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INTRODUÇÃO

Linguagem de revistas femininas com o púbico: Uma análise crítica do discurso da revista Claudia on-line1

Gabriela Alves Cuerba SERRA2 Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, SP

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RESUMO

Nesta pesquisa analisamos como as revistas femininas digitais dialogam com os leitores, para quais públicos-alvo escrevem e se atingem as mulheres da periferia de São Paulo. O estudo foi realizado a partir da análise crítica do discurso da Revista Claudia on-line, com base em duas matérias da editoria de saúde feminina, com enfoque em pautas sobre maternidade, parto humanizado, atuação de doulas e violência obstétrica – sendo elas notícias de 2020. Também, ao estudar a forma que essa linguagem é construída, percebemos se há naturalização do discurso quando apresenta dominância ou desigualdade social. Em paralelo, compreendemos de que forma a interseccionalidade é inserida nas reportagens, ou seja, quando há discussões de gênero, classes sociais e, eventualmente, representatividade raciais.

PALAVRAS-CHAVE: análise do discurso; revista Claudia on-line; mulheres da periferia; classes sociais; saúde da mulher em revista feminina.

INTRODUÇÃO

Os cuidados com a gestação redobraram durante a pandemia da Covid-19, pois para evitar os hospitais lotados, muitas gestantes recorreram ao parto humanizado sem sair de casa, com acompanhamento de doulas e especialistas, em casas de parto especializadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou particulares. No entanto, muitas pessoas ainda desconhecem a existência do parto humanizado gratuito, sendo um dos maiores impeditivos a falta de acesso à informação. Para elucidar o fato, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ainda é o país onde a cesariana corresponde à maioria dos nascimentos, totalizando cerca de 55% dos partos em território nacional. O índice é 40 pontos percentuais acima do recomendado pela OMS, que considera aceitável até 15% dos partos feitos por cesárea, pois esse procedimento pode colocar em risco a saúde da mulher, já que corre muito mais perigo de morte da gestante, além de contrair algum tipo de infecção pós parto.

1 Artigo apresentado como parte do Trabalho de Conclusão de Curso – RFTM/Paper, derivado do Núcleo de Estudos em Mídia Digital.

2 Estudante de Graduação 8º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, e-mail: gabriela.a.cuerba@gmail.com.

Ainda, durante esses partos, muitas mulheres também podem sofrer violência obstétrica, principalmente as pertencentes às classes C e D, por não terem informações necessárias sobre como identificar uma violência e, muito menos, que podem reivindicar o direito do parto humanizado em casas de parto do SUS (que são totalmente gratuitas), e acabam recorrendo a cesarianas ou ao parto normal em hospitais não especializados no procedimento humanizado. Como fora supracitado, muitas vezes, essas desinformações acontecem porque as mídias segmentadas massivamente para mulheres, como é o caso de revistas femininas, acabam abordando menos o assunto de parto humanizado gratuito ou traz apenas matérias pagas sobre o assunto – o que impede o acesso das mulheres periféricas, ou seja, as que não conseguem assinar um veículo de comunicação, estão em estado de mais vulnerabilidade e precisam de informação. Neste contexto, para viabilizar estas pautas, se faz necessário a inclusão de mais temáticas plurais que abranjam diversos tipos de mulheres brasileiras, principalmente dentro das editorias de saúde e maternidade nas revistas femininas clássicas, como é o caso da Claudia – objeto central deste estudo. Isso aumentará a democratização da informação para elucidar dúvidas e possibilitar o entendimento quanto ao parto humanizado pelo Sistema Único de Saúde. Desta forma, esta pesquisa buscou responder como a revista feminina Claudia online dialoga com o público-leitor, e se as matérias da editoria de saúde feminina, especialmente sobre maternidade e parto, chegam nas mulheres da periferia; e se não chegam: por que isso ocorre? O que está impedindo essas notícias de chegarem na figura feminina interseccional? E, claro, se a Claudia deseja dialogar com mulheres que não estão inseridas na elite brasileira. Essas são questões que investigamos por meio da Análise Crítica do Discurso (ACD) e, também, com base na teoria do Newsmaking, que ajudou a entendermos porque as pautas são segmentadas da forma que são, além de auxiliar no entendimento do valor-notícia dentro das três matérias selecionadas do portal de notícias da Claudia no ano de 2020, sendo elas de março e maio. Para dar o aporte necessário a esta investigação como essas reportagens jornalísticas são feitas e porque chegam apenas em um determinado tipo de leitor, analisamos criticamente o discurso empregado nas matérias com base na análise proposta por Teun A. van Dijk (2017) e Norman Fairclought (2001). Também, para compreender cada etapa desta apuração, utilizamos pensadores e teóricos como: Jesús Martín-Barbero (1997); Mauro Wolf sob explicação de Nelson Traquina (2008) e Felipe Pena (2020);

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