

arquitetura | arte | design







FORÇAS DA CONTRADIÇÃO
No vórtice da mente de Bjarke Ingels, nada é fortuito. Projetar paradoxos é reimaginar futuros - na Terra ou em Marte. Ao deslocar certezas, seus oxímoros erguem novas formas de pensar como devemos habitar os horizontes que se desenharão nas próximas décadas. Nossas páginas desbravam o limiar dessas interseções cruciais. Dos projetos paisagísticos cocriados com a natureza, que marcam o percurso de Luiz Carlos Orsini, à arquitetura de Solano Benítez no Centro Pompidou Paraná, que enlaça materialidade, território, cultura e coletivo. A estreia da Foster + Partners no litoral
Expediente
Publisher: Cíntia Peixoto|cintia@revistahabitat.com.br (41) 99225-7610|Comercial: Regina Rocha|(41) 98848-1950
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Edição e direção de conteúdo: Débora Mateus debora@dmcomunicacao.com
Revisão: Paula Batista – Lide Multimídia
Direção de arte: Igor Dranka|igor@revistahabitat.com.br
catarinense delineia-se como nova proposição: inserir o meio natural no centro da experiência de luxo do setor imobiliário. Até as perspectivas forjadas nos maiores eventos de arte do segundo semestre - como a Bienal de São Paulo e a SP–Arte Rotas -, dão voz à consonância entre memória ancestral e os encontros do Sul Global. No atrito das contradições, o senso crítico brota em um novo espaço-tempo. Seria este o ensaio para a nova era espacial? Boa leitura!
Débora Mateus, Editora e diretora de conteúdo
Colunistas: Paula Campos (Coluna Sobre Morar), Rodolfo Guttierrez (Coluna É Design), Cesar Franco (Coluna Conexão), Paula Abbas (Coluna Ponto de Vista)
Créditos: Petra Kleis
Redes sociais: Trentini Comunicação
Impressão: Maxi Gráfica e Editora LTDA. maxigrafica@maxigrafica.com.br
Marca registrada: Capelatto Marcas e Patentes
Bjarke Ingels | Foto: Blaine Davis








Revista
habitat
Número 28 | Outubro e Novembro de 2025
CAPA.
Entrevista exclusiva com Bjarke Ingels, um dos maiores expoentes da arquitetura na cena global
SP-ARTE ROTAS.
Os marcos da 4ª edição da SP–Arte Rotas, propulsora da arte brasileira e latino-americana
PAISAGISMO.
Luiz Carlos Orsini em conversa exclusiva: um dos maiores nomes do paisagismo no Brasil
FOSTER+PARTNERS EM ITAJAÍ.
Os detalhes por trás do residencial inédito projetado pela Foster + Partners no Brasil, liderado pela incorporadora Müze na Praia Brava
64
BIENAL DE SÃO PAULO.
Os destaques da 36ª edição da Bienal de São Paulo, a mais relevante mostra de arte contemporânea do Brasil, aberta ao público até janeiro de 2026
70
CENTRO POMPIDOU PARANÁ.
Solano Benítez fala com exclusividade à Habitat sobre o projeto que assina para o futuro museu em Foz do Iguaçu
76
COLUNA SOBRE MORAR.
Conheça o lar de Nitsa Vianna
84
COLUNA É DESIGN.
O designer paranaense David Tessler conquista espaço no cenário nacional
88
NOTAS DE MERCADO.
Um giro pelas principais notícias nacionais e globais
96
COLUNA CONEXÃO.
Cobertura social dos eventos de Curitiba

PARA DOXO DE UMA NOVA ERA
Um dos mais visionários arquitetos do mundo, Bjarke Ingels transforma tensões e complexidade em obras que reinventam a cena contemporânea
Por Débora Mateus

O museu de arte The Twist, na Noruega, foi erguido em torno de um antigo moinho. Concebido como um feixe torcido em 90°, atravessa o rio e funciona ao mesmo tempo como ponte escultural Foto: Laurian Ghinitoiu
Conjurar a arquitetura em uma era cambiante sem precedentes tornou-se rotina para o dinamarquês Bjarke Ingels. Sua mente, uma das mais versadas da atualidade, engendra abordagens revolucionárias que deixam marcas no contexto global. Dotado de sagacidade filosófica capaz de reinventar a erudição dos mestres, não é surpresa a alcunha de l’enfant terrible que lhe foi atribuída.
Aos 50 anos, dos quais 26 à frente do estúdio homônimo BIG, possui um portfólio de feitos que impressiona até os maiores nomes da arquitetura. No estúdio que, como o nome indica, parece aludir à grandeza de suas realizações, orquestra uma equipe de 700 colaboradores distribuídos entre a sede em Copenhague, Nova York, Londres, Barcelona, Los Angeles, Xangai, Oslo, Zurique e Butão.

Com fachada espiral e varandas anguladas, o IQON Residences integra vistas panorâmicas à cidade de Quito Fotos: Bicubik


Dessa engrenagem robusta nascem obras que desafiam a própria história do zeitgeist. A lista é extensa: vai do CopenHill, em Copenhague; às sedes do Google na Califórnia e em Londres; do Musée Atelier Audemars Piguet e do Hôtel des Horlogers, ambos na Suíça; ao residencial Via 57 West, em Nova Iorque. Inclui o Serpentine Pavilion de 2016, em Londres - comissão anual que já contou com projetos de Zaha Hadid, Frank Gehry e seu mentor, Rem Koolhaas. E não cessa. Ao navegar com desenvoltura entre territórios aparentemente opostos, encarna o conceito de oxímoro, que tanto defende. Guiado por esse princípio, Ingels converte a arquitetura em um campo em que os conflitos funcionam como catalisadores de inovação. Projetos de longa data junto de marcas globais como a Roca, revelam que inovação e sustentabilidade não apenas se encontram, mas se fortalecem mutuamente.
Suzhou Museum of Contemporary Art (China): com 60 mil m², é formado por 12 pavilhões interconectados, inspirados nos jardins clássicos da cidade | Foto: StudioSZ Photo/Justin Szeremeta
A ideia, cristalizada no manifesto que publicou em 2009, Yes is More, encontra eco em Mil Platôs, dos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari, que se tornaram referências essenciais em seu arcabouço. “Oxímoros são elementos aparentemente contraditórios que, quando se unem, tornam-se totalmente novos, um caminho a seguir. Mesmo que as partes constituintes pareçam ter tensões insolúveis, o resultado é, na verdade, um caminho adiante.
Sempre que fazemos um projeto, tentamos observar, ouvir e entender para onde o mundo está indo e, a partir disso, identificar aqueles momentos de aparente contradição. Esses lugares tornam-se oportunidades, seja porque as antigas respostas não se encaixam mais ou porque o mundo está constantemente evoluindo. Assim, os arquitetos, de certa forma, ajudam a sociedade ou o futuro a se reinventar”, explica à Habitat.

The Spiral (NY), arranha-céu comercial de 66 andares, com terraços em espiral e jardins verticais que integram espaços de trabalho e bem-estar | Foto: Laurian Ghinitoiu
VÓRTICE DO FUTURO

O icônico CopenHill transforma a antiga usina de resíduos, em Copenhague, em um exemplo de sustentabilidade hedonista, com áreas de lazer no telhado | Foto: Rasmus Hjortshøj - COAST
Ao ampliar o olhar sobre esses paradoxos produtivos, ele expande outro conceito, o de sustentabilidade hedonista. A pensata é simples: prazer e responsabilidade ambiental não são opostos, mas forças que podem se conjugar mutuamente. Em seus projetos, tal lógica se manifesta na transformação da infraestrutura em um lugar de prazer. O CopenHill, por exemplo, usina de energia em Copenhague, é espaço de lazer, possui pista de esqui
e trilhas de caminhada. Dessa maneira, demonstra que o cuidado com o meio ambiente pode ser igualmente motivo de alegria e interação social. A lógica reverbera, segundo ele, nas palavras ecologia e economia. “Podemos vê-las como elementos opostos, interesses econômicos versus interesses ecológicos, mas ambas vêm do grego oikos, que significa casa. Economia é a gestão da casa, e ecologia é o estudo de onde você vive”.


Campus Bay View, Google | Foto: Iwan Baan
A cidade planejada de Mindfulness City, em Gelephu, Butão, é um dos projetos em desenvolvimento | Foto: Brick Visual
Uma de suas obras em desenvolvimento é Mindfulness City, em colaboração com o rei do Butão, na fronteira com a Índia. Uma cidade voltada à comunidade, enraizada na tradição e valores do país. As negociações com o rei do Butão, hoje amigo próximo, começaram um ano antes do arquiteto completar seus 50 anos. “Fui convidado a visitar o Butão, conhecer a cultura e colaborar com o rei e sua equipe para desenvolver essa visão de Mindfulness City e do novo
aeroporto internacional, que será inaugurado em 2029”. A intenção é criar uma região administrativa especial para atrair investimento internacional e reter talentos locais. Um fragmento do design do futuro aeroporto pode ser visto na instalação criada pelo BIG na Bienal de Arquitetura de Veneza. Ancient Future: Bridging Bhutan’s Tradition and Innovation reúne a tradição artesanal butanesa à manufatura, incorporando inteligência artificial e robótica.

Aeroporto internacional de Gelephu, Butão, parte do projeto de Mindfulness City | Foto: Brick Visual
IMPREVISIBILIDADE CRIATIVA

Gastronomy Open Ecosystem (Espanha), iniciativa que conecta chefs, startups e pesquisadores em torno da inovação gastronômica | Foto: Play-Time

O Joint Research Center (Espanha) é coberto por uma “nuvem” de painéis solares que cria um espaço público sombreado Foto: Barbar


Ao longo da trajetória, os imprevistos constituíram seu laboratório de aprendizados. O primeiro grande concurso do estúdio foi a proposta de uma piscina circular flutuante em Copenhague, que não se concretizou, mas deu origem ao Harbor Bath, marco da atuação internacional. Outros projetos desapareceram de repente: o banco Landsbanki Íslands, interrompido em meio ao colapso do subprime;
o 2 World Trade Center, cancelado por disputas internas entre os Murdochs; e um concurso na Rússia, conquistado quase ao mesmo tempo da invasão da Ucrânia (2022). Cada revés demonstra como contextos além do controle podem interferir. “O que importa é a trajetória longa; em cada projeto aprendemos algo, descobrimos algo e aplicamos esse conhecimento de forma nova no próximo”.
CapitaSpring, Cingapura | Fotos: Finbarr Fallon

O escritório de BIG em Barcelona combina elementos históricos, como tijolos e tetos abobadados, com uma escada metálica flutuante e luz natural | Foto: Adrià Goula
O Brasil se tornou outro capítulo de exploração. Em 2020, Ingels percorreu a Amazônia, Pará e Maranhão com o grupo hoteleiro Nomade, analisando o uso de energia e questões ambientais. Essas experiências enriqueceram sua compreensão sobre design sustentável e os desafios de preservar ecossistemas delicados, reforçando sua filosofia de sustentabilidade hedonista.

The Plus (Noruega), fábrica sustentável que integra telhados verdes e materiais ecológicos à paisagem
Foto: Einar Aslaksen
ALÉM DA TERRA
Como visionário, carrega uma ambição que vai para além do planeta. De Nova Iorque, onde reside, o dinamarquês aproveitou a entrevista para elencar outros projetos que o desafiam. Com a ICON e a NASA, idealiza uma impressora 3D para pousar no polo sul da Lua em 2028, testando estruturas que permitam presença humana permanente. Paralelamente, desenvolve o novo aeroporto de Zurique, Raumfachwerk, previsto para 2035. Será o maior edifício em madeira sustentável do mundo, unindo tradição suíça e redução da pegada de carbono.
A inteligência artificial, para ele, é simultaneamente oportunidade e desafio. Em conversa com Larry Page,
cofundador do Google, refletiu sobre o momento em que a IA se tornará tão capaz quanto toda a humanidade reunida. Nesse cenário, o trabalho manual e artesanal torna-se ainda mais singular. Cozinhar, preparar um expresso ou consertar um encanamento permanecem insubstituíveis.
A abundância que a IA poderá gerar permitirá que os humanos criem pelo prazer, e não apenas pela necessidade: “O lado positivo é que muitas das invenções necessárias para a transição energética, como a energia renovável abundante, provavelmente estarão disponíveis em escala. Isso poderia inaugurar um novo renascimento”.

Filarmônica Vltava, Praga | Foto: Cortesia BIG

Lego House Public Realm (Dinamarca) foi pensada como uma “aldeia de blocos”, com 21 volumes que formam praças, terraços e espaços de lazer interativos | Foto: Iwan Baan
Munido de um vasto repertório que vai além da filosofia, Bjarke Ingels inclui em suas referências músicos como Kraftwerk e Björk; escritores de ficção científica como Douglas Coupland, William Gibson, Iain M. Banks e Kim Stanley Robinson; e cineastas como Darren Aronofsky e Jonathan Nolan. Muitos deles tornaram-se próximos, influenciando sua imaginação, vida cotidiana e prática profissional. Ao completar 50 anos, inspirado por uma troca
com o rei do Butão, percebeu a amplitude do novo ciclo. “O terceiro trimestre da vida é quando você compartilha seu dom com o mundo. Busco transformar complexidade e contradições em clareza, direção e missão. Criar é dar forma ao futuro, transformar ideias abstratas em realidade concreta. Este é o presente que ofereço ao mundo nos próximos 25 anos”, conclui, sorrindo.
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Com 30 mil m², o parque urbano Superkilen (Dinamarca) celebra a diversidade cultural com objetos de 60 nacionalidades | Foto: Iwan Baan


Not a Hotel (Japão): três vilas circulares com fachadas de vidro que reinterpretam portas shoji, paredes de barro e telhados que captam a água da chuva | Foto: MIR

PARA DOX OF A NEW ERA
One of the world’s most visionary architects, Bjarke Ingels transforms tension and complexity into works that reinvent the contemporary scene
By Débora Mateus
The Twist art museum in Norway rises around an old mill. Conceived as a 90° twisted beam, it spans the river, functioning simultaneously as sculptural bridge and gallery | Photo: Laurian Ghinitoiu

In an era of unprecedented change, Bjarke Ingels conjures architecture that challenges perception and redefines possibility. His mind, among the most agile and inventive of our time, produces approaches that leave an indelible imprint on the global stage. Armed with philosophical acuity that reinvents the erudition of the masters, it is no surprise he has earned the moniker l’enfant terrible.
At 50, with 26 years at the helm of his eponymous studio BIG, Ingels commands a portfolio that impresses even the field’s giants. At BIG - a name that hints at the magnitude of its ambitions - he orchestrates 700 collaborators across Copenhagen, Barcelona, Bhutan, London, Los Angeles, New York, Oslo, Shanghai, and Zurich.

With spiraling façades and angular balconies, IQON Residences threads panoramic views into the fabric of Quito Photos: Bicubik


From this vast apparatus emerge works that confront the very narrative of the zeitgeist. The list is extensive: CopenHill in Copenhagen; Google’s campuses in California and London; the Musée Atelier Audemars Piguet and Hôtel des Horlogers in Switzerland; Via 57 West in New York; and the 2016 Serpentine Pavilion in London, a commission previously entrusted to Zaha Hadid, Frank Gehry, and Ingels’s mentor Rem Koolhaas. His practice navigates seemingly opposite territories, embodying the oxymoron he so often invokes. Guided by this principle, Ingels renders architecture a field where contradictions ignite innovation. Enduring collaborations with global brands such as Roca show that innovation and sustainability not only intersect, but mutually reinforce each other.
Suzhou Museum of Contemporary Art (China): 60,000 square meters of 12 interlinked pavilions, inspired by the city’s classical gardens. | Photo: StudioSZ Photo/Justin Szeremeta
The philosophy, crystallized in his 2009 manifesto Yes is More, resonates with A Thousand Plateaus by Gilles Deleuze and Félix Guattari, now essential references in his intellectual framework. “Oxymorons are elements that appear contradictory but, when combined, become entirely new - showing us a way forward. Even when the parts seem irreconcilable, the result is in fact a path ahead.
Whenever we start a project, we try to observe, listen, and understand where the world is going, and from there, we identify those moments of apparent contradiction. These places become opportunities, because old answers no longer fit or because the world is constantly evolving. In this way, architects help society, or the future, to reinvent itself”, says Ingels.

The Spiral (NY): a 66-story tower with cascading terraces and vertical gardens, where work and wellbeing converge
Photo: Laurian Ghinitoiu
VORTEX OF THE FUTURE

Expanding his vision of productive paradoxes, Ingels embraces the concept of hedonistic sustainability. The premise is simple: pleasure and environmental responsibility are not opposites, but forces that can be combined. In his projects, infrastructure transforms into a locus of delight - like CopenHill, which converts a wasteto-energy plant into a leisure park with ski slopes and
hiking trails. Environmental care becomes a source of joy and social interaction. For Ingels, this logic resonates linguistically as well. "Ecology and economy are often treated as opposites, economic versus ecological interests, but both stem from the Greek oikos, meaning home. Economy is the management of the home. Ecology is the study of where you live.”
The iconic CopenHill transforms the former waste-to-energy plant in Copenhagen into an example of hedonistic sustainability, featuring rooftop leisure areas | Photo: Rasmus Hjortshøj - COAST


Campus Bay View, Google | Photo: Iwan Baan
Mindfulness City in Gelephu, Bhutan, is under development | Photo: Brick Visual
Among his ongoing works is Mindfulness City, conceived in collaboration with the King of Bhutan near the Indian border. The city is rooted in community, culture, and tradition, designed to attract investment while retaining local talent. Ingels began his dialogue with the king a year before turning 50. “I was invited to Bhutan to immerse myself in the culture and collaborate with the
King and his team on a vision for Mindfulness City and a new international airport, set to open in 2029.” A fragment of the airport design appeared in BIG’s Venice Architecture Biennale installation, Ancient Future: Bridging Bhutan’s Tradition and Innovation, merging local craftsmanship with robotics and artificial intelligence.

Gelephu International Airport, part of Mindfulness City | Photo: Brick Visual
CREATIVE UNPREDICTABILITY

Gastronomy Open Ecosystem (Spain), connecting chefs, startups, and researchers in pursuit of culinary innovation
Play-Time

Photo:
Joint Research Center (Spain), capped by a “cloud” of solar panels creating shaded public space | Photo: Barbar


Unpredictability has long been Ingels’s laboratory. BIG’s first major competition was a proposal for a circular floating pool in Copenhagen, never realized, yet it led to Harbor Bath, which launched the studio internationally. Other projects vanished suddenly: Landsbanki Íslands, halted by the subprime crash; 2 World Trade Center,
canceled amid a family dispute among the Murdochs; and a Russian competition won just as the Ukraine invasion began in 2022. Each setback revealed the force of contexts beyond control. “What matters is the long trajectory. In each project, we learn, discover, and then apply that knowledge in the next endeavor.”
CapitaSpring, Singapore | Photos: Finbarr Fallon

Brazil became another chapter of exploration. In 2020, Ingels traveled across the Amazon, Pará, and Maranhão with the Nomade hotel group, analyzing energy use and environmental issues. These experiences enriched his
understanding of sustainable design and the challenges of preserving delicate ecosystems, reinforcing his philosophy of hedonistic sustainability.
BIG’s Barcelona studio combines historical element, brick walls and vaulted ceilings, with a floating steel staircase and abundant natural light | Photo: Adrià Goula

The Plus (Norway), a sustainable factory fusing green roofs and ecological materials with the surrounding landscape
Photo: Einar Aslaksen
BEYOND EARTH
Ingels’s vision reaches beyond the planet. From New York, he enumerates projects that push the horizon. With ICON and NASA, the architect is developing a 3D printer destined for the Moon’s south pole in 2028, testing structures for permanent human habitation. Simultaneously, he is designing Zurich’s new airport, Raumfachwerk, scheduled for 2035. It will become the world’s largest sustainable timber building, blending Swiss tradition with carbon reduction.
Artificial intelligence represents both opportunity and challenge. In conversation with Google cofounder
Larry Page, considered the moment when AI might rival the intelligence of all humanity. In that scenario, manual and artisanal work becomes ever more precious. Cooking, crafting espresso, repairing a pipe—these remain irreplaceable. The abundance AI may produce allows humans to create for pleasure rather than necessity. “The positive side is that many inventions required for the energy transition—like abundant renewable energy—will likely become widely available. This could inaugurate a new renaissance.”

Vltava Philharmonic Hall, Prague | Photo: Courtesy of BIG

Ingels’s cultural repertoire extends beyond philosophy: Kraftwerk and Björk; sci-fi authors Douglas Coupland, William Gibson, Iain M. Banks, and Kim Stanley Robinson; filmmakers Darren Aronofsky and Jonathan Nolan. Many have become close friends, enriching his imagination, daily life, and practice.
Turning 50, inspired by a conversation with the King
of Bhutan, the visionary embraced a new life cycle. “The third quarter of life is when you share your gift with the world. I strive to transform complexity and contradiction into clarity, direction, and purpose. Creating shapes the future, turning abstract ideas into tangible reality. This is the gift I intend to offer the world over the next 25 years,” he concludes smiling.
Lego House Public Realm (Denmark), imagined as a “village of blocks,” with 21 volumes shaping plazas, terraces, and interactive leisure spaces. | Photo: Iwan Baan

Superkilen Park (Denmark), a 30,000 m² urban space celebrating cultural diversity with objects from 60 nations
Photo: Iwan Baan

Bjarke Ingels
Not a Hotel (Japan): three circular villas with glass façades, reinterpreting shoji screens, clay walls, and rain-harvesting roofs.
Photo: MIR




DO REGIONAL AO UNIVERSAL
Em sua quarta edição, SP–Arte Rotas reafirma seu peso como mapa pulsante da arte brasileira e latino-americana
Por Débora Mateus

Jardim das Delícias 2015, Adriana Varejão | Foto: Cortesia Flexa
No centro do estande da galeria Flexa, em meio a paredes vermelhas, Jardim das Delícias (2015), de Adriana Varejão, instiga reflexões por meio de suas camadas de gesso, pigmento e fissuras simbólicas. Ao entrelaçar corpos e flora, a obra critica o passado colonial brasileiro, enquanto dialoga com trabalhos de Tunga, Regina Parra, Alvim Corrêa, Ivens Machado, Tomie Ohtake e Di Cavalcanti. Ponto de partida da curadoria da Flexa para a SP-Arte Rotas 2025, o erotismo se revela na intensidade dos trabalhos que exploram como
desejo e poder atravessam gerações na arte brasileira.
O tema soma-se a outros na mostra: diversidade territorial, identidades culturais e meio ambiente. Agora, sem o termo brasileiras no nome, Rotas amplia seu alcance, vai além da produção artística nacional, incorporando a profusão latino-americana. Reuniu 65 expositores - entre galerias, coletivos, residências artísticas e estúdios de 12 estados -, além de representantes da Argentina e da Amazônia peruana.

Obra de Maxwell Alexandre, exibida pela Almeida & Dale | Foto: Estúdio em Obra
À Habitat, Fernanda Feitosa reforça que, quando se trata de SP–Arte, não há crise; a qualidade artística não está em xeque. Apesar de um cenário internacional mais desacelerado e da instabilidade geopolítica, a diretora explica que a feira reafirma a força do mercado brasileiro: “Muitos trabalhos foram vendidos já no preview de Rotas. O que nos rege como humanos - paixão, amores, desejos, medos - é também o combustível para a arte. No caso da série Pinturas de Ressaca, de Felipe Barsuglia, há uma crítica bem-humorada ao cansaço dos excessos que vivemos, incluindo a autocrítica do próprio mercado da arte. Na feira, a ideia é sempre provocar o olhar. A individual de Marepe (Luisa Strina) exibe trabalhos de um artista do recôncavo baiano que tratam de temas universais. Assim como Gervane de Paula, que estará na Bienal de São Paulo, e Humberto Espíndola, presente em várias edições, inclusive na de Veneza; ambos do Mato Grosso e exibidos no espaço da MT Projetos. Esses regionalismos preservados, carregados de saberes universais, combinam força e poesia".

EPICENTRO DE ENCONTROS
Pela segunda vez, Rodrigo Moura, curador do Malba, assina a direção artística. Sob sua responsabilidade, o setor Mirante irradia de seu eixo central os pontos altos da curadoria, reunindo obras que reverberam a proeminência transgeracional. Nomes como Amilcar de Castro, Cildo Meireles, Claudia Andujar, Manauara Clandestina, Patricia Leite, Shoko Suzuki e Paloma Bosquê tecem diálogos e
evocam a diversidade cultural. Na Gomide&Co, o recorte entre gerações se dá pelo encontro das práticas de Teresinha Soares, que na década de 1960 quebrou tabus ao explorar a sexualidade feminina, e da filha Valeska Soares, cuja instalação Unhinged, composta por cabeceiras de camas, tensiona corpo, intimidade e percepção do espaço.
Sem Título 2, da série A Sonia 1971, Claudia Andujar | Foto: Cortesia Vermelho
Pernas Pra Que Te Quero I 1970, Teresinha Soares Foto: Estúdio em Obra/Cortesia Gomide&Co

Ao acontecer uma semana antes da 36ª Bienal de São Paulo, Rotas antecipou trabalhos de 12 artistas que também estão na Bienal. Entre eles, Lidia Lisbôa, Maxwell Alexandre, Maria Auxiliadora, Rebeca Carapiá e Nadia Taquary. É o caso também de Manauara Clandestina, representada pela Mitre, e Gê Viana, em colaboração com a galeria Lima, presentes em ambas as mostras. As novidades desta edição de Rotas envolvem projetos
como Jalapoeira Apurada, com mulheres quilombolas do Jalapão que produzem luminárias em capim dourado, e Novos Para Nós, que destacou criações de Ranchinho, J. Borges e Gilvan Samico. O Projeto Transe, curado por Lucas Albuquerque, deu visibilidade a cinco jovens artistas que se afastam dos paradigmas da abstração moderna, ampliando o alcance para novas linguagens e olhares.

Para Luísa Duarte, sócia e curadora do estande da carioca Flexa - novo braço da Almeida & Dale -, a feira é um espaço para refletir a partir de múltiplas pesquisas e encontros geracionais. “Optamos por explorar o erotismo como fio condutor, presente da arte clássica às práticas contemporâneas. Em tempos tão marcados por telas, retomar a dimensão do corpo é também reencontrá-lo; uma reflexão atual”. Entre regionalismos poéticos, a expansão internacional, diálogos com a arte popular e reflexões múltiplas, Rotas imprime seu protagonismo na cena contemporânea.
Colheita 1972, Maria Auxiliadora | Foto: Estúdio em Obra/Cortesia Mendes Wood DM



A ARTE DO IMPROVISO
Reconhecido pelo paisagismo de Inhotim e mais de 2 mil projetos, Luiz Carlos Orsini revela, na reinvenção constante, a pujança da cocriação com o natural
Por Débora Mateus
Ter a natureza como aliada é saber que vai tornar ainda mais belo o que criei. O contato que tive e ainda tenho com ela me ilumina, sempre me inspirou e continuará a inspirar. As melhores ideias surgem à noite e, ao despertar, acordo com o pique de colocá-las em prática”. A fala é de um dos maiores paisagistas brasileiros, que acumula inúmeras premiações
e há quase meio século surpreende com seus jardins esplendorosos. Das mãos de Luiz Carlos Orsini, mais de 2 mil projetos e 10 mil espécies plantadas se espalham pelo Brasil e mundo afora. O cerne de sua arte brota do meio natural e se sustenta em fundamentos essenciais como resiliência, aprendizado constante, autocrítica e o desejo de compartilhar conhecimento.

Entre 2000 e 2006, Orsini assinou o paisagismo do Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG) | Foto: Divulgação

A concepção para Inhotim foi um marco de virada na carreira do paisagista, tornou-se referência no mundo | Foto: Divulgação
Ressurge em cada reinterpretação da paisagem, percorre veredas e alamedas compostas majoritariamente por espécies tropicais, e espelha a sensibilidade do mineiro que nunca deixou de se reinventar. Nesse emaranhado de referências, cada espécie, ondulação do terreno e camada de vegetação se torna linguagem uníssona entre o entorno e o espaço construído. Guiado pelo improviso e por um vasto repertório em engenharia, botânica, ecologia, irrigação, drenagem, iluminação, design, arte e arquitetura, Orsini cria composições em múltiplas escalas. De obras públicas a residências, empreendimentos imobiliários e fazendas pelo Brasil, além de projetos em Atenas, Lisboa e Miami, trabalha com os maiores nomes da arquitetura.
Inovação contínua e o domínio em grandes escalas são trunfos inegáveis. Cada intervenção carrega a liberdade criativa que flui volumetria, topografia e densidade vegetal, sempre apoiada na precisão técnica. Com sedes em São Paulo, Belo Horizonte e Salvador, o escritório reúne uma equipe de arquitetos, incluindo o filho André. A unidade na Bahia é responsável pela produção de mais de 100 espécies, que abastecem suas composições em todas as regiões. No estado, a atuação se expande com fervor, já materializada em 25 jardins. Em Curitiba, a Orquidaria Rosita e o mais recente lançamento da Víncere Incorporadora, Arte Batel, também levam sua assinatura.

Localizada no Morro do Chapéu, em Minas Gerais, a arte dos jardins desta propriedade se funde à vastidão da paisagem Foto: Jomar Bragança
POLIFONIA CRIATIVA
A infância em Lourdes, bairro arborizado de Belo Horizonte, foi o primeiro laboratório de composições. Entre quintais e jabuticabeiras, o contato com a terra e os presépios de Natal montados com o avô despertaram cedo percepção atenta e intuição. Dunas, musgos, lagos em espelhos e espécies de quintais vizinhos moldaram suas primeiras criações, enquanto viagens em família
a cachoeiras e montanhas próximas aguçavam o olhar poético que orientaria toda sua obra. Entre os marcos de sua trajetória, estão composições memoráveis nas edições da CASACOR em Belo Horizonte e São Paulo, como o Bosque do Prado, o Bosque da Tenda e, sobretudo, os 260 mil m² do Instituto Inhotim.

Nesta

casa de Saraiva + Associados em Itacaré, a paisagem tropical orienta, com jardins que se articulam ao terreno natural e à vegetação existente
Vista aérea de uma das composições monumentais no luxuoso condomínio Quinta da Baroneza | Foto: Fernando Guerra

Jardins exuberantes entremeiam tons e texturas diversas evidenciando a arquitetura desta residência projetada por Triptyque e com interiores de Roberto Migotto | Foto: Fernando Guerra
Formado em paisagismo em Madri, ele reitera que a prática em jardins de grande escala, a partir de 20 mil m², consolidou sua expertise diferenciada no segmento. A busca incessante por novas composições vegetais rompe o modus repetitivo, e projetos de grande porte reforçam sua percepção sensível e crítica: “É preciso refletir sobre erros e acertos para melhorar. Faço questão de evoluir e compartilhar conhecimento com meus arquitetos, fazendo com que todos se tornem melhores”.
A descoberta recente de uma nova faceta abre outra frente de criação. Há algum tempo, Orsini dedica-
se a esculturas em aço, do pequeno ao monumental, algumas já adquiridas por colecionadores. O processo criativo mantém a atenção meticulosa, assim como em seus jardins. “Cada obra que faço é um marco inspirador para mim”. Dividindo seu tempo entre as três capitais, paisagismo e artes plásticas, a aura criativa se reinventa. Um projeto em andamento no interior de São Paulo promete, segundo ele, surpreender internacionalmente. Mais um ponto que sublinha o talento inigualável em cada espaço verde idealizado.



PRIMEIRO RESIDENCIAL DA FOSTER+PARTNERS NO PAÍS
Com lançamento previsto para novembro, o complexo Tempo, da incorporadora Müze na Praia Brava, inaugura um novo movimento em hospitalidade e moradia de luxo
Por Débora Mateus | Fotos: Divulgação/Cortesia Müze
Em meio ao panorama de verticalização acelerada no litoral catarinense, marcado por arranha-céus e projetos que seguem a lógica da escala, a Praia Brava, em Itajaí, desponta como exceção. Diferentemente da vizinha Balneário Camboriú, a região parece trilhar um percurso pautado por preservação, pela qualidade arquitetônica e por experiências de vida integradas à natureza. É o que defende o dream team por trás de Tempo, projeto inaugural da incorporadora Müze e primeiro residencial assinado pelo escritório britânico Foster + Partners no Brasil, que será lançado oficialmente em novembro deste ano e inaugurado em 2029. Com VGV estimado de R$2,5 bilhões, o complexo prevê sete torres residenciais e uma unidade com o selo do hotel Emiliano, cuja entrega ocorrerá antes das demais. Sob o conceito de branded residence, a proposta busca oferecer uma experiência pautada no novo luxo, longe da ostentação e totalmente conectada ao meio natural.
Segundo Arthur Fischer Neto, sócio da Müze - que reúne em seu grupo profissionais com experiência em diversas escalas e tipologias, como hospitais e hotéis -, o objetivo é instaurar um novo olhar para o setor imobiliário. Voltada a valorizar o patrimônio histórico e natural e a conectar arquitetura de excelência a experiências de vida mais conscientes, a incorporadora também busca se consolidar como um polo de promoção cultural. Fisher recorda que o nascimento da Müze coincidiu com os primeiros conceitos do complexo. “Quando nos juntamos para criar o projeto, percebemos que estávamos desenvolvendo algo diferente, com identidade própria. Nossa preocupação com a preservação do patrimônio, da natureza e do contexto ambiental é genuína. Queremos deixar um legado arquitetônico que perdure ao longo dos anos”.

Sob o conceito de branded residences, o complexo desenvolvido pela Müze terá uma torre operada pelo Hotel Emiliano
Para Juan Frigerio, sócio da Foster + Partners, a singularidade do projeto está em somar a beleza natural ao olhar visionário do grupo que lidera a incorporadora.
“Quando fomos conhecer o local, a sensação foi de estar em uma praia quase virgem. O Canto do Morcego, com sua natureza exuberante, pássaros imponentes, ondas bravas e surfistas, é excepcional. Foi amor à primeira vista. Sabíamos que seria um projeto capaz de se destacar não só no Brasil, mas também internacionalmente”.
ENTRE O MAR E A MATA
ATLÂNTICA
O ponto de partida é a reserva natural da Praia Brava. Limitar as torres à altura das copas das árvores reflete a filosofia da Foster + Partners. “O morador tem relação direta com a árvore, seu universo é a copa, mas ainda mantém contato com ruas, praças e com a praia. Como o terreno desce em direção ao mar, optamos pelo recuo de algumas torres. Não é uma exigência normativa, mas acreditamos que é a forma correta de preservar a paisagem. Não se trata apenas de curvas ou da otimização de vistas”, detalha o arquiteto. O paisagismo, idealizado pela JA8 Arquitetura Viva em parceria com o escritório inglês, cria um “rio verde” que atravessa o empreendimento até o mar. A sinergia entre todos os envolvidos e o entendimento profundo da essência conceitual são outros diferenciais do projeto.
“Todos mergulharam na idealização com emoção. Um
dos arquitetos da Foster se emocionou ao subir na pedra do Canto do Morcego. Juliana Castro, da JA8, relembrou sua experiência de surfar ali e o valor imensurável do lugar. Responsável pelos interiores, Patricia Anastassiadis pontuou que, assim como na obra de Lucio Fontana, a proposta busca ser disruptiva no contexto mercadológico”, recorda Fisher. À Habitat, Anastassiadis acrescenta que o empreendimento reflete uma observação sensível à natureza, pensado para romper expectativas e reconectar as pessoas com o valor do presente, sem recorrer a excessos ou ostentação. “Fizemos uma leitura poética da passagem das horas, como a luz e as tonalidades que mudam, ou o reflexo do mar que conversa com a matéria. Penso que atravessamos o tempo nessas nuances que só são vistas quando estamos plenamente presentes”.


Interiores assinados por Patricia Anastassiadis revelam brasilidade cosmopolita, inspirada pelo tempo e pela relação poética com a natureza.
Mesmo sem ter sido oficialmente lançado, o complexo já desperta interesse. Com unidades que variam de 400 m² a 1.200 m², o projeto conta com 84 metros de frente para o mar, uma raridade na região, de acordo com o sócio da Müze. “A experiência é quase de morar dentro da natureza, contemplando a mata a partir das amplas sacadas, e não apenas a vista para o mar. Para preservar isso, abrimos mão de parte do potencial construtivo do terreno, renunciando a centenas de milhões de reais, o que
demonstra nosso compromisso com a qualidade e com o legado”. Além dos serviços diferenciados, foram idealizados um anfiteatro natural e salas de eventos para mostras e shows, idealizados para promover a cultura. Outros dois empreendimentos da incorporadora, um na mesma região e outro em Estaleirinho, já estão em desenvolvimento em parceria com a Foster + Partners. Com lançamento previsto para os próximos anos, reforçam a proposta de um novo movimento no segmento imobiliário.


UM QUÊ DE BOSSA
Com uma visão esculpida pela multiplicidade de referências, a arquiteta
Priscilla Müller amplia sua presença na cena nacional
Por Débora Mateus

Pousada Maria Flor, projeto de Priscilla Müller Studio e Solo Arquitetos, une a complexidade construtiva e soluções de mínimo impacto ambiental Foto: Eduardo Macarios
Há algo de inebriante nas trajetórias tecidas na profusão cultural, que emergem de memórias e visceralidade. No caso de Priscilla Müller, os 17 anos de carreira na arquitetura entrelaçam raízes familiares, viagens entre continentes e a convivência com os universos da arte e da moda. Sua prática escapa a
fórmulas e se nutre de contrastes. Da pureza minimalista à exuberância maximalista, do refinamento europeu à riqueza plural da brasilidade, da tradição à ousadia. Nesse campo de fricções, ela lapidou uma linguagem própria, situada entre a escala íntima e a monumental.
Como ponto de partida, a herança cultural vivida nos entremeios familiares ajudou a edificar sua expressão. “Meu avô português tinha uma indústria têxtil, vivia viajando e consumia o belo - dos tecidos à arte. Minha avó baiana trazia a riqueza do Nordeste, polo cultural do nosso país. Nascido no Sul, meu pai enriquece essa diversidade. Braços distintos, mas complementares. Passei boa parte da infância na Bahia, nas férias com minha mãe, e isso moldou meu olhar. Lugar das artes, onde música, artesanato e arquitetura se encontram. Esse repertório sempre esteve presente em mim”, explica à Habitat. Ao invés de se dissipar, as camadas foram se sobrepondo no ofício, que recusa dicotomias rígidas e assume a multiplicidade da arquitetura brasileira.

Neste apartamento paulista, as peças de Rimadesio, Zanini de Zanine e Boris Klimek elevam a atmosfera sofisticada da sala de jantar, enquanto a lareira esculpida em quartzito turquesa rouba a cena no estar | Foto: Carol Mossin

À frente do escritório homônimo, sediado na capital paranaense e com uma equipe de 13 profissionais, Priscilla soma um portfólio que, somente em 2025, contabiliza 48 projetos. Em diferentes frentes, mantém sua faceta multidisciplinar: residências e apartamentos em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, além do litoral paranaense e catarinense, bem como trabalhos na Bahia e em Paris. Um marco recente em sua trajetória foi a assinatura da Pousada Maria Flor, em Fernando de Noronha, em colaboração com o Solo Arquitetos. Em cada projeto, sua expertise sensível no luxo se converte em singularidade.
MULTIPLICIDADE

Nesta cobertura, de um desafio estrutural da escada resultou em uma escultura monumental | Foto: Eduardo Macarios
Vivência e estudos em Barcelona, entre 2006 e 2009, afiaram seu olhar. O contato com o modernismo catalão, os planos urbanos e a obra de Gaudí despertou o interesse pelo impacto da arquitetura em grandes escalas. A experiência inicial no GCA Architects, prestigiado escritório espanhol com obras em hotelaria e embarcações de luxo, foi um ponto de inflexão. Projetar passou a significar pensar na experiência de altíssimo padrão, com um quê de bossa.
No Brasil, esse repertório encontrou terreno fértil já nas primeiras participações da arquiteta na CASACOR Paraná: cadeiras suspensas, lareiras monumentais e tampos retroiluminados revelavam uma visão fora do convencional. A ousadia traduzida em experimentação, somada à busca incansável por conhecimento, era prenúncio de projeção.
“Sempre acreditei em arriscar. Hoje, 17 anos depois, sou outra pessoa. Com essas heranças culturais diversas, aos poucos entendi meu lugar ao sol, o que gosto. A carreira evolui, fica mais rica e consigo equilibrar melhor as coisas”.
A experiência com soluções complexas em Noronha, território de restrições construtivas, faz parte de seus aprendizados mais expressivos. No campo cultural, a museografia para uma exposição no Museu Oscar Niemeyer reforçou a versatilidade do repertório. O nicho de altíssimo padrão em Curitiba, enriquecido pela parceria de longa data com a construtora San Remo, pelo projeto da nova sede da Ademicon e pelo showroom da NPK Mármores, trouxe, além de uma verve ainda mais consolidada, a satisfação pessoal pelos grandes desafios. O vínculo com a arte é indissociável do ofício.
FRONTEIRAS CRIATIVAS

No showroom da NPK Mármores, em Curitiba, peças de design assinado enaltecem a beleza das pedras naturais Foto: Eduardo Macarios
Frequentadora assídua de feiras, bienais e galerias no Brasil e no exterior, busca instigar esse desejo nos clientes. “Quero que se apaixonem e colecionem. Sempre tento educar o olhar do cliente para a arte, pois se torna tocante quando ele começa a se envolver”. As referências como colecionadora são tão plurais quanto sua atuação. Nomes
como Arcangelo Ianelli, Carybé, Di Cavalcanti, Mário Cravo Neto, Mestre Didi, Nádia Taquary, Os Gêmeos e Abraham Palatnik fazem parte de suas influências. “Quem tem sensibilidade para a arte enxerga diferente. Talvez seja por isso que amo tanto meu trabalho. É um prazer observar, olhar, conhecer e compartilhar conhecimento”.

Arquitetura e interiores da sede da Ademicon, no Batel, traduzem a identidade e a história da empresa Foto: Eduardo Macarios
Para Priscilla Müller, a arquitetura é lúdica e responsável. “Nosso papel é transformar casas em lugares saudáveis, seguros e acolhedores, e isso exige entender profundamente quem são nossos clientes”. Ao atendê-los, o escritório alia gestão e sofisticação a uma leitura subjetiva das histórias e desejos que cada projeto carrega. As inspi-
rações arquitetônicas da profissional vão de Lina Bo Bardi a Oscar Niemeyer, de Zaha Hadid a Renzo Piano, além de Frank Lloyd Wright. Não é coincidência que sua atuação seja múltipla, com notória atenção ao detalhe. No horizonte, uma ambição em aberto: projetar um museu. “Quem sabe um dia?”, revela.



MARCOS DA BIENAL DE SÃO PAULO
Em sua 36ª edição, a mostra mais importante do país propõe refletir sobre a humanidade como prática

Vista das instalações de Laure Prouvost e de Tanka Fonta (ao fundo) na 36ª Bienal de São Paulo
Nos corredores do Pavilhão Ciccillo Matarazzo, a nova edição da Bienal de São Paulo reafirma a sua presença no cenário global da arte contemporânea. Com curadoria geral de Bonaventure Soh Bejeng Ndikung e co-curadoria de Alya Sebti, Anna Roberta Goetz e Thiago de Paula Souza, a mostra evoca o poema Da calma e do silêncio, de Conceição Evaristo, como eixo que conecta memória, heranças ancestrais e os fundamentos da humanidade. Em cartaz até janeiro de 2026, a exposição convida o
visitante a explorar mundos submersos que emergem por meio da arte e da poesia. A proposta curatorial reúne 125 participantes, em grande parte artistas oriundos das diásporas e de diferentes territórios não brancos, que resgatam saberes ancestrais e estabelecem diálogos entre passado e presente. Essa diversidade se reflete na organização em seis capítulos, que conectam diferentes temas e práticas sobre pertencimento, resistência e formas múltiplas de habitar o mundo.
Fotos: Levi Fanan/Fundação Bienal de São Paulo
“Tratar a humanidade como prática abriu espaço para experimentar formatos que vão além da concepção tradicional de exposição. Por exemplo, as Invocaçõesencontros em Marrakech, Guadalupe, Zanzibar e Tóquio - trouxeram música, dança, tradições orais e rituais para o coração da nossa pesquisa curatorial. Esses encontros não foram simples ‘simpósios’, mas espaços de escuta
e ressonância, onde o conhecimento era transmitido por meio do som, do ritmo e da performance”, explica Bonaventure Soh Bejeng Ndikung à Habitat. Dentro do Pavilhão, isso se traduz em oferecer mais espaço para que as obras respirem, criando silêncios ao lado de intensidades, privilegiando experiências corporificadas antes de explicações textuais.

Orchestra Catastrophe: Act I, de Antonio Társis, incorpora fragmentos de caixas de fósforos, instrumentos, carvão, cordas e componentes eletrônicos
VERTENTE CRÍTICA
Ao atravessar o Pavilhão, obras monumentais criam experiências imersivas potentes. No vão central, Sun of Consciousness. God Blow Thru Me - Love Break Me, da nigeriana Precious Okoyomon, transforma o espaço em um ambiente de natureza e espiritualidade, com árvores, musgos, pedras e água. A Casa de Vovô Bené, de Ana Raylander Mártis
dos Anjos, ocupa verticalmente os três andares, com colunas de madeira revestidas em tecidos naturais e objetos herdados do bisavô. Em Cuiabrasa, Gervane de Paula aborda questões ecológicas e sociais, enquanto Antonio Társis, em Orchestra Catastrophe: Act I, explora materialidades frágeis e ritmos precários da existência.

A árvore cósmica (2025), Nádia Taquary

Performances de Manauara Clandestina combinam moda, movimento e gestos coletivos, fruto de experiências pessoais e políticas. Na instalação Ìrókó: A árvore cósmica, Nádia Taquary une bronze, fibra de vidro e contas para evocar as Ìyámis e o orixá Ìrókó, refletindo sobre o ciclo da vida e a conexão entre divindade, natureza e memória cultural. Do lado de fora, a instalação do chinês Song Dong - uma sala de espelhos iluminada por lustres - conecta São Paulo a Pequim, inaugurando uma parceria que garantirá a presença de artistas chineses na Bienal pelos próximos seis anos.
Nesta edição, a premissa de repensar de forma crítica o mundo em incessante transformação torna inevitáveis as tensões em um processo que valoriza a polifonia, segundo o curador nascido em Camarões. “Um dilema central foi como equilibrar escuta e tomada de decisão: até que ponto guiar, até que ponto deixar em aberto. Esses dilemas moldaram a Bienal no que ela é: não um consenso suave, mas um campo de negociação em que diferentes urgências coexistem”.
A Casa de Vovô Bené (2025), Ana Raylander Mártis dos Anjos


O ALCANCE DO CENTRO POMPIDOU PARANÁ
Com inauguração prevista para 2028 em Foz do Iguaçu, o museu será um marco da projeção cultural do Sul Global, em diálogo com novas práticas
Fotos: Divulgação

Fachada do futuro Centro Pompidou Paraná, em Foz do Iguaçu, projetado por Solano Benítez
Amaior ambição de um projeto é poder sustentar um discurso que se constrói com suas pedras; a integridade de suas partes não é um acaso.
O maravilhoso da arquitetura é que ela não suporta incoerências: seus dizeres são explícitos e se verificam no cuidado com que se enfrenta cada uma das ideias que integram a obra”, afirma à Habitat Solano Benítez, um dos maiores expoentes da arquitetura latino-
americana contemporânea, que assina o projeto do Centro Pompidou Paraná, na tríplice fronteira. Reconhecido internacionalmente por sua vertente socioambiental e por soluções enraizadas no contexto local, Benítez faz da materialidade um eixo importante em sua prática. No novo museu, tijolos feitos com a terra vermelha da região e a referência à riqueza da Mata Atlântica evidenciam a integração entre edificação e entorno.
Previsto para ser inaugurado em 2028, com início das obras em 2026, o museu é fruto de negociações iniciadas em 2020, durante o governo de Ratinho Junior. Realizada em setembro, a primeira apresentação oficial reuniu o governador, Benítez e o presidente do Centro Georges Pompidou, Paris, Laurent Le Bon. O encontro marcou também o início de oficinas com estudantes e a comunidade local, prenúncio da programação que
pretende enraizar o museu no território antes mesmo de sua construção. Segundo a secretária de estado da Cultura, Luciana Casagrande Pereira: “Essas ações buscam não apenas apresentar o futuro equipamento cultural, mas também criar espaços de troca e pertencimento, fazendo da construção do Centre Pompidou Paraná um processo profundamente integrado à região desde sua origem”.

Materiais locais e a exuberância da paisagem natural fazem parte da concepção arquitetônica
FORÇAS CONECTADAS

Para o arquiteto paraguaio, que foi condecorado com o Leão de Ouro pela Bienal de Veneza em 2016, a dimensão transcende os espaços expositivos. “Erguer um Pompidou no Sul Global significa reconhecer a força cultural já existente e colocá-la em diálogo com novas práticas. Em particular, os padrões de um Centre Pompidou são reconhecidos por satisfazer uma alta exigência no cuidado de seu fazer; e não pode ser desconhecido, em nosso Sul, o compromisso com uma riquíssima herança e produção contemporânea em torno da arte e da cultura que o Paraná e o Brasil inteiro têm consolidado”. Obras grandiosas do acervo do Centro Georges Pompidou, fechado para renovações até 2030, em diálogo com produções brasileiras e latino-americanas, devem ser exibidas no Paraná. O complexo, com cerca de 24 mil m², a poucos minutos
de carro do Parque Nacional do Iguaçu, incluirá praça pública, salas de exposição, biblioteca de pesquisa, ateliês educativos, laboratórios artísticos, restaurante, loja e áreas para espetáculos, reunindo programas culturais e educativos que conectam arquitetura, território e sociedade. Sua amplitude simbólica parece configurarse como um ponto de encontro para novos tempos. “Na tríplice fronteira, lugar onde se encontram três países e convivem múltiplas e vibrantes culturas, em aliança, ergue-se em pedra o monumento à integração. E desafiamse os fazeres cotidianos, para que iluminem novos tempos de convivência, na busca não de construir mais ou metros quadrados mais caros, mas sim uma sociedade melhor, onde todos possamos existir, no presente e no futuro, em uma edificada PAZ”, conclui Benitéz.
Vista de uma das salas expositivas do novo museu




ALMA, CORES E ENCONTROS
Conheça a casa de Nitsa Vianna, idealizadora e proprietária da Cosy Home
Uma atmosfera acolhedora e cheia de significado. Assim é o lar de Nitsa Vianna, que divide o apartamento com o marido, Kaue, que, como ela, também é formado em design, os filhos Paloma e Luca e o seu cachorrinho Taco. A casa reflete a essência da família: calor humano, estilo e autenticidade. Nitsa encontrou na Cosy Home a extensão natural de sua casa
e da sua forma de viver. Criativa, carismática e ligada ao bem-estar, imprime em tudo o valor da leveza, do afeto e da vida em família. A escolha do apartamento não foi por acaso. A amplitude de um projeto assinado por Luiz Forte Netto e José Maria Gandolfi, somada à luz natural, ao piso de taco e à ventilação cruzada, conquistaram Nitsa e Kaue de imediato.

Nitsa Vianna e seu cachorro Taco
Por Paula Campos | Fotos: Patrícia Amancio

Equilíbrio entre o novo e antigo, herança e garimpo
O sol que percorre os ambientes e o ar que circula livremente criam a atmosfera de frescor que tanto admiram. Mesmo com sua experiência em decoração, contou com os amigos e profissionais Carlos Reichmann e Ângela Chinasso, que, assim como ela, têm uma leitura criativa com um toque de ousadia. O ponto de partida? Um sofá rosa, sonho antigo que deu o tom para uma composição marcada por camadas de cores, texturas e histórias que resultaram em um espaço acolhedor e interessante. Cada peça carrega
uma narrativa, mas o que encanta é o conjunto: móveis herdados, lembranças de viagens, obras de arte escolhidas a dedo e objetos curiosos que dialogam entre tradição e contemporaneidade. Entre os destaques estão nomes como Marcel Breuer, Castiglioni, Sergio Rodrigues, Charles Hollis Jones, Calderari, Scliar, Kennedy Bahia e Wilson Pinto, além do curioso milho da marca japonesa Rotary Hero e coleções de família preservadas por gerações.

MIX & MATCH

Uma obra de Kennedy Bahia compõe o bar da família, disposto sobre um buffet Móveis Cimo. Ao fundo, espelho envelhecido, feito pelos proprietários
Entre quadros, iluminação indireta e peças interessantes, e até mesmo uma parede em espelho envelhecido, produzido pelo casal, cada elemento dialoga com a personalidade da família, cuja vida social é um capítulo à parte. Eles recebem amigos e familiares com frequência, transformando a casa em um espaço de encontros e celebrações. Entre aperitivos servidos no chão da sala ou aniversários que reúnem gerações, o lar se revela como um lugar que transborda hospitalidade e alegria.
Aqui, criatividade e sensibilidade se entrelaçam uma
narrativa visual única. Um espaço para ser vivido em sua totalidade por eles e seus filhos. Quadros, cerâmicas, papéis de parede pintados à mão e tecidos escolhidos com cuidado conferem textura, cor e emoção aos ambientes, tornando cada cômodo uma extensão da própria história da família. Para Nitsa, morar é muito mais do que habitar um espaço: é transformar paredes em histórias, criar memórias ao lado de quem se ama e sentir-se acolhida em um ambiente que a representa por inteiro.
Sobre Morar por Paula Campos


No lavabo, papel de parede da Branco Casa, criado a partir de fotos de Felipe Morozini
No estar, a composição do sofá em veludo rosa-salmão, acompanhado das cadeiras em acrílico de Charles Hollis Jones, da luminária de Castiglioni e cadeiras de Sérgio Rodrigues





DAVID TESSLER:
INQUIETAÇÕES QUE VIRAM FORMA
Entre precisão técnica e sensibilidade material, o designer paranaense revela sua faceta criativa
por Rodolpho Guttierrez
Desde muito jovem, David Tessler já demonstrava uma obstinação em transformar ideias em objetos. Era o garoto que desmontava motores de tocadores de CD para montar barcos de controle remoto e passava horas construindo aeromodelos de madeira balsa. Essa inquietação se tornou um fio condutor de sua vida criativa e profissional. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela UFPR e técnico em Mecânica pelo CEFET, encontrou no design a síntese perfeita entre teoria e prática. Do curso técnico, trouxe a experiência do “chão de fábrica”: o contato direto com torno, fresadora, processos de solda e a compreensão da resistência dos metais. Essa vivência alimentou sua confiança para criar peças cada vez mais elaboradas, sem perder o desejo pelo desenho simples e essencial. Já a arquitetura lhe ofereceu critérios, referências e um olhar crítico sobre a cultura material.
Por algum tempo, Tessler acreditou que dedicar-se exclusivamente

ao design seria dar um passo atrás em relação ao vasto universo da Arquitetura e do Urbanismo. Essa percepção mudou quando passou a enxergar o design não como uma escolha menor, mas como uma profissão autônoma, com relevância cultural e impacto social. O design revelou-se, então, como o espaço ideal para materializar sua inquietação criativa e transformar sensações e ideias em objetos concretos. Ligado à natureza e atento às questões ambientais, ele encontrou na madeira de demolição, especialmente a imbuia, uma resposta ética e estética para seu trabalho. Em suas peças, faz questão de preservar os sinais de uso, como furos de pregos antigos, mantendo viva a memória do material. Com o tempo, vieram também o aço inox e o mármore, cada um escolhido pela função e pelo comportamento que melhor atende ao desenho. O maior desafio: harmonizar a precisão industrial do metal com a imprevisibilidade manual da madeira.
Davi Tessler | Foto: Ito Cornelsen
MATÉRIA, MEMÓRIA E FORMA
Abrir seu próprio ateliê significou enfrentar o maior desafio de todos, acreditar em algo que ainda não existe. Cada peça nasce como ideia abstrata, sonho ou desenho, e pode levar anos até se concretizar. Hoje, seu esforço se concentra em expandir o portfólio sem perder coerência, respeitando a identidade das criações anteriores e evitando modismos passageiros. Histórias de bastidores revelam o cuidado e a inventividade que marcam sua produção. A mesa Tamanduá, por exemplo, nasceu da inspiração no animal e exigiu uma solução técnica engenhosa: um único ponto de apoio em mármore, atravessado pela cauda em aço, fixada com parafusos de alta carga vindos da construção civil. Já o Banco 2, em imbuia, transformou uma tora adquirida ainda nos tempos de estudante em uma peça de forte presença escultórica. Outras criações, como mesas laterais, poltronas e bancos, seguem essa mesma lógica, unir matéria-prima, memória e precisão, resultando em móveis que se equilibram entre utilidade e poesia.


Arandela Boreal exibida na última edição da Made Foto: Rony Hernandes
Olhando adiante, Tessler vislumbra um futuro pautado pelo equilíbrio, ampliar o portfólio, aperfeiçoar as peças já existentes e manter a prática de design próxima ao chão de fábrica. Interessa-se também por materiais vernaculares, pouco explorados, mas cheios de potencial quando trabalhados com um olhar de design. Mais do que desenhar móveis, David Tessler parece movido por uma busca permanente de sentido, na matéria, na técnica, na memória e na forma. E talvez seja justamente dessa inquietação inicial, de menino curioso que desmontava motores e inventava barcos, que venha a força e a delicadeza de seu trabalho.
Mesa Tamanduá | Foto: Vilma Slomp



MOSTRA INÉDITA DE JORGE ZALSZUPIN EM VARSÓVIA
Jorge Zalszupin, arquiteto e designer polonês radicado no Brasil, ganha sua primeira exposição em seu país natal. Realizada pela ETEL na Villa Gawrońskich, em parceria com a Visteria Foundation e sob a curadoria de Maria Murawsky, a mostra é também a primeira individual dedicada à sua obra fora do Brasil. A seleção reúne 25 peças de mobiliários, 40 desenhos e fotografias que percorrem sua trajetória, com destaque para a poltrona Dinamarquesa, as mesas Pétalas e os sofás Presidencial e 801.
ANISH KAPOOR PROJETA ESTAÇÃO DE METRÔ
Verdadeira escultura urbana, a recém-inaugurada estação Monte Sant’Angelo, em Nápoles, assinada pelo artista Anish Kapoor em parceria com Future Systems, integra o projeto de regeneração urbana e cultural do bairro Traiano. Inspirada no Inferno, de Dante Alighieri, evoca a descida ao submundo, fundindo arte, geologia e arquitetura. Suas duas entradas estabelecem um contraste. De um lado, ergue-se da terra em aço corten, com aspecto bruto; do outro, mais leve, em alumínio tubular e reflexivo.

Foto: Divulgação

Foto: Luciana Kater
MARIANA PALMA MON
A nova exposição do MON, Através, da artista Mariana Palma - primeira mulher brasileira a expor no Olho - , ocupa também os espaços da Torre, com obras que exploram a justaposição de elementos diversos e lançam um olhar poético sobre natureza, o movimento e a transitoriedade da vida. Telas de grandes dimensões, instalações e vídeos imersivos, com destaque para Fluir, obra site-specific, conectam os espaços e conduzem o público a uma experiência sensorial e poética. Sob curadoria de Marc Pottier, a mostra permanece em cartaz até 14 de dezembro de 2025.
Foto: Amedeo Benestante

ANÔNIMOS
O legado menos conhecido do design moderno brasileiro é o tema do livro Anônimos – móvel moderno brasileiro além dos ícones, lançado pela Editora Olhares, com fotografias de Ruy Teixeira realizadas no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e textos de Giancarlo Latorraca, Jayme Vargas e Karen Matsuda. A obra reúne cerca de 200 imagens, entre editoriais, anúncios publicitários e fotos recentes, e aborda tipologias, materiais e a difusão do período moderno, que destaca tanto designers consagrados quanto peças de autoria anônima, incluindo exemplares raros do antiquário Cristiano Ross.

Foto: Rafa D´Andrea
ALCOVA MIAMI 2025
A terceira edição da Alcova Miami acontece de 2 a 7 de dezembro de 2025, durante a Miami Art Week, no histórico Miami River Inn. Itinerante e dedicada ao design experimental, a plataforma reúne projetos de designers visionários em instalações site-specific que dialogam com o espaço. Neste ano, a Haworth, novo patrocinador principal, apresenta uma colaboração com a renomada arquiteta e designer espanhola Patricia Urquiola, responsável pela instalação na praça central.

Foto: Ruy Teixeira
BIENAL
DE ARQUITETURA
Em cartaz até 19 de outubro de 2025, a 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo retorna ao Parque Ibirapuera, sob a temática Extremos: Arquiteturas para um Mundo Quente. A mostra reúne projetos nacionais e internacionais que exploram soluções para crises climáticas e desigualdades sociais. Curada coletivamente por Renato Anelli, Karina de Souza, Marcos Cereto, Clevio Rabelo, Marcella Arruda e Jerá Guarani, a edição destaca construções experimentais em taipa industrializada, solo-cimento, madeira reflorestada e palha, como Cabana Zero e Your Greenhouse is Your Living Room. A programação inclui laboratórios de biomateriais, oficinas, fóruns, exibição de filmes e o Concurso Internacional de Escolas de Arquitetura, com participação de FGMF, Studio Arthur Casas, Kamel Arquitetura, Shigeru Ban e Liu Jiakun.
Alcova Miami 2024 | Foto: Piergiorgio Sorgetti
A ARTE E O VERDE:
REGIÃO DO TANGUÁ E SÃO LOURENÇO SE
TRANSFORMAM EM NOVO POLO
RESIDENCIAL DE CURITIBA
Refúgio de condomínios horizontais, o bairro virou referência para quem busca viver em residências com localização estratégica na capital paranaense
Por Vistta Curitiba
Ese morar fosse mais do que ter um endereço? E se a sua próxima conquista fosse devolver às crianças o quintal, o céu aberto e a liberdade que os prédios não oferecem?
A região do Tanguá e São Lourenço não é apenas mais um bairro de Curitiba
É um novo desejo urbano. Entre a Ópera de Arame, a Pedreira Paulo Leminski e os parques Tanguá, São Lourenço e Papa Francisco, o que se reinventa aqui é a ideia de viver bem: com espaço, privacidade e natureza, tudo aquilo que a cidade parece ter esquecido.

UMA REGIÃO QUE CRESCE MAIS RÁPIDO QUE O RESTO DA CIDADE
Nos últimos anos, a infraestrutura se expandiu com o binário Mateus Leme–Nilo Peçanha, além de escolas renomadas como o Colégio Marista Santa Maria e o Bosque Mananciais, mercados, restaurantes e serviços, consolidaram a região como uma extensão natural da vida urbana.
O resultado? Mais valorização. Curitiba já lidera entre as capitais brasileiras com 17% de alta nos imóveis residenciais em um ano, mas os produtos diferenciados, emlocalizações únicas como o Tanguá e São Lourenço, carregam um potencial ainda maior de crescimento.
Onde morar perto de tudo não é detalhe: é ativo de mercado. Estar a poucos minutos do Centro Cívico, do Museu Oscar Niemeyer e da nova Rua da Música, espaço que conecta cultura e gastronomia, significa economizar tempo, atrair conveniência e capturar o prêmio imobiliário que só as grandes capitais entregam.
Muitas famílias já perceberam e optaram: casas em condomínios horizontais são o verdadeiro upgrade de vida. Você não compra apenas um imóvel. Você compra a liberdade de aproveitar a vida junto dos seus filhos.
VISTTA CURITIBA: O ÚNICO CONDOMÍNIO RESORT DA REGIÃO
Enquanto os apartamentos se multiplicam em torres verticais, o Vistta surge como a resposta ao desejo das famílias que buscam espaço sem abrir mão da conveniência.
São mais de 10.000m² de lazer e entretenimento: pista de caminhada, piscinas, complexo esportivo, coworking e áreas que unem tranquilidade e vida social. Tudo projetado para que cada dia pareça férias.
“Queremos devolver às crianças a liberdade da infância e aos pais a experiência única de viver com estrutura de resort em uma localização privilegiada. O Vistta não é apenas sobre morar. É sobre viver de verdade.”
Comenta Guilherme Borio, idealizador do Vistta Curitiba e dos renomados condomínios Sprada 1871 e Rivelare Barigui.

A ESCOLHA ENTRE ROTINA E SONHO
Morar em um condomínio resort é viver em uma casa com quintal e, ao mesmo tempo, ter à disposição a estrutura de um clube completo e o cuidado de um hotel cinco estrelas.
O Vistta Curitiba é a oportunidade de viver um estilo de vida que une a conveniência urbana à exclusividade de uma casa em condomínio.
Para mais informações, visite: visttacuritiba.com.br @visttacuritiba


VIVER COM ARTE
Por Vanessa Pissetti, sócia e diretora da Swell Construções

Aarte definitivamente saiu das galerias. Sem pedir licença, ela invadiu as ruas, os espaços que frequentamos no dia a dia e, especialmente, as nossas casas. A arte é transcendental. É a capacidade de ir além da função e transformar objetos e espaços em experiência, em significado. Ela provoca, inspira, desperta sentidos. É a forma de expressar o que pensamos, o que sentimos. De compartilhar nosso entendimento sobre o mundo e a forma como queremos viver nele. Ela é um manifesto. Pensar, sentir, expressar e viver. É justamente isso que une arte, arquitetura e mercado imobiliário. A expressão artística nos convida a conhecer uma outra perspectiva, um novo ponto de vista. Ela expande os limites. A arquitetura transforma essa percepção, essa personalidade, em atmosfera.
Assim, o imóvel se torna mais do que casa. Palco para memórias, encontros e histórias, se transforma em experiência, única e intransferível. Mais do que marketing, atributo comercial ou investimento, a arte se torna uma necessidade. É inegável o seu potencial de agregar valor e criar diferenciação. Mas é mais do que isso.
Ela é a manifestação do poder criador do ser humano. Num mundo cada vez mais pasteurizado, recorrer à arte é quase um gesto revolucionário, é sobrevivência. No mercado imobiliário, é impossível falar de luxo, sem falar de arte. Mais do que consequência do design de interiores, a arte é um estilo de vida. Portanto, premissa para pensar todo um projeto. Ela é o início, o ponto de partida de um novo empreendimento, do próximo lançamento.


No Jardins Artefacto by Swell, nosso primeiro lançamento fruto da collab de design inédita com a Artefacto no Paraná, a arte está enraizada no terreno. É ali, na Rua Tapajós 177, no Mercês, em Curitiba, que um médico e sua esposa pianista ensinaram seus sete filhos a tocar um instrumento musical, o que resultaria na criação da Orquestra Sinfônica do Paraná.
Local que é mais do que endereço. Ele é sinfonia, que foi criada por um dos filhos para celebrar as cinco décadas vividas ali. É a arte celebrando a vida! Arte que é conceito, mas também é vivência. Uma experiência diária para cada morador, desde o momento da sua chegada - ao avistar
a fachada, passando pela belíssima escultura do hall de entrada e em cada canto, objeto e móvel presente ali. Na energia que esse lugar tão especial emana.
Arte como eco, mas também como composição. Um lembrete diário para vivermos mais com mais beleza. Mas, sobretudo, com mais significado.

Para mais informações, visite: swellconstrucoes.com.br (41) 991525295 @swellconstrucoes


SWELL
A Swell Construções promoveu um happy hour de boas-vindas na loja Artefacto no Batel, em Curitiba, para os compradores do Jardins Artefacto by Swell. Primeiro empreendimento
colaborativo das marcas no Paraná, une sofisticação e exclusividade. Projetado pelos escritórios Baggio Schiavon e FN Arquitetura, com interiores de Juliana Meda e mobiliário completo da Artefacto,

o projeto é composto por três torres e 36 casas verticais, com metragens de até 380 m². Pedro Torres, Vanessa Pissetti, Camila Schmidt e Rafael Antônio Gonzalez.
Foto: Kazé
PÁTIO BATEL
Com curadoria de Ana Carolina Ralston a vernissage que abriu a ocupação artística Vestir o Olhar, realizada pelo Pátio Batel para aproximar moda e arte, apresentou criações especiais de nove artistas: André Azevedo, Aline Bispo, Guita Soifer, Filipe Jardim, Mariana Palma, Renata Egreja, Vigas e Verena Smit. Na imagem, Ana Carolina Ralston, Juliana Vosnika e Gabriel Curti.
Foto: Midori Kobiyama
Coluna Conexão por Cesar Franco
ARTEFACTO
Paulo e Bruna Bacchi receberam seus convidados para a abertura oficial da Mostra Artefacto 2025, na Artefacto Curitiba. O evento apresentou o tema Viver com Arte, que integra design e produção artística contemporânea em ambientes que traduzem sofisticação, criatividade e emoção.
Foto: Divulgação


GT BUILDING
Maurício Fassina, Laura Malucelli e Felipe Simioni celebram a conquista do selo GBC Gold pelo empreendimento Temple, da GT Building. Este é o quinto projeto da incorporadora curitibana a receber a certificação, reforçando sua liderança em construções sustentáveis.
Foto: Divulgação


ALMA LIGHT
A Alma Light, de Simone Yared, brilhou nesta edição da Mostra Artefacto Curitiba com presença em sete ambientes. Entre os destaques, a Coleção Array, da espanhola Vibia, que fez sua estreia na vitrine assinada pelo escritório de Jayme Bernardo. Na imagem: Gustavo Yared, Jayme Bernardo, Simone Yared e Glei Tomasi.
Foto: Divulgação
O designer Carlos Motta, que já foi capa da Habitat, esteve em Curitiba para lançar seu novo livro na Oslo Design e participar de uma conversa sobre primazia artesanal e responsabilidade socioambiental. Na ocasião, anunciou também a exclusividade das peças do Atelier Carlos Motta com a loja no Paraná. Fernando Laszlo, Carlos Motta, Claudia Costa, Karin Klassen e Diego Motta.
Foto: Divulgação.


MOVEPAR
Os diretores da Movepar Curitiba, Diogo Oliveira e Simone Oliveira, com a arquiteta Viviane Busch, responsável pelo ambiente Cozinha Gourmet e Jardim na Mostra Black Home Sul. O projeto evidencia o conceito de novo luxo, unindo sofisticação, acolhimento e a exclusividade da marcenaria sob medida.
Foto: Divulgação
Coluna
OSLO

ELEUTHERIO NETTO
O artista visual Eleutherio Netto abriu a exposição Veladuras na Galeria Cosmos, durante a DW Tour em Balneário Camboriú, em celebração à Semana de Design da cidade. A vernissage reuniu nomes de destaque do cenário criativo local. Eleutherio Netto, Mariana Spengler, Cassiano Cruz, Cassia Siqueira e Gabriela Schimidt.
Foto: Divulgação
PLAENGE
Com heliponto e design assinado pela Pininfarina, a Plaenge apresentou o Plaenge Design by Pininfarina, que une arquitetura autoral e sofisticação. Localizado no Ecoville, o projeto oferece plantas de até 527 m², áreas de lazer com piscina e piano bar, além de atenção à preservação ambiental. O lançamento contou com a presença de Federico Francesconi, executivo da Pininfarina.
Foto: Divulgação


TON SUR TON
No ano em que completa 40 anos como referência em design, a Ton Sur Ton promove uma série de encontros com seus profissionais parceiros. Entre os destaques, os escritórios de Aline Antoniassi, Andrea Violani, Felipe Saia, Leticia Kracik e Silvia Franzoni foram recepcionados pelos anfitriões Wilson e Sonia Elias.
Foto: Divulgação


LE CREUSET
Em agosto, a Le Creuset promoveu uma experiência gastronômica em sua flagship no Pátio Batel. A aula show foi conduzida pelo chef Felipe Miyake, que comanda o Duq Gastronomia, e organizada pelo PR Felipe Casas, também responsável pelo mailing de convidados. O chef Felipe Miyake.
Junior Dias.
BOTTEH
A nova vitrine da Botteh Curitiba, assinada pelo Bo. Arch Studio, celebra a primavera. Os tapetes da marca contrastam com as flores artesanais de Jacqueline Benevides. Marina Carvalho, Amir Shahrouzi e Thalita Peron.
Foto: Studio WildCam


VILLA BATEL
A Villa Batel participa da Mostra Black em seis ambientes assinados por Choueri & Pavelski, Roger França, Horta & Vello, Natalya Lopes, Priscilla Müller e Rosa Dalledone. Os espaços traduzem o morar com propósito, estilo e alma, reforçando o papel da mostra em conectar público, profissionais e tendências. Glei Tomazi e Márcia Almeida.
Foto: Divulgação
Coluna Conexão por Cesar Franco
Foto:

SIMÕES DE ASSIS
Waldir Simões de Assis, Vanda Klabin e Carlos Motta na inauguração da mostra Jorge Guinle: Infinito. Curada por Vanda Klabin, a individual do artista apresenta 10 telas inéditas que reverberam seus paradoxos visuais.
Foto: Anderson Loyola
NPK
O arquiteto Paulo Azevedo esteve em Curitiba para o talk A arte de misturar: estilo eclético, no showroom da NPK Mármores. No evento, destinado a convidados, ele criou moodboards com os materiais da seleção NPK. Na foto, Eduar Merhy, Paulo Azevedo e Debora Merhy.


BRACCI
A arquiteta Debora Paiva e Marcella Thaisa, ambas da flagship curitibana da Bracci, prestigiaram a inauguração da Casa Welt, nova sede da Welt Empreendimentos em Curitiba, dos sócios Maicon Hamm e Dirceu Pessini.
Foto: Gerson Lima.


MIRÓ E CARVALHO
A Miró e Carvalho Arquitetura assina o decorado do edifício Elysium, da Silicon Engenharia. Com cerca de 180 m², o projeto prioriza funcionalidade e design, incorpora peças de mobiliário assinado e traduz o DNA do escritório na arquitetura e nos interiores. Rafael Carvalho e Gisela Miró.
Foto: Divulgação
DAXO
A Daxo Incorporadora e a Bazaar Fashion promoveram um talk com o consultor Carlos Ferreirinha, referência no mercado de luxo, com o tema A Era das Experiências: o Imobiliário de Alto Padrão. Na foto, Andrea Omeiri, Cesar Franco, Márcia Cardoso de Almeida e Carlos Ferreirinha.
Foto: Ryco.


IMPERMIX
O arquiteto Nildo José, autor da coleção Maracangalha para a Portinari, esteve em Curitiba a convite da Impermix, que celebrou a abertura do novo showroom Impermix Exclusive Jardim Social. Thiago Helm, Nildo José e Simone Ferreira.
Foto: Patrícia Amancio
Coluna Conexão por Cesar Franco

LOPES HOME
A Lopes Home promoveu, no Varanda Barigui da Invescon, um bate-papo sobre decisões na compra de imóveis com a arquiteta Talita Nogueira. Entre os convidados, estiveram presentes clientes, parceiros e imprensa. Na imagem: Thiago Adriazola, Jairo Sera Tkachechen, Vívian Silva e Talita Nogueira.
Foto: Divulgação
COSY HOME
A Cosy Home, revenda exclusiva da Entreposto em Curitiba, lançou a coleção Zanzibar, inspirada no arquipélago africano e marcada por mais de 40 estampas em azul-turquesa e verde. Karolinna Venturi e Nitsa Vianna.
Foto: Patrícia Amancio


PRIDE
A liderança da Pride Construtora, representada por Leandro Manenti, Leonardo Manenti, Vevianne Jacques e Thiago Kuntze, participou do lançamento da campanha Select Pride em Curitiba. O evento apresentou quatro empreendimentos de alto padrão e reuniu cerca de 150 convidados do mercado imobiliário.
Foto: Divulgação




MARCELO PACIORNIK
A Galeria Zilda Fraletti homenageou Marcelo Paciornik com uma exposição no empreendimento Reserva Barigui, da Construtora Avantti. a mostra é um tributo ao artista que marcou a cena cultural de Curitiba e segue presente pela intensidade e poesia de sua obra. Zilda Fraletti, Carlos Rosenmann e Carlos Noleto.
Foto: Divulgação
No evento de 15 anos da AGL, o sóciofundador Luiz Antoniutti recebeu Gabriel Falavina, sócio-fundador da ALTMA, e Lucas Poletto, diretor executivo da HIEX e gerente de incorporação da AGL.
Foto: Dan Guinski.


TALITA NOGUEIRA
Talita Nogueira vive um momento significativo na carreira. Depois da estreia marcante na CASACOR Paraná, ela chega à sua 6ª participação na Mostra Artefacto Curitiba. Reconhecida pela autenticidade e emoção em cada projeto, a arquiteta transforma casas em verdadeiros retratos de quem as habita.
Foto: Divulgação
Coluna Conexão por Cesar Franco

CLÍNICA CICLUS
A nutricionista funcional Selma Vosgerau celebrou a inauguração da Clínica Ciclus, no Complexo Médico do Hospital Los Angeles, em Curitiba. O novo espaço foi concebido para oferecer atendimento personalizado, cuidado integral e uma cozinha experimental que une saúde, sofisticação e gastronomia sem glúten e lactose.
Foto: Divulgação
CINEXARCH
Elaine Zanon, Juliano Hermes, Claudia Machado e Cesar Cini celebraram os 5 anos da CinexArch Curitiba. Referência em design de portas, divisórias e esquadrias em vidro e alumínio, a marca reforça sua presença na capital e anuncia um retrofit da loja.
Foto: Marcelo Elias.


PRIME SOHO
Com quase uma década de atuação, a Prime Soho se destaca no mercado de imóveis de alto padrão em Curitiba. Liderada por Diego Oliveira, a imobiliária reúne mais de uma centena de profissionais e já ultrapassou R$2 bilhões em vendas, combinando experiência, inovação e atendimento personalizado.
Foto: Divulgação


CLEMILDA THOMÉ
Jandira Khury e Dra. Clemilda Thomé durante o lançamento do livro Afortunada, na Livraria da Vila, em Curitiba. Escrito com Ana Clara Garmendia e prefaciado por Bruno Astuto e Karina Peloi Carvalho, a obra narra a trajetória de fé, superação e empreendedorismo da cofundadora da Neodent.
Foto: Patrícia Amancio
DIEEDRO SP
O arquiteto e designer Jayme Bernardo recebeu convidados para celebrar a abertura do Studio DIEEDRO na Alameda Gabriel Monteiro da Silva. Peças inéditas revelam seu olhar escultural e a fusão entre arte, design e funcionalidade.
Foto: Nizo Gomide


TMOBILIS
À frente da TRIA Gestão Criativa e responsáveis pela campanha de sucesso da TMobilis, empresa que é referência no país no segmento de veículos elétricos de vizinhança, Luciana Baggio, Caroline Baggio e Deborah Vasques, receberam convidados para lançamento da ação de sucesso no Pátio Batel.
Foto: Divulgação
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VESTA PISO AQUECIDO
Fotos: Divulgação
Destaque da Febrava 2025, maior evento de aquecimento e refrigeração da América Latina, a Vesta apresentou o piso aquecido em funcionamento e os novos toalheiros térmicos, reafirmando seu compromisso com inovação e sustentabilidade. A participação contou
com a presença da equipe da Fenix Group, empresa da República Tcheca referência global em sistemas de aquecimento elétrico e parceira tecnológica da Vesta no Brasil. A conexão com parceiros foi celebrada em um jantar exclusivo no Sal Gastronomia, em São Paulo.



Coluna Conexão por Cesar Franco
Leandro Almas, Katerina Jezerska e Beata Vaculík, Derico Sciotti, Henrique Fogaça e Patricia Pomerantzeff
Entrevista com Leandro Almas, diretor da Vesta Piso Aquecido
Equipe Vesta Brasil: Alexandre Vieira, Michelli Lucas, Katerina Jezerska, Leandro Almas, Beata Vaculík, Solange Peixoto, Rosa Santos, Lucas Zuck e Mateus Palmquist


INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, POLICRISE E DESVONTADE
A alegria estratégica como antídoto para dar sentido ao design e à vida

Dentro de poucos anos, os mais abastados poderão comprar a imortalidade. Não apenas o corpo perfeito, mas um corpo super-humano: que corre melhor, metaboliza melhor, rejuvenesce décadas em poucas injeções. O que isso tem a ver com a casa? Tudo. Porque o lar do futuro nascerá para abrigar esse cyborg sensível. Do vaso sanitário que monitora saúde, o robô de cozinha que conhece todas as preferências e com apenas uma palavra deixa o almoço pronto, à cama que cuida da higiene do sono, cada detalhe será parte de um ecossistema inteligente que promete não apenas longevidade, mas a própria eternidade. No meio das tendências existe uma máxima que nos ajudará a enfrentar as imprevisibilidades dos próximos anos - conforme os seres humanos vão se tornando mais digitalizados, a tecnologia se tornará mais humana. E a beleza da análise preditiva está mais nas boas perguntas do que nas respostas prontas. Nesse cenário hipertecnológico, o que será essencialmente humano? Quem cuidará de nossas emoções cada vez mais embotadas? Serão as máquinas capazes de devolver o arrepio de ver um bebê nascer, a doçura de um meme de gatinho, o silêncio sagrado do pôr do sol? A WGSN batizou seu último relatório sobre o consumidor de 2027 como “emoções” e talvez nunca tenha feito tanto sentido. Em meio ao avanço da IA, o design precisa ser mais que eficiente, precisa emocionar. Alegria estratégica é a nova diretriz para um humano desen-
cantado. Os vencedores do iF Design Award 2024 já apontam esse caminho. Projetos como Honoka, que cria mobiliário a partir de novos materiais sustentáveis, devolvem textura e calor ao cotidiano. Mogu, com seus revestimentos de micélio, traz o toque orgânico da vida para dentro de casa. O coletivo taiwanês Porosity, ao trabalhar o bambu, transforma tradição em leveza sensorial. Garden One reconecta arquitetura e verde como se a cidade pudesse, enfim, respirar. Tecla, na Itália, ergue casas inteiras em impressão 3D com a poesia da terra local. E iniciativas como a Near-Zero Carbon Community (China) ou o Artsy Hotel (Brasil) traduzem a urgência de criar espaços que acolhem. Esses exemplos não são apenas soluções técnicas. São convites ao maravilhamento, palavra esquecida e, ao mesmo tempo, urgente.
Porque em tempos de policrise, quando tantos vivem exaustos e paralisados pela desvontade - termo cunhado por John Koenig -, o papel do design é oferecer pílulas de contemplação, brechas de serenidade, fagulhas de encantamento. À medida que os humanos se tornam digitais, a tecnologia se tornará mais humana. A voz será a interface central. O artesanato encontrará a máquina, e juntos criarão texturas inéditas. O lar será monitoramento do corpo e reconexão com a emoção, um espaço que respira, vibra e cuida. Então, designer, arquiteto, criador: quão emocionada tem sido a sua obra? Você entrega apenas tecnologia - ou já está desenhando emoção?
Paula Abbas é designer estratégica, futurista e especialista em design thinking. Fundadora da ThinkRoom
The Library (Vault of Life), vasto arquivo ecológico da abundância natural do nosso planeta | Foto: Sandra Ciampone

