Volume1 COMUNICAÇÃO reflexões, experiências, ensino

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Aculturação norte-americana no Brasil: marco contextual

As pessoas, grupos e classes sociais alcançados por essa indústria são induzidos a pensar e a expressarem-se principalmente nos termos e segundo os objetivos dos que a controlam. Todo um conjunto de possibilidades do pensamento e expressão é esquecido, proibido ou reprimido. A própria maneira de transmitir informações e interpretações, além da seleção de umas e outras, induz as gentes a um modo de pensar e expressar-se alienado. Esse processo de massificação é importante para a perpetuação das estruturas sócio-econômicas geradas pelo sistema capitalista. (IANNI, 1976, p. 56 apud PAIVA, 1996, p. 26).

Todo o processo de divulgação da cultura americana está sendo pensado pela indústria cultural que serve ao seu país. Ao que parece, o homem americano traz dentro de si o culto à sua pátria e procura ampliar seus horizontes de domínio cultural e econômico. A impressão que temos é que esse sentimento nacionalista é bem menos acentuado no povo brasileiro, haja vista todos esses nomes em inglês que são expostos nas portas do comércio e da indústria no Brasil, bem como a importância que muitas pessoas dão ao uso de roupa que trazem as etiquetas americanas e até orgulho em dizer que usam objetos importados. Para os brasileiros o que é nacional não é bom, não dá status e isso, ao que tudo indica, também é um conceito que está internalizado no povo brasileiro. Este comportamento é adquirido de geração em geração, pela fala dos mais velhos sobre os mais novos, e é um fenômeno psicológico, sociológico e ideologicamente transmitido de uma geração para outra, como ocorre em todas as culturas. As mudanças no comportamento e atitudes dos povos de uma nação, naturalmente se processam, porém, lentamente e na caminhada histórica. A penetração da língua inglesa no Brasil e também no mundo tem a presença hegemônica dos Estados Unidos. O domínio da força armada no Terceiro Mundo não é mais a maior força. A maior força de domínio é a língua que é a matéria-prima do imperialismo cultural causado pela dependência econômica. A língua inglesa circula entre os brasileiros como uma mercadoria altamente vendável, cujo mercado é sempre comprador. Com isso importam-se palavras estrangeiras que servem a uma necessidade simbólica de identificação com a sociedade norte-americana que tem grande poder político e econômico no mundo. Temos uma demonstração de que os brasileiros querem se identificar com as nações de grande poder político e econômico para se sentir superiores e privilegiados enquanto classe social. Parece um comportamento adolescente em grande escala, que é o de querer ser filho de pais da classe privilegiada para sentir-se bem recebido por outros grupos. A contar a idade do Brasil, em seu aspecto cultural é possível dizer, metaforicamente falando, que o Brasil está na fase da adolescência, não possuindo ainda sua própria identidade social, cultural, política e econômica. E a necessidade que as pessoas sentem de falar o idioma inglês não é sem razão.

212 | COMUNICAÇÃO - REFLEXÕES, EXPERIÊNCIAS, ENSINO |Curitiba | v. 1| n.1|p. 199-214| 2° Semestre 2008


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