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3.1 Papel social do Jornalismo

3.1 PAPEL SOCIAL DO JORNALISMO

A questão da responsabilidade social de um jornalista com a sociedade vai muito além de transmitir notícias e formar opiniões. Os Princípios Internacionais da Ética Profissional no Jornalismo foi um texto redigido com a colaboração de 400.000 jornalistas espalhados pelo mundo, inclusive por profissionais da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) através de encontros promovidos pela UNESCO em 1978. No entanto, o debate reconheceu o papel importante da comunicação no mundo contemporâneo, sendo na esfera nacional ou internacional, com responsabilidade social nos meios de comunicação e na profissão do jornalista. O texto foi dividido em dez princípios, o III afirma que:

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Formação em jornalismo é compreendida como bem social e não como uma comodidade, o que significa que os jornalistas não estão isentos de responsabilidade em relação à informação transmitida e isso vale não só para aqueles que estão controlando a mídia, mas em última instância para o grande público, incluindo vários interesses sociais. A responsabilidade social do jornalista requer que ele ou ela agirão debaixo de todas as circunstâncias em conformidade com uma consciência ética pessoal.

No entanto, pode-se dizer que o jornalista precisa entender quais são os seus deveres e suas responsabilidades com a sociedade. A Lei nº 12.527 da Constituição Federal de 1988 afirma que o direito à informação é fundamental para uma sociedade democrática. A informação é um direito de todos, ou pelo menos deveria ser. E essa função cabe aos veículos midiáticos que tem o poder de trazer discussões para que a população, de forma geral, tenha acesso à informação, e ao conhecimento sobre determinado assunto.

O jornalismo tem uma função social nobre, transformar as informações em conhecimento público, logo não podemos continuar a fazer distinção, por preconceito comunicativo, de quem deve ou não ter acesso ao conhecimento gerado (BONITO, 2012).

Nesse sentido, Pena (2005) traz a reflexão da teoria do espelho, estudo que tenta compreender o porquê as notícias são como são. Sua ideia central é de que o jornalismo é um reflexo da realidade que vivemos. Ou seja, as notícias são como são porque a realidade determina que seja assim. O autor ainda diz que a imprensa funciona como um espelho do real, apresentando reflexos nos acontecimentos do nosso cotidiano. Diante do exposto Noblat afirma que:

Um jornal é ou deveria ser um espelho da consciência crítica de uma comunidade em determinado espaço de tempo. Um espelho que reflita com nitidez a dimensão aproximada ou real dessa consciência [.] Jornalismo não é obra exclusiva de jornalistas. Tanto quanto nós, os leitores são também responsáveis pelo bom e mau jornalismo. (NOBLAT, 2010).

Na visão de Dines (2009) Quanto menos profunda for à investigação das circunstâncias, quanto menos cruciais forem às situações e as apurações feita pelo profissional, mais perecível será esse jornalismo. Sendo assim, o papel central do jornalista é tratar o seu trabalho com objetividade, atenção, veracidade e sempre estar atento ao código de conduta. Não apenas como um profissional de comunicação, mas também como o cidadão receptor daquela mensagem. O jornalista e o leitor, assim, fazem parte do mesmo bolo social. (DINES, 2009).

O jornalista é um mediador desinteressado, cuja missão é observar a realidade e emitir um relato equilibrado e honesto sobre suas observações, com o cuidado de não apresentar opiniões pessoais. Seu dever é informar e buscar a verdade acima de qualquer coisa, mas para isso é necessário entregar-se à subjetividade, cujo princípio básico é a separação entre fatos e opiniões (PENA, 2005).

A teoria nos apresenta uma conduta jornalística que deve ser seguida, mas a realidade nos veículos é bem diferente. Visto que, algumas vezes, as notícias não são os espelhos da realidade, existe distorção nas narrativas, sensacionalismo, imparcialidade na coleta dos fatos e só é veiculado o que realmente a grande mídia quer, e não o que o povo precisa saber. Justamente porque ela tem o poder de moldar o imaginário popular, induzir e conter ações. No entanto, Marx ressalta:

A função da imprensa é ser o cão-de-guarda, o denunciador incansável dos opressores, o olho onipresente e a boca onipresente do espírito do povo que guarda com ciúme sua liberdade. [...] O dever da imprensa é tomar a palavra em favor dos oprimidos a sua volta. [...] O primeiro dever da imprensa é minar todas as bases do sistema político existente. (MARX, 1999).

A questão da deficiência e a inclusão ainda é um tabu para os veículos e automaticamente reflete na sociedade. Ainda existe uma ausência do tema e discussões sobre

o assunto. Uma das explicações para o pouco interesse que a mídia da América Latina manifesta sobre a deficiência é a falta de informação e de visão crítica que a maioria dos jornalistas tem sobre o assunto. (WERNECK, 2004). Mas nos últimos tempos, em relação à

forma de abordagem e utilização dos termos, há certa mudança mesmo que gradativa nos meios digitais. Para Figueira (2014) não adianta reabilitar o indivíduo se a sua imagem não for recuperada perante a sociedade para que ela aceite a pessoa com deficiência naturalmente, sendo assim os meios de comunicação surgem como uma forma de alternativa para mudar essas imagens e a automaticamente o fim de uma imagem deteriorada. Percebe-se também a necessidade dos profissionais não só na área da comunicação, mas de forma geral, para entender que a deficiência não é castigo, doença ou qualquer coisa do gênero, são somente características de uma pessoa, e não o todo. Infelizmente, pcd‟s ainda encontram obstáculos para se sentirem pertencentes da sociedade, não apenas barreiras urbanísticas, mas também no mundo digital, já que grande parte dos sites não possui nenhum recurso de acessibilidade. E quem confirma é o levantamento feito BigDataCorp, onde foi detectado que 0,74% dos sites brasileiros possuem recursos de acessibilidade. Alves e Pacheco (2007) afirmam que para pensarmos em inclusão é necessário preparar os recursos físicos, tecnológicos e conscientizar a comunidade. Nesse sentido, Bonito, Santos, Beilfuss (2017) dizem que é fundamental repensarmos sobre as práxis de produções, principalmente os conteúdos digitais, e que nos dias de hoje, existem milhares de barreiras que impedem a pessoa com deficiência ter acesso às informações. Quando existem barreiras que impedem o receptor de ter acesso às informações com autonomia, são feridos os direitos essenciais – direito a informação- assegurados pela Constituição Federal, por consequência o jornalismo acaba perdendo sua aura e passa a ser um jornalismo perecível.

O jornalista não pode esquecer seu papel e sua importância, peças fundamentais em termos de construção da cidadania, uma vez que é responsável pela transmissão de informações e a ideia de cidadania está subordinada à informação. (LOPES, PROENÇA, 2003).

Por fim, uma mídia inclusiva só irá acontecer quando os veículos transmitirem a verdadeira realidade dessas pessoas, apresentando o seu cotidiano, enfrentando e superando os desafios diários, como qualquer pessoa, e não como super-heróis. O primeiro passo para a comunicação consiga cobrir dignamente as questões da deficiência é conhecê-las, conhecer as instituições que agregam essas pessoas e dialogar com as fontes originais. Outra questão é ampliar a voz e colocar o sujeito com deficiência como fonte, o que normalmente não ocorre. E na sociedade como um todo, garantir que as leis estabelecidas para a inclusão de pessoas com deficiência que asseguram o direito a equidade, garantindo igualdade de oportunidades,

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