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maior que a soma das partes Larissa Barros e Michelle Lopes 1970, quando se falava em “tecnologia apropriada”. Ela compreende produtos, técnicas ou metodologias desenvolvidas na interação com a comunidade para a transformação social. Várias instituições de governos, empresas e terceiro setor apóiam projetos sociais, mas ainda é pouco diante da dimensão continental dos desafios. Articular e amplificar esse esforço criativo passou a ser uma necessidade imperativa. Daí nasceu, em abril de 2005, a Rede de Tecnologia Social (RTS). Sua mis-

são é integrar um conjunto de instituições para promover o desenvolvimento sustentável, mediante a difusão e a reaplicação em escala de tecnologias sociais. DUZENTAS PARTICIPANTES A RTS parte do entendimento de que a tecnologia é uma construção social que não é neutra e está sempre a serviço de um modelo de desenvolvimento que se busca estabelecer. Está implícito que, quando a solução for implementada em

locais diferentes daquele em que foi desenvolvida, necessariamente ela será recriada, com agregação de novos valores e significados. Reaplicar, portanto, é uma ação aberta ao novo. Construir sinergias entre atores sociais é a principal estratégia de atuação da RTS. Mais de 200 instituições já aderiram à Rede. Em 2005 e 2006 estão sendo apoiadas iniciativas que geram trabalho e renda, por meio de parcerias inéditas. As instituições mantenedoras vão investir R$ 14 milhões no Semi-Árido e Sertão do São Francisco, na Amazônia Legal e na periferia dos grandes centros urbanos – acima de 200 mil habitantes – e dos municípios de regiões metropolitanas. REAPLICAÇÃO A Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais), é uma das tecnologias sociais que estão sendo reaplicadas. Ela é montada em torno de anéis complementares, cada um destinado a uma determinada cultura. Pequenos animais como galinhas caipiras e patos são criados no centro do sistema de agricultura familiar ecológica. O esterco produzido pelas aves é utilizado para adubar a horta. O sistema começou a ser pensado em 1999, em Petrópolis (RJ), com uma família de pequenos produtores. “Precisávamos garantir a autonomia financeira e alimentar dessas pessoas, que moravam na roça e compravam alimentos no mercado”, explica o engenheiro agrônomo Aly Ndiaye, que coordenou o processo e construiu a metodologia. O Pais possui baixo custo e tem como premissa o manejo orgânico da produção - aquele que emprega de forma sustentável o recursos naturais e sócio-econômicos, respeita a cultura das comunidades rurais e visa a sustentabilidade. Maximização dos benefícios sociais e minimização da dependência de energia não-renovável também são objetivos do projeto. Fruto de parceria entre a FBB (Fundação Banco do Brasil), o Sebrae e o Minis-

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