Obarro_ Grossi, o Antigo_ 2022_ 1a Ed._Presente

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O B A R R O, UMA COMÉDIA DE GROSSI 2022, Edição do autor

P R E F A C I A N D O

O ano era incerto, talvez 1997, e a sequência de atos seria então bem diferente. Obarro se via apenas como uma viela com as pessoas todos os dias esbarrando uns nos outros, mesmo assim nada se repetia. Foi em uma dessas tardes que alguém de fora passava pela primeira vez por aquele caminho, tão marrom a terra batida! O estrangeiro Zambo coaraci chega na mesma tarde em que havia sido exposta a plataforma da nova era de tecnologia, uma torre de telecomunicações!

Atento e escutando tudo o que pudesse captar do ambiente, durante aquela vez marcada no tempo.”

P E R S O N A G E N S em ordem de aparição

Narrador (Desde o Preâmbulo)

O estrangeiro Zambo coaraci (Cap. 1)

Narração do vendedor e seus dois clientes (2)

Amiga, outra amiga, homens (5)

Alê, o gringuinho Svêin Deuéq e a vó lúcida (6)

Anciã, o rapaz e o atrapalhado falante (7)

Uma senhora e Dilá, sua neta (8)

Um menino (9)

C E N Á R I O ou guia

A terra batida, vento forte e um sol escaldante. Algumas vielas, a barraquinha de comida, a plataforma na rua principal

P R E Â M B U L O

NARRAÇÃO1 (À vontade da coxia ao tablado)

O ano era incerto, talvez 1997, e a sequência de atos seria então bem diferente (...) Obarro se via apenas como uma viela com as pessoas todos os dias esbarrando uns nos outros, mesmo assim nada se repetia. Foi em uma dessas tardes que alguém de fora passava pela primeira vez por aquele caminho, tão marrom a terra batida! Atento e escutando tudo o que pudesse captar do ambiente, durante aquela vez marcada, o estrangeiro.

Estarei sempre por aqui no palco, todos vocês me veem e somos com isso íntimos durante esse tempo em nossas longas vidas.

1 As partes indicadas entre colchetes também podem ser substituídas por uma narração, fica ao critério da montagem admitida pela companhia, assim como os demais movimentos e trejeitos das personagens não mencionados no texto pelo autor

C A P Í T U L O 1 ATO 1

NARRAÇÃO

Da motivação do estrangeiro, enquanto passeia pela rua principal dando uma olhada na paisagem recém descoberta Muitas pessoas nas vielas de Obarro, realmente viviam como se o presente apresentasse mais alegria como qualquer outra vantagem

ESTRANGEIRO

(Lemos alto o que ele pensava)

Um prefácio, entendi. Gostaria muito de escrever algo limpo, ameno, sem tantas partes truncadas; mais fácil ao leitor comum. Acredito o quanto seja difícil acompanhar tantos movimentos, a vista fragmentada. Acho mesmo que

é preciso atingir mais um tipo de público, porém sendo apenas sincero e direto. Isso de vanguardismo, transgressão e violência literal pode não ser tão agradável depois de um tempo (Risos) Estou sendo realista, existir pede isso

ESTRANGEIRO (cont.)

(Os pés quase se chocando)

Portanto me pus a redigir um relato de viagem de forma simples, a mais clara, sem tantas pausas como fizera antes; o objetivo é o entendimento. Até para mim, sério mesmo! As coisas soam recíprocas porque é isso mesmo. Que seja esta a linguagem usual, o que se fala normalmente por aí, longe das piruetas que se pode fazer com a nossa tão rica fala a viagem tranquila e real.

Para começar isso, devo confessar que viajei outra vez por

ter ficado com saudade do inesperado. Me disseram umas coisas desse lugar. ! É o que adianto. Parece mesmo que distanciar para ver de longe é o necessário, certas vezes. Uma nostalgia pela causa de ouvir, falar, estar junto da língua antiga, fora das cidades.

O estrangeiro não tem casa, nem amigos. Seja homem ou mulher, não liga quando alguém na rua assovia, grita “Eii”. Ninguém sabe quem seria, porque é de solidão; não tem nada nem quem o espere, quem dera poder deixar de ser alvo do cotidiano, ditados, de rivais que se afastam da vida íntima para socializar com seus costumes. Somo isso ao desejo de conhecer quaisquer outras possibilidades, outras terras prometidas, mesmo que dentro do possível por agora; e à liberdade desse corpo, mente, as pernas estão aí! A verdade é que não gosto de rédeas, e quem gosta? Nem o infinito. Isso

segundo o que fujo! Temos nossos padrões e muitos ultrapassam o tempo todo. ESTRANGEIRO (cont.)

(Analisando uma fachada específica)

Ou isso ou ficar em casa assistindo

[Súbito uma mulher puxa a criança para longe do estrangeiro. Havia ficado hesitante] ESTRANGEIRO

(Depois que as duas saíam)

São seus receios, mulher. Mas fica tranquila que daqui eu sigo meu caminho.

[A criança ainda olha para trás, o estrangeiro continua sua caminhada pelas ruas de Obarro]

C A P Í T U L O 2 ATO 1

O vendedor de uma barraquinha joga conversa fora com seus amigos e clientes de todos os dias

VENDEDOR

(Narra os fatos gesticulando)

‘E olhos caridosos sabiam, mas se encheram d’água?’

A criança vê o forasteiro caminhar pelo que deixou; os da cidade estão preocupados e espalham algumas bobeiras, pedem justificativas; é seu jeito de se expressar! São rudes.

Assim chega aos ouvidos da criança que o esquisito, o de fora, é também perigoso. Mas ãhn, fala a pequena.

Porque você é ingênua, isso sim, remete a tia.

VENDEDOR (cont.)

(Voltando de seus pensamentos)

‘Acredita com fé em tudo, com ânimo redobrado’, termina a parente sem convencer. ‘Não tenho medo, quero saber tudinho, tia!’

VENDEDOR (cont.)

(Inventado mais fofocas)

Enquanto isso, teve aquele dia que as pessoas acordaram de outra forma, pra todo lado, escuta isso, aliás arrancam o que vestiam e atiram as roupas pela calçada, expulsaram o mal da região, falaram que era uma onda de energia pesada. Foi ali uns na frente dos outros que praticaram como um culto, eu

posso até ver! Ao que a razão de um explica, tipo isso:

Olha que cara de pau! Não disse nada, nem tenho eu importância e você me quer? Quer um concelho?

Dei um tiro no meu pé, foi sem querer, só eu sofri! UM DOS CLIENTES

(Evasivo, olhando para a comida)

É pior para quem chega agora.

AO LADO

(Apontando e fazendo tipo)

Olha o forasteiro que tenta ihhh tá chegando para se dar mal!

Nossa, aqui é chaaato. Quem aposta comigo que vai logo se distrair com as meninas e é querer para o que veio, ahahha

VENDEDOR

(Querendo retomar a atenção)

Sem créditos, meus amigos, apenas assusto querendo ser gente legal, igual, he, ingual, tô bem não hehehh’

[Os clientes se entreolham e dão risadinhas da falação do vendedor]

UM DOS CLIENTES

(Debochando)

Hoje é o dia. Vamos apostar e dar umas gaitadas, bora!

C A P Í T U L O 3 ATO 1

Sem saber da presença do estrangeiro, as amigas papeiam. Os clientes deram o alerta

AMIGA

(Para a outra)

Vácuo aí, aqui, lá. É só o calor e essa gentinha. Ouvi pelas ruas que não se pode mais confiar, ou mesmo imaginar, ter noção de quem nos chega e fala um oi.

A OUTRA AMIGA (De olho no estrangeiro)

Ihh sai fora! Aí, mas você não está esquecendo de alguma coisa?

AMIGA

(A cabeça longe)

Então, eu falei assim, como declarar se te vi mas não nos enxergamos, nem um afago, como quando cara a cara tapamos, sei lá, olhos uns pelos outros

Hein? Tá me ouvindo? Você anda pior que eu.

A OUTRA AMIGA

(Mais dispersa ainda, de olho no estrangeiro)

Ah passa tanto e mais pelas loucuras que cometemos, a paixão em moços e moças é uma característica, os saltos pilhados atrás de vivência que se dissipa, tudo da gente.

A OUTRA AMIGA (cont )

(Fala e olha para o estrangeiro, todos percebem e acham graça)

Quem me dera um dia me levarem daqui.

AMIGA

(Percebendo o estrangeiro e os olhares)

Você vai ter o que é seu, miga.

Será que nos jogaram praga ou rogaram querendo muito errar?

AMIGA (cont.)

(Também se insinuando)

Pedimos mais relações, belas, todo esse mundo já namora.

[O estrangeiro sorri. Elas param propositadamente ao lado da barraquinha, daria para ouvir qualquer comentário]

C A P Í T U L O 4 ATO 1

De como a sensualidade subia a temperatura. Os atores se concentram na área da barraquinha. O vendedor escuta de cabeça baixa, os clientes se agitam, pedem suas cervejas

AMIGA

(Se divertindo com o contava)

Biquinho chega em Adorno, olha a história! e fica abismado, mas igualmente feliz... encontrou seu lar! E se aquieta e admira, tem cada uma! Adorno, aquele bairrozinho(!)

Passa ali uma bela esvoaçante ao seu lado, dizendo alto e firme para a amiga mais serena e atenta:

“É tudo uma grande potarea mesmo, cê tá certa! Vamo fazer mais disso, sair lascando esses chulés mesmo. Querem comer, quero meter. O mundo acabou não, galera. Tá na hora de zoar tudo!!!

OUTRA AMIGA (Até espantada)

Nossa, ignoranta! Não há ética no Adorno, só correria e desesperados. Trepar e fazer sacanagem é a única solução mesmo, responderia ela. Eu acho, né.

OUTRA AMIGA (cont.)

(Rapidamente trocando de assunto)

Todos fugiram??? Onde vivem?

Mas que porcaria de merda que deu, doidinha?

AMIGA

(Tecendo a linha narrativa no meio do caminho)

Fomos todos idiotas, a calma e atenta esvoaçante ia dizer isso!

OUTRA AMIGA

Claro, somos todas idiotas, olha só o que estamos discutindo aqui. Conseguimos chegar ao fundo do poço; que vá tudo então pelos ares mesmo. A putaria é a ordem, bora. Recomecem essa festividade!

AMIGA

(Para lá e para cá, quase dança)

Tamos iinndo

[O que ela diz atinge em uníssono o grupo de homens da barraquinha, chegando junto. Uns 5 no total]

HOMENS

(Em festa)

Aê, ei ei, vamos repovoar, deu tudo errado. Refazer, vira aee!! Pega uns copos pra elas, vai

HOMENS

(Contentos de satisfação)

Opaaaaaaaa! Uiêeeeeeee, ahahah já tava quase indo pra casa, eu. Pelo menos aqui na rua as coisas acontecem.

AMIGA

(Saindo de perto, ainda de olho no estrangeiro )

Ihh mas é cada entrão. Calma aí, dá um espaço pra ela falar. Desembucha, filha.

OUTRA AMIGA

(Já com outro tom)

O Adorno segue acabando, logo isso aqui vai ser apenas uma terra de intervalo e poeira, como uma desigual pedra vulgar atirada pelo Cosmo, comprada por seus tantos donos depois que cai em um planeta. Não sei se o plano original era esse.

AMIGA

(Distante, zanzando)

Por isso os apaixonados são os mais voláteis, nunca se sabe; deles e delas se espera tanto como dos loucos... ou mais até, se os sexos afogam. Estão pelos extremos, amarrados.

OUTRA AMIGA (Interrompendo, depois cutucando)

Naturalmente vi que se amarra em...

Nossa, ele tá vindo para aqui!

[A outra amiga faz sinal indicando o estrangeiro. Imediatamente as duas silenciam

Os homens desconfiam, nisso o vendedor esbarra na barraquinha e deixa cair alguns talheres. Entra uma música nessa hora]

C A P Í T U L O 5 ATO 1

Todos ficam se encarando, isso dura o tempo necessário

O discurso do estrangeiro após a desconfiança alheia ESTRANGEIRO

(Para os curiosos)

Essa atitude me ofende, daqui eu sigo meu caminho! Sou eu Zambo coaraci, filho de Jacimizinha, vocês sabem da história dela.

Berro do coração ferido da floresta encrenqueira 45 mil e vários anos atrás, muito antes até de ser chamada de Obarro, dali.

E faço tão alto que nem a aridez deu empecilho.

ZAMBO COARACI

(Intercalando entre os atores e a plateia)

Dessa forma o lamento aterrissou nos dias de hoje, um discurso que adentrou essa alma alheia, em transe, e soltou de uma vez rápida a lábia precisa.

“Limar territórios, quem foi que inventou? Como? e porquê!? Pode escolher isso? Se tem o direito ou não, mesmo assim, quem pode realmente sair de uma, quer dizer, estância para outra? Sem essa opção! e que capital loucura deixam, só pode parar em manicômios. Eles dizem mais zoeira, seus manipuladores, e vocês aceitam.

Eu vi tudo isso de fora, é minha última vez nessa terra, deixei por isso para avisar as pessoas da área em que nasci.

ZAMBO COARACI (Cont.)

(Apontando o cenário para os atores)

Não se cultiva a história, leiam, que pesem os anos, que vidas que nada! Que Povo é esse que não se conhece, nem antes, durante, quem dirá depois! E anda brando mas constantemente insatisfeito, ahh Quer reclamar mas não te sai palavras, só o peso? Continuamente cada dia mais nessa de anestesia?

Sem sentido, sem eficácia, porque se realiza comprando demais? Isso? Existir pelo efêmero, sem tantos abraços? Como chegou a tal conclusão? Eram tão espontâneos.

Que fazer com as sequelas, que fazer de mim, a gente toda? Como destruir esse legado retardado?

ZAMBO COARACI (Cont.)

(Depois de uma pausa, no meio da plateia)

O presente se encerra nele mesmo a todo momento, em comportamentos compulsivos, grandes estresses por pouco caso e só se nutre de agoras, já. Temos aí objetos, temos como tocá los, mas não temos a emoção de rasgar a qualquer hora a roupa feita, depois corrigir o organismo social, pura energia quase sem fôlego. Se me deixar comentar aviso logo, gentio e tantos mais amam lucidez! Se ouvir de mim e fizer você mesmo, é uma vitória.

[Toca uma música. Ele acha um jeito de sair de cena, entra em alguma viela e escapa dos cochichos daquelas pessoas

Há uma mudança de personagens, o enfoque daqui por diante vai para os dilemas dos locais. Obarro tem muitas faces]

ATO 2

Conto de Alê, o gringuinho e da vó lúcida

Alê chega com o namoradinho, um tal gringuinho devagar que chamavam Svêin Deuéq, e foi logo apresentando a atração do populacho da comunidade à sua avó, que lhe esperava um tanto ancorada. Sua porta rangia

Oi vózinha, esse aqui é o rapaz que te falei...

Olha, o de fora. mais parece um sinalizador. Vi quando ele chegou aqui, todo mundo parou pra ver. Tem um monte de gente apontando ele, isso aqui tá que nem o zoológico, huuum. É rico o moço?

Que isso, vó? É gente fina, isso sim.

Mas não basta, amore. Aqui só quem bota comida na mesa.

Ele come pouquinho( )

Não é o suficiente. É importante? Tem gente pra dar falta dele?

Eu lá sei!

Já entendi, é mais pobre que não sei quê!...

Não lá muito montado não, né.

Mais uma boca dá não, filhinha.

Que faço então, digo pra nem entrar? Meu caramba, que desfeita

Apressadinha….... calma, não foi isso

A senhora é que me deixa louca julgado tudo antes, eu tava tranquila, felizona.

Tá, tá, tá bom.

Fala com ele, vó. Talvez ele saque algo.

Tá com fome, ô dourado?

Ahh,ihhhh....ôooo

Quê isso, ele né gente não? É bicho você, rapaz?

Vó(...)

Qual teu nome, gente? Falaaa

Hhhh svêin... ãhn.. Svêin Deuéq!

Êta lasqueira. Se deixar, vão zoar, hunnf E você, perturbada, caiu igual uma patinha. Que quer dizer, esse, nome?

Sei lá, é nome de príncipe.

Ai meusxesus... tá apaixonada é? Fudeo.

Mas que senhorinha desbocada!

E que mocinha tonta. Até o estátua deve tá rindo de você, bobona.

Nem é.

Eu sim, ó (E se requebra rindo bastante)

Por isso se ferra.

Nossa! (Prosaica)

Você nada. Nisso que você tá se metendo, eu já sou vacinada.

Tô vendo.

Eu me esbaldo, sou mais maluca que você

E o Ixvêim, sabe contar até 1,2,3, tchau?

Ele não entende nada.

Quê? Foi alfabetizado não? Tem escolinha agora aqui na área, ninguém mais fica sem aprender a rabiscar talão de cheques.

Eu sei, fica burro só quem deixa. E então?

Ele não entende é nossa língua.

Ih é, é gringo. Chegou como então, voando?

Deve ter sido de paraquedas mesmo(...)

Ele não entende é nossa língua, hum... mas te dá umas beijoca ãhn..!?

Que isso, vó!

Onde tu achou esse aí?

Tava na praia rodando. É de onde?

Ah, sei lá... das secura... é douradinho, poxa... deve ter família, herança.

Ou filhos, dívidas... tá maluca, é? Tá achando que a vida é fácil, te criei com tanto sacrifício, não me atrapalha não!!! Tá pensando que a gente caga grana na esquina? Eu tenho cara de descansada pra fazer sala? E

se ele veio refugiado político, e se é zureta... chave de cadeia... ai, menina.

Puta merda, vó... olha a cara dele de cachorro perdido, tão bonitinho, diferente desses melado daqui da rua. Ele fala diferente, tem essas roupas de mergulho.

Roupa de mergulho? Ele se veste que nem os musicados que são os parasitas do bar do Joca.

Ele é dourado. É bar do Manéo.

É bar de enrolão, vê só.

E essas roupas dele disseram que é de de de.

Que isso, dá grana? Pode vender? Me de deixa em paz os dois(..)

Nem sei onde tem!

Cê tá doida, vou te expulsar junto com o prego logo, logo!!

Mas vóinha, deve ser importante. Nem sabe, vai.

Eu sei que já tá cheia a cela aqui.

Eu vou opinar quando? ??

Vai pra outra oca, ô dourado palidecido. Ou... uai? Júuu... ki!

Ele tá xingando a gente? Tá braba essa palhaçada aqui, heim Mas como ele vai se virar?

Na esquina é molinho, é só ficar lá, tem pra tudo. Para até carro, passa o culo ahahah Vó... que horror.

Horror é a miséria desse país, só tem mesquinharia, só tem gente se satisfazendo com pouco. No palavrão pelo menos eu extravaso. Vê, só politicagem e tantas dessas festividades criadas, e eventos, jogos... caça níquel pra gente. E quê? Só sobra a operacionalização desse batuque. Então, não complica mais!

Eu sei de tudo isso, humm, tá difícil eu me dar bem.

Sabe nada, você é muito descansada, Alê. Só repete o que dizem na loja, nas chamadas... quem sabe sou eu que vivi de verdade. Eu vivi muito, eu testei a vida, usei isso ó, a meente Isso, me respeite, me ouça,

cala da boca e manda ele de volta pra terra dele que aqui tá lotado já.

Mas ele não ocupa espaço não(...)

Ocupa sim, já tá ali me irritando com essa cara de bunda. Pega a vassoura e varre o quintal, ô dos farrapo.

Ui, iêee, szziii..

Tá osso, garota, vou levar ele no pastorio!

Faça isso não, minha velha! Vai voltar pior pra cá.

Pra cá não, caráiiiiii. Nem de terno!

Ah vó, olha só pra ele... é inofensivo, faz mal nenhum.

Mocinha, mo, mo, tão jovem, mal sabe... no começo é assim, pra te fisgar é fofinho, depois mostra as garras; se bobear, acaba com a paz da gente, fica logo atrelado à cerveja Imagina souberem isso morar aqui? Vão achar tanto, poxa

Mas eu explico.

Mas não adianta, caramba!

Eu achava que era mais simples.

Não é, acostume se.

Eu gosto dele.

É fogo, só isso.

Mas, mas, mas, ahhhh eu não aguento!

Vai tomar um banho frio, reflete a besteirada que fez.

Agora não, depois. (E se vira e suspira)

Então some daqui.

Que faço dele?

Dá uma desculpa e devolve pra rua, passa adiante... dá teu jeito, só assim tu aprende.

Dourado..... muááá

Amuiii, svênitch

Ai!

Acho que deu defeito nele, vó (Ri alto)

Tô ficando com vontade de rir mais, ô bosta kkkķ

Já veio tranqueirado.

Ihhhh

Vai, vaza daqui, menina. Tá muito quente, minha cachola tá derretendo.

Tchau, vó. Dá tchau pro moço...

Vai te embora, carniça! (Ri a dona idosa) NÃO é implicância não, é mais prudência, ora... mais pra ver se sabe rir de si um pouquinho

Não vale nada!

Pega minha vassoura então, canta pneu com ela

[Os três saem de casa e se deparam com Zambo coaraci disfarçando sua saída. Não prestam atenção nele e assim seguem na direção da rua principal

Svêin Deuéq sorri para a plateia e faz o universal joinha. Travesso, ele ainda surpreende os presentes]

Mais parrece que un de nós soltar pedo e ninguéim sabe quiem foie! Aquele descornforto desagrradável

Tchau enton

ATO 3

O narrador toma o palco para si, para lá e para cá testa a estrutura do teatro, é através dele que o próximo conto se apresenta. Mesmo que fisicamente os atores e atrizes estejam ali, só gesticulam, encenam dentro do ato 3 a história que representam, a voz da narração dita suas falas

A ação se passa em mais um canto que dava na rua principal. O texto lido começa com a anciã

“A galera da esquina lá perto de Obarro falava que tinha uma mulher, Jaci, algo disso, da rua de chão, e ela andava grávida de mestiço. E nos disseram no mesmo dia que tinha a cara negra, índia, parecia de fora mesmo. Mas o que todos atestaram é a criança, ela nasce branca, vai saber. Queriam até reflexão sobre preconceito, genética, estrutura do país, e o futuro do planeta todo. Mas, gente, as pessoas se misturam mesmo, e daí? Aqui é o Brasil,

poxa, a maior mistura do planeta! Quero ver propor ser este país o que tem o povo mais rico do ponto de vista genômico eu sigo falando, me deixa. Até parece que esses puristas não tem um pezinho em outra cor, a humanidade está por aí há mais de 40 mil anos; confia mesmo no teu tom de hoje. E coisa e tal, dizem.

O mais preparado para o novo clima, hunf. Uno e em ato!”

“Pois bem, meu filho, completa a anciã já de tantos 76 anos. Isso de a cidade viver encravada, onde reina o calor, e lá algo de crítica, ali se o indivíduo do país tal, que pouco sabe se desligar de sua cultura ortodoxa, logo ele entende que é impossível e pouco inteligente. Bem, o conceito de raça é inadequado, cabe a quem julgar? Raça é a humana, um tom ou outro e a posição geográfica já embaralham as cartas.

Pois é, nem pra mim” completa ela, com a convicção constatada pelo rapaz Ele vem com o discurso tateante, nada profético... esse indivíduo médio. E nada quis saber de

redimensionar conceitos de família; ou pela ancestralidade mista se aprofundar.

Ela para, respira. É caída. Depois reanima o olhar, vira para os lados e tenta retomar:

“Saiba que há muita diversidade biológica nessa gente. Uma raiz oscilante na alma, a que ainda caminha sem rastros. Não reúne à toa, e dessa forma atrapalha a visão purista.”

“A senhora me disse que era por causa da paralisia pelo inesperado”, se inquieta o rapaz.

“Ah.. é bem provável mesmo”, e toma um gole de chá de erva doce. Que séria. Com isso, de novo fala:

Excesso de dúvidas, paixões, jogatina.

Todos suspeitos nas cidades, é isso?

Capazes de esconder os mais graves segredos, quem sabe.

Pouco espera, melhor assim. Não vai precisar de tanta informação, coisa abarrotada, esquece isso daqui para frente, rapaz. E relaxa.

Mas e essa criança?

Um menino, eu estava lá também naquele dia(..) Vai ter que rodar muito, e aprender algo, rumm, como todo mundo, mas... debaixo de algumas patadas!

E se não é!

Que não se deixe em amarguras. Tomara.

Nesse momento, chega o atrapalhado falante. Encontra a velha e o rapaz conversando dentro de casa. Fica contente, ainda mais quando sente o cheiro do chá da profética senhora. Ele grita, enquanto se aproxima:

Ô minha doninha, dá um pouco desse chá pra nem me curar, tanto tempo a gente se quis nele, lembra!

Você fique na sua que estou atravessada contigo, enrolão, tenho que dizer logo umas palavras pra esse mocinho aqui.

Só pelo chá, digo, em si, dona velha... é tão sabida.

Viu o clima, aceita Cala tua boca, chaato.

Você que sim, já me retive demais. Tem muita gente nesse mundo, fica difícil meu espaço. Planeta que lotado de humanos, ahh

Eu sei que agora apareceu com a boca mais torta ainda.

Vai ver, desgraça!

Já deu.

Eu tô é no limite

Some!!!!! e saiu o endoidado, xôoo, fica rindo e debochando, quase escorrega. “Ele fala assim porque perdeu o que veio procurar, por isso culpa todos nós. As coisas acontecem rápido, meu filho, piscou e alguém erra do jeito que não conserta. Só que ele tocou em um assunto, a quantidade excessiva de pessoas sem propósito!” Outro gole do chá e se entreolham, a erva doce descendo pelo copo. Depois caminham para o pátio ao lado, onde mais pessoas conversam.

“Eu espantei ele mas te digo que entendo o lado dele. Nada partidário, ele não, mas seria interessante se fosse da melhor coligação, tanto que dizem ser ele o filósofo da região. Mora por aí, fala com todo mundo quando está lelé pelo bar dos outros(..) a abusar dos

desenhos e representações.” A anciã acena para ele. “Enrolão toda vida.” “Sarcasmo, isso foi o que tentou mandar? Todos estão falando a mais suave e sedutora das línguas, a dos temas!” dessa maneira capenga chegou ao ambiente de novo a pessoa do atrapalhado “Em questão, a representação dos habitantes como seres em suas diferenças.” “Pelo pensamento, recomeça. Chegara meio aceso, sim, uma forma de estar aqui. País para todas as graças. Todos países. Uno é o planeta da saga humana.

É o que queremos, mas um congresso passa diante e retumba, ahhhhhhhhhh, ou vamos evoluir ou mais do mesmo??” O rapaz olha para a anciã, ela está atenta. Outros cumprimentam com cordialidade. “Olha ali, diz o rapaz, vai ter um que perde a paciência”

“E contribuinte paga pra isso, pensa mais o atrapalhado. A culpa é do povo que é omisso, que só reclama e dá risada. Se aqui tivesse revolução popular de verdade, se as coisas

parassem de funcionar porque ninguém mais aguenta essa nojeira; ou se não pela força, mas pelo boicote, olha! Muda de figura.

Te digo que isso aqui ainda não é um país, mas sim um monte de desesperados por casa, comida, conforto. O resto deixam passar, se deixam dominar como crianças, depois sempre aquela subserviência. E filho de pobre vira esquecimento!!!

Alguém lembra? O país acha o quê, que tem que renomear todos nossos modos à sua maneira?? Que não podemos sair dessa cadeia? E a senhora acompanha? Lembra sim, velha cínica.

Então aparece na visão geral, vira artista e formador de pinicão. Peida e todos veem, fica cheio de vergonha, pede que prendam os que riram, e vira pessoa, lei, curtição. Quê, eu! Soberba é defeito de caráter!

Sabe de onde saí? Foi lá da labuta! Já não sou mais nada que não olheiras. E que me sobrou pra desfrutar, diz pra mim, heim!

Os funcionários são apenas paus mandados. Dá pena, tem muita gente boa perdida. Quem

gerencia essas instituições? E quem manda em quem gerencia? A culpa não é dos pequenos, provável. Querem isso mesmo, que fiquemos aqui batendo cabeça, pra rirem do outro lado, confortáveis. Mas eu opino

O teatro foi o da gente, a palhaçada a ponto de acreditar mesmo que existir era por representações. Ou pelo contente povo omisso. Cara, com o tempo só piora..!

É tão difícil assim tomar uma atitude? Seria uma reles preguiça de pensar ou o lance é mais embaixo?? Se só pedem e se esbanjam com grana, se te sufoca na boa, sai dessa! O poder do conforto é o poder que conferem a ele.” e o atrapalhado vira o rosto e por um breve momento sente falta de algo que está distante. A seguir alguém tira ele da vista paralisada. É a própria anciã!

“Não me espanta, ela dispara, os fiéis vão para a congregação e pagam por uma salvação do nem mesmo eles sabem. Estão lá perdidos, carentes. Qualquer um abusa disso. Busca sim na religião apenas a paz, não posses!!!!! Te siga a fé, por isso, por isso, era melhor começar de novo.

Vem, meteoro, cai neste mundo, entra na cabeça dessa gente. O ambiente me sufoca, eu sinto tanto(...)” E ela cai no chão, sendo acudida pelos outros. Era uma pessoa com sua vida. A anciã retoma a palavra mesmo nos braços do rapaz.

“O consenso, ou o país, não é teu dono! Ficamos todos cansados, mesmo assim fui sincera, tiro do peito tudo o que agarra. A liberdade natural é a de que nasceu pra si, não pelos que se metem a mandar. Estejam pela posse em comum, meus filhos, e não em talentos reprimidos.” Agora a anciã está de pé.

“Saibam que os recursos podem ser bem distribuídos, continua a ela, enquanto caminha pelo pátio, nem que seja por um claro sistema de trocas consensuais onde não precisa moeda, por exemplo. Intuito legal e direito de cada um; o afã por justiça e nivelamento dos quereres também.

Mas há um círculo vicioso tremendo, de energia mal gasta, frustrações, solidão, sentimentos fragmentados, e tantos de nós desaprendendo a amar da forma mais pura, a

sem limites ou concepções.” Ela termina o discurso e o atrapalhado se ajoelha de frente para ela, é o sinal do respeito.

“Dizem nas visões que as relações que não vão pra frente são maioria, comenta o atrapalhado, essas as que ficam nos quereres e não quereres do ego e suas intemperanças. Falam para não temermos tantos arrependimentos e crises, são a balança, e que já deu de tudo correr às farmácias.” A anciã estende a mão para o atrapalhado. “Mas o que me diz você aí que sente!?”

“Quero o equilíbrio, mãe. A inteligência e o bom senso.”

“Está na hora, filhinho, há uma tal pedida por grandes doses de ganâncias, montes de distrações e sumos de inviabilidade, onde até nos culpam por superpopulação, abalos emocionais. Quem sabe se haverá mesmo fugas em guerras por recursos, ou curiosidade por uma extinção, uma flutuação geral.” Todos estão atentos, os atores se fixam na anciã.

“Seria o findar de um modelo já gasto? Não é que queremos realmente desaparecer do planeta, ainda que canse!”

“Poderia o problema ser resolvido com parcimônia!?” direciona o rapaz, meio que escolhendo as sílabas. Nesse momento volta Zambo coaraci, mais calmo ainda, em um canto só ouvindo o narrador, a anciã, o rapaz e o atrapalhado.

“Haveria uma terra sem delimitações, profetiza o atrapalhado. O planeta bem que veio para todos, indistintamente, tal como é inserida nossa viabilidade.

Legisladores? Não, apenas conselheiros. Apenas o que se equipara. A boa gente que pede.”

Com isso, a anciã se curva diante deles e a seguir direciona com as mãos envelhecidas o caminho da rua principal. “Tem algo lá. Vamos ver o que está acontecendo.” Todos a seguem para fora da cena. Desce o pano e fica tocando uma música.

A T O 4

Diante da correria para a rua principal, uma senhora dava ainda algumas indicações para a neta que está se iniciando nesse mundo em convulsão

UMA SENHORA

(Sendo didática, mãos dadas)

Dilá, entenda uma coisa, filhinha, nós animais sociais só fracassamos quando ficamos separados, só não quer dizer que tem que ficar abobada de boca aberta, você nem sabe o que faz um estrangeiro, sabe?

É, isso mesmo, que nem insolação! Mas foi a natureza quem ditou esse calor.

Ou não vê essa evolução aí querendo sempre algo mais?

Presta tua atenção no que se passa no ambiente, tá muito desligada, acorda Eu sei que tá crescendo muito rápido, você que nem é assim uma perfeita adolescente, falta um pouco.

Você só parece tão formosinha, filha, tomara que tuas crias também!

UMA SENHORA (cont.)

(Amorosa)

Só tem que sorrir e nunca perder nem um cadinho..! é, desse amor que te mantém forte. A gente sabe que a toda hora vem essa baita sinuca de bico, e pra quem não!? Mas isso aí entre vencer e não!... até de ficar na lateral, ou tacar por cima tudo, sem se ater.

Porque encaçapar é a única opção, acertar em uma vida, mas o difícil é fazer isso todo dia(..)

Que dilema, e olha que somos bem treinadas, milhares de vezes até a posição ideal!”

[Então elas se divertem e beliscam umas às outras. Na rua principal estão todos os atores da peça]

A T O 5

Reaparece Zambo coaraci e é imediatamente advertido por um atento ser humaninho UM MENINO (Cantarolando)

“Obarro venho através do mundo, vem comigo!” UM MENINO (cont.)

(Para Zambo coaraci, outro tom)

Passando por aqui, é lá que acontecem as coisas, vai todo mundo pra lá. Olha eles ali esperando por você.

ZAMBO COARACI

(Total empatia)

Sim. Eu estudei sobre as memórias daqui, agradeço a ajuda.

UM MENINO

Mas não que eu deseje a dor ou um peso nas costas, quero é passar levinho por aqui, na poesia, espiando se der do beco à vereda, te digo que eu nunca mais esqueço o que vejo.

ZAMBO COARACI

(Algo pensativo)

Sua infância te faz bem, e vai ser um adulto correto. Eu também era assim quando criança, hoje sou quem sou, faço o que devo e tomo a forma que quiser; já muitos nesse tempo nem sabem se estão fazendo o que devem,

seguem apenas o que mundo quer.

UM MENINO (Advertindo)

Te falar, se vai dizer para eles, dá logo um susto que te ouvem!

[O estrangeiro se vira para os moradores de Obarro e sorri, complacente. Segue até eles, passos pensados

Vemos também Alê e sua avó dando tchau para a senhora e Dilá, sua neta]

F I N A L A T O

Uma enorme plataforma está exposta na entrada de Obarro, os atores analisam e tecem comentários inaudíveis sobre a novidade. Momento ideal para o novo herói expor suas ideias e insuflar aqueles que necessitam um melhor ânimo

ZAMBO COARACI

(Agindo pelos instintos)

Aquela plataforma ali é o problema! O nome disso é propaganda, vai arrasar a vida simples de vocês e deixar todo mundo colado em aparelhos eletrônicos. Quem aqui sabe o que é, por exemplo, um celular? Um computador? É só o começo.

Rodeados desses objetos, e tudo mais que não se toca, tudo virtual, esqueceremos esse

contato que é o verdadeiro. Foi assim lá de onde eu vim.

ANCIÃ

(Quase sarcástica)

Que isso, você lá veio do futuro, o moço?

ZAMBO COARACI

(Apenas para a Anciã)

Senhora, eu tive a visão! E disso não dá para se distanciar. São trivialidades, pra camuflar a verdade de que estamos aqui para pensar. A senhora sabe, a mente!

ZAMBO COARACI (cont.)

(Para os que continuavam a chegar junto)

Vocês saibam que existirá paixão e amor, exato, em essência até

sua morte, até o eterno. O que concluírem.

AMIGA

(De novo para a outra amiga)

Olha, até que ele é bonitinho, só fala tannnto.

O ATRAPALHADO (Enciumado)

Se acalma que ele não é bombeiro!

A AMIGA

(Para o atrapalhado)

Escolhe o melhor dia, vai, seu generalizado.

RAPAZ

(Devaneando ainda)

Todos nós somos, meio que o futuro e... viajantes no tempo(..)

ZAMBO COARACI

(Sendo o mais natural possível, andando ao redor deles)

Uma restauração, eu apresento agora. Porque de compulsões e aquela aura destrutiva estamos fora, não é? ?

A própria almejada “extinção do ego e do apego”, essa que há quanto tempo reside nos desejos dessa espécie, ela quer se lavar de tantas dores e esperanças bobas. Já deu também de isso de surtir; sorte é para a loteria, precisamos de certezas! E chegar a algum lugar quem não quer?? Vida é pra viver! Lutaremos pela calma em

Ei, vamos dar espaço!

todas as vezes, e relaxar, verdade seja dita! Um lugar como esse não pode ser passado.

ZAMBO COARACI (cont.)

(Caminhando para o círculo de pessoas)

Vendo assim parecem perspectivas que se analisam e resumem, conclusões que tive, sei lá, em um esclarecimento rápido ou outro, no inesperado. Mas eu penso no porvir, vamos ser mais humanos, e é por isso que eu voltei aqui hoje e fiquei com vocês, todo o ambiente prevalece!

[Isso foi por volta das 3 horas da tarde, o sol a pino ofusca todo o teatro! Música tema para animar. Logo, fecha o pano pela última vez, os atores cumprimentam Zambo coaraci e depois a plateia]

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