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Ser Finalista em Tempos de Pandemia

Ser Finalista assim não é ser realmente finalista! Sem estágio nem aulas, os dias são guiados por nós, e são TODOS iguais. A tese é apresentada por videochamada e o stress aumenta. A bênção… pois, a bênção não há palavras, apenas lágrimas a correrem pela cara! Nem a oportunidade de entregar fitas a todos os que queríamos tivemos. Covilhã, não era assim que me queria despedir de ti! A pandemia veio impedir que criássemos memórias que iríamos levar para o resto da vida, mas acredito que nos fez valorizar muita coisa de outra maneira e isso, a longo prazo, refletir- -se-á pela positiva. Um dia desejo voltar e fechar as portas que agora deixo abertas! Até já!

Carolina Simão

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A nível académico acho muito penalizador, à entrada para um ano em que já temos bastante responsabilidade apesar de sermos tutelados, não se finalizarem todas as atividades em meio hospitalar, principalmente a tão pouco tempo de começar a exercer. A nível pessoal, acho que cada pessoa acaba por ter a sua forma de lidar com a adversidade e acaba por ser afetada à sua maneira, mas o que me custa principalmente não é a falta de um momento de celebração - neste caso seria a bênção das pastas – mas acima de tudo a falta daqueles momentos de despedida, que apesar de custosos são muitas vezes necessários. A Covilhã e as suas pessoas deram-nos muito e sinto que merecíamos um até já com mais proximidade e abraços apertados, porque apesar de acabar por ser um clichê, a vida universitária será mesmo uma das melhores alturas das nossas vidas

Pedro Matias

Este ano é um encerrar de um capítulo que se iniciou há 6 anos, somos finalmente finalistas. Acho que todos tínhamos uma ideia de como iríamos terminar esta etapa - a típica entrega da tese nos Serviços Académicos, a fotografia no painel da faculdade após a defesa, a última Serenata, a nossa Bênção ao lado das pessoas que nos acompanharam até aqui, seriam alguns dos marcos a cumprir. Ninguém esperava o que aconteceu ou as repercussões que iria ter. Vivemos um período de grandes incertezas em que ninguém nos conseguia dar respostas. Com tempo e com ajuda, apesar de ainda não estar tudo definido, estamos a conseguir ultrapassar aos poucos grande parte dos obstáculos “burocráticos” que esta situação impôs. A somar a estas incertezas, sobra algo que é uma constante este ano - o estudo para a prova. Este estudo por si só já não é algo fácil e, apesar da quarentena invariavelmente me ter dado mais tempo para estudar, complicou todo o cenário envolvente. Fica também a tristeza pelos momentos que foram perdidos e por aqueles que ainda não sabemos se vão ser. A Covilhã acolheu-me e deu-me uma segunda família, durante seis anos vivi experiências inesquecíveis aqui, foram muitas as lágrimas, as frustrações, os sorrisos e os abraços. Esperava celebrar estes momentos e agradecer tudo o que recebi ao lado da minha família, daqueles que também se tornaram família e dos colegas que me acompanharam neste percurso. A despedida nunca seria algo fácil e desta forma ficou ainda um pouco mais desafiante. Este percurso pode não estar a acabar como idealizei, mas sei que levo comigo o mais importante e isso será sempre um bom motivo para recordar este ano.

Beatriz Rodrigues

O sexto ano sempre foi e sempre será um ano carregado de imensas expectativas. Um ano puramente clínico, um ano de estudo intenso na preparação para o exame decisivo, um ano em que obtemos grau de Mestre em Medicina, um ano em que festejamos a nossa última semana académica, um ano em que abanamos as fitas e em que recebemos a bênção juntamente com todos os finalistas, um ano de despedidas. Mas tudo isto, pelo que tanto ansiávamos, foi-nos roubado por uma pandemia inesperada. Os tempos que se seguiram foram tempos de instabilidade, revolta, tristeza e incerteza. Contudo, mesmo tendo sido defraudadas as minhas, e as nossas, expectativas, estes seis anos ajudaram-nos a desenvolver capacidade de resiliência. Lendo o seu significado, que passo a citar, “capacidade de superar, de recuperar de adversidades”, percebemos que não haveria melhor ferramenta que a faculdade nos pudesse ter dado. Confrontamo-nos assim com uma nova realidade, em que despedidas ficam adiadas e a internet passa a ser a nossa grande aliada. Os abraços são substituídos por longas videochamadas, o estudo é ajustado às plataformas digitais, e o grau de Mestre virá com uma defesa feita à distância. A vida é assim, esperar o inesperado, e superar as dificuldades, quer a nível pessoal como profissional. Infelizmente, esta pandemia tirou-nos momentos muito desejados, e, ironicamente, relembrou-nos da nossa responsabilidade social enquanto futuros profissionais de saúde.

Filipa Macedo

Nestes tempos anómalos, em que a vida pareceu parar, é difícil ganhar a noção de que, na verdade, o tempo seguiu. Apesar de aumentar a incerteza de um ano que, para qualquer finalista de Medicina, carece de certezas por si só, permitiu também a oportunidade de tirar um momento para pensar naquilo que tantas vezes esquecemos. Um momento para pensar no motivo pelo qual estudamos o que estudamos. Um momento para pensar naqueles que estiveram sempre ao nosso lado. Um momento para pensar que nem sempre as coisas correm como se esperava. Sem dúvida, um último ano que não sabe a último ano por não carregar o agridoce que se espera. Talvez, mais à frente no tempo, haja a oportunidade de encerrar esta etapa como ela merece.

Isabel Fernandes

Ser-se finalista em termos pandémicos é um misto de sensações e de emoções. Se por um lado, é o culminar de um caminho de trabalho esforço e resiliência, por outro lado, é o concretizar de um sonho sem a sua etapa final - a bênção das pastas - e sem as pessoas que tanto para ele contribuíram. O ser humano é um ser adaptativo, que cresce na adversidade e na saída da sua zona de conforto. Os obstáculos geralmente acabam por se transformar em forças, evitamos que as fraquezas se tornem em ameaças e passem a oportunidades. Assim, apesar de todo o processo e consequências que a Covid-19 teve neste ano letivo e na população em geral, espero que tudo volte aos mínimos da normalidade para que num futuro próximo se possa fazer a festa que todos planeámos previamente.

Ana Meireles