Habitat 26

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arquitetura | arte | design

NINA YASHAR

Nilufar Depot | Foto: Mattia Iotti

TRAMA CULTURAL

Nas expressões do impulso humano, a verve criativa se reinventa ininterruptamente. Ao dissolverem suas fronteiras, arte e design convergem para novos caminhos. Em sua curadoria implacável, a galerista Nina Yashar apresenta ao mundo as tramas do design como campo cultural, interlúdio de memória e pensamento crítico. É no contraste entre tempos - da tradição ancestral à experimentação contemporânea, que o design ressurge como um terreno híbrido. Capaz de preservar saberes milenares, questionar o presente e abrir espaços para narrativas. O artesanal volta a ser o dínamo que impulsiona inovação, tece histórias e sentidos numa Débora Mateus, Editora e diretora de conteúdo

poética que resiste ao tempo e às pressões do mercado. Na última Semana de Design de Milão, esse movimento intensificou o apelo humano e emocional, convidando à reflexão sobre o futuro que queremos construir. Na SP-Arte, ao coexistirem, os diálogos entre arte e design pressupõem a transformação cultural. É no gesto criativo que se revela a força de um mundo em metamorfose, onde matéria e significado se entrelaçam em um contínuo ato de resistência e renovação. Boa leitura!

Expediente

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Colunistas: Paula Campos (Coluna Sobre Morar), Rodolfo Guttierrez (Coluna É Design), Cesar Franco (Coluna Conexão), Luciana Casagrande Pereira (Coluna Ponto de Vista) Créditos: Filippo Pincolini | Nina Yashar na Tommaso Calabro Gallery Redes sociais: Trentini Comunicação | Impressão: Maxi Gráfica e Editora LTDA. | maxigrafica@maxigrafica.com.br

Marca registrada: Capelatto Marcas e Patentes

habitat

Número 26 | Junho e julho

12 CAPA.

Entrevista exclusiva com Nina Yashar, uma das vozes mais influentes do design mundial, à frente da galeria Nilufar, sediada em Milão

30 SP-ARTE.

Em sua 21ª edição, a feira reforça seu papel como elo entre arte e design

40 SEMANA DE DESIGN DE MILÃO.

Destaques do Fuorisalone e do Salone del Mobile apontam as principais apostas do design em 2025

58 ARQUITETURA PARANAENSE.

O percurso do escritório Boscardin Corsi, dos sócios Edgard Corsi e Ana Boscardin, que prima pela essência da arquitetura sem excessos

62 ARTE COMO HERANÇA.

À frente da galeria Simões de Assis, duas gerações constroem o legado que marca presença na cena artística nacional e internacional

68 VITRINE.

Sob o olhar esteta de Priscila Müller, nasce um editorial que desvela ícones do design brasileiro e italiano curados no Antiquário Cristiano Ross

78 NOTAS DE MERCADO.

Um giro pelas principais notícias nacionais e globais

80 COLUNA SOBRE MORAR.

O lar de Yasmin Bonilha e Gregorio Nissel

86 COLUNA É DESIGN.

A história do fotógrafo e curador Bruno Simões

COLUNA CONEXÃO.

Cobertura social dos eventos de Curitiba

COLUNA PONTO DE VISTA.

A constante pujança cultural por Luciana Casagrande Pereira, Secretária de estado da cultura do Paraná

A VISÃO IMPLACÁVEL

POR TRÁS DA NILUFAR

Em entrevista exclusiva à Habitat, Nina Yashar revela o legado que posicionou sua galeria em Milão como referência do design mundial

Por Débora Mateus

Nina Yashar na Nilufar Depot em 2016. Inaugurado no ano anterior, o espaço foi concebido para ampliar o sistema expositivo da galeria
Foto: Mattia Iotti
habitat

No panorama do design contemporâneo, poucos nomes têm percepção tão aguçada quanto Nina Yashar. À frente da galeria Nilufar há 46 anos, ela é uma das vozes mais influentes do segmento. Nascida em uma família iraniana que se estabeleceu em Milão nos anos 1960, cresceu imersa em texturas,

história e artesanato, absorvendo do pai, comerciante de tapetes persas, a paixão que moldou sua trajetória. Com dois espaços na cidade - um na Via della Spiga, em pleno Quadrilatero della Moda, e outro na Viale Lancetti (Nilufar Depot), a galeria é reconhecida internacionalmente como plataforma de pesquisa e intercâmbio cultural.

Sob o olhar desbravador da idealizadora, o acervo combina criações de mestres do século XX, designers emergentes e tapetes raros. Tornou-se parada essencial para colecionadores e entusiastas da Semana de Design de Milão. A descoberta do design escandinavo, durante uma viagem à Suécia nos anos 1990, foi um divisor de águas

em sua curadoria. Inicialmente focada em tapeçarias europeias e orientais, passou a incorporar mobiliário e luminárias, culminando na emblemática mostra Tappeti svedesi e mobili scandinavi.

“Quando apresentei tapetes escandinavos combinados com móveis do mid-century, inaugurei uma nova forma de

Esculturas de Pietro Consagra (1920-2005), expostas na Nilufar Depot, 2021 | Foto: Mattia Iotti

pensar o diálogo no design: o contraste como narrativa. Hoje, a Nilufar continua a desempenhar um papel essencial na elevação do design ao campo do discurso cultural. Nos últimos anos, testemunho um renascimento do interesse pela produção artesanal e por materiais excepcionais. Designers exploram práticas sustentáveis, disciplinas híbridas e narrativas por meio dos objetos. Para mim, arte e design não são forças opostas, mas expressões do mesmo impulso humano: criar sentido e contar histórias. Ao longo dos anos, busquei borrar essas fronteiras - apresentar móveis como esculturas, tapetes como telas, iluminação como instalações poéticas”, revela à Habitat.

Um dos ambientes de Jungle (2021): as paredes assinadas pela artista suíça Federica Perazzoli emolduram o mobiliário do designer libanês Khaled El Mays | Foto: Mattia Iotti
Móveis de Filippo Carandini na Nilufar Edition, 2024 | Foto: Filippo Pincolini

FAR 2019, projeto

peças do

Odd Matter exploram formas orgânicas e sintéticas, desafiando a percepção

da Nilufar:
estúdio holandês
Foto: Pim Top

CONTRASTES ELOQUENTES

Inaugurada há 10 anos em uma antiga fábrica de prataria, a Nilufar Depot é um marco. Com interiores assinados por Massimiliano Locatelli e inspirados no Teatro alla Scala, o espaço tornou-se um amplo sistema expositivo, destacado pelo átrio central de concreto, cercado por três níveis de varandas metálicas. Nesta Semana de Design de Milão, em celebração ao aniversário, recebeu Silver Lining, primeiro ato da mostra Repertorio

- composta por cinco capítulos entre os dois endereços da Nilufar -, que destaca a versatilidade do metal. Peças em aço galvanizado e folha de prata reverberaram sensibilidades históricas e contemporâneas, como as de Audrey Large e Flavie Audi, nomes que Nina ressalta por redefinirem o design com inovação e sensibilidade artesanal.

Silver Lining, primeiro ato da galeria na Semana de Design de Milão 2025, mesclou peças vintage e criações contemporâneas de Flavie Audi e Audrey Large | Foto: Alejandro Orozco

O diálogo entre tempos e linguagens permeou as exposições na Via della Spiga. Em Contrasts, foram apresentadas obras de arte oriental, criações de talentos contemporâneos, mestres italianos e brasileiros do século XX, como Giancarlo Palanti, Lina Bo Bardi e Franco Albini. “Nesse constante jogo de oposições e complementaridades, ficou evidente como a inovação pode surgir da harmonia inesperada das diferenças”. Em Ex Terrā, a relação entre homem e natureza foi explorada em trabalhos inéditos de designers que revolucionam suas práticas, como Andrea Mancuso, Maximilian Marchesani e Etienne Marc.

Amber Echoes (II ato): a luminária de Christian Pellizzari contracena com móveis históricos de Giuseppe Scapinelli, Gabriella Crespi e James Mont | Foto: Alejandro Orozco
Ex Terrā (V ato): mesas Terrario, de Andrea Mancuso, e a luminária Famiglia, de Maximilian Marchesani aludem à natureza Foto: Alejandro Orozco
Contrasts (ato V): o tapete do designer colombiano Jorge Lizarazo (Hechizoo) contrasta com os móveis históricos de Franco Albini Foto: Filippo Pincolini
Estreia da Nilufar na Índia, com curadoria de Nina Yashar, na Nilaya Anthology, em Mumbai (2025) | Foto: Hashim Badani

Ainda em Contrasts uma das mostras de Repertorio: o icônico banco Sesc Pompeia, de Lina Bo Bardi e Giancarlo Palanti (1979), dialoga com o sofá de Allegra Hicks e as cerâmicas de Pietro Melandri Foto: Filippo Pincolini

No design têxtil, paixão que Nina nutre continuamente, ela enxerga mais do que estética: um elo entre tradição e inovação, capaz de guardar memórias e reinterpretar significados. “Hoje, há um renascimento belíssimo nesse campo. Designers como Jorge Lizarazo, fundador do Hechizoo, transformam a tecelagem em arte, utilizando materiais como agave, seda e fios metálicos”. Em um mundo saturado pela velocidade, esse movimento resga-

ta o tempo perdido das coisas por meio do fazer manual. A Índia, com sua herança milenar, ganha força sob o olhar renovado de talentos como Vikram Goyal. “Suas criações em metal são monumentais e delicadas, profundamente ligadas à tradição e ao contemporâneo. Acredito que a Índia influenciará o design mundial não só esteticamente, mas também filosoficamente”.

Capa

Para Nina, os princípios do modernismo continuam relevantes, mas devem ser reinterpretados sob uma perspectiva atual - com foco em narrativas culturais, sustentabilidade e tecnologia. Influências do design moderno brasileiro, do design radical italiano e de avanços inovadores guiam sua curadoria. “O design brasileiro ocupa uma posição única, carregado de história e signifi-

cado”. A exposição Lina Bo Bardi Giancarlo Palanti Studio d’Arte Palma 1948–1951, realizada em 2018, revelou a humanidade e a radicalidade do design brasileiro. Obras de Zalszupin, Joaquim Tenreiro e José Zanine Caldas também compõem suas exibições, refletindo a densidade de um legado com ressonância universal.

Lina Bo Bardi e Giancarlo Palanti - Studio d’Arte Palma (1948–1951), retrospectiva realizada em 2018 | Foto: Amendolagine Barracchia

SINTONIA OBLÍQUA

Instalação Innesto (Rubbing up the wrong tree), de Martino Gamper, durante a Semana de Design de Milão 2022 | Foto: Mattia Iotti
Penteadeira desenhada por Gio Ponti para o Hotel Parco dei Principi (1964) | Foto: Daniele Iodice

12 Chairs for Meditation, de Andrés Reisinger, um dos destaques da

Em 2007, ela convidou Martino Gamper para reinterpretar móveis de Gio Ponti criados para o Hotel Parco dei Principi, em Sorrento. A mostra revelou um gesto radical: por meio da desconstrução e remontagem, Gamper imprimiu novas leituras às peças originais - em um processo que o próprio designer chamou de Action Design. Entre as peças mais estimadas do acervo pessoal de Nina estão o aparador de Ponti para o hotel, síntese de forma pura e impacto imediato, e a coleção Locus Solus,

de Gae Aulenti, que atravessa décadas com sua ousadia. Sua próxima exibição, La Dolce Vita, na Galerie56, em Nova York, será um tributo ao design italiano vintage (1930–1970), em parceria com Lee F. Mindel. Ao imaginar um encontro ideal entre criadores de épocas distintas, a galerista revela o olhar visionário e em constante transformação que orienta sua trajetória: “Lina Bo Bardi, Ettore Sottsass e Audrey Large para debater a evolução da materialidade e da forma”.

Exposição
Milan Design Week 2024 | Alejandro Orozco
Retrato de Nina Yashar | Foto: Anne Timmer

A EXPANSÃO DO PULSAR CRIATIVO NA SP-ARTE 2025

Ao inaugurar o calendário artístico nacional, a feira reforça sua importância como plataforma de diálogos entre arte e design

Por Débora Mateus

Arte e design não apenas coexistem na SP-Arte - eles se provocam, se alimentam e se transformam mutuamente”, afirma Fernanda Feitosa, fundadora e diretora do principal evento de arte

“ e design do país. Em 2025, a mostra abriu o calendário artístico nacional reafirmando a força dos diálogos que fomenta entre essas esferas criativas.

Vento das frutas-conchas 2025, Fernanda Galvão, Casa Triângulo | Foto: Divulgação/ Filipe Berndt
“Aqui, o experimental encontra o funcional; artistas e designers constroem, lado a lado, novos futuros possíveis”

Realizada em abril, no Pavilhão da Bienal, a 21ª edição da feira reuniu mais de 200 expositores: 102 galerias de arte12 delas estrangeiras - e 81 de design, além de instituições culturais, espaços independentes e editoras. Parceiros como Artefacto, Arauco e Sauer premiaram destaques no design e na arte, enquanto a Roca estreou seu patrocínio com a mostra Tomie Ohtake: Gestos Fluidos.

Plataforma importante na projeção da arte brasileira no cenário global, o evento apresentou expoentes que atestam a continuidade dessa ascensão vigorosa, como Adriana Varejão - em cartaz no Centro de Arte Moderna Gulbenkian, em Lisboa -, e Lucas Arruda, primeiro brasileiro a expor no Musée d'Orsay, em Paris. A presença, nesta edição, de 80 colecionadores, curadores, art advisors e diretores de museus dos Estados Unidos, Europa, Japão e Austrália reforça esse movimento.

Continuel mobile 2019, Julio Le Parc, Nara Roesler
Foto: Divulgação/Nara Roesler

No design, o aumento de 15% em expositores - incluindo 16 estreantes - espelha a consolidação de um setor que desembarcou na SP-Arte em 2016 e hoje desfruta da plena confiança do mercado. “A arte oferece perguntas, abre caminhos para o sensível, o simbólico e o subjetivo. O design, por sua vez, traduz ideias em solu-

ções concretas, unindo forma e função para transformar o cotidiano. Juntas, essas práticas criativas têm o poder de gerar impacto real - estético, social e cultural. Aqui, o experimental encontra o funcional; artistas e designers constroem, lado a lado, novos futuros possíveis”, completa Feitosa.

Rio de Janeiro's Mountains Series (Pedra da Gávea) 1986, Wanda Pimentel, Fortes D'Aloia & Gabriel | Foto: Divulgação

Díptico da série The Sign Painting Project, 1997, de Francis Alÿs, Galatea | Foto: Divulgação/Ding Musa

VORACIDADE ARTÍSTICA

A Galatea recriou um apartamento com expografia de Lucas Dualde. Mobiliários assinados contracenaram com obras de Francis Alÿs, Allan Weber e o mural de Emiliano Di Cavalcanti - exibido pela primeira vez em 56 anos, após permanecer no hall do Edifício Machado de Assis, em Copacabana (RJ). Produções internacionais como as de Yayoi Kusama e Jean-Michel Othoniel, na Simões de Assis, e de Jaume Plensa, na Leme, receberam atenção do público e da crítica.

Na Fortes D’Aloia & Gabriel, criações de Ernesto Neto, Antonio Tarsis e Wanda Pimentel se destacaram, assim como a obra de Beatriz Milhazes na Almeida & Dale. Também chamaram atenção trabalhos de Lucas Arruda e Sonia Gomes na Mendes Wood DM, e de Cildo Meireles e Bruno Baptistelli na Luisa Strina.

João no piscinão (2025), Wallace Pato, Mitre | Foto: Divulgação/Mitre

Zilda Fraletti apostou na expansão de seu espaço e apresentou obras de 12 artistas, como Fernando Lindote, Guilherme Dable, Lellis de Orleans e Bragança e André Mendes. A curadoria evidenciou a diversidade de técnicas e linguagens - do figurativo ao abstrato, passando pela fotopintura. Com foco exclusivo em produções femininas,

a estreante Flexa reuniu obras de Tomie Ohtake, Lygia Clark e Cecilia Vicuña. Entre os jovens talentos, destaque para Mayara Ferrão, artista revelação do prêmio Sauer, na Verve, e Gê Viana, na Lima. Na Mitre, obras de Wallace Pato e Davi Jesus do Nascimento marcaram presença.

Sem título (manus) 2023, Bruno Baptistelli, Luisa Strina | Foto: Galeria Luisa Strina/ Ana Pigosso
São

DESIGN EM CENA

Estreantes de peso, como Attom - de Carlos Motta e Diego Motta -, Sergio Rodrigues Atelier e Lucas Recchia, ganharam evidência ao lado de marcas recorrentes na SP-Arte, como ETEL, Jacqueline Terpins e, ovo. Na Aalvo Gallery, peças escultóricas de Pedro Ávila, talento da Barra Funda, atraíram os holofotes. Outro ponto alto foi a mostra Inteligência Material, patrocinada pela Arauco e curada por Livia Debbane e Camilo Oliveira, que expôs criações de 25 jovens designers, explorando materialidade e processo criativo.

Exposição Dendroteca: Cartografia do Começo, ETEL | Foto: Divulgação/Potyra

A ETEL revisitou seu legado e a trajetória de mestres modernistas e designers contemporâneos. Em destaque, a mesa Tomie, em madeira, de Rodrigo Ohtake - edição da criação original em concreto de Ruy Ohtake, de 1969e peças de Claudia Moreira Salles, parceira da marca há 30 anos.

A disruptiva Poltrona Chifruda marcou o espaço do Instituto Sergio Rodrigues, em celebração ao centenário do mestre modernista | Foto: Tomás Rangel
Tamoyos

Cris Bertolucci apresentou três novas linhas de iluminação - Amazônica, Serena e Goma - que exploram, de maneira sensorial, a interação entre luz e matéria, entre o artesanal e industrial.

Luminárias da linha Amazônica, Cris Bertolucci, feitas a partir de folhas naturais Orelha-de-Elefante | Foto: Divulgação

Peças inéditas de Giuseppe Scapinelli, Galeria Teo Foto: André Scarpa

A delicadeza e o caráter escultórico de móveis e objetos raros do designer italiano Giuseppe Scapinelli (1911-1982), assim como sua trajetória no Brasil, marcaram a exposição da Galeria Teo, curada por Francesco Perrotta-Bosch.

O Assimply Studio foi reconhecido com o Prêmio Arauco SP-Arte de Inovação e Sustentabilidade pela coleção Dendê. Inspiradas na cultura afro-diaspórica, As peças valem-se do potencial do óleo de dendê aplicado à madeira e aos terrazzos.

Em sua quinta participação, Leandro Garcia apresentou castiçais e penduradores que revelam a precisão do traço e a sutileza do metal. As peças refletem o entorno, instauram pausas e convidam à percepção do detalhe - objetos mínimos, pensados como gestos essenciais no espaço.

Mesa de jantar Dendê, Assimply Studio | Foto: Pedro Barcellos
Castiçal Disco Inox, Leandro Garcia | Foto: Wesley Diego

OS MARCOS DA SEMANA DE DESIGN DE MILÃO 2025

A Habitat esteve na capital milanesa para mapear conceitos e novidades que marcaram uma das edições mais instigantes do Salone del Mobile e Fuorisalone

Este ano, a Semana de Design de Milão suscitou indagações inevitáveis ao se aproximar, mais profundamente, do aspecto humano, da cultura e das artes. Em tempos de consumo excessivo - impulsionado pela constante demanda por novos produtos -, como reavaliar os rumos do design e o papel do evento em si? Não basta revisar materiais ou reduzir impactos ambientais; é hora de acessar uma camada mais profunda, questionando o verdadeiro sentido de cada criação e sua ressonância coletiva. Na equação entre

estética e função, o apelo emocional pode atuar como elo, conectar pessoas e humanizar espaços. Como preservar o valor artesanal diante do frenesi das tendências e das exigências do mercado?

Protagonista da Bienal EuroLuce no Salone del Mobile, a iluminação assumiu uma carga simbólica dentro e fora da feira. Em um movimento inédito, a 64ª edição do Salone ultrapassou os pavilhões da Fiera Milano para se unir às mais de mil instalações do Fuorisalone, com duas exibições marcantes. Na Pinacoteca di Brera, a britânica Es Devlin

partiu de uma frase de Umberto Eco para transformar o ato de ler em um ritual coletivo pela preservação do saber. Em Library of Light - biblioteca giratória de 18 metros -, a luz natural interagia com os livros curados pela editora Feltrinelli durante o dia, os quais, ao cair da noite, eram destacados por três mil fontes luminosas e acompanhados de debates e leituras abertas ao público. Já a performance “Mother”, criada por Robert Wilson, projetava feixes de luz sobre a última e inacabada escultura de Michelangelo, no espaço que abriga o Museo Pietà Rondanini, no Castello

Sforzesco. Ao som de violinistas que interpretavam a composição de Arvo Pärt, os visitantes eram conduzidos a refletir sobre o tempo, a fragilidade humana e a beleza do incompleto.

A linguagem cinematográfica ampliou o campo da narrativa, provocando o senso crítico. Desde “La dolce attesa”, criada por Paolo Sorrentino no Salone, que evoca a tensão da espera e o vazio do desejo, até as atmosferas encenadas por Dimore Studio e Forma Fantasma, além dos móveis criados por Pedro Almodóvar para a Roche Bobois.

“Library of Light”, criação de Es Devlin para o Salone del Mobile, na Pinacoteca di Brera
|Foto: Monica Spezia

ARTE E CULTURA: FUSÃO CONTEMPORÂNEA

ROSSANA ORLANDI

“Não gosto da palavra sustentabilidade, porque é usada sem profundidade. Prefiro falar em responsabilidade: saber, resolver o problema e ser honesto. Não esqueçam do passado - muitos materiais inovadores vêm de processos antigos”, diz à Habitat, Rossana Orlandi. Na RoCollectible 2025, a galerista ex-

plorou a matéria como portadora de memória e emoção, com criações de 90 designers de diferentes países. Entre as peças impactantes, estão a escultura luminosa Unlimited, de Nacho Carbonell, a Sculpt Chair, de Paul Heijnen, e a coleção Eche, do brasileiro Lucas Recchia.

Lucas Recchia (mobiliário), Vezzini & Chen (luminárias) | Foto: Marco Menghi

PRADA FRAMES

Prada Frames – In Transit ocupou o Padiglione Reale da estação Milano Centrale e o trem Arlecchino - projeto de Gio Ponti e Giulio Minoletti, de 1950. Curado por Formafantasma, o evento debateu os desafios contemporâneos da conectividade e da mobilidade urbana.

STAGING MODERNITY

No Teatro Lírico Gaber, o estúdio Formafantasma apresentou uma releitura crítica do modernismo. Em comemoração a seis décadas de colaboração entre Cassina, Le Corbusier, Pierre Jeanneret e Charlotte Perriand, performances desconstruíram o conceito do Salão d’Automne de 1929. A proposta - mais aberta à escuta e menos rígida - permitiu a coexistência entre arquitetura, experiência humana e ambiente natural no contexto contemporâneo.

CROMÁTICA POR ALMODÓVAR

A estética vibrante dos filmes de Pedro Almodóvar inspira sua primeira coleção para a Roche Bobois: Cromática. Entre as peças icônicas reeditadas, destacam-se o sofá Lounge - em edição limitada a 50 unidades - e o Bubble, agora reinterpretado com uma nova paleta de cores.

Foto: Ormar Sartor
Foto: Divulgação/ Roche Bobois
Foto: Gregorio Gonella

Splash, Martin Gallo para Lasvit | Foto: Divulgação

EUROLUCE

Nos pavilhões do Salone del Mobile, mais de 2 mil expositores de 37 países apresentaram seus lançamentos para um público de 300 mil pessoas - 70% estrangeiros. A luz, elemento central do design contemporâneo, revelou seu poder transformador ao moldar atmosferas e evocar emoções, impulsionada por tecnologias de ponta e materiais inovadores. A arena Aurore, primeiro Fórum Internacional de Iluminação, reuniu especialistas visionários. Marjan van Aubel discutiu formas de integrar a luz

solar à arquitetura de modo eficiente e sustentável, reduzindo impactos ambientais. Beau Lotto analisou como intensidades e tonalidades de luz influenciam emoções e comportamentos. Já Stefano Mancuso destacou a inteligência das plantas diante da luz, propondo que a natureza inspire espaços mais saudáveis e biologicamente integrados à arquitetura. Conheça os destaques selecionados pela Habitat.

Nocturne por Konstantin Grcic para Floss, marca representada com exclusividade na Alma Light, em Curitiba | Foto: Divulgação
Cascade, colaboração entre Lladró x Le Broom | Foto: Divulgação

Poltrona Miríade, estúdio Campana para Paola Lenti | Foto: Sergio Chimenti

CAMPANA: REVOLUÇÃO CONTÍNUA

Humberto Campana perpetua o legado do Estúdio Campana, reconhecido por uma poética sensível e disruptiva. A poltrona Miríade, concebida para a Paola Lenti, é feita com resíduos de materiais de diferentes coleções e remete a uma comunidade de joaninhas, espécie de “cidade viva”. Entre as criações desenvolvidas para a Louis Vuitton, destaca-se Odyssée, um pebolim

surrealista em que as tradicionais figuras de jogadores são substituídas por sereias com olhos de cristal. O oceano se revela em uma dimensão onírica: os pés da mesa são revestidos por escamas de couro delicadamente costuradas à mão, enquanto a bola do jogo assume a forma de uma pérola.

Odysée, estúdio Campana Objets Nomades, Louis Vuitton | Foto: Reprodução

A MODA REVÊ CONCEITOS

Moda e Design se entrelaçam em Milão, refletindo um novo luxo - menos ostentação, mais emoção. Narrativas sensoriais e cenografias imersivas deram o tom da semana. Além de ressignificar experiências, provocaram o olhar.

No histórico Palazzo Serbelloni, a Louis Vuitton apresentou sua Home Collections - móveis, luminárias, têxteis e jogos que refletem o savoir-faire artesanal da Maison. A coleção prestou homenagem à arte gráfica futurista de Fortunato Depero e à visão modernista de Charlotte Perriand. Para a icônica linha Objets Nomades, nomes como Humberto Campana, Patricia Urquiola e India Mahdavi assinaram criações exclusivas em edições limitadas.

Foto: Divulgação/Hermès

HERMÈS

Com cenografia minimalista e etérea, assinada por Charlotte Macaux Perelman e Alexis Fabry, a Hermès apresentou sua coleção para a casa destacando o apelo emocional dos objetos. Caixas suspensas projetavam halos de cor sobre o chão, criando uma atmosfera leve e contemplativa.

Foto: Divulgação/Louis Vuitton
LOUIS VUITTON

DIMOREMILANO X LORO PIANA

“La Prima Notte di Quiete”, inspirada no filme de Valerio Zurlini (1972), recriou uma atmosfera cinematográfica com peças Dimoremilano e tecidos Loro Piana. Ambientes em desordem controlada, somados a uma trilha sonora pontuada por efeitos enigmáticos, ampliavam o mistério e a tensão da experiência.

SAINT LAURENT

Mais uma vez, Charlotte Perriand é celebrada – desta vez pela Saint Laurent, no Padiglione Visconti. Quatro peças inéditas, entre esboços e protótipos criados entre 1943 e 1967, foram exibidas pela primeira vez: sofá La Banquette, mesa Mille-Feuilles, cadeira Fauteuil Visiteur Indochine e a estante Bibliothèque Rio de Janeiro, feita em jacarandá brasileiro e vime trançado. Todas reeditadas em séries limitadíssimas.

Foto: Divulgação/Dimorestudio
Foto: Divulgação

BRASIL EM PALCOS GLOBAIS

PILOTO MILANO

Sob curadoria de Ricardo Gaioso, a segunda edição do Piloto Milano, no circuito 5VIE, apresentou criações autorais de Ronald Sasson, Claudia Issa, Richard Daniel, Juliana Pippi, Felipe Protti, Alê Jordão, Cândida Tabet, Fábio Lima e Monics + Vieira.

JULIANA VASCONCELLOS

“Source of Pleasure”, instalação concebida por Juliana Vasconcellos em homenagem aos 130 anos da Lavazza, explorou o café como ritual. O caráter inovador do Tabli - comprimido sólido feito de 100 % café por meio de uma técnica inédita - foi traduzido de maneira sensorial, em diálogo com a cultura brasileira.

Foto: Divulgação
Foto: Walter Cereja

FURF DESIGN

Os sócios Rodrigo Brenner e Maurício Moronha celebram um ano de expansão em Milão com quatro lançamentos marcantes: Tronco, contêiner empilhável para a italiana Qeeboo; Hituals, primeira linha

da Designtech, desenvolvida com impressão 3D; o difusor Porta Venezia, em colaboração com a suíça Givaudan; e Mesadeira, para Móveis James. “Estamos muito felizes em lançar esses produtos. Com a Qee-

boo, realizamos um sonho. Em nossa abordagem inovadora, buscamos pontos de interseção entre culturas e empresas, luxo e design democrático - de forma poética e mercadológica”, revelam à Habitat.

ETEL

Um tributo ao modernismo brasileiro. A ETEL inaugurou duas exposições na capital italiana, celebrando móveis icônicos de Oscar Niemeyer e seus projetos realizados na Itália, além de apresentar criações contemporâneas de Claudia Moreira Salles.

Peças de Oscar Niemeyer, editadas pela ETEL | Foto: Ruy Teixeira
Tronco, Furf Design para Qeeboo | Foto: Divulgação

ALCOVA: CELEIRO DE EXPERIMENTAÇÕES

A 9ª edição de Alcova retornou a Varedo, ocupando quatro espaços icônicos: as Villas Borsani e Bagatti Valsecchi, a antiga fábrica SNIA e as Estufas Pasino. Destaque para as esculturas em pedra-sabão do gaúcho Leo Lague para Maqstone,

a obra site-specific Sun Catcher, de Rive Roshan, e SOL-R&D, um arco que capta energia solar e emite luz própria. Também chamaram atenção Orchid, criada em plástico biodegradável por Marcin Rusak, e as peças da designer Whitney Krieger.

A curadoria da Design Academy Eindhoven, com foco em circularidade, ampliou o debate sobre materiais e processos sustentáveis no design contemporâneo.

Leo Lague para Maqstone | Foto: Divulgação
Soft Witness por Whitney Krieger | Foto: Divulgação

L´APPARTAMENTO

Pela primeira vez, as portas do histórico Palazzo Donizetti - construção do século 19 -, foram abertas ao público para celebrar os 10 anos da Artemest. Seis estúdios internacionais transformaram os ambientes com criações de mais de 180 artesãos italianos. Cada espaço ofereceu uma leitura singular da herança cultural italiana, transitando do glamour cinematográfico de La Dolce Vita ao design autoral.

The Reading Room, Nebras Aljoaib | Foto: Divulgação
The Foyer, Simone Haag | Foto: Divulgação

ÁGUA COMO POTÊNCIA VITAL

A Beat of Water, instalação site-specific criada pelo Bjarke Ingels Group (BIG) em colaboração com a Roca, propôs refletir sobre o uso consciente da água por meio de uma vivência imersiva. Com movimentos, vibrações e sons, a obra, composta por dois espaços interativos, destacou a urgência de práticas sustentáveis. No centro, o Roca Connect, sistema inteligente de gestão hídrica, otimizava o consumo a partir da análise de dados em tempo real. Para Bjarke Ingels, a sustentabilidade também pode ser uma fonte de prazer estético, ao transformar funções técnicas em experiências sensoriais envolventes.

NATUZZI: RAÍZES E INOVAÇÃO

No showroom da Natuzzi Italia, a série Rooted in Harmony reuniu peças de Andrea Steidl, Karim Rashid, Marcantonio e Mauro Lipparini, que celebram as raízes da marca na região da Puglia. No Salone del Mobile, o foco se voltou aos lançamentos da linha Fellwell, de Natuzzi Editions, que alia bem-estar físico e mental à inovação. Destaque para sofás como Nuvia, com o sistema Triple Motion, funções Zero Gravity e Micromobility, e Breeze, de linhas suaves e encosto ajustável. “O processo criativo surge da curiosidade de observar os novos movimentos. Este ano, as coleções traduzem de forma ainda mais impactante o conceito de Casa Natuzzi, que sempre busquei, em sintonia com colaborações de grande relevância”, explica à Habitat, o diretor criativo Pasquale Junior Natuzzi.

Foto: Paolo Riolzi
Sofá Amama por Andrea Steidl, Natuzzi Italia | Foto: Divulgação

ARQUITETURA COMO RESPIRO

Com olhar sensível e essencialista, o escritório paranaense Boscardin Corsi busca o essencial, por meio de texturas, vazios e pausas

Hall e biblioteca, edifício Lemme, em Curitiba: peças de Jader Almeida se integram à atmosfera acolhedora, iluminada pela luz natural e aquecida pela lareira suspensa | Foto: Blackhaus

Os clientes que procuram o Boscardin Corsi, comandado pelos arquitetos Ana Carolina Boscardin e Edgard Corsi, já conhecem a marca de seus projetos: criatividade, sensibilidade e minimalismo.

A consolidação dessa linguagem autoral é resultado de uma trajetória iniciada em 2012, marcada por amadurecimento, que se reflete em projetos residenciais, comerciais e corporativos com identidade própria.

“Nosso processo criativo não parte de uma única cabeça pensante apenas. Cada membro da equipe contribui com ideias, sempre alinhado ao direcionamento do cliente. A arquitetura é racional: há uma dimensão artística e visual, mas ela depende de processos - não é como pintar um quadro”, afirma Ana Carolina. “E o principal é o entendimento: a sensibilidade na leitura que fazemos do cliente, somada à nossa linha formal de pensamento e

composição”, acrescenta Edgard.

Para ele, alcançar o minimalismo é ultrapassar conceitos tradicionais: “Nossa busca é pelo minimalismo no sentido do essencial, seja em projetos comerciais ou residenciais. Uma arquitetura sem excessos”. Ana acrescenta que os clientes sabem que algum elemento vai se destacar, mas também encontrarão vazios que permitem respirar, espaços que possam ser preenchidos com história e vida. “Nunca concebemos ambientes completamente ocupados, especialmente em projetos residenciais”.

Embora tenham desenvolvido uma linguagem própria, os sócios reconhecem influências marcantes que ajudaram a moldar sua visão de arquitetura - entre elas, nomes como Marcio Kogan e Isay Weinfeld, duas referências fundamentais da cena contemporânea.

RECONHECIMENTO PREMIADO

Se as inspirações são importantes, o reconhecimento da crítica comprova que o escritório consolidou uma assinatura própria. Com premiações em projetos de diferentes perfis, Ana e Edgard encaram esses reconhecimentos como validação da sensibilidade com que olham para a arquitetura, o que reforça a confiança para seguir inovando.

No ano passado, o projeto do Edifício Lemme foi premiado no IF Design Award 2024, na categoria de arquitetura de interiores. “Foi a materialização dos nossos conceitos e o reconhecimento da brasilidade”, afirma Edgard. Em 2020, a cafeteria The Coffee conquistou a medalha de prata no Brasil Design Awards. Já em 2022, o Apartamento FW foi eleito o “mais bonito do mundo” no quesito de interiores do Loop Design Awards - reconhecimento que aumentou a projeção do Boscardin Corsi no cenário internacional.

“O projeto pode ser minimalista, mas sempre trará elegância, com elementos naturais e texturas que evitam a frieza. Pensamos em uma arquitetura que não seja descartável, feita com materiais que envelheçam bem ao longo do tempo”, analisa Edgard.

Neste apartamento, cadeiras do estudiobola e luminárias da DsgnSelo elevam a atmosfera contemporânea | Foto: Eduardo Macarios
Neste living, o design brasileiro é protagonista, com a icônica Poltrona Mole, de Sérgio Rodrigues, as cadeiras Gravatá, de Guilherme Wentz, além de peças do estudiobola e de Jader Almeida | Foto: Blackhaus

O novo escritório Boscardin Corsi reflete o amadurecimento criativo e profissional dos sócios. Poltronas de Zanini de Zanine e cadeiras do estudiobola reforçam a identidade do espaço | Foto: Eduardo Macarios

O FUTURO EM NOVA ESCALA

Se no início a atuação estava concentrada em apartamentos curitibanos, hoje seu olhar se expande para empreendimentos multiuso em outras regiões do país. Concepções como a da cafeteria The Coffee ou de residências unifamiliares seguem em andamento, mas agora convivem com iniciativas de incorporação em uma escala diferente, um movimento mais recente e promissor na trajetória do Boscardin Corsi. Esse processo ocorre em sintonia com a inauguração do novo escritório Boscardin Corsi, um marco na trajetória do duo que agora alça voos mais amplos sem abrir mão da sensibilidade que caracteriza seu trabalho. O sucesso do Edifício Lemme despertou o interesse do

mercado em levar sua visão arquitetônica para empreendimentos de incorporação em outras regiões - algo que já começa a se concretizar em estados como São Paulo e Santa Catarina.

A ampliação do escopo também trouxe novos desafios. Passar a atuar em empreendimentos mais complexos, com metas comerciais e expectativas de venda, exige outro tipo de entrega - algo que Ana e Edgard encaram como uma oportunidade de crescimento. “Fugir do lugar-comum e propor projetos interessantes é o que nos move. Essa troca enriquece muito o processo”, completa Ana Carolina.

SIMÕES DE ASSIS: LEGADO NA

ARTE QUE ATRAVESSA GERAÇÕES

Em seus 40 anos, a galeria reafirma o compromisso como agente transformador na cena artística nacional

Por Débora Mateus

Moça ou Castanha de Caju, 1940 Cícero Dias | Foto: Sergio Guerini

Chegamos ao ateliê do Volpi e havia uma lista enorme na parede - pessoas do Brasil inteiro esperando por uma obra. Ele perguntou se já tínhamos um quadro; dissemos que não, mas que queríamos muito. O espaço era puro como seu trabalho. Comentei que estávamos abrindo uma galeria em Curitiba e que gostaria de fazer uma exposição com sua participação. Foi então que a Flávia contou que íamos nos casar, e que, se não tivesse uma de suas obras, não casaria. Nos tornamos amigos”. O relato é de Waldir Simões de Assis, fundador da galeria homônima sediada em Curitiba. Pouco antes da inauguração, em 1984, ele recebeu o aguardado telefonema de Willys de Castro, amigo e expoente da arte neoconcreta, informando que Alfredo Volpi havia finalizado a tela para a exposição coletiva de abertura. O pedido do jovem casal ao mestre ítalo-brasileiro virou símbolo da união entre arte e vida.

Atualmente conduzida por duas gerações - Waldir e Flávia, ao lado dos filhos Guilherme e Laura -, a Simões de Assis é referência nacional e possui prestígio internacional. Especializada em arte moderna e contemporâ-

nea, com ênfase na produção latino-americana, mantém unidades em São Paulo e Balneário Camboriú, além da sede na capital paranaense. Realiza mostras emblemáticas, participa das principais feiras do calendário global e articula parcerias com instituições como MASP, MON, Pinacoteca de São Paulo e Instituto Tomie Ohtake, além de galerias estrangeiras consagradas. Entre os 36 artistas e espólios representados estão Abraham Palatnik, Ascânio MMM, Carmelo Arden Quin, Cícero Dias, Emanoel Araujo, Gonçalo Ivo, Ione Saldanha, Jean Michel-Othoniel, Miguel Bakun, Zéh Palito e, mais recentemente, Mika Takahashi. O olhar pioneiro para as confluências entre diferentes tempos e a presença em feiras internacionais desde o início refletem a verve familiar visionária. “Quando alguém se identifica com a Simões de Assis, sabe que é uma galeria com um programa conciso e transgeracional, de artistas que iniciam no modernismo e dialogam com a contemporaneidade. Esse é o nosso grande diferencial. Sempre buscamos ser um agente transformador, criando conexões, dentro e fora do país”, reitera Guilherme Simões de Assis.

Além da Cor exibiu obras de Alfredo Volpi, André Ricardo, Gonçalo Ivo e Ione Saldanha em 2024 | Foto: Ricardo Perini

TECER SABERES

Foi Gilberto Chateaubriand quem abriu as portas do universo da arte para Waldir, então um jovem arquiteto, impulsionando sua trajetória inicial. Com exposições marcantes e uma rede de prestigiados críticos e curadores, os diretores da primeira geração cultivaram vínculos com grandes nomes da arte moderna brasileira, como Cícero Dias, Ione Saldanha, Tomie Ohtake, Arcangelo Ianelli, Willys de Castro e Hércules Barsotti. A criação da SIM Galeria, em 2011, por Guilherme e Laura, ampliou o conceito curatorial ao focar em artistas que iniciaram suas práticas a partir da década de 1980. Os programas, unificados em 2020, fortaleceram a presença da Simões de Assis como agente cultural ativo. “Curitiba ganhou muito ao receber Jean-Michel Othoniel. Agora apresentamos Gabriel de la Mora com uma individual potente. Thalita Hamaoui, que iniciou na capital paranaense, passou por São Paulo e Camboriú, e hoje está na Marianne Boesky Gallery, no Chelsea. Diambe participou de mostras institucionais nacionais importantes e mantém agenda internacional. Manfredo de Souzanetto integrou coletivas no MASP e agora inaugura individuais conosco e no Instituto Tomie Ohtake”, destaca Guilherme.

Pessegueiro Florido 1940, Miguel Bakun | Foto: Rafael Dabul
Exposição Quacors e Prismas, Ascânio MMM, 2021 | Foto: Ricardo Perini

VISÃO ARROJADA

O legado que atravessa gerações se manifesta não apenas no corpo de trabalho, mas também na própria história da família. A percepção arrojada de seu fundador, que trouxe inovação à cena das artes no Paraná e no Brasil, perpetua-se com a segunda geração. A paixão pela arte, somada à busca por novas confluências, se renova continuamente: eles não apenas expandem alianças internacionais, como também reforçam o cuidado com artistas e colecionadores. O uso de tecnologias é incorporado como elemento estratégico para aprimorar a difusão artística. Com uma equipe de 40 colaboradores atuando em áreas diversas - da comunicação à logística e produção -, o crescimento é guiado pela essência enraizada na pesquisa transgeracional e conexões profundas que consagraram sua história.

Entre os projetos previstos, uma exposição paralela à Bienal de São Paulo reunirá artistas de segunda e terceira geração de imigrantes latinos, cujas obras abordam temas como imigração e êxodo. Também está programada, ainda para este ano, a individual do curitibano Juan Parada na Cidade do México. “Parcerias entre o público e o privado são essenciais. Ter um programa híbrido, com artistas nacionais e internacionais, e levá-los a novos territórios é transformador. Buscamos inovar, sempre alinhados à essência do nosso olhar, nunca pelo viés financeiro. Há rigor na seleção de quem representamos. Cada exposição precisa dialogar com nossa pesquisa, que traz aprendizado constante”, conclui Guilherme Simões de Assis.

Amant suspendu 2023, Jean Michel-Othoniel | Foto: Claire Dorn
Mostra Eu sei por que o pássaro canta na gaiola 2022, Zéh Palito | Foto: Estúdio em obra

TRAÇO IMORTAL

Chaise Djinn, de Olivier Mourgue, projetada para a Airborne França em 1965, exemplifica a vanguarda da época, com desenho curvilíneo e estrutura tubular. Foi eternizada no lounge do hotel espacial Hilton, no filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Kubrick. A peça dialoga com a luminária italiana vintage da mesma década.

Entre vestígios e memórias, peças de design icônicas atravessam o tempo e resplandecem nas ruínas. Assim nasce o editorial curado sob o olhar esteta de Priscilla Müller no Antiquário Cristiano Ross, ambientado em uma das casas que sediará a Mostra Black Home Sul 2025. "A seleção mescla peças emblemáticas do design brasileiro e italiano. A ambientação em ruínas, prestes a ser revitalizada, contrasta com o

que perdura no tempo", conta a arquiteta. O olhar sensível do sócio do antiquário homônimo e parceiro de longa data de Priscilla, reforça a sinergia criativa: “A curadoria traz o seu olhar plural e revela a variedade de estilos e origens, incluindo mobiliários históricos como o sofá Soriana, criado por Afra e Tobia Scarpa em 1969, uma de minhas peças favoritas”, diz Cristiano.

Marco do design italiano, a Poltrona Soriana, de Afra e Tobia Scarpa para Cassina (1969), inovou ao utilizar espuma de poliuretano expandido, o que possibilitou maior flexibilidade. Em 1970, recebeu o Compasso d'Oro, consolidando sua importância histórica. Contracena com os bancos rústicos mocho, originários das fazendas do século XIX.

Mobiliários que integraram importantes exposições em museus como o MASP e o MoMA: o Banco Eleh, de Sérgio Rodrigues (1960), exalta a nobreza do jacarandá e cria um contraste interessante com a cadeira 4801, de Joe Colombo, em sua versão em acrílico.

Mesa Móveis Cimo, em madeira marfim. A extinta marca catarinense foi pioneira na inovação tecnológica de laminação de madeira em escala industrial no país.

Cadeiras de Francesco Scapinelli (irmão de Giuseppe), para a Novo Rumo, marca que fundou em 1966. A aproximação com o design de Jorge Zalszupin foi influenciada pela presença de excolaboradores da L’Atelier em sua equipe.

Priscilla Müller ao lado da Poltrona B-082, da Móveis Cimo. Outra preciosidade do design modernista brasileiro, com estrutura em caviúna e encosto levemente inclinado - reflexo da qualidade da produção entre as décadas de 1950 e 1960.

IO muxarabi, um dos lançamentos, evidencia a bancada inspirada nos traços de Paulo

Burle Marx

EM NOVO SHOWROOM, SCA UNE HISTÓRIA E INOVAÇÃO

Com apelo sensorial, o espaço propõe imersão no universo do design de mobiliário

Fotos: Mariana Orsi

nstigar os sentidos e aprofundar a vivência no universo da arquitetura e do design. Essa é a premissa conceitual do novo showroom da SCA, inaugurado recentemente ao lado da sede fabril no Vale dos Vinhedos (RS). Assinado por Paulo Cardoso, do escritório Traço 68 Arquitetura + Design - responsável pela identidade arquitetônica da marca -, o espaço reforça o conceito atemporal consolidado pela expertise da família Manfroi, que há quase seis décadas contribui para a história do setor moveleiro nacional. Com proposta fluida, os 11 ambientes distribuídos em 600 m², foram concebidos para apresen-

tar, de forma sensorial, as novidades do Studio SCA e antecipar as coleções previstas até o fim de 2025.

Paineis muxarabi editáveis, vidros com diferentes acabamentos e texturas, além de sistemas de portas de giro e deslizantes, convidam a uma experiência completa - podem ser vistos, tocados e sentidos. Entre as áreas remodeladas, estão a Cozinha Organe, Hall Íntimo, Multispace, Wine Lounge, Closet Linea, Cozinha Urbana e Cooking Theater. Sistemas como Delos e Cartesia de Ilha também podem ser conhecidos em primeira mão.

Mendes da Rocha e

Design refinado: acabamentos minuciosos e customizáveis mesclam texturas e materiais

“Nós oferecemos uma experiência que vai além da estética. Os mesmos conceitos aplicados à arquitetura são utilizados na criação dos ambientes, com princípios de conforto visual. Características e possibilidades são exploradas em projetos de mobiliário, trazendo uma visão diferenciada para o segmento”, afirma Priscila Manfroi, diretora da SCA. A unidade de Curitiba, comandada pelos

sócios Leandro Lorca e André Coutinho, foi a primeira no país a levar arquitetos para conhecer o novo showroom. Com público exigente, a capital paranaense é reconhecida pelo olhar criterioso em relação a produtos, design e qualidade. “Receber esse primeiro grupo e obter seu feedback valida aquilo que acreditamos e que buscamos reforçar tanto no mercado nacional quanto internacional”.

ENTRE TRADIÇÃO E INOVAÇÃO

A SCA nasceu em 1967, com a produção artesanal de pias e tanques de cimento idealizados por Augusto Manfroi. Desde então, construiu uma trajetória sólida que atravessa gerações, pautada pela busca constante por produtos inovadores e sofisticados. O foco no design e em soluções atemporais transparece em cada detalhe do novo showroom: do desenvolvimento das coleções ao revestimento Etrusco, da Castelatto, produzido em cimento como referência ao DNA histórico da marca. Essa abordagem permeia não apenas o portfólio, mas também a expografia, que traduz de forma sutil a herança familiar. Cada criação envolve precisão técnica, domínio industrial e um olhar inovador para o design e à arquitetura. A nova proposta será replicada em todas as unidades espalhadas pelo país. Projetos já estão em andamento em São Paulo, Santos e Curitiba, enquanto novos showrooms devem ser inaugurados ainda este ano em Maceió e Manaus.

A cozinha ganha protagonismo com novas funcionalidades e tecnologia de ponta

LEÃO DE OURO NA BIENAL DE VENEZA

Vencedor do Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza 2025, o pavilhão do Bahrein, país localizado no Golfo Pérsico, apresenta Heatwave - um teto suspenso que resfria o espaço abaixo em resposta ao aumento das temperaturas globais. Curado por Andrea Faraguna e localizado no Arsenale, a instalação conta com estrutura modular, assentos feitos de sacos de areia e ventilação mecânica, todos pensados para oferecer alívio térmico a trabalhadores expostos ao calor extremo.

ANDY WARHOL

Em cartaz no Museu de Arte Brasileira da FAAP até 30 de junho, a mostra Andy Warhol: Pop Art! é a maior já realizada no Brasil dedicada ao artista. Curada por Priscyla Gomes, reúne cerca de 600 obras, incluindo os retratos icônicos de Marilyn Monroe, Elvis Presley, além das latas de sopa Campbell. A exposição apresenta ainda peças inéditas que nunca haviam saído do The Andy Warhol Museum, em Pittsburgh (EUA), e percorre toda a trajetória do artista, dos anos 1950 à sua fase experimental.

NOVO EMPREENDIMENTO

O Manhã, mais novo edifício da Bidese no Batel, foi apresentado em evento realizado em parceria com a Breton Curitiba. Assinado pelo Studio Arthur Casas, o projeto tem a Araucária como elemento central, integrando sua essência à arquitetura. Com 30 unidades que valorizam a integração com o entorno, conforto térmico, uso de materiais naturais e a vista privilegiada, o empreendimento se destaca por diferenciais como placas fotovoltaicas, sauna seca, elevadores privativos e garagem com proposta artística. O VGV estimado supera R$ 230 milhões.

Foto: Andrea Avezzù/Cortesia La Biennale di Venezia
Campbell's Soup Box 1962, Andy Warhol | Foto: Divulgação/The Andy Warhol Museum
Foto: Melvin Quaresma / Jheni Quaresma

CASACOR: EXPANSÃO EM 2025

Sob tema Semear Sonhos, a CASACOR anunciou seu calendário de 2025, com edições confirmadas em todas as principais capitais brasileiras e nos países latino-americanos onde já atua. A novidade é a estreia na Costa Rica, que marca a chegada da mostra à América Central. O conceito propõe uma reflexão sobre o morar urbano, por meio de espaços mais sustentáveis e integrados à natureza, guiados por três pilares: sonhos coletivos, ecossistemas em cooperação e confluência de saberes.

MONET NO MASP

Ecologia de Monet, em exibição no MASP até 24 de agosto, investiga a relação do artista impressionista com a natureza e as transformações ambientais de seu tempo. Curada por Adriano Pedrosa, Fernando Oliva e Isabela Ferreira Loures, a mostra reúne 32 pinturas, a maioria inédita no hemisfério sul. Dividida em cinco núcleos, propõe uma leitura contemporânea dessa conexão, explorando temas como o rio Sena, a industrialização, as caminhadas de Monet e seus jardins em Giverny.

CURITIBA DEBATE FUTURO URBANO

A Aliança Empresarial da Incorporação de Curitiba reuniu-se com o prefeito Eduardo Pimentel, lideranças políticas e secretários para discutir o desenvolvimento urbano da capital. O principal tema do encontro foi a revisão do Plano Diretor, com destaque para o decreto que estabelece os procedimentos para sua atualização. Participaram executivos das principais incorporadoras da cidade, além de representantes da Ademi-PR e do Sinduscon-PR. Também estiveram presentes Alexandre Curi, presidente da Assembleia Legislativa, e Tico Kuzma, presidente da Câmara Municipal de Curitiba.

Foto: Divulgação
Pont [Ponte] de Waterloo, effet de soleil [efeito do sol] 1903, Claude Monet. McMaster Museum of Art / Foto: Robert McNair
Foto: Divulgação

CONHEÇA O APARTAMENTO DE YASMIN BONILHA E GREGÓRIO NISSEL

Um lar que celebra arte, cultura e convivência

Fotos: Celso Pilati

Juntos desde os tempos de escola, Yasmin Bonilha e Gregório Nissel compartilham uma trajetória marcada por experiências intensas. Jovens, mas com um repertório de vida notável, já exploraram mais de 50 países e mergulharam em diferentes culturas. Formado em Contabilidade, Finanças e Economia pela Universidade de Birkbeck, em Londres, Gregório é sócio de uma gestora de recursos e investimentos.

Apesar da formação técnica e do perfil inicialmente discreto, equilibra o pragmatismo com uma vivacidade surpreendente, expressa em seu interesse por arte, música e gastronomia. Esse lado sensível tem raízes familiares: sua mãe, Tuca Nissel, é artista plástica e proprietária da Galeria Ybacatú, com fortes conexões no meio artístico brasileiro, o que o levou naturalmente a ser apreciador e colecionador de peças interessantes.

Yasmin Bonilha e Gregório Nissel

Yasmin, por sua vez, exala doçura e delicadeza. Com uma fala suave e um raciocínio lógico apurado, traz um ritmo mais leve ao dinamismo de Gregório. Formada em Filosofia, Política e Economia, na King’s College de Londres, herdou seu gosto por diplomacia e política de seu pai, que a ensinou a ver o mundo como algo ‘’transformável’’. Hoje atua como assessora de relações internacionais da Agência Curitiba e em um projeto da ONU, voltado para encorajamento e suporte a empreendedores de impacto. Apaixonada por leitura, moda e gastronomia, Yasmin sempre teve uma afinidade com a arte. Sua convivência com a família de Gregório aprofundou esse interesse, aprimorando seu olhar para o belo e ampliando seu conhecimento sobre os artistas locais.

Movidos pelo gosto pela excelência e pelo inusitado, o casal escolheu celebrar sua união em um dos maiores ícones arquitetônicos de Curitiba: o Museu Oscar Niemeyer. Mais do que um cenário imponente, o MON simboliza a convergência de suas paixões e o desejo de eternizar esse momento em um espaço que representa a história e a cultura da cidade que amam.

Ao fundo, sofá Joy do estudiobola, Cadeira de Balanço Rio de Oscar Niemeyer e Mesa Pétala de Zalszupin, enaltecidos pela luz natural
Sobre a Mesa Pétala de Jorge Zalszupin, obras de Alex Flemming e Hugo Mendes

No escritório, cômodo favorito de Yasmin, livros e lembranças de viagens se entrelaçam com obras de Tatiana Stropp e Denise Roman

RECEBER E VIVER

As escolhas do novo apartamento do casal, resultam em um espaço confortável, visualmente equilibrado com uma seleção de obras importantes. A arquiteta e amiga do casal Paola Granzotto foi a responsável pelo projeto. Criou uma base sóbria e elegante que valoriza cada escolha, trazendo personalidade, sem pesar o ambiente, deixando o protagonismo para as memórias trazidas de viagens e as obras de arte contemporânea de nomes como Glauco Menta, Leo Franco, Marcos André, Gilson Camargo, Washington Silveira, Amilcar de Castro, Cristina Ataíde, Alex Flemming, Débora Santiago, Hugo Mendes, Tatiana Stropp e Denise Roman. Já o mobiliário mescla peças atuais e clássicos do modernismo.

Simpáticos e muito queridos, Yasmin e Gregório cultivam uma ampla rede de amigos. Yasmin, aprendeu com sua mãe o valor de transformar a casa em um lar e o prazer de bem receber. O apartamento acolhe o casal e o cão Koda, mas também é cenário de encontros animados, conversas inspiradoras e momentos de alegria.

O equilíbrio entre o clássico e o moderno, o local e o global, é evidenciado em cada detalhe do projeto. Um lar que não apenas abriga, mas também inspira, celebrando a união de duas almas curiosas e apaixonadas pela diversidade do mundo.

No bar, a obra Água se Planta, presente da artista Debora Santiago ao Casal, divide espaço com as banquetas Torno, de Gustavo Bittencourt

Para Gregório, o lar influencia diretamente todos os aspectos de sua vida. A casa é uma extensão de sua identidade, um reflexo de quem ele é. Morar, para ele, significa estar em um lugar que proporciona conforto acima de tudo. Para Yasmin, morar é transformar um espaço em lar — um refúgio onde se sente à vontade e para o qual sempre deseja retornar.

Mesa Dinn de Jader Almeida e Cadeiras Sérgio Rodrigues

BRUNO SIMÕES E O DESIGN COMO NARRATIVA VIVA

De fotógrafo a curador de relevância internacional, ele amplia horizontes para o design autoral e inspira novas gerações

Com formação em fotografia e raízes na arquitetura, Bruno Simões construiu uma trajetória multifacetada que o consagra como um dos principais nomes da curadoria de design no Brasil e no exterior. Seu olhar, sensível e criterioso, vai além da observação: ele influencia ativamente os rumos do design contemporâneo.

A entrada no design aconteceu de forma orgânica, por meio da arquitetura, da fotografia e, mais tarde, do jornalismo - área em que atuou por mais de uma década cobrindo arquitetura e design. Foi apenas em 2013 que fundou seu ateliê de mobiliário, mas a inquietação criativa e o desejo de impulsionar uma nova geração de designers surgiram quase ao mesmo tempo. “O mercado, na época, era extremamente tradicional, pouco interessado em jovens criadores”. Essa dificuldade,

somada ao seu espírito jornalístico, despertou o interesse pela curadoria como forma de dar visibilidade a um movimento emergente.

Nesse mesmo ano, Bruno conheceu o empresário e colecionador Waldick Jatobá, à frente da fundação da feira Mercado Arte Design (MADE). A parceria foi imediata: ele assumiu a curadoria do setor dedicado a novos nomes, e o que seria uma colaboração pontual tornou-se uma sociedade duradoura. Em mais de uma década, a feira consolidou-se como a principal plataforma de design autoral do Brasil, sendo responsável pelo lançamento de mais de 300 talentos no mercado. Com o reconhecimento nacional, veio também a projeção internacional. Bruno esteve à frente da curadoria de exposições em eventos como o Fuorisalone, em Milão, e a Maison & Objet, em Paris. Esses projetos revelaram os

bastidores complexos da curadoria em larga escala: além da seleção conceitual, envolvem desafios expográficos, logísticos e institucionais. “É preciso garantir que o design brasileiro chegue ao mundo mantendo sua identidade e se posicionando com competitividade”.

Sua abordagem curatorial parte sempre de um propósito claro. “Não escolho peças ou nomes sem saber que história quero contar”. Seu objetivo é construir

narrativas que dialoguem com temas sociais, culturais e emocionais. Nesse sentido, ele se distancia de um olhar meramente estético. A curadoria é uma ferramenta de transformação coletiva, onde o design se cruza com outras áreas do conhecimento.Ainda assim, seu lado designer se manifesta em momentos pontuais, especialmente em exposições individuais, nas quais a leitura do traço e da técnica se torna essencial.

AUTORALIDADE BRASILEIRA

Um dos grandes méritos de sua atuação é o reposicionamento do design autoral brasileiro. Por meio da MADE e da parceria com a ApexBrasil, tem ampliado a visibilidade dos designers nacionais, conectando talentos

locais a plataformas globais. “Criar móveis é caro. Produzir com qualidade exige investimento, equipe, tempo. A minha missão é garantir que esses criadores tenham espaço, apoio e voz”.

Chuva de Caju, exposição realizada pela ApexBRasil em parceria com a Abimóvel no Fuorisalone 2025

Poltrona apresentada pela Casa de Marimbondo, uma das estreantes da MADE 2024

A recente participação brasileira no Fuorisalone, que recebeu mais de 100 mil visitantes, é um reflexo direto desse esforço contínuo de internacionalizar o design autoral. Mas seu olhar também se volta para a tradição. Ao colaborar com instituições como o Instituto Bardi, Bruno estabelece diálogos entre memória e inovação. Seu trabalho com o legado de Lina Bo e Pietro Maria Bardi busca atualizar a percepção de suas obras sem recorrer ao saudosismo. “É um convite ao presente. A tradição serve como alicerce para pensar o agora com profundidade e liberdade”.

Quando questionado sobre conselhos para jovens

curadores e designers, Bruno é direto: “Minha trajetória é o não-exemplo. Nunca segui um plano. Sempre fui guiado por intuição e pela coragem de mudar”. Para ele, a curadoria é um exercício coletivo, mais sobre criar pontes do que buscar holofotes. “Detesto a ideia do curador como artista em evidência. O protagonismo deve estar na obra, nos criadores e na experiência que se constrói com o público”. Com uma carreira que une pensamento crítico, sensibilidade estética e uma dedicação incansável ao design autoral, Bruno Simões reafirma, a cada projeto, que a curadoria também é um ato de criação, um projeto vivo e coletivo.

LAGUNA & VEUVE CLICQUOT

A construtora Laguna e a Veuve Clicquot receberam convidados para um jantar exclusivo assinado pelo chef Lênin Palhano, harmonizado com a icônica Veuve Clicquot La Grande Dame 2018. A produção do encontro foi assinada pela Bendita MKT. Emmanuel Gouvernet, Bruna Soares, André Marin, Lênin Palhano e Fernanda Petter. Foto: Fernando Smak

SWELL

Thiago, Vanessa e Leonardo Pissetti, irmãos e sócios da Swell Construções, marcaram presença na elegante apresentação da cobertura duplex decorada do Mirage Silva Jardim, em Curitiba - projeto assinado pela Artefacto. Foto: Gerson Lima

BOTTEH

A Botteh Handmade Rugs foi premiada no iF DESIGN AWARD 2025, na Alemanha, na categoria “The Best Rug Store Design”. A concept store paulistana, inaugurada em 2024, conta com mais de 1.000 m². Na foto, o proprietário Amir Shahrouzi (ao centro), com o paisagista Alex Hanazaki (à esq.) e o arquiteto Felipe Hass (à dir.). Foto: Fran Parente

MON

O curador Marcello Dantas, Juliana Vosnika e o artista Gabriel de la Mora na inauguração da exposição ‘Veemente’, no Museu Oscar Niemeyer. A mostra reúne 70 obras do artista, produzidas entre 2000 e 2025, e segue em cartaz até novembro.

Foto: Antônio More

ALMA LIGHT + FLOS

Simone Yared, Maria Flávia Portes e a arquiteta Caroline Andrusko durante o talk promovido pela Alma Light, em Curitiba, sobre os lançamentos da Flos. A marca italiana é referência mundial em iluminação de design, com peças assinadas por mestres como Castiglioni, Stark e Urquiola.

Foto: Divulgação

TUO

Curitiba ganhou um novo conceito de moradia com o lançamento do Natune, primeiro empreendimento da TUO Empreendimentos, do Grupo Equilíbrio. Na foto, os diretores do Grupo Rômulo e Tiago de Mio e Alvaro Coelho, diretor de incorporação da TUO (ao centro). Foto: Leonardo Provenci

PIEMONTE

Eduardo Kobra, um dos muralistas mais reconhecidos do mundo, esteve em Curitiba e assina dois painéis no Piemonte Croma, no Bigorrilho. O empreendimento da Incorporadora Piemonte, com 90% das unidades vendidas e entrega prevista para novembro de 2025, já é considerado um marco da arquitetura e da arte urbana. Foto: Click Drone

MOSTRA BLACK HOME SUL

O CEO da Mostra Black Home Sul, Fernando Rodrigues, e Márcia Almeida, proprietária da Villa Batel, durante evento de apresentação do elenco da mostra. O evento acontecerá em duas casas na Rua Olavo Bilac, em Curitiba, de 25 de agosto a 25 de novembro.

Foto: Antônio More

HÍPICA

Sandra Formighieri, Tayse Martinez e Jandira Khury na terceira edição do tradicional Almoço Beneficente, realizado durante o Concurso Internacional de Saltos (CSI-W). O evento teve parceria da Fazenda Churrascada e parte da renda foi revertida ao Hospital Evangélico Mackenzie. Foto: Ryco

CANET JÚNIOR

A diretora-presidente da Canet Júnior, Jaqueline Milstein, com a arquiteta Bárbara Penha, no lançamento do Málaga 3 - uma reserva especial da Canet Júnior, com apenas 16 terrenos de rua. Foto: Lorene Thalia Pontes

GIVAGO FERENTZ

Em sua quinta participação na CASACOR Paraná, o arquiteto Givago Ferentz assina o Bar da edição 2025. O espaço, com estética subaquática, propõe uma experiência de imersão e acolhimento, reforçando a marca autoral de Givago na criação de ambientes sensoriais. Foto: Divulgação

GARDS ROOFTOP

O Gards Rooftop acaba de abrir as portas no Alto da Glória. O gastrobar oferece vista 360° da cidade e da Serra do Mar, além de drinks, vinhos, gastronomia internacional e música ao vivo. À frente do empreendimento estão os sócios Manuela Macedo e Neiçon Juliano. Foto: Cauby Ross

LRMV

LRMV Arquitetos, de Leopoldo Roesler e Mariana Vaz, transforma ideias em arquitetura autoral e atemporal. Com sede em Curitiba, o escritório desenvolve projetos residenciais e comerciais em cidades como Ponta Grossa, Castro, São Paulo e Balneário Camboriú. Foto: Divulgação

PROTEFORTE

Bruna Horlle, diretora da Proteforte, anuncia parceria com a CASACOR, tornando a empresa fornecedora oficial de proteção para pisos e superfícies do evento. O material é inovador, resistente a impactos e umidade, garantindo a integridade dos pisos durante toda a obra.

Foto: Divulgação

SP-ARTE

Eduardo Gomes, Priscyla Alma, Carlos Cavet, André Mendes, Juliane Fuganti, Mariana Canet, Tici Martinez, Zilda Fraletti e André Nacli no espaço da Galeria Zilda Fraletti, durante a SP-Arte. A galeria participou com uma curadoria de 12 artistas, reafirmando sua atuação no circuito nacional. Foto: Divulgação

MATHIAS LOPES

O escritório Mathias Lopes Arquitetura & Design, de Guarapuava, vem se consolidando na criação de projetos arquitetônicos e de interiores que aliam estética, funcionalidade e autenticidade. Sob comando do arquiteto Mathias Lopes, desenvolve espaços únicos e personalizados, que refletem a essência e o estilo de vida de cada cliente, com sensibilidade e estratégia. Foto: Divulgação

ANA LECTICIA MANSUR

Ana Lecticia Mansur na abertura da exposição Existência, no Museu Guido Viaro, em Curitiba. A mostra, com curadoria de Carla Schwab e textos críticos de Oscar D’Ambrosio, Schwab e Katia Velo, apresenta 18 obras que convidam a uma imersão poética entre arte, memória e existência. Foto: Divulgação

SCA

Em uma ação especial, a SCA Curitiba levou um grupo de arquitetos e parceiros para conhecer, em primeira mão, o novo showroom da fábrica em Bento Gonçalves. Os convidados também participaram de um evento comemorativo aos 58 anos da marca. Foto: Divulgação

PARC AUTÓDROMO: O BAIRRO MAIS SUSTENTÁVEL DO MUNDO

A transformação de um antigo autódromo em um novo modelo urbano

Por Yasmin de Nadai – Gerente de Produto da BairrU

Um feito histórico coloca o urbanismo brasileiro no centro das atenções globais: o PARC Autódromo, bairro planejado localizado em Pinhais (PR), acaba de conquistar a certificação LEED for Cities & Communities Platinum com 98 de 110 pontos possíveis — a pontuação mais alta já registrada no mundo. O selo de excelência que reconhece não apenas um projeto urbano, mas uma nova forma de pensar cidades. Implementado pela BairrU, uma empresa curitibana de desenvolvimento urbano e crédito imobiliário, e projetado pelo escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados, o PARC Autódromo é a prova concreta de que é possível aliar crescimento urbano e compromisso ambiental em um único lugar. O reconhecimento internacional não vem por acaso: nasce da união entre visão, propósito e execução cuidadosa em cada metro quadrado.

MAS AFINAL, O QUE É UM

BAIRRO PLANEJADO?

Diferente de loteamentos convencionais e condomínios fechados, um bairro planejado coloca as pessoas no centro. Promove uso misto, diversidade de moradias e serviços, opções de lazer, acessibilidade, segurança inteligente, e sobretudo, uma vida mais integrada e eficiente. Ao invés de separar funções, ele aproxima: viver, trabalhar, estudar e se divertir acontecem a poucos passos de distância.

“Em empreendimentos como o PARC Autódromo não vendemos apenas metro quadrado, e sim tempo ao quadrado. É sobre ter mais momentos para aproveitar a família, curtir o parque, ir a pé ao trabalho ou tomar um café com calma. É isso que um bairro planejado de verdade entrega”, diz Fernando Baú, CEO da BairrU.

O PARC AUTÓDROMO

O PARC nasce em um território cheio de história: o antigo Autódromo Internacional de Curitiba. Em uma área de mais de 560 mil m², o projeto é a maior requalificação urbana do Paraná. Onde antes corriam carros, agora circularão mais de 10 mil moradores, além de trabalhadores e usuários das estruturas de serviço e lazer do bairro. Com o conceito de cidade compacta e bem conectada, o PARC vai reunir 35 torres residenciais, 300 terrenos

para casas, 5 torres corporativas e mais de 40 mil m² destinados a comércios e serviços. As ruas serão pensadas para as pessoas: com calçadas largas e sombreadas, ciclovias seguras, muito verde e espaços para descansar, tornando o caminhar mais agradável. O bairro também vai abrigar o Pista, um hub de inovação, além de um food market, uma rambla gastronômica e um shopping a céu aberto com mais de 200 lojas integradas às fachadas dos prédios. Tudo isso em volta de um grande parque urbano, com mais de 15 atrações de lazer e diversão.

URBANISMO PARA O FUTURO

A certificação LEED for Cities & Communities, concedida pelo USGBC (United States Green Building Council), é considerada uma das mais importantes do mundo em sustentabilidade urbana. Ela avalia rigorosamente dimensões como energia, água, resíduos, mobilidade, saúde, equidade social, qualidade do ar, governança e inovação.

Diferente de certificações aplicadas a edifícios isolados, o selo conquistado considera o todo — um território dinâmico, onde infraestrutura, meio ambiente e vida cotidiana se entrelaçam. Ser reconhecido com o selo Platinum significa comprovar, com dados e resultados concretos, que é possível crescer com responsabilidade, respeitando os limites do planeta e as necessidades das pessoas.

Entre as soluções que contribuíram para a pontuação extraordinária está o reaproveitamento de mais de 90% das estruturas do antigo autódromo. O traçado da pista original fará parte do sistema viário do bairro, com percursos destinados à caminhada, corrida e ciclismo. Parte dos boxes já abriga um centro de experiência imersiva para o cliente e, o que foi demolido, está sendo reutilizado nas obras de infraestrutura, como pavimentação e drenagem.

“Acreditamos que construir com inteligência também é respeitar o que já existe. Reaproveitar mais de 90% das estruturas do antigo autódromo foi uma escolha estratégica e sustentável, que trouxe eficiência às obras e preservou a identidade do lugar”, explica Carlos Makohin, Diretor de Engenharia da BairrU.

Mais da metade do bairro é composta por espaços públicos. São 130 mil m² de áreas verdes e de lazer — o equivalente a dois Passeios Públicos de Curitiba — com 100% do paisagismo formado por espécies nativas.

Além disso, mais de 4 mil árvores serão plantadas para melhorar o conforto térmico e a qualidade do ar.

Sob o aspecto da mobilidade eficiente, o projeto ultrapassou seus próprios limites físicos ao adotar uma abordagem de fora para dentro. A doação de três viadutos ao Governo do Estado cria uma nova ligação com Curitiba e integra áreas anteriormente separadas pela linha do trem, conectando o bairro ao restante da cidade. A iniciativa reduz distâncias, amplia o acesso ao transporte coletivo com a extensão da canaleta de ônibus até o Terminal de Pinhais e a implantação de pontos a cada 200 metros dentro do bairro, tornando a malha urbana mais inteligente e funcional.

Por fim, um dos destaques do projeto é a forma como sustentabilidade e qualidade de vida se unem no dia a dia. Todas as residências estão a distâncias caminháveis das áreas de lazer e contam com abastecimento por rede encanada de gás natural, fruto de uma parceria inédita com a Compagás. A área central e o parque possuem rede elétrica subterrânea, e todo o bairro é atendido por um sistema inteligente de segurança. O acesso a serviços essenciais, como o colégio Bom Jesus, supermercados, academias e farmácias, também é facilitado. Tudo isso mantido por uma associação de moradores que garante a manutenção de todo o ecossistema.

Ao conquistar o LEED Platinum com a maior nota já registrada no mundo, o PARC Autódromo envia uma mensagem poderosa: o futuro das cidades pode e deve ser diferente. bairru.com.br Rua General Mário Tourinho, 1805 Seminário. Curitiba - PR | Sala 1801

VIVER O DESIGN PARA CONSTRUIR O ESSENCIAL

Participar do Salone del Mobile pela primeira vez, mais do que uma cumprir uma agenda de tendências, foi uma experiência transformadora.

Como sócia e diretora de uma incorporadora que, há 43 anos, se dedica exclusivamente ao desenvolvimento de imóveis de luxo em Curitiba, fui a Milão com um olhar treinado para o que é belo, funcional e, acima de tudo, significativo. E encontrei muito mais do que isso.

Estar ali é viver uma imersão sensorial. Cada estande,

cada instalação, cada detalhe transmite o poder que o design tem de transformar espaços em extensões da nossa identidade.

O evento deste ano revelou uma convergência entre tecnologia, natureza, autenticidade e emoção. Mais do que tendências, vimos princípios. E é isso que me instiga: como podemos transformar essas diretrizes globais em diferenciais tangíveis para quem escolhe viver em um de nossos imóveis?

ESSÊNCIA EM FOCO

O que mais despertou a minha atenção foi a valorização do que realmente é essencial. O luxo contemporâneo não está no excesso, mas na curadoria. Em espaços bem iluminados naturalmente, em texturas que despertam o toque, em materiais que respiram. Vi formas orgânicas que acolhem, materiais e design que convidam à contemplação e ao descanso, e soluções tecnológicas que se integram de forma quase invisível ao cotidiano, sem comprometer a estética — pelo contrário, elevando-a. Essa sutileza nos lembra de que morar bem vai além da metragem ou da localização: é sobre criar ambientes que acolhem as nossas rotinas, que acompanham nossos rituais, que facilitam — e embelezam — a vida. Que contam histórias que são só nossas e das pessoas com quem decidimos compartilhar a nossa vida.

INSPIRAÇÃO PARA ALÉM DOS PAVILHÕES

Milão inteira se transforma durante a mostra. As ruas, as lojas, os locais históricos se tornam palco de experiências que ultrapassam o design e abraçam a arte, a arquitetura e a gastronomia. É um convite a viver o belo de forma plena. As colaborações entre marcas consagradas e novos nomes do design trazem essa mistura rica de repertório e ousadia — algo que me inspira diretamente na forma como desenvolvemos os nossos projetos: com profundidade, mas também com leveza.

CONSTRUIR MEMÓRIAS, NÃO SÓ IMÓVEIS

Na nossa empresa, não construímos simplesmente imóveis. Criamos lares que se tornam parte da história de quem os habita. E estar no Salone reforçou algo que sempre acreditamos: o verdadeiro luxo está na experiência completa, naquilo que permanece quando os holofotes se apagam.

É no jantar com amigos, na música que toca na varanda, no silêncio de uma manhã ensolarada. É nessa dimensão emocional do morar que reside a nossa responsabilidade como incorporadora.

Mais do que acompanhar tendências, buscamos entender o que realmente conversa com o estilo de vida dos nossos clientes. Cada projeto nasce da escuta atenta e da curadoria refinada.

Estar em Milão foi um lembrete potente de que o futuro do morar passa pelo afeto, pela inteligência e por uma elegância que não grita, mas permanece.

Voltei inspirada — e com a certeza de que construir com propósito é o que torna nossa entrega, de fato, surpreendente. É o que nos move como incorporadores, mas também como pessoas que fazem do imóvel o seu lar, um lugar de aconchego e pertencimento.

swellconstrucoes.com.br (41) 3339-8818

TUO EMPREENDIMENTOS LANÇA

NATUNE, UM MARCO DE BEM-ESTAR

E CONEXÃO COM A NATUREZA

Nas primeiras 12 horas de lançamento, 60% das unidades foram vendidas; empreendimento integra áreas verdes e arquitetura, oferecendo espaço de lazer completo e um bosque preservado de mais de 5.000 m 2

Curitiba ganhou um novo conceito de moradia com o lançamento do Natune, primeiro empreendimento da TUO Empreendimentos, que une conforto, design, funcionalidade e um estilo de vida equilibrado. Localizado entre o Jardim Botânico e o Shopping Jardim das Américas, o Natune oferece uma experiência única para seus moradores, com infraestrutura moderna e uma ampla área verde preservada. O evento de lançamento foi marcado pela venda de 60% das unidades em 12 horas.

"Nosso objetivo com o Natune foi criar um espaço que vai além da moradia tradicional, proporcionando qualidade de vida, contato com a natureza e uma estrutura pensada para o dia a dia moderno. Tudo isso em uma localização estratégica, que une conveniência e tranquilidade", destaca Álvaro Coelho, diretor geral da TUO Empreendimentos.

Em um terreno de mais de 10 mil m², o condomínio conta com 221 apartamentos distribuídos em duas torres, com opções como studios, unidades de um e dois quarto e coberturas. Além disso, há 25 unidades gardens, que proporcionam ainda mais integração com o verde ao redor.

Dentre os diferenciais, o Natune conta com um bosque preservado de 5.340 m², além de espaços planejados para lazer, convivência e bem-estar. O projeto inclui piscina privativa com churrasqueira, coworking, academia, brinquedoteca, salão de festas com terraço, sala de jogos, lavanderia compartilhada assinada pela OMO e espaços exclusivos como um rooftop zen e um rooftop urbano. Para os amantes do esporte, há ainda quadra de areia, quadra esportiva e trilha pet, para passear de forma tranquila e segura com seu animalzinho de estimação.

A arquiteta responsável pelo projeto arquitetônico do Natune é Sabrina Slompo, da Sasis Arquitetura e Consultoria. O empreendimento prioriza a conexão com a natureza e a praticidade, com vaga rotativa para carro elétrico com pontos de carregamento, bicicletário, reaproveitamento da água da chuva para limpeza e irrigação, além de controle de acesso e segurança com reconhecimento facial.

As obras do Natune terão início em agosto de 2025, com de conclusão da obra em novembro de 2027.

Sobre a TUO Empreendimentos

A TUO Empreendimentos é uma incorporadora do Grupo Equilíbrio, que atua há mais de 50 anos no setor da construção civil e já entregou mais de 300 mil m² construídos. Criada para atender clientes em diferentes momentos da vida, a TUO oferece empreendimentos modernos, bem localizados e alinhados às novas demandas do mercado imobiliário. Inspirada na Itália Moderna, a marca une design, funcionalidade e qualidade de vida, trazendo um conceito que valoriza o presente e transforma o agora no melhor momento para viver. Com o respaldo da experiência do Grupo Equilíbrio, a TUO já nasce consolidada, pronta para inovar e oferecer empreendimentos que aliam praticidade e conforto aos seus clientes

TON SUR TON

Em celebração aos 40 anos de sua trajetória, a Ton Sur Ton realizou, em parceria com a Habitat, uma roda de conversa pós-Semana de Design de Milão. O encontro foi mediado pela editora da Habitat Débora Mateus, com a participação dos arquitetos Jorge Elmor, Fabio Petillo, Alessandra Gandolfi e Catherine Moro. Fotos: Divulgação

Olga Bergamini, Alessandra Gandolfi, Karina Kawano, Claudia Baggio Pereira, Sonia Elias e Maristella Fischer.
Débora Mateus, Jorge Elmor, Fabio Petillo, Alessandra Gandolfi, Sonia Elias e Catherine Moro.
Flavia Glanert, Fabi Mendes, Matheus Reimão, Bianca Lombardi e Catherine Moro.

LINHA MICHELANGELO NATURA®

A Michelangelo Mármores do Brasil apresentou a Linha Michelangelo Natura®, criada em colaboração com o paisagista Alex Hanazaki. Em um talk mediado pela editora Débora Mateus, com participação de Hanazaki, Priscila Fleischfresser e Marcello Rodrigues, convidados do setor imobiliário e arquitetos conheceram a linha, desenvolvida a partir do mármore Branco Michelangelo ressignificado. Inovação e sustentabilidade definem os elementos da coleção, pensados para valorizar a pedra em projetos contemporâneos que unem natureza, design e novas formas de habitar.

Fotos: Patricia Amancio

Marcello Rodrigues, Priscila Fleischfresser, Alex Hanazaki, Cintia Peixoto e Vanessa Pisseti.
Priscila Fleischfresser e Giuliano Marchioratto.
Edgard Corsi, Thiago Tanaka, Priscila Fleischfresser, Guilherme Belotto e Ana Boscardin.

INOVE DESIGN

A Inove Design promoveu um bate-papo imersivo sobre o lifestyle italiano, com a participação da editora Débora Mateus e da arquiteta Gabriela Casagrande, que compartilharam insights e vivências da Semana de Design de Milão. Os convidados puderam conhecer mais sobre o olhar italiano para o design e suas influências no cenário contemporâneo. Fotos: Divulgação

Gabriela Casagrande, Eviete Dacol e Débora Mateus.
Gabriela Casagrande e equipe.
Silmara Pimpão, Eviete Dacol e Claudia Baggio Pereira.

DBORCATH REALIZA A ENTREGA DO MAINZ GUTEMBERG 300

ADBorcath celebrou a entrega do Mainz Gutemberg 300 com um evento especial, marcado por sofisticação e hospitalidade. Os convidados desfrutaram de um menu degustação de quatro tempos assinado pelo chef Luccas Coelho, do restaurante Ha-YO, em um ambiente decorado com ikebanas.

Douglas Borcath recepcionou os presentes, destacando o compromisso da incorporadora em oferecer não apenas imóveis, mas experiências de vida com alto padrão e design diferenciado.

Valeria Fatinato, Aline Eufrasio, Paulo Weber, Carolina Borcath e Luciano Rinaldi
Henrique Ballão, Douglas Borcath, Paulo Weber
Douglas Borcath
Equipe, Hai Yo comandada pelo chef Lucas
Convidades durante o evento.
Regina Rocha, Aline Luiza Eufrasio, Cintia Peixoto e Reinaldo Bessa

CULTURA EM CONSTANTE MOVIMENTO

Secretaria do Estado da Cultura do Paraná | Foto: Eduardo Macarios

OParaná vive tempos de efervescência cultural. Em cada canto do estado, a cultura pulsa com mais presença, mais acesso e mais possibilidades. Esse panorama não é fruto do acaso: ele nasce de políticas públicas consistentes, que reconhecem a cultura como direito e como força essencial para o desenvolvimento humano, econômico e territorial.

Na Secretaria de Estado da Cultura, estruturamos nossa atuação sobre quatro pilares que guiam nossas escolhas e prioridades: gestão participativa, cidadania cultural, acupuntura cultural e diplomacia e cooperação. Com eles, avançamos na ampliação do fomento, revitalizamos e modernizamos espaços simbólicos - como o

Teatro Guaíra, o Museu Paranaense e a Biblioteca Pública - e projetamos o futuro com novos equipamentos, como a inédita unidade do Centre Pompidou, em Foz do Iguaçu. Esse movimento também se reflete na descentralização: programas como Cinema na Praça, Crianças no Teatro, Guaíra para Todos, a presença do Museu Oscar Niemeyer em Cascavel, exposições itinerantes dos museus estaduais levam arte, memória e educação em todas as regiões do Paraná, que conta com 399 municípios.

Mais do que uma agenda de eventos, tratamos a cultura como uma política de Estado - viva, cotidiana, enraizada na diversidade do nosso povo. E quando isso acontece, quem ganha somos todos e todas nós.

Luciana Casagrande Pereira, Secretária de estado da cultura do Paraná
por Luciana Casagrande Pereira Coluna Ponto de Vista

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