Vida comédia

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Quinta-feira 21/11/2013

TEATRO. Seja no teatro, na TV ou no cinema, Marcelo Serrado quer mais é fazer rir. Nos últimos trabalhos do ator o humor é o ingrediente principal, como o público poderá ver com monólogo Tudo é Tudo, Nada é Nada, que terá apresentações em Maceió nos dias 23 e 24 de novembro, no Teatro Deodoro. Com elementos biográficos, o espetáculo faz piada com o cotidiano e rememora passagens da vida de Marcelo, que também assina o texto. Ao mesmo tempo que viaja com a peça, ele prepara o lançamento de Crô – O Filme, incursão cinematográfica de seu personagem de maior repercussão nos últimos anos. Dirigido por Bruno Barreto, o filme estreia no próximo dia 29 em todo o país. Em entrevista por e-mail, Serrado conversou com a Gazeta sobre todas essas novidades em sua carreira Serrado em cena de seu novo monólogo: uma lente de aumento sob aspectos biográficos

VIDA COMÉDIA RAFHAEL BARBOSA REPÓRTER

Marcelo Serrado vive um bom momento de sua carreira, e pelo que suas escolhas têm demonstrado, parece disposto a compartilhar a alegria arrancando gargalhadas da plateia. No teatro, três de seus últimos trabalhos apostam no humor. Com o mais recente deles, o monólogo Tudo é Tudo, Nada é Nada, o carioca de 46 anos (28 deles dedicados à carreira) desembarca em Maceió no fim de semana, para duas apresentações no Teatro Deodoro, sábado (23) e domingo. O texto de sua própria lavra, assim como outros dois que ele prepara para encenar o ano que vem, lida com recortes do cotidiano e lembranças de passagens da adolescência. Segundo ele, há algo de biográfico, “mas de uma maneira distorcida”. “Eu coloco uma lente de aumento nas situações cotidianas e invento algumas coisas. Mas sempre em cima do real. Apresento um olhar irônico sobre a carreira de ator: sucesso, fracasso, fama, celebridades instantâneas. Um microfone e um banco, mais nada”, disse. Antes, o ator e dramaturgo havia experimentado procedimento semelhante em Não Existe Mulher Difícil e Rain Man, ambos sucessos de público. Em Rain Man, sob direção de José Wilker, o ator foi muito elogiado por sua performance no papel de um autista. Outra de suas atuações mais celebradas nos últimos está no filme Malu

de Bicicleta (2011), que ele produziu e interpreta um mulherengo inveterado diante de uma paixão inesperada. Mas não é só no palco que Marcelo tem exercitado seu humor. Foi na TV onde ele conseguiu grande amplitude com o Crô da novela Fina Estampa. De tão querido pelo público, o personagem virou protagonista de um longametragem, que é uma das maiores apostas do cinema brasileiro para a temporada de fim de ano. No enredo da produção dirigida por Bruno Barreto (Flores Raras), o mordomo submisso herda uma fortuna de sua antiga patroa, Tereza Cristina, mas logo se cansa da boa vida e parte numa caçada para eleger uma nova patroa capaz de ultrajá-lo. Preta Gil, Ivete Sangalo e um time de celebridades fazem participações no elenco, que traz também Carolina Ferraz como a grande vilã. Ainda que um tanto lacônico, em meio a maratona de entrevistas para o lançamento do filme, que acontece no próximo dia 29 de novembro, Marcelo falou com a Gazeta por email sobre a trajetória de s u c e sso de Crô, e também sobre o espetáculo que será apresentado em Maceió. Confira a seguir.

MARCELO SERRADO ATOR

“Não imaginava tudo isso...(o sucesso) Mas sabia que (Crô) era uma grande personagem. Como disse, não temos bola de cristal de vai ser sucesso ou não, então fico muito feliz com o reconhecimento e carinho do publico comigo. A composição foi muito detalhada e pensando que não ficasse só um tipo, um estereótipo, procurei dar verdade em cada gesto e fala”

Gazeta. Antes de Tudo é Tudo, Nada é Nada, você esteve em cartaz com outro monólogo, Não Existe Mulher Difícil. Porque a preferência por esse formato? Marcelo Serrado. Fiz também Rain Man no meio disso tudo. Não considero exatamente preferência, mas sim acaso.

Como foi a construção de Tudo é Tudo, Nada é Nada? O espetáculo tem muito de pessoal, certo? Que aspectos da sua vida você levou para a montagem? Tem, mas de uma maneira distorcida. Eu coloco uma lente de aumento nas situações cotidianas e invento algumas coisas. Mas sempre em cima do real. O humor sempre esteve entre as preferências do público, mas nos últimos anos o gênero tem ganhado ainda mais força, liderando bilheterias e audiência em peças, filmes de comédia. Na sua visão, o que explica essa predileção do espectador? A vida já é difícil, as pessoas querem rir, esquecer dos problemas. E comédias sempre foram um gênero forte. Um de seus papéis mais elogiados recentemente foi no filme Malu de Bicicleta, que você também produziu. Na função de produtor você deve ter observado bem as dificuldades para viabilizar uma produção como essa no Brasil. O que te seduziu na história de Malu de Bicicleta, e como foi o périplo para tornar o filme realidade? É difícil, mas não impossí-

vel. Eu prefiro ser convidado como agora no caso do Crô – O Filme.

Você já tinha atuado como produtor em trabalhos anteriores. Como é se dividir entre as duas funções? Gosto de produzir minhas peças, de ser “o dono”, mas também gosto de receber convites, como no caso do Rain Man. O sucesso de Crô, personagem de Fina Estampa, transbordou a televisão e chega aos cinemas no próximo dia 29. Quando aceitou o papel, você imaginava que ele ganharia essa dimensão? Como foi o processo de composição do personagem? Não imaginava tudo isso... Mas sabia que era uma grande personagem. Como disse, não temos bola de cristal de vai ser sucesso ou não, então fico muito feliz com o reconhecimento e carinho do publico comigo. A composição foi muito detalhada e pensando que não ficasse só um tipo, um estereótipo, procurei dar verdade em cada gesto e fala. Um filme que me ajudou muito foi o documentário Santiago. O humor costuma caminhar numa linha muito sutil, e as vezes perigosa. Em algum momento você teve receio de criar uma caracterização que foi tida como exagerada ou desrespeitosa? Como você lidou com isso? Se fosse exagerada, não teria feito sucesso. O publico é inteligente e não daria esse crédito ao Crô, e não amaria a personagem. As questões de gênero têm

sido cada vez mais discutidas pelo cinema brasileiro, isso num momento em que o país discutiu como nunca os direitos civis dos homossexuais, conquistas que enfrentam forte resistência da ala mais conservadora dos políticos brasileiros. O que você pensa sobre essa discussão? O amor não tem sexo ou cor, sou contra qualquer preconceito. Para você, qual o papel da televisão nesse debate? Fundamental, pois o povo se vê nas telas. Apesar de retratar com frequência personagens homossexuais, a televisão aberta no Brasil ainda não rompeu certas barreiras, como mostrar um beijo entre dois homens. Você acredita que a sociedade brasileira ainda não está pronta para ver isso, ou é a televisão que não está pronta para mostrar? Acho que uma hora vai acontecer. ‡

Serviço O quê: espetáculo Tudo é Tudo, Nada é Nada, com Marcelo Serrado Onde e quando: no Teatro Deodoro (Pç. Mal. Deodoro, s/n, Centro), dias 23 e 24 de novembro, com sessões às 21h e 20h, respectivamente Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia). Pontos de venda: lojas Mr. Cat (Amélia Rosa) e W.O. (Maceió Shopping). Classificação: 12 anos. Informações: 3032-5210 e 9601-2828


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