageiro de Deus (S): “O que Deus e tu quiserdes.” O Profeta (S) lhe respondeu: “Estás me fazendo semelhante a Deus?” Expressões como essas, que exalam o odor do politeísmo, infelizmente, são correntes, também, entre os muçulmanos e são inconvenientes para o

verdadeiro monoteísta. Eles dizem: “Confio em Deus e em você”. Relata-se que o Imam Jaafar Ibn Mohammad Assádiq (AS), na explicação do versículo: “E sua maioria não crê em Deus, sem atribuir-lhe parceiros”, explicou: “(Isso significa) dizer da pessoa ‘se não fosse fulano eu estaria perdido’, ‘se não fosse cicrano teria me acontecido tal e tal coisa’ e ‘se não fosse beltrano a minha família estaria perdida’”.


Juventude

Más compreensões

Parte 2

E

A Honra da Jovem

ntre as más compreensões conhecidas, que não possuem sustentação no Alcorão, na Lei e nos valores islâmicos, está a preservação da castidade da menina sem se importar com a castidade do menino. Ao contrário, esta noção exclusivista é alheia aos conceitos islâmicos. Isso porque a castidade é uma só: a da menina é igual à do menino; a da jovem igual à do jovem. Não há distinção entre os homens sobre as mulheres. Qualquer um que violar a sua castidade, seja homem ou mulher, é culpado e será julgado por isso. Porém, se a jovem violar a sua castidade, ficar mal vista e se envolver em atividades ilícitas, estará em pé de igualdade na sua imoralidade com o jovem que se envolve com a promiscuidade e a corrupção, que vive nas casas

de diversão e de prostituição. Por que, então, se concentrar apenas na castidade da menina? Esta é uma visão que guarda resquícios da época do politeísmo e que continua enraizada nas mentes de alguns muçulmanos. Naquela época, os árabes bárbaros costumavam enterrar as meninas vivas, com receio da desonra da tribo, quando esta fosse derrotada numa batalha e suas mulheres fossem levadas prisioneiras e desonradas. Este temor atávico continua vivo nas mentes de alguns até hoje. A sociedade tribal considera a desonra de uma jovem como desonra para toda a tribo. Por isso, do ponto de vista tribal pré-islâmico, é necessário lavar a honra com a matança da moça desonrada. Ou enterrá-la viva, da mesma


forma que faziam os politeístas, com a diferença que o pai, na época pré-islâmica, costumava enterrar a filha ainda criança, sem que esta nada soubesse da vida. Na sociedade tribal, o pai, por causa de sua honra, enterrava a filha viva na flor de sua idade. É necessário frisar que a única diferença entre a moça e o rapaz, na questão da honra, é quanto ao resultado aparente, ou seja, a gravidez. Fora disso, o moço que comete abominação e a moça que corresponde e permite a sua conclusão estão no mesmo nível quanto a arcar com as conseqüências de seu ato horrível. Vejamos a igualdade no castigo divino: “Quanto à adúltera e ao adúltero, castigai-os com cem chicotadas, cada um” (24:2). O Alcorão não faz distinção quanto ao castigo entre homem e mulher adúlteros. Ele aplica pena a ambos que cometeram o ato imoral e responsabiliza a ambos. Não anula ou diminui o castigo de um deles por preferência. A honra do homem ou do moço aqui foi maculada, ruindo e se cobrindo de lama com o adultério, da mesma forma que ruiu a honra da moça.

sozinha carrega a desonra do que praticou. Seus familiares não podem ser punidos por isso, a não ser na proporção de sua colaboração em incentivá-la na prática do ato. Se recorrermos à norma divina quanto ao adúltero e à adúltera, não encontraremos qualquer indício quanto ao castigo de uma terceira parte entre os que têm relações com eles ou seus familiares, quer sejam os pais, parentes ou tribo. Novamente, dizemos: A idéia da honra é uma idéia social, mais do que uma idéia islâmica. Entre os exemplos correntes nas sociedades orientais, encontra-se a afirmação de alguns: “A honra da menina é como o palito de fósforo”, querendo-se dizer com isso que se ela permitir o uso de seu corpo de forma ilícita, deixará de ser uma pessoa honrada e casta. A incompreensão de algumas sociedades chega ao grau de que nem a moça ou a mulher estuprada será perdoada, mesmo que ela não tenha cometido o ato de livre espontânea vontade. Com isso, ela sofre de má fama, de desonra, arcando com o trauma psicológico e ficando estigmatizada no seu relacionamento social. O Alcorão Sagrado apresenta a preocupação de Maria (AS) e o seu temor quanto à acusação de seu povo, quando ela se engravidou de Jesus (AS), mesmo sendo pura, casta e virgem. Sua fala, registrada no Livro Sagrado, mostra a dimensão de suas preocupações: “Disse: Oxalá eu tivesse morrido antes disto, ficando completamente esquecida!” (19:23).

A jovem que viola sua castidade está em pé de igualdade com o jovem corrupto

A sociedade machista, porém, que prefere o homem à mulher, assume uma posição mais grave do que a posição da lei. Ela aplica as chicotadas apenas à mulher e à jovem que comete o adultério, colocando a culpa e a responsabilidade sobre a moça e a mulher, isentando o homem. Quanto à alegação de que a honra da mulher faz parte da honra da família e da tribo e quando ela sofre alguma desonra é como se toda a família ou tribo a sofresse, é uma idéia não islâmica e que não é reconhecida pelo Alcorão, de nenhuma forma. Deus, o Altíssimo, diz no Alcorão: “Nenhum pecador arcará com a culpa alheia” (17:15), ou seja, não é aceito que o inocente pague pelo pecador. Qual é a culpa do pai ou da mãe se a menina não conserva a sua castidade e feminilidade, praticando a promiscuidade? Ela

A honra da menina é delicada. A do menino também é, e será como o palito de fósforo, que uma vez riscado, pode provocar um incêndio de grandes proporções. Porém, a freqüência a locais escusos e a convivência com prostitutas deve ser considerada pela sociedade do ponto de vista da honra dele também, não do ponto de vista de machismo. Isso é o que muitas sociedades machistas esquecem, contemporizando em relação ao comportamento ilícito do homem, mesmo que isso implique em mancha da sua honra.


Boa Guia

Sayed Abdullah Al Ghuraifi

Imam Hussein (AS), um

C

om o início do mês sagrado de Muharram¹ nos lembramos do episódio do martírio do Imam Hussein (AS), um episódio doloroso, que não terminou nem terminará enquanto houver luta entre o verdadeiro e o falso, entre o bem e o mal, entre a justiça e a injustiça.

Hussein (AS) é uma lágrima que não seca, um lamento que não cala. Hussein (AS) é a lágrima do lamento e do suspiro. Hussein (AS) é o sorriso da esperança que aparece na orla da vida. Hussein (AS) é o reluzir da alvorada que derrama 1 - O primeiro mês do calendário lunar islâmico, composto por 12 meses de 30 dias (NE).

luz sobre o mundo. Hussein (AS) é a voz da verdade que toca toda consciência. Hussein (AS) é o título da justiça dirigido a toda geração. Hussein (AS) é o hino da vitória na boca do tempo. Hussein (AS) é a extensão das mensagens. Hussein (AS) é o herdeiro dos profetas. E o sangue de Hussein (AS) é a chama da Revolução que faz tremer os tronos dos tiranos. O sangue de Hussein (AS) é a melodia do Martírio na boca dos revolucionários. O sangue de Hussein (AS) é o documento de responsabilidade de todo criminoso na terra, de todos os corruptos, de todos os que comercializam as questões do Islã e da comunidade. Karbalá²


Suspiro que Nunca Cessa é a alvorada da eternidade, Karbalá é a escola do Jihad, Achurá³ é um dia no mundo da tristeza eterna. Achurá, o dia das lágrimas e das lições, Achurá é o dia lamentos e tristezas, Achurá é o dia importante para os familiares do Rassulullah. No dia dez de Muharram, no ano 61 da hégira, lá na terra de Karbalá, estava o neto do Mensageiro de deus, Hussein Ibn Ali (AS). Postaram-se perante ele as fileiras do extravio, carregando todo tipo de vileza e de baixesa, determinadas a matá-lo. O neto do Mensageiro de Deus, Hussein (AS), ficou olhando aquela aglomeração extraviada. Os seus lábios esboçaram um sorriso, o sorriso de desafio e da altivez. Seus olhos verteram uma lágrima de misericórdia por aquele grupo de pessoas que traçou com a própria mão o seu destino para o Inferno. - Por Deus, vocês sabem quem sou? - Sim, você é o neto do Mensageiro de Deus. - Por Deus, vocês sabem que a minha mãe é Fátima, filha de Mohammad? Por Deus, vocês sabem que meu pai é Áli Ibn Abi Tálib? - Por Deus, sabemos. - Por Deus, vocês sabem que esta que eu carrego é a espada do Mensageiro de Deus? - Por Deus, sabemos. - Por Deus, vocês sabem que este que estou usando é o turbante do Mensageiro de Deus? - Por Deus, sabemos. - Por que, então querem derramar o meu sangue?

almas sobre os ombros, usaram os corações como armaduras para a luta. Seus corações estavam ansiosos por encontrar o Paraíso. Caíram mártires pela causa de Deus e o tempo os recolheu como chamas da orientação. Assim se abraçaram à terra de Karbalá. Hussein permaneceu sozinho, com os lábios pronunciando palavras tristes: “Haverá algum salvador?” Só houve a resposta do lamento das mulheres, o choro das jovens, os gritos das crianças com sede por uma gota de água, o lamento do doente que definha de dor. Os estertores das almas das pessoas dando o seu último suspiro, o relinchar dos cavalos, o lampejar das espadas e o filho da Zahrá4 (AS) sozinho, submetido à determinação de Deus, dizendo: “Quem traz o meu cavalo?” A jovem Zainab (AS) levou o cavalo da morte para o irmão Hussein (AS) . Ele caminhou para a morte. Depois de uma luta renhida, caiu sobre a terra de Karbalá. O seu sangue representa a mais extraordinária epopéia na história do heroísmo e do sacrifício.

- Sabemos de tudo isso, mas não o deixaremos antes que morra de sede! Hussein (AS) permaneceu firme, com altivez e determinação, e com ele um pequeno grupo de crentes, auxliares na crença. Eles empunharam suas 2 - Região do atual Iraque, onde o Imam Hussein ibn Ali (a.s.), seus familiares e companheiros, em número de aproximadamente 70 pessoas, foram martirizados pelo exército de Yazid ibn Moawyah ibn Abu Sufian, no ao de 61 A.H. (680 A.D.) (NE). 3 - Achurá é o décimo dia da Revolução de Hussein ibn Ali, correspondente a 10 de Muharram, quando ele foi martirizado (NE). 4 - Fátima Azzahrá (AS), filha do Profeta (s.a.a.a.s.) e mãe do Imam Hussein (AS) (NE).


Nós e a Vida

*Organização Al Balagh

Sinais de grandeza e organização

R

epentinamente, a criança é transportada do mundo do útero para o mundo externo, da luz, do pensamento, da determinação, da confiança. Quantas coisas os cientistas descobriram para nós neste mundo, revelando os segredos da natureza e dos seres vivos, quer vegetais, quer animais! Eles abriram para nós as portas do conhecimento do mundo humano e o que ele possui em termos de organizações extraordinárias e complexas, de variados organismos e atividades físicas, o poder de compreensão, da fala e do pensamento. A compreensão dos conhecimentos que os cientistas nos legaram nos faz sentir admiração

por nós mesmos, revelando a magnificência da criação e dando-nos a certeza de que há um Organizador para esse mundo. Um dos cientistas de maior renome em todos os tempos, de nome A. Kraysi Morrison, escreveu um livro chamado “A Ciência Convoca Para a Fé”. Nesse livro o autor fala da organização extraordinária e divina desse mundo. Ele afirma que cada coisa indica a onipotência do Criador. Diz ele: “O globo terrestre gira ao redor de seu eixo uma vez cada 24 horas, ou seja, na proporção de mil milhas por hora. Vamos supor que ele girasse na proporção de apenas cem milhas por hora. Por que não? Nessa situação, o nosso dia e a nossa noite tornarseiam dez vezes mais longos. Dessa feita, o calor

O conhecimento dos cientistas nos faz admirar a nós mesmos e à Criação


do sol do verão queimaria nossa vegetação e, à noite, todos os vegetais da terra congelariam”. Segue o eminente cientista afirmando: “O sol, a fonte de toda vida, atinge a temperatura de 1200 graus fahrenheit. O nosso globo terrestre dista dele o suficiente para que essa alta temperatura forneça à terra o calor suficiente, não mais nem menos. Essa distância mantém-se constante de forma admirável. A sua variação, durante milhões de anos, é irrisória, de forma que permitiu a conservação da vida como sabemos. Se a temperatura sobre a face da terra subisse na proporção de cinqüenta graus num só ano, toda a vegetação e o homem, também, morreriam queimados ou congelados”.

Cada um de nós pensa em si quando lê essas verdades científicas e pergunta como aconteceu essa precisão e organização e quem fez tudo isso? O Alcorão Sagrado nos responde, dizendo: “Tal é a obra de Allah, Que tem aperfeiçoado todas as coisas” (27:88). “Que criou sete céus sobrepostos; tu não acharás imperfeição alguma na criação do Clemente!” (67:3). “E o sol, que segue o seu curso até um local determinado. Tal é o decreto do Onisciente, Poderosíssimo. E a lua, cujo curso assinalamos em fases, até que se apresente como um ramo seco de tamareira. Não é dado ao sol alcançar a lua – cada qual gira em sua órbita – nem à noite, ultrapassar o dia.” (36:38-40). E se esse universo natural da terra e do espaço é fantástico, dirigimo-nos para os mares e os oceanos e percebemos como esse mundo também é belo e admirável pela diversidade de

Morrison nos lembra que “O globo terrestre gira ao redor do sol na velocidade de 18 milhas por segundo. Se a velocidade fosse seis milhas ou quarenta milhas por segundo, a nossa distância do sol ou a nossa aproximação dele eliminaria a nossa vida.” O grande cientista prossegue, dizendo: “A lua dista de nós 240.000 milhas. Se ele distasse 50.000 milhas, por exemplo, em vez da grande distância que realmente dista, a maré atingiria uma força tal que todas as terras abaixo do nível da água seriam cobertas duas vezes por dia com água, com tal força, que derrubaria as próprias montanhas. O próprio globo terrestre seria destruído com a agitação...”

animais, peixes, pérolas e corais... As pesquisas e os estudos dos cientistas e especialistas os levaram a descobrir verdades assombrosas a respeito da natureza... verdades que causam admiração e levam à reflexão sobre o poder dos segredos – muitos deles extraordinários – existentes nas criaturas aquáticas.


O cientista A. Kraysi relata uma história interessante sobre o salmão e as cobras d’água. Em resumo é o seguinte: Os cientistas descobriram em seus estudos sobre a vida desses peixes um estranho e assombroso fenômeno. Eles nascem no rio, então vivem alguns anos no mar e após voltam para o rio em que nasceram. Se forem transferidos daquele rio para outro, ligado ao primeiro, eles nadam contra a maré até retornar para o rio em que nasceram. Eles conhecem o local de seu nascimento e ficam vinculados a ele, procurando-o até retornar a ele para nele viver.

das águas dos lagos e rios em que nasceram depois de seu pleno crescimento. Elas percorrem milhares de quilômetros no oceano para alcançar os abissais, ao sul do Arquipélago das Bermudas, no Atlântico, e ali permanecem até morrer. Quando a fêmea solta os ovos e deles saem os filhotes, após um determinado período de amadurecimento, eles começam a migração contrária, percorrendo a mesma distância para alcançar os locais em que suas mães nasceram, espalhando-se pelos lagos e rios de lá. Dessa forma, esse animal vive geração após geração. Realmente, é uma história assombrosa, que traça perante nós esse enigma desconcertante, a respeito do qual o Alcorão diz: “Respondeu-lhe: Nosso Senhor foi Quem deu a cada coisa sua natureza; logo a seguir, encaminhou-a com retidão!” (20:50). Ele é Quem as orientou intimamente e lhes inspirou um conhecimento inato.

A ciência é um meio de nos colocar a par da infinita sabedoria e generosidade de Deus

Há outro enigma assombroso, a respeito da vida das cobras aquáticas. Essas cobras migram

Essas verdades nos explicam o significado das palavras de Deus: “Os sábios, dentre os servos de Deus, só a Ele temem, porque sabem que Deus é Poderoso, Indulgentíssimo.” (35:28). Realmente, um dos meios de reconhecimento do Poder de Deus Altíssimo é a ciência, que o Alcorão nos incentiva a adquirir, convocandonos a pensar e a utilizar a mente e as provas para conhecer a Deus Altíssimo, Suas criaturas e entender o Seu Livro Sagrado: “Não meditam, acaso, no Alcorão, ou é que seus corações são insensíveis?” (47:24). O véu que nos separa de Deus e a compreensão de Seu Livro é a ignorância. Quando adquirimos conhecimento, abrem-se à nossa frente horizontes do conhecimento de Deus e nasce em nós a luz de Seu Livro.


Cotidiano

CRTC I I AR

A Arte de

A

Necessidade do Espelho

Se não houvesse espelho no qual olhássemos os nossos rostos, estaríamos aptos a conhecer os aspectos da beleza ou do defeito neles? Conseguiríamos arrumar e organizar os nossos cabelos?


Esse é aceito ou não aceito. Esse é velho e esse é novo”. O testemunho do espelho é aceito porque é veraz e não demonstra inimizade por alguém se mostra os seus defeitos, nem amizade, se mostrar as suas qualidades. Esse é o papel do espelho correto, sem defeitos.

Como conseguiríamos nos embelezar? Alguém pode responder: “Se não houvesse espelho, talvez pudéssemos utilizar a superfície da água parada como espelho, no qual pudéssemos ver os nossos rostos. Se não fosse a superfície da água, poderíamos utilizar as superfícies minerais brilhantes. Se não fosse isso nem aquilo, os olhos dos outros são espelhos. Ao ver algo agradável em nós, aparece o sorriso em seus rostos, como indício de que somos agradáveis, no seu ponto de vista”.

Porém, se estiver enferrujado ou com alguma imperfeição, ele não mostrará o rosto como realmente é, porque a ferrugem veda a beleza da face e talvez aumente a sua feiúra. Ha espelhos, como é sabido, de todos os tipos e formas. Se o espelho for côncavo ou convexo, redutor ou aumentador, ele não apresenta a imagem correta de quem está na sua frente, mas deformada, como se tivesse sofrido algum acidente penoso.

O testemunho do espelho é aceito porque é veraz e não demonstra inimizade por alguém se mostra os seus defeitos

De todas as formas, a necessidade do espelho é coletiva e não é limitada apenas às moças e mulheres. Se elas os utilizam mais é porque têm mais desejos de serem mais bonitas aos olhos do outro sexo. O Que o Espelho Faz? Além de nos permitir vermos os nossos aspectos como eles são, sem nenhuma cortesia ou dissimulação, o espelho possui uma “língua falante”, que diz: “Esse é bonito ou feio. Esse está limpo ou sujo.

Concluindo, de acordo com o espelho aparece a imagem. Por isso, a Nobre Tradição Profética diz que “o crente é o espelho do irmão crente”. Com isso, o Nobre Mensageiro (s.a.a.a.s.) refere-se ao espelho correto, não ao defeituoso, o que aumenta ou o que reduz a imagem. Ou seja, o crente é responsável por transmitir a imagem como ela é realmente, sem deformação, acréscimo ou diminuição. Se vir o que gosta no irmão, declara isso, sem cortesia ou lisonja. Ao ver o que o aborrece, não se cala, guardando aquilo para si. O espelho, além disso, guarda segredo se vir algum defeito na pessoa. Ele não o transmite a quem o utiliza na sequência, dizendo-lhe que viu no rosto do outro esse ou aquele defeito. Por isso, gostamos do espelho, pois ele não aprecia


intrigas. O mais importante é que o espelho não tem memória. Ele não registra na mente a imagem anterior, mas apresenta sempre a imagem atual. Se antes viu na pessoa algum defeito e chamou a sua atenção para aquilo, não o faz lembrar pela segunda ou terceira vez, para constrangê-lo. Se olhá-lo novamente após arrumar o seu defeito, a pessoa terá uma imagem atual, esquecendo-se da anterior. Esse é outro aspecto que nos faz gostar do espelho. O crente, portanto, é como o espelho. Não se envergonha perante os outros, não divulga o que vê de seus defeitos, mas guarda segredo. Ele é sincero consigo, mas guarda os outros, como se fosse um segredo que não pode ser divulgado, a não ser para quem já o conhece.

Nesse ponto, a pessoa deve lamentar apenas a si mesma. A nossa discussão sobre o espelho diz respeito, na verdade, à crítica, conselho e orientação. A Autocrítica: O que se deseja com a autocrítica, como o próprio termo indica, é criticar a si mesmo. Quando a pessoa se olha muito no espelho, está examinando defeitos e faltas para arrumar o que pode ser arrumado antes de se apresentar aos demais, evitando que os defeitos fiquem à mostra, sujeitando-se às críticas alheias. Isso significa que o indivíduo é o primeiro crítico de si mesmo. Quanto mais preciso e sincero for consigo próprio, menor se torna o círculo da crítica externa. As pessoas irão criticá-lo se ele negligenciar a si mesmo. Mas se ele for bem educado e se preocupar em se esmerar, isso será objetivo de elogio, não de crítica.

O mais importante é que o espelho não tem memória. Ele não registra na mente a imagem anterior, mas apresenta sempre a imagem atual.

Ficou por dizer que o espelho não descobre apenas as qualidades ou os vícios da imagem do rosto, do embelezamento, do cabelo, das vestes, mas mostra a beleza e a feiúra dos nossos movimentos. Se a pessoa se colocar adornada na frente do espelho, este não se coloca contra ela, mas mostra a sua beleza e solenidade como é. Se a pessoa se colocar altiva e começar a fazer movimentos acrobáticos, o espelho não ficará neutro, mas lhe dirá que a pessoa estará sujeita à gozação. O mesmo faz o outro espelho: o irmão que é sincero consigo quanto à sua religião. Se o indivíduo quiser desmentir o espelho e aparecer diante das pessoas sem estar arrumado, estará sujeito à crítica.

Portanto, a primeira base da crítica


Quem nada comete de errado às ocultas e se envergonha de fazê-lo às claras, vive tranqüilo e feliz. A Nobre Tradição Profética diz: “Vosso primeiro campo sois vós mesmos. Se conseguirdes dominarvos, conseguirão dominar aos outros. Caso contrário, não conseguirão dominar aos outros. Portanto, experimentai educar-se primeiro.”

é: “Critique a si mesmo.” A autocrítica, na realidade, é um dos aspectos da autoconquista, considerada o empenho maior. Por isso, lemos na Nobre Tradição: “Julgai a vós mesmos antes de ser julgados, avaliai a si mesmos antes de ser avaliados, pois o Crítico é Vidente”. Ou seja, de Deus, glorificado e altíssimo seja, nada se oculta. Ele conhece todos os segredos: “Criamos o homem e sabemos o que a sua alma lhe confidencia, porque estamos mais perto dele do que a (sua) artéria jugular.” (Alcorão Sagrado, 50:16). Portanto, Deus é Crítico Vidente, conhece o oculto e o mais secreto. Se o indivíduo aparecer para as pessoas com aspecto diferente da realidade, querendo enganá-las, eles acreditam. Mas, no mesmo instante em que engana as pessoas, ele fica totalmente exposto perante o Senhor do Universo. Isso é o que faz o crente piedoso e benévolo: observar a “Câmera Oculta” sempre, porque ele diz, na sua autocrítica: “se não consigo ver a Deus, exaltado seja, Ele me vê.” Por isso, envergonha-se tanto na sua solidão como no meio das pessoas.

Se você quer conhecer o alcance da sua capacidade de ser bem sucedido, realizando as maiores vitórias, você tem a si mesmo à sua disposição. Você consegue se restringir? Você consegue prestar contas a si mesmo como faz uma pessoa estranha? Você consegue ser sincero consigo mesmo nas entrevistas de exame pessoal, sem ocultar nada? Caso afirmativo, você será o ganhador nesse concurso.

Quanto mais preciso e sincero o indivíduo for consigo, menor se torna o círculo da crítica externa.

Situações da Autocrítica: 1- P r e s t a r contas quanto às idéias e intenções:

As mais importantes e mais elevadas críticas são desse tipo. A pessoa critica a si mesma nas primeiras etapas da ação, ou seja, no seu nascedouro, formulando perguntas como: “Por que desejo fazer isso? O que me induz a fazer isso e deixar de fazer aquilo? Será que procuro fama e elogio das pessoas ou desejo satisfazer a Deus? Será que presto serviço aos meus amigos para satisfazer a Deus, Que me ordenou a auxiliar os outros na prática do bem e na piedade, ou o faço para que digam que sou prestativo?” Com esse tipo de crítica, consegue-se colocar todas as ações, sem exceção, sob o microscópio, para ver se elas nos aproximam de Deus ou nos fazem lucrar com o mundo e agradar


às pessoas. Prestar contas quanto às idéias e intenções é uma operação pessoal imensa. Ela não está relacionada à crítica das ações em seu berço apenas, mas a outra etapa, como se o indivíduo se perguntasse a respeito de um ato que intenciona fazer com o objetivo de se aproximar de Deus. A pessoa percorre algumas de suas etapas e numa estação do caminho se pergunta: “Será que continuo com a minha promessa? Será que a minha intenção continua como no início ou mudou? Será que pensei em mudar para outra direção?” Esse é o aspecto das intenções. Quanto à questão das idéias, sabemos que Deus não nos pedirá contas por elas, como um dos aspectos de Sua generosidade e misericórdia, por não as termos colocado em prática. Porém, quando criticamos as idéias demoníacas e tentadoras de Satanás, que nos são sussurradas para a prática de um ato vil, sujo, ruim, fora, portanto, dos limites da Lei Islâmica, conscientes de que isso constitui corrupção do que há em nosso interior, estaremos criticando a nós mesmos, coibindo-nos de prosseguir com essas idéias até o fim. 2 – O Atendimento às Paixões e aos Ímpetos: Se a pessoa não conseguir perceber os pontos fracos em sua personalidade, a não ser tarde, isso significa que o descuido é temporário. Conforme diz o ditado: “Antes tarde do que nunca”. Se ela perceber que vai se envolver com as paixões e afundar nos ímpetos mas, com coragem, parar para se autocriticar com veemência, irá descobrir que o que pretendia fazer é vergonhoso, o que denotaria uma vontade fraca. Certamente, o prazer mundano é efêmero. Por isso, o crente não pode fazer algo que o humilhe. Assim, estará exercendo uma real autocrítica: “E juro, pela alma que reprova a si mesma.” (Alcorão Sagrado,

75:2). 3 – A Ilusão e a Soberba: Pode ser que o indivíduo, numa primeira etapa, não perceba que está numa situação de ilusão e não se apresse em tratá-la e eliminá-la. Ele se ilude e se faz de importante. Se alguém lhe disser que ele está iludido, ele não se importa porque você não enxerga isso. Talvez considere a atitude do amigo como inveja, ou crítica de alguém tendencioso, ou de quem tem má intenção. Mas, se a crítica se repetir e vier de mais de uma pessoa, o indivíduo deve se autoanalisar e indagar numa crítica objetiva: “Será que todos estão enganados? Devo acreditar em mim e não neles? Como a opinião deles coincide se eles estão desunidos?” A pessoa deve, então, observar o seu comportamento diário e analisar a sua situação com cuidado para ver se está de fato iludida e com soberba, sem sentir. Essa análise pessoal e a formulação de perguntas fazem parte de um tipo de crítica superior, porque tiram a pessoa da situação de dúvida em que se encontra: “Quando lhe é dito que tema a Deus, apossa-se dele a soberba, induzindo-o ao pecado” (2:206) para: “Quanto aos tementes, quando alguma tentação satânica os acossa, recordam-se de Deus; ei-los iluminados.” (7:201).


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Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 4

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Uma nova

visão do Islamismo

Edições avulsas

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Jesus Cristo segundo o Alcorão Sagrado

Jesus Cristo segundo o Alcorão Sagrado

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Sabe quem são os muçulmanos e no que acreditam? Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 5

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nº 5

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Jurisprudência

No Âmbito das As mais importantes

S

e desejarmos apresentar as proibições no Islã e fizermos um estudo preciso, iremos encontrar que as causas de suas regulamentações é a preservação da humanidade em relação a condutas más e destruidoras, protegendo a sua existência dos perigos e danos.

Por isso, encontramos que as proibições no Islã abrangem a proteção do pensamento, da pessoa e do corpo, bem como das relações humanas e da vida da sociedade em relação aos perigos da destruição, do desvio e da queda. No âmbito do pensamento, por exemplo, o Islã proibiu a incredulidade, suspeitar de


Leis Islâmicas Parte 7

proibições no Islã Deus, descrevê-Lo com o que não Lhe é devido, imputando-Lhe a injustiça, comparando-O com as Suas criaturas, dar-Lhe forma, etc., glorificado e exaltado seja disso tudo. O Islã proibiu, também, as superstições, a paralisação da mente, a imitação cega e tudo que inutiliza a potência da mente ou freia as atividades científicas e os atos produtivos. Assim, procura a preservação de um entendimento são, uma explicação real da existência e da vida, para se conseguir um entendimento puro do Monoteísmo e para o relacionamento humano perfeito com Deus, porque essa relação é a fonte da conduta e das posições humanas, o seu motor incansável.

resíduos doentios, dos desvios emocionais perigosos sobre o ser humano e suas ações. O Islã proibiu, também, todos os motivos e atividades que desviam o pensamento ou poluem o espírito humano. Proibiu, também, todas as atividades, práticas e atos maléficos para a saúde, destruindo a força do organismo. Ele proibiu o consumo dos inebriantes, a prática do adultério, o consumo da carne de cachorro e de porco e de muitos animais cujo carne é maléfica para o ser humano. Proibiu a carne do animal estrangulado, os mortos por queda ou espancamento, os que foram encontrados mortos, o consumo de sangue, etc., para, dessa forma, proteger a saúde do ser humano das enfermidades e da fraqueza.

O Islã proíbe tudo o que polui o íntimo do ser humano e mata sua consciência e moral

No âmbito psicológico, o Islã proibiu tudo o que poderia poluir o íntimo do ser humano, matar a consciência e a moral que transformam a sua vida em desgraça e infelicidade; tudo que transforma a conduta humana em conduta animalesca, desprovida de particularidades humanas sublimes. Ele proibiu o ódio, a cólera, o desespero e a desconfiança. Assim, elevou o espírito humano a um nível excelente de pureza e perfeição, protegendo-a e purificando-a dos

Da mesma forma que, com estas interdições, o Islã se preocupou em proteger a vida do indivíduo e sua natureza pessoal, ele também se voltou para a proteção da sociedade quanto aos crimes e práticas maléficas no âmbito social, político, econômico, jurídico, educacional, etc. Ele proibiu a injustiça, a usura, o monopólio, a fraude, o roubo, a mentira, a calúnia, o falso testemunho, o insulto, o suborno, o assassinato,


o jogo de azar, o ensinamento e a divulgação de conhecimentos e entendimentos destruidores, tais como idéias, fotos, filmes e preceitos que causam a debilidade e a ruína moral e cultural. Assim, o Islã garante a preservação da sociedade e do indivíduo com a descrição e o esclarecimento das proibições. Os sábios detalharam uma série de proibições graves nos livros de Jurisprudência e dos denominaram “pecados capitais”. São os que mais ameaçam a existência do indivíduo e da sociedade, poluindo o espírito e o âmbito da vida.

ilícito – como a venda de inebriantes, a paga pela fornicação, pela dança ou pelo suborno, o excesso, malversar o peso e a medida, a ajuda aos tiranos, combater os crentes e os divulgadores muçulmanos, a arrogância, o desperdício, a calúnia, a detratação, a fraude e a hipocrisia. Faz parte das proibições também a indiferença do ser humano quanto aos seus pecados e desvios, não se importando com o que está fazendo. Se observarmos essas proibições, veremos que elas são a sujeira e o perigo maior que ameaçam a vida do indivíduo e da sociedade. A humanidade não consegue se proteger e preservar a sua existência, a não ser afastando-se dessas proibições e negandose a praticá-las. Quem observar essa lista de proibições e procurar descobrir a sabedoria islâmica oculta por trás delas alcança a grandeza da Lei Islâmica, o seu poder de construir um indivíduo e uma sociedade forte e preparada por intermédio da proteção, da prevenção legal e moral.

Os estudos científicos comprovam a validade das proibições estabelecidas pelo Islã

Quando estendemos um olhar prescrutador sobre elas, ou as examinamos analiticamente à luz da experiência social e das pesquisas científicas, verificamos a extensão de seu perigo e maldade sobre a vida do indivíduo e da estabilidade social. Assim, concluímos a extensão da sabedoria do Islã e a sua preocupação em proteger e preservar os interesses humanos. É muito útil, também, apresentar as mais importantes proibições definidas pelo Islã, ameaçando com castigos a quem se aproximar delas, pois sua prática coloca a vida individual e social em risco. Essas proibições são: O politeísmo, o desespero quanto à misericórdia de Deus, o desonrar os pais, o assassinato, a falsa acusação de traição à mulher casada, o consumo, de forma injusta, dos bens dos órfãos, a prática da usura, a fornicação e o adultério, o homossexualismo, a magia, o falso juramento, o falso testemunho, o negar-se a testemunhar para o bem da verdade, o consumo dos inebriantes, trair a pacto, cortar os laços consangüíneos, mentir para Deus, para o Seu Mensageiro, para os Imames e para as pessoas em geral, roubar, o consumo da carne de animal encontrado morto, o consumo de sangue, o consumo da carne suína, o consumo do dinheiro

Os estudos e as pesquisas científicas, nas últimas décadas, conseguiram revelar os perigos físicos, psicológicos e sociais que estes atos, proibidos pelo Islã, causam. As instituições de pesquisas e estudos nos apresentam cifras assombrosas a respeito dos crimes e das enfermidades, das situações e dos fenômenos prejudiciais às sociedades humanas, que extinguiram de suas contas o significado do lícito e do ilícito. Isso confirma a necessidade de se atuar para salvação da humanidade, arrebatando-a da queda no abismo da prática das proibições que ameaçam a natureza e a sanidade humana, depois do abandono dos valores da fé e do rendimento ao comportamento irracional. A salvação só será conseguida com o regresso para o método e a lei tolerante de Deus, o Altíssimo, apegando-se o ser humano às leis que Ele estipulou como misericórdia, generosidade e cura para o que há nos corações.


Religiões

As Crenças Cristãs

A

s crenças e as adorações cristãs giram em torno de vários temas, à frente dos quais vem a idéia de Deus e os valores daí decorrentes. Crêem os cristãos na interpretação da essência do Cristianismo com base nesta idéia de um Criador, o que deveria influenciar as condutas e os costumes dos seus seguidores. Reino do Céu ou Reino de Deus? Essa idéia representa uma sustentação básica e uma idéia central nos Evangelhos. A convocação para esse “Reino”, ou a advertência quanto ao fim do mundo, implica na percepção da destruição desse mundo existente. Esse “Reino”

é apresentado como o bem supremo, o objetivo principal e a felicidade superior. Quanto ao Reino de Deus, é um mistério representado por exemplos: Ele é “aqui” e “nãoaqui”, é celestial, destinado a todas as pessoas, mas será transferido dos judeus para os outros, os “gentios”: “Mas eu vos digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se assentarão à mesa com Abraão e Isaque e Jacó, no Reino dos Céus; e os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.” (Mateus 8:11-12). Esse reino que os Evangelhos apresentam, em conjunto com a idéia do fim do mundo, é mais parecido com a idéia aqui apresentada.

O Cristianismo apresenta o “Reino do Céu” como o bem supremo, o objetivo principal e a felicidade superior

A Ciência Moral A moral, nos Evangelhos, não é


ciência, mas constitui um mero conjunto de conselhos e ensinamentos, apelações sublimes de convocação e orientação. Por isso, à partir desse princípio fundamental, a moral não age para semear o homem na realidade e na história, ou neste mundo e as instituições e relações, porque esse mundo não tem nenhum valor. Ele está repleto de maldades, de dores e de pecados. A preocupação maior não deve ser com o amanhã ou com a realidade, mas com o “Reino do Céu”, que constitui, sozinho, o valor absoluto. A obediência a Deus, então, é o mais importante, é o eixo singular, e a Sua vontade é o princípio moral, ou o motor e a base da sociedade.

A obediência a Ele é a submissão do coração à vontade divina, com seus mandamentos e recomendações. O significado da vontade de Deus é que se viva de acordo com que o Seu Reino exige e que se purifique a alma para que seja apropriada para aquele Reino. Uma vez que a obediência a Deus é a submissão a Ele e o ingresso no Seu Reino, disso brota o significado concedido à autoridade política e é extraído o valor que move o papel do dinheiro, do lucro, do mundo ou das instituições econômicas e sociais.

A vontade de Deus é que se viva de acordo com que o Seu Reino exige e que se purifique a alma

Por isso, a autoridade não é visada no Cristianismo, nem há empenho para adquiri-la, de acordo com a frase: “Dai a César o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus”. O Cristianismo não incentiva o acúmulo do dinheiro, porque isso afasta do Reino do Céu e coíbe a confiança. Ele escraviza o homem e o atrai para o mundo ilícito. O homem não consegue servir a dois senhores, ou adorar a dois deuses. (Mateus 6:24; Lucas 16:9-13). É imprescindível, então, a renúncia, a dedicação, a privação e o ascetismo. O Amor nos Evangelhos O amor é um pilar fundamental e um princípio moral do Cristianismo. Por isso, os ensinamentos evangélicos ordenam o amor. “Ame a Deus e ao seu próximo, como ama a si mesmo”, reza o credo cristão. O amor é considerado como o principal mandamento, a lei principal do Reino do Céu, o princípio gerador do mundo. Sem ele, o homem fica devendo. O amor, realmente, confirma no homem o Reino do Céu. É o núcleo dos Evangelhos. O eixo moral ou o motor maior das relações, a coroa da existência e dos bens. “Amai uns aos outros” (João, 13:34; 15:12); “Ama ao próximo com ama a ti mesmo” (Mateus, 19:20). “Amai aos vossos inimigos” (Mateus, 5:44; Lucas, 6:27).


A moral e os costumes, os mandamentos que os Evangelhos desenham para os atos e a conduta humana são as bases que governam a sociedade histórica, na qual aconteceram os atos e os ditos de Jesus (a.s.). A idéia quanto ao bem e o mal, o útil e o inútil, o fraco e o forte, o benéfico e o obrigatório, que era corrente na sua época, continuou aceita e permaneceu.

coração cometeu adultério com ela. Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti.” (Mateus, 5:28-29). Esse ponto de vista rigoroso está de acordo com uma idéia mais grave ainda, que exige que se apegue ao sentido literal, solidificando no texto a compreensão formal das leis. Jesus (a.s.) era um exemplo com a sua moral e uma tradução efetiva dela. Ele era inimigo dos sacerdotes e dos escribas. Ele falou com os pecadores e com as prostitutas. Comeu e bebeu com os discípulos e os pecadores. Ele ensinou que a oração, a caridade, o jejum, devem ser feitos ocultamente e com sinceridade e amor. Não se deve roubar a viúva na escuridão da noite e então fazer caridade ou orar publicamente.

Jesus (a.s.) era um exemplo com a sua moral e uma tradução efetiva dela; ensinou a oração, a caridade e o jejum

Esses valores morais não podem substituir as bases de conduta e os sentimentos religiosos existentes. O seu apelo para estabelecer a vontade de Deus não é um apelo para se imitar as formalidades, mas para orientar cada sentimento, o menor movimento, sentimento ou idéia. Por isso, o mandamento social religioso que proíbe a fornicação, por exemplo, mergulha, para o cristão, nas profundezas, para julgar e condenar o menor sentimento ou rejeitá-lo, igualando-o ao crime repugnante: “Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para cobiçá-la, já em seu

Ele desejou a misericórdia e não o sacrifício (Mateus, 12:7), o amor e não a lei.


Narrativas do

Alcorão e daVida Parte 3

Zulaika e as duas filhas de Shuaib

A Obscenidade e a Castidade Cena nº 1: Zulaika – O Convite para a Indecência

A

cortina é aberta e conta-se a história a respeito de uma mulher casada. Em seu palácio vive um jovem de quem ela cuidou desde que o seu marido o comprou. A cada dia este jovem se tornava mais simpático, belo, inteligente, carinhoso e com nobre caráter: “E quando alcançou a puberdade, agraciamo-lo com poder e sabedoria; assim recompensamos os benfeitores.” (Alcorão Sagrado, 12:22). Essas fabulosas características nos rapazes atraem as mulheres, tanto física como moralmente. Nessa cena vergonhosa, que exala o odor do desejo sexual ilícito, vemos a mulher do governador, chamada Zulaika, tentando seduzir José (AS), o belo e nobre moço, para cometer a obscenidade e o ilícito: “A mulher, em cuja casa se alojara, tentou seduzi-lo; fechou as portas e lhe disse: Agora vem!” (Alcorão Sagrado, 12:23). Ela fechou as portas para eliminar todo tipo de fuga, tentando-o e demonstrando que estava disposta a praticar a obscenidade com um moço com o qual não possuía nenhuma ligação legal, sendo casada e compromissada com outro homem.


José foge da rede de intriga que lhe foi preparada. Ela o alcança e segurando-o pela camisa, rasga-a por trás, para puxá-lo novamente para aquela rede fatídica. Ele, porém, refugiou-se em Deus e Ele o salvou. As mulheres que freqüentavam a casa da esposa do governador, entre vizinhas e amigas, e que a censuraram pelo que fez com José, foram convidadas por ela para verem-no de perto. Quando seus olhares caíram sobre ele, quase cortaram os dedos, sem perceber, pela forte atração de sua beleza: “E quando o viram, extasiaramse diante da visão dele, chegando mesmo a ferir as próprias mãos. Disseram: Valha-nos Deus! Este não é um ser humano. Não é senão um anjo nobre!” (Alcorão Sagrado, 12:31). Elas tentaram seduzilo. Porém, ele preferiu o cárcere a atender às suas tentações e cometer obscenidades.

se tenham retirado, (e temos nós de fazer isso) porque o nosso pai é demasiado idoso. Assim, ele deu de beber ao rebanho, e logo, retirando-se para uma sombra.” (Alcorão Sagrado, 28:23-24). Nessa cena, o diálogo ocorre com cordialidade... Moisés (AS) começa, perguntando, por ser uma pessoa zelosa, se poderia oferecer seus préstimos às moças castas. Ele, efetivamente, poderia ajudá-las imediatamente. Vemos que a sua pergunta não está fora dos limites da educação. Procura averiguar a respeito do motivo de não dar água às ovelhas. A resposta das moças não ultrapassou, também, aquele limite e revelou uma conduta casta. O motivo de sua negativa era o receio de se misturar com os homens, ato contrário às condutas das moças e à sua castidade. Por outro lado, o que as obrigou a pastorear as ovelhas e dar-lhes de beber era o fato de seu pai ser homem idoso, sem forças de cumprir a tarefa de pastoreio e dar de beber ao rebanho. Portanto, elas exerciam a tarefa por necessidade. Se o pai fosse capaz de fazê-lo, ou tivesse um filho que pudesse, não teriam saído e exercido a função, que é praticada normalmente por homens, devido ao pudor, ao senso de proteção e à castidade femininas.

O comportamento da jovem, muitas vezes, abre as portas para situações indesejadas

Segunda Cena: As duas filhas de Shuaib Pudor e Castidade A cortina é aberta, agora, sobre uma cena calma, sem o fervor dos instintos, a agitação dos sentimentos ou o despertar dos desejos. É clima claro, de serenidade espiritual, um encontro tranqüilo trocado entre duas partes, com sinais de respeito e de bom comportamento, cuidando dos valores de castidade e pudor. Vê-se Moisés (AS), o moço forte na cidade de Madian, observando duas moças que pastoreavam ovelhas, paradas, esperando a vez de darem água para o rebanho. Ele observou que elas evitavam se misturar com os homens, aguardando a partida deles, dando-lhas a oportunidade de utilizar a aguada. O diálogo entre eles é o seguinte: “E quando chegou à aguada de Madian, achou nela um grupo de pessoas que dava de beber (ao rebanho), e viu duas moças que aguardavam, afastadas, por seu turno. Perguntou-lhes: Que vos ocorre? Responderam-lhe: Não podemos dar de beber (ao nosso rebanho), até que os pastores

Depois que Moisés (AS) deu de beber ao rebanho, terminou a relação com elas. Não se envolveu com as moças em conversas laterais para estreitar a relação, o que alguns jovens fariam normalmente: “Assim, ele deu de beber ao rebanho, e logo, retirando-se para uma sombra” (Alcorão Sagrado, 28:24). Ou seja, ele não aproveitou o favor que fez a elas para poder ficar mais próximo. Elas, por sua vez, deixaram o local, preservando o seu pudor.

Comparação entre os dois casos: 1. Zuleika, no primeiro caso, foi quem instigou José (AS) e o convidou a atear o fogo do desejo. Ou seja, ela foi a instigadora, que procurou induzi-lo à prática da fornicação.


No segundo caso, as filhas de Shuaib não pediram a Moisés (AS) que desse de beber ao seu rebanho, o que seria motivo ou introdução para o mútuo conhecimento e a atração. Como dissemos, alguns jovens aproveitariam a oportunidade para outros objetivos. A abordagem de Moisés (AS) foi respeitosa e não expôs as moças a maldade ou a injúria. O comportamento da jovem em relação aos jovens ou a sua maneira de abordá-los, muitas vezes, abrem as portas para situações indesejáveis. O jovem pode abordá-la ou tentar conquistála e seduzi-la. Porém, com a sua capacidade e determinação, ela pode fechar a porta na cara dele e não corresponder aos galanteios. É confirmado que a jovem vestida com pudor e castidade é menos exposta ao assédio masculino. Se Deus, exaltado seja, pediu a ela para se cobrir, não mostrar as suas partes atrativas, não tornar a voz melodiosa, não se expor como na época pré-islâmica, é porque estes comportamentos constituem motivos para a instigação e a sedução. Se ela se negar a fazê-lo - e do jovem é exigido desviar o olhar - ambas as partes colaboram para a castidade.

de pudor. Por isso, as palavras: “A mulher, em cuja casa se alojara, tentou seduzi-lo”, ou seja, pediu-lhe que praticasse a indecência com ela, abertamente: “... e lhe disse: Agora vem!”, ou seja, afirmou que estava pronta para ele. 3. Quanto ao diálogo do segundo caso, não ultrapassa os limites da educação e ética, ocorrendo como se fosse entre duas pessoas do mesmo sexo. A pergunta de Moisés (AS) foi honesta e a resposta das filhas de Shuaib também foi honesta. Não havia no diálogo acréscimos que o tirassem do círculo da castidade e do pudor. Vemos isso na cena seguinte: “E uma delas se aproximou dele, caminhando timidamente, e lhe disse: Em verdade meu pai te convida para recompensarte por teres dado de beber” (Alcorão Sagrado, 28:25). A expressão “caminhando timidamente” demons-tra que a formalidade não tinha sido suspensa entre a jovem e Moisés (AS); continuava, apesar do primeiro contato, protegida e conservada. O diálogo, da mesma forma que foi casto no início, continuou até o fim. Ela não indicou e não demonstrou qualquer interesse por ele, mas transmitiu-lhe uma sucinta e informativa mensagem: que o pai o convidava para recompensar a atitude dele.

A jovem vestida com pudor e castidade é menos exposta ao assédio masculino

2. O primeiro caso se desenrola em clima de isolamento, longe dos olhares observadores. A situação cria um ambiente de desejo e cria a cobiça naquele em cujo coração há enfermidade. Se José (AS) não soubesse que Deus o observava, teria sucumbido. Quanto à segunda cena, desenrola-se em ambiente aberto, à vista e ao ouvido das pessoas. Não tem condições para o desenvolvimento da intriga. Desenrola-se dentro de ambiente conhecido e atende ao pressuposto natural do diálogo informal. Esse é o motivo da advertência da Nobre Tradição: deve haver um isolamento respeitoso entre ambos os sexos, para não se dar margem ao Satanás instigar o homem e a mulher. 2. O diálogo, no primeiro caso, é sincero, aberto e explícito, o que demonstra o baixo nível

Mesmo quando ela demonstrou a sua vontade, o fez com inteira educação e pudor, distante da maldade: “Uma delas disse, então: Ó meu pai, emprega-o, porque é o melhor dos que poderás empregar, pois é forte e leal.” (Alcorão Sagrado, 28:26). Ela não citou a sua formosura, as suas palavras agradáveis, a finura de seu sorriso, mas citou a sua virilidade e lealdade, como duas condições básicas exigidas no homem para o casamento islâmico. Quanto à lealdade, ela carrega uma expressão clara a respeito da castidade de Moisés (AS), sua modéstia e respeito à sua posição e à posição de uma jovem estranha.

Aplicações práticas: Na nossa realidade, vemos muitas adaptações de ambos os tipos. Há quem se pareça com


Zulaika, com seu comportamento desenfreado, com o manto do pudor rasgado, e há quem se pareça com as filhas de Shuaib, na sua castidade, modéstia e educação.

A moça que vive em ambiente de perversão – festas, bares, discotecas, boates, etc. – cria uma base fértil para a inflamação do desejo sexual entre os jovens com quem se reúne e conversa, com quem tem amizade e brinca, principalmente se estiver usando roupas que a expõem, enfeites que a tornam atraente. Assim, ela se parece com Zulaika. A jovem que sai exposta, com os braços, as pernas, o peito e os cabelos descobertos, com a roupa apertada, está convidando os jovens para se aproximarem dela e abordá-la, para olharem a sua beleza e atratividade. Ela não está saindo com este aspecto chamativo a não ser para atrair os jovens e dizer a eles o que Zulaika disse a José: “Agora vem!” Ou ela está preparada para o cometimento da indecência e do ilícito, ou está se divertindo ao ver os olhares dos jovens cobiçando-a, dirigindo-lhe palavras ofensivas a esmo. A moça que lança sorrisos inspiratórios, piscadas e faz movimentos instigadores com o corpo, que só conversa com o seu colega com voz sedutora, está convidando para a indecência, mesmo que não o faça diretamente. Seu ato instiga a intriga, mesmo que não demonstre claramente suas intenções. Isso induz os jovens

a praticar o ilícito. Ela é irmã de Zulaika, mesmo que não cometa obscenidades de forma efetiva. Aqueles que permitem que professores particulares ministrem aulas a suas filhas por trás de portas fechadas, freqüentando a casa por uma ou duas horas diariamente, abrem espaço para acontecer o que é proibido. Encontros desse tipo já causaram resultados trágicos. A freqüência de amigos da família, jovens e homens, ou o envio do empregado do pai para a casa de uma moça para buscar algo, tudo isso ajuda na abertura das portas daquelas casas para a prática do ilícito, impossível de serem fechadas posteriormente. Em comparação a este alerta, encontramos os exemplos e imagens vivas das duas irmãs, filhas de Shuaib. Neste caso, temos a moça que se nega a encontrar-se com estranhos e a ficar sozinha com eles, que não se encontra com jovens ou homens a não ser na presença de seus pais ou de seu irmão, que conserva o pudor, protege a sua honra e veda as manobras de Satanás do visitante que é tentado a praticar o mal. Aquela que rejeita ficar sozinha com o colega na sala de aula, ou em um canto do jardim da universidade, ou no lugar de lazer da cidade, ou longe dos olhos num passeio escolar está protegendo a sua honra e a honra do rapaz, também. A jovem que conversa com o outro sexo e não o faz com suavidade, insinuações e melindres, mas com educação e respeito, atendo-se ao que é necessário, quer por telefone, na sala da internet ou em encontros diretos, é como a filha de Shuaib, que se relaciona com pudor. Aquela que não permite que o noivo fique perto dela, tocá-la, beijá-la, flertar com ela - mesmo que faça isso para testá-la - pois não é ainda a esposa dele, é também como a filha de Shuaib, cuja posição em relação a Moisés (AS) Deus elogiou. Ela teve contato com ele com pudor, até tornar-se sua esposa. Porém, após o contrato legal de casamento entre ambos, não há problema.


Nossas Crenças

O Alcorão e os Livros Celestiais A filosofia da revelação dos Livros Celestiais

N

ós cremos que Deus, exaltado seja, revelou livros celestiais para orientação da humanidade. Há os livros de Abraão, de Noé, a Torá, o Evangelho e o Alcorão (este mais abrangente que os outros). Se esses livros não fossem revelados, o homem teria cometido muitos erros na marcha de sua vida à procura de conhecer a Deus e adorá-Lo, afastando-se dos fundamentos da piedade, da moral, da educação e das regras sociais de que necessita para viver em harmonia. Esses livros celestiais foram revelados aos corações como misericórdia e fizeram brotar no ser humano as sementes


da piedade e da moralidade, do conhecimento de Deus, de ciência e do conhecimento. Porém, infelizmente, aconteceram alterações de muitos deles, pelas mãos dos ignorantes e tendenciosos, que incluíram neles conceitos incorretos e contraditórios. Porém, o Magnífico Alcorão não sofreu nenhuma intervenção, por motivos que iremos citar, permanecendo como sol reluzente, iluminando os corações em todas as épocas: “Pelo qual Deus conduzirá aos caminhos da salvação aqueles que procurarem a Sua complacência e, por Sua vontade, tirá-los-á das trevas e os levará para a luz, encaminhando-os para a senda reta.” (5:16).

Assádiq (AS) o seguinte dito: “Deus, bendito e exaltado seja, não o revelou¹ para um tempo sem o outro, para pessoas sem outras. Ele é novo em todas as épocas e perante todos os povos até o dia da Ressurreição.”

Se os Livros Celestiais não fossem revelados, o homem teria cometido muitos erros em sua marcha

O Alcorão, o maior milagre do Profeta Mohammad (S):

A proteção do Alcorão quanto

Nós cremos que o Alcorão é o mais importante milagre do Profeta Mohammad (S), não apenas pela sua eloqüência e evidência, pela beleza de seu estilo, pela perfeição de seus significados, mas também por abranger outros milagres, em suas diferentes dimensões, que foram citados em várias obras históricas e de Teologia.

as alterações

Por isso, cremos que não é possível alguém produzir algo semelhante a ele, ou a um só capítulo dele. O Alcorão desafiou, em vários assuntos, a quem o olhava com dúvida e rejeição, sem que ninguém conseguisse enfrentar esse desafio: “E se tendes dúvidas a respeito do que revelamos ao Nosso servo (Mohammad), componde uma Surata semelhante às dele (o Alcorão), e apresentai as vossas testemunhas, independentemente de Deus, se estiverdes certos.” (2:23). “Dize-lhes: Mesmo que os humanos e os gênios se tivessem reunido para produzirem coisa similar a este Alcorão, jamais teriam feito algo semelhante, ainda que se ajudassem mutuamente” (17:88). Cremos, também, que o Alcorão não se torna obsoleto com o passar dos tempos. Pelo contrário, os seus milagres se destacam e a sua magnificência se revela cada vez mais. Temos na tradição do Imam Jaafar Ibn Mohammad 1- é, o Alcorão Sagrado (NE).

Cremos que o Alcorão utilizado pelos muçulmanos atualmente é o mesmo que foi revelado ao Profeta Mohammad (S), sem que lhe tenha sido acrescentado ou tirado algo. Desde os primeiros dias de sua revelação, ele foi registrado por escrito, quando os muçulmanos eram encarregados de recitar os versículos revelados durante a noite e o dia, em suas cinco orações. Por isso, um grande número de muçulmanos conseguiu decorálo. Aliás, os decoradores e recitadores do Alcorão conquistaram um local de destaque nas sociedades islâmicas. Essas questões e outras colaboraram na preservação do Alcorão, mantendo-se ele distante dos desvios e mudanças,


além de que Deus, glorificado e exaltado seja, garantiu a preservação do Alcorão para sempre, não sendo possível que seja tocado pelas mãos do desvio e mudança, em absoluto: “Nós revelamos a Mensagem e somos o seu Preservador” (15:9). Os pesquisadores e os grandes sábios estão em consenso de que o Alcorão não sofreu nenhuma mudança. O exame do desenrolar da história da compilação do Alcorão, desde a época do Profeta (S), a preocupação extrema que os muçulmanos dispensaram a sua escrita, à decoração e recitação do Alcorão, a existência de secretários que se ocupavam do registro por escrito da revelação, desde os primeiros dias, mostra verdadeiramente que a alteração não

Infelizmente, muitas das Escrituras Sagradas foram objetos de alterações, perdendo sua fidedignidade conseguiu se estender terminantemente para o Alcorão.

O Alcorão e as necessidades materiais e espirituais da humanidade em relação a ele. Cremos que o Alcorão Sagrado evidencia as bases de

cada necessidade humana, garantindo ao ser humano a sua vida espiritual e material, pois instituiu as regras e bases gerais das questões políticas, da administração governamental, das relações das sociedades, os fundamentos da convivência, da guerra e da paz, das questões jurídicas e econômicas, entre outras. A aplicação dessas regras e leis preenche a vida humana de felicidade: “Temos-te revelado, pois, o Livro, que é uma explanação de tudo, é orientação, misericórdia e boas-novas para os muçulmanos.” (16:89). Por isso, cremos que o Islã não se separa nunca do governo e da política. Ele convoca os muçulmanos a se apegarem às rédeas de suas questões para vivificarem os valores sublimes islâmicos, para a criação de uma sociedade islâmica que caminha para o estabelecimento da justiça e da equidade, aplicando-as tanto para o inimigo como para o amigo: “Ó crentes, sede firmes em observardes a justiça, atuando como testemunhas, por amor a Deus, ainda que o testemunho seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes.” (4:135). “... que o ressentimento aos demais não vos impulsione a serdes injustos para com eles. Sede justos, porque isso está mais próximo da piedade” (5:8)

A recitação, a meditação e a ação Cremos que a recitação do Alcorão é um dos mais importantes rituais, sem igual entre os outros, porque ela ajuda na meditação alcorânica e o pensar na origem de todo bom ato. Deus, o Altíssimo, disse, dirigindo-Se ao Profeta Mohammad (S): “Levanta-te à noite (para rezar), porém não durante toda a noite; a metade dela ou pouco menos, ou pouco mais, e recita fervorosamente o Alcorão.” (73:2-4). Deus, o Altíssimo, dirige-Se a toda a comunidade islâmica, ao dizer: “...Recitai, pois, o que puderdes do Alcorão!” (73:20). Porém, como citamos, é necessário que a recitação seja um meio de se pensar e meditar no


significado dos versículos. A meditação deve ser uma introdução para a aplicação do Alcorão: “Não meditam, acaso, no Alcorão, ou é que seus corações são insensíveis?” (47:24). “Em verdade, facilitamos o Alcorão, para a admoestação. Haverá, porventura, algum que receberá a admoestação?” (54:17). “E este é o Livro bendito que revelamos (ao Mensageiro); observai-o, pois, e temei a Deus; quiçá Ele Se compadeça de vós.” (6:155). Portanto, quem se satisfaz com a recitação e com a decoração, sem a meditação e a ação, certamente é um perdedor, porque aplica um dos pilares e negligencia os dois mais importantes.

As regras da exegese do Alcorão Como regra geral, cremos que é necessário transmitir as palavras do Alcorão no seu sentido usual e literal, a não ser que haja um contexto racional ou tradicional, intrínseco ou aparente nos versículos, que indique outros significados. É preciso evitar contextos duvidosos, conjecturas e suposições. Por exemplo: Nós sabemos que a intenção quanto ao termo “cego” no versículo: “Porém, quem estiver cego neste mundo estará cego no Outro.” (17:72), não se refere à cegueira aparente, expressa em seu sentido literal, pois há muitas pessoas piedosas e cegas. A intenção aqui é manifestar o sentido da cegueira do coração. O contexto racional nos leva a essa explicação. O Alcorão descreve alguns inimigos do Islã como surdos, mudos e cegos: “São surdos, mudos, cegos, porque são insensatos.” (2:171). É certo que esses adjetivos que o Alcorão aplica a esse tipo de pessoas são intrínsecos. Essa explicação se baseia nos contextos à disposição. Quando Deus, o Altíssimo, diz: “Qual! As mãos d’Ele estão abertas!” (4:64); ou diz: “E constrói a arca sob a Nossa vigilância.” (11:37), não se entende com isso que Deus, glorificado seja, possui membros físicos como mão e olho, porque qualquer corpo formado por partes e que necessite de tempo, lugar e direção,

está limitado e, naturalmente, perecerá. Deus, bendito e exaltado seja, é superior à descrição com esses adjetivos. A intenção com a palavra “mãos” é expressar a Sua Onipotência, perante

O Alcorão foi preservado por Deus, mantendo-se ele distante de desvios e modificações a qual todo o Universo se submete. A intenção quanto ao termo “olho” é manifestar a Sua Onisciência. Por isso, basear-se no contexto é um método seguido por todos os intelectuais e a interpretação do Alcorão utiliza dele, também: “Jamais enviamos mensageiro algum, senão com a língua de seu povo.” (14:4). Esse contexto, porém, deve ser de clareza absoluta, como dissemos.

Os erros de usar explicações seguindo conceito próprio Nós acreditamos que a explicação seguindo-se conceitos próprios é uma das mais perigosas questões que dizem respeito ao Alcorão Sagrado. As tradições consideram isso como pecado capital. Quem pratica isso se afasta de Deus,


o Altíssimo. Uma tradição do Nobre Profeta (S) diz: “Não crê em mim quem explicar seguindo sua própria opinião.” (Al Wassáil, 18: 28, Tradição 22). Isso é patente porque o verdadeiro crente não explica as palavras de Deus de acordo com suas tendências e desejos. Outra nobre tradição do Profeta Mohammad (S), citado por Tirmizi, Nassá’i e Abu Daoud: “Quem explicar o Alcorão baseado em sua própria opinião, ou em algo que desconhece, que aguarde o seu lugar no Fogo do Inferno.” Explicar segundo a própria opinião é fazêlo segundo os próprios desejos, ou de acordo com a própria seita, sem que haja à disposição do exegeta qualquer texto ou testemunha. Essa pessoa, na realidade, não segue o Alcorão, mas deseja que o Alcorão o siga. Ele não faria isso se o seu coração tivesse uma crença completa no Alcorão. Sem dúvida que o Alcorão Sagrado perderia seu valor se fosse aberta a possibilidade de explicação segundo a opinião pessoal, porque cada indivíduo o explicaria de acordo com seus desejos e aplicaria as normas nele contidas com base em qualquer crença falsa. A explicação segundo a opinião pessoal do indivíduo significa contrariar os equilíbrios da ciência da linguagem, da ética árabe e do conhecimento literário, assentando-se sobre concepções

As interpretações do Texto Sagrado segundo conceitos particulares é um dos maiores riscos para o Alcorão Sagrado falsas, desejos pessoais ou interesses sectários, o que geraria alterações significativas do Texto Sagrado. A explicação segundo opinião pessoal leva a riscos de várias naturezas. Entre eles o tratamento seletivo dos versículos do Alcorão. Neste sentido, o exegeta pesquisaria, em qualquer tema, os versículos que não contrariassem seu ponto de vista, deixando de lado os que não se coadunassem com os seus pensamentos. Em resumo, tanto a falta de preocupação com o texto original quanto a explicação segundo opinião própria são desvios. Ambos causam o afastamento dos sublimes ensinamentos do Alcorão e dos valores desse Livro Celestial.

A Sunna inspirada do Livro de Deus Cremos que é impossível alguém dizer: “O Livro de Deus é-nos suficiente”, ignorando as tradições e as práticas proféticas que explicam as realidades do Alcorão, mostrando o abrogado e o ab-rogador, o geral e o particular. Elas esclarecem os fundamentos da religião e os seus ramos. Os próprios versículos do Alcorão consideram as práticas e a biografia do Profeta (S) argumentos disponíveis aos muçulmanos, tornando-os fonte básica para a compreensão da religião e o descobrimento das leis: “Aceitai, pois, o que vos der o Mensageiro, e abstende-vos de tudo quanto ele vos proíba” (59:7) “Não é dado ao crente, nem à crente, agir conforme seu arbítrio, quando é Deus


e Seu Mensageiro sábios xiitas e que decidem o sunitas. Tirmizi, por Tanto a Sunna do Profeta assunto. Sabei que exemplo, narra que o quem desobedecer (S) quanto a dos seus famil- Mensageiro de Deus a Deus e ao Seu disse: “Ó gente, iares (AS) deve ser seguida, (S) Mensageiro desviardeixo-vos algo que, se se-á evidentemente.” os seguirdes, não ireis porque o Mensageiro(S) (33:36). Quem rejeita vos desviar nunca: o assim determinou a prática profética Livro de Deus e os rejeita o Alcorão. O meus Familiares.” 4 Imam Ali (AS) disse 2) Os Imames da Casa Profética (AS), por num dos seus sermões: “Dizeres falsos lhe sua relação íntima com o Mensageiro de Deus foram atribuídos, tanto que ele foi levado a (S), transmitiram as tradições baseados no que afirmar, durante o seu sermão: ‘Quem quer que falou o Profeta (S) em pessoa. Eles mesmos seja que me atribua falsidades, construirá a sua confirmaram que tudo o que pronunciaram morada no Inferno’.”² Outra tradição com o lhes foi transmitido por seus pais, que se mesmo sentido foi compilada por Bukhari ³. basearam no Mensageiro (S). O Profeta A Sunna dos familiares do Profeta (AS) (S) tinha conhecimento do futuro de sua deve também ser obedecida, como a do comunidade e dos problemas que iria enfrentar. Mensageiro de Deus (S), porque: Por isso, instruiu-os quanto ao caminho que deveriam trilhar para resolver seus problemas 1) Assim foi estabelecido na tradição e orientar a comunidade islâmica, vinculando conhecida, compilada pela maioria dos os muçulmanos ao seguimento do Alcorão e dos seus Familiares (AS). Podemos, acaso, ignorar esse tipo importante e fidedigno de tradição com solene arrogância e passarmos por ele sem dar-lhe importância? Cremos que se fosse dada a esse problema a relevância que merece, os muçulmanos não enfrentariam alguns dos problemas que enfrentam hoje em dia nas questões da Crença, da Exegese e da Jurisprudência.

2 - Nahjul Balágha – O Método de Eloqüência – Sermão 210. 3 - Sahih Bukhari, 38:1, Capítulo: Quem Narra Falsidades Sobre o Profeta (S) 4 - Sahih At-Tirmizi, 5:662 – Capítulo: Os Méritos dos Familiares do Profeta – Tradição 3786.


falta selo

O Significado do Id¹

A

Pelo Jurisconsulto Sua Eminência Mohammad Hussein Fadlallah

s festividades islâmicas e cristãs partem de um só significado, por intermédio do qual o ‘Id representa, no conceito da mensagem religiosa, uma abertura para todas as pessoas, cumprindo-se a responsabilidade em relação a elas e em relação à vida. Por isso, a alegria durante as festividades significa a alegria de comemorar o fato de se assumir essa responsabilidade, fazendo prevalecer a segurança e a paz

social, política e econômica. As comemorações islâmicas e cristãs, respaldadas por suas respectivas mensagens, não se dão por acaso. O que vivemos nesses dias em que são celebrados, por exemplo, o nascimento de Cristo (AS), o início do ano novo cristão ou os Festejos de Sacrifício² é a projeção de valores espirituais, que revelam uma correlação entre o Islamismo e o Cristianismo.

As comemorações islâmicas e cristãs, respaldadas por suas respectivas mensagens, não se dão por acaso

As festividades representam a alegria, materializada nas repre-

1 - ‘Id é o termo árabe para “festividade” (NE). 2 - Em árabe, ‘Id Al-Adha, ritual que marca o fim da Peregrinação do Hajj, quando animais são oferecidos a Deus pelo cumprimento da jornada do peregrino e em lembrança do sacrifício de Ismael por seu pai, o Profeta Abraão (AS) (NE).


sentações dos participantes e na expectativa dos que guardam suas horas. O Islamismo, porém, deseja para as festividades o que o Cristianismo também deseja: que sejam oportunidades de assumir a responsabilidade do crente, para que haja um desprendimento na avaliação, em nível de lucros e perdas, do resultado da matemática da vida. Assim, o âmbito material da comemoração perde valor em favor da comemoração espiritual, por meio da qual o ser humano sente tranqüilidade. O jejum durante o mês de Ramadã é um exemplo: representa, no nível temporal, um instrumento para formação da determinação, para o embelezamento das atitudes humanas com a paciência; ele cria um sentimento de solidariedade em relação às dores dos outros. Da mesma forma, o ‘Id Al-Adha, a Festa do Sacrifício, representa a eternização do significado do sacrifício, lembrando a disposição de Abraão (AS) de sacrificar o seu filho, Ismael (AS), se Deus quisesse, realmente, isso... É o que nos apresenta a dimensão espiritual e moral do ‘Id.

de como conservar a independência da pátria, como proteger a sua unidade e conservar a sua paz interna. Infelizmente, contudo, distorções ocorrem. As comemorações, que representam o valor que as pessoas dão a marcos importantes da vida humana, transformamse, em muitas ocasiões, em oportunidades para a diversão, o jogo e o colapso diante de atitudes frívolas, dando, às vezes, vazão a instintos incompatíveis com a seriedade e solenidade do momento.

O significado da comemoração do Ano Novo cristão ou da Hégira é fazer um exame do ano anterior

Da mesma forma, o nascimento de Cristo (AS) nos apresenta todos esses significados. A sua preocupação não foi desfrutar o lado material da vida, às custas de sua mensagem. Ele visava à paz, em todas as suas dimensões espirituais, inserindo-a no movimento da vida, para estimular a justiça e os valores espirituais que vinculam o ser humano ao seu irmão. O mesmo acontece com as comemorações cívicas, que não devemos considerar meras apresentações. Que sejam uma oportunidade de avaliação e de análise

3 - Em árabe Hijrah, a emigração do Profeta Muhammad (S.) e dos primeiros muçulmanos de Meca para Medina, fato que marca o início do calendário islâmico (NE).

O significado da comemoração do Ano Novo cristão ou da Hégira³ é agirmos no sentido de a comunidade fazer um exame do ano anterior, em todos os sentidos, visando o planejamento para o futuro, agindo de forma consciente, evitando atitudes negativas e realizando o que for possível em termos de atitudes positivas. Dessa forma, o país se torna pioneiro entre os outros países e a comunidade pioneira entre as comunidades. Não podemos negar às pessoas a alegria material que manifestam pelo ‘Id ou por qualquer oportunidade que seja uma iniciativa para se planejar o futuro. Mas, é necessário que a comemoração material seja acrescida da alegria espiritual, no sentido da responsabilidade humana e patriótica,


para que esta oportunidade seja uma estação para a elevação do espírito. Para que o relacionamento mútuo, nas felicitações e nas visitas, seja um movimento que leve à confiança social e política, almejando um futuro promissor para o país, em que todos comemorarão a extinção das crises e planos preparados pelos poderes arrogantes do mundo.

fios e nos torna prisioneiros da realidade interna, sempre ardente e explosiva em nossos países, principalmente no Iraque, que os Estados Unidos desejam tornar modelo da violência sanguinária, que gera a intriga em toda a realidade árabe e islâmica.

As comemorações devem ser oportunidades para conquistarmos a unidade e a paz interna

A arrogância mundial, que representa o inimigo verdadeiro, é contrária às comemorações das pessoas pelas pessoas ou à comemoração das pessoas pela vida; é contra a abertura do ser humano para o seu irmão. Por isso, vemos como os arrogantes se empenham para tornar as comemorações períodos para fomentar as tristezas, criando intrigas partidárias e religiosas. É o que a América faz com seus novos jogos na região do Oriente Médio. Assim, permaneceremos em crise interna, que nos veda pensar nos grandes desa-

4 - Refere-se, Sua Eminência, à ocupação sionista da Palestina, que dura 60 anos (NE).

Nós queremos que as comemorações sejam oportunidades em que as seitas se encontrem, as religiões se aproximem, para conquistarmos a nossa unidade e, assim, enfrentarmos a ocupação americana e israelense4 . Assim, conquistaremos a nossa paz interna, de acordo com o sentido do amor que Jesus (AS) representa e o sentido de misericórdia que o Profeta Mohammad (S) representa. Devemos vislumbrar, por intermédio desses dois símbolos, a paz mundial com a salvação de toda a humanidade, numa relação de irmandade e solidariedade entre todos os povos.


Nossas Crenças

Sinais Fundamentaisda

MensagemIslâmi c a Parte 3 O Homem é a Mais Nobre Criatura Sobre a Terra

O

Islã, em sua avaliação e relacionamento com o ser humano, parte de um princípio fundamental: a crença de que o ser humano é a mais elevada, nobre e valiosa criatura sobre a terra. Que tudo que há na terra está submetido a ele e existe para o seu bem. Deus, exaltado seja, diz: “Ele foi Quem vos criou tudo quanto existe na terra; então, dirigiu Sua vontade até ao firmamento do qual fez, ordenadamente, sete céus, porque é Onisciente” (Alcorão Sagrado, 2:29). E diz: “E vos submeteu tudo


quanto existe nos céus e na terra, pois tudo d’Ele emana. Em verdade, nisto há sinais para os que meditam” (Alcorão Sagrado, 45:13). E diz, ainda: “Enobrecemos os filhos de Adão e os conduzimos pela terra e pelo mar; agraciamo-los com todo o bem, e os preferimos enormemente sobre a maior parte de tudo quanto criamos” (Alcorão Sagrado, 17:70). Portanto, a riqueza, a terra, o sol, a lua, as estrelas, os animais, as propriedades, as coisas boas, tudo nesta vida existe para servir ao ser humano. A sua condição humana, que o distingue do resto das criaturas, é a mais elevada realidade sobre a terra, devido ao que possui de raciocínio, vontade e conhecimento. O ser humano, depois de lhe serem concedidas essas distinções e capacidades, tornase, na ótica do Islã, responsável pela manutenção dessas elevadas particularidades humanas, encarregado de formar um ambiente cultural e ético sobre a terra, tornando-se uma expressão iluminadora no grande Livro do Universo. Somente em harmonia com o espírito desse belo mundo o homem será o fiduciário do que lhe foi confiado e merecedor do que lhe foi concedido de valor e nobreza: “Por certo que apresentamos a custódia ao firmamento, à terra e às montanhas, que se negaram e temeram recebê-la; porém, o homem se encarregou disso, mas provou ser injusto e insipiente” (Alcorão Sagrado, 33:72).

As abordagens materialistas, tão comuns em nossa sociedade, transformaram o ser humano em elemento de produção, um meio de execução, tratando-o como um aparelho mecânico, distante dos valores, dos conceitos e dos sentimentos realmente humanos. Para que o homem não se esqueça dessa verdade e não ignore o seu valor, o Alcorão passou a estimular nele o espírito humanístico, semeando no seu interior o significado da nobreza. Estabeleceu nele a posição natural entre ele e o mundo inanimado, reformulando o equilíbrio da relação entre objetivo e meio. Fê-lo recordar que tudo nesta vida é um meio para servi-lo e motivo para lhe proporcionar o seu bem e a sua felicidade, para que não seja enganado pela cobiça material nem seja escravizado pelos sedutores. Deus, exaltado seja, diz: “Enobrecemos os filhos de Adão e os conduzimos pela terra e pelo mar; agraciamolos com todo o bem, e os preferimos enormemente sobre a maior parte de tudo quanto criamos” (Alcorão Sagrado, 17:70). Com base nisso, o Islã edificou sua visão sobre o homem e sobre o que o cerca, distinguindo as coisas e meios úteis e prazerosos existentes no mundo natural. Ele conformou todas as regras e todos os valores para concretizar essa verdade e concedê-la ao homem, tornando sua vida repleta de movimento e satisfação

As riquezas minerais, os animais e as plantas existem para servir ao ser humano, com discernimento

Portanto, quando o ser humano se conscientizar de seu valor e posição sobre a terra e souber de sua grande responsabilidade, deve se empenhar na realização da sua condição, seguindo o caminho de superação, de acordo com o sistema de vida traçado pelo empenho e pela sabedoria de Deus. Essa trajetória deve ser seguida com precisão e cuidado, para que a pessoa não perca a sua condição humana, o seu valor e sua honra, transformando-se em elemento meramente material, negligenciado nas contas da insensatez.

4.O Equilíbrio e a Moderação O ponto de vista do Islã e a sua compreensão quanto às atividades e posições humanas, a relação do homem com as coisas e os assuntos de ordem material diferem da compreensão, avaliação e os pontos de vista dos diferentes sistemas ideológico-sociais, como o comunismo, o capitalismo, o socialismo, etc.. Também difere seu ponto de vista das filosofias e teorias morais, psicológicas e sociais representadas por tendências e escolas diversas, que conduziram o indivíduo e a sociedade a uma situação de instabilidade, de desequilíbrio psicológico e ético.


A ênfase no hedonismo e na supervalorização da liberdade – que degenerou, em muitos casos, em libertinagem – se reflete na situação política, econômica e social contemporânea, tanto individual quanto coletivamente. A ética foi abandonada, tornando-se o exagero, a negligência, o desperdício e o abuso um fenômeno cultural destruidor, mas muitas vezes aceito, abusando da saúde física e psicológica do homem. Esta extrema licenciosidade moral solapa as riquezas, a organização da sociedade e a estabilidade da vida. Nenhuma coisa, na conduta desse ser humano materialista, se submete a uma avaliação ou é colocada numa balança de valores e de ética. Depois de transformar o prazer a qualquer custo em objetivo final da existência, a anarquia torna-se fundamento, generalizando-se para o comportamento humano. Para atingir o prazer máximo e constante, perderamse todos os valores, juntamente com os critérios estabelecidos para a conduta humana, desequilibrando-se as equações da vida, com a sociedade sendo dominada por uma espécie de desordem, negligenciando o comportamento humano e seus instintos.

desaparecerem de seu mundo os controles morais e os valores espirituais. Para salvar o ser humano dessa corrente material inquietante e destrutiva, o Islã submeteu o comportamento, os instintos, as tendências psicológicas e as relações sociais humanas ao controle da Organização Cósmica. O Islã inclui todo comportamento humano e suas relações em equações equilibradas, baseadas numa estrutura sólida de caráter psicológico e moral. Os versículos do Alcorão, as análises dos juristas e os vários textos islâmicos confirmam esse princípio, modelando um código e uma base para a vida: “A base do controle, equilíbrio e moderação”. A norma mais precisa que surgiu nesse sentido é a Mensagem Divina dirigida ao Profeta da humanidade, Mohammad (S), como segue: “Sê firme, pois, tal qual te foi ordenado, juntamente com os arrependidos, e não vos extravieis, porque Ele bem vê tudo quanto fazeis” (Alcorão Sagrado, 11:112). Em outros textos do Alcorão vemos uma definição exata e uma especificação clara desse princípio básico das leis e dos valores, consubstanciados na Sharia. Vamos citar, como exemplo, as palavra de Deus, exaltado seja, falando do comportamento pessoal do muçulmano e do método de relacionamento com as riquezas e as coisas, quanto a gastar e consumir. Deus, exaltado seja, diz: “São aqueles que, quando gastam, não se excedem nem mesquinham, colocando-se no meio-termo” (Alcorão Sagrado, 25:67). “Não cerres a tua mão excessivamente, nem a abras completamente, porque te verás censurado, arruinado” (Alcorão Sagrado, 17:29). “Ó filhos de Adão, revesti-vos de vosso melhor atavio quando fordes às mesquitas; comei e bebei; porém, não vos excedais, porque Ele não aprecia os que se excedem” (Alcorão Sagrado, 7:31).

O ser humano é em si mesmo uma expressão iluminadora no grande Livro do Universo

Essa civilização materialista gerou um ser humano confuso, desequilibrado, com personalidade concupiscente e inquieta, de tal forma que permite ao pesquisador e historiador denominarem a civilização materialista contemporânea como “civilização da insensatez e da perdição”. O homem, nessa civilização, distanciou-se das bases da moderação e da retidão. Ações como ingerir comida e líquido, as relações sexuais, o acúmulo de riquezas e o uso da autoridade, tudo é feito com exagero e desperdício. A demonstração de seus sentimentos, como o amor, o ódio, a satisfação, a ira e a aversão também é feita sem comedimento. O homem se transformou em um ser insensato, desequilibrado, pois morreu no seu íntimo o domínio da retidão,

As orientações do Alcorão não se restringem à moderação e ao se livrar do excesso e da insensatez. Abrangem, igualmente, as situações


psicológicas do homem, organizando e controlando o equilíbrio da sua reação diante das situações da vida. Deus, exaltado seja, diz: “Quando os castigardes, fazei-o do mesmo modo como fostes castigados; porém, se fordes pacientes será preferível para os que forem pacientes” (Alcorão Sagrado, 16:126). “Para que vos não desespereis, pelos (prazeres) que vos foram omitidos, nem vos exulteis por aquilo com que vos agraciou, porque Deus não aprecia arrogante e vaidoso algum” (Alcorão Sagrado, 57:23). “Não mateis o ser que Deus vedou matar, senão legitimamente; mas, se matardes alguém injustamente, facultamos ao parente do morto a represália; porém, que (o parente) não se exceda na vingança, pois ele está auxiliado (pela lei)” (Alcorão Sagrado, 17:33). Os exemplos de apelo à moderação e ao equilíbrio, tanto no Alcorão quanto na Sunna, nos compêndios de estudos morais, éticos e legislativos que os muçulmanos elaboraram ao longo da história são muitos. Os fenômenos da moderação e equilíbrio aparecem em todas as legislações e entendimentos no Islã: na comparação entre as questões da vida terrena e da Outra Vida, como é dito nas palavras de Deus, exaltado seja: “Mas procura com aquilo com que Deus te tem agraciado a morada do Outro Mundo; não te esqueças da tua porção neste mundo, e seja amável, como Deus tem sido para contigo” (Alcorão Sagrado, 28:77); aparecem na comparação entre o instinto individual e a ação coletiva, para efetivar o equilíbrio entre os interesses do indivíduo e da sociedade, eliminando o egoísmo, de um lado, e protegendo a liberdade e a vontade individual, do outro; aparecem na comparação entre os direitos e os deveres do indivíduo, da nação e da sociedade; aparecem na comparação entre os sexos, etc.. Todo mundo conhece a influência da moderação e do equilíbrio no estabelecimento da organização da vida e da orientação da capacidade humana,

para o proveito e o bem da própria humanidade. 5. Consideração da Vida Terrena Como Uma Etapa na Existência do Ser Humano O mais importante princípio básico que influencia o sistema de vida islâmico é o da crença na Outra Vida, ou seja, na extensão eterna da vida humana após a morte, o que contradiz a idéia materialista de desaparecimento do ser humano. A concepção da interrupção definitiva da vida humana e o seu encerramento no mundo terreno, restringindo-a ao tempo de sobrevivência neste plano, é uma idéia materialista e insensata, pois nega os princípios da Ressurreição, Julgamento, responsa-bilidade, castigo e recompensa após a morte. A idéia que o homem insensato e o pensamento materialista continuam repetindo ao longo dos séculos é: “Não há mais vida do que esta, terrena! Morremos e vivemos e jamais seremos ressuscitados!” (Alcorão Sagrado, 23:37).

A ênfase no hedonismo se reflete na situação política, econômica e social caótica em que vivem muitas sociedades

Nas contas do homem insensato e materialista, não entra o conceito da Outra Vida. Ele não age como quem crê no Julgamento, na responsabilidade e na eternidade, restringindo toda a sua preocupação a esta vida e só trabalhando para ela. Parece-se com o peixe: não sente a vida, a não ser debaixo da água, limitando a extensão do movimento à sua constante natação. Sob o domínio desse pensamento materialista, não deixa de adquirir o que lhe proporciona prazer, mesmo que isso cause prejuízos aos outros, destruindo o sistema de vida e eliminando a felicidade humana. Quem crê nisso não está preparado para praticar o bem por si, mas o faz para auferir lucros pessoais e egoísticos nesta vida. Assim, não consegue deixar de causar desequilíbrio no sistema de vida ou se afastar de prática de vários tipos de contravenções, negando a sua responsabilidade perante o seu Criador e negando o castigo após a vida terrena. O materialista age de maneira contrária ao muçulmano. Este edifica todo o seu


comportamento e suas relações, suas atividades e suas compreensões da vida sobre a consciência de que a vida terrena é uma etapa curta na existência do ser humano, uma introdução para o Mundo Eterno. Diante desta realidade transcendente, a vida se debilita e as tentações se tornam insignificantes, a ponto de a realidade mundana parecer algo insípido e frugal. O muçulmano não se impressiona com as preocupações humanas e elas não consomem sua existência. Por isso, ele age de acordo com o sentimento de responsabilidade e a crença na recompensa da Outra Vida, depreciando tudo o que há nesta, sem se apegar a ela ou lutar desbragadamente por ela. Nesta condição islâmica, é muito natural que o homem viva num despertar de consciência e auto-observação, fundamentando seu comportamento na prática do amor e do bem pelo bem, afastando-se da luta e do sacrifício pelo lucro da vida efêmera. Ele direciona a sua preocupação e empenho por um mundo mais sublime e um “lucro” melhor e mais duradouro: a eternidade. Ele percebe que vive neste mundo apenas para incluir a sua existência no mundo da felicidade eterna. A idéia de religião nada mais é, depois da crença em Deus, do que a confirmação desse princípio. Vemos o Alcorão Sagrado e a Sunna Profética, em cada oportunidade, falando ao homem sobre o mundo vindouro, aprofundando a sua compreensão e sentimento da verdade da vida e o valor da Outra Vida. O Alcorão diz ao homem: “Tudo quanto vos foi concedido (até agora) é o efêmero gozo da vida terrena; no entanto, o que está junto a Deus é preferível e mais perdurável, para os crentes que confiam em seu Senhor” (Alcorão Sagrado, 42:36). “Os crentes, que migrarem e sacrificarem seus bens e suas pessoas pela causa de Deus, obterão maior dignidade ante Deus e serão os ganhadores. O seu Senhor lhes anuncia a Sua misericórdia, a Sua complacência, e lhes proporcionará jardins, onde gozarão de eterno prazer” (Alcorão Sagrado, 9:20-21). “Os crentes, que praticam o bem, serão os diletos do Paraíso, onde morarão eternamente” (Alcorão Sagrado,

2:82). “Dize: Contentai-vos com a graça e a misericórdia de Deus! Isso é preferível a tudo quanto entesourarem” (Alcorão Sagrado, 10:59). “Ó humanos, a promessa de Deus é verdadeira! Que a vida terrena não vos iluda, nem vos engane o sedutor, com respeito a Deus” (Alcorão Sagrado, 35:5). Esses são os mais importantes princípios básicos que o Islã adotou na edificação do pensamento, do comportamento e do sistema de vida humanos. Ele se preocupou, em cada situação, que esses princípios e crenças não fossem meros dogmas em que o muçulmano deva acreditar, ou conselhos e orientações que nascem, vivem e morrem no círculo do pensamento teórico. O Islã agiu para transformá-los em bases científicas que fundamentam todos os aspectos da vida, todas as atividades e os comportamentos do ser humano, no seu quotidiano e na sua relação com o além.


Parábolas Inspiratórias

C

onta-se que um comandante foi derrotado em uma de suas batalhas. O desespero tomou conta dele e a sua esperança desapareceu. Ele abandonou seus soldados e foi para um local isolado no deserto. Sentou-se ao lado de uma enorme rocha e, então, viu uma pequena formiga carregando um grão de trigo, tentando levá-lo para o seu formigueiro, na parte superior da rocha. No caminho o grão caiu. A formiga voltou a carregar o grão e tentou subir novamente. Cada vez que tentava, o grão caia e a formiga, novamente, voltava para carregá-lo e tentar subir novamente.


O comandante ficou observando o inseto com muita atenção, acompanhando suas tentativas de levar o grão várias vezes até que, finalmente, conseguir subir com o alimento para o formigueiro. O comandante derrotado ficou admirado com a cena interessante que presenciou. Então, levantou-se, cheio de esperança e entusiasmo, juntou seus soldados e devolveulhes o espírito de otimismo e iniciativa, preparando-os para uma nova batalha. O resultado foi a vitória sobre seus inimigos. A arma principal do comandante foi a esperança, que ele aprendeu com aquela minúscula formiga. O Mensageiro de Deus (S) narrou aos seus companheiros a seguinte história: “Há muito tempo, houve um homem que tinha assassinado noventa e nove pessoas. Esse homem buscou o mais sábio entre os habitantes da terra e lhe indicaram um monge. Ao encontrar-se com este último, relatou-lhe que havia matado noventa e nove almas, e lhe perguntou se podia arrependerse. O monge lhe respondeu que não. O

homem então o matou, elevando para cem o número das suas vítimas. Outra vez procurou o mais sábio entre os habitantes da terra, e lho indicaram; ao encontrar-se com aquele sábio, relatou-lhe que havia matado cem pessoas, e lhe perguntou se poderia arrepender-se. O sábio respondeu: ‘Sim; e quem será aquele que irá impedir o teu arrependimento? Dirige-te para tal e tal terra, onde há gente que adora a Deus, o Altíssimo, e adora tu a Deus como eles, e não voltes à tua terra, porque é a terra do mal.’” “O homem se dirigiu ao local indicado, mas, na metade do caminho, sobreveiolhe a morte. Os anjos da misericórdia e os do tormento disputaram o seu caso. Os anjos da misericórdia alegaram: ‘Ele vinha arrependido e com o coração dirigido para Deus, o Altíssimo.’ Mas os anjos do tormento disseram: ‘Nunca fez uma boa obra.’ Foi então que se acercou deles um outro anjo com a imagem de um ser humano, a quem elegeram como árbitro entre as duas partes. Este disse: ‘Medi a distância entre as duas terras; a que estiver mais perto de onde se encontrava este homem será a dele.’ Uma vez medida a distância, constataram que se encontrava mais perto da terra que buscava. Assim, ele foi levado pelos anjos da misericórdia.” Assim, Deus aceitou o seu arrependimento porque ele havia almejado a Misericórdia Divina e desejava o arrependimento e o perdão.

Deus aceita o

arrependimeno de quem busca a Misericórdia Divina


Sabedoria Profética

O Mensageiro de Deus(S)

O

Conversa Conosco

Mensageiro de Deus (S) disse: “Duas virtudes são insuperáveis: A crença em Deus e o benefício aos servos de Deus. E há dois vícios que nenhum mal supera: o politeísmo e o

prejuízo aos servos de Deus.” Um homem, então, pediu: “Aconselha-me com algo que Deus irá me beneficiar.” O Profeta (S) respondeu: “Lembrate sempre da morte; assim deixarás de pensar no mundo, e agradece (pelas dádivas recebidas), pois isso aumenta a graça. Faz muitas preces, porque


tu não sabes quando será atendido. Cuidado com o ultraje, pois ‘Deus socorrerá quem for ultrajado’. (Versículo 60 da Surata ‘Al-Hajj’). Cuidado com a conspiração, pois Deus determinou que ‘a conspiração para o mal somente assedia os seus autores.’ (35:43)”. Foi perguntado ao Santo Mensageiro (S): “Quem é a pior pessoa?” Ele (S) respondeu: “O sábio, quando se corrompe.” E completou: “Meu Senhor me aconselhou nove coisas: a sinceridade, pública ou ocultamente; a justiça na satisfação e na insatisfação; a resolução na pobreza e na riqueza; perdoar quem for injusto comigo; dar a quem me privou; ter relações com quem as cortou comigo; que meu silêncio seja pensando em Deus; que minha fala seja sobre a recordação de Deus; que meu olhar seja um aviso.” O Profeta (S) também disse: “Quando o corrupto tornar-se líder de seu povo, quando o seu chefe for o mais vil, quando o corrupto for honrado, aguardai a desgraça.” E afirmou, ainda: “Nós, os profetas, fomos ordenados a conversar com as pessoas de acordo com as suas capacidades.” Disse mais: “Amaldiçoado quem encarrega os outros de seu sustento.” Exortou, ainda: “A adoração constitui-se de sete partes e a preferível entre elas é a procura do lícito.” Quando seu filho Ibrahim estava agonizando, com os olhos cheios de lágrimas, disse o Nobre Mensageiro de Deus (S): “Os olhos choram e o coração se entristece; porém, não dizemos senão o que é da complacência de nosso Senhor! Certamente nos sentimos mui penalizados, ó Ibrahim, por nos teres abandonado!”

fé débil e poucos bons atos, terá sua aflição diminuída.” Em outra ocasião, ele (S) também disse: “O mundo é instável. O que te é destinado tu obterás, mesmo na debilidade. O que for contra ti, não serás capaz de evitá-lo, mesmo tendo poder. Quem perder a esperança pelo que passou, seu corpo descansará. Quem se satisfazer com o que Deus lhe destinou, terá sossego.”

Outro dito célebre do Profeta (S) diz: “A nossa qualidade, como membros da casa profética, é perdoarmos quem é injusto conosco e darmos a quem nos priva.” Disse, também: “O crente é igual à espiga: ora se deita, ora se firma. Já o descrente é igual ao cedro: continua inabalável, sem sentimento.”

O Santo Profeta (S) disse, ainda: “Por Deus, eu vos adverti quanto a tudo que afasta do Inferno e aproxima do Paraíso. O Espírito Fiel inspirou-me dizendo que nenhuma alma perecerá até obter o que lhe foi destinado. Portanto, pedi o que quiserdes. Que a demora na obtenção das coisas não vos leve a obtê-las ilicitamente, pois só se obterá o que há com Deus com a obediência a Ele.” E disse, mais ainda: “A Deus aborrecem dois tipos de sons: o choro alto na desgraça e os alaridos emitidos por pessoas ou máquinas em tempo de bonança.”

Foi perguntado ao Nobre Profeta (S): “Quem são os mais aflitos no mundo?” Respondeu ele (S): “Os profetas. O crente é afligido do tamanho de sua crença e os benefícios de suas obras. Quem tiver uma fé correta e atos benéficos terá suas aflições acrescidas. Quem tiver uma

Em outra oportunidade, o Nobre Mensageiro (S) afirmou: “Os sinais da satisfação de Deus em Suas criaturas são os preços baixos e a justiça de seu governante; e os sinais de insatisfação de Deus com Suas criaturas é a opressão de seu governante e a alta dos preços.”


Orientação

Aéticaislâmica Introdução

N

a ética islâmica, faz-se uma distinção entre o termo “educação” e o termo “ensino”. Por isso, temos que os teólogos e os sábios olham a educação como missão que supera, na sua importância, o ensino. Encontramos no Sagrado Alcorão, na Sunna do Nobre Profeta (S) e nas lições dos Imames da Casa Profética¹ (AS) a confirmação da importância da educação e da purificação. Observamos, ainda, que o ensino, sem educação, não será uma lâmpada luminosa, mas se tornará um empecilho, que atrapalhará o homem no seu movimento em direção à perfeição. Daí decorre o fato de a “educação religiosa” e a “educação pessoal” serem dois pilares básicos dos programas educacionais, pois a sua negligência acarreta resultados de má conseqüência na vida social. Por sua vez, os termos “ética” e “moral” se colo-

cam um ao lado do outro para designarem, em muitas situações, o mesmo significado. Em outras ocasiões, eles se tornam independentes, com definições diferentes um do outro. Ao explorarmos os significados da Ética Islâmica, que nos conduz, em muitos aspectos, ao bom comportamento, à excelência de conduta e ao cultivo de características nobres, iremos nos deparar, no final, com um termo de significado mais amplo, que é a “cultura”. Porque a cultura é mais extensa do que os ensinos religiosos, pois abrange os costumes e as tradições que concedem à sociedade a sua identidade e estabelecem os aspectos de sua personalidade. O Islã, com a sua mensagem mundial, convoca as sociedades para uma ética que se coaduna com a natureza humana. Ele não anula os costumes sociais e as tradições existentes em uma sociedade determinada, a não ser que sejam contrários à essência divina do Islã. Por isso, vemos o nosso Profeta Mohammad (S), depois de seu nobre comissionamento, aceitando muitos costumes sociais daquela época. Ele explicou que a sua missão era aperfeiçoar a excelência de conduta. A

1 - Estes são os Guias dos muçulmanos, por sua inspiração divina e erudição. Constituem a progênie do Profeta Muhammad (S), desde o Imam Ali ibn Abi Tálib (a.s.) até o Esperado Imam Al-Mahdi (que Deus apresse o seu desvelamento) (NE).


cultura, em seu significado geral, desempenha um papel social parecido com o do sangue na vida do ser humano. O sangue percorre todas as partes do corpo, do cérebro, aos vários membros e órgãos. O mesmo acontece com a cultura, que percorre todas as partes da sociedade, do grupo de pensadores às mãos trabalhadoras, das instituições grandes às pequenas. A cultura se estende, no seu significado geral, para desenvolver a vida na sociedade. Quando a mensagem do Islã surgiu, dominando com a sua luz e seu calor a Península Arábica, formou-se uma nova sociedade, com o prevalecimento de um novo espírito entre seus membros: o espírito de solidariedade e de amor. Deus, o Altíssimo, disse: “Mohammad é o Mensageiro de Deus, e aqueles que estão com ele são severos para com os incrédulos, porém compassivos entre si.” (48:29).

“Mohammad é o Mensageiro de Deus, e aqueles que estão com ele são severos para com os incrédulos, porém compassivos entre si.” (48:29).

E afirmou também: “E foi Quem conciliou os seus corações. E ainda que tivesses despendido tudo quanto há na terra, não terias conseguido conciliar entre os seus corações; porém, Deus o conseguiu, porque é Poderoso, Prudentíssimo.” (8:63). Quando as pessoas acreditaram na mensagem do Profeta (S) e ingressaram em grupos na Religião de Deus, o Profeta (S) começou a fundar a nova cultura do Islã, combatendo, ao mesmo tempo, os costumes e as tradições que não se coadunavam com a natureza das pessoas. Ele (S) convocou para a Oração de Sexta-Feira em congregação; ordenou a prática do bem e coibiu a prática do mal; incentivou o aprofundamento do sentimento de fraternidade e de amor entre as pessoas; ordenou sermos indulgentes com os nossos pais, estreitarmos as boas relações entre os parentes, respeitarmos os direitos do vizinho. Ele convocou,

também, para se ter uma boa conduta, modéstia e lealdade, tolerância e perdão, indulgência e justiça. Ele convocou para se ter espírito de amizade e conciliação entre as pessoas, recomendou a adoção dos órfãos, a visitação ao doente, a participação com os outros nas suas alegrias e tristezas, a hospitalidade e também impôs regras, como a pronta restituição dos depósitos aos seus donos.

Ao lado dessas orientações, o Islã instituiu, por meio dos ensinamentos do Profeta (S) e de seus Familiares Puros (AS), um novo método no combate aos costumes e comportamentos negativos, como a calúnia, a difamação, a inveja, a mofa dos outros e a mentira. Combateu a todos os aspectos que não se coadunavam com a posição elevada e a honra do ser humano. O Islã, quando apresentou a sua ética e cultura, não o fez apenas com conselhos morais, mas agiu colocando-as em prática, instilando seus valores no íntimo da pessoa e da sociedade. Encontramos em seu programa cultural o significado da recompensa e do castigo, tanto neste mundo como no Outro. Ele se concentrou na continuidade da vida do ser humano após a morte, lembrando continuamente que este mundo é uma plantação para a Outra Vida: o ser humano colherá amanhã o que plantou hoje; o Islã também destacou o papel da lei na orientação da vida social. Aqui, cabe fazer uma distinção na cultura e ética islâmicas: muitas vezes, o que o indivíduo faz para si mesmo acaba tendo repercussão nos meios sociais. Quando o muçulmano, por exemplo, adota um órfão, ele visa obter a satisfação de Deus, exaltado seja, e a recompensa do Paraíso. Com isso, proporciona à criança uma vida tranqüila e nobre e à sociedade um bem, com a educação de um membro que será útil e que servirá a sua sociedade e o seu país. Daí, a cultura e a ética islâmica desenharem tanto para o indivíduo como para a sociedade um equilíbrio moral, obtendo, por seu intermédio, os objetivos sublimes da segurança, felicidade e prosperidade. Depois dessa introdução, iniciaremos, nos próximos números, se Deus quiser, a apresentação das mais importantes éticas islâmicas. Até lá, vamos deixá-los com Deus. Que a Sua paz e misericórdia estejam com todos!


Família

Dra. Maissam Salman

O Que Fazer Para Acabarmos com a

Violência Familiar?

1. Durante a discussão, que haja regras, como uma tentativa de se evitar arroubos violentos e agressão.

outro para que evite ações das quais pode se arrepender, quando do surgimento de atos de excitação.

2. Se houver excitamento, devemos evitar tomar uma atitude agressiva, seja pela elevação de voz, o uso das mãos ou da língua de maneira ofensiva.

5. O casal deve aprender a buscar o diálogo e a compreensão, ou ao menos, encontrar um meio de se retirar em paz da discussão, para não piorar a situação.

3. No caso da utilização das mãos que Deus nos livre disso - o casal deve, principalmente a vítima, segurar a mão do ofensor e advertí-lo, sem excitação, para que não repita o seu gesto.

6. A vítima, na maioria das vezes é a esposa. Quando há continuidade da agressão, ela deve recorrer a uma pessoa justa, entre os membros de sua família, para resolver a questão. Ela não deve se resignar - principalmente se a violência for exagerada

4. É dever do casal lembrar um ao


O casal deve aprender a buscar o diálogo e a compreensão mútua -, porque a mão que agride com violência, sem cessar, não irá sossegar no futuro, a não

ser no corpo da vítima conformada com esta situação degradante.

7. A esposa não deve consultar o marido se ela souber que ele utiliza de violência. Se o fizer, não deve condenar, a não ser a si mesma. Ela deve evitar o desentendimento, utilizando as melhores palavras nos melhores momentos, para apresentar o seu ponto de vista. Não deve questioná-lo, como se estivesse num tribunal militar. 8. É dever do casal, ao discutir os seus grandes problemas, evitar a presença dos filhos, porque a influência da discussão irá se transferir para eles, influenciando sua ação quando crescerem e formarem suas famílias. 9. É dever da esposa aproveitar o tempo de calma, depois do ato de violência, no que eu chamo de “lua de mel”, ou nos dias de reconciliação, e estabelecer as suas condições, combinando com o marido os limites do relacionamento e o método de resolverem as desavenças familiares. 10. O casal deve saber que a violência é rejeitada tanto humana como religiosamente. Se ela ocorrer - que Deus evite que isso aconteça - deve um satisfazer ao outro, de forma a evitar que ela se repita. Revista Islâmica Evidências - 57


Perguntas e Respostas Por Que o

Islã

Proibiu as

Bebidas

Inebriantes?

D

eus, exaltado seja, informou ao homem no Alcorão Sagrado o que é benéfico e o que é maléfico. Ele proibiu o consumo dos inebriantes porque o seu malefício é maior do que o seu benefício. Nós lemos na Escritura: “Interrogam-te a respeito da bebida inebriante e do jogo de azar; dize-lhes: Em ambos há benefícios e malefícios para o homem; porém, os seus malefícios são maiores do que os seus benefícios.” (2:219). Deus proibiu estes atos paulatinamente, de acordo com os versículos vinculados a eles, que foram revelados quatro vezes. Na primeira delas, afirmou: “Meu Senhor vedou as obscenidades, manifestas ou íntimas; o delito; a agressão injusta.” (7:33). Neste versículo, foram claramente proibidas as obscenidades, sem, contudo, esclarecer quais seriam elas. As pessoas não estavam cientes do que incluía de ilicitude até a revelação seguinte: “Ó crentes, não vos deis à oração quando vos achardes ébrios.” (4:43). Este versículo avança um pouco mais, proibindo as pessoas de orar em estado de embriaguez. Então, foi revelado o seguinte versículo: “Interrogam-te a respeito da bebida inebriante e do jogo de azar; dize-lhes: Em ambos há benefícios e malefícios para o homem; porém, os seus malefícios são maiores do que os


seus benefícios.” (2:219). Se a obscenidade é proibida, como vemos no versículo acima, e como nas bebidas inebriantes há cometimento de obscenidade, então o resultado é que as bebidas inebriantes são proibidas. Esse versículo tem a função de diligência para os companheiros do Profeta (S). Alguns deles abandonaram as bebidas inebriantes após islamizar-se e outros continuaram a consumilas, como se tivessem deduzido que poderiam se beneficiar delas, evitando os seus malefícios. Isso foi uma introdução para a proibição final. Então, Deus, o Altíssimo, revelou: “Ó crentes, as bebidas inebriantes, os jogos de azar, (a cultuação aos) altares de pedra, e as adivinhações com setas, são manobras abomináveis de Satanás. Evitai-as, pois, para que prospereis. Satanás só ambiciona infundir-vos a inimizade e o rancor, mediante as bebidas inebriantes e os jogos de azar, bem como afastarvos da recordação de Deus e da oração. Não desistireis, diante disto?” (4:90-91). Essas palavras mostram que os muçulmanos não tinham sido proibidos totalmente de consumir as bebidas inebriantes após a revelação do versículo da 2ª Surata, até que foi revelado esse versículo, perguntando: “Não desistireis diante disto?” Foram estes, portanto, os versículos definitivos quanto à proibição do consumo das bebidas inebriantes. Isso é indicado pelo uso do pronome “as” – em “Evitai-as” – e pela denominação delas como “manobras abomináveis de Satanás”; no mesmo versículo foi dada a ordem direta sobre o afastamento delas, o que acarreta prosperidade, evidenciando os malefícios causados pelo seu consumo. Finalmente, a interrogação para a desistência e a ordem de se obedecer a Deus e ao Seu Mensageiro, advertindo quanto à não obediência e ao fato de Deus prescindir deles, se desobedecerem.

Respondeu-lhe o Imam: “Foram proibidas porque constituem obscenidades, causam todo mal. Chegará uma hora para o usuário em que lhe será roubada a razão, não conhecerá o seu Senhor e não deixará uma desobediência sem praticá-la.” A Proibição das Bebidas Inebriantes na Bíblia Sagrada Como citamos antes, Deus, o Altíssimo, conhece mais do que nós a respeito dos benefícios das bebidas inebriantes e não proibiu o seu consumo de uma só vez. Ele mostrou os seus malefícios, na Bíblia Sagrada também, em muitas oportunidades. As mais destacadas são: 1. Faz o corpo e a estrutura definharem. Em Provérbios, Ele coibiu o consumo das substâncias inebriantes pela seguinte razão: “Não esteja entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne. Porque o beberrão e o comilão cairão em pobreza; e a sonolência faz trazer os vestidos rotos.” (23:20-21).

Deus, exaltado seja, informou ao homem no Alcorão Sagrado o que é benéfico e o que é maléfico.

O servo do Imam Assádiq (AS) perguntoulhe: “Por que as bebidas inebriantes foram proibidas, se são as coisas mais saborosas?”

2. As bebidas inebriantes desviam o ser humano, fazem-no praticar o adultério, cometer os pecados, sem saber nem ter consciência: “Para quem são os ais? Para quem os pesares? Para quem as pelejas? Para quem as queixas? Para quem as feridas sem causa? E para quem os olhos vermelhos? Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando vinho misturado. Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. No fim, picará como a cobra, e como o basilisco morderá. Os teus olhos olharão para mulheres estranhas e o teu coração falará perversidades.” (Provérbios, 23:29-34). 3. A bebida inebriante faz o usuário perder o juízo e não raciocinar. Salomão, o sábio (AS), diz em Provérbios: “E dirás: Espancaram-me e não me doeu; bateram-me e nem senti; quando


despertarei?” (Provérbios: 23:35). 4. Causa enfermidade, elimina as forças, destrói os órgãos internos, principalmente o fígado. Lemos no capítulo de Eclesiastes: “Busquei no meu coração como estimular com vinho a minha carne.” (Eclesiastes, 2:3). 5. Faz a pessoa só pensar em si. Ela abandona a família, os seus interesses, seguindo o que lhe faz mal e a destrói. Ela ignora o que é benéfico; perde, na maioria das vezes, a sua honra, torna-se voraz, mesmo rico, desprovido da misericórdia de Deus. Em Isaias, lemos: “Busquei no meu coração como estimular com vinho a minha carne. E harpas e alaúdes, tamborins e gaitas e vinho há nos seus banquetes; e não olham para a obra do Senhor, nem consideram as obras das suas mãos. Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; e os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede. Portanto, o inferno grandemente se alargou e se abriu a sua boca desmesuradamente; e para lá descerão o seu esplendor e a sua multidão e a sua pompa e os que entre eles se alegram.” (Isaías, 5:11-14).

Há, acaso, motivo maior do que este para se proibir o vinho? Há quem pergunte: “Como, então, explicar que o Cristo bebeu vinho, se na verdade era proibido?” Respondemos que, infelizmente, a versão atual da Bíblia Sagrada foi vítima de inclusões, extirpações e alterações. Mãos que servem a Satanás a alteraram, tornando muitos assuntos nela discordantes. Entre esses está a proibição e a liberação do vinho, informando que o Cristo (AS) o consumiu. Em Lucas, lemos: “Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus.” (Lucas, 1:15-16). A contrariedade é clara, ao compararmos com: “Porque veio João o Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Tem demônio. Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.” (Lucas, 7:33-35). Por isso, não é permitido atribuirmos a prática de concupiscências e atos ilícitos ao Cristo (AS). Citamos como exemplo a Epístola I de Pedro: “Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro;” (Epístola I Pedro, 1:22).

6. Torna seus usuários preparados para vender sua honra, sua mulher, seus filhos, como vemos em Joel: “E lançaram sortes sobre o meu povo e deram um menino por uma meretriz e venderam uma menina por vinho, para beberem.” (Joel, 3:3). Que realidade é pior do que esta? Os resultados inapropriados e destruidores de seus malefícios aparecem na tradução da Bíblia Sagrada ao ponto de venderem a filha para conseguirem um pouco de vinho!

Fica claro à nossa frente, portanto, irmão leitor, que o vinho é proibido pelo que possui de perigo e malefícios. Deus, o Altíssimo conhece o que é melhor para o ser humano. Não é estranho que Ele proíba as bebidas inebriantes em todos os Livros Sagrados, e não apenas no Alcorão, e que nos oriente para o que é benéfico e proporciona a felicidade nesta vida e na Outra. Vejamos o apelo dos cientistas de hoje no combate às bebidas alcoólicas. O jornal Daily Mail de 18 de abril deste ano publica um artigo onde descreve a dimensão da catástrofe que atinge os jovens ocidentais por causa do consumo das bebidas inebriantes. Apelando para o freio no seu consumo, o artigo mostra os perigos delas, aconselhando-os a rejeitá-las. Atenderam a este


apelo alguns líderes mundiais, que declararam uma guerra contra as bebidas alcoólicas, que destroem a vida de milhões de pessoas, homens, mulheres e crianças. Eles se concentram nos grandes malefícios que se refletem na sociedade, principalmente nos mais jovens. As estatísticas afirmam que 40% dos casos de violência são causados pelo consumo do álcool, assim como mais de 40% das mortes. Na Comunidade Européia são assassinadas, anualmente, dez mil pessoas em acidentes de trânsito causados pelo consumo de bebidas alcoólicas. Na Inglaterra, cerca de um milhão de crianças são atingidas, com violência, pelos consumidores de bebidas alcoólicas. Por isso, os cientistas sugerem a proibição da propaganda de bebidas alcoólicas, elevando os impostos que incidem

sobre elas, aumentando os seus preços. Atualmente, milhares de jovens, homens e mulheres morrem por causa da cerveja. Vemos as enfermidades de fígado e a disfunção renal se espalharem vertiginosamente entre os jovens e os adolescentes que bebem álcool. Estudos recentes revelam que o consumo do álcool causa aflição e frustração, ao contrário do que imagina o consumidor das bebidas alcoólicas, que usualmente associa o seu uso à felicidade.

A bebida alcoólica é proibida porque o seu consumo leva o homem a cometer obscenidades

comercializa e transporta.

Por isso, os cientistas procuram declarar guerra ao álcool, tanto a quem o fabrica a quem o

Enquanto isso, o Islã combate o álcool há 14 séculos. Por que? Além da proibição divina, o Mensageiro de Deus (S) amaldiçoou o consumidor do álcool, o seu fabricante, o seu vendedor e o seu transportador? Ele fez uma advertência veemente no tempo em que ninguém, na face da terra, conhecia os malefícios das bebidas alcoólicas. O Mensageiro de Deus (S) disse: “Deus amaldiçoa as bebidas inebriantes, o seu consumidor, quem a serve, quem as vende, compra, fabrica, trabalha na sua fabricação, transporta e para quem são transportadas.” Não é isso que as estatísticas ocidentais confirmam hoje em dia? Que as bebidas alcoólicas são a base de muitos assassinatos, muitos crimes, muitos seqüestros e muita violência? Falamos para todo ímpio arrogante: Eis o Profeta da Misericórdia (S). Eis os seus ensinamentos. Eis o que ele pregava. Lê a seu respeito antes de zombarem dele. Deus, o Altíssimo, a respeito de pessoas como essas, afirma em seu Livro Lúcido: “Mas Deus zombará deles e os abandonará, vacilantes, em suas transgressões. São os que trocaram a orientação pelo extravio; mas tal troca não lhes trouxe proveito, nem foram iluminados.” (2:1516).


Família

Xeique Hassan Assafar

A Maternidade é Uma Profissão Sublime

Parte 2

As Mães das Grandes Personalidades

O

estudo da biografia dos grandes personagens da história e a observação das circunstâncias de sua educação familiar revelam, na maioria das vezes, o papel das mães na formação da sua conduta e moral. O Sagrado Alcorão fala sobre o Profeta de Deus, Moisés (a.s.), as circunstâncias de seu nascimento e o seu crescimento. Em muitos versículos, percebemos a presença efetiva da mãe, sem qualquer menção ou sinal de seu pai, Imran. Não há, até hoje, a confirmação, com base em fontes históricas, da sua presença durante o nascimento de Moisés (a.s.). Relata-se, apenas, que sua idade, naquela época, era de setenta anos, como lemos na obra do sábio Tabari e no livro “Kámil”, de Ibn Assir. Quanto ao profeta de Deus, Jesus, filho de Maria (a.s.), ele não possuía pai e a sua mãe foi única na sua educação. Ela foi citada com engrandecimento, recebendo a devida homenagem no Alcorão Sagrado. Uma das Suratas (capítulos) do Livro Sagrado, inclusive, leva o seu nome: a Surata de Mariam (Maria). Conta-se que Napoleão Bonaparte, que fundou um grandioso império e abrangeu vários países europeus, disse: “O que consegui alcançar hoje foi graças à minha mãe”. O poeta inglês George Herbert afirmou que “A mãe virtuosa consegue desempenhar o papel de cem professores.” Isto é confirmado pela história. George Washington, o primeiro presidente dos Estados Unidos da América, perdeu o pai aos onze anos de idade. Ele não cresceria com firmeza de caráter e força pessoal se não tivesse uma mãe ao seu lado, dotada de grande sabedoria e


potencialidade. Ela assumiu a sua educação sozinha após o falecimento de seu marido. Fatos como estes são confirmados por um sem-número de intelectuais, cientistas e poetas ao longo da história. Citamos também como exemplo a vida de Goethe, Green, Schiller e Bacon. Se não fosse a educação que receberam de suas mães, não teriam assumido posição entre os mais destacados sábios de todos os tempos. Cada mãe que deseja o bem de seu filho e almeja que ele seja líder e destacado deve saber que isso depende se sua boa educação, do capricho nos seus cuidados, da sua preocupação em orientálo e orientá-lo quando ao seu comportamento.

a mãe, principalmente nos primeiros anos, é mais estreita e forte do que a sua relação com o pai, devido à natureza do papel da mãe. Por isso, ela tem mais influência sobre a criança e o poder de formar a sua personalidade.

A Função mais digna

Onde está o Papel do Pai?

A importância de qualquer função é medida de várias formas, as mais destacadas são: 1. A importância do resultado obtido pela função. 2. A extensão do empenho e da aptidão para o seu exercício. 3. A proporção de opções e escolhas para o seu exercício.

Não se pode negar o papel do pai nem ignorar a sua influência na educação dos filhos. Abordamos, aqui, o papel da mãe porque ela está mais ligada a eles, principalmente na primeira fase de sua vida, à qual a Psicologia e a Pedagogia denominam de “anos básicos” para a formação da personalidade do ser humano. Por isso tudo, vemos os textos religiosos confirmando a importância da mãe e o seu grande favor ao ser humano. O seu trabalho, o sacrifício pela criança durante a gestação, o parto a infância, adolescência e até mesmo vida adulta não podem ser comparados com outro empenho, mesmo do pai. Hisham Ibn Salim relatou que o Imam Assádiq (a.s.) disse: Um homem foi ter com o Profeta (S) e perguntou: “Ó Mensageiro de Deus, quem é a melhor pessoa a quem devo oferecer a minha benevolência?” Ele respondeu: “Tua mãe”. O homem perguntou novamente: “E a quem mais?” Ele respondeu: “Tua mãe”. “E depois dela?”, ele perguntou. O Profeta (S) respondeu: “Tua mãe”. “E depois dela?”, ele perguntou, novamente. O Profeta (S), então, respondeu: “Teu pai”. Annas relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: “O Paraíso está sob os pés das mães.” Está claro que a relação entre a criança e

Toda vez que o resultado é mais importante, o empenho é maior, a aptidão exigida é mais elevada, as opções são menores e a função torna-se mais importante e mais digna. De acordo com essas medidas, pode-se considerar que a maternidade é a mais elevada função na sociedade humana. Ela está vinculada à produção do próprio ser humano, à formação de sua personalidade. Esse é um exercício inigualável. Quanto ao empenho exigido, a função de mãe – que engloba a gravidez, o parto, a amamentação e o cuidado – tem um grau extremo de gravidade, fadiga e dificuldade. O Alcorão Sagrado interpreta isso com as palavras de Deus: “Com dores, sua mãe o carrega durante a sua gestação e, posteriormente, sofre as dores do seu parto” (41:15). Em outro versículo, diz: “Sua mãe o suporta, entre dores e dores” (31:14). Por outro lado, as qualificações do papel da mãe são características psicológicas inatas impossíveis de serem adquiridas a qualquer preço. São elas o amor verdadeiro, o carinho sincero, o suporte da fadiga, com toda vontade e alegria. Quanto à existência de opções e escolhas, está claro, conscientemente e por experiência, que ninguém consegue ocupar o papel da mãe; ninguém consegue desempenhar o seu papel distinto. A maternidade é a função mais digna e

Um dos capítulos do

Alcorão tem o nome de

Maria, a mãe de Jesus (a.s.)


não se pode avaliar o preço do papel da mãe que consegue desempenhar corretamente essa função, nem se pode determinar a sua remuneração. Todas as pessoas são devedoras a ela. Por mais que façam e ofereçam à mãe, não conseguem pagá-la. Um homem disse ao Mensageiro de Deus (S): “A minha mãe já está idosa e mora comigo. Eu a carrego nas costas, alimento-a de meu salário, limpo-a com as minhas mãos, com o rosto desviado para não envergonhá-la e em respeito a ela. Será que consigo pagar o favor que lhe devo?” Respondeu-lhe: “Não, porque a barriga dela foi sua vasilha de comer, o peito era fonte de beber, o seu pé era calçado para você andar, a mão era para a sua proteção e o seu colo para acolhimento. Ela fazia isso, desejando que você vivesse. Hoje, você faz isso, desejando que ela morra.” É muito doloroso que a maioria das sociedades viva, hoje em dia, preocupada em elevar o valor das coisas materiais e sensuais em lugar das inclinações humanas mais nobres. Algumas correntes de pensamento e ideologias são divulgadas procurando diminuir e desprezar o papel da mãe, elevando em demasia o valor de outras funções que teoricamente poderiam ser desempenhadas pela mulher. Algumas passam, então, a sentir-se marginalizadas, atrasadas e envergonhadas por dedicar-se exclusivamente

à função de mãe. Enquanto vender sua força de trabalho no mercado é motivo de orgulho e glória. Ninguém é contra o trabalho da mulher em qualquer atividade da vida. Porém, isso não pode ocorrer em detrimento do papel da maternidade. Não se pode, de nenhuma forma, desprezar esta nobre função. Os sistemas governamentais e legais devem impor leis e regras que permitam que a mulher trabalhadora exerça a função sagrada da maternidade de forma correta. O enfraquecimento no exercício da função de maternidade reflete negativamente na personalidade e mentalidade das gerações futuras. É preciso um amplo debate e um profundo esclarecimento das pessoas, que recoloquem essa função no centro de prioridades das preocupações da mulher de hoje em dia.

O trabalho da mulher não pode ocorrer em detrimento do seu papel sublime de mãe

A Educação Correta Ao lado da abundância de carinho e desprendimento, enfim, de todos os cuidados necessários à criança, é preciso se preocupar em plantar as sementes de retidão e da bondade no seu filho. A mãe deve se empenhar em prepará-lo para progredir nos graus da perfeição. Por meio do seu comportamento e seu modo de vida ela consegue ser um modelo para os filhos. A sua preocupação com o conhecimento, a conduta correta e o cumprimento das obrigações religiosas geram no íntimo de seus filhos essas mesmas orientações e os incentiva a segui-las. O diálogo da mãe com os filhos, aconselhandoos e orientando-os, explicando as realidades da vida e o seu equilíbrio em uma linguagem clara e afável, conta muito na formação de sua personalidade de forma consciente e madura.


Chapada dos Veadeiros Um paraíso no Brasil Central N

a região central do Brasil existe uma área de beleza inigualável: a Chapada dos Veadeiros. Localizada no estado de Goiás, atrai, anualmente, uma quantidade muito grande de turistas. Gente que procura as belezas naturais do local, aliadas a uma infra-estrutura completa de atendimento, com pousadas, hotéis e restaurantes. A Chapada dos Veadeiros apresenta peculiaridades tanto no período de seca como no de chuvas, atraindo as pessoas pelo misticismo e ecoturismo. A região é famosa pela energia que a envolve, além de diversas cachoeiras, trilhas e paisagens inesquecíveis. A preservação do meio ambiente e a natureza intocada são atrações à parte, graças ao esforço do IBAMA, entidades ambientalistas, população e da administração pública local.

PARQUE Localizado no Estado de Goiás, a 250 Km de Brasília e 500 Km de Goiânia, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é uma das mais belas maravilhas encontradas no coração do Brasil. Ocupando área de 65.515 hectares, apresenta um clima tropical quente semiúmido, com temperatura média anual de 25 graus centígrados, variando entre o mínimo de 4 a 8 graus e o máximo entre 40 e 42 graus centígrados. Com altitudes de 600 a 1650 metros, corresponde ao pedi-plano mais alto do Brasil Central. No ponto mais alto do Parque encontra-se a Serra de Santana. O principal rio que corta o Parque Nacional dos Veadeiros é o Preto, afluente do Tocantins. Ao longo do seu percurso, podemos encontrar várias cachoeiras, entre elas o Salto do Rio Preto, com 120 metros de altura, e as Cariocas. Igualmente de grande beleza despontam os canyons, paredões de até 40 metros de altura e vãos de até 300 metros. Cristais de rocha afloram do solo entre a bela e variada flora do cerrado, composta por matas ciliares, campos cerrados, cerrados abertos típicos, como também por florestas de galeria. Ali podem ser encontradas mais de 25 espécies de orquídeas, além de outras espécies


vegetais, como o Pau d’Arco Roxo, a Copaíba, a Aroeira, a Tamanqueira, o Jerivá, os Buritis e o Babaçu. A rica fauna da região abriga espécies ameaçadas de extinção, como o Veado Campeiro, o Cervo do Pantanal, a Onça Pintada e o Lobo Guará. Também são encontrados a Ema, a Seriema, o Tapeti, o Tatu Canastra, o Tamanduá Bandeira, a Capivara, a Anta, o Tucano de Bico Verde, o Urubu Rei e o Urubu Preto. O Parque Nacional dos Veadeiros dispõe de um centro de visitantes, além de alojamento para pesquisadores. A visitação é feita com acompanhamento de guias, que podem ser encontrados na comunidade de Alto Paraíso de Goiás ou no povoado de São Jorge, vizinho ao Parque.

ALTO PARAÍSO Alto Paraíso de Goiás encontrase no entroncamento rodoviário da GO-118 e GO-327, no coração da Chapada dos Veadeiros, sendo seu principal Município. É considerado santuário goiano do misticismo, esoterismo e espiritualismo. A localidade é atravessada pelo Paralelo 14, que passa também sobre Machu Pichu, no Peru. Além do esoterismo, a cidade é propícia ao ecoturismo. Sua população tem uma consciência ecológica muito desenvolvida e a natureza local é exuberante, com centenas de atrações, entre cachoeiras, vales, serras e fazendas. O acesso a esses locais é de automóvel, até um certo ponto. Depois, podem-se fazer caminhadas, que podem variar de 300 metros a

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10 quilômetros. Todos os caminhos, porém, são inesquecíveis por sua beleza e magia. Alto Paraíso conta com uma infra-estrutura voltada para o turismo, oferecendo pousadas, hotéis, hotéis-fazenda, restaurantes, bares, pizzaria, comércio de artesanato e um Centro de Atendimento a Turistas, onde são encontrados guias cadastrados que conduzirão os turistas aos passeios. Um dos destaques é o aeroporto próximo à cidade, que oferece inesquecível visão do mais belo pôr do sol da região.

SÃO JORGE Distante cerca de 40 quilômetros a Oeste de Alto Paraíso, pela GO 327, no sopé do Morro das Tábuas, está a localidade de São Jorge,

considerada a capital do ecoturismo da Chapada. É parada obrigatória e porta de entrada do Parque Nacional. Nela encontram-se bons hotéis e pousadas, conforto combinado com rusticidade. Uma boa estrutura para atendimento a turistas, restaurantes, lanchonetes, pizzaria e lojas de artesanato. Em São Jorge também existe uma Associação de Guias, Centro de Atendimento a Turistas, Casa de Cultura Cavaleiro de São Jorge e o Centro de Visitantes do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. A alimentação é excelente, existindo opções para todos os gostos, desde os apreciadores de carne, vegetarianos, pizzas, passando pela culinária regional. Fonte: www.chapada.com/portugues/parquenacional.htm Edição: Revista Islâmica Evidências


Comportamento

O Sexo na

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ser humano tem instintos, desejos e cobiças ilimitados. Se ele fosse deixado prisioneiro de seus desejos e instintos, entraria em choque e seria incapaz de alcançar qualquer objetivo nobre e sublime. O desejo do ser humano pela fortuna, pelo conhecimento, pela constituição da família, o gosto


Ótica do Islã

por sexo, por beleza e por outras tendências naturais são necessários para a sua perfeição e sua felicidade. Essas tendências não acontecem por acaso, mas para se complementarem perante a consciência, a percepção e o conhecimento. Não deve haver duelo entre eles, cada um possuindo medida e limites específicos. Se for dada a cada um deles a sua justa medida, acontecerá o equilíbrio e a estabilidade e isso é suficiente para a perfeição e a felicidade humanas. Revista Islâmica Evidências - 69


O conflito começa quando se dá a um deles uma parte maior do que às outras. A justiça não consiste em igualar as pessoas e satisfazer totalmente suas necessidades e inclinações, mas dar a cada pessoa a sua parte legal e racional, promovendo a sua perfeição e felicidade. O Sagrado Legislador estabeleceu os limites legais e justos para cada ser e inclinação. O Imam Ali (AS) disse: “Quem agir sem conhecimento, prejudica mais do que beneficia.” As leis e os conhecimentos religiosos possuem limites para satisfazer essas tendências e instintos. Por isso, as leis islâmicas foram denominadas de “limites de Deus”: “Tais são os limites de Deus; não os u l t r a p a s s e i s .” (2:229). É preciso se apegar a esses limites, sem aumentar nem reduzir.

Quem toma bebidas inebriantes e os que praticam jogos de azar talvez bebam ou joguem de forma que não prejudiquem aos outros, mas prejudicam a si mesmos. O Profeta (S) disse: “Não se deve prejudicar aos outros nem à própria pessoa, no Islã.” Deus, o Altíssimo, diz: “E não vos impôs dificuldade alguma quanto à religião” (22:78), o que significa que o Islã não estabelece uma lei que permita causar prejuízo ou dificuldade à própria pessoa ou aos outros. Para a proteção do indivíduo e da sociedade, Deus dotou o ser humano de instintos e inclinações inatas. A existência destes dois aspectos é importante para uma vida equilibrada e feliz, com a condição de moderação no seu uso. A vida feliz e bem sucedida depende da moderação dos instintos.

O ser humano tem instintos, desejos e cobiças ilimitados, mas não se deve deixar escravisar por eles

Dentre as distinções do Islã está o fato de que ele reconheceu as leis de todos os instintos humanos. Não há monasticismo no Islã: “Seguem a vida monástica, que inventaram” (57:27), nem instinto animal: “Não são mais do que o gado; ou são mais irracionais ainda!” (25:44). Há limites para a satisfação dos instintos. Quanto ao desejo sexual, Ele o limitou com o casamento; quanto ao desejo pela fortuna, o limite foi estabelecido com o comércio legal. De acordo com o Islã, a felicidade não se mede com o deixar de prejudicar aos outros apenas, mas deixar de se prejudicar também.

Nós sabemos que os instintos e os desejos naturais são de dois tipos: Os instintos espontâneos: como comer e beber. Quer o ser humano queira ou não, ele deseja a comida e a bebida naturalmente. Caso não atenda estas duas necessidades básicas, perecerá. Os instintos e os desejos nãoespontâneos: como o desejo sexual. Este difere do desejo por alimento, sujeitandose o indivíduo a um estímulo externo. São necessários elementos que proporcionem o seu aparecimento, o seu aumento ou a sua diminuição. Se a satisfação deste desejo estiver isento de corrupção, o ser humano consegue dominá-lo e orientá-lo corretamente.


A Religião Islâmica, sem dúvida, não diminui a importância do sexo nem a nega. Pelo contrário, concede-lhe um significado elevado, dignifica-o com uma visão absolutamente positiva, removendo da natureza do ato sexual o peso do pecado ou do erro. De acordo com essa visão, o Islã permite ao instinto aparecer com alegria e sinceridade. Assim, a vida se torna completa, empenhando-se o indivíduo em agradar a Deus, de um lado, e praticar o sexo de acordo com uma moral elevada. Isso significa que a vida cotidiana do

muçulmano abrange, em sua essência, um diálogo permanente com Deus e um diálogo entre o sexo masculino e o feminino. O objetivo é tornar a vida uma tentativa perseverante e constante de agregar a religião ao sexo, através do qual há a perpetuação da espécie humana. Deus, o Altíssimo, diz: “Ó humanos, temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inúmeros homens e mulheres.” (4:1). Em outro local, no Livro Sagrado, diz: “Elas são vossas vestimentas e vós o sois delas. Deus sabe o que vós fazíeis secretamente; porém, absolve-vos e vos perdoa. Acercai-vos agora delas e desfrutai do que Deus vos prescreveu.” (2:187). Portanto, a Lei Islâmica estabelece as relações sexuais em dois lados conjuntos: A complementação e o prazer. Quando analisadas sob este aspecto, as necessidades físicas, portanto, tornam-se um dos grandes sinais de Deus e indício de Sua Onipotência. E n t ã o , a religião circunscreve a profundeza desse relacionamento amoroso a um

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ambiente sexual moral e legal, advertindo veementemente sobre os riscos do desvio. O Islã rejeita com veemência a satisfação dos desejos sexuais por meios ilícitos (prostituição, adultério, homossexualismo, masturbação, pornografia e bestialidade), porque estas práticas agem no sentido contrário à afeição entre os dois sexos. O Islã as considera contrárias ao método e à natureza da vida, levando a pessoa à clausura da ambigüidade e da obscuridade para, no fim, causar a destruição de toda a organização universal. A maldição cerca aqueles que praticam estas perversões, porque são métodos desviados da Lei Divina e que significam, na sua essência, a negação da condição elevada do ser humano perante a criação.

Por isso, o Islã incentiva o casamento, inclusive em idade precoce, para que o jovem assuma sua responsabilidade e não caia nos desvios e escorregões dos instintos sexuais. Tentaremos, nos próximos números, falar em detalhes sobre o assunto, trazendo ao nobre leitor a flexibilidade do Islã no que diz respeito às relações matrimoniais e à prática do sexo.


Atualidades

Preceitos Legais em Assuntos Contemporâneos

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O Aborto

aborto é uma questão que suscita discussões acirradas entre os jurisconsultos. De acordo com eles, tal ato é proibido em alguns casos e possível em outras situações. Para desfazer eventuais equívocos e na tentativa de se “colocar os pingos nos is”, como se diz comumente, vamos mostrar o aborto do ponto de vista islâmico, as situações em que há controvérsia jurídica e os casos em que ele é permitido, em que é proibido, de acordo com a opinião de Sua Eminência o Jurisconsulto Sayyed Mohammad Hussein Fadlallah.

O Aborto do Ponto de Vista Islâmico O aborto, do ponto de vista islâmico, é proibido a partir da etapa em que o óvulo fertilizado pelo sêmen se apega à parede do útero, iniciando ele a etapa da vida. Quando afirmamos que a vida deve ser respeitada desde o seu início, queremos dizer com isso a vida em suas circunstâncias naturais existentes dentro do corpo da mãe.

Discussão legal a respeito do aborto: No que diz respeito ao aborto, há duas situações passíveis de discussão legal: Primeira: O abordo é permitido se o feto prejudica a mãe de forma extrema, ou seja, se ele representa um perigo patente, não permitindo à mãe suportar os riscos inerentes à gestação. Defendem este ponto de vista alguns dos nossos jurisconsultos, entre eles o professor Sayyed Abul Kassem AlKhaui – e nós concordamos com ele, por diligência no assunto. Sua base jurídica encontra-se no Alcorão: “E não vos impôs dificuldade alguma na religião.” (22:78), porque a permanência do feto causa dificuldade, fadiga e esforço extraordinários da mulher. Deus não estabeleceu, em Sua lei, um preceito prejudicial constrangedor. Segunda: O feto se transforma em risco de morte para a mãe. Nesse caso, alguns dos

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jurisconsultos permitem o aborto, entre eles o Sayyed Al-Khaui. A mãe, assim, é beneficiada por uma espécie de “sistema de auto-defesa”. Nós concordamos com ele, porque a questão, aqui, não é uma forma de morte prematura, mas de defesa própria. Alguns dão o seguinte exemplo: Suponhamos que uma pessoa esteja dormindo e um outro, sem discernimento, joga o seu peso sobre ela, o que representa um perigo para a sua vida. Caso a pessoa não consiga se livrar, a não ser de uma forma que represente a perda da vida do segundo indivíduo, é permitido fazêlo, em defesa própria. Há alguns jurisconsultos, contudo, que dizem aguardar orientação de Deus em relação a isso, sem dar opinião. Porém, se a questão for de escolha entre a vida da mãe ou do feto, a sentença, como diz Sua Eminência, é a que segue: “Fica a cargo da mãe. Ela tem o direito de se defender, com o aborto. Ninguém mais tem esse direito, quer seja médico ou outro responsável pela criança, ou até mesmo o juiz, a não ser por meio de um parecer jurídico que assegure a legalidade do ato. É permitido ao médico efetuar o aborto, se a vida da mãe estiver correndo perigo efetivo”.

Se a mulher ficar grávida devido a um relacionamento ilícito, ou por intermédio de um casamento secreto, se sentir constrangimento ou perigo por parte da comunidade em que ela vive, “é permitido o aborto, se a gestação representar perigo para a sua vida ou causar uma grande desonra, um constrangimento insuportável, mas com a condição de que o feto não esteja na etapa do ‘sopro do espírito’. Caso contrário, o ato passa a ser considerado ilegal, a não ser que represente perigo efetivo de vida.” Quanto à criança gerada devido a um adultério, Sua Eminência não considera isso “motivo para o aborto, nem se justifica este ato, legalmente, nessas condições. Há uma única condição que o permite: perigo para a vida dela, caso continue grávida, sujeita a ser morta pelos seus familiares.” Sua Eminência, porém, não descarta a existência de outras condições quanto ao aborto. Ele disse: “No caso de uma mulher ser estuprada e isso representar uma condição psicológica negativa para ela, apenas, não é permitido o aborto. Em outra condição, a gravidez pode representar uma desonra insuportável, dependendo das condições sociais. Nessa situação, é permitido

É permitido ao médico efetuar o aborto, se a vida da mãe estiver correndo perigo efetivo


o aborto, antes da etapa do sopro do espírito”. Pode haver outras condições: “Se a mulher é estuprada, enganada, ou coisa similar e fica grávida, correndo perigo de morte se a gravidez persistir, é permitido que aborte para salvar a vida.” Quanto à posição do homem na questão do aborto, Sua Eminência opina que “o homem nada tem a ver com esse assunto, quer seja prejudicado ou não. A gestação é problema da mulher. O perigo, quem corre, é a mulher. Por isso, a questão da permissão e da vedação está relacionada com ela, não com ele.”

A Deformação do Feto não Justifica o Aborto Outro caso que se coloca é a eliminação do feto deformado. Sua Eminência. diz: “Muitos podem ser afligidos pela deformação do feto. De acordo com o ponto de vista geral islâmico, não é permitido o aborto nesse caso. Por que, afinal de contas, construímos hospitais e sanatórios para os deficientes, se o princípio é o mesmo? Se é permitido matar o deficiente quando ainda feto, por que não é permitido após nascer? Ambos representam um problema, do ponto de vista das outras pessoas. Por outro lado, por que não devemos pensar que a medicina vai se desenvolver e irá, de uma forma ou de outra, tratar essa deformação?” Quanto ao aborto por exposição à radiação, com receio de deformação, Sua Eminência não permite isso. Ele diz: “O prejuízo que justifica o aborto é o causado na mulher grávida e não a deformação do feto.” Quanto à opinião de que a medicina consegue fazer exames precisos e descobrir deformações naturais que levarão o recém nascido a uma morte rápida com o bebê acéfalo, Sua Eminência. Diz: “Esse problema está ligado ao aspecto natural e é uma questão da vida. Se a vida da criatura é comum e sujeita a elementos materiais, se há uma criatura que irá nascer e com a qual terei trabalho, devo matá-la? Esse é um ponto. O outro ponto: creio que algumas situações não são impossíveis. A medicina, porém, está se desenvolvendo nesses setores.

Menina Indiana, nascida com 6 pernas

Portanto, porque não lhe damos a oportunidade de viver? Como dissemos, se supormos que o problema é que um ser assim nos dará trabalho, porque cuidamos dos idosos e dos deficientes? Mesmo as pessoas que sofrem de doenças incuráveis, por que vivem e sofrem nessa situação? É uma questão de princípios.” Por outro lado, Sua Eminência diz: “Não há exame cem por cento correto. Pode ser que o aparelho esteja com defeito, que o exame esteja incorreto. Portanto, não é a nossa formação jurídica que irá emitir uma sentença final pelo assassinato de toda pessoa considerada deformada. Há pessoas que tiveram um diagnóstico incorreto, de que apresentariam problemas e descobrimos, depois, que o diagnóstico estava errado. Tenho uma experiência pessoal quanto a isso. A minha esposa estava grávida e tinha uma doença. Os médicos disseram que a criança nasceria deformada, com certeza. No fim, tornou-se o mais belo dos meus filhos. Finalmente, as leis gerais não podem ser abrangentes, mesmo as regras médicas. Mesmo que haja setenta ou oitenta por cento de chances (de defeito), há os outros trinta ou vinte por cento. Se quisermos especificar, em muitos casos os trinta por cento passam para setenta por cento. Por isso, devemos aceitar os fatos negativos na nossa vida, para aplicarmos a lei geral que protege os seus aspectos positivos.”


A Herança da Arquitetura Islâmica – Os Muxarabis

Foto: Amira

Por entre as treliças de madeira pode-se ver a rua, mas não a beleza da mulher islâmica, preservada por trás dos muxarabis. È por meio deles, que a cultura islâmica encontrou uma solução que permite a ventilação e iluminação, mantendo a privacidade e valorizando os seus bens culturais. Essa herança moura conquistou mais do que o mundo árabe, estendendose a outras culturas. Com o mesmo uso ou às vezes utilizado como elemento decorativo, os muxarabis espalharam-se pelo mundo. Exemplos dessa disseminação da arquitetura árabe podemos ver aqui mesmo no Brasil. A arquitetura colonial brasileira usou e abusou dos muxarabis, não somente como balcões (guarda-corpos), mas também nas janelas privilegiando a idéia de ver sem ser visto. No entanto, não é somente a arquitetura colonial que se beneficiou desse artifício interessante de iluminação. Na arquitetura de Lina Bo Bardi (arquiteta italiana que viveu e trabalhou muito tempo no Brasil), podemos ver o uso desse elemento. O SESC Pompéia, em São Paulo, por exemplo, possui em suas janelas amorfas, muxarabis vermelhos de correr, que permitem esse trabalho da luz quando desejado. Já na arquitetura de Márcio Kogan, arquiteto paulista, vemos a idéia de muxarabi utilizado com uma estética um pouco diferenciada pelo material escolhido, trabalhando a transparência e integração do ambiente interno e externo, mas mantendo ainda a privacidade que uma residência exige.

Foto:Crimson

Lilian de Oliveira*

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Foto: Nelson Kon

Foto: Ihva

Foto: Ugo Cei

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Muxarabi Uma moça na janela Olha tudo que passa por ela Passa a noite passa o dia Passa o sopro de maresia Daqui de dentro de mim Quero te ver passar por mim Pela janela em mim E no meu jardim Sorrir pra mim Fogo de estrelas Treliças em mim Vejo ele não me vê Do meu muxarabi Destrançar os cabelos Mergulhar no vento em ti em mim A carambola e o sapoti Muxarabi Sombra e água fresca Muxarabi Dormir enfim Eleonora Falcone

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Foto: The New York Times Foto: Stefan Zefi

Muitos elementos ou idéias são, na arquitetura, adaptados ao clima, função, cultura ou é feita uma releitura adequando às novas tecnologias. Esse é o caso do Instituto do Mundo Árabe, em Paris. Na obra em questão, projetada pelo arquiteto francês Jean Nouvel, a releitura do muxarabi foi essencial devido a diferença drástica entre o clima francês e o dos países do mundo árabe. Para isso, a nova leitura e interpretação do muxarabi são feitas de modo a filtrar a iluminação através de diafragmas de diversas formas e tamanhos, controlados por células fotossensíveis, apresentando a típica iluminação que se costuma ver na arquitetura islâmica. Ao mesmo tempo, adequou a técnica árabe à nova tecnologia trazendo esse ar contemporâneo e integrando e mesclando a cultura árabe com a cultura européia.

Foto: Google Earth

Foto: www.marciokogan.com.br

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Com a imigração de árabes para diversas partes do mundo, não é só na arquitetura que elementos arquitetônicos árabes se refletem. A cantora Eleonora Falcone, brasileira, até compôs uma canção que menciona o muxarabi, relatando a participação e a vivência dele no seu dia a dia, incorporando dessa forma, mais uma vez, parte da cultura islâmica que se prolifera a cada dia mais na nossa cultura, seja com elementos arquitetônicos, especiarias que complementam nossa culinária, ou qualquer outro artifício que juntos enriquecem com muito orgulho a cultura brasileira, mostrando que essa globalização, que permite um intercâmbio entre hábitos e experiências diferentes entre nações, é muito preciosa. Imagens: 1 e 2 - Al-Hambra, Granada, Espanha; 3 – Medersa Ben Youssef; 4 – Olinda; 5 –Sesc Pompéia, Lina Bo Bardi, SP; 6 – Casa du Plessis, Márcio Kogan, SP; 7,8 e 9 – Instituto do Mundo Árabe, Jean Nouvel, Paris.

* A autora é arquiteta Revista Islâmica Evidências - 77


Palavras Cruzadas

por Chadia Kobeissi

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HORIZONTAL

4. Os livros anteriores ao Alcorão Sagrado, como o Evangelho, citaram o nome do Profeta que viria após Jesus. No Evangelho, o nome de Muhammad (S) apareceu como... 7. A primeira obra coletada que continha os ditos, cartas e sermões do Imam Ali (A.S.) foi o Nahjul Balaghah, ou seja “O Método da ...” 8. Os muçulmanos sempre devem buscar o diálogo entre si e com os membros de outras religiões. Este diálogo deve ter... 15. Como os árabes eram considerados e vistos antes do Islamismo? 18. Poeta famoso por seu elogio a Ahlul Bait (A.S.). 19. O versículo do Alcorão Sagrado “Oh, Apóstolo! Proclama o que tem sido revelado a ti por teu Senhor. Se tu não o fizeres, não terás cumprido e proclamado a Sua Missão. E Allah te protegerá das pessoas” (5: 67). Esse versículo foi referente a qual fato? 20. Como era chamado o oásis “Al-Madinat Arrasul” ou “Al-Madina Al-Munauwara”, antes da chegada do Profeta (S)? 21. O Mensageiro de DEUS(S) resolveu permitir a um número de seus seguidores emigrarem para a Abissínia, garantindo-lhes proteção e livrando-os da perseguição dos politeístas. A Abissinia, atualmente, é conhecida como... 23. Os árabes e os muçulmanos contribuíram em várias áreas para a humanidade. Na matemática, ciência, filosofia e...? 25. Dito do Imam Ali (A.S.). Se você conhece, complete: “A paciência se define em duas formas: a paciência sobre aquilo que detestas e a paciência frente aquilo que ...”

VERTICAL

1. A Jurisprudência Islâmica. 2. Qual dos Imames falou esse dito, referindo-se ao adultério: “Aquele que pensar em adultério é como quem ateia fogo em casa decorada. A fumaça corrompe a decoração, mesmo que a casa não pegue fogo”. 3. Criação de algo que não tem fundamento na religião... 4. Nome do irmão do Imam Hussein(a.s), que teve as mãos cortadas e os olhos atingidos na batalha de Karbalá. 5. É considerado um presente que o homem se comprometerá a dar à mulher que se casa com ele. 6. No Islã, como no Judaísmo, existe uma obrigação especial para o homem. Cientificamente, é comprovado que esta obrigação confere maior higiene a ele. Como é o nome de essa obrigação? 9. O fator mais importante, contribuinte para união das tribos árabes... 10. O Islã não declara ilegal, sendo algo permitido. No entanto, deve ser evitado ao máximo. Ao que nos referimos? 11. Quem representava a segunda forçaa depois dos muçulmanos, no inicio da Hégira? 12. Atualmente, nós, muçulmanos, precisamos de mais... 13. Livro que contém tudo que as pessoas necessitam em termos de jurisprudências e regulamentos. Tal obra foi o ponto de atenção do Imam Assadeq (A.S.) da seguinte forma: “Não há algo que ela não contenha”. 14. De acordo com os sábios, os atos humanos se dividem em cinco: 1-Permitidos, 2-Desejáveis, 3-Desaconselháveis, 4- Ilícitos e ... Qual é o quinto? 16. Montanha do lado da Caaba, em Meca, na qual é realizado um dos rituais da Peregrinação. 17. O que representa atualmente a antiga Mesopotâmia? 22. Continuação do profetismo e da religião... 24. Comunidade muçulmana...


Palavras Cruzadas

Respostas das cruzadas edição número 5

HORIZONTAL 2. MOUROS--Povo árabe-berbere que conquistou a Peninsula Ibérica. 3. EVIDÊNCIAS--Nome da nova revista do Islã. 5. AHLULBAIT--O Profeta Mohammad (S.), sua filha Fátima Azzahrá, seu marido, Imam Ali, seus filhos Hassan e Hussein e logo os nove Imames e sucessores da linhagem de Hussein (A.S). 9. KABA--A Casa Sagrada de Deus, que foi reconstruída pelo profeta Abraão (A.S.) e ao redor da qual é realizado o ritual do Tauaf, na cidade sagrada de Meca. 13. ALMAHDI--Imam cujo retorno todos esperam, mantendo-se ele ainda oculto. 14. AS--Abreviação das primeiras letras de um pedido de paz para um Profeta , Imam ou demais membros de Ahlul Bait. O significado literal é: “Que a paz esteja com ele”. “Alaihe Assalam”. 15. RAMADAN--O nono mês do ano islâmico, sendo obrigatório o Jejum em todos os seus dias. 18. MECA--Cidade onde nasceu nosso querido profeta Muhammad (S). 20. JUÍZOFINAL--Dia do acerto de contas. 23. KHADIJA--Esposa do profeta Muhammad (S), defensora da Doutrina de Deus, vivendo com o Mensageiro (S) aproximadamente entre 25 e 28, sempre colaborando com ele na divulgação e difusão da Mensagem Divina, própria da Religião Islâmica. 27. FÈ--O ser humano deve ter ......... em DEUS. 28. JESUS--Profeta e Mensageiro de Deus, que pelo poder d’Ele curava os doentes. 31. ABÁSSIDA--Terceira dinastia de califas árabes, que reinou de 750 a 1258 tendo Bagdá, no Iraque, como sua capital. 32. MISERICORDIOSO--Um dos atributos de Deus, presente no início das suratas (capítulos) do Alcorão Sagrado. 33. COÁGULO--Primeira surata revelada do Alcorão Sagrado ao Profeta Muhammad (s.a.a.s), enquanto orava na gruta de Hira. Diz uma parte da surata: “Lê, em nome do teu Senhor Que criou; Criou o homem de algo que se agarra. Lê, que o teu Senhor é Generosíssimo, Que ensinou através do cálamo, Ensinou ao homem o que este não sabia.” (96: 1-5)

VERTICAL 1. ISLAMISMO--A religião que mais cresce atualmente no mundo. 4. CONHECIMENTO--Deve ser buscado por todo muçulmano e muçulmana. 6. UNICO-- Incomparável, Deus e. 7. ATTAUHID--Um dos nomes da Surata Al-Ikhlass. 8. ZAKAT--Donativo imposto por Deus conforme Sua revelação: “E observai a oração e cumpri com o donativo e obedecei ao Mensageiro, para que sejais compadecidos (por Deus)”. Alcorão Sagrado (C. 24 - V 56). 10. GABRIEL--Nome do anjo que desceu com a revelação para o Profeta Muhammad (s.a.a.s). 11. FENÍCIA--Um antigo reino cujo centro se situava na planície costeira do que é hoje o Líbano, no Mediterrâneo oriental. Esta civilização desenvolveu-se entre os séculos X e V a.C. 12. HAJJ—Nome, em árabe, para a peregrinação a Meca. 16. ALI--Única pessoa a nascer dentro da Kaaba. 17. MONOTEÍSMO--Algo em comum nas três religiões: Judaísmo, Cristianismo, e Islamismo. 19. ALKHOMS--”E sabei que, de tudo quanto despojardes, a quinta parte pertence a Deus, ao Mensageiro e seus parentes...”. 21. AVICENA--O seu texto filosófico mais importante é o “Kitab al-Shifa”, A cura da ignorância, onde aborda temas como Física, Matemática, Geometria, Aritmética, Música e Astronomia. Quem é esse pensador? 22. ZAMZAM--A fonte de água localizada em frente a Kaaba, que nasceu debaixo dos pés de Ismael (A.S.), o filho recém nascido do profeta Abraão (A.S.). 24. HUSSEIN--Nome do Imam Martirizado em Karbalá juntamente com muitos companheiros e familiares, pelas tropas de Yazid Ibn Moauiya. 25. DUA—Súplica, em árabe. 26. FÁTIMA--“Azzahrá”, filha de Mohammad Ben Abdullah, Mensageiro de Deus (S) e também a “Senhora de todas as Mulheres do Mundo”. 29. MEDINA--Cidade onde morreu e está enterrado nosso querido Profeta Muhammad (s.a.a.s). 30. ETERNO--Um dos atributos de DEUS.


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A partir de agora, você poderá ter acesso a estes temas, tão importantes para compreender o mundo em que vivemos. Afinal, a Religião Islâmica é considerada a que mais cresce no mundo, contando com 1,5 bilhão de seguidores em todo o planeta. A Revista Islâmica Evidências traz a você o conhecimento sobre o Alcorão Sagrado, a vida do Profeta Muhammad (S), práticas e costumes dos muçulmanos.

Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 4

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Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 3

Você conhece a História e a Cultura Islâmica? Sabe quem são os muçulmanos e no que acreditam? Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 2

Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 1

Revista Islâmica Evidências - Ano 1 - número 0

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