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Fábricas de calçado querem contratar e não arranjam mão-de-obra

Líder da APICCAPS sugere a criação de apoios à deslocalização de famílias de concelhos com grande desemprego para outros onde haja falta de trabalhadores, e a integração de refugiados.

A92ª edição da Micam decorreu em Milão, de 19 a 21 de setembro, e recebeu 22.274 visitantes. Foram metade dos habituais, mas significativamente mais do que os esperados. A feira só teve 652 expositores, um terço dos que é costume. Portugal teve 34 stands.

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Luís Onofre, presidente da APICCAPS, em declarações na visita aos 34 expositores portugueses que estiveram na Micam, diz que, com a pandemia, o setor do calçado em Portugal perdeu, segundo os números oficiais, 28 fábricas e cerca de mil empregos, encerrando 2020 com 1262 empresas e 33 795 trabalhadores. Um número que se deverá ter agravado com novo confinamento no arranque do ano, designadamente com o encerramento da mais antiga fabricante alemã de calçado em Portugal, a Peter Kaiser, que em março atirou mais de 400 pessoas para o desemprego.

Meio ano depois, tudo indica que estes terão já sido absorvidos. Há uma série de empresas a precisar de contratar, para dar resposta aos clientes, mas sem sucesso. Luís Onofre pede ao governo que crie apoios à deslocalização, que fomente a transferência de famílias para distritos onde haja falta de mão-de-obra.

Luís Onofre não teme que o fim das moratórias e dos apoios à covid também resulte em falências e despedimentos, acredita sim que a recuperação “está para breve” e que o problema será conseguir encontrar os recursos humanos necessários para suportar esse crescimento. Sobretudo jovens, “que tanta falta fazem na indústria”.

EM PORTUGAL, SÃO JÁ MUITAS AS EMPRESAS À PROCURA DE TRABALHADORES.

“Começamos a ter encomendas e falta-nos a capacidade de resposta. Na nossa área, contratar é muito difícil. A falta de mão-de-obra é sempre uma preocupação”, diz Armando Costa, da Fábrica de Calçado da Mata, de Ovar. Antes da pandemia tinha um projeto para expandir a fábrica e aumentar a capacidade de produção, designadamente através da renovação de equipamentos, um investimento calculado em 1,5 a dois milhões de euros. A covid-19 colocou tudo em stand-by. Mesmo assim, “podia facilmente empregar mais 10 pessoas, de imediato, se as houvesse”, garante.

Com 75 trabalhadores, a Fábrica de Calçado da Mata, que detém a marca Men”s Devotion, teve uma quebra de 30% em 2020, face aos cinco milhões de euros que faturou no ano anterior. Este ano está apostada em recuperar, pelo menos, parte da quebra.

Também a Hupa Shoes, de Felgueiras, precisa de contratar de imediato cerca de três dezenas de trabalhadores para a nova fábrica que vai instalar na zona de Barrosas, no mesmo concelho. Já tem pavilhão e alguns equipamentos e está à espera de mais, para arrancar com a produção na nova unidade, vocacionada para um novo segmento de mercado, o calçado de senhora.

“É muito difícil arranjar pessoas da área, por isso, a solução é recrutar e dar-lhes formação”, diz Carlos Sampaio, fundador da empresa.

A Hupa Shoes tem 120 trabalhadores e manteve-os durante a pandemia, apesar da quebra de vendas em 2020. Com uma faturação na ordem dos 10 milhões em 2019, a empresa fechou o ano passado com vendas de aproximadamente oito milhões. Este ano já está a recuperar, mas ainda não conseguirá chegar aos 10 milhões, admite Hugo Félix, filho de Carlos Sampaio e responsável pela marca Hugo Manuel, que se apresentou, pela primeira vez, na Micam. “Para primeira feira não foi mau. Há 10 anos que não vínhamos a feiras, mais coisa menos coisa, se calhar esta não era a melhor altura para se recomeçar, mas por algum lado tinha de ser”, explica. A intenção é apresentar a Hugo Manuel em três feiras por ano, estando ainda em fase de definição quais serão os certames mais adequados.

EXPO 2020 DUBAI “QUEREMOS QUE VISITANTES CONHEÇAM E APRECIEM A MARCA PORTUGAL”

O Pavilhão de Portugal na Expo 2020 Dubai foi inaugurado com a presença do secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.

Aexposição mundial arranca em 01 de outubro no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. “Este é o momento em que fechamos uma parte do nosso projeto”, afirma Eurico Brilhante Dias, a propósito da inauguração do pavilhão.

“A Casa de Portugal está pronta para a próxima fase: acolher todos os visitantes de todas as partes do mundo, mostrando Portugal como um país moderno, tolerante e inovador”, acrescenta o governante.

“Queremos que os nossos visitantes conheçam e apreciem a marca Portugal e que ajudem a multiplicar este conceito de um mundo num país” e “o impacto da participação portuguesa será amplamente concretizado quando cada um de nós representar e imprimir a marca Portugal”, sublinha Eurico Brilhante Dias.

O tema central da participação portuguesa é “Portugal, um mundo num país”, que está “patente de forma simbólica na obra do pavilhão, onde se destaca a caravela, símbolo da ligação de Portugal ao mundo e praça, em calçada portuguesa.

Situado na zona da sustentabilidade da Expo, o Pavilhão de Portugal conta com 1.800 metros quadrados, distribuídos em dois pisos.

No piso térreo encontra-se uma zona de espetáculos, a loja Portugal Concept Store, com produtos de mais de 40 empresas portuguesas, uma cafetaria e uma área protocolar dedicada ao acolhimento de comitivas VIP e à diplomacia económica.

O primeiro piso “encerra em si o percurso expositivo, com uma sala “A CASA DE PORTUGAL ESTÁ PRONTA PARA A PRÓXIMA FASE: ACOLHER TODOS OS VISITANTES DE TODAS AS PARTES DO MUNDO, MOSTRANDO PORTUGAL COMO UM PAÍS MODERNO, TOLERANTE E INOVADOR”

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