Habitat 18

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Número 18

arquitetura | arte | design

Carlos Motta

Homenagem a Carlos Motta, ícone do design brasileiro e arquitetura, que faz da vida e ofício um manifesto socioambiental








habitat EDITORIAL

Brillo Box, Antonio Claudio Carvalho

Vanguarda viva

N

uma breve incursão pelas veredas culturais mais significativas da história, percebe-se que os períodos mais virtuosos são aqueles marcados por correntes disruptivas, que desempenham um papel crucial na ressignificação da consciência crítica. A inquietude intrínseca ao ser humano é o elo que alavanca novas ideias. Nesta primeira edição do ano, prestamos homenagem a Carlos Motta, arquiteto e um dos grandes expoentes do design nacional, que, com seu vasto legado, é fonte de inspiração. Ao transbordar a paixão generosa em tudo o que faz, Motta faz parte daqueles que marcam a história da identidade brasileira. E vai além, criando

uma dimensão mais humana, com respeito por todos os seres e pela natureza. O contato com as mentes transgressoras da contracultura também contribuiu para sua existência indelével. Navegamos em histórias que dialogam com a ousadia daqueles que, com sua visão, se tornam os catalisadores essenciais para uma evolução cultural. É o enlace que pulsa diferentes gerações, tempos, e cria novos capítulos. Boa leitura! Débora Mateus Editora e diretora de conteúdo

EXPEDIENTE Publisher: Cíntia Peixoto, cintia.vieira.peixoto@gmail.com | (41) 99225-7610 Comercialização: Saltori Mídia Estratégica, saltori@saltori.com.br | (41) 99996-9995 | R SALTORI REPRESENTAÇÕES COMERCIAIS LTDA | 05.552.266/0001-60 Edição e direção de conteúdo: Débora Mateus | debora@dmcomunicacao.com Direção de arte: Igor F. Dranka | ferreiradranka@gmail.com Conselho editorial: Cintia Peixoto, Consuelo Cornelsen e Débora Mateus Colunistas: Paula Campos (Coluna Sobre Morar), Rodolfo Guttierrez (Coluna É Design), Cesar Franco (Coluna Conexão), Isabela França (Coluna Caleidoscópio), Débora Mateus (Coluna Spectrum, Arte & Design), Salvador Gnoatto (Coluna Ponto de Vista). Redes sociais: Cristina Fontoura Consultoria, consultoriacristinafontoura@gmail.com, @consultoriacristinafontoura Contato: arevistahabitat@gmail.com Créditos: Layla Motta (Capa) Impressão: Maxi Gráfica e Editora LTDA. | maxigrafica@maxigrafica.com.br Marca registrada: Capelatto Marcas e Patentes

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habitat INDICE

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12.

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12 CAPA.

Homenagem a Carlos Motta, ícone do design brasileiro e arquitetura, que faz da vida e ofício um manifesto socioambiental

34 ARQUITETURA PAULISTA.

Angelo Bucci, referência na arquitetura paulista contemporânea, conta sobre sua trajetória, que inclui a experiência adquirida com Paulo Mendes da Rocha e aulas ministradas em Harvard

38 CASA HABITAT.

38.

Casa L´Espace | Habitat, abre suas portas como hub cultural de Curitiba em 2024

40 EXPANSÃO DE MARCOS BERTOLDI.

O renomado arquiteto paranaense expande o amplo repertório em arquitetura, paisagismo, arte e design para o mercado de edifícios na região Sul

48 ARTE BRASILEIRA.

40.

O poeta visual Antonio Claudio Carvalho conta como furou a bolha da cena literária inglesa

56 ABSTRAÇÃO FIGURATIVA.

34.

As obras de Clare Andrews, artista escocesa que se destaca pela narrativa envolvente que combina elementos figurativos e abstratos

62 AVIAÇÃO.

A história da fábrica de aviões curitibana que inspirou o condomínio de casas no Batel

66 FOTOGRAFIA.

Conheça, em primeira mão no país, as imagens de um fotógrafo internacional dos Campos Gerais

70 COLUNA SPECTRUM.

48.

Norma Grimberg apresenta a narrativa poética de sua exposição no MON

72 CURITIBA JAZZ SESSIONS.

56.

Os novos sons da cena efervescente do Jazz Britânico

74 COLUNA CALEIDOSCÓPIO.

Os projetos paranaenses vencedores da premiação do IAB-PR

76 NOTAS DE MERCADO.

Um giro pelas principais notícias nacionais e globais

80 VITRINE.

Curadoria de peças de décor autorais selecionadas por arquitetos e designers paranaenses

82 CURITIBA EM FOCO.

80.

Uma seleção de peças desenhadas por arquitetos e designers radicados ou nascidos em Curitiba

84 SOBRE MORAR.

76.

O lar de Gustavo Scaramella

88 É DESIGN.

Os destaques do Prêmio Design for a Better World 2023

82.

98 CONEXÃO.

Cobertura dos eventos sociais de destaque em Curitiba

114 PONTO DE VISTA.

Salvador Gnoatto reflete sobre arquitetura e contracultura em Curitiba

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ARTÍFICE DA IDENTIDADE BRASILEIRA Carlos Motta, ícone do design e arquitetura nacional, revela com exclusividade sobre o legado pulsante que se desenha em um manifesto socioambiental

Por Débora Mateus

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As poltronas Maresias criadas em madeira Cumaru certificada são nomeadas para homenagear o litoral paulista, fonte de inspiração de Carlos Motta. Em Curitiba estarão disponíveis com exclusividade na Oslo Design. Foto: Layla Motta

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m entrevista exclusiva à Habitat, Motta revela sua jornada holística. Gentileza e doçura guiam seus feitos. “Tudo começa pelo privilégio divino de existir. Quando toco esta peroba rosa, é prazeroso saber que ela existiu por 100 anos, foi árvore, sombra, alimentou bichos e fez parte de uma construção. Agora, a reutilizo transformando-a em objetos utilitários ou habitações. Isso guia o que faço. É preciso ser generoso, propor um modo de vida e trabalho que minimizem o impacto ambiental. Trabalho para atender às necessidades das pessoas, que se repetem de geração a geração, sem esquecer do belo e longevo”, afirma. Os projetos arquitetônicos englobam residências no Brasil e no Chile, priorizam a preservação da topografia nas áreas rurais. Bares e restaurantes em São Paulo também fazem parte de suas concepções, além de espaços públicos notáveis como a sala de jogos do Palácio da Alvorada, as unidades do SESC Santos e Taubaté. No design, peças icônicas como as cadeiras Estrela e São Paulo foram premiadas e expostas em Nova Iorque, Miami, Berlim, Lisboa e Londres. Suas criações estão espalhadas pelo mundo desde a Pinacoteca de São Paulo até lojas da Louis Vuitton, resorts de luxo em países como Maldivas e coleções particulares.

Tudo começa pelo

privilégio divino

de existir. É preciso propor um modo de vida e trabalho que minimizem o impacto ambiental. Isso guia

o que faço

A Premiada Cadeira São Paulo (1982) e sua versão desmontável. Referência no design brasileiro, possui linhas simples e técnica construtiva ímpar. Foto: Romulo Fialdini

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Cadeira Estrela (1979), peça que integrou exposições no Brasil e exterior, além de vencer o Prêmio Museu da Casa Brasileira. Foto: Romulo Fialdini

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NAS ONDAS DA CONTRACULTURA

“Gosto da vida nestas beiradas todas, como no mar onde sempre vivi. Desde pequeno, catava as coisas que as ondas traziam e as transformava”. O compromisso com o mundo natural foi influenciado pelo pai, Cândido Motta Neto, intelectual de uma família tradicional carioca. “Amante da natureza, meu pai originou minha relação simbiótica com esse meio. Nossas pescarias fizeram nascer esse contato profundo que se ampliou para todas as esferas”. Inspirado pelas mentes da contracultura, Carlos Motta aprimorou as habilidades na marcenaria ao trabalhar

com o mestre Reinhold Banek, na Califórnia, após concluir a faculdade de arquitetura no interior de São Paulo. No epicentro do fenômeno cultural dos anos 70, encontrou solo fértil em Santa Cruz, cidadezinha no fim do Vale do Silício. Aprendeu a maestria das técnicas artesanais, se inspirou na fusão entre a influência da alta tecnologia e o estilo de vida orgânico - que o fascina -, além do surfe. Ao elaborar móveis, ferramentas, construções, inclusive utensílios, geleia, cerveja e vinho, Banek era exemplo de autonomia. “Minha vida começou no auge dessa era transgressora. Aprendi

muito com o mestre, tentei retribuir ensinando os conceitos de arquitetura que eu dominava. Ele me levou ao mercado das pulgas, onde comprei as ferramentas que uso até hoje no meu ateliê, inaugurado na volta ao Brasil”. Instalado na Vila Madalena até hoje, o Atelier mantém sua proposta inicial: incorporar ao trabalho uma relação generosa com a sociedade. Todo ano seu criador viaja à Califórnia, em celebração à experiência que impulsionou sua jornada.

Sofá Voador, peça única produzida em peroba rosa e estofada em couro. Foto: Fernando Laszlo

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Poltrona Giratória Sergio, homenagem a Sergio Rodrigues. Peça artesanal complexa pela estrutura metálica. Foto: Layla Motta

Os conhecimentos que obteve com mestres caiçaras do litoral também foram preciosos no início de sua obra. “Seu Eduardinho, era uma das pessoas mais sábias que conheci – me ensinou sobre o peso das canoas: a feita de Ingá é melhor, apesar de pesada, e a de Guapuruvu é leve, mas não pode ficar na areia, pois apodrece”. A música é algo que também se faz presente – no cotidiano e momen-

tos de inspiração. “Gosto de todos os estilos, de mantras à Metallica. No início da década de 80, tive uma banda, chamada A Ilha, com a qual realizei shows no SESC. Fiz aula de canto lírico, escrevia as letras e expressava tudo o que queria falar no palco”. A visão política ecoa no reuso da madeira e na defesa do trabalho coletivo. Desde o primeiro dia de seu escritório, ele incorpora a participação

nos lucros para todos os funcionários da cadeia produtiva. “É uma política que nasce do respeito, afeto e alinhamento com valores éticos. Tive todos os privilégios e quero trazer a equipe comigo, compartilhando conhecimento, cultura e recursos. Os desafios são constantes, e para alcançar resultados positivos, é preciso seguir pelo caminho da doçura, único que conheço”.

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Mesa Não Me Toque, criada com as pontas afiadas como um manifesto para lembrar as pessoas de só usar madeira amazônica certificada pelo FSC (Conselho de Manejo Florestal). Desenhada para a mostra de Design e Natureza (IBAMA – Brasil). Foto: Romulo Fialdini

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DESIGN PREMIADO NO MUNDO

Com um processo que se inicia no papel, é na tridimensionalidade que o ápice de sua criação como designer acontece. A ergonomia é essencial, algo que Motta ensinou quando deu aulas no curso de Desenho Industrial na FAAP, ao incentivar a ida dos alunos às oficinas como forma de absorver postura e técnica. Detentor de uma faceta multidisciplinar, ele demonstra inventividade inesgotável. Longe de modismos, suas peças encapsulam a longevidade com conceito pioneiro, anterior à popularização de termos como sustentabilidade. Nas palavras de Sergio Rodrigues: “É um criador. Não depende de modismos nem de tendências. Ele cria tendências. Na luta por um ideal um tanto utópico, criar um produto que não somente tenha cara de Brasil, mas que também, e principalmente, represente nossa cultura, nosso espírito tropical, é a meta de Carlos Motta, que afinado com minha filosofia, tem cons-

ciência de que apenas o móvel de autor poderá alcançar esse patamar”. Esse depoimento e outros foram destacados no catálogo de uma exposição sobre Motta, realizada em 2011 por Consuelo Cornelsen no Museu Oscar Niemeyer. A mostra reuniu 120 mobiliários e contou com palestra proferida pelos dois designers. “A exposição realizada por Consuelo em Curitiba foi espetacular. Esperávamos um público de 90 pessoas, mas vieram 400 visitantes. Nunca vi nada igual”. Hoje metade de suas vendas são para o exterior, algo que atesta a compreensão de sua primazia. “Há dois anos fiquei intrigado com um grande pedido de um renomado escritório inglês, já nosso cliente, e que faz projetos de luxo pelo mundo. Ao questioná-los sobre o motivo, destacaram a admiração pela estética, qualidade construtiva das peças e práticas socioambientais. Fiquei profundamente comovido com a resposta”.

Criado artesanalmente com Peroba, Aroeira e Cedro o portmanteau Mandacaru 2, foi exposto em 2010 no Museu da Casa Brasileira, seguiu para Nova Iorque. Foi exibido junto com a estreia do livro “Carlos Motta e a Vida” | Foto: Fernando Laszlo

Escrivaninha Pião, um dos destaques da exposição sobre Carlos Motta na Galeria Mandalian Paillard, Paris 2007. Foto Romulo Fialdini

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Poltrona Pindá é feita de maneira totalmente artesanal em Perobinha do Campo, exibida em Nova Iorque, 2015. Foto Layla Motta

A Poltrona CM7 foi idealizada em 1985 em sucupira e ganhou diversos prêmios. Foto Romulo Fialdini

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Na cadeira Flexa H45, o encosto inclinado oferece conforto prolongado, e o arco distinto serve como apoio ao braço. Foto: Romulo Fialdini

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Poltrona Radar (giratória) é feita de peroba rosa reutilizada e ferro. Foto: Fernando Laszlo

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Mesa baixa Sumaré, peça única desenhada para exposição realizada em 2010 no Museu da Casa Brasileira, também foi exposta em Nova Iorque. Foto: Fernando Laszlo

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Living da sala de Carlos Motta, no Jardim Europa, da década de 1920. Ao centro, a mesa criada em conjunto com o mestre Banek na Califórnia, esculpida em parte de uma Sequoia milenar caída no Parque Nacional de Yosemite e à direita, a poltrona Sabre. Foto: Ruy Teixeira

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Idealizada na fazenda PATA Rio Futaleufú, a residência integra o projeto de empreendimentos na Patagônia com um modelo de economia sustentável, onde Carlos possui uma propriedade. Foto: Acervo Pessoal

ARQUITETURA COMO ATO DE PRESERVAÇÃO

Há um mimetismo entre floresta e oceanos que nasce de seu âmago. Profundo conhecedor das espécies nativas de árvores no Brasil e países que visita, além dos animais da Serra da Mantiqueira, Motta usa a madeira nos diversos espaços projetados - fachadas, tetos, chão e paredes. A leitura do livro “Animal Architecture” do etologista alemão Karl von Frisch, vencedor do Prêmio Nobel de Medicina em 1973, o leva a traçar um

paralelo entre as construções dos animais e a arquitetura. “Um bicho jamais vai construir seu abrigo e degradar a natureza. Nas habitações em zonas rurais é inconcebível mexer no terreno e fazer um platô que, na chuva, provoca um desequilíbrio enorme com as terras que descem às nascentes”. Em São Francisco Xavier, na Mantiqueira, a fazenda de 88 alqueires abriga sua residência principal, uma

de suas concepções realizadas há dez anos. Com 500 m², foi a primeira casa a ser construída na região, em parceria com uma equipe local, que ele capacita em construção civil e marcenaria. Após isso, foi requisitado para outros projetos na área. São habitações autônomas que contemplam estudo da planimetria, projeto fotovoltaico, aquecimento solar, e tratamento de águas cinzas e negras, visando zero impacto e resíduos.

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Projetada para um casal na Serra da Mantiqueira, esta residência preserva a topografia, característica da arquitetura de Motta. Fachada dividida em duas partes: a mais pesada (à dir.) e a principal, mais leve, com varanda (à esq.), instalada com troncos de aroeira. Foto: Fernando Laszlo

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habitat CAPA CONEXÃO FAMILIAR

O elo amoroso com a vida se funde na família Motta. Há 36 anos, Carlos divide uma trajetória de plenitude com a esposa e designer de joias Sibylla. Para ela, a sintonia foi evidente no primeiro encontro: “Na hora que o vi, soube que era especial. Sua luz, generosidade,

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energia, força, brilho no olhar e sorriso sincero o tornam incrível. Somos muito parceiros, apoiamos um ao outro, damos palpites nas criações de cada um. Há uma simbiose baseada no amor e na harmonia em tudo que fazemos”.


Mesa e cadeiras Attom. Foto: Layla Motta

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habitat CAPA

Os quatro filhos Diego, Max, Gregório e Layla absorveram a visão de Carlos. “De uma maneira ou de outra, cada um de nós vive as jornadas pela sensualidade da vida. Saber que todos têm essa ligação tão profunda com a existência e a natureza e planeta, me deixa muito feliz. Perpetua o que aprendi com meu pai”. Eles compartilham a mesma paixão, já surfaram juntos em Mentawai, Maldivas, El Salvador e Califórnia. “Cada um tem sua identidade da maneira mais poderosa e íntegra. Somos alinhados no jeito de ser e enxergar”. Com Diego, o primogênito, Carlos fundou a Attom há 5 anos, empresa que produz roupas em algodão orgânico tingido naturalmente, joias de Sibylla, objetos utilitários e móveis. Diferente do Atelier Carlos Motta, os itens têm preço mais democrático - são feitos para pronta entrega. Acrônimo invertido do sobrenome da família, a empresa conta com a experiência de Diego, designer industrial que atuou por duas décadas na renomada marca de surfwear Volcom. A influência do surfe e o convívio com os caiçaras reverberam nas criações de Gregório, que depois de trabalhar com renomados shapers (modeladores) como Akio, lançou a Aerofish, especializada em pranchas desse esporte. Max, o caçula, é proprietário do Barca No Mar, restaurante que como o nome indica, oferece experiências gastronômicas à

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beira-mar, em Ilhabela. A veia artística é outra conexão familiar. Única filha mulher, Layla se expressa na fotografia, dirigiu o documentário “Dois Sertões”, exibido ano passado na Mostra de São Paulo e assina a foto de capa desta edição, para homenagear o pai: “Se eu precisasse definir meu pai com um só adjetivo, seria amoroso. Ele é essa figura que transborda amorosidade por onde passa e, principalmente, a quem ele encontra. Pode ser uma criança, um desconhecido; quando ele quebra o silêncio de alguma situação para começar uma conversa, é muito bonito ver a troca amorosa que ele tem com cada um. E isso é constante! Essa troca cheia de amor se estende a sua relação com a própria vida. É um cuidado com todos e tudo o que está à sua volta. Um amor constante à natureza, sempre aprendendo e ensinando o nome dos bichos e plantas, traduzindo o seu significado em Tupi, incluindo as praias. O que me parece é que meu pai realmente sacou e se sente muito bem sabendo que pertence a esse mundo tanto quanto uma borboleta ou uma auracária”. Na vida e obra, Carlos Motta transcende a nobreza de espírito através das linhas puras e sofisticadas de sua essência. Ao esculpir peças e habitações com a alma, honra o meio que as semeou, recriando uma simplicidade sublime.


Refúgio de seu projetista na Serra da Mantiqueira, a casa reverencia a exuberância da região, que abriga uma das formações geológicas mais antigas do planeta. Foto: Fernando Laszlo

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habitat ARQUITETURA

O Hospital de Urgências de São Bernardo é referência no atendimento de pacientes com Covid e recebeu o prêmio de melhor obra arquitetônica em 2019, pela Associação Paulista de Críticos de Artes. Foto: Nelson Kon

ARQUITETURA NO SUPERLATIVO Angelo Bucci, arquiteto brasileiro consagrado, reflete sobre como Paulo Mendes da Rocha e Vilanova Artigas impactaram sua abordagem acadêmica e prof issional Por Débora Mateus

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á uma constante abrangente na vida profissional de Angelo Bucci, referência da arquitetura contemporânea paulista. Professor e arquiteto, ele deixou sua marca em projetos significativos em São Paulo, assina também o prédio Blōma para L´Espace em Curitiba, além de obras internacionais. Desde 2003, conduz o escritório SPBR Arquitetos, com diversos projetos premiados. É acompanhado por Lucas

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Roca e Vitória de Mendonça, ex-alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, onde ele próprio estudou, é doutor e leciona. Dissemina o conhecimento prático e acadêmico na cena global, levando a arquitetura brasileira às aulas ministradas em instituições como Harvard e MIT. Foi sócio do Arquitetura Paulista (1989-1992), vencedor do projeto do Pavilhão do Brasil na Expo 92, em Sevilha, e integrou o MMBB Arquitetos

de 1996 a 2002. Em bate-papo com a Habitat, Bucci destaca o período em que trabalhou com Paulo Mendes da Rocha, a quem credita seu traço mais humano. O primeiro contato entre eles ocorreu quando começou a estudar na FAU-USP, em 1983, período marcado pelo retorno dos mestres modernistas, afastados de suas funções no regime militar, como Vilanova Artigas, Jon Maitrejean e o próprio Mendes da Rocha.


é uma porta aberta a todos os interesses “ Aearquitetura requer modéstia, pois depende da escuta do outro. Como Jorge Luis Borges disse, a surdez é a pior cegueira. Isso tem um significado especial para nós

Com conceito inovador, eficiência construtiva e paleta reduzida o edifício na Vila Olímpia, em São Paulo (2014), exibe sofisticação que se distingue pela qualidade do design. Foto: Nelson Kon

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O prédio em Lugano, na Suíça combina geometria, estrutura sem vigas e fachadas opacas e transparentes. Eficiência energética e uso de geotermia são outros destaques. Foto: Nelson Kon

“Quem vê a história com distância, pode pensar que a anistia trouxe algum conforto, mas aquele foi um período de destruição cultural no qual a arquitetura sofreu muito. Apesar de Paulo não ter sido meu professor, a forma como incorporava a sobrevivência das ideias me formou. Ele e o Artigas são minhas referências principais”. Segundo Bucci, Paulo Mendes da Rocha teve participação ativa no projeto da FAU-USP, assinado por Artigas. As aulas naquela edi-

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ficação emblemática foram um exemplo prático sobre a concepção estrutural e de escalas. O tempo em que ambos trabalharam também foi inspirador. “Fiquei fascinado com a liberdade artística de Paulo. Ele concluiu as obras do Ginásio Athletico Paulistano aos 29 anos. Diferente dos trabalhos de Artigas, não há uma sequência cronológica. É incrível como o encontro de ambas as narrativas é interessante”.


Empenas paralelas em concreto armado, variação nas fachadas e uma distribuição entre apartamentos, incluindo espaços vazios para circulação distinguem a arquitetura do empreendimento, localizado em Silves, Portugal. Foto: Nelson Garrido

CONSTRUÇÃO CULTURAL

Em meio a um mundo de contradições, Angelo Bucci enfatiza a importância de nutrir um pensamento constante para se manter atualizado. Isso se reflete no seu trabalho com uma equipe jovem, e a necessidade de equilibrar a utilização de recursos tecnológicos sem suprimir os elementos vitais do processo criativo. O arquiteto alerta sobre os perigos da busca pela perfeição automatizada. “Para mim o futuro da arquitetura está no ato de criar com a borracha. Ao escavar camadas de erros, podemos ser autênticos.

Os arquitetos devem entender que seu papel é não se deixar levar penas pelo âmbito dos negócios. A construção cultural faz com que o sucesso de um, abra caminho para os demais. A arquitetura requer modéstia, pois depende da escuta do outro. Como Jorge Luis Borges disse, a surdez é a pior cegueira. Isso tem um significado especial para nós”. Navegar em esferas como a literatura, segundo ele, permite encontrar insights inesperados. “Gosto mais de ler obras literárias, elas dão mais respostas”.

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habitat CASA HABITAT

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POR DENTRO DA NOSSA CASA Conheça os espaços da Casa L´Espace | Habitat, o primeiro hub cultural de Curitiba com programação inédita em 2024 sobre arquitetura, arte, design e inovação Fotos: Eduardo Macarios

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ssim como a veia inovadora de seus idealizadores, a Casa L´Espace | Habitat emerge com o desígnio arrojado de ser um polo cultural efervescente em Curitiba. Lançada oficialmente no último mês de dezembro, com festa para convidados, o local é fruto da colaboração entre a revista Habitat e a incorporadora paranaense L´Espace. A Casa abre suas portas em 2024 com uma vasta programação de conteúdos mensais que visam instigar debates, inspirar ideias, estabelecer diálogos e promover eventos exclusivos com os maiores nomes da arquitetura, arte, design e inovação no cenário nacional e regional. Com curadoria arquitetônica assinada por Marcos Bertoldi e arquitetura de interiores pelo escritório OHMA Design, dos sócios Nicholas Oher e Paloma Bresolin, o local oferece diversas áreas

expositivas para ativações culturais, além de sala dedicada a talks. Idealizados sob o conceito de “esfera”, os ambientes internos remetem à fluidez do “pensamento fora da caixa” que conecta todas as áreas criativas. Algumas peças de design levam assinatura de escritórios paranaenses como a mesa Seixos collab entre OHMA e Esmo Design, o abajur Passo, do Estúdio Latino, e a poltrona desenvolvida pela OHMA em parceria com o Estúdio Latino. Na paleta cromática, tons vibrantes traduzem o ano de 2024 como pêssego, amarelo, verde, vermelho e azul. A Casa é o primeiro lugar a sediar o preview oficial da SP-Arte, maior feira de arte e design da América Latina, em uma capital fora de São Paulo, e terá bate-papo exclusivo com a galeria Simões de Assis. Segundo Cintia Peixoto, Publisher da Habitat, o lançamento da Casa se in-

tegra à nova fase de expansão da revista. Com a primazia de um conteúdo especializado nas esferas que impulsionam a economia criativa, a publicação se consolida como uma das mais importantes da região Sul do país. “Iniciamos um novo tempo, colaborativo, plural e inclusivo. A Casa nasce para gerar trocas e inovação, proporcionando cultura aos curitibanos. Como uma extensão da nossa revista, ela também inspira e conecta uma comunidade altamente qualificada, gerando conhecimento sobre as maiores engenhosidades que impulsionam o mundo”, afirma. A cobertura completa e o calendário de eventos serão divulgados nas edições ao longo deste ano e no Instagram @revistahabitat. Agradecimentos inauguração da Casa Habitat: Boulle, Antiquário Cristiano Ross, Brisa Casa Curitiba/Office Flex e Cristina Fontoura (ambientação).

Serviço Casa L´Espace | Habitat Endereço: Rua Alferes Ângelo Sampaio, 2222 De segunda à sexta-feira, das 13h às 19h

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habitat ARQUITETURA Com 596 m², esta residência na capital paranaense apresenta estrutura em L concreto armado. O paisagismo incorpora o desmoronamento de blocos de Mármore Branco Paraná como solução eficaz na contenção do declive

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A POTÊNCIA URBANA DE MARCOS BERTOLDI Arquiteto curitibano renomado na cena nacional, Marcos Bertoldi amplia o repertório ao mercado imobiliário vertical, adaptando sua assinatura estética e construtiva a concepções que convergem arquitetura, paisagismo e design autoral

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extensa bagagem de quatro décadas que consagrou Marcos Bertoldi no cenário nacional e o posicionou na lista dos 100 arquitetos mais influentes do mundo em 2010, pela revista americana Architectural Digest, se expande ao mercado de edifícios verticais. Reconhecido pela expertise em projetar residências, Bertoldi detém uma assinatura marcada por técnicas construtivas e estética contemporânea irretocáveis. Atmosferas minimalistas predominam, alçando a materialidade e correspondência volumétrica. Não por acaso, ele acumula premiações, participações em mostras e palestras realizadas ao longo de sua história. O arquiteto converge os mesmos preceitos - conceber edificações que valorizem o contexto urbano

Por Débora Mateus Fotos: Eduardo Macarios

alinhado à boa arquitetura e aos novos tempos -, à visão apurada que integra paisagismo, artes e design autoral. Segundo ele, a ideia é fortalecer e elevar ainda mais o nível destes empreendimentos verticais, em ascensão nos últimos anos. Além de projetos comerciais e residenciais na região Sul e São Paulo, Bertoldi assinou o Galerie em 2010, um dos primeiros edifícios em Curitiba a abrir caminho para construções similares. Convites para projetar prédios em Santa Catarina e no Paraná, como o recente Verdigris, levaram a intensificar a atuação na nova área. “Há um movimento em Curitiba, onde construtoras e incorporadoras buscam uma arquitetura mais arrojada, considerando arte e design. Isso impulsionou a busca por grandes escri-

tórios paulistas. Mas, é crucial valorizar também profissionais locais, fortalecer a cultura e o cenário arquitetônico regional”, enfatiza à Habitat. Projetar uma casa difere da concepção de um prédio, que é influenciada pela visão do mercado, incorporadores, construtores e moradores. No entanto, há similaridades, como o comprometimento ético e os preceitos de cada concepção, considerando a relação da paisagem com o entorno. “O cenário imobiliário mudou, buscando uma conexão entre edifícios, arquitetura e design. No entanto, muitas vezes, essa ligação se resume a estratégias de marketing. Apenas um arquiteto qualificado pode levar em conta a legislação e determinar o que é realmente possível, assegurando que essa integração aconteça de maneira efetiva”.

Construída sobre um terreno íngreme de uma antiga pedreira em Curitiba, a Casa da Encosta (2023) possui 1200 m² distribuídos em seis pavimentos. Destaca-se pela integração da arquitetura trapezoidal ao entorno, além das técnicas e materialidade que equilibram a verticalização

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habitat ARQUITETURA

Em Itajaí no condomínio à beira-mar, esta composição evidencia o uso de empenas cegas em mármore travertino, para garantir privacidade. Muxarabis, pátios a céu aberto e uma paleta minimalista de materiais, como mármore e madeira, são os principais elementos distintivos.

VISÃO AMPLIADA

A materialidade que diferencia suas residências, pode oferecer soluções criativas nos empreendimentos verticais, mantendo o equilíbrio comercial. “A arquitetura é uma forma de abordagem do espaço habitado que é mutante, está em constante adaptação à realidade contemporânea. Assim como os hábitos mudam, as técnicas construtivas também. As construções arquitetônicas fazem um espelhamento do Ethos, permitem conhecer a história, como a humanidade chegou até aqui. As condicionantes podem mudar, mas as questões essenciais se mantêm”. Na praia ou cidade, além das questões geográficas, suas residências se diferenciam por manter características

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No pátio externo, a perfeita integração com a natureza e o ambiente social é outro ponto alto. A atmosfera contemporânea ganha leveza com a entrada de luz natural

semelhantes como a integração paisagística, o uso dos mais diversos materiais – de concreto armado, pedras e madeiras a estruturas metálicas. Apresentam beirais amplos e ambientes avarandados, por vezes envidraçados, que remetem a uma vida ao ar livre. “Observe as casas projetadas por Jacobsen e Claudio Bernardes em São Paulo, elas preservam a assinatura carioca. A Casa das Canoas de Niemeyer é outro exemplo, poderia estar em qualquer lugar”. Exímio conhecedor da autoralidade, Marcos Bertoldi transfere suas aptidões para o design de interiores e, assim como em suas edificações, surpreende. O olhar plural esteve presente desde o início, quando estudante

de arquitetura ajudou os pais a adquirir as primeiras obras de arte e mobiliários de autor. No design brasileiro, destaca que os mestres modernistas de sua geração, em especial dos anos 1960 e 1970, como Oscar Niemeyer, Jorge Zalszupin e Ricardo Fasanello, que ao serem reeditados por marcas como Nucleon 8, ETEL e Dpot passaram a ter um maior reconhecimento a partir da década de 1990. A influência de contemporâneos como os Irmãos Campana, hoje referência na cena do design e com os quais participou de palestras, inspirou uma geração rica e vasta na cena contemporânea do design.


No living deste apartamento em Curitiba, peças de autor como a icônica Poltrona Alta de Anna e Oscar Niemeyer, reedição ETEL, mesas laterais de Fernando Mendes sobre tapete da Botteh, e desenhos em grandes dimensões de Francisco Faria

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habitat ARQUITETURA

Da esquerda para a direita, diálogo entre itens contemporâneos e modernistas. Aparador metálico revestido em lâmina de madeira, incrustado na parede assinado por Marcos Bertoldi Arquitetos e vaso cerâmica da Spiral para Ôda Design. Cadeiras Jorge Zalszupin e mesa Claudia Moreira Salles, da ETEL

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habitat ARTE

ERUDITO MORDAZ A história fascinante de Antonio Claudio Carvalho, artista brasileiro que furou a bolha da cena literária inglesa

Por Débora Mateus Fotos: Cortesia de Antonio Carlos Carvalho

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omo um alquimista cultural, o poeta e artista plástico brasileiro Antonio Claudio Carvalho, radicado no Reino Unido por quase cinco décadas, tece uma obra autodidata, enraizada no repertório profundo em diversas esferas: arte, literatura, filosofia e música. Sua narrativa multifacetada reimagina e reinterpreta, com licença poética irreverente, signos pictóricos e linguísticos de notáveis escritores, pintores e compositores como Anais Nin, Arthur Rimbaud, Henry Miller, Yves Klein, Piet Mondrian, Heitor Villa-Lobos e Mozart. Nomes que integram suas serigrafias das séries “Great Works of Art” e “More Great Works of Art” no acervo permanente do Museu Victoria & Albert em Londres. Além de “Zyklon-B: Let The Sun Catch You Crying”, que aborda as barbáries do Holocausto por meio de trabalhos baseados em fotografias. A serigrafia, técnica que dominou no Frans Masereel Centre, na Bélgica, é uma extensão experimental de suas pinturas. Verte na narrativa de fatura espontânea, cores vibrantes e tom político mordaz, ultrapassando as influências do expressionismo.

Carvalho expôs seus trabalhos na Inglaterra, Brasil, Bélgica, Estônia, China, Alemanha e Nova Iorque. Dotado de um conhecimento voraz sem nunca ter frequentado uma universidade, foi elogiado por críticos de prestígio como o francês Pierre Restany. “Se você não lê, você não pinta. O que aprendi sobre arte foi lendo e vendo. Em meus trabalhos homenageio os nomes que amo para retribuir o repertório que me ajudaram a construir. Quero despertar a emoção e questionar sempre”, revela à Habitat. Aos 18 anos, na repressão militar ao movimento estudantil brasileiro, o artista deixou o país, residiu em Paris por um ano antes de se estabelecer em Londres. Na cidade luz encontrou a escritora Anais Nin, na Cinemateca Francesa, onde ele passava as tardes para se esquentar nos dias de inverno ao mesmo tempo que assistia filmes. “Eu tive a audácia de falar com Anais. Reconheci de imediato, pois na época lia seus diários. Conversamos sobre a ditadura, ela comprou um trabalho meu e no dia seguinte fomos juntos a uma exposição de Yves Klein”. O encontro memorável foi eternizado em um vídeo, intitulado “Paris 1970 “, premiado na trienal de Tallin e que faz parte do acervo do museu Kumu Art, na Estônia.

Artists Against Wars (Artistas Contra Guerras)

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VERVE POÉTICA

Com devoção às expressões artísticas revolucionárias de seus heróis, os poetas americanos Beats como como Allen Ginsberg, autor de “Howl”, os franceses “malditos” como Arthur Rimbaud e Charles Baudelaire, além dos escritos crus e marginais de Charles Bukowski ou a arte abstrata do suíço Paul Klee, ele dignifica a contestação do establishment. Torna-se como seus heróis. Existe uma relação antagônica entre a complexidade erudita e os traços aparentemente simples, quase naïve, que alça uma percepção ampla. O humor agudo, por vezes melancólico, encontra um pouco de sopro no vértice de uma linguagem universal, que incorpora cartoons e uma caligrafia distintiva. A confluência entre poesia e artes plásticas sempre existiu. Quando a capital britânica fervia com a cena poética, o ar-

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tista brasileiro teve poemas publicados na Poetry Review editada por Eric Mottram, outro entusiasta dos Beats. Lançou ‘Building Upon Raga’ Shree’, de sua autoria e ilustrado por Opal L. Nations editor da renomada Strange Faeces. “Naquela época, se você não tocasse em uma banda de rock, tinha que editar uma revista, todas que surgiram eram fantásticas”. Em 2012, lançou a primeira das quatro séries de P.O.W, abreviação em inglês para Poesia, Oposição e Guerra destacando a primazia da poética concreta sob esses vieses. A publicação, inspirada na série Futura de Hansjorg Meyer, obteve reconhecimento internacional imediato. Chegou ao meio literário europeu e americano e faz parte da British Library. Incluiu autores consagrados com quem Carvalho trabalhou como Pierre Jorris. A participação de Augusto de Campos, instigada por dois livros presenteados por Bob Cobbing

e guardados por Carvalho, resultou na expansão de outras séries. Quanto aos novos projetos, um tributo a Philippe Vandenberg deve acontecer este ano. Envolverá um livro e mostra de serigrafias em parceria com o fotógrafo Jef Van Eynde, além de fotografias originais do estúdio do artista, intacto até hoje. “Philippe é um dos mais prolíficos, poéticos e ternos pintores europeus e estava confirmado para participar de uma experimentação que idealizei. Decidi que aquele projeto morreu com ele”. Antonio Claudio Carvalho demonstra sua proclamação pela imortalidade das expressões artísticas. Sua arte é visceral: quanto mais se olha, mais se enxerga, questiona e emociona. Em constante reinvenção, o poeta visual se torna como suas grandes paixões, a pintura e poesia - permanente.


Flowers for Picasso (Flores para Picasso)

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Mercredi je t´aime (quarta-feira eu te amo)

Tracey Emin dancing (Tracey Emin dançando)

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Anais Nin

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SAGACIDADE ENVOLVENTE Transitando entre abstração e f iguração, a artista escocesa Clare Andrews revela uma poética contemporânea hipnotizante

Por Débora Mateus Fotos: Cortesia Clare Andrews

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Trapped In The Abstract / Whalers

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o entrelaçar elementos figurativos e abstratos em uma narrativa poética de cores palpitantes e planas, a pintora escocesa Clare Andrews convida o espectador a desbravar tramas subjacentes. Seu processo criativo, originado na observação em referências fotográficas, desdobra-se de maneira fluida em obras comoventes e de grandes dimensões, que tornam-se marcantes. “Meu processo acontece de maneira orgânica. Essa fluidez faz com que a compreensão completa da obra se revele apenas ao final. Trabalho em séries sob uma temática comum. As ideias sur-

gem à medida em que exploro as diversas pinturas simultaneamente e incorporo elementos compartilhados. No entanto, cada composição é realizada de maneira distinta”, conta à Habitat. O relacionamento é um tema recorrente. Séries como “Crazy Love” e “Living In The Abstract” remetem, com tom irônico e reflexivo, aos desafios constantes para perdurar em longas relações. Clare Andrews é casada com o poeta visual Antonio Claudio Carvalho, ambos residem entre Brasil e Reino Unido, e mantêm uma relação artística bastante individualizada. Com ateliês separados,

o casal não abre seus espaços um ao outro sem convite, o que ocorre quando suas obras já estão concluídas. Durante a pandemia, Andrews criou “The Long Marriage”, incorporando as rachaduras douradas das cerâmicas usadas na técnica japonesa Kitsuné em várias pinturas, em apologia à valorização das imperfeições e o desgaste do tempo. “A paixão pela arte é uma constante muito forte entre nós. Para manter um casamento por tanto tempo, é preciso fazer concessões e superar desafios. Mas, no final, ao juntar as superações, pode surgir algo melhor”.

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Com formação acadêmica virtuosa, na Escócia e em Londres, Clare Andrews exibiu suas obras no Brasil, Reino Unido, Suíça, Estados Unidos e Portugal. O trabalho foi enaltecido por nomes do meio artístico como Mel Gooding, que reconheceu “a evolução para um nível de abstração de ressonância mais universal e simbólica”. Inserida no mundo das artes desde os 10 anos, impulsionada pela irmã, também artista plástica, Andrews aprendeu as técnicas na escola de Belas Artes no tempo em que ainda se estudava anatomia e as aulas eram feitas com modelos vivos, algo que ajudou a desenvolver sua habilidade plástica magistral. O tom político pode ser contemplado na série “Deeds Not Words”, que denuncia a opressão feminina vivida pelas Suffragettes de forma contemporânea, com a delimitação das áreas de abstração e figuração, numa paleta vibrante onde predominam roxo, verde e branco em apologia à bandeira do movimento su-

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fragista. A lista de artistas que a inspiram é extensa, contempla nomes como Brice Marden, Clyfford Still, Mark Rothko, Louise Bourgeois, Paula Modersohn-Becker, John Baldessari, Patrick Caulfield, Paula Rego, Édouard Vuillard, Adriana Varejão, Rosana Paulino, Lubaina Himid, Francis Bacon, Dorothy Fratt (que descobriu no Instagram durante a pandemia), entre outros. Segundo ela, as obras que mais aprecia são as desprovidas de similaridades com as suas, aquelas que “jamais poderia conceber”. Em 2024, a previsão é de realizar duas mostras individuais, com telas inéditas: na galeria Mercedes Viegas, no Rio de Janeiro e na The Gallery At Linlithgow Burgh Halls, Escócia. Com ebulição criativa impregnada em vividez, Clare Andrews transcende a plástica impecável, dá luz à sagacidade sensível de um panorama alinhado aos nossos tempos. Eterniza questões sociais com voracidade suave e hipnotizante.


Just Walkin’

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Living In The Abstract / Yellow

Deeds Not Words / Black Friday

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Miss Ballantine’s Unbroken Record

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habitat AVIAÇÃO

Condomínio FLY 357 tem localização nobre, na Jerônimo Durski

CONDOMÍNIO DE CASAS NO BATEL PRESERVA A HISTÓRIA DE CURITIBA NA AVIAÇÃO BRASILEIRA Lançado há um ano, o FLY 357 é um refúgio verde no epicentro da cidade e faz parte do legado inovador da família Boscardin Por Débora Mateus Fotos: Divulgação

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udo que está no plano da realidade já foi sonho um dia”, disse Leonardo Da Vinci, gênio que uniu arte e ciência. Esta máxima ressoa na concretização do FLY 357, primeiro condomínio de casas de alto padrão na nobre Jerônimo Durski. Lançado pelos sócios João Carlos Boscardin Filho - mais conhecido como Mini -, e Ricardo Meister, o empreendimento é fruto da paixão compartilhada pela aviação. Ocupa parte do terreno que

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abrigou a IPE Aeronaves, lendária fábrica de aviões criada pela família Boscardin no Batel. Palco de moradas que se diferenciam por elevar o padrão do bem viver, o empreendimento se difere pelo design contemporâneo, unidade estética, além da localização privilegiada. Projetado por escritórios arquitetônicos de prestígio como o MMA Studio e Arquitetare, o FLY 357 conta com paisagismo por Felipe Reichmann, discípulo de Burle Marx. Um verdadeiro refúgio

natural em plena cidade, que inclui área verde nativa preservada de 4 mil m², e está com metade das 15 unidades vendidas, segundo Ricardo Meister. “Começamos 2024 bem, fechamos mais uma venda. Apesar da mudança do governo ter impactado todo o setor imobiliário no primeiro semestre de 2023, nossa expectativa é muito positiva para este ano”, afirma. Ele é piloto assim como o sócio Mini, herdeiro da IPE Aeronaves.


Foto da antiga fábrica de aviões fundada por João Pessoa Carlos Boscardin na década de 1970

MODELOS QUE MARCARAM A AVIAÇÃO

O legado da família Boscardin na aviação brasileira é marcado pela fundação da IPE em 1972 por João Carlos Pessoa Boscardin, pai de Mini. Implantada na antiga chácara, serraria e serralheria no Batel, a empresa produziu mais de 300 aeronaves, incluindo 155 unidades do famoso Quero-Quero e 81 do Nhapecan, incorporadas à Academia da Força Aérea. A trajetória começou com o reparo de modelos para o Aeroclube do Paraná, como o biplano Fleet e o monoplano HL-6. Os primeiros planadores construídos foram o Grunau e Kranich, que fazem parte da

infância de Mini. “Lembro dos primeiros momentos aos 4 anos, ao lado do meu pai em um desses aviões. O primeiro planador que pilotei sozinho foi o Kranich, aos 14 anos”, conta o sócio do FLY 357 e herdeiro da IPE. Os contatos com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo, IPT, precursor na aviação brasileira, impulsionaram a empresa. Engenheiro como o pai, Mini aprendeu as técnicas construtivas, uso de materiais compósitos, incluindo os empregados na construção de foguetes, e um repertório histórico. O vasto

acervo documental permitiu mergulhar em histórias que poucos sabem. Como os maiores ases da Segunda Guerra Mundial nascidos em Curitiba. Destacam-se Pierre-Henri Clostermann, um dos maiores escritores sobre a guerra e integrante da Royal Air Force (RAF), Egon Albrecht e Cosme Lockwood Gomm, grandes pilotos da época. Cerca de 70% dos modelos da IPE ainda estão em operação no Brasil. “Fomos líderes na fabricação de planadores no país. Nossos aviões formaram milhares de pilotos e ainda são empregados em diversos aeroclubes brasileiros”.

Nhapecan um dos modelos mais vendidos pela IPE Aeronaves

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habitat AVIAÇÃO

INOVAÇÃO E CULTURA

Próximo ao condomínio de casas, o Instituo de Pesquisas Tecnológicas Ipetec foi criado por Mini para abrigar a fábrica de aviões e tem o objetivo de desenvolver projetos inovadores, promover a cultura e apoiar a formação de pilotos em colaboração com universidades. Parceira da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná, a instituição visa preservar o legado e fomentar a ino-

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vação. Além de iniciativas tecnológicas, Mini tem o sonho de criar um espaço museológico integrado com modelos de aeronaves e realidade aumentada, além de oferecer treinamento para estudantes. Entre os novos projetos o foco são os dois protótipos de tanques pulverizadores voadores de alta tecnologia, sem piloto, com 300 horas de voo e capacidade de cobertura 80 vezes maior que os drones, voltado a atender agricultores na Amé-

rica do Sul e África. Para Mini, o futuro da aviação está ligado à inteligência artificial, ele menciona o primeiro teste de voo autônomo do Cessna Caravan na Califórnia. Assim como Da Vinci, o engenheiro mantém a visão visionária do pai, persiste na busca de fazer perdurar a história de vanguarda que começou na terra das araucárias e atraiu especialistas globais.



habitat FOTOGRAFIA

Fotos capturadas pelo fazendeiro Ovídio Bittencourt Ribas em Ponta Grossa

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A DESCOBERTA DE UM FOTÓGRAFO INTERNACIONAL DOS CAMPOS GERAIS Fotos: Ovídio Bittencourt Ribas, acervo da família

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paixonado por fotografar e por aviões, o fazendeiro e inspetor federal de ensino, Ovídio Bittencourt Ribas, transmitiu seu fascínio ao filho Irajá Buch Ribas. Ainda menino, ele foi capturado em uma das imagens do pai, registradas pela câmera alemã Balda Super Pontura, próximo a um avião que sobrevoava a propriedade.

A imagem virou capa da revista Kodak, que publicou algumas das fotos enviadas por Ovídio e o presenteava com filmes para suas máquinas. Descendente de uma tradicional família que inclui Manoel Ribas, Ovídio não tinha intenção de fazer da fotografia um ofício. Para homenagear o olhar autodidata e artístico do fazendeiro, a Habitat apresenta

em primeira mão no país, as imagens concedidas pela família daquele cujo legado inspirou a trajetória de seu único filho homem, Irajá, paranaense formado no ITA, que desempenhou um papel fundamental na implantação da Embraer no Brasil e na Europa, ao lado de Ozires Silva.

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habitat FOTOGRAFIA

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Coluna SPECTRUM por Débora Mateus

Fluidez visceral na arte em argila Norma Grinberg, artista que vive em São Paulo, reflete sobre o diálogo de suas obras em exposição no MON com a vivência de quem as visita Fotos: Paula Morais

Obra da série Humanoides inspirada nas figuras cicládicas

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arte milenar da cerâmica, material que, como nenhum outro, proporciona inúmeras possibilidades, é a força de um experimento em mutação incessante – e, assim, libertador. Em ‘Perpétuo Movimento’, Norma Grinberg, renomada ceramista brasileira e professora sênior da ECA-USP, convida à exploração para indagações e interpretações incessantes. Cabe ao espectador desbravar este universo, por meio de suas experiências e vivências. Curada por Daisy Grisolia, a mostra, em exibição no MON até 25 de fevereiro, apresenta esculturas, painéis e instalações que incorporam as descobertas de Grinberg em suas vivências e contatos com diversas culturas. A artista plástica estabelece um diálogo com os visitantes por meio da narrativa poética, inspirada em elementos de linhas simples e puras do minimalismo e concretismo. Fluidez, transformação, o exercício de olhar para a alma, emergem desse movimento constante. “Cada ser humano é um universo e isso é grandioso. Para mim, o olhar do outro é o mais importante. Meus trabalhos não são lineares. Alguns deles se transformam em outra coisa depois de um tempo. É um modo contínuo”, revela Norma Grinberg à Habitat. Na exposição, a tridimensionalidade ganha uma dimensão etérea e imaterial em “Voos e Flutuantes”. Instalações como “Babel” exploram a conexão com a ancestralidade: a metamorfose da argila incorpora elementos como terra, céu, fogo e ar. Estruturas verticais e sobrepostas se alternam, exploram a conexão entre terra e céu. A diversidade sociocultural também marca presença em “Humanoides”. Segundo a artista, são figurações inspiradas nas cíclades gregas. “Criei esses elementos humanoides, inspirados na minha visita ao Museu de Arte Cicládica na Grécia. Em meu trabalho, eles só se equilibram apoiados uns aos outros. Temos que ter a alma colaborativa para alcançar a paz”, afirma. Nascida na Bolívia e radicada no Brasil desde criança, Grinberg chegou a estudar arquitetura, mas encontrou nas artes plásticas sua verdadeira paixão. Ela acumula diversas exposições e prêmios no país e no exterior. Influenciada pelos ensinamentos do encontro com Alberto Lema Pires, ceramista uruguaio, ela também incorporou a prática de instigar intervenções externas após ensinar técnicas e o ato de plasmar sobre o barro em sua atuação como professora. Suas aulas tornam-se um outro ato de perpetuar a carga poética da cerâmica. Residente em São Paulo, Norma Grinberg diz que seus trabalhos têm despertado crescente interesse de empreendimentos imobiliários interessados na intersecção entre arte e arquitetura, algo que coincide com suas exibições em amplos espaços externos. Em uma nova fase exploratória do desenho, paralela às criações em cerâmica, ela cita Paul Klee: “Uma linha é um ponto que saiu para passear, e desenhar é levar uma linha para um passeio”.

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habitat MUSICA

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jazz contemporâneo em Londres está em ebulição. A cidade se tornou um epicentro para uma abordagem fresca e vibrante desse gênero musical. Ao contrário do passado, onde a influência vinha majoritariamente dos Estados Unidos, agora, músicos britânicos estão na vanguarda, criando uma cena diversificada que atrai a atenção global. Se você se aventurar pelos clubes londrinos, onde os artistas em ascensão se apresentam, a experiência pode surpreender. Esse não é o jazz tradicional que muitos estão acostumados. Você encontra batidas dançantes, riffs hipnotizantes, influências de reggae, rock, eletrônica, soul e até mesmo rap. No entanto, se prestar atenção, ainda reconhecerá os elementos respeitáveis do jazz, como saxofones e trompetes, mantendo a vitalidade e a espontaneidade que caracterizam o gênero. O que torna o jazz britânico tão envolvente é a maneira como incorpora influências culturais específicas, singulares da capital inglesa. Esta cidade multicultural reverbera uma paisagem sonora distinta, moldada por forças históricas e padrões de migração exclusivos. Ao contrário do passado, onde os músicos britânicos tocavam essencialmente o mesmo jazz dos norte-americanos, atualmente percebe-se a reverência de uma herança pós-colonial, trazendo à tona sons e estilos anteriormente negligenciados e até marginalizados. Artistas como Alfa Mist, Kamaal Williams, Nubya Garcia, Shabaka Hutchings e Yussef Dayes personificam essa diversidade. Shabaka Hutchings, nascido em Londres, passou parte significativa de sua infância em Barbados antes de retornar à Inglaterra para estudar música. Hutchings é um dos expoentes no cenário jazzístico, sendo líder de grupos potentes como Sons of Kemet, Shabaka and The Ancestors e The Comet is Coming. Sua habilidade de entrelaçar influências do Caribe e África com elementos tradi-

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cionais do jazz, criando uma sonoridade única, o torna um dos músicos mais intrigantes e respeitados da atualidade. Por outra ótica de influências, temos a figura notória de Alfa Mist, conhecido por suas explorações melódicas no Hip Hop e R&B. Seus álbuns “Antiphon” e o mais recente “Variables” são jornadas introspectivas, onde ele habilmente en-

O artista Alfa Mist, conhecido por suas explorações no Hip Hop e R&B

Shabaka Hutchings é um dos expoentes no cenário do jazz, entrelaça influências do Caribe e África com elementos tradicionais do gênero musical

trelaça jazz, eletrônica e batidas urbanas. Promove assim, em sua abordagem experimental e emotiva, uma camada única à cena musical londrina. Já Kamaal Williams, filho de mãe taiwanesa e pai britânico, é outro nome de destaque (nesse cardume atípico de grandes figuras). Sua

fusão de influências interculturais, refletida em projetos como o denominado “Yussef Kamaal”, com Yussef Dayes, e seu projeto eletrônico “Henry Wu” revelam a riqueza da diversidade musical londrina. A habilidade de Williams de misturar elementos de jazz com ritmos eletrônicos e funk o torna um arquiteto sonoro inovador, abrindo novos horizontes para a cena contemporânea. Ao ouvir a música desses artistas, você encontrará uma fusão harmoniosa de jazz com afrobeat, reggae, soca, ska, funk e grime, muitos desses estilos vindos das ex-colônias britânicas localizadas na África, Ásia e Caribe. Essa mistura de influências desafia as abordagens puristas, revela uma música acessível e intensa, adequada tanto para salas de concerto formais quanto para clubes subterrâneos. A integração multicultural causada pela globalização desempenha um papel crucial nessa revolução musical. As influências da música global são evidentes, mostrando uma conexão profunda com tradições de diferentes partes do mundo. A música desses artistas não é apenas britânica, é a celebração de uma aldeia global de sons. O sucesso de álbuns como “We’re I’m Meant to Be” do grupo Ezra Collective ganhador do Mercury Prize em 2023, e “What Kinda Music” de Tom Misch / Yussef Dayes, destaca a resposta extraordinária do público a essa nova onda de jazz britânico que transcende fronteiras e alcança audiências diversas em todo o mundo. Em Londres, o jazz não está apenas evoluindo; está passando por uma catarse global. Uma revolução que ressoa além das fronteiras estilísticas, culturais e geográficas, afirmando que o jazz não está apenas vivo, mas floresce em novos e inesperados terrenos musicais. O jazz britânico é mais do que uma nota na partitura global; é uma sinfonia vibrante que ecoa as histórias e tradições únicas da diversidade londrina.


CURITIBA JAZZ SESSIONS Explorando os novos sons do Jazz Britânico Por Lucas Rodrigues Fotos: Divulgação

Kamaal Williams mistura elementos de jazz com ritmos eletrônicos e funk, abrindo novos caminhos para a cena contemporânea

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Coluna CALEIDOSCÓPIO por Isabela França

A linha de móveis Uapé, é um dos dois projetos do Solo Arquitetos premiados, marca a estreia do escritório na criação de peças de design. Foto: Divulgação

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PREMIAÇÃO DO IAB-PR Cerimônia realizada em Curitiba, revelou os projetos paranaenses vencedores do concurso do Instituto de Arquitetos do Brasil

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Paraná encerrou 2023 em terceiro lugar em número de inscrições, no concurso promovido pelo Instituto Brasileiros de Arquitetos, após Rio de Janeiro e São Paulo. A cerimônia de premiação realizada na sede do CAU-PR (Conselho de Arquitetura do Paraná) em dezembro pelo IAB-PR, apresentou os 8 projetos vencedores em três categorias distintas. Marcaram presença arquitetos de renome entre os jurados como Marcela

Abla, Igor Campos e Mario Figueiroa. De acordo com Luiz Eduardo Bini, presidente do IAB-PR, a meta em 2024 é alcançar a primeira posição. “Dobramos o número de inscritos em relação a 2022 e agora queremos ultrapassar São Paulo, ficando em primeiro lugar”, revela. Na Categoria Cultura Arquitetônica, venceu “O Livro do Patrimônio Histórico para Crianças de Zero a Cem Anos”, de Giceli Portela, Amana de Fernanda Di Benedetto Vieira, Ana Clara Poltronieri

e Tânia Farias. Em Interiores e Design, foram premiados “Apartamento Brigadeiro”, de Leandro Garcia e as propostas “Nova Despensa” e “Linha Uapé”, do escritório Solo Arquitetos. Por fim, na Categoria Edificações e Projetos, os vencedores foram o “Mercado Municipal de Ponta Grossa” do Austral Studio, a “Casa Lazer” da Watanabe Arquitetura, e o “Edifício Lapa” da Grimpa Arquitetos.

O Apartamento Brigadeiro, de Leandro Garcia, preserva memórias da morada e dos proprietários. Mobiliários assinados por Percival Lafer, Flavio de Carvalho e Geraldo de Barros, contrastam com elementos originais, como o parquet de imbuia restaurado. Foto: Fran Parente

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habitat MERCADO

PROJETO DE STEFANO BOERI NO NEPAL

O estúdio italiano Stefano Boeri Architetti revelou recentemente o masterplan do projeto para o Ramagrama stupa, importante espaço de peregrinação budista no Nepal. Além do centro de meditação, a proposta inclui a criação de dois enormes jardins, visando preservar a importância religiosa do local e a biodiversidade. Localizado no distrito de Parasi, o templo é parte integrante do patrimônio cultural da região, conhecida por abrigar várias relíquias de Buda. De acordo como arquiteto italiano, o projeto será um marco para a cultura da região. O objetivo é considerar as condições ambientais locais, respeitar as tradições arquitetônicas e priorizar a produção local de materiais. Foto: Divulgação

HOTEL LOUIS VUITTON EM PARIS

A construção do primeiro hotel da Louis Vuitton, em Paris, iniciada no final do ano passado, está causando burburinho. Localizado em uma área de 22 mil m² na Champs Elysées, o edifício será o maior da famosa avenida parisiense. A Louis Vuitton mantém segredo sobre o arquiteto responsável pelo projeto e os detalhes da construção, cuja conclusão está prevista para 2027. O desenho do prédio será um gigante baú da marca. O suspense em torno do empreendimento, que terá décor clássico e luxuoso, tem despertado grande interesse do público.

Foto: Divulgação/LVHM

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MAISON & OBJET 2024

Sob o tema Tech Eden, a edição comemorativa dos 30 anos da Maison&Objet, que ocorreu de 18 a 22 de janeiro, propôs a ideia de um futuro de equilíbrio entre tecnologia e natureza. Com uma abordagem holística que foca na tríade criação, inovação e sustentabilidade, o evento apresentou os últimos lançamentos e talks com nomes proeminentes do segmento. O Designer do Ano, Mathieu Lehanneur, conhecido por projetar a tocha dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, apresentou a proposta “Outonomy”, abordagem de vida mínima e ideal, integrando necessidades contemporâneas e tecnologias atuais.

Foto: Anne-Emanuelle Thion

NOVIDADES NA 37ª EDIÇÃO DA ABIMAD

A Abimad, principal feira de móveis e acessórios de alta decoração da América Latina, comemora 21 anos de história e resultados positivos em negócios na sua primeira edição de 2024. O evento realizado entre 30 de janeiro e 2 de fevereiro no São Paulo Expo, apresentou o melhor do design brasileiro e as últimas tendências do setor, reunindo 138 expositores distribuídos em uma área de 43 mil m². A Sala Vip teve assinatura mais uma vez do renomado arquiteto Leo Shehtman. Destaque para o Abimad Export, com rodadas de negócios internacionais, e o selo “Quality for Export” de capacitação das empresas associadas para o mercado global. A ABIMAD’37 contou com a participação de 60 associados, além de receber 150 importadores, oriundos de 23 países. Poltrona Aruana, Larissa Batista SOL Studio. Foto: Studio Majola

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PRÊMIO SALÃO DE GRAMADO DE DESIGN

Com inscrições abertas até o último dia 5 de fevereiro, o 2º Prêmio do Salão de Gramado de Design, considerado uma das principais premiações do segmento, deve anunciar os vencedores em uma festa de gala no dia 9 de junho de 2024, em Gramado (RS). A premiação é destinada a profissionais, estudantes, indústrias de móveis e novos talentos do Brasil e da América do Sul. Neste ano, são 10 categorias, com destaque para as novas “Vitrine de loja” e “Talentos Femininos em Ascensão”. Para mais informações, acesse: www.premiodesign.salaodegramado.com.br.

Foto: Divulgação

GALERIA BLOMBÔ

Foto: Divulgação

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A exposição “Do Acadêmico ao Contemporâneo” na Galeria Blombô, realizada na última semana de janeiro, reuniu obras significativas e raras de diversos movimentos da arte brasileira. Criações de artistas como Eliseu Visconti, Antônio Gomide, Alfredo Volpi, Iberê Camargo, Di Cavalcanti, Judith Lauand, Luiz Sacilotto, Manabu Mabe, Danilo di Prete, Vik Muniz, Nelson Leirner, Solange Pessoa e Anna Maria Maiolino, marcaram o 88º leilão de arte da Blombô, realizado ao final da mostra. O grande destaque foi a tela “Mastros e bandeiras” de Alfredo Volpi, datada de 1970, uma das obras mais emblemáticas do consagrado artista ítalo-brasileiro.


MODA INSPIRADA POR SERGIO RODRIGUES

Foto: Demian Jacob

Inspirada no legado de Sergio Rodrigues, a recente coleção da Handred, fruto da colaboração com o Instituto Sérgio Rodrigues, representa uma leitura contemporânea, mas nada óbvia, do designer modernista na moda. O diretor criativo André Namitala mergulhou no acervo do Instituto, explorando desenhos inéditos, croquis de móveis e estudos arquitetônicos como inspiração para as peças de roupas. Materiais como couro e madeira, características de Sergio Rodrigues, foram incorporados em tecidos, texturas e padronagens elevando a estamparia artesanal.

PLATAFORMA CIDADE FLORESTA

O Povo de Jupaú, também conhecido como Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia, acaba de receber um novo Centro Cultural e de Mídia projetado pela Plataforma Cidade Floresta, fundado por Anna Julia Dietzsch, da Arquitetura da Convivência, junto com Luis Octavio Farias e Silva, Clarissa Morgenroth e Paulla Mattos, da Escola da Cidade. O espaço, inspirado nas ocas tradicionais, abriga equipamentos como drones e computadores para preservar a memória e costumes locais. Além de servir como ponto de encontro entre aldeias Jupaús, outras etnias e visitantes, o Centro deve contribuir para criar resistência ao desmatamento. Foto: Anna Julia Dietzsch

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habitat ARTE

OLHAR PARA O NATURAL Por OHMA Design Fotos: Divulgação

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alentos da nova geração paranaense, os arquitetos Nicholas Oher e Paloma Bresolin conduzem o escritório OHMA em Curitiba, desde 2018. Reconhecidos pela assinatura contemporânea que soma

FLUIDEZ EQUILIBRADA

Fruto da colaboração entre a OHMA e o designer Mateus Dala Rosa, da Esmo Design, a mesa Seixos representa a síntese entre natureza e design contemporâneo. A peça que recebeu o prêmio “Novos Talentos Brasileiros Art & Design”, pos-

conceitos de arte e design, eles trazem uma seleção de itens que valorizam o meio natural, a materialidade e as formas orgânicas e curvilíneas. Peças autorais entre itens de décor e obras de arte criam uma composição leve e harmônica.

sui chapas metálicas de diferentes tamanhos que evocam a estética de pequenas pedras polidas. Com cortes arredondados, as peças são dispostas de maneira harmônica, trazendo sensação de movimento e equilíbrio. Mesa Seixos, OHMA e Esmo Design

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MOVIMENTO ESCULPIDO

Esculturas que mais parecem tecidos em movimento. Assinadas pela artista Natasha Bernardo, as obras da série “Despertar” ganham uma dimensão fluida e feminina. A força das formas e estrutura assume uma estética singular pelo jogo de luz e sombra.

FLOR RELUZENTE “A blooming and a booming” é a definição de Mathieu Lehanneur para sua própria linha de iluminação. O designer que trabalha com vidro, tecidos, metais e diversos materiais, criando peças icônicas, exerce um olhar orgânico e contemporâneo. O pendente Guernica, elaborado em cerâmica, é uma celebração à beleza da natureza.

DESIGN EM MÁRMORE

A série Five X Seven, collab de Budde design e Solid Nature, foi criada para valorizar a riqueza do mármore. Diferentes peças multifuncionais ganham uma

Escultura de Natasha Bernardo

Guernica, Mathieu Lehanneur

composição de personalidade marcante. Formas curvas fundem-se à linearidade da padronagem de diferentes pedras que realçam a cor.

FIVE x SEVEN marble offcut collection, Budde X Solid Nature

EMOÇÃO CRIATIVA

A designer e artista visual curitibana Luciana Gnoatto, cria imagens a partir de uma premissa emocional do ato de criar. Atenta aos detalhes, ela transforma cores, formas e símbolos que transitam entre o espaço físico e o digital.

Estrela, Luciana Gnoatto

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habitat ARTE TRANSPARÊNCIA ATEMPORAL

TRAÇO FLEXÍVEL

Cadeira Tom, Estúdio Latino de Design

O Estúdio Latino é um coletivo de design curitibano que desenvolve itens de mobiliário e iluminação em parceria com arquitetos e artistas. A cadeira Tom é assinada pelo designer Max Alan Kampa, que integra a equipe do estúdio. Com linhas simples, feita em madeira maciça e com encosto laminado, foi pensada para ser adaptável a diferentes composições, podendo ser produzida em outras cores.

REFLEXOS ANGULARES

Mesa Quebra-Sol, por Boscardin Corsi

Concebida pelos sócios Edgar Corsi e Ana Boscardin, do Boscardin Corsi, a mesa Quebra-Sol, faz referência ao modernismo, evocando o conceito de brise-soleil, como o próprio nome indica. Produzida com chapas laminadas de carvalho natural e elementos metálicos, a estética pode mudar de acordo com o ângulo pelo qual é observada.

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DESIGN EM FOCO CURITIBA

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scar Niemeyer dizia: “Para mim, o essencial é a vida, o abraço, conhecer as pessoas, promover a solidariedade, e refletir sobre um mundo melhor, o resto é conversa fiada”. Essa filosofia parece reverberar na nova geração de profissionais da arquitetura paranaense, que acreditam na valorização da produção local e colaboração coletiva. Conheça itens de mobiliário criados por profissionais de diferentes escritórios curitibanos para o Estúdio Latino de Design. Alguns deles, figuraram na última vitrine da Botteh Handmade Rugs Curitiba, assinada pela BST Arquitetura para evidenciar a riqueza artesanal dos tapetes da linha “Trans.bordar”, criação de SUÍTE Design.

Poltrona Celina, por BST Arquitetura

O cobogó (elemento vazado) é o ponto de inspiração da poltrona Celina, desenhada pelos arquitetos Guilherme Belotto, Camille Scopel e Thiago Tanaka, do escritório BST Arquitetura. De formas puras, a peça traz leveza e transparência pela estrutura quadriculada ao mesmo tempo que incorpora conforto e atemporalidade.

JOGO DE CONTRASTES

Banco Pipe, design de Giuliano Marchiorato na vitrine da Botteh Curitiba

Tubos de aço carbono, luz e sombra estão presentes no banco Pipe, desenhado por Giuliano Marchiorato. Feito de um único material é versátil: pode ser usado como banco ou mesa de apoio. Na composição criada pela BST Arquitetura para a vitrine da Botteh, o móvel cria um contraponto com formas e texturas do tapete da linha “Trans.bordar”, lançada na última SP-Arte.



Coluna SOBRE MORAR por Paula Campos

A pluralidade estética de um morador criativo e autêntico As casas contam as histórias de seus moradores, e nós contamos as histórias dessas casas. No “episódio” de hoje, o lar do Arquiteto Gustavo Scaramella Fotos: Aline Lima

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m um edifício discreto no Batel, fica um apartamento nada discreto. Seu proprietário, um arquiteto criativo e que busca a pluralidade em tudo o que faz, não mede esforços para transformar o lar em um espaço acolhedor com referências nada óbvias. Desde pequeno Gustavo Scaramella

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sempre foi inquieto e curioso. Sua mãe, professora de magistério, foi muito exigente e o condicionou a buscar sempre a perfeição. Mesmo já sendo um admirador ‘’do belo’’, seu repertório aumentou quando começou a estudar arquitetura. Desde então, nunca mais desligou o radar para qualquer referência que o pu-

desse inspirar. Segundo ele, “A essência do criativo é a referência’’ Natural de União da Vitória, Gustavo se considera um “curitibano com borogodó’’. Circula em diversos núcleos e lugares, o que o torna uma pessoa mais interessante e com histórias para contar.


POR TRÁS DAS CAMADAS CRIATIVAS

Um de seus segredos criativos é as diversas camadas que o definem como pessoa. Assim como sua personalidade, seu trabalho também é pautado em camadas, por meio de diversas texturas, cores e estampas equilibrando referências vintage e o estilo contemporâneo.

O APARTAMENTO

A história que o uniu ao seu apartamento, que naquele momento seria alugado, começou há mais ou menos 6 anos. Ao entrar, o arquiteto foi atraído pela copa das árvores e pelo vento leve que entrava pela janela. Dois anos depois, em uma fase em que pretendia comprar um imóvel para si e Theodoro, seu Pug, Gustavo fez uma oferta aos proprietários. Ele foi surpreendido com uma resposta positiva, o que tornaria aquele apartamento com vista verde, privacidade e cara de casa, seu definitivamente.

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Coluna SOBRE MORAR por Paula Campos

de onça, pintados por ele, a mesa lateral de acrílico, o rack da TV e diversos itens são exemplos que reforçam a ideia de que as coisas não são de momento, elas se reinventam ano após ano. Para equilibrar a decoração, ele mesclou peças em tons neutros como preto, branco e bege a outras mais ousadas como a poltrona LC2 de Le Corbusier, customizada com uma macro estampa com detalhes em vermelho. Essa combinação entre uma peça clássica de design e a padronagem ousada é a marca registrada do arquiteto, que gosta de colocar em seus projetos pitadas de humor e ousadia através de escolhas improváveis. Entre as peças que coleciona, o abajur Lalique dos anos 50 é uma de suas preferidas. Um objeto desejado por ele durante muito tempo, e que hoje tem lugar especial em cima da base de acrílico que já abrigou uma escultura. Outros móveis assinados como a Mesa Saarinen, as Cadeiras Bertoia, e a poltrona de Marcel Breuer se mesclam a itens vintage em perfeito equilíbrio.

PLURALIDADE & SINGULARIDADE

Em sua casa, o profissional se permitiu criar um espaço eclético e sem amarras, com uma diversidade de objetos e peças exclusivas com memória afetiva, garimpos em leilões, itens que trouxe das mostras de decoração das quais participou e até mesmo tecidos que comprou sem saber onde usar. Todas elas transformam seu apartamento em um cenário que conta a sua história. “Os espaços

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que surpreendem são de pessoas que tem uma história para contar’’. Os móveis e objetos são dispostos para que as peças possam mudar de lugar e função, pois para ele, as coisas devem ser perenes. As criações de Gustavo para as edições da CASACOR PR, por exemplo, já tinham lugar garantido em seu apartamento. Na sala, a composição de 38 quadros em preto e branco com estampa


No quarto, o cenário muda. A base permanece neutra em preto e branco, a tonalidade traz ainda mais aconchego e serenidade. A composição começa por um azul suave na parede e assim como na sala, as camadas criadas pelos tecidos e texturas enaltecem a seleção de peças com valor afetivo trazidas de viagem, ou de coleção. A cama é a protagonista, possui uma composição de enxoval interessante que poucos profissionais teriam a habilidade de misturar e que tornam este quarto um espaço autêntico. A mistura improvável de estampas como o xadrez, detalhes em azul, o linho em tom ocre e

uma cabeceira em cinza chumbo se destacam. Gustavo acredita que os ambientes têm muito poder sobre as pessoas; por isso, buscou fazer em sua casa escolhas singulares, que juntas, tornam o ambiente em algo único e cheio de detalhes. “Sendo maximalista ou minimalista o importante é contar uma história’’. Para este criativo arquiteto que não teve medo de arriscar para transformar sua casa em um espaço único e singular, morar é ter um espaço onde se sinta acolhido, para viver os bons e maus momentos ao lado de familiares e amigos e sentir que tem seu lugar no mundo.

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Coluna É DESIGN por Rodolpho Guttierrez

Prêmio Design for a Better World 2023 Revelando projetos transformadores no universo do Design Fotos: Aline Lima

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necessidade de promover práticas mais sustentáveis na concepção de produtos e serviços levou o Centro Brasil Design a estabelecer uma premiação com soluções de design impactantes para a sociedade em busca de um mundo melhor. Além da análise convencional de funcionalidade, estética e originalidade, a instituição também avaliou o impacto das inovações, considerando o uso de materiais,

a incorporação de mão de obra local e a preservação de tradições valiosas. Este enfoque não apenas presta homenagem a uma expertise singular, mas também representa um compromisso proativo em direção a um mundo melhor. Em um mercado saturado de produtos e serviços, a premiação destaca-se como um reconhecimento ao novo e ao construtivo. A terceira edição do “Design for a Better World Award 2023” anunciou 51

projetos, incluindo 19 cidades brasileiras e um de Uxbridge, no Reino Unido. A cerimônia aconteceu no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. O júri composto por 24 especialistas do Brasil e do exterior, analisou projetos em quatro áreas de atuação: design de produtos, serviços e embalagens; design gráfico, digital, UX/UI e comunicação; arquitetura e cidades; e conceito. Além de receber o Troféu Curupira, os vencedores do

O “Apartamento Varanda”, um dos vencedores, criado por Estudio Guto Requena em colaboração com Foco Luz e Desenho, Juliana Freitas, Harmonia Acústica, Noise, I2N e JUNTXS.LAB. O projeto transforma um espaço urbano em uma floresta urbana, combinando tecnologia e biofilia em São Paulo

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DFBW Award 2023 passam a utilizar o selo da premiação, integram um ebook bilíngue, recebem divulgação pelo Centro Brasil Design (CDB) e são indicados para participar de palestras e eventos. Adicionalmente, têm acesso a uma rede de parceiros nacionais e internacionais. Letícia Castro, diretora superintendente do Centro Brasil Design, conta sobre a essência propositiva da premiação: “Queremos mostrar o que pessoas e empresas têm desenvolvido com o objetivo de melhorar a sociedade em que vivemos. Estamos orgulhosos com a quali-

dade das iniciativas”. A próxima edição do Design for a Better World Award está programada para maio de 2024. O DFBW Award, lançado em 2021, promove boas práticas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), desde 2018, e às diretrizes ESG. Com 24 anos de atuação, O Centro Brasil Design, conecta pessoas, governo, empresas e criativos, promovendo a importância do design e da inovação para o desenvolvimento econômico, social e a responsabilidade socioambiental. Conheça alguns dos projetos vencedores, em 2023. Troféu Curupira, uma estatueta do DFBW Award, personalizada pela designer Ana Couto

Projeto de interiores do Hotel Canopy by Hilton São Paulo Jardins

O Edifício Stella, projetado por Croce, Aflalo e Gasperini em 1960, passou por um retrofit para se tornar o Hotel Canopy by Hilton Jardins, em São Paulo (SP). Inspirado na arquitetura, design e

características da cidade, o projeto celebra a influência de grandes nomes como Paulo Mendes da Rocha, Lina Bo Bardi e Oscar Niemeyer na região.

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Coluna É DESIGN por Rodolpho Guttierrez

MEMORIAL BRUMADINHO - ESPAÇO MEMÓRIA O Memorial Brumadinho é fruto da colaboração entre Greco Design, Gustavo Penna Arquiteto & Associados, Blackletra Type Foundry e LEED Comunicação. Um espaço dedicado à lembrança das vítimas do trágico rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho

HOGAR - LUMINÁRIA ACÚSTICA

A luminária Hogar, criada pela OLA Luminárias Acústicas e Mush Eco (Ana Paula Laronga, Maria Manuela Estupinan, Eduardo Sydney e Leandro Oshiro), é uma peça de design inovadora, e pensada para seu ciclo completo de vida. Feitas com micélio, parte vegetativa dos

cogumelos, suas cúpulas são 100% biodegradáveis em contato direto com solo ou água. A logística da Hogar é circular, com um sistema de retorno de peças para reutilização, enfatizando o impacto ambiental positivo do projeto.

TAPEÇARIA FLORESTA EM FESTA

O projeto “Tapeçaria Floresta em Festa”, realizado por Trapos e Fiapos, coletivos de fibras da comunidade de Santa Rita, Teresina (PI), e tecelões de tranças de taboa, vai além de simples adornos. Essas tapeçarias artesanais, feitas à mão, não apenas embelezam ambientes, mas também contam uma história social e

MÓVEL FUNCIONAL COM DUBAC (BIOTECIDO)

Desenvolvido por Estofados Jardim e Dumeio Sustentável, consiste em uma mesa de madeira maciça estruturada com DuBac, um tecido bioleather fabricado por bactérias. Este biotecido, produzido com nanotecnologia na indústria brasileira, é sustentável, de fonte reno-

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(MG) em 2019. O projeto arquitetônico é uma jornada pelas memórias, com sua morfologia em trincheira incentivando a introspecção. A perspectiva direta e impactante guia o olhar, evocando a sensação de vazio deixada pela tragédia.

vável e livre de crueldade animal. Com uma pegada hídrica e de carbono reduzida, une ciência e natureza. Um projeto que mostra o potencial promissor da biofabricação, abrindo caminho para um futuro mais sustentável e inovador no design de móveis.

ecológica. Produzidas por artesãos locais, preservam a tradição ancestral da tecelagem, mas também impulsionam o desenvolvimento econômico da região de Santa Rita. O projeto proporciona emprego digno, melhorias habitacionais e educacionais para mais de 60 famílias, transformando vidas.


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habitat publi GT BUILDING

Morar a 15 minutos dos melhores pontos da cidade GT Building lança guia digital para o Atlân, empreendimento a poucos passos da praça do Japão, inspirando mobilidade urbana, qualidade de vida e sustentabilidade

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magine morar a 15 minutos a pé de todos os lugares que você precisa. Essa é a concepção do Atlân, mais novo empreendimento da incorporadora paranaense GT Building. Localizado estrategicamente entre os bairros do Batel e Água Verde o edifício simplifica a vida dos futuros moradores. Desenvolvido sob a perspectiva de “Cidade de 15 minutos”, o projeto foi concebido para diminuir a dependência dos carros, desafogar o tráfego e, de quebra, neutralizar as emissões de carbono. Essa visão ganha ainda mais relevância com o guia digital, ferramenta inovadora que acaba de ser lançada e demonstra aos futuros moradores tudo o que é possível fazer à 15 minutos de distância. São mais de 50 opções, o que transforma cada passo em uma descoberta. As melhores padarias, restaurantes, supermercados, escolas, cafés, feiras, e muito mais. “Procuramos conhecer muito bem o entorno de cada um dos nossos empreendimentos para apresentar aos nossos clientes, mas dessa

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A VIDA A PÉ A proximidade da Praça do Japão é um convite diário para uma vida equilibrada entre a movimentação urbana e o relaxamento. Afinal, em qual outro ponto da cidade é possível viver uma experiência tão completa a poucos passos? Praça do Japão: 6 minutos Empório Kaminski: 3 minutos Clube Curitibano: 8 minutos Restaurante Barolo: 3 minutos Festval República Argentina: 8 minutos Pátio Batel: 12 minutos Academia Be Happy: 6 minutos The Coffee: 7minutos Farmácia Nissei: 3 minutos Feira Notura / Água Verde: 1 minuto

Aponte a câmera do celular para conferir o Guia de 15 minutos do Atlân

vez fomos além. Fizemos um estudo das ofertas da região com base no tempo de caminhada, incentivando as pessoas a refletirem sobre a praticidade e o prazer de curtirem a região a pé”, destaca a Gerente de Marketing, Fernanda Viana.

CONHEÇA O ATLÂN

No Atlân, a sustentabilidade não é apenas uma palavra de ordem, é um estilo de vida. Além de neutralizar a emissão de carbono gerado durante a construção, investindo em um projeto de conservação da SPVS na Mata Atlântica, o empreendimento conta com um projeto arquitetônico contemporâneo. Oferece uma variedade de escolhas que refletem a diversidade de gostos e estilos de vida em apartamentos de 105 a 122m2, amplos apartamentos garden de 184 a 224m2, ou coberturas duplex de 232 a 280m2.

Para conhecer: https://atlan-gt.com.br


GRAND MERCURE CURITIBA RAYON

habitat publi

Garanta uma experiência inesquecível

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Grand Mercure Curitiba Rayon está na Rua Visconde de Nácar, 1424, no coração da capital paranaense. São quase 13 mil metros quadrados em 18 andares e 159 apartamentos (sete suítes). O hotel ainda oferece espaço fitness, sauna e SPA, salas de evento e dois renomados restaurantes. O Garbo Restaurante conta com menu brasileiro contemporâneo de alto padrão. Funciona diariamente, das 12h às 15h e das 19h às 23h. Sua capacidade é para 80 pessoas. Informações pelo (41) 3532 0150. Já o Hai Yo tem a melhor comida asiática da cidade e está sob o comando do chef Lucas Coelho. Entre segundas e quintas, funciona das 19h às 23h30; sextas, sábados e feriados, das 19h à 0h30. Sua capacidade é para 56 pessoas. Informações pelo (41) 9-9961 1599. O hotel ainda conta com cinco ambientes para eventos, reuniões corporativas e festas.

Mais informações: (41) 3151 9973.

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Coluna INSTAGRAM por Cristina Fontoura

EXPERIÊNCIA FASANO ITAIM

Instagram Tem Habitat também no Instagram. Siga, curta e compartilhe nossas notícias sobre arte, cultura, arquitetura e decoração no Brasil e no mundo @revistahabitat

Entre neste novo projeto de Marcio Kogan com o escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos que dá continuidade aos traços clássicos da herança italiana da marca, acrescentando a eles elementos contemporâneos – design de interiores e arquitetura respectivamente. Nele, está a segunda unidade do restaurante Gero na capital paulista. Intimista, você encontra personalidades do mundo dos negócios e habitués locais. O rooftop é agradável com a sensação “cheguei na Bahia”, charme dos materiais utilizados e uma piscina aquecida. À noite, é aberto ao público, com DJ em um ambiente para lá de cool. Se estiver hospedado, deleite-se no conforto do

lençol egípcio e chocolatinhos deixados a cama. Café da manhã como deve ser, com muita qualidade e variedade e uma vista para a pequena rua lateral, com muitas plantas; sinta-se em casa, esta é a mensagem. No final da tarde chegue ao Fasano Jardins, primeiro hotel da rede, e faça um happy hour no lobby bar projetado por Isay Weinfeld e Márcio Kogan. O hotel traduz um desejo antigo do restaurateur Gero Fasano de criar um hotel com personalidade e excelência. Assim o fez.

O balneário uruguaio, com excelente gastronomia, lojinhas e pousadas de luxo. Foi onde Robert Kofler, jogador de polo austríaco, se encantou e decidiu construir a Ayana, pousada sustentável inaugurada em 2020. Ao lado da pousada, está a obra o Ta Khut, de Turrell , que em egípcio antigo significa “a luz”. A luz é sua matéria prima; o céu, sua tela. O site oficial é Skyspace , uma série de trabalhos comissionados que Turrell já fez pelo mundo, em coleções privadas e públicas – todas únicas e diferentes entre si. Para o trabalho em José Ignacio, ele construiu algo semelhante a um templo, que fosse o elo de conexão entre a terra e o céu. Kofler pediu a Turrell para esculpir uma fatia do céu dentro de

uma estrutura circular com 9 metros de diâmetro e 7 metros de altura feita com mármore puríssimo. O visitante vê o céu uruguaio através do círculo vazado na redoma de pedra branca, que muda de cor a cada 30 segundos, conforme as cores e na ordem escolhida por Turrell. A cor da redoma funciona como um globo ocular e influencia como se percebe o céu, que vai se alterando a cada troca de cor. O Ta Khut ganha vida duas vezes ao dia – durante o nascer e no pôr do sol. Turrell pede para que a experiência dure 45 minutos, não seja fotografada, e que o número de pessoas seja limitado. INOLVIDABLE!

@fasano, @gerofasano, @isayweinfeldarq, @mkogan27, @aflalogasperini_arquitetos @jhsfinstitucional | Fotos @cristinafontoura

JOSÉ IGNACIO

OBJETS NOMADES

Desde 2012, a Louis Vuitton convida designers famosos de todo o mundo a imaginarem móveis experimentais e funcionais e objetos de design para a coleção Objets Nomades. Cada objeto de edição limitada ultrapassa os limites para mostrar a atenção da Maison ao trabalho artesanal complexo e à inovação criativa.

@skyspace_takhut Por @cristinafontoura

Alguns dos designers mais famosos do mundo criaram Objets Nomades para a marca como India Mahdavi, Marcel Wanders, Fernando e Humberto Campana, atelier oï, entre outros. Os Objets Nomades da LV estão em exposição nas lojas da marca. @lvmh, @atelier_oi | Fotos: @cristinafontoura Origami Flowers por atelier oï e Bancos por atelier oï.

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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

INC O Hospital INC celebrou 20 anos de fundação com uma festa memorável no Castelo do Batel. O evento reuniu 400 pessoas, entre médicos, funcionários e parceiros. Na foto da diretoria do INC, Dr. André Giacomelli, Dr. Ricardo Ramina, Patrick Ramina, Regina Montibeller, Dr. Murilo Meneses, Cláudia Meneses e Vanderlei Santos. Foto: Celso Pilati.

DESJOYAUX Simone e Gerônimo Machado, diretores da Desjoyaux Piscinas, celebram o momento em que a renomada líder mundial em piscinas de concreto se consolida também no Brasil. Os dois são também responsáveis por trazer para Curitiba a marca de mobiliário externo de alto padrão Tessaro Home & Garden. Foto: Divulgação

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GT COMPANY O empresário Geninho Thomé reuniu parceiros, investidores e colaboradores da GT Company para celebrar os bons resultados e apresentar os desafios da holding para 2024. Na foto, os sócios da GT Home & ABC, Thiago Cabral, Geninho Thomé e Abelardo Benigno, com o diretor executivo da GT Company, Alysson Sanches, e o CEO da GT Home & ABC, Marlon Rocha. Foto: Valterci Santos

DANIELA BARRANCO OMAIRI A arquiteta Daniela Barranco Omairi tem especialização em design de móveis em Florença, Itália, e MBA em Projetos para Ambientes de Trabalho pela Mensch&Büro-Akademie, na Alemanha. Seu escritório dedica-se à elaboração de projetos focados na qualidade de vida, por meio de soluções diferenciadas que transmitam conforto, segurança, bem-estar e sofisticação. Foto: Divulgação

ROGER FRANÇA O designer de interiores Roger França, que atua não só com projetos residenciais e comerciais, tem um trabalho reconhecido de consultoria voltado para o lojista, onde ele cuida desde a curadoria, montagem de showroom e assina vitrines exclusivas, trazendo seu olhar clínico e transformando showrooms em verdadeiras experiências para clientes e profissionais. Foto: Divulgação

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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

PIEMONTE A atriz paranaense Maria Fernanda Cândido desembarcou em Curitiba exclusivamente para a convenção de vendas do Piemonte Qoya Residence, primeiro residencial com assinatura Curio Collection by Hilton da América do Sul. Na foto, o diretor-presidente da Piemonte, Filipe Demeterco, o diretor-presidente da HCC Hotels, Elias Rodrigues, a atriz Maria Fernanda Cândido, o diretor sênior de operações da Hilton no Brasil, Leonardo Lido, e a diretora de incorporação e novos negócios da Piemonte, Silvia Soares. Foto: Gus Wanderley

ADEMI-PR O diretor de desenvolvimento imobiliário da incorporadora MDGP e fundador da Huma Engenharia, Thomas Gomes, é o novo presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), gestão 2024-2025. Engenheiro civil, Thomas tem mais de 10 anos de atuação no mercado imobiliário, passando por diversas experiências desde engenharia de obras, controladoria, financeiro e contabilidade. Foto: Divulgação

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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

ARTEFACTO Versatilidade, utilização in & out e durabilidade. Três características fundamentais na cena do design contemporâneo orientaram as escolhas dos designers Roberto Cimino e Nelson Amorim no desenvolvimento da coleção In∞Out, para a Artefacto Beach & Country. A linha é a quarta assinada pelos designers para a marca, composta por móveis para ambientes internos, externos, ou ainda, de utilização híbrida. Foto: Divulgação

RODOLFO FONTANA As águas azuis do Caribe foram o cenário escolhido para o aniversário do arquiteto Rodolfo Fontana. O badalado Eden Rock de St Barths foi o local de seu jantar de celebração entre amigos. Foto: Divulgação

HELLEN GIACOMITTI A designer de interiores Hellen Giacomitti inicia o ano com o escritório com muitos projetos não só em Curitiba mas em várias cidades brasileiras. As perspectivas, segundo ela, são as mais promissoras para todo o ano de 2024. Foto: Divulgação

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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

ALTMA INCORPORADORA A ALTMA Incorporadora foi selecionada pela Organização Mundial das Nações Unidas, para aderir ao Pacto Global da organização e seus compromissos em prol das áreas dos Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e combate à corrupção. A empresa é a primeira incorporadora curitibana na categoria de mercado imobiliário a firmar o compromisso com a ONU. Na foto, a equipe da ALTMA, liderada pelo engenheiro Gabriel Falavina Dias. Foto: Divulgação

FERRAGAMO PORTO A PORTO Os irmãos e diretores da Porto a Porto, Fernando e Pedro Corrêa de Oliveira, a gerente de marketing Camila Podolak e o diretor comercial, Hugo Sola, comemoram os 25 anos da importadora curitibana. Foto: Cassiano Rosário

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A Ferragamo recebeu amigos da marca e convidados especiais para celebrar o sucesso da primeira pop-up store e beach club da marca italiana em solo baiano, na icônica Pousada Estrela D’Água em Trancoso, Bahia. Na foto, o RP Felipe Casas, Rodrigo Mascaretti, country manager da Ferragamo no Brasil e Michelle Jamur, proprietária da multimarcas curitibana Namix. Foto: Divulgação



Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

PLAENGE O diretor da Plaenge, Fernando Fabian, em visita ao decorado do Horizon, mais novo empreendimento da construtora. Localizado na Ecoville, o edifício é o 41° empreendimento da Plaenge na região de Curitiba. São 24 pavimentos em uma torre única, implantada em um terreno face norte, que privilegia a entrada de luz solar nos apartamentos. A decoração acompanha as últimas tendências da arquitetura de interiores no Brasil e no mundo. Foto: Divulgação

VANESSA SCHMIDT Vanessa Schmidt é a arquiteta que está à frente do escritório Blanc Arquitetura há mais de 20 anos no mercado de Balneário Camboriú (SC). Especializado em arquitetura de interiores, o escritório desenvolve desde o projeto até a execução final. Com vários modelos de serviço, atende todos os públicos, e a equipe de profissionais está sempre atenta às necessidades dos clientes. Foto: Divulgação

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ZANINI DE ZANINE O designer carioca Zanini de Zanine, um dos grandes nomes do mobiliário no país, reuniu sua extensa produção de 20 anos de percurso criativo em um livro que conta sua trajetória. Em Curitiba, o livro foi lançado na loja Vanessa Taques Casa, que comercializa as obras do artista na cidade. Na foto, o arquiteto Jayme Bernardo e Zanini de Zanine. Foto: Divulgação



Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

LIVRARIA DA VILA Ary Polis Jacobs e Renan Mutao, sócios do Studio Architetonika Nomad, um dos mais prestigiados escritórios de arquitetura da capital paranaense, foram conferir os novos livros de arte importados pela Livraria da Vila do Pátio Batel. Na opinião dos profissionais, livros bem escolhidos são parte importante na finalização de qualquer bom projeto de decoração. Foto: Divulgação

NÚCLEO PARANAENSE DE DECORAÇÃO Priscila Fleischfresser é a nova presidente do Núcleo Paranaense de Decoração para o período de gestão de 2024 e 2025. Sua experiência e reconhecimento na direção da Michelangelo Mármores do Brasil a destacam como uma líder dedicada a fortalecer laços com profissionais da área e lojistas. Foto: Divulgação

W INVESTMENTS A W Investments Assessoria Imobiliária reuniu 13 incorporadoras e construtoras em uma campanha inédita em Curitiba, com a venda dos imóveis revertida em cashback no Pátio Batel. Na foto, os irmãos sócios-fundadores da W Investments, Andréa Zapparoli e Rodrigo Camargo. Foto: Divulgação

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IDEE INCORPORADORA Fotos: Patrícia Klemtz

Recebidos por uma grande escultura de Alfi Vivern, os 300 convidados do evento de entrega do Edifício Jardim celebraram a arte, o design e a arquitetura de Curitiba. Clientes e parceiros da IDEE Incorporadora tiveram a experiência completa das áreas de lazer do empreendimento, tendo mobiliário brasileiro assinado e obras de grandes artistas locais como pano de fundo. O edifício Jardim, a poucos metros do Museu Oscar Niemeyer, cumpre sua maior vocação: ser um espaço de liberdade, prazer e bem-estar a partir da valorização da arte, do design, da arquitetura e da natureza. Cristina Nacli, Fernanda Cassou Nacli, Jorge Nacli, Andre Nacli e filhas

Fernanda Cassou Nacli, Beto Cesar e Pedro Amin

Alfi Vivern

Zilda Fraletti, Eduardo Bragança e Carlos Cavet

André Mendes

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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

Evento De Inauguração Casa L´Espace Habitat Fotos: Carol Prohman

Cinthia Cantergiani, Renato Sartori e Cintia Peixoto, sócios da revista Habitat, e Alessandra Nogueira Sartori

Eviete Dacol, proprietária da Inove Design

Parte da equipe da revista Habitat: Débora Mateus, editora e diretora de conteúdo; Cintia Peixoto, publisher; e Paula Campos, colunista

Cintia Peixoto, Ravhena Frossard, gerente de marketing e Mariane Caponi, consultora da MCF

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Alexandre Dely, da L´Espace Incorporadora, e os sócios da Cron Luiz Henrique Nogueira e Luciano Plugge Freitas, parceiros da L´Espace. Ao centro, Melissa Freitas e Angelo Bucci, fundador do SPBR Arquitetos



Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

Regina Rocha e o casal Bruno e Jéssika Pinheiro, diretores da Idélli Curitiba

Cintia Peixoto e a empresária Marcia Almeida

Sonia Elias, proprietária da Ton Sur Ton, Cintia Peixoto, Francis Meister e a secretária de Cultura do Paraná, Luciana Pereira Casagrande

Cristina Fontoura, social media da Habitat e responsável pela produção do evento, Cintia Peixoto, os arquitetos Marcos Bertoldi e Nicolas Oher

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Cintia Peixoto e Aline Eufrásio, gerente de marketing Gadens Incorporadora



Coluna PONTO DE VISTA por Salvador Gnoato

Arquitetura e contracultura

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espírito de liberdade e contestação, características da contracultura na Califórnia dos anos 1960 e 1970, produziu vários clássicos do rock. Além disso, apresentou nas comunidades hippies

abrigos construídos com materiais alternativos, contrapondo-se ao racionalismo da arquitetura modernista. Em Curitiba, o arquiteto Osvaldo Navarro reutilizou antigos postes de madeira para construir a sua casa em um lote com bosque natu-

ral, utilizando encaixes característicos das casas de troncos da imigração polonesa. Dentro da vertente “organicista”, a madeira contrasta com muros de pedra, a residência possui seus espaços dispostos de forma circular em diversos níveis.

Setor de Projetos IPPUC, Mauro Magnabosco 1995. Foto: Filipe Leiria

Outra premissa da contracultura é a relação com a natureza, a aversão por produtos industrializados e a valorização do artesanato. A experiência de visitar a Unilivre começa por um passeio pelo bosque, passando por um lago com uma pedreira desativada, dando acesso a uma rampa circular, onde estão localizadas as salas de aula, tendo ainda como ponto final um mirante para a cidade. Para instalar o Setor de Projetos do IP-

Unilivre, Domingos Bongestabs 1992. Foto: Filipe Leiria

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PUC, Mauro Magnabosco reciclou uma antiga serraria existente no terreno. Com isso, ele aproveitou as paredes de tábuas com mata-junta e as telhas francesas, acrescentando esquadrias com desenho inspirado na logomarca do Instituto e incluindo ainda, um painel comemorativo de seus 30 anos. A linguagem arquitetônica destes projetos desdobrou-se em inúmeras obras em Curitiba desta época.

Salvador Gnoatto é arquiteto e urbanista pela UFPR, mestre e doutor pela FAU-USP e professor titular do curso de Arquitetura e Urbanismo na PUCPR.




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