Abrente 70

Page 1

Taxa de desemprego: realidade ou manipulaçom mediática 4-6

Afonso Mendes Souto

Óscar Peres Vidal

Vozeiro de Primeira Linha www.primeiralinha.org

Comparativa Desemprego 2012-2013 400.000 350.000 300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 0

Total Desemprego Desemprego Oficial

Andaluzia, realidades e potencialidades da luita de um povo 7 Antonio Torres

Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

10 anos do último acordo RAG. 10, 100, 1.000 passos atrás 3

Ano XVIII | Nº 70 Terceira jeira | Outubro, novembro e dezembro de 2013

Jornal comunista de debate e formaçom ideológica para promover a Independência Nacional e a Revoluçom Socialista Galega

Intoxicaçom mediática, involuçom de liberdades e repressom policial EDITORIAL A

brutal ofensiva do bloco de classes oligárquico espanhol contra o proletariado, o conjunto do povo trabalhador, as mulheres e a Galiza, vai acompanhado por um incremento progressivo da intoxicaçom mediática, de cortes nas liberdades e direitos, do aumento do controlo social e da repressom policial e judicial. O regime é plenamente consciente da sua vulnerabilidade, do elevado grau de descrédito da casta política, da perda de apoio da monarquia, da carência de credibilidade do sindicalismo colaboracionista e amarelo e das ONGs que subsídia. Os partidos sistémicos sabem que cada vez som mais numerosos os setores sociais que deixam de acreditar nesta falsa “democracia constitucional”, no gasto modelo imposto no pós-franquismo, derivado do pacto atingido entre o grande capital e os partidos espanhóis da esquerda reformista: PCE e PSOE. A estabilidade dos primeiros trinta anos de restauraçom bourbónica está questionada polas luitas de libertaçom nacional dos povos oprimidos; pola juventude forçada a emigrar, ao desemprego estrutural antes de integrar-se no mer-

cado laboral ou a sobreviver na casa familiar com contratos precários de jornadas intermináveis remuneradas com salários de miséria; polas mulheres que assistem indignadas à perda das conquistas adquiridas e som relegadas novamente aos roles impostos polo franquismo e o patriarcado mais descarnado; pola classe obreira que observa como vam liquidando umha a umha as condiçons laborais e os direitos sindicais atingidos em décadas de luita; pol@s reformad@s que som condenad@s a pensons de miséria; polas camadas intermédias em processo de proletarizaçom ou semiproletarizaçom. Espanha é perfeitamente conhecedora do grau de mal-estar e indignaçom popular, é plenamente consciente da paulatina erosom que padece o regime. Mas a oligarquia e os partidos que representam diretamente os seus interesses nem estám dispostos a renunciar aos seus privilégios nem opor-se ao roteiro da Troika e do capitalismo internacional. A burguesia espanhola e a submissa lumpen-burguesia galega, ralentiza a implementaçom dalgumhas medidas em funçom da conjuntura sociopolítica para assim amortecer um estalido social, mas simultaneamente está

preparando-se para o cenário da confrontaçom com o povo trabalhador. Tal como Primeira Linha já tem analisado e denunciado nestas mesmas páginas, o Estado espanhol está a armar-se até os dentes, a preparar as suas forças repressivas para sufocar e repremir sem olhar a meios as luitas obreiras, nacionais e populares. Os orçamentos da Polícia e da Guarda Civil nom deixárom de aumentar no ultimo quinquénio, à medida que cortam em sanidade, educaçom ou pensons, e as reformas permanentes do Código Penal só procuram endurecer as medidas repressivas contra todas aquelas pessoas e grupos organizados que luitamos na rua polos nossos direitos. O rascunho apresentado por Gallardón pretende impor a prisom permanente revisável, novas medidas de segurança para prolongar o controlo em liberdade ao ponto de poderem ser mais graves que as penas impostas, a substituiçom das faltas por delitos, o incremento das multas administrativas com destaque para a multa

por desobediência vinculada à redefiniçom da figura de “atentado à autoridade”, um ainda maior exaustivo controlo da internet, nomeadamente das mensagens que por meio de correio eletrónico, whatsApp e sms “incitarem à alteraçom da ordem pública”.

Criminalizaçom da esquerda independentista galega

A

s brutal e desproporcionada sentença emitida em setembro contra quatro patriotas galeg@s julgad@s no mês de junho na “Audiência Nacional” sob acusaçom de formarem parte dumha “organizaçom terrorista”, e a criaçom jurídica dumha organizaçom armada, é um salto qualitativo na repressom espanhola contra a luita de libertaçom nacional e social de género do povo galego. A partir de agora, Espanha e a sua sofisticada engranagem repressiva tem mais facilidades jurídicas para criminalizar todas as compatriotas e organizaçons sociais e políticas que luitamos pola soberania e a independência da Galiza. A sentença adotada polo tribunal de exceçom espanhol nom foi umha surpresa para @s comunistas galeg@s.

O Estado levava meses preparando o terreno para umha sentença deste calibre. A intoxicaçom mediática contra o independentismo galego na imprensa colaboracionista tinha exponencialmente incrementado e radicalizado o nível de manipulaçom. Jornais, rádios e televisons nom cessam na criminalizaçom da luita por umha Pátria livre empregando as mais abjetas falácias, contribuindo assim para desviar a atençom popular quando a conjuntura o require. Nada disto é novo. Só que agora se tem dimensionado e endurecido ao ponto de que a “Audiência Nacional” acusa pessoas por portarem fotografias de pres@s polític@s galeg@s. A militáncia independentista leva décadas a padecer o seguimento e a espionagem policial, sofrendo na rua, nos centros sociais, nos centros de ensino e trabalho, a acossa e a pressom dos cans do império espanhol mediante identificaçons arbitrárias, cacheios, retençons ilegais, padedendo multas governativas e judiciais por exercer a liberdade de expressom. As tentativas de infiltraçom policial som constantes, as pressons sobre o contorno umha realidade inocultável, especialmente agudizada nos últimos meses entre a militáncia mais jovem. Está claro que Espanha tem adotado a decisom de converter a luita de libertaçom


EDITORIAL

2 ABRENTE nacional galega num problema policial e judicial. Sabem perfeitamente que a oposiçom popular à multicrise do regime nom vai poder ser controlada pola inofensiva retórica parlamentar, que as ruas serám o principal campo de batalha contra o capitalismo e o imperialismo espanhol. É pois necessário na sua lógica contrainsurgente esmagar o independentismo socialista, desacreditá-lo e isolá-lo das grandes luitas sociais e populares mediante a sua criminalizaçom. Querem condená-lo ao residualismo, mas nom o lograrám porque as cada vez mais adversas condiçons sociais e materiais do povo trabalhador galego alimentam as causas objetivas que geram o impulso do desenvolvimento da luita por umha Galiza independente, socialista e feminista, e o acionar das forças revolucionárias desenvolvemos a necessária subjetividade e consciência para luitar de forma organizada. Mas a repressom seletiva que aplica Espanha também tem um objetivo mais amplo: extender o pánico e o medo entre as massas, para atemoralizá-las, bloqueá-las, para dissuadi-las de luitar, para evitar a sua auto-organizaçom. A meados de outubro tivérom lugar em Vigo umhas jornadas sobre “terroris-

mo”, organizadas pola UFP (Uniom Federal de Polícia) com apoio da UGT, e presididas por Abel Caballero (PSOE), às quais assistiu o Diretor Geral da polícia espanhola. Tanto Ignacio Cosidó como Samuel Juárez, Delegado do Governo espanhol na Galiza, alertárom sobre o “problema da radicalizaçom na Galiza”. Nom há dúvidas que Espanha empresta enorme atençom e dedica ingentes recursos humanos e materiais a combater o independentismo galego, mas também a controlar o nacionalismo soberanista. A involuçom política que o PP está aplicando com o apoio do PSOE está a alimentar a eclosom do fascismo que aninha no interior do partido de Feijó e Rajói, mas também adota novas formas e estilos como a UPyD ou Ciutadans. À medida que se agudiza a luita de classes e avança a necessidade de ligar a defesa do emprego e das pensons, da sanidade e educaçom pública e gratuíta com a recuperaçom da soberania galega conculcada por Espanha e a UE, o Estado vai aprofundar na repressom e criminalizaçom do independentismo. Sabemos que é umha incómoda companheira de viagem das e dos revo-

lucionários, de todas aquelas que nom se submetem nem calam, por isso temos que conviver com naturalidade com ela.

Direito à rebeliom armada

@

s comunistas temos que defender sem complexos nem posiçons timoratas o direito dos povos oprimidos à rebeliom armada contra governos ilegítimos. A Espanha de Rajói, de Rubalcaba, Cayo Lara, Rosa Díaz e Juan Carlos, é um regime opressor construido em base ao genocídio, a exclusom, exploraçom e negaçom da diversidade. A política do PP está provocando morte polo copago sanitário, polos despejos, polo desemprego, por nom adotar medidas contra o terrorismo machista, pola negaçom a um futuro digno de centenares de milhares de galegas e galegos. O direito à desobediência popular e mesmo o uso da força com o fim de derrocar governos ilegítimos para os substituir por outros legitímos é umha constante histórica, bem implemetanda polos povos e desenvolvida teoricamente desde Platom até a Carta fundacional das Naçons Unidas (ONU).

Nº 70 Outubro, novembro e dezembro de 2013 A Revoluçom Bolchevique, da qual comemoramos o 96 aniversário, é a melhor expressom da vontade popular por se desfazer da injustiça empregando a violência legítima para evitar que o opressor perpetue a dominaçom. Este é o coerente acionar teórico-prático do marxismo-leninismo a que nom renunciamos. Hoje a burguesia levanta um manto de silêncio e obscuridade sobre os métodos empregues em 1789 para acabar com o absolutismo e iniciar o processo de destruiçom do Antigo Regime, abalando assim o feudalismo em grandes áreas planetárias. A Declaraçom de Independência dos Estados Unidos de América de 1776 e a posterior Declaraçom dos “Direitos do Homem e do Cidadao” da Revoluçom Francesa reconhecem a legitimidade da autodefesa e o direito à rebeliom. Nos dias de hoje, nada mudou, de facto, há mais razons que antes para luitarmos contra um governo e um Estado que pretende impor pola força condiçons laborais decimonónicas, reinstaurar o patriarcado em estado puro e destruir os alicerces básicos da Naçom Galega. Um governo que conculca os mais elementares direitos humanos.

Verdadeiros terroristas

C

ontrariamente ao que o regime e os seus aparelhos de manipulaçom e dominaçom pregoam, os verdadeiros terroristas nom se chamam Antom, Carlos, Eduardo, Maria, Senlheiro, Teto ou Xurxo. Os que provocam dor, sofrimento, miséria, portanto geram terror em amplos segmentos populares, chamam-se Amancio Ortega, Juan Roig Alfonso, Sandra Ortega, Manuel Jove, Villar Mir, Emílio Botín, ou Juan e Carlos March. A esta seleçom de oligarcas há que somar os seus lacaios nas instituiçons estatais. Eles, donos de obscenas fortunas a custa da miséria das maiorias, som os inimigos do povo trabalhador e da Galiza. Eles som os que devem ser condenados e criminalizados.

Unidade de açom

P

erante o incremento e endurecimento da repressom contra a esquerda independentista e soberanista galega, contra os movimentos populares, som necessárias respostas unitárias. Nós temos como sempre assim figemos, plena disposiçom para fazer frente e de forma unitária à repressom espanhola.

Publicidade

REDONDELA

UN NOVO CONCEPTO DE BAR

REBOREDA - REDONDELA

Sam Nicolás, 6, Baixo Ponte Vedra

www.banduawargames.com

Rua López de Neira 26 - VIGO

R./ Marqués de Viana, 3 Salvaterra de Minho Tel.: 686 474 752 reinventasalvaterra@gmail.com

Santiago - A Coruña

R/. Angustia 4 baixo • Santiago Tel. 605 714 704

Entremuros, 12 - Compostela Tel. 981 576 778 | www.ocurruncho.com


Nº 70 Outubro, novembro e dezembro de 2013

Afonso Mendes Souto Ativista do Centro Social Gomes Gaioso de Corunha

E

m 2013 estám-se a completar 10 anos do último acordo normativo aprovado pola RAG, a chamada, por quem a promoveu, de “norma de concórdia”. Estamos a viver um silêncio sem precedentes na história mais recente sobre a questom normativa. O que foi daqueles debates acesos após a primeira codificaçom lingüística do galego? Cumpre revisar esse acordo, ver se devemos reavivar o debate e refletir sobre a quem está a servir a norma aprovada há umha década.

OPINIOM

ABRENTE 3

10 anos do último acordo RAG 10, 100, 1.000 passos atrás

Antecedentes históricos

C

om o fim oficial do fascismo nas instituiçons é que se abre um processo que visa avançar para um quadro novo que permite a criaçom de um governo autónomo de baixa intensidade para a Galiza e a conseqüente cooficializaçom do idioma. Com o “Decreto de Bilingüismo”, 1979, o galego chegará aos meios de comunicaçom e aos poucos estende-se, ou aspira a estender-se, a todas as esferas da sociedade. Por exemplo no ensino. Para isto surge a necessidade de um padrom lingüístico que sirva para a adecuaçom da língua ao contexto emergente. Em 1980 cria-se umha comissom consensualizada, presidida por Carvalho Calero, para dar cobertura às necessidades do “Decreto de Bilingüismo”. Esta comissom promove umha norma flexível em funçom das preferências e escolhas das e dos utentes: mais chegada do português ou mais chegada do espanhol. Estávamos ante umha aposta singular e permissiva que chegou a aparecer no boletim oficial da Junta da Galiza em junho de 1980. Ante a situaçom anterior e o consenso que parece existir à roda das teses reintegracionistas, as instituiçons linguísticas oficiais, ILG e RAG, em 1982 elaboram umhas normas de forma bilateral que o DOG inclui em abril de 1983. Este decreto travava a via galego-portugesa e dava opçom só à galego-espanhola. Acabava de dar-se um golpe de estado claro dentro da linguística galega e cujo movimento tático era apoiado polo governo ultradireitista da Alianza Popular. Os membros do ILG e da RAG vinham de trair e romper com a tradiçom galeguista de conceçom galego-portuguesa. Deu-se cabo, portanto, da proposta normativa da comissom presidida por Carvalho e o que se impom é um modelo caraterizado por um vazio importante na hora de definir os registos cultos e favorece-se que os neologismos entrem só através do espanhol, assim como a grafia e numerosas interferências fonéticas. A trampa já estava preparada e acabava de conseguir-se mudar o mapa linguístico mental de muitas geraçons de galegas e galegos de aí em diante. A identidade que se estava a alimentar por parte de ILG e RAG era a mesma que favorecia a AP, a espanhola, umha Galiza restringida à Comunidade Autónoma Galega e a sua dependência económica e cultural com Espanha. É nesta época, e polos motivos acima citados, que se aviva o lume do debate normativo, controem-se os quartéis e fixam-se posiçons. A Nosa Terra vira num autêntico campo de batalha, é um apaixonado fórum de discussom. Aparece a AGAL e a sua proposta normativa que critica ao detalhe a emanada do binómio ILG-RAG. Por outro lado está a proposta de mínimos ligada à AS-PG, e portanto ao mundo do BNG. O oficialismo, quer na política, quer no ámbito académico, vela por umha norma feita ad hoc para a ideologia da direita espanholista que deve fingir na conjuntura nova que existe cooficialidade plena para a língua galega.

O contexto de 2003. A repartiçom necessária do bolo

A

s décadas anteriores som tensas quanto ao debate normativo e as posiçons som claras. Por um lado o PP, e antes como Alianza Popular, legislam e gizam os orçamentos para a língua enquanto incumprem desde o primeiro momento as leis sobre o idioma em favor do espanhol.

A RAG mostrava-se inoperativa quanto ao poder linguístico e quanto ao seu labor académico. Era o ILG o verdadeiro referente do galego institucional, mas o seu poder diminui pola criaçom do Centro Ramón Piñeiro. Como se manifestou nas últimas eleiçons à presidência da RAG, a luita de poderes entre os membros das instituiçons linguísticas oficialistas é vigente ainda hoje. Por outra banda está o mundo do Bloco, caraterizado, na altura, por umha política institucional obsessiva. O assalto a Sam Caetano era o alvo principal desta organizaçom e para isso era necessária a integraçom no sistema em todos os ámbitos, isto inclui a questom linguística. Para tal fim, além de renunciar à normativa de mínimos que a distinguia, precisava conseguir a normalizaçom do debate sobre o idioma na procura de umha pax social que figera com que o entorno que representava pudera participar da repartiçom do bolo dos subsídios que na altura Espanha ainda dava para o galego. O BNG decide pegar no leme, e através dos satélites de que dispom no mundo académico universitário, promove umha proposta normativa e chega, após certas reunions e debates, a um consenso com o ILG. O reintegracionismo fica excluído das conversas e a proposta nova continua mais próxima do espanhol do que do português. Porém, a RAG, fai mostra do seu conservadorismo e di que o ILG, instituiçom corresponsável da norma desde o 83 e que conta com membros na Academia, nom está autorizado a consensuar nada sem ela, polo que se fai mais umha revisom da norma, agora com a servil RAG, e dá-se um passo

Cada vez mais emerge o reintegracionismo como umha alternativa real, o espaço cultural que Espanha está disposta a compartilhar está esgotado, a lusofonia é um mundo enorme por explorar atrás, afasta-se, logo, o acordo do português, de um galego mais autóctone, mais natural e mais digno. Aprovava-se um padrom que basicamente o que fixo foi introduzir certas duplicidades, com carga simbólica, como algumas terminaçons ou outros elementos (-bel/ble, -aría/-ería, Galiza/ Galicia, ata/até, etc) com a condiçom de que cada utente escolha. O Bloco consegue assim eliminar um foco de tensom das suas políticas no percurso a Sam Caetano, cousa que será atingida com o bipartido PSOE-BNG (2005-2009). Era a continuaçom, em chave lingüística, da linha mais institucional e menos contestatária que estava a seguir. Era a derrota dos mínimos e o isolamento de facto dos máximos. Já existia um acordo entre a maioria de agentes sociais ao redor da língua. O reintegracionismo passa a ser o único dissidente na marginalidade em termos lingüísticos.

O contexto atual

J

á no miolo da questom. O que foi daquele acordo? Quais os seus frutos? Em termos globais, foi umha evoluçom ou umha involuçom? As pessoas que participárom das conversas e cedêrom na negociaçom sabem o que no seu dia se prometeu

e o que se está a cumprir hoje ou nom daquele contrato. O que deveria ser lógico, e que se comentava na altura, era que as duplicidades introduzidas tinham o fim de que triunfassem de forma progressiva. Já desde o início se podia intuir o futuro que aguardaria a estes avanços mínimos já que nem todas/os as/os responsáveis da norma se somavam ao suposto espírito que possuía na hora de favorecer as novidades. Nem na altura, nem hoje, os meios de comunicaçom privados nem públicos, favorecem estas escolhas. A armadilha torna-se mais evidente com os meios que dependem da administraçom, como rádio ou televisom, teoricamente onde as instituiçons devem visibilizar este consenso, mas onde, nom por acaso, se age contra aquele suposto espírito. Também nom se favorece nas instiuiçons, de facto, pudemos ver, quando o bipartido, como o BNG tivo polémica com o seu parceiro de governo por, através das suas conselharias, utilizar o nome correto do país e já aceite na norma, “Galiza”. Mas nem só nos casos citados antes primeiro, pola sua importância, foi que se empeceu favorecer os avanços nesta norma. Todo o mundo pode conhecer exemplos desta repressom a menor escala: centros de trabalho, editoras, etc. Qualquer passo à frente, neste sentido, foi, é e será questionado quando exceder o ámbito individual. Infelizmente, um dos rostos visíveis daquele consenso normativo, Freixeiro Mato, que se declara como reintegracionista teórico, mas nom prático, por aquilo de permanecer com a maioria, em entrevista a Sermos Galiza em 17 de maio deste ano ainda andava a reclamar estabilidade na norma para avançar face ao português e queixava-se da qualidade do galego de responsáveis diretos do padrom que contradim a sua própria proposta codificadora do idioma. Por um lado, está a mostrar umha ingénua, mas cómoda esperança para ele, após 10 anos de “acordo” e comportamentos concretos e negativos neste sentido, de que todo o mundo reme na sua direçom. Por outra banda, Freixeiro, está a reclamar umha qualidade melhor para o idioma, já que ele sabe que normativizar é necessário para normalizar, é precisa umha ferramenta firme e única para esse labor. O caos normativo e umha qualidade baixa do galego provocam rechaço, nom dam imagem de seriedade e contribuem à disoluçom do galego no espanhol ao nom haver umha fronteira clara entre as duas línguas.

O mundo institucional conseguiu, com pressons, a integraçom de setores mais ou menos contestatários noutrora e os meios de comunicaçom figérom o resto, silenciar o reintegracionismo. Este, com firmeza ideológica, está a tentar aos poucos alargar a sua estratégia linguística, mas sem umha unidade de açom bem definida e com umha tática descontínua a nível nacional. Só parece ter iniciativa global, sobretodo, quando o PP fai umha agressom concreta. Do ponto de vista local, age com diligência através de microespaços importantes que se geram no tecido associativo. Também se tem conseguido algum avanço no debate da introduçom do português no ensino e está-se a dar mais informaçom do que nunca nas escolas sobre as vantagens que tem ser galego ou galega, em parte, polo papel que está a jogar o Brasil no mundo do ponto de vista económico. De resto, as forças políticas e intelectuais que eram críticas e mantinha o debate normativo, o debate identitário, portanto, através da língua, fôrom cooptadas e silenciadas por aquele acordo falso. Espanha ganhou muito e deu pouco, porque como vimos, os que cedêrom nom só ainda esperam que isto avance a partir do acordo 2003, se nom que longe disso o recentemente eleito como presidente da RAG, Alonso Montero, prometeu em primeiras declaraçons “mais isolacionismo” (SIC). Em agradecimento, como pudemos ler na imprensa em 2 de outubro, Espanha, reduz para 2014 em 20% o orçamento para a instituiçom centenária, baixando de 341.000€ a 273.000€. Parece que, no atual contexto de crise, nom há dinheiro nem para máscaras. Por enquanto, a cada dia diminui o número de galegofalantes no País. A passagem dos anos tem-nos dado liçons diversas: o conflito linguístico é um problema político, mas a via institucional, por enquanto, no atual quadro político-jurídico nom é transitável. A RAG é servil, é decrépita e burguesa, assim como o resto de instituiçons lingüísticas ligadas à oficialidade, polo que há que construir a estratégia galego-portuguesa à margem, na rua, de forma popular, o contrário só nos leva ao que temos, a progressiva perda de falantes e o galego que a oficialidade avale sempre será espúrio e umha trapaça com fins alheios à nossa cultura, umha fraude. Espanha tem bem demonstrado que nom vai deixar que sejamos umha cultura plena, mas umha subcultura como oficialmente já somos. Já nom há bolo que repartir, a multicrise do Estado justifica os cortes em muitos setores. Perdêrom-se postos de trabalho que a língua gerava, como em serviços de normalizaçom linguística, vagas de professorado em cursos de galego, editoras que ficárom sem os subsídios de antes, etc. A cada vez mais emerge o reintegracionismo como umha alternativa real, o espaço cultural que Espanha está disposta a compartilhar está esgotado, a lusofonia é um mundo enorme por explorar. Há que recuperar o debate para acumular forças e construir poder popular em chave reintegracionista, elevar a língua ao grau de ferramenta de construçom que se opom ao espanholismo. O reintegracionismo nom é corrupto, nom depende dos subsídios, se o apartarem da oficialidade como na década de 80 cria centros sociais nos bairros, escolas populares para crianças, dá exemplo e promove umha competiçom de desporto misto... O reintegracionismo constrói de abaixo para acima. Quem nom esteja com ele deve somar-se à estratégia galego-portuguesa e entre todas e todos defini-la e intensifica-la para conseguir inverter os dados tam negativos sobre o idioma antes do cair do pano.


ANÁLISE

4 ABRENTE

Nº 70 Outubro, novembro e dezembro de 2013

Taxa de desemprego: realidade ou manipulaçom mediática

Gráfico 2 EPA - Estado espanhol e Galiza

mandantes de primeiro emprego. Demandas suspensas. Beneficiários de prestaçons por desemprego que realizam um trabalho a tempo parcial compatível. – A segunda forma é através do Inquérito de Populaçom Ativa (EPA) que se publicam trimestralmente e que oferecem umha informaçom derivada dum inquérito realizado no conjunto do Estado espanhol que se elabora por meio de chamadas telefónicas a umhas 65.000 famílias e que afeta a um universo de populaçom de 200.000 pessoas. A EPA, criada no ano 1964 em pleno franquismo, é um estudo estatístico destinado a extrair dados sob o mercado de trabalho que se utiliza basicamente para calcular a taxa de desemprego tal e como a define a Organizaçom Internacional do Trabalho (OIT), a qual estabelece as definiçons e os conceitos a empregar. A longo dos anos, sofreu diferentes variaçons com o objetivo de suavizar a realidade de desemprego existente e que servem para esconder, variar ou manipular, com umha perspetiva burguesa, os dados de desemprego e ocupaçom. Se dermos umha olhadela (Quadro 1) aos dados de desemprego do último ano, tendo em conta os diferentes sistemas, obtemos o seguinte:

350.000 300.000 250.000 200.000

Total Desemprego

150.000

Desemprego Oficial

100.000 50.000 0

EPA - Estado espanhol

Lineal (EPA-Ee)

EPA - Galiza

Lineal (EPA-Galiza) 300.000

6.200.000

290.000

6.100.000

280.000

5.900.000

270.000

5.800.000

Jun

Mai

240.000

Abr

5.500.000

Mar

250.000

Fev

5.600.000

Jan

260.000

Dez

5.700.000

Nov

655,40 642,50 617,40 611,60 622,70 608,30 595,40 593,10 (62,30) -9,51%

Fonte: Ministério de Emprego e Segurança Social

Gráfico 3 Evoluçom Ocupaçom Sector Público / Privado. Estado espanhol

Os dados correspondentes a desemprego oferecidos polo Ministério de Trabalho correspondentes ao mês de julho de 2013 som de 4.698.814 pessoas inscritas nas oficinas de emprego no conjunto do Estado espanhol, e 261.102 pessoas na Comunidade Autónoma de Galiza (CAG). No caso do Ministério de Trabalho o desemprego registado, nom inclui todas as demandas de emprego que se notificam nos serviços de emprego INEM ou Serviço Galego de Colocaçom, pois neste caso segundo os próprios dados do IGE (Instituto Galego de Estatística) a realidade seria bem distinta [Quadro 2 e Gráfico 1]. Quer dizer, com umha simples variaçom de critério do cómputo das pessoas inscritas (que nom todas as reais como explicaremos posteriormente) nos serviços públicos de emprego comprovamos que a taxa de desemprego, pode aumentar em 7 pontos percentuais. Os últimos dados publicados da EPA no momento de escrever este artigo correspondem ao segundo trimestre de 2013 e oferecem unhas cifras de desemprego que alcançam as 5.977.500 pessoas desempregadas no conjunto de Estado espanhol e por volta de 288.200 pessoas na CAG (Comunidade Autónoma da Galiza). Aprecia-se neste caso um comportamento claramente muito mais negativo do desemprego em Galiza em comparaçom

6,00%

Emprego público

4,00%

Emprego privado

2,00% 0% -2,00% -4,00% -6,00% -8,00%

ao que acontece no Estado espanhol. e que se corresponde com umhas políticas que duram décadas de submetimento da nossa economia [Gráfico 2].

Radiografia real do mercado do trabalho

R

ecorrendo aos mesmos Inquéritos de Populaçom Ativa (EPA) e do Instituto Galego de Estatística (IGE), com que nos querem vender o ínicio da recuperaçom económica e da melhoria na evoluçom do emprego, e apesar dos critérios manipuladores que escondem, descobrimos ainda assim a triste realidade da classe trabalhadora. Desde bem iniciada a crise, mis sobretodo nos últimos anos, a destruiçom do emprego e dos serviços públicos converteu-se no alvo dos governos ao serviço do capital e sob o ditame da Troika, em especial desde que o PP de Mariano Rajoi ganha as eleiçons em 20 de novembro de 2011. Assim, desde essa data, a destruiçom que sofre o emprego público é muito maior da que acontece no setor privado. No caso de Galiza, com umha descida de mais de 14% no número de assalariadas/os no setor público e cerca de 10% no privado, a situaçom é pior que no caso do Estado, como se pode ver no Quadro 3 e Gráfico 3. Desde novembro de 2011 até a atualidade, os contratos a tempo parcial crescêrom tanto no setor público

T2-2013

T1-2013

T4-2012

T3-2012

T2-2012

-10,00%

T1-2012

Emprego Público TOTAL pessoas Trimestre Tempo completo Tempo parcial 2011 TIII 3.023,50 197,10 2011 TIV 2.925,10 211,00 2012 TI 2.897,40 206,80 2012 TII 2.828,50 212,60 2012 TIII 2.813,70 178,10 2012 TIV 2.730,10 187,00 2013 TI 2.649,80 196,10 2013 TII 2.643,10 200,10

T4-2011

Quadro 4 Emprego Privado TOTAL pessoas Trimestre Tempo completo Tempo parcial 2011 TIII 12.734,20 2.201,50 2011 TIV 12.423,90 2.247,40 2012 TI 12.030,00 2.299,10 2012 TII 11.988,40 2.387,70 2012 TIII 12.018,10 2.310,50 2012 TIV 11.628,20 2.411,60 2013 TI 11.323,30 2.465,60 2013 TII 11.386,40 2.554,20

400.000

6.300.000

Out

Quadro 3 Evoluçom Assalariados Setor Público / Setor Privado (milhares pessoas) Setor Público Setor Privado Trimestres Estado espanhol Galiza Estado espanhol Galiza 2011/III 3.220,60 198,10 11.958,80 2011/IV 3.136,10 198,40 11.693,10 2012/I 3.104,10 199,90 11.307,00 2012/II 3.041,10 187,80 11.356,10 2012/III 2.991,70 187,30 11.241,40 2012/IV 2.917,20 178,80 11.008,30 2013/I 2.845,80 172,40 10.766,80 2013/II 2.843,20 170,20 10.881,30 Dif 11-13 (377,40) (27,90) (1.077,50) % Dif -11,72% -14,08% -9,01%

Gráfico 1 Comparativa Desemprego 2012-2013

Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

MT = Ministério de Emprego e Segurança Social Ee = Estado espanhol EPA = Inquérito de Populaçom Activa

Set

A

manipulaçom e controlo que fam os diferentes governos burgueses dos dados, estatísticas e inquéritos é de tal magnitude que a situaçom real do desemprego e das condiçons de trabalho som muito piores que o que nos marcam as cifras oficiais. Por muito que tentem vender-nos do governo espanhol de Mariano Rajoi, e da sua sucursal na Galiza, que já se iniciou a recuperaçom económica e a melhoria na evoluçom da contrataçom e o desemprego, a realidade é bem distinta ao que nos pretendem fazer acreditar. Em todo o caso, a mudança de tendência que se produz nos últimos meses nalguns dos dados como a descida do número de pessoas desempregadas entra em contradiçom com a descida nos quotizantes à segurança social, polo qual é necessário contextualizá-los numha análise muito mais profunda e sossegada. Dados que longe de serem sintomáticos dessa chamada “saída da crise”, ponhem de manifesto a realidade dum novo modelo de contrataçom e relaçons laborais caraterizado pola precarizaçom e degradaçom das condiçons de trabalho. Este novo modelo é fruto das diferentes reformas realizadas ao longo das últimas décadas polos diversos governos no Estado espanhol, e que sobretodo nos últimos dous anos se agudizarom com a chegada do PP à Moncloa em novembro de 2011. A existência de diferentes formas de medir o desemprego com variaçons tam escandalosas (Inquérito de Populaçom Ativa frente aos dados do Ministério de Emprego e Segurança Social) e com critérios claramente burgueses para defender o sistema estabelecido, afunda na distorsom da realidade e, portanto, na confusom da populaçom em geral. A informaçom correspondente ao mercado do trabalho, nomeadamente ao número de pessoas desempregadas, taxa de ocupaçom, contratos... podemos tirá-la basicamente através de dous tipos de estatísticas ou estudos sociológicos. Em ambos os casos veremos como os critérios para excluir grupos de trabalhadoras e trabalhadores dos cálculos estatísticos tenhem umha clara intençom política, com o objetivo de ocultar ou suavizar a realidade, para defender o sistema económico capitalista e os planos de atuaçom e reformas que estám a ser implementadas. – Através dos dados fornecidos polo Ministério de Emprego e Segurança Social. Este conceito, estabelecido pola Ordem Ministerial 11 de março de 1985, é constituído polo total de demandas de desemprego em alta existentes ao fim do mês, excluindo certas situaçons como as seguintes: as pessoas que solicitam outro emprego ou umha melhoria. As que realizam colaboraçom social ainda percebendo prestaçons por desemprego. As pessoas reformadas ou com prestaçons de invalidez. O que se considera emprego conjuntural, quer dizer, quem solicita trabalho para menos de três meses. As pessoas que solicitam um trabalho inferior às 20 horas semanais. O estudantado em cursos oficiais e menores de 25 anos ou que superando esta idade, sejam demandantes de primeiro emprego ou bem demandantes assistentes a cursos de formaçom profissional e ocupacional, quando as suas horas letivas superarem as 20 por semana, tiverem subsídio polo menos de manutençom e forem de-

T3-2011

Membro do Comité Central de Primeira Linha

Quadro 2 Dados Desemprego na Galiza (Último Ano 2012-2013) Nº Pessoas Total Demandas Desemprego Meses Desemprego Oficial Agosto 337.917 257.267 Setembro 342.904 259.373 Outubro 350.513 267.812 Novembro 355.889 276.536 Dezembro 356.952 278.787 Janeiro 362.509 290.790 Fevereiro 367.439 292.823 Março 368.252 291.187 Abril 366.854 290.459 Maio 360.352 283.886 Junho 355.815 273.434 Julho 343.185 261.102 Agosto 337.039 257.524

Ago

Óscar Peres Vidal

Quadro 1 Dados Conjunto Estado espanhol Dados Conjunto Galiza (Comunidade Autónoma) Ano Meses MT - Ee EPA - Ee Ano Meses MT - Galiza EPA - Galiza Agosto 4.625.634 Agosto 257.267 Setembro 4.705.279 5.778.100 Setembro 259.373 264.000 4.833.521 2012 Outubro 267.812 2012 Outubro Novembro 4.907.817 Novembro 276.536 Dezembro 4.848.723 5.965.400 Dezembro 278.787 277.400 Janeiro 4.980.778 Janeiro 290.790 Fevereiro 5.040.222 Fevereiro 292.823 Março 5.035.243 6.202.700 Março 291.187 287.400 4.989.193 2013 Abril 290.459 2013 Abril Maio 4.890.928 Maio 283.886 Junho 4.763.680 5.977.500 Junho 273.434 288.200 Julho 4.698.814 Julho 261.102

T2-2011

“A maneira como se apresentam as cousas nom é a maneira como som; e se as cousas fossem como se apresentam a ciência inteira sobraria” Karl Marx

(+1,55%) como sobretodo no setor privado (+16,02%), enquanto que os contratos a tempo completo tivérom umha descida importante tanto no setor público (-12,58%) como no privado (-10,58%) [Quadro 4]. A obsessom por destruir o emprego e os serviços públicos tem como resultado umha perda do peso das contrataçons na administraçom pública frente às empresas do setor privado. Esta situaçom, longe de se reduzir, aumentará nos vindouros meses de forma clara e continuada, como se pode observar no Quadro 5 e Gráfica 4. A temporalidade é outro dos traços caraterísticos da criaçom de emprego nos últimos meses, o que torna cerca de 90% do emprego criado, segundo dados do próprio Ministério de Emprego, trabalho temporário. E todo isto apesar dos incentivos e subsídios concedidos ao patronato para fomentar a contrataçom indefinida. Outro dado significativo da situaçom laboral nos dias de hoje, tanto no Estado espanhol como na Galiza, é a evoluçom do número de trabalhadoras e trabalhadores atingidos por EREs nos últimos anos. Neste sentido, depois da aprovaçom da reforma laboral publicada polo PP em fevereiro de 2012, o número de pessoas afetadas por EREs, em lugar de se reduzir, aumentou de forma considerável nos anos 2012 e 2013 relativamen-


ANÁLISE

Nº 70 Outubro, novembro e dezembro de 2013

Gráfico 4

Quadro 6 Trabalhadoras/es afetadas por Expedientes de Regulaçom de Emprego 1º Semestre Extinçom Suspensom Reduçom 2010 26.517 116.050 2011 29.358 84.660 2012 38.077 145.828 2013 38.909 116.780

5.936 34.790 51.256 43.880

T2-2013

T1-2013

T4-2012

Público Privado T3-2012

18,00% 17,80% 17,60% 17,40% 17,20% 17,00% 16,80% 16,60% 16,40%

T2-2012

2011TIII 2011TIV 2012TI 2012TII 2012 TIII 2012 TIV 2013 TI 2013 TII

% Total Trabalhadoras/es Privado Público 82,26% 17,74% 82,39% 17,61% 82,19% 17,81% 82,54% 17,46% 82,73% 17,27% 82,80% 17,20% 82,89% 17,11% 83,06% 16,94%

T1-2012

Trimestre

T4-2011

Quadro 5

T3-2011

83,20% 83,00% 82,80% 82,60% 82,40% 82,20% 82,00% 81,80% 81,60%

Nom autorizados Desistidos 3.996 5.520 2.007 -

7.976 8.063 15.520 -

Fonte: Ministerio de Emprego e Segurança Social

18

euros

16 14 12 10 8

Estado espanhol Galiza

6 4

Quadro 8 Nº meio de horas efetivas trabalhadas por pessoas assalariadas por setor - Estado espanhol Homens Mulheres Trimestres Setor Público Setor Privado Setor Público 2011 TIII 27,90 34,50 2011 TIV 32,80 36,50 2012 TI 34,90 37,40 2012 TII 34,70 36,90 2012 TIII 28,60 34,00 2012TIV 33,80 36,10 2013TI 34,80 36,20 2013TII 36,10 37,30 Dif 2011-2013 -29% -8% Fonte: Ministerio de Emprego e Segurança Social

T2-2013

T1-2013

T4-2012

T3-2012

0

T2-2012

2 T1-2012

Fonte: Ministerio de Emprego e Segurança Social

Gráfico 5 Custo salarial €/hora

T4-2011

Quadro 7 Dados Inquérito Trimestral de Custos Laborais €/hora Custo Salarial €/hora Outros Custos €/hora Custo Total €/hora Trimestre Estado Estado Estado Galiza Galiza Galiza espanhol espanhol espanhol 2011 TIII 14,81 € 12,88 € 5,39 € 4,70 € 20,20 € 17,58 € 2011 TIV 15,56 € 13,86 € 5,12 € 4,61 € 20,68 € 18,47 € 2012 TI 13,39 € 11,03 € 4,90 € 4,35 € 18,29 € 15,38 € 2012 TII 14,57 € 12,37 € 4,90 € 4,30 € 19,47 € 16,67 € 2012 TIII 14,85 € 12,73 € 5,35 € 4,65 € 20,20 € 17,38 € 2012 TIV 15,14 € 13,03 € 5,08 € 4,54 € 20,22 € 17,57 € 2013 TI 13,63 € 11,68 € 5,05 € 4,52 € 18,68 € 16,20 € 2013 TII 14,19 € 12,25 € 4,81 € 4,52 € 19,00 € 16,77 € Dif 2011-2013 -4,37% -5,14% -12,06% -3,98% -6,32% -4,83%

T3-2011

te aos anteriores. Todo isto foi devido às facilidades outorgadas ao patronato para aplicar este tipo de medidas. Assim, as mudanças normativas tenhem permitido ainda facilitar o caminho aos empresários para a aprovaçom dos expedientes de regulaçom, evitando impedimentos e promovendo a autorizaçom dos mesmos. Isto manifesta-se em vários dados a nível do Estado espanhol: • O soma de trabalhadoras/es afetados por expedientes de extinçom nos dous primeiros semestres de 2012 e 2013 com respeito aos anos 2010 e 2012 aumentou 38%. • No caso dos expedientes de suspensom de emprego, o incremento no mesmo período foi de 31%. • O número de trabalhadoras/es atingidas no caso dos expedientes de reduçom subiu 134% entre um intervalo e outro. • Por último, há que lembrar que, no caso de expedientes nom autorizados, a reduçom em número de pessoas afetadas é de 79%, motivado polas facilidades concedidas ao patronato [Quadro 6]. Por outra parte, a evoluçom dos custos laborais no intervalo de tempo desde o terceiro trimestre de 2011 até o segundo trimestre de 2013 marca umha tendência negativa para o conjunto das trabalhadoras e trabalhadores, muito mais marcado no caso da Galiza, onde a descida do custo salarial por hora é muito maior que no caso do Estado. Isto nom fai senom incrementar a diferença existente entre os salários na Galiza e o Estado espanhol, situaçom que seria muito mais marcada se a análise fosse centrada nas mulheres ou na mocidade [Quadro 7 e Gráfico 5]. Ora bem, se os custos laborais e salariais, e portanto as retribuiçons que percebem as trabalhadoras e trabalhadores, se vam reduzindo, o que acontece com o número de horas trabalhadas é totalmente o contrário. O número de horas efectivas trabalhadas acrescentou-se desde o terceiro trimestre do ano 2011 em mais de 30% no setor público e cerca de 6% no setor privado. Em definitivo, a evoluçom dos custos laborais e salariais por um lado e o número de horas trabalhadas por outro reflete a “saída” que os governos burgueses querem dar à crise e que passa por umha classe trabalhadora que cobre menos e trabalhe mais horas [Quadro 8]. Qualquer estatística que analisarmos quanto às condiçons laborais, dá para tirarmos umha conclusom clara. Se a situaçom laboral em geral da classe

ABRENTE 5

Setor Privado 25,10 30,40 32,00 31,80 24,80 31,50 31,70 33,30 -32,67%

28,60 30,10 30,70 30,40 28,10 29,40 29,60 30,30 -5,94%

trabalhadora é preocupante, a situaçom concreta das mulheres e da mocidade é realmente dramática. Com as maiores taxas de temporalidade, menores salários e as maiores taxas de desemprego, deparamo-nos com os dous setores da populaçom mais castigados polas reformas. Se bem é de domínio público que o desemprego da mocidade duplica a percentagem do desemprego atual e que os salários som os mais baixos, tal como acontece com as mulheres. Os governos tencionam minimizar ou ocultar esta realidade, pois as próprias estatísticas com que teoricamente se fai a análise para adotar supostas medidas para evitar esta situaçom, excluem para o seu cálculo a trabalhadoras ou trabalhadores que fariam aumentar de forma alarmante as cifras atuais. Assim, nem o Inquérito de Populaçom Ativa ou os dados que fornece o Ministério de Emprego e Segurança Social incluem nas suas cifras de emprego o estudantado menor de 25 anos, ou por exemplo as donas de casa. Tampouco se incluem as pessoas que buscam contratos inferiores às 20 horas semanais e que afeta basicamente as pessoas jovens e as mulheres [Quadro 9]. Neste quadro anterior, podemos ver no caso de Galiza as percentagens oficiais de desemprego segundo o inquérito de populaçom ativa facilitado polo IGE (Instituto Galego de Estatística). Fica bastante claro que de somar os setores que estám excluídos para o cálculo estatístico as cifras seriam escandalosas, pois tampouco estám incluídos os milhares de pessoas imigrantes que estam em situaçom irregular e que se bem nom computam em nengumha estatística, formam parte da realidade social. A sua inclusom nos cálculos das cifras do desemprego, poderia incrementar o número de pessoas desempregadas em cerca de 1.000.000 pessoas no conjunto do Estado espanhol e provocaria um aumento da taxa de desemprego à roda de 5%. Outro dado que nos traz claridade é o que obtemos a partir da Segurança Social. No último ano, o número de cotizantes tivo umha descida no conjunto do Estado de mais de 469.221 pessoas, enquanto na Galiza se perdêrom 32.557 desde agosto do ano passado. A evoluçom negativa pom de relevo que realmente está a existir umha perda de emprego, encoberta e que nom figura nos dados oficiais, e que devemos ligar com multidom de situaçons: passa à página 6


ANÁLISE

• Reforma das prestaçons em geral e em concreto as de desemprego. • Reformas penais e legais, para diminuir os direitos laborais, aumentar a impunidade do Estado e corpos de repressivos e dificultar ao aceso gratuíto à justiça nos diferentes ámbitos. • Privatizaçons dos serviços públicos.

Gráfico 6 Cotizantes Segurança Social - Estado espanhol e Galiza 17.000.000

SS - Estado espanhol

Lineal (SS - Ee)

SS - Galiza

Lineal (SS - Galiza)

16.800.000

940.000

16.400.000 920.000

16.200.000

Quadro 10 Dados Conjunto Estado espanhol Ano Meses Quotizantes SS - Ee Agosto 16.895.977 Setembro 16.809.803 2012 Outubro 16.736.727 Novembro 16.531.048 Dezembro 16.442.681 Janeiro 16.179.438 Fevereiro 16.150.747 Março 16.181.275 2013 Abril 16.232.352 Maio 16.367.013 Junho 16.393.866 Julho 16.426.756

Xurxo Ayan e Manuel Gago Herdeiros pola Forza. Patrimonio Cultural, poder e sociedade na Galicia do seculo XXI Ames, 2.0 Editora, 2012, 253 páginas Manuel Gago e Xurxo Ayan som os responsáveis dum dos livros mais recomendáveis dos últimos meses na Galiza, com um trabalho que versa sobre as relaçons entre património, poder e sociedade no nosso país. Um livro que se adentra neste complicado debate dumha forma inovadora, através de retalhos de realidades anedóticas nas quais se mostram as tristezas e alegrias da nossa relaçom com o património. E assim, através da metáfora, construir umha crítica à historiografia galega contemporánea paralela à revindicaçom dumha gestom do património pública, participativa e democrática. Os autores mostram a realidade oculta do património arqueológico galego, que, sob a mascara do seu caráter público, está privatizado e burocratizado. Um poder, umha Academia e umha elite que monopolizam a patrimonializaçom e conservaçom dos nossos vestígios históricos; transmutando todos nós numha mera moléstia. “Herdeiros pola Forza” mostra o desleixo em relaçom à destruiçom dos nossos bens culturais e ao maltrato por parte da administraçom das iniciativas populares, como duas caras dumha mesma moeda produzida pola cisom entre património, território e povo. Ao cabo, este volume pretende ser um guia para a açom para transformar a nossa relaçom com esse poderoso elemento de identidade social que chamamos património. É bem certo que nom existem roteiros mágicos mas fica longe de ser um gesto inútil; esta obra está enquadrada dentro de toda umha tendência que procurar socializar o processo de conhecimento histórico. E ainda mais, tornar a sociedade galega protagonista de todo o processo, com o fim de converter as pedras sob os tojos em formas e espaços para nom sermos estranhos a nós mesmos na loucura do suicida do presente. (Miguel Cuba)

Jul

Jun

Mai

Dados Conjunto Galiza Ano Meses Quotizantes SS - Galiza Agosto 959.653 Setembro 951.775 2012 Outubro 945.073 Novembro 935.441 Dezembro 927.383 Janeiro 912.184 Fevereiro 909.290 Março 910.030 2013 Abril 908.879 Maio 912.173 Junho 917.016 Julho 927.096

Fonte: Ministerio de Emprego e Segurança Social

finitivo setores alheios à nossa classe, recebem indecentes quantidades de dinheiro, fruto do esforço de milhares de trabalhadores e trabalhadoras que somos enganados e manipulados polos governos de serviço. O duro ataque que estamos a sofrer em todos os campos necessita dumha resposta firme e continuada tanto a nível sindical como a nível político, e as

LIVROS

Após anos de investigaçons sobre a repressom franquista na cidade de Ponte Vedra e a sua área de influência, acaba de sair do prelo este livro do historiador e divulgador Xosé Álvarez. O trabalho divide-se em três partes, nas quais som analisadas sucessivamente a situaçom sociopolítica prévia ao golpe fascista, a própria trama golpista e, finalmente, os diferentes aspetos da repressom desatada sobre a os setores sociais e a militáncia obreira, nacionalista e democrata em geral. Um modelo de estudo que Xosé Álvarez considera útil para conhecermos o golpe militar e a repressom conseguinte a nível nacional, nom só a nível local. Para além deste modelo com vocaçom global, nestas páginas recolhem-se os factos, organizaçons e personagens que exercem a repressom, com algumhas figuras certamente contraditórias, como a do sinistro Víctor Lis Quibén (membro do corpo paramilitar Guardia Cívica), quem antes do ano 36 fora autor de um importante estudo sobre a medicina popular galega. Mas também se recupera a memória das pessoas assassinadas ou represaliadas. O resultado é umha obra que, com efeito, nos permite obter umha visom ampla do que se passou na cidade de Bóveda e Castelao naquele contexto, recuperando e divulgando umha parte da nossa história que continua a influir no presente. Assim o demonstra a apologia do fascismo e do genocídio mostrada por tantos cargos do PP nos últimos tempos. (Anjo Torres Cortiço)

Abr

860.000 Mar

15.800.000 Fev

880.000 Jan

15.800.000 Dez

900.000

Nov

16.000.000

• Incremento de preços dos bens básicos de consumo, energia e transporto. • Desmantelamento do chamado estado de “bem estar”. • Ataques aos direitos culturais e nacionais... E todo isto e muito mais acontece perante os nossos olhos, enquanto vemos que a banca o patronato, e em de-

Xosé Álvarez Castro Pontevedra nos anos do medo. Golpe militar e represión (1936-1939) Vigo, Edicións Xerais, 2013, 341 páginas

980.000 960.000

16.600.000

Out

• Emigraçom, que está aumentar perante a terrível situaçom laboral dos últimos anos. • Baixa das listas de emprego de pessoas que nom encontram trabalho e desistem, gerando assim umha situaçom terrível e precária. • Aumento da contrataçom a tempo parcial, que se bem disminui o número de demandantes de emprego, nalguns casos afeta os cômputos de quotizantes. • Nom inclusom das pessoas que fam parte de expedientes de regulaçom de emprego em suspensom e que a efeitos estatísticos nom som incluídos e que só no primeiro semestre deste ano, no conjunto do Estado espanhol, fôrom mais de 116.780 pessoas. • Nom inclusom das pessoas em ciclos formativos, mas que carecem de rendimentos [Gráfico 6 e Quadro 10]. Como ficou demonstrado, a evoluçom positiva do emprego que afirma o governo do PP fica em questom perante umha realidade que nom tem nada a ver com os dados oficiais e que deixa ver o duro caminho que fica por percorrer à nossa classe e também à nossa naçom, para alcançar a emancipaçom e libertaçom. A degradaçom das condiçons de trabalho e vida da classe trabalhadora está mais que demonstrada por uns dados que, apesar de terem manipulaçons no tratamento estatístico, nom conseguem ocultar a miséria. Trabalhar mais, cobrar menos, contar com menos direitos laborais... ao que devemos unir outras agressons que se bem nom abordamos nesta análise, contribuem para a deterioraçom das pequenas quotas alcançadas ao longo de anos de luita obreira, tais com como: • Reforma do sistema de pensons, favorecendo os fundos privados e as entidades bancárias.

Quadro 9 Taxa de desemprego (%) por sexo e grupos de idade / trimestres. Galiza -Percentagens Total Total de 16 a 19 anos de 20 a 24 anos de 25 a 29 anos 2011 /III 17,20 44,90 30,60 25,80 2011 /IV 18,30 47,20 36,40 27,20 2012 /I 20,20 51,70 40,20 28,60 2012 /II 21,10 58,90 42,70 31,30 2012 /III 20,10 52,50 45,50 28,00 2012 /IV 21,30 62,70 46,30 29,40 2013 /I 22,30 67,70 48,40 32,50 2013 /II 22,40 67,10 49,70 29,30 Homens Total de 16 a 19 anos de 20 a 24 anos de 25 a 29 anos 2011 /III 16,30 44,80 31,40 25,10 2011 /IV 17,60 44,40 39,60 25,60 2012 /I 19,80 45,10 41,90 28,70 2012 /II 21,80 56,00 45,50 35,80 2012 /III 20,40 49,50 45,00 30,20 2012 /IV 21,40 64,20 46,20 32,10 2013 /I 22,40 60,90 47,30 34,70 2013 /II 22,20 57,40 50,60 29,90 Mulheres Total de 16 a 19 anos de 20 a 24 anos de 25 a 29 anos 2011/III 18,30 45,00 29,60 26,40 2011/IV 19,10 51,60 32,60 28,80 2012/I 20,60 60,30 38,40 28,50 2012/II 20,20 63,00 39,40 26,70 2012/III 19,80 56,40 46,20 25,60 2012/IV 21,20 61,40 46,50 26,60 2013/I 22,20 78,10 49,60 30,30 2013/II 22,60 77,70 48,70 28,70

Set

Vem da página 5

Nº 70 Outubro, novembro e dezembro de 2013

Ago

6 ABRENTE

reivindicaçons da nossa classe estam intrinsecamente ligadas com a conquista da independência e soberania nacional galega. Necessitamos superar dumha vez por todas o sistema capitalista que nos provoca fame, miséria e desesperaçom, e apostar decididamente por umha sociedade socialista. E como sempre a luita é o único caminho.

WEB Razmig Keucheyan Hemisferio izquierda. Un mapa de los nuevos pensamientos críticos Madrid, Siglo XXI, 2013, 347 páginas Nom é doado, em tam poucas linhas, cartografar um pensamento crítico, que vai em paralelo com manifestaçons por um mundialismo diferente e em contra do capitalismo financeiro, da corrupçom política, de ditaduras, et cétera. Nem sequer é possível mencionar a totalidade de teorias e autores. Eis umha relaçom incompleta e, a bom seguro, enviesada: o comunismo de Hardt e Negri, marxismo e imperialismo em autores como David Harvey, os Estados-Naçom na globalizaçom (B. Anderson, Nairn), a questom europeia em Habermas e Balibar, Wang Hui e o nacionalismo consumista, Agamben e o estado de exceçom permanente, Boltanski e o novo espírito do capitalismo, Rancière-Badiou-Zizek, os pós-feminismos, a teoria queer na análise feminista de Butler, o pós-colonialismo em Spivak, um novo exame das classes sociais em E.O. Wright, a teoria do reconhecimento, o afropolitismo de Achile Mbembe, um estudo singularizado de Daniel Bensaïd, o ecologismo, o indigenismo em Garcia Linera, o neogramscismo de Laclau e Mouffe… E algumhas das muitas interrogantes inspiradas em Perry Anderson: as experiências socialistas entre 1848 e 1989 serám umha anomalia?, transformará-se o socialismo a nível estratégico, sem se centralizar no proletariado, com umha forte preocupaçom ecológica e desamarrado da inspiraçom militar clausewitziana?, será continuidade dumha tradiçom revolucionária “cumulativa” na esteira e na superaçom da Ilustraçom e da burguesia?, eclipsará-se? Um livro a estudar polo miúdo. Para concluir, umha interrogaçom malévola e nas antípodas do livro: a que haveria que denominar socialismo e esquerda? (Domingos Antom Garcia Fernandes)

Irmandade TV www.irmandade.tv O site que recomendamos nesta ocasiom representa um ambicioso projeto popular de comunicaçom na rede, tam necessário como ausente até que o seu promotor, Aurélio Lopes, o pujo em andamento uns meses atrás. Referimo-nos à televisom na internet, umha verdadeira “televisom galega” por fora da rede de interesses e prebendas dos meios de comunicaçom do sistema. Irmandade TV emite semanalmente abordando temas de interesse para toda a pluralidade dos movimentos sociais e políticos que na Galiza participam na transformaçom do País em chave nacional e de esquerda. Como era esperável num projeto nascido por baixo e sem sustento empresarial ou financeiro do regime, a Irmandade TV deu os seus primeiros passos com umha clara precariedade técnica e de recursos materiais. Porém, as carências ligadas ao aspeto económico estám a ser progressivamente supridas com o trabalho sério da equipa e com um acompanhamento rigoroso da atualidade informativa e das luitas sociais no nosso país, o que nengumha outra televisom fai na Galiza situando-se do lado da maioria. Ultrapassar a passividade e o conformismo perante o férreo controlo mediático burguês e espanhol, assim como abrir espaços à informaçom alternativa e popular, eis as linhas mestras deste novo canal que já ocupa um lugar de destaque no panorama da comunicaçom popular galego e em galego.

Correçom Um erro de diagramaçom amputou boa parte do penúltimo parágrafo da sinopse do livro de Sylvia Nasar Os criadores da Economia Moderna, deturpando significativamente o comentário de Domingos Antom. Reproduzimos integramente esse fragmento. O epílogo a respeito de imaginar o futuro finaliza assim: “Os homens e mulheres que em 2011 saírom à rua para protestar na Tunísia, Síria e outros países do Oriente Próximo constituem a última onda de cidadaos que anelam um futuro económico caraterizado polo crescimento, a estabilidade e um clima comercial favorável à iniciativa empresarial. Quando este futuro começa a ser imaginável, regressar ao pesadelo do passado semelha cada vez mais impossível”. Toda umha declaraçom de princípios, em favor do Capital, prisioneira dum fatalismo tam freqüente numha esquerda reformista, que nom vai além da humanizaçom dum capitalismo selvagem e que há tempo deixou de ser esquerda.


Nº 70 Outubro, novembro e dezembro de 2013

Antonio Torres Secretário-geral de Andaluzia Comunista

D

esde o verao do 2012, as imagens de militantes do Sindicato Andaluz de Trabalhadores (SAT) e das suas açons nas que se denunciavam as conseqüências da crise sistémica que estamos a padecer dérom, sem exagerar, a volta ao mundo. Desde China até Argentina, a imagem do porta-voz do SAT, Diego Cañamero, ou do Presidente da Cámara municipal da localidade de Marinaleda, Juan Manuel Sánchez Gordillo, figerom-se visíveis e até reconhecíveis, e com eles personalizou-se de algumha maneira a situaçom de degradaçom social e económica do conjunto do povo trabalhador andaluz. Por razons de espaço é impossível detalhar historicamente o desenvolvimento do facto nacional andaluz até hoje, mas para conhecer realmente a situaçom política, social e económica da Andaluzia atual fai-se necessário ter em conta as particularidades, muito acusadas e evidentes, do enquadramento andaluz de luita de classes. A conquista castelhana do Al-Andalus do Guadalquivir no século XIII trouxo consigo a partilha de extensos territórios entre a nobreza conquistadora, destruindo as formas tradicionais de posse da terra. Este processo, inseparável da conquista, estenderia-se posteriormente à Andaluzia nazari. Tenhem pois neste processo o seu fundamento os grandes latifúndios andaluzes. Com a conquista, tivo lugar a imposiçom de umha só língua, o castelhano, e de umha só religiom, a católica, dando lugar a umha dura e tenaz resistência da populaçom andalusi. Mais tarde, no século XIX, com as desamortizaçons de terras, o processo de concentraçom da terra receberia um forte e definitivo impulso: os grandes latifundiários feudais transformariam-se em homens de negócio capitalistas, e os jornaleiros junto a camponeses pobres despossuidos em proletários do campo. A grande burguesia terratenente assentada em Andaluzia, convertida em classe burguesa dominante espanhola, frustraria todas as tentativas de industrializaçom da Andaluzia, favorecendo os processos industrializadores em outras zonas do Estado, bem como a penetraçom británica e de outras potências industriais europeias, convertendo Andaluzia em um país eminentemente agrário, fornecedor de mao de obra barata, disposta a ser deslocada e mobilizada ali onde figesse falta; praticamente, umha colónia da qual se podia extrair riqueza material e humana. Esta grande burguesia latifundista foi o principal sustento do golpe de estado de 1936 e do regime franquista, embora a partir dos anos 60 do passado século XX seria deslocada por novas elites burguesas mais modernas, vinculadas a outros setores da produçom e às finanças, e com melhores e mais fortes laços internacionais, já fora com o imperialismo norteamericano, ou com os imperialistas franceses ou alemans. O facto de que a grande burguesía terratenente assentada em Andaluzia fosse a fraçom burguesa dominante no período de configuraçom de Espanha como Estado-naçom, terá como conseqüência que as senhas de identidade andaluzas fossem tomadas e vulgarmente manipuladas para ser apresentadas como as senhas do projeto nacional-estatal burguês espanhol. Em todos estes anos de Andaluzia “constitucional”, ficou demonstrada a completa inutilidade das instituiçons autonómicas para solucionar os problemas mais elementares do nosso povo. Estas instituiçons estám ao único serviço da grande oligarquia espanhola, comprometidas até a medula com o militarismo imperialista da OTAN e os EUA, e com o projeto de bloco imperialista da Uniom Europeia.

Andaluzia, emergência social e emergência nacional

U

mha vez feito um rápido repasso de como se configurou historicamente na dependência e a

INTERNACIONAL

Andaluzia, realidades e potencialidades da luita de um povo

ABRENTE 7 mero, ou a de Juan Manuel Sánchez Gordillo sendo detidos ou entrando nos julgados a declarar fijo-se já habitual. Mas, o que exista uma maioria social com certa e às vezes confusa consciência crítica nom significa que se vá passar automaticamente a um palco de reconstruçom nacional e transformaçom socialista. Precisamos um instrumento político capaz de globalizar todas as luitas e de unir às diferentes sensibilidades da esquerda combativa e do soberanismo andaluz consequente, hoje dispersas. Este é o nosso grande problema e assim o expressamos num dos nossos documentos: “Neste sentido, devemos fazer notar umha questom: por exemplo, o nosso referente sindical, o SAT, e o referente político mais importante do nosso sindicato: a CUT-BAI, por um lado, promovem mobilizaçons nas que se evidencia que se está na contramao dos cortes “venham de onde venham”, realizando-se um intenso labor critica à gestom do PSOE e IU à frente da Junta, mas por outro, ao nom se cortar os laços com o reformismo espanholista de IU, nom só nom se avança na construçom de um referente político, a unidade popular soberanista, pois também se projeta para o povo trabalhador andaluz umha imagem de IU que nom se corresponde com a realidade nem, sobretodo, com a gestom de IU na Junta de Andaluzia”.

Para umha tática e estratégia popular libertaçom

C marginalizaçom Andaluzia podemos situar-nos com mais base e fundamento no presente. Num documento de Andaluzia Comunista publicado em meados deste ano 2013, contribuíamos com os seguintes dados a ter em conta: “No final de 2012, os Colégios profissionais de Trabalho Social das oito províncias andaluzas agrupados no Conselho Andaluz de Trabalho Social, num manifesto assinado em Sevilha recolhiam o importante incremento da desigualdade, a pobreza e a exclusom social, apresentando os seguintes dados: 35,4% de taxa de desemprego, ou o que tanto faz, 1.424.000 pessoas, 456.000 lares andaluzes em que todos os seus membros ativos estavam desempregados; 7.400 mais que o trimestre anterior, 50,6% dos andaluzes nom tenhem capacidade para confrontar despesas imprevistas; 10,6% tem atrasos nos pagamentos relacionados com a morada principal e 19,00% tem muita dificuldade para chegar a fim de mês, enquanto a taxa de risco de pobreza situava-se em 37%”. O pior que poderíamos fazer com estes dados e com muitos mais que se poderiam dar seria explicá-los unicamente como conseqüência da “crise”. Em um Relatório de Conjuntura que fizemos público em dezembro de 2011, propúnhamos a questom nos seguintes termos: “Há dados que nom por repetidos umha e outra vez deixamos de lamentar: 29,68% de desemprego, sendo em determinadas zonas rurais de Andaluzia de até 40%, enquanto províncias como Málaga, Almería, Cádis e Huelva superam 30%; um em cada três desempregados no Estado espanhol é andaluz, e ainda pode ser pior se se é jovem e andaluza num médio rural. A Andaluzia demonstra a mentira desse mantra que costumam repetir os economistas neoliberais espanhóis de que o problema do desemprego se deve a um enquadramento legal restritivo e pouco flexível, se por exemplo a Andaluzia compartilha a mesma legislaçom nesta matéria com a Comunidade Autónoma Basca ou a Comunidade Autónoma de Madrid, como é que em comparaçom com esses territórios a taxa de desemprego na Andaluzia se dispara enquanto o

Nestes anos de Andaluzia “constitucional” ficou demonstrada a completa inutilidade das instituiçons autonómicas para solucionar os problemas mais elementares do nosso povo. Estám ao único serviço da grande oligarquia espanhola, comprometidas até a medula com o militarismo imperialista da OTAN e os EUA, e com o projeto de bloco imperialista da Uniom Europeia desemprego nesses mesmos territórios está a uns níveis “europeus”?. A resposta está clara, o desemprego em Andaluzia nom é uma questom conjuntural e sim estrutural, isto é, um fenómeno associado à economia andaluza, independentemente das conjunturas favoráveis ou negativas, embora estas logicamente influam. Trata-se por tanto de um facto que configura a Andaluzia como umha naçom, concretamente como umha naçom oprimida. A crise sistémica no caso de Andaluzia só faz, como nom nos cansamos de repetir, evidenciar mais a realidade oprimida andaluza. Umha realidade que demonstra como por exemplo em Andaluzia se extraem recursos e se explode força de trabalho que beneficiam unicamente a “agentes económicos” de fora do país, como inclusive se extrai matérias primas que depois som tratadas em outros locais ao mais puro estilo colonial, ou como as concentraçons, os monocultivos ou as especializaçons som a norma”.

O podre regime espanhol em Andaluzia

O

que o regime da oligarquia espanhola se está tambaleando, mas dai também nom se pode deduzir que vá cair. O regime espanhol pode voltar a editar umha “Segunda Transiçom” com a que seguir mantendo o seu poder político e económico e desarmar o potencial revolucionário dos povos e a classe

operária, de facto, se vêm baralhando diferentes saídas à crise política, derivada em última instância da crise sistémica, que já veremos em que se materializam: quiçá numha abdicaçom do Rei Juan Carlos ou quem sabe se até numha República, em todo o caso, sempre manterá-se intacto o poder da grande oligarquia imperialista. Embora poda dar a sensaçom de que o Governo andaluz de “progresso”, formado por PSOE e Esquerda Unida, conta com fortes apoios populares ao supostamente liderar umha frente institucional contra os cortes que chegam do Governo de Madrid, a verdade é que esse Governo cortou os direitos dos empregados públicos e as despesas sociais, cortou em pensons e educaçom, nom fijo nada pola diversificaçom do tecido produtivo andaluz, nem por sequer aumentar os impostos às rendas mais altas, nem tampouco por dignificar minimamente as senhas de identidade andaluzas. Dá igual PP, PSOE que IU, todos aplicam ponto por ponto as agressivas decisons da Troika contra os povos e a classe operária. Cresce, nom sem problemas, a consciência nacional andaluza, como já ocorreu nos anos 70 e 80 do século passado porque, em definitiva, a crise sistémica e a sua vertente política em Andaluzia estám a pôr em evidência que a situaçom do povo trabalhador andaluz nom só é conseqüência de umha “crise económica”, como também é conseqüência de vivermos num país oprimido e dependente como é Andaluzia. O facto de que os nossos males sejam estruturais começa a ser visibilizado por cada vez mais amplos setores do nosso povo. Em toda essa tomada de consciência jogou um papel muito importante as açons do Sindicato Andaluz de Trabalhadores (SAT), um sindicato verdadeiramente de classe, combativo e soberanista andaluz. A luita do SAT está a ser muito duramente reprimida polo poder: mais de 600 processados, umha reclamaçom de uns 500.000 euros em multas, e petiçons de cárcere que estám rondando no seu conjunto os 70 anos. Todo isto fai do SAT o sindicato mas retaliado de toda a Europa. A imagem do Porta-voz Nacional do SAT, Diego Caña-

onceber umha revoluçom como um ato glorioso sem ter em conta que em todo momento estamos a falar de um processo dialético, é condenarmo-nos a umha derrota segura. Analisar a realidade em toda a sua globalidade deve-nos dar as chaves para desenvolver umha tática e umha estratégia revolucionárias, tendo em conta que nom se trata tampouco de elaborar umha teoria que seja a panaceia e cuja aplicaçom nos vai assegurar o sucesso sem necessidade de estar continuamente a ser reelaborada. Para Andaluzia Comunista, a estratégia resume-se rapidamente no poder popular, isto é, em que desde já podemos ir criando o germe da futura República do Povo Trabalhador Andaluz. Para criar e desenvolver um poder popular andaluz, é imprescindível dotarmo-nos de uns instrumentos capazes de organizar o potencial revolucionário do nosso povo. Portanto, a tática exige ir criando esses organismos que estám chamados a ser o germe da nova institucionalidade soberana andaluza. No entanto, o quebracabeças de como organizar o processo revolucionário andaluz nom pode ser resolvido sem um elemento tático-estratégico: a unidade popular soberanista. Na atualidade, encontramo-nos com o seguinte panorama na esquerda soberanista andaluza: o Coletivo de Unidade de Trabalhadores-Bloco Andaluz de Esquerda (CUT-BAI), que faz parte de IU em Andaluzia e do que fam parte importantes militantes da direçom do SAT, como o Presidente da Cámara municipal de Marinaleda Juan Manuel Sánchez Gordillo ou Diego Cañamero. Por outro lado, encontramo-nos com as organizaçons que fam parte do Movimento Andaluz da Esquerda Soberanista (MAIS), composto por Naçom Andaluza, Andaluzia Comunista, e polas organizaçons juvenis independentistas Jaleo!!! e JIRA. Por último, encontra-se Assembleia de Andaluzia, que é basicamente umha tentativa de agrupar a diferentes candidaturas populares de esquerdas de ámbito local. A esquerda soberanista nestas condiçons nom pode oferecer umha alternativa política que seja percebida com clareza polo conjunto do povo trabalhador andaluz. No entanto, esse complexo mapa político poderia oferecer umha acumulaçom de forças o suficientemente importante para um significativo avanço das posiçons operárias e populares pola soberania nacional e a transformaçom social.


Jornal comunista de debate e formaçom ideológica para promover a Independência Nacional e a Revoluçom Socialista Galega

Edita: Primeira Linha. Redaçom: Rua Costa do Vedor 47, rés-do-chao. 15703 Compostela. Galiza. Telefone: 616 868 589 / www.primeiralinha.org Conselho de Redaçom: Comité Central de Primeira Linha. Fotografia: Arquivo Abrente. Correcçom lingüística: Galizaemgalego. Maqueta: ocumodeseño. Imprime: Sacauntos Cooperativa Gráfica. Encerramento da ediçom: 15 de novembro de 2013 Correspondência: Rua Costa do Vedor 47, rés-do-chao. 15703 Compostela. Galiza. Correios electrónicos: primeiralinhagz@gmail.com / primeiralinha@primeiralinha.org / Tiragem: 3.000 exemplares. Distribuiçom gratuíta. Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos sempre que se citar a fonte. Abrente nom partilha necessariamente a opiniom dos artigos assinados. Impresso em papel reciclado. Depósito Legal: C-901-1997

Carlos Morais. Secretário-geral de Primeira Linha

Contracapa Insurgente

É necessária umha política radical A

ofensiva predadora da burguesia contra a classe trabalhadora, as mulheres e a Galiza, está a ser facilitada pola carência de coragem e visom estratégica das forças de esquerda com representaçom institucional. Mas também polo timoratismo das organizaçons sociais que, objetivamente, possuem capacidade para fazer frente à declaraçom de guerra do Capital contra o mundo do Trabalho. Tal como os donos do mundo aplicárom previamente com relativo êxito noutras áreas planetárias, a oligarquia espanhola, seguindo os diktados da Troika, está a impor na Galiza o modelo ultraliberal do capitalismo selvagem, sem controlo, sem mecanismos de regulaçom. De momento o roteiro que tenhem traçado vai-se implementando com relativa facilidade. As resistências e as luitas populares ainda som insuficientes, fragmentárias e carentes do imprescindível fio condutor que incorporem e acoplem as reivindicaçons táticas e setoriais ao objetivo estratégico e globalizador. Mas nom se trata de substituir o PP de Feijó e Rajói por outro “governo alternativo” que ganhe umhas eleiçons com um programa conscientemente inaplicável neste quadro jurídico-político burguês, patriarcal e espanhol. Esta opçom, que condiciona essas estratégias erróneas, só poderia implementar no melhor dos casos um adulterado conjunto de inconexos remendos neokeynesianos que atrasaria novamente a acumulaçom de forças, legitimaria o sistema e injetaria tempo à multicrise estrutural que padece este decadente e apodrecido regime. Tampouco lavar a cara do PSOE, umha reacionária força política desacreditada polas massas pola sua inegável corresponsabilidade no empobrecimento, espanholizaçom, perda de direitos e cortes de liberdades. Enquanto o fetichismo eleitoral e a estratégia parlamentarista prevalecer sobre a necessidade de movimentar, radicalizar e organizar

As forças da esquerda soberanista galega poderám incrementar apoios eleitorais (...), mas se continuarem a desatender o fundamental: o debate ideológico, a formaçom política, a auto-organizaçom social, a mobilizaçom popular, estám condenadas ao mais absoluto fracasso

o povo trabalhador, a ofensiva oligárquica contra a Pátria, as mulheres e o proletariado nom cessará. Os estados maiores das forças políticas estám mais preocupados polas informaçons barométricas de Sondaxe ou Metroscópia que polas vozes de protestos e indignaçom das ruas, dos centros de estudo e de trabalho. As direçons da esquerda nacional estám obsessionadas com as agendas eleitorais de 2014 e 2015, esquecendo as liçons recentes das frustrantes experiências de gestom nos governos municipais das grandes cidades ou do governo autonómico. Um dos ensinamentos que devemos extrair destas quatro décadas de reinstauraçom bourbónica som os limites e perigos da obsessom pola estratégia parlamentarista. Continuar a alimentar o ilusionismo eleitoral só tem favorecido o oportunismo, a frustraçom e o populismo reacionário. Nom obviemos que cada vez som mais os segmentos sociais que nom acreditam nos processos eleitorais. E muita desta gente participa ativamente nas grandes mobilizaçons obreiras e populares contras as políticas do monopartidarismo bicéfalo espanhol. As forças da esquerda soberanista galega poderám incrementar apoios eleitorais percentuais e até mesmo quantitativos, mas se continuarem a desatender o fundamental: o debate ideológico, a formaçom política, a auto-organizaçom social, a mobilizaçom popular, estám condenadas ao mais absoluto fracasso. Há que desenredar-se da lógica que impom o sistema. Superar e abandonar a hegemonia tecnocrata do pior fast thinker e desenvolver umha linha política radical. Temos a responsabilidade coletiva de construir umha grande alternativa rupturista obreira e popular, patriótica e feminista visada à tomada do poder. Contribuamos pois para o desenvolvimento de plurais espaços poliédricos mediante alianças geometricamente variáveis que injetem ánimo e confiança de vitória no nosso povo.

ficha de solicitude nome e apelidos endereço localidade

código postal

correio electrónico

telefone

publicaçom solicitada

Recebe as publicaçons da Abrente Editora na tua morada preenchendo o formulário e enviando-o co justificante de pagamento da publicaçom ou publicaçons escolhidas à rua Costa do Vedor 47, rés-do-chao. 15703 Compostela. Galiza. Número de conta para o ingresso 2091 0387 423000009169 de Caixa Galiza-Compostela. Ao preço da publicaçom há que acrescentar 5 e por gastos de envio.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.