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Lenda do Galo de Barcelos inspira Ângela Simões a escrever livro infantil bilingue
CCULTURA
Aautora de livros infantis bilingues Ângela Simões salienta que, como mãe, sempre foi muito importante para ela que a filha conhecesse as suas raízes e fosse exposta à língua portuguesa desde muito cedo.
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Esse desejo acabou por estar na origem da sua iniciação no mundo da escrita, decidindo dar asas à imaginação e passar as suas ideias para papel após deparar-se com a falta de livros bilingues apropriados para a filha nos EUA, onde reside.
“Dado ser luso-americana de terceira geração, sei a importância de falar uma segunda língua, mas infelizmente não sou 100% fluente em português e por isso é-me difícil ler livros infantis portugueses à nossa filha,” sublinhou Ângela. “Se houvesse livros em inglês e português, então eu poderia pelo menos perceber as palavras portuguesas e até aprender juntamente com a nossa filha.”
O que Ângela Simões não podia imaginar na altura é que acabaria por publicar cinco títulos, em poucos anos, sob a alçada da editora Riso Books, que ela própria fundou.
O seu mais recente livro, “The Legend of the Barcelos Rooster - A Lenda do Galo de Barcelos,” lançado no passado mês de setembro, ilustra uma das mais icónicas histórias sobre sorte e justiça da cultura portuguesa, onde um galo cozinhado se levanta e cacareja para proclamar a inocência de um homem.
“Tem uma linguagem simples, é fácil de ler e as imagens de aguarela brilhantes fazem com seja um belo livro,” adiantou a autora sobre o novo livro, que conta com ilustrações da autoria de Hélia Borges Sousa, uma artista radicada em San José, Califórnia.
Ângela Simões, residente na Bay Area da Califórnia e presidente do Portuguese-American Leadership Council of the United States (PALCUS), salientou que um dos seus objetivos é escrever livros que tornem a aprendizagem de uma segunda língua mais fácil e divertida.
É também autora de “A Maria e O João Vão à Festa, Maria & John Go to the Festa,” “Linda Menina, Pretty Girl,” “Lindo Menino, Handsome Boy” e Números, Cores e Fruta – Numbers, Colors and Fruit.”
Licenciada em Comunicações pela University of San Francisco, Angela Simões trabalhou 20 anos em Sillicon Valley, como relações-públicas para empresas de alta tecnologia. Há alguns anos decidiu deixar o mundo corporativo e tornar-se empreendedora e consultora de relações públicas de regime freelance.
Capa do livro infantil
COLÓQUIO INTERNACIONAL DEDICADO À OBRA DE LÍDIA JORGE

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, participou, em Genebra, na Suíça, no Colóquio Internacional “O poder da imagem na obra de Lídia Jorge”, que dá início à cátedra da escritora, na universidade local.
“A imagem que queremos projetar de Portugal no exterior faz-se de uma diversidade de realidades e nada melhor que a literatura para nos desafiar a entender essas realidades”, afirmou o ministro Augusto Santos Silva, realçando a importância da literatura para a política externa.
A Cátedra Lídia Jorge, criada na instituição entre o Camões Instituto e a Faculdade de Letras da Universidade de Genebra, tem como objetivo prestar homenagem a uma das personalidades literárias mais importantes da atual literatura portuguesa, reconhecida internacionalmente com diferentes galardões, como o da Feira Internacional do Livro de Guadalajara 2020, e praticando diferentes géneros literários, entre os quais se destaca, em particular, o romance.
OPINIÃO
MUSEU DAS MIGRAÇÕES E DAS COMUNIDADES: UM ESPAÇO DE MEMÓRIA DA EMIGRAÇÃO PORTUGUESA
DANIEL BASTOS HISTORIADOR
Adimensão e impacto da emigração no país, nas palavras abalizadas de Vitorino Magalhães Godinho, uma “constante estrutural” da demografia portuguesa, têm impelido a construção nas últimas décadas, no seio dos territórios municipais, de vários núcleos museológicos dedicados à salvaguarda da memória do processo histórico do fenómeno migratório nacional.
É o caso, por exemplo, do Museu das Migrações e das Comunidades, sediado em Fafe, uma cidade do interior norte de Portugal, situada no distrito de Braga, no coração do Minho, cujo desenvolvimento contemporâneo teve um forte cunho de emigrantes locais enriquecidos no Brasil na transição do séc. XIX para o séc. XX. Também conhecidos como “brasileiros de torna-viagem”, que na esteira da trajetória transoceânica empreendida por mais de um milhão de portugueses entre 1855 e 1914, conseguiram voltar engrandecidos à sua terra natal, e assim sustentaram a criação das primeiras indústrias, a construção de casas apalaçadas, e a edificação de obras filantrópicas ligadas à saúde, ao ensino e à caridade.
Estas marcas identitárias do ciclo do retorno dos “brasileiros de torna-viagem”, singularmente presentes no centro urbano da “Sala de visitas do Minho”, e profusamente estudadas pelo saudoso mestre Miguel Monteiro, impulsionaram o Município de Fafe a instituir no início do séc. XXI o Museu das Migrações e das Comunidades.
Percursor, no seu género em Portugal, o espaço museológico assenta a sua missão no estudo, preservação e comunicação das expressões materiais e simbólicas da emigração portuguesa, detendo-se particularmente na emigração para o Brasil do século XIX e primeiras décadas do XX, e na emigração para os países europeus da segunda metade do século XX.
Entre os acervos documentais que compõem o Museu das Migrações e das Comunidades, que tem o reconhecimento da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e integra a AEMI (Association of European Migration Institutions), destaca-se uma coleção de mais de uma centena de fotografias oferecidas ao Museu pelo consagrado fotógrafo franco-haitiano Gérald Bloncourt, cujas amplamente conhecidas imagens que imortalizam a história da emigração portuguesa para França, representam um contributo fundamental para a (re)construção da identidade e memória coletiva nacional.
Como realça a socióloga Maria Beatriz Rocha-Trindade, no artigo Museus de Migrações – Porquê e para quem?, a instituição sediada no coração do Minho, um território fortemente marcado pela emigração, e da qual a autora de uma vasta bibliografia sobre matérias relacionadas com as migrações é consultora científica, o Museu das Migrações e das Comunidades, ao longo dos últimos anos, tem desempenhado um papel fundamental na “conservação e transmissão da memória que faz parte da própria história portuguesa”.

Museu das Migrações e das Comunidades
FOTO: MUNICÍPIO DE FAFE








