Insurreicom24

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Órgao de expressom do Capítulo Galiza do Movimento Continental Bolivariano | Nº 24 · primavera de 2015

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Desafiemos a lei mordaca

Espanha endurece estado repressivo e policial Após 16 meses de tramitaçom, nos finais de março foi aprovada a nova “Lei de Segurança Cidadá”, um passo mais na escalada autoritária e fascistizante que carateriza o Estado espanhol. A “lei mordaça” que entrará em vigor 1 de julho deste ano procura intimidar a luita obreira, popular e nacional, impossibilitar que o povo proteste e luite polos seus direitos. A imensa maioria das 44 motivaçons para sancionar com elevadíssimas multas que vam desde os 100 até os 600.000€, estám vinculadas diretamente com o exercício da liberdade de expressom e manifestaçom. Assim entre as faltas muito graves (sancionadas entre 30.001 e 600.000€) está impedir um despejo, capturar e difundir imagens dos corpos repressivos, participar em manifestaçons nom comunicadas ou proibidas ante “infraestruturas críticas”, ou celebrar “espetáculos públicos quebrantando a proibiçom das autoridades”. Entre as 23 faltas graves (sancionadas entre 601 y 30.000€) está “perturbar a segurança cidadá en atos públicos, espetáculos desportivos ou culturais, solenidades e ofícios religiosos ou outras reunions às que assistam numerosas pessoas”. Também a “perturbaçom grave da segurança cidadá em manifestaçons frente ao Congresso, Senado e parlamentos autónomos ainda que nom estejam reunidos”. Causar desordens na rua, impedir a “qualquer autoridade o exercício das suas funçons no cumprimento de resoluçons administrativas ou judiciais”, sancionando deste jeito concentraçons para impedir a execuçom de despejos. Desobediência ou resistência à autoridade, assim como a negativa a identificar-se polas forças policiais; negar-se a

dissolver reunions e manifestaçons em lugares de tránsito público quando o “ordenem as autoridades competentes nos supostos do artigo 5 da Lei Reguladora de Direito de Reuniom”. Nestes “supostos” está "quando se produzam alteraçons da ordem pública com perigo para pessoas ou bens", polo que serám sancionados os escrachos. Igualmente “perturbar o desenvolvimento dumha manifestaçom lícita”, o “uso público e indevido de uniformes, insígnias ou condecoraçons oficiais, ou réplicas dos mesmos do equipamento policial”, polo que será delito por exemplo disfarçar-se de picoleto no entrudo. Uso nom autorizado de “imagens ou dados pessoais ou profissionais de autoridades ou membros das forças e corpos de segurança que poidam pôr em perigo a segurança pessoal ou familiar dos agentes, das instalaçons protegidas ou em risco o êxito dumha operaçom”, polo que a polícia poderá reprimir com absoluta impunidade, sem a “incomodidade” de cámaras e fotógrafos. A esta pormenorizada bateria de proibiçons à ementa devemos acrescentar como faltas leves (sancionadas entre 100 e 600€) a celebraçom de manifestaçons sem comunicar às “autoridades, cuja responsabilidade corresponderá aos organizadores”, “exibir objetos perigosos para a vida e integridade física das pessoas com ánimo intimidatório”, “descumprir as restriçons de circulaçom pedonal ou itinerário de atos públicos quando provoquem alteraçons menores no normal desenvolvimento”. “As faltas de respeito e consideraçom” às forças repressivas. Também a “ocupaçom de casas”, carecer ou perder a documentaçom pessoal “legalmente exigida”, assim como negar-se a identificar-se à polícia.

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0 Dia do internacionalismo proletario

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A classe obreira e maio a vanguarda da Revolucom


Causar “danos a bens móveis ou imóveis de uso público ou privados na via pública”, “escalar edifícios ou monumentos sem autorizaçom”, remover barreiras, cintados ou outros elementos fixos o móveis colocados polas forças policiais para delimitar perímetros de segurança.

prisom por este delito carecendo de antecedentes penais. Esta reforma supom que 40% dos comportamentos que antes se consideravam faltas agora passarám a ser delito, e 60% das faltas passarám agora a ser consideradas infraçons recolhidas na nova “Lei de Segurança Cidadá”.

O regime posfranquista espanhol também voltou novamente reformar o Código Penal após um novo “pacto antiterrorista” entre PP e PSOE que contempla a prisom perpétua denominada prisom permanente revisável- para delitos de “terrorismo com vítimas mortais”. Reforma que aumenta a pena máxima de cadeia para “delitos de enaltecimento de terrorismo até os 3 anos”, facilitando condenas diretas de

Perante endurecimento deste novo quadro repressivo que pretende domesticar ainda mais a luita de classes e de libertaçom nacional a única forma de anular a lei mordaça é desafiá-la permanentemente. Submeter-se e obedecer umha legislaçom injusta e estrangeira só garante a derrota do movimento popular galego.

A nossa luita deve ser para vencermos nesta vida Carlos Morais, membro do Comité Central de Primeira Linha e da Presidência Coletiva do MCB É mui habitual escuitar entre camaradas e entre companheir@s das mais diversas organizaçons da esquerda e do movimento popular, que nom vamos poder ser espetadores dos objetivos estratégicos que perseguimos. Que temos que luitar, que nos nos fica outra, mas que lamentavelmente os nossos olhos, os nossos ouvidos, nom vam desfrutar vir derruir o sistema capitalista, arriar as bandeiras da opressom, nem escuitar o alegre som das multidons excluídas embriagadas de entusiasmo e confiança no futuro. O derrotismo que emana desta forma de pensar tem conseqüências diretas nas dificuldades para a construçom e o desenvolvimento na Galiza de um movimento político revolucionário com opçons reais de triunfo. Levamos décadas instalados no pessimismo, no negativismo, no sentimento subjetivo de que nunca atingiremos umha Pátria livre e igualitária, destruir o capitalismo, atingir a independência e a soberania nacional. Que esse mundo novo sonhado nom é tangível nem a médio prazo. Por isso seguimos oscilando entre a autosatisfaçom inoperante do conformismo contemplativo e a frustraçom e a angústia de querer mas nom poder. As consequências som mais que evidentes e nefastas porque se nem nós mesmos acreditamos nas possibilidades reais de triunfo, estamos incapacitados para gerar motivaçom nas capacidades reais, aqui e agora, de tomar o poder, de contribuir para pôr em andamento umha Revoluçom na Galiza. Um dos principais êxitos do comandante Hugo Chávez -quem há 23 anos encabeçava o levantamento cívicomilitar detonante da Revoluçom Bolivariana, residiu em convencer as maiorias populares do seu país, com a sua magistral retórica, de que era

possível tombar o regime. Após o inesquecível “por agora” com que reconheceu o fracasso momentáneo da insurreiçom de 4 de fevereiro de 1992, Chávez e o seu movimento político ativou milhons de compatriotas instalados na resignaçom e no conformismo, defendendo que chegara a hora da mudança. Quebrou a errónea e nefasta estratégia

comunicacional que o conjunto da esquerda marxista aplicamos na nossa açom teórico-prática quando adiamos as mudanças para futuros indefinidos, quando prometemos um mundo novo no porvir, incapazes de convencer e agir para o conseguirmos agora. Porque as massas e os povos, tal como as pessoas, queremos soluçons imediatas aos nossos problemas, queremos atingir resultados já. A paciência nom é infinita. E quando nom se avança, o desánimo e a frustraçom alastram, eclosionam e o individualismo e o salve-se quem puder desenvolvemse. Eis um dos grandes erros que cometemos das fileiras da esquerda revolucionária galega. Nom confiamos nas possibilidades reais da nossa luita, nas imensa capacidade do nosso povo. No arsenal de razons e argumentos que nos avalizam e provocarám o estalido da ira popular. A tática que empregamos numha greve

e conflito laboral, à hora de impedirmos um despejo, em mudar o traçado de um vial, umha exploraçom mineira ou impossibilitar a aprovaçom dumha lei lesiva, consistente em movimentar os setores agredidos e somar apoios para mediante a luita popular ganhar no tempo mais breve possível a batalha, nom se aplica à hora de apostar na mudança global. Carecemos de fé na vitória, de entusiasmo, de fervor revolucionário, de audácia, de paixom. E sem estes ingredientes nom se constrói acionar revolucionário, nem se dá ativado, movimentado e gerado confiança em que sim se pode tomar o céu por assalto. Umha das razons do sucesso do movimento político espanhol encabeçado por um reduzido grupo de professores universitários madrilenos é que está a aplicar as ensinanças chavistas nesta matéria. A difusom permanente como um perfeito mantra do yes we can nom permite avaliar exclusivamente o êxito de Podemos, mas é um dos fundamentos que facilita entendermos como de forma tam veloz consegue disputar a hegemonia eleitoral aos partidos tradicionais do regime. A mística e a épica acompanham umha transgressora estratégia discursiva que apela aos sentimentos, às emoçons, que toca a fibra mais sensível do ser humano, sempre ligada a que é possível, nom só desejável, mudar de imediato as cousas. Se realmente quigermos alterar a dramática situaçom de carência de expetativas em que progressivamente nos fomos instalando, é urgente alterar a nossas formas e métodos de agir. Para que o nosso povo confie em nós, temos previamente nós que acreditar em que é possível transformar o presente. Que já chega de aguardar polo amanhá. Que vamos vencer!


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A America Latina na dinamica da guerra global

Jorge Beinstein, economista argentino e membro da Presidência Coletiva do MCB

Todo ao mesmo tempo: em meados do mês de março de 2015, os Estados Unidos dérom um salto qualitativo de claro perfil belicista nas suas açons contra a Venezuela; Também desenvolvem exercícios militares em países limítrofes com a Rússia na chamada operaçom “Atlantic Resolve”, algumhas dessas operaçons som realizadas a uns 100 quilómetros de Sam Petersburgo [1]. Além disso, intensificam-se informaçons acerca de umha nova ofensiva do governo de Kiev contra a regiom do Donbass [2], aumenta a circulaçom de naves de guerra da NATO no Mar Negro, continuam as velhas guerras imperiais no Iraque e no Afeganistám, às quais se acrescentou a seguir a ofensiva contra a Síria (passando pola Líbia)… e muito mais… Evidentemente, o Império está lançado numha catastrófica fuga militar para a frente, estendendo as suas operaçons a todos os continentes; encontramo-nos em plena guerra global. Nem os grandes meios de comunicaçom, nem os dirigentes internacionais mais importantes registároam publicamente o facto, todos falam como se vivêssemos em tempos de paz, só em alguns poucos casos surgem alguns deles a advertirem sobre o risco de guerra mundial ou regional. Umha exceçom recente é a do Papa Francisco, quando afirmou que atualmente nos encontramos perante “umha terceira guerra mundial”, que ele descreve como a desenvolver-se “por partes” ainda que sem designar os contendores e com vagas referências à “cobiça” e a “interesses espúrios”, com a

linguagem confusa e jesuítica que o carateriza [3] . Cada mês, acrescenta-se algum novo indício que anuncia a proximidade de umha nova recessom global muito mais forte e extensa do que a de 2009. O capitalismo, a começar polo seu polo i m p e r i a l i s t a , f o i - s e c o nve r t e n d o velozmente num sistema de saqueio no qual a reproduçom das forças produtivas fica completamente subordinada à lógica do parasitismo. As elites imperiais e as suas lumpen-burguesias satélites “necessitam” super-explorar até o extermínio os seus recursos naturais e mercados periféricos, para sustentar as taxas de lucro do seu decadente sistema produtivo-financeiro. As tendências globais rumo à decadência económica exprimem-se de múltiplas maneiras no dia a dia. Dentre elas, a volatilidade dos preços das matériasprimas, o petróleo, por exemplo, chave mestra da economia mundial, cujo estancamento extrativo (que nom conseguiu ser ultrapassado polo show mediático em torno do “milagroso” petróleo de xisto) combina-se com desaceleraçons da procura internacional como ocorre atualmente. A isso somamse golpes especulativos e geopolíticos que convertem os mercados em espaços instáveis onde as manobras de curto prazo imponhem a incerteza. O curto-prazismo especulativo hegemónico engendra pacotes tecnológicos depredadores, como a mineraçom a céu aberto, a fraturaçom hidráulica ou a agricultura com base em transgénicos, acompanhados por operaçons políticas e comunicacionais que

degradam, desarticulam sistemas sociais, procurando convertê-los em espaços indefesos diante dos saqueios. O optimismo económico da época do auge neoliberal deu lugar ao pessimismo do “estancamento secular” agora apregoado polos grandes peritos do sistema [4] . Eles indicam que a salvaçom do capitalismo nom chegará a partir da economia, condenada a sofrer recessons ou crescimentos insignificantes, o melhor é nem falar demasiado desses tristes temas. Entom a guerra ascende ao primeiro plano, algum massacre protagonizado por tropas regulares ou mercenários, algum bombardeio, alguma ameaça de ataque na Europa do Leste, Ásia, África ou América Latina. Os meios de comunicaçom esmagam-nos com essas notícias; porém, ninguém fala da guerra global. Todo acontece como se a dinámica da guerra se tivesse autonomizado, mas empregando um discurso embrulhado, difícil de entender. Mas assim como os super-poderes dos homens de negócios dos anos 1990 nom eram independentes e sim compartilhados no interior de umha complexa trama de poderes (políticos, mediáticos, militares, etc) que em termos gerais costuma-se denominar como “classe dominante”, também a aparente autonomia do militar dificulta-nos vermos as redes mafiosas de interesses onde se apagam as fronteiras entre os seus componentes. As elites da era neoliberal tenhem sofrido mudanças decisivas, experimentando mutaçons que as convertêrom em classes completamente degeneradas que, cada vez mais, só podem recorrer à força bruta, à lógica da


guerra. Nom se trata, portanto, de a componente militar se autonomizar e si; antes, de que as elites imperialistas se militarizam. Elas já nom seduzem com ofertas de consumo mais algumas doses de violência, agora só propagam o medo, ameaçam com as suas armas ou utilizamnas.

Progressismos latinoamericanos Dentro desse contexto global, devemos avaliar os progressismos latinoamericanos [5] que se instalárom na base das crises de governabilidade dos regimes neoliberais. Os bons preços internacionais das matérias-primas durante a década passada, somados a políticas de contençom social dos pobres, permitíromlhes recomporem a governabilidade dos sistemas existentes. Nalguns desses casos, desenvolvêrom-se alargamentos ou renovaçons das elites capitalistas e em quase todos eles prosperárom as classes médias. Os governos progressistas iludírom-se supondo que as melhorias económicas iriam permitir-lhes ganhar politicamente os referidos setores mas, como era previsível, ocorreu o contrário: as camadas médias iam para a direita e, enquanto ascendiam, olhavam com desprezo os de baixo e assumiam como próprios os delírios mais reacionários das suas burguesias. A explicaçom é simples, na medida em que som preservados (e ainda fortalecidos) os fundamentos do sistema e em que os seus núcleos decisivos radicalizam o seus elitismo depredador, seguindo a rota traçada polos Estados Unidos (e “Ocidente” em geral) produz-se um encadeamento de subculturas neofascistas que vam de cima para baixo, do centro para as burguesias periféricas e destas para as suas camadas médias. Na Venezuela, Brasil ou Argentina, as classes médias melhoravam o seu nível de vida e, ao mesmo tempo, despejavam os seus votos nos candidatos da direita velha ou renovada. Estabeleceu-se um conflito interminável entre governos progressistas que

tornavam governáveis os capitalismos locais e direitas selvagens ansiosas por realizar grandes roubos e esmagar os pobres. O progressismo, confrontado politicamente com essa direita qualificada de “irresponsável”, cujos fundamentos económicos respeitava, chantageava aqueles na esquerda que criticavam a sua submissom às regras do jogo do capitalismo utilizando o papom reacionário (“nós ou a besta”), acusando-os de fazerem o jogo da direita. Na realidade, o progressismo é um grande jogo favorável ao sistema e em última análise à direita, sempre em condiçons de retornar ao governo graças à moderaçom, à “astúcia” aparentemente estúpida dos progressistas que, por vezes, consegue cooptar esquerdas claudicantes cuja obsessom em “nom fazer o jogo da direita” (e simultaneamente integrar-se no sistema) é completamente funcional à reproduçom do país burguês e em consequência a essa detestável direita. Agora o jogo começa a esgotar-se. Os progressismos governantes, com diferentes ritmos e variados discursos, assediados polo arrefecimento económico global e polo crescente intervencionismo dos Estados Unidos, vam perdendo espaço político. Em vários casos, as suas dificuldades fiscais pressionam-nos a ajustarem despesas públicas (e em nengum caso a reduzir os super lucros dos grupos económicos mais concentrados), a aceitar as devastaçons da megamineraçom ou a adotar medidas que facilitam a concentraçom de rendimentos. No Brasil, o segundo governo Dilma colocou um neoliberal puro e duro no comando da política económica, encurralado por umha direita ascendente, umha economia oscilando entre o estancamento e a recessom e umha intervençom norte-americana cada vez mais ativa. No Uruguai, o novo governo de Tabaré Vazquez mostra um rosto claramente conservador e no Chile a presidência Bachelet nom precisa correr demasiado à direita, depois da sua rosada demagogia eleitoral afirma-se como continuidade do governo anterior e, em

consequência, passada a confusom inicial, herdará também a hostilidade de importantes faixas de esquerda e dos movimentos sociais. Na Argentina, o núcleo duro agro-mineral exportador-financeiro e os grupos industriais exportadores mais concentrados estám mais prósperos do nunca, enquanto a ingerência norteamericana se alarga, conduzindo o jogo de fantoches políticos rumo a umha ruptura ultradireitista. Na Venezuela, a eterna transiçom rumo a um socialismo que nunca acaba de chegar nom conseguiu ultrapassar o capitalismo, ainda que torne caótico o seu funcionamento, forjando desse modo o cenário de umha grande tragédia. Por enquanto, só a Bolívia parece salvar-se da avalanche, afirmando-se na maior mutaçom social da sua história moderna, sem superar o ámbito do subdesenvolvimento capitalista, mas recompondo-o e integrando as massas submersas, multiplicando por mil o que tinha feito o peronismo na Argentina entre 1945 e 1955 (de qualquer forma, isso nom a liberta da mudança de contexto regionalglobal). Na América Latina assistimos a um processo de crise muito profundo onde convergem progressismos declinantes com neoliberalismo integralmente degradados, como na Colômbia ou no México, conformando um panorama comum de perda de legitimidade do poder político, avanços de grupos económicos saqueadores e ativismo imperialista cada vez mais forte. A este panorama sombrio é necessário incorporar elementos que dam esperança, sem os quais nom poderíamos começar a entender o que está a ocorrer. Por baixo dos truques políticos, dos negócios rápidos e das histerias fascistas, aparecem os protestos populares multitudinários, a persistência de esquerdas nom cooptadas polo sistema (para além dos seus perfis mais ou menos moderados ou radicais), a presença de insurgências incipientes ou poderosas (como na Colômbia). Nem os cantos de sereia progressistas nem a repressom neoliberal pudérom


fazer desaparecer ou marginalizar completamente esses fantasmas. Realidade latino-americana que preocupa os estrategas do Império, que temem o que consideram como a sua inevitável arremetida contra a regiom poda desencadear o inferno da insurgência continental. Nesse caso, o paraíso dos grandes negócios poderia converter-se num grande atoleiro onde afundaria o conjunto do sistema.

Geopolítica do Império, integraçons e colonizaçons A estratégia dos Estados Unidos aparece articulada em torno de três grandes eixos; o transatlántico e o transpacífico que apontam num gigantesco jogo de pinças contra a convergência russo-chinesa centro motor da integraçom euro-asiática. E a seguir, o eixo latino-americano destinado à recolonizaçom da regiom. Os Estados Unidos tentam converter a massa continental asiática e sua ampliaçom russo-europeia num espaço desarticulado, com grandes zonas caóticas, objeto de saqueio e superexploraçom. Os recursos naturais, assim como os laborais, desses territórios constituem o seu centro de atençom principal, na elipse estratégica que cobre o Golfo Pérsico e a Bacia do Mar Cáspio estendendo-se em direcçom à Rússia encontram-se 80% da reservas globais de gás e 60% das de petróleo e na China habitam pouco mais de 230 milhons de operários industriais (aproximadamente um terço do total mundial). A América Latina aparece como o pátio das traseiras a recolonizar. Ali se encontram, por exemplo, as reservas petrolíferas da Venezuela (as primeira do mundo, 20% do total global), cerca de 80% das reservas mundiais de lítio (num triángulo territorial compreendido polo Norte do Chile e Argentina e polo Sul da Bolívia) imprescindível na futura indústria do automóvel elétrico, as reservas de gás e petróleo de xisto do Sul argentino, fabulosas reservas de água doce do aquífero guarani entre o Brasil, o Paraguai e a Argentina. Umha das ofensivas fortes do Império na década passada foi a tentativa de constituiçom da ALCA, zona de livre comércio e investimentos que significava a anexaçom económica da regiom por parte dos Estados Unidos. O projeto fracassou, a ascensom do progressismo latinoamericano, somado à emergência de potências nom ocidentais, sobretodo a China, e o atolamento estado-unidense na sua guerra asiáticas fôrom fatores decisivos que, em diferentes medidas, debilitárom a investida imperial. Mas a partir da chegada de Obama à presidência os Estados Unidos desencadeárom umha ofensiva flexível de reconquista da América Latina: foi posta em marcha umha complexa mistura de pressons, negociaçons, desestabilizaçons

e golpes de estado. Os golpes brandos com êxito nas Honduras e no Paraguai, as tentativas de desestabilizaçom no Equador, Argentina, Brasil e sobretodo na Venezuela (onde se vai perfilando umha intervençom militar), mas também a tentativa em curso de extinçom negociada da guerrilha colombiana e a domesticaçom de Cuba fazem parte dessa estratégia de recolonizaçom. A mesma é implementada através de umha sucessom de tentativas suaves e duras tendente a desarticular as resistências estatais e os processos de integraçom regional (Unasul, Celac, Alba) e extra-regionais periféricos (BRICS, acordos com a China e a Rússia, etc) assim como a bloquear, corromper ou dissolver as resistências sociais e as alternativas políticas mais avançadas, em curso ou potenciais. Tentando levar avante umha dinámica de desarticulaçom mas procurando evitar que a mesma gere rebelions que se propaguem como um rastilho de pólvora numha regiom atualmente muito inter-relacionada. Sabem muito bem que em muitos países da regiom a substituiçom de governos “progressistas” por outros abertamente pró-imperialistas significa a ascensom de camarilhas enlouquecidas que no curto prazo causariam situaçons de caos que poderiam desencadear insurgências perigosas. Alguns estrategas do Império acreditam poder neutralizar esse perigo com o próprio caos, desenvolvendo “guerras de quarta geraçom”, instalando diferentes formas de violência social

desestruturante combinadas com destruiçons mediático-culturais e repressons seletivas. Nesse sentido, o modelo mexicano é para eles (por agora) um paradigma interessante. Temem, por exemplo, que um cenário de caos fascista na Venezuela derive numha guerra popular que os obrigaria a intervir diretamente num conflito prolongado, o que somado às suas guerras asiáticas os conduziria a umha super extensom estratégica ingovernável. É por isso que consideram imprescindível obter o apaziguamento da guerrilha colombiana, potencial aliada estratégica de umha possível resistência popular venezuelana. O panorama é completado com o processo de integraçom colonial dos países da chamada Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile). A isso somam-se os tratados de livre comércio de maneira individual com países da América Central e outros como o Chile e a Colômbia e o velho tratado entre EUA, Canadá e México. Integraçom colonial e desarticulaçom, manipulaçom do caos e fortalecimento de pólos repressivos, Capriles mais Peña Nieto, Ollanta Humana mais Santos mais bandos narco-mafiosos… todo isso dentro de um contexto global de decadência sistémica onde a velha ordem unipolar declina sem ser substituída por umha nova ordem multipolar. Tentativa de controlo imperialista da América Latina submersa na desordem do capitalismo mundial. O cérebro do Império nom consegue superar as mazelas do seu corpo envelhecido e doente, os delírios reproduzem-se, as fugas para a frente multiplicam-se. Evidentemente encontramo-nos num momento histórico decisivo.

Notas [1] Finian Cunningham, “NATO's Shadow of Nazi Operation Barbarossa”, Strategic Culture Foundation, 13/03/2015. [2] Colonel Cassad, “Ukraine: Reprise de la g u e r r e a u p r i n t e m p s ? ”, http://lesakerfrancophone.net/ le 13 mars 2015. [3] “El papa Francisco advirtió que vivimos una tercera guerra mundial combatida 'por partes'“ http://www.lanacion.com.ar, 13 de setembro de 2014. [4] Laurence H Summers, “Reflections on the 'New Secular Stagnation Hypothesis'” y Robert J Gordon, “The turtle's progress: Secular stagnation meets the headwinds” en “Secular Stagnation: Facts, Causes, and Cures”, CEPR Press, 2014. [5] Utilizo o termo “progressista” no sentido mais amplo, desde governos que se proclamam socialistas ou pró socialistas como na Venezuela ou Bolívia até outros de corte neoliberal-progressista como os do Uruguai ou Brasil.


`` ``Syriza e a nova referencia da socialdemocracia na Grecia -

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Reproduzimos entrevista com Elisseos Vagenas, membro do Comité Central e responsável pola seçom de Relaçons Internacionais do KKE publicada no Jornal de Noticias português.

Como interpretam o resultado das eleiçons legislativas gregas? A mudança de governo, com a coligaçom entre o Syriza e os Gregos Independentes(ANEL), reflecte o descontentamento e a raiva do povo contra a Nova Democracia e o PASOK, partidos que atiraram o povo para a pobreza e o desemprego durante a crise capitalista. O KKE considera que a coligaçom entre o Syriza e o ANEL seguirá o mesmo caminho.

Vamos usar a força que nos foi dada polo povo para contribuir para o reagrupamento do movimento operário e o desenvolvimento da aliança social. Vamos fazer pressom, luitar para aprovar medidas imediatas para aliviar o povo. Vamos examinar cuidadosamente todos os projetos de lei e apoiar aquelas que ofereçam verdadeiro alívio aos trabalhadores.

As decisons dos primeiros dias do governo Syriza nom vos agradárom? O que esperam de um Governo liderado pola Syriza? Apesar da propaganda sobre a negociaçom com os parceiros/credores europeus e algumhas diferenças, o Syriza continuará a cumprir os compromissos que o País tem com a UE e que prejudicam a populaçom. Já admitiu que haverá um novo programa em acordo com os credores. Mesmo que nom se chame memorando, terá condiçons contra o povo, como cortes nos serviços sociais universais e gratuitos. Vai espalhar a pobreza e o desemprego para ainda mais pessoas.

O que diferencia o KKE do Syriza? As diferenças som enormes. O Syriza e o novo representante da social-democracia na Grécia, interessado em gerir o poder da burguesia com umha mascara de esquerda. O KKE e o partido da classe trabalhadora, que procura derrubar a barbaridade capitalista e construir umha sociedade socialistacomunista.

O Syriza fijo coligaçom com os Gregos Independentes, um partido de direita. Nom faria mais sentido uma coligaçom com o KKE? Porque nom aconteceu? Nom, nom faria mais sentido, porque o Syriza e o KKE estám a seguir caminhos totalmente diferentes. Antes das eleiçons, antecipávamos que, sem maioria, o Syriza iria formar governo com um dos partidos que, tal como o Syriza, som favoráveis a permanência na UE e na NATO, que acham que o povo tem de pagar uma divida insuportável e pola qual nom tem qualquer responsabilidade. O KKE tem umha posiçom diferente nestes temas fundamentais e luita polo cancelamento unilateral da divida, a saída da Grécia da UE e da NATO e a socializaçom dos meios de produçom básicos. Qual será a postura do KKE no parlamento? Estará disponível para aprovar medidas apresentadas polo governo? O KKE tem como principal missom fortalecer a oposiçom do povo trabalhador e militante, dentro e fora do Parlamento.

A Grécia deve sair da Zona Euro? Para nós, isso nom é suficiente. Sem os outros factores que descrevemos –saída da UE e NATO, socializaçom dos meios de produçom, diferente organizaçom económica e social– o regresso da nossa moeda nacional, por si só, pode até levar a desenvolvimentos mais negativos para o povo. Pola Europa, partidos de esquerda elogiárom a vitória do Syriza. O KKE ainda se sente o porta-voz dos ideais da esquerda na Grécia? Há alguns anos, os mesmos partidos celebrárom o alegado “novo vento” da eleiçom de Hollande, em Franca. Hoje, sabemos como isso acabou. Entre outras cousas, o KKE representa a expressom genuína das tradiçons militantes do movimento dos trabalhadores. O Syriza tem cortado todos os laços com estas tradiçons. O KKE é conhecido polos seus protestos de rua. Continuarám? Vamos continuar, com ainda melhor preparaçom e planeamento. Utilizando todas as possibilidades, contribuiremos para que a linha do contra-ataque seja adoptada de forma mais abrangente polo povo e para a reorganizaçom do movimento do povo trabalhador, que é o factor decisivo para determinar o resultado da luita.


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Manuel Marulanda Velez O estratega da paz Marulanda foi um dos mais destacados guerrilheiros colombianos e latinoamericanos. Quando muitos nomes de políticos medíocres forem esquecidos, o de Marulanda será reconhecido como um dos mais dignos e firmes luitadores polo bem-estar dos camponeses, trabalhadores e pobres da América Latina. FIDEL CASTRO RUZ

Hoje é o dia do direito universal dos povos do mundo à rebeliom, ao alçamento armado contra a opressom. Assim o instituírom, há seis anos, numerosos movimentos políticos e sociais, partidos de esquerda, sindicatos, coletivos populares, muitos académicos e gente do comum, em homenagem a Manuel Marulanda Vélez, rememorando a partida física do comandante a 26 de março de 2008. Como palpita vital e sonoro o internacionalismo no imenso peito da humanidade. Quanta razom tinha o Che ao definir a solidariedade como a ternura dos povos. O recurso à rebeliom é um direito natural e histórico. No preámbulo mesmo da Declaraçom Universal dos Direitos Humanos aprovada pola ONU em 1948, consagra-se e legitima-se este direito, impresso, além do mais, de maneira indelével na história do

constitucionalismo mundial, desde a Declaraçom de Filadelfia de independência dos Estados Unidos. Para lembrar hoje Manuel Marulanda Vélez na sua assombrosa trajetória de resistência, permitam-nos referir-nos a este direito universal, através de reflexons do Libertador sobre a temática, feitas públicas nas páginas do Correo del Orinoco em 1821. Dizia Bolívar que, “O homem social pode conspirar contra toda lei positiva que tenha dobrada a sua cerviz, escudando-se com a lei natural/ Sem dúvida –dizia– algo severa esta teoria, mas ainda quando sejam alarmantes as conseqüências da resistência ao poder, nom é menos certo que existe na natureza do homem social um direito inalienável que legitima a insurreiçom”. E de maneira pragmática recomendanos, também, nos fólios desse documento que, “A fim de nom complicar a gramática da razom, deve dar-se o nome de insurreiçom a toda conjuraçom que tenha por objeto melhorar o homem, a pátria e o universo”. E da nossa parte diríamos que Manuel Marulanda Vélez insuflou vida àquele asserto bolivariano de que “A insurreiçom anuncia-se com o espírito de paz, resiste-se contra o despotismo

porque este destrói a paz, e nom toma as armas senom para obrigar os seus inimigos à paz”, com a formaçom do exército do povo que moldou com as suas maos camponesas: as FARC-EP. Por isso estamos aqui na trincheira de Havana, animados para atingir, com o apoio da vontade nacional, da mobilizaçom social, com o concurso dos nossos jovens, das nossas mulheres, dos nossos camponeses e povos indígenas, as comunidades afro, os raizales e a populaçom urbana toda, a vitória da paz e a reconciliaçom da Colômbia, sobre bases de vida digna, democracia verdadeira e soberania pátria. O fim da confrontaçom armada mediante o diálogo civilizado é umha necessidade do momento, mas devem as castas oligárquicas que tenhem maltratado e submetido a um povo desde há 184 anos de vida republicana, se se parte de 1830, afastar-se desse sentimento mesquinho e excluínte, de obter para si umha paz grátis. Os colombianos pedem a gritos a “restauraçom moral” da República sobre alicerces solidários e estruturas de humanidade, umha paz que nos garanta pam, emprego, terra, salários justos, saúde e educaçom gratuitas e de qualidade, vivenda digna, transporte barato, serviços


públicos, conetividade, boas autoestradas, respeito à biodiversidade e meio ambiente, umha democracia que tenha em conta o cidadao de a pé, umhas instituciçons que sejam o orgulho de todos pola sua honradez, e umhas forças armadas defensoras da soberania e as garantias sociais, todo isso como o novo estandarte que há de distinguir a Colômbia do futuro, a do pós-acordo de paz. Queremos que ninguém confunda as causas do conflito com palavras demonizadoras para assustar, como comunismo, narcotráfico ou terrorismo, utilizadas só como comodins que permitam prolongar a guerra e justificar ingerências de potências estrangeiras no nosso conflito interno. Neste sétimo aniversário da morte de Manuel na sua trincheira da selva enquanto dirigia os seus guerrilheiros que confrontavam a assimetria militar do foráneo Plano Colômbia-, queremos pedir a todo o povo e à gente pensante, que é umha força viva e poderosa, que se movimente resolutamente, na defesa deste processo que há de conduzir-nos à reconciliaçom. Somos mais, muitos mais, os que ansiamos paz com justiça social, económica e política. Convidamos a nossa contraparte na Mesa de Conversaçons, a que, recorrendo nom à lei obtusa, nem a

alardes; era original e autêntico, um líder natural saído do povo, convertido no mais grande estratego da guerra de guerrilhas móveis no continente. Esta insurgência bolivariana surgida de Marulanda, acredita na possibilidade da paz, na força irresistível da unidade e a solidariedade dos povos para a atingir. Concluímos esta intervençom com um fragmento de um poema do poeta Luis Vidales, dedicado ao nosso velho da alma, o sempre vivo Manuel Marulanda Vélez: Manuel é o pai da selva colombiana É o pastor da paz no rebanho Manuel é irmao dos rios e do vento E lá onde é mais livre a montanha Doce pátria face o céu, lá o sinto. Glória eterna aos nossos fundadores, aos nossos companheiros caídos, e a nossa solidariedade com os feridos e aleijados na confrontaçom contra o Estado, com os nossos prisioneiros de guerra e civis condenados por rebeliom. Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP Havana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 26 de março de 2015

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caprichos nem ficçons, mas ao sentido comum, a retirar todo o mato jurídico que tenhem atravessado, como umha mula morta, no caminho da paz. Tenham em conta que o direito à rebeliom é umha resposta aos abusos do poder e este pressuposto sugere que há um máximo responsável nítido ao longo da história e que o alçamento em armas é um direito que assiste todos os povos do mundo quando se trata de resistir aos atropelamentos e desaforos do poder. A paz é o bem superior; o direito síntese sem o qual os restantes direitos seriam totalmente inaplicáveis. Queremos a sua vinda imediata, sem tantas dilaçons de quem se julga mestre dos artefatos de negociar sem ceder. Acreditamos firmemente que a verdade tem efeitos sanadores e de justiça, que é necessário criar desde já o Fundo Especial de Reparaçom Integral, e garantir, que todos os responsáveis, mas absolutamente todos, os que sugerem, nom somente Gaviria, mas o transcendental informe da Comissom Histórica do Conflito e as suas Vítimas, solicitem perdom, e comprometamo-nos, como umha só vontade, face um irreversível NUNCA MAIS. Obrigado, comandante Fidel Castro, polas suas sinceras e convincentes palavras estampadas no prefácio deste pronunciamento. Certamente, Manuel nom era homem de poses nem de

aniversario

ELN -

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^ a insurgencia revolucionaria colombiana vencera!


Revoluçom Manifesto de apoio a Revoluçom Bolivariana

Alerta anti-imperialista EUA pretende invadir a Venezuela O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, emitiu 9 de março umha “ordem executiva” em que qualifica a Revoluçom Bolivariana de “ameaça inusual e extraordinária para a segurança nacional e para a política exterior dos Estados Unidos e, portanto, declaro a emergência nacional”. A 6 meses das eleiçons à Assembleia Nacional, perante o fracasso da burguesia vendepátrias venezuelana nos seus planos de permanente desestabilizaçom, combinando atos de terrorismo contra pessoas e bens, constantes tentativas de golpes de estado e magnicídio, sabotagem económica mediante a restriçom da produçom nas centrais industriais e a limitaçom na distribuiçom e tránsito de mercadorias que provocam um desabastecimento programado de bens de consumo essenciais, o império ianque opta por aprofundar nas suas políticas ingerencistas e bélicas. A guerra mediática que a Revoluçom Bolivariana padece desde praticamente os seus inícios provoca umha falsa perceçom da realidade: assim, o governo bolivariano seria o único responsável polas carências e pola delicada situaçom económica que padece a Pátria de Chávez e Bolívar. A “ordem executiva” do presidente do maior Estado terrorista do planeta, com dúzias de intervençons e invasons contra naçons soberanas, no uso indiscriminado e brutal da guerra para se apoderar das riquezas energéticas e minerais, da criaçom de Al Qaeda e do Estado Islámico, de genocídios e assassinatos em massa de populaçons indefesas, de políticas de rapina e saqueio que geram miséria e morte por fame, pretende dobrar o legítimo governo do Presidente Nicolás Maduro. A “ordem executiva” de Obama é umha declaraçom de guerra contra a Revoluçom Bolivariana e o povo soberano da Venezuela. Os Estados Unidos estám preparando umha intervençom militar contra a Venezuela que possivelmente irá precedida de um bloqueio económico e energético para asfixiar o País e gerar descontentamento interno. As ameaças de Obama nom som novas. Fam parte do cerco e hostilidade permanente promovendo o golpe de estado

de abril de 2002 contra Chávez, a “paralisaçom” petroleira de 2002-2003, as manipulaçons e intoxicaçons sobre a natureza e objetivos do processo revolucionário, o apoio e financiamento das tentativas de golpes de estado à oposiçom fascista. No entanto, perante as derrotas continuadas da oposiçom nas urnas, a impossibilidade de tombar o governo com “guarimbas” e sabotagem económica, a desesperaçom dos Estados Unidos por se apoderar das imensas reservas de petróleo e gás da Venezuela estám na origem da ameaça de Obama. O imperialismo nom permite que os povos do mundo nos autodeterminemos, decidamos o nosso futuro de forma soberana, sem tutelagens nem ingerências de Washington e Bruxelas. Chegou pois o momento de ativar em toda a sua dimensom o “Golpe de leme”, a reorientaçom genuinamente socialista do processo revolucionário que o Comandante Hugo Chávez propujo no último Conselho de Ministros a que assistiu em outubro de 2012. É a hora da Unidade, luita, batalha e vitória! É hora de firmeza para esmagar o fascismo e derrotar o imperialismo. Nom queremos que Nicolás Maduro se converta no novo Allende! Eis porque a solidariedade internacionalista com a Venezuela recobra máxima atualidade. O povo galego tem umha dívida histórica com a Venezuela, terra de acolhimento de milhares de exilad@s e de dezenas de milhares de emigrantes. A Associaçom Galega de Amizade com a Revoluçom Bolivariana (AGARB) apela o conjunto das forças políticas, sindicais e sociais da esquerda patriótica galega, as organizaçons progressistas, o conjunto do movimento popular, para a solidariedade ativa com a Venezuela chavista e bolivariana, para apoiar o legítimo governo de Nicolás Maduro e para secundar as concentraçons e iniciativas de apoio à República Bolivariana da Venezuela. Galiza-Venezuela solidariedade! Viva a Revoluçom Bolivariana! Pátria Socialista ou morte! Viviremos e venceremos!


Revoluçom Homenagem galega a Hugo Chavez -

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Concentracons de apoio a Revolucom Bolivariana

Domingo 22 de março a Associaçom Galega de Amizade com a Revoluçom Bolivariana com a colaboraçom do Coletivo Alexis “Vive” Carajo, o Movimento Continental Bolivariano-Capítulo Galiza e o Centro Social Revolta organizárom umha homenagem ao Comandante Hugo Chávez com motivo do segundo aniversário do seu falecimento.

Compostela e Vigo acolhêrom concentraçons de apoio à Venezuela bolivariana e chavista e contra as ameaças de Obama e dos EUA. Convocadas pola AGARB, dúzias de pessoas condenárom a ingerência ianque e defendêrom a soberania e independência da República Bolivariana da Venezuela.

Robert Longa ¨O Russo¨


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``O termo "terrorismo" e muito acomodaticio e agora mesmo representa um dos grandes negócios do sistema em maos do Estado espanhol``

Reproduzimos um resumo da extensa entrevista que o Diário Liberdade realizou a Jaime Milhor, também conhecido como Américo Galego. Militante comunista galego-venezuelano quem em 11 de março foi retido polo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras do aeroporto português do Porto junto com o independentista galego Heitor Naia, para proceder à verificaçom da sua documentaçom.

destacamento entre Ferrol e o Porto, polo que as nossas relaçons vam desde a Galiza ao Estado português, e documentamos como é a perseguiçom política, como é o sistema repressivo contra a militáncia revolucionária galega e como é a estrutura judicial que se tece em torno disto para prejudicar estes militantes.

D.L.- Na conferência de imprensa após os acontecimentos no aeroporto, declaraste estar documentando a vulneraçom de Direitos Humanos contra ativistas políticos desde há quase um ano. Em que consiste este trabalho e que conclusons podes adiantar agora?

Este é o caso de Heitor Naia, um militante que é julgado pola Audiência Nacional espanhola por uns supostos petardos que explodírom no monte Sam Paio causando danos a umha antenas de radiofonia. O próprio tribunal fixa os supostos danos num valor de 11.000 euros. Nesse processo concorrem três argüidos, dos quais dous chegam a pactos com a Produradoria do Estado, conseguem suculentos benefícios processuais e,

J.M.- Nós chegamos a ter informaçom sobre muitíssimos casos. Temos um

em vez de estarem condenados a onze, doze ou treze anos, estám condenados a três. Entretanto, a única pessoa que nom só nom reconheceu ter participado em nada, mas que um dos juízes que escreve a sentença reconhece que nom há nengumha evidência conclusiva, enfrenta a condena mais elevada de todas, porque nom aceitou um pacto com a Produradoria onde ele se reconhecesse culpável. Portanto, violam-se umha série de princípio jurídicos universais, como o direitos à contradiçom de provas, o direito de concurso e habilitaçom e de acesso da defesa às provas que vai apresentar a Procuradoria, todo isso recolhido documentalmente polo sentença de parte deste juiz que se abstém de pronunciar-se a respeito do


caso. Mas há dous juízes que utilizam estes mesmos argumentos para ratificar a sua posiçom de condenar esta pessoa a 11 anos de prisom. Assim, os mesmos argumentos, a mesma jurisprudência, para umha pessoa é umha cousa e segundo duas pessoas é outra. E, eventualmente, um dos juízes que assina a sentença de Heitor di aos advogados, e é de conhecimento praticamente público, que nem sequer a leu. Entom, estamos a falar dum sistema metafísico, improvisado, destinado à perseguiçom e criminalizaçom do movimento popular e, neste caso, da militáncia independentista. O sistema chega a isto como última fase e última expressom do desenvolvimento político da perseguiçom. Desde as lei de "doma e castraçom", há umha perseguiçom política e cultural contra o movimento de libertaçom nacional galego, contra a sua política, contra a sua resistência e contra a sua necessidade de existir como povo. E, após 500 anos de políticas genocidas sistemáticas, é muito mais fácil para o estado central marginalizar os resquícios dessa luita política de tam longa data. Isto passa por impedir que acedam a bons postos de trabalho e à educaçom, ao ponto de eu poder dizer que as principais vulneraçons dos Direitos Humanos que se cometêrom contra Heitor Naia num início nom tenhem nada a ver nem sequer com essa sentença judicial, que já é bastante. Tem a ver com a sua carência de oportunidades, a sua falta de acesso a umha vivenda digna, a umha formaçom mais apropriada da que já tivo... de maneira que a luita do Estado é também por nos manter na pobreza marginal e na indigência. O resultado final é o caldo de cultivo para a desesperaçom da gente que eventualmente chegou a cometer este tipo de factos, ainda que nom seja o caso do Heitor, pois neste caso particular nom sabemos se o fijo ou nom e ele nom reconhece te-lo feito. Mas, em qualquer caso, se a gente é condenada à marginalidade perpétua, nom tem acesso a nada, nom tem oportunidades, obviamente a desesperaçom leva-os ali. E se um pequeno setor da burguesia agora mesmo se está a queixar da depauperaçom das suas condiçons, da miséria, imagina entom o que som as camadas inferiores da sociedade e as condiçons que estamos a enfrentar atualmente, que som ainda mais bestiais. D.L.-

Nas

circunstâncias

que

acabas de descrever, como vês o panorama da luita da Galiza pola sua libertaçom nacional? J.M.- Partamos da base de que umha das principais ferramentas de criminalizaçom de todo o movimento de libertaçom nacional é o uso do termo "terrorismo". Nom é umha questom que fosse inventada para a Galiza, é umha questom que foi inventada consuetudinariamente para reprimir os comunistas conseqüentes, para reprimir o movimento de libertaçom nacional basco, catalám, galego e qualquer povo que reivindicar a sua existência como naçom oprimida dentro do Estado espanhol.

“O movimento popular comuneiro está a executar as suas tarefas com brilhantismo, com umha perspetiva estratégica socialista muito rápida, mas tivo que avançar com dificuldade” O termo "terrorismo" é um termo muito acomodatício e agora mesmo representa um dos grandes negócios do sistema em maos do Estado espanhol. As polícias aqui, após viverem todo o processo onde a esquerda abertzale deu umha viragem da luita armada que durante anos mantivo ETA para umha luita política encaminhada à construçom de caminhos democráticos de participaçom, encontram-se com que já com tenhem um inimigo militar com que concorrer e sem ele muitos "benefícios laborais" (bónus salariais por perigosidade e outras cousas) desaparecem. Eles necessitavam com urgência construir um inimigo militar e deslocar essa gente nessas condiçons laborais a esse novo campo de guerra que podia existir ou nom. De facto, na Galiza nom existe, mas trouxérom para cá todos os corpos repressivos que num determinado momento desenvolvérom funçons antiterroristas em Euskal Herria, com a história dum

suposto bando terrorista galego para cobrar os bónus de perigosidade aqui. O que acontece é que há um paradoxo muito grande em toda esta circunstância: a polícia necessita esse inimigo terrorista para seguir conservando os seus benefícios laborais, mas por outro lado necessita validar a tese de que existe esse suposto bando armado. Para todo isto, eles conseguem um delator dentro da suposta organizaçom que valida toda esta versom em troca de muitos benefícios processuais e de cumprimento de condena. Quer dizer, conseguem umha testemunha à medida para justificar a versom policial que lhes permite continuar a cobrar os bónus de perigosidade. Em funçom disso, constroem todo um imaginário tanto na imprensa como num setor do independentismo. Porque é paradoxal, mas há um setor do movimento de libertaçom nacional galego e um setor reduzido do independentismo que é funcional às necessidades da polícia, já que nom só reconhecem e convalidam as teses da polícia, mas tenhem vontade de existir em termos propagandísticos, em termos dumha sorte discursiva que valida a existência das necessidades da polícia como se fosse um orgulho. E nom reparam em que, por exemplo, um verdadeiro ato insurrecional é romper com essa cadeia de sofrimento e denunciar que a polícia está a cobrar gratificaçons por umha cousa que é mentira: aqui nom há sensaçom de terror, nom há um cenário de guerra, nom há um bando terrorista. Certos níveis de violência som gerados pola desesperaçom das massas populares e, em todo o caso, a aposta é construir umha alternativa popular que canalize esse descontento para vias revolucionárias que permitam desenvolver a luita. Esse setor do independentismo que é funcional aos interesses da polícia é contrário ao desenvolvimento da luita do movimento de libertaçom nacional galego, é um dos primeiros inimigos que o movimento de libertaçom nacional galego deve destruir. Esse é o negócio do terrorismo, que mesmo conseguiu que, dentro do movimento de libertaçom nacional galego, um ala política que na teoria executa os atos mais vanguardistas, seja a mais desvinculada da massa, e para o desenvolvimento da suposta luita convalidam, ratificam e melhoram cada dia a versom policial que permite a


eles terem um benefício salarial. É claro que é um negócio que tem os seus derivados colaterais como a venda de jornais, como a facilidade para reprimir outro setores do movimento que sim estám a construir umha verdadeira alternativa e criminalizar todo o movimento em geral, ainda mais do que já está com o argumento de "todos som terroristas", "há um ámbito terrorista", "há um discurso terrorista" e "há terroristas à procura de emprego".

Alerta anti-imperialista na Venezuela D.L.- Com intençom de desmontar as mentiras que estamos a receber através dos meios burguesas, conta-nos: que está a acontecer realmente na República Bolivariana da Venezuela? J.M.- Agora mesmo nós estamos a viver umha ofensiva do imperialismo brutal tratando de propiciar umha mudança de tempo numha América Latina que desde o surgimento de Chávez vem dando mostras inequívocas de querer exercer a sua soberania com base na decisom e na participaçom popular. A Venezuela foi ponta de lança disto e, além disso, é um dos países mais ricos e influentes da regiom, com o qual é o mais sedutor em termos políticos e militares para o

imperialismo. Nesse quadro, a Venezuela é umha naçom que demonstrou um nível de maturidade muito grande, porque a pesar das grandes dificuldades impostas por esta guerra económica, polas ameaças, polo quadro constante de agressom, conseguir sobrepor a vontade de luita do povo para umha perspectiva estratégica de superaçom socialistas das formas de desenvolvimento capitalista. E, por ser umha república soberana anti-imperialista e anticapitalista, e termos políticos representamos umha ameaça para o império norte-americano, mas nom representamos umha ameaça em termos militares, porque somos um povo profundamente pacífico. Nós nom temos ánsias de expansionismo em termos militares, como o que implementa o imperialismo, nós temos ánsias de construir com a gente um grande panorama mundi al de mercados alternativos baseados na solidariedade, no intercámbio das classes trabalhadoras do mundo, e aqui a grande desfavorecida é a burguesia mundial.

mártires em defesa dos valores democráticos que agora se encontram presos da revoluçom bolivariana. A verdade é que os supostos presos políticos que há agora na Venezuela, como o senhor Antonio Ledesma ou como o senhor Leopoldo López, som presos políticos que demonstrárom historicamente a sua verdadeira atitude como assassinos, genocidas, sendo de muitas maneiras partícipes de iniciativas de intervençom anti-pátria e anti-soberania da naçom, e som inimigos do povo venezuelano no desenvolvimento da sua Revoluçom Bolivariana. Um tipo como Leopoldo López é apresentado como um abandeirado da democracia, mas o mundo talvez desconheça que Leopoldo López, no dia 12 de abril de 2012, estava assaltando a Embaixada de Cuba no município que governava, tratando de conseguir supostos políticos chavistas para os eliminar com umha turba de linchadores, ameaçando funcionários públicos diplomáticos de Cuba e violando a Convençom de Genebra, junto com o outro candidato da oposiçom atual, Enrique Capriles.

A ponta de lança da oposiçom nacional a respeito de toda a política implementada para facilitar os pronunciamentos norte-americanos de ameaça militar é a estratégia de utilizar os seus próprios supostos presos políticos como umha espécie de

Por outra parte, os que provimos do movimento estudantil venezuelano, que conhecemos a Venezuela desde os 90, sabemos que o papel que jogou Ledesma e a sua polícia na repressom do movimento estudantil revolucionário patriota que exigia a


libertaçom de Chávez e sabemos a repressom que exerceu contra as grandes massas populares naquele momento. Entom, nom nos podem dizer que um tipo que tem umha trajetória de carrasco mudou durante ou últimos dous anos e se converteu num abandeirado da democracia, quando a República Bolivariana da Venezuela é a primeira que reabilitou as vítimas do "caracaço", quando é a primeira na história da Venezuela que está a fazer um trabalho de recuperaçom da memória histórica polos nossos desaparecidos, polos nossos torturados, porque também som parte da história. Nom ter essa memória histórica seria umha crueldade por parte da revoluçom bolivariana, mas por outro lado seria a porta de entrada para que nós esquecêssemos o papel que jogárom certos senhores ao longo da história da naçom. O senhor Ledesma leva muitíssimos anos sendo repressor e antidemocrata. Que nos pretendam agora vender na opiniom pública internacional a imagem deste Ledesma luitador pola democracia e perseguido por umha revoluçom "totalitária" e "autoritária" quando ele mesmo era o chefe dumha polícia que torturava estudantes, é ridículo. Essa história pode ser contada a alguém a 8.000 quilómetros que nom esteja bem documentado, mas a quem o viveu nom se lhe pode contar essa história. D.L.- Em relaçom à ingerência estadunidense, nos últimos dias o presidente norte-americano Barack Obama emitiu umha ordem executiva que qualifica a Venezuela de ameaça para a segurança nacional dos Estados Unidos. Quais som os seus interesses mais imediatos nesta intervençom? J.M.- Eu acho que eles querem retomar a hegemonia sobre América Latina, e a Venezuela é a ponta de lança. Vam tenta-lo de todas as maneiras possíveis e, na medida em que lhes seja possível, o afogamento económico e financeiro do país é a primeira alternativa, mas o povo está a resistir valentemente a g u e r ra e c o n ó m i c a . E m b o ra o presidente obreiro Maduro tenha começado tarde a batalhar esta guerra, desenvolveu umha política no seio das massas que permite a estas massas confrontarem com inteireza esta situaçom de escassez e levantar a moral revolucionária do povo para enfrentar as vicissitudes que venhem sobre nós. Os Estados Unidos estám a notar que só essa alternativa nom é

suficiente, e também estám a fazer contas de que a oposiçom venezuelana é umha oposiçom que se desmoronou a si própria, que nom tem capacidade de confrontaçom nem nengumha capacidade revolucionária "antibolivariana".

“Um verdadeiro ato insurrecional é romper com essa cadeia de sofrimento e denunciar que a polícia está a cobrar gratificaçons por umha cousa que é mentira: aqui nom há sensaçom de terror, nom há um cenário de guerra, nom há um bando terrorista” N e s s e c e n á r i o, a a p o s t a d o s americanos vai decidir-se paulatinamente para pequenas agressons, atentados de falsa bandeira e eventualmente umha invasom. Eu penso que o que mais desejam os norte-americanos é encontrar um Benghazi em território venezuelano, e ainda desejam mais o dia em que poidam agarrar o presidente da revoluçom bolivariana que encabeça o seu povo na resistência e dar-lhe o mesmo final que lhe dérom a Kaddafi. Nós estamos certos, como organizaçom do movimento popular, de que somos capazes de confrontar essa ameaça. Mas também estamos certos de que, lamentavelmente, há muitos setores do governo que se estám a mostrar timoratos no exercício da defesa integral da pátria, no chamado à incorporaçom popular massiva consequente de todos os setores que confluímos no chavismo para essa defesa integral e ao desmascaramento da patranha imperialista. Porque isto pode ter duas faces: ou um bloqueio, parecido com o que viveu Cuba durante tanto tempo, que permite estrangular a raiz económica do funcionamento socialista na

Venezuela, ou umha intervençom militar em termos estritos como a que viveu a Iugoslávia, a que viveu a Líbia ou a que está a viver a Síria atualmente. D.L.- Os meios de comunicaçom burgueses destacam também a escassez de alimentos e produtos básicos, culpando disso às políticas do governo do Presidente Maduro, mas que há por trás dessa situaçom? J.M.- Nós temos um problema e s t ra t é g i c o c o m a s l i n h a d e abastecimento, porque nestes anos de socialismo nom construímos a suficiente força para que as linhas de abastecimento dependessem da organizaçom popular. O movimento popular comuneiro está a executar as suas tarefas com brilhantismo, com umha perspetiva estratégica socialista muito rápida, mas tivo que avançar com dificuldade. A guerra económica que apresenta a burguesia crioula ao serviço do capital transnacional é muito anterior a todo isto e propicia o desabastecimento com umha série de açons relacionadas com a cadeia de aprovisionamento que repousava em suas maos, porque a burguesia venezuelana é umha burguesia comercial que depende das divisas do Estado para comprar cousas no estrangeiro e vendê-las a melhor preço. Entom, em termos de desenvolvimento, nós encontramos limitaçom no avanço das comunas para suplantar esse mercado. Agora mesmo estamos a viver o recrudescimento da guerra que apresenta a burguesia nesses termos e estamos a ver que o crescimento das comunas, se bem é o mais acelerado possível, nom está a dar todo o que necessitava o Estado socialista para subsistir. Porém, o desenvolvimento das comunas a este ritmo vai conseguir que, num período relativamente curto, suplantem definitivamente a intervençom da burguesia no processo de consumo venezuelano e entom já nom haverá necessidade de que as burguesias intervenham neste processo. Mas polo momento ainda falta umha batalha de mais ou menos um ano vista para que a produçom comunal poda suplantar o mercado e as linhas de suprimentos, que até agora demonstrárom ser o principal ponto de vulnerabilidade da nossa revoluçom e que as burguesias conseguírom atacar com tanto sucesso, pola nossa própria força. Nisso o Estado está a fazer umha reorientaçom dos seus esforços e nisso acreditamos firmemente.


D.L.- Nos últimos dias fôrom convocadas concentraçons em várias localidades galegas em apoio à Venezuela bolivariana. Na tua condiçom de galegovenezuelano, como avalias a solidariedade do povo galego? J.M.- A solidariedade é a ternura dos povos, e penso que as mostras de solidariedade do povo galego em

circunstáncias difíceis, onde estamos levantando a voz tanto pola Galiza quanto pola Venezuela, é a mostra fundamental de que somos um povo irmao, de que o povo é povo, nom importa a que distáncia se encontrarem uns dos outros, e de que o inimigo é o mesmo. Muitas forças políticas deveriam aprender da s o l i d a r i e d a d e d u m m ov i m e n t o vilipendiado, perseguido, criminalizado

e marginalizado sistematicamente como o movimento de libertaçom nacional galego para compreender também o momento histórico que estamos a viver como povo venezuelano e ir para a rua massivamente no nosso apoio.

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CAAMANO VIVE! -

l965-20l5 -

50 aniversario da Revolucom de Abril


Aberta a Escola Nacional de Quadros Comunistas Moncho Reboiras! No mês de março, mês da Classe Operária Galega, dá os primeiros passos públicos o novo organismo de formaçom promovido por Primeira Linha. A iniciativa fai parte de um plano orientado à formaçom integral da militáncia, quadros e dirigência partidária, mas também aberto ao apoio a outros coletivos interessados na autoformaçom revolucionária e galega. Com o marxismo como eixo vertebrador da atividade, a Escola Nacional de Quadros Comunistas Moncho Reboiras carece de qualquer vocaçom académica, elitista ou erudita. Com modéstia e protagonismo das próprias pessoas no seu processo formativo, abordaremos o estudo e a aprendizagem em termos ativos, colaborativos e críticos, sem qualquer assunçom de “critérios de autoridade” indiscutíveis. Partimos de umha das principais dicas do próprio Karl Marx, quando ele afirmou e praticou a necessidade de ser crítico/a com todo, sem exceçons. Com afám científico e recusando-nos a qualquer parcelamento das ciências sociais, tentaremos integrá-las numha totalidade que configura o princípio fundamental para a compreensom e transformaçom da realidade numha perspetiva revolucionária comunista. Desde já, começamos a partir do zero e avançamos na r e c u p e ra ç o m e s o c i a l i z a ç o m d o p e n s a m e n t o revolucionário fundado por Karl Marx e Friederich Engels, cuja vigência se mantém e afirma com mais força com cada nova crise das que ciclicamente golpeiam o modo de produçom capitalista. Achamos necessário dotar a militáncia revolucionária e, em geral, os setores mais avançados do nosso povo, dessa ferramenta invencível que é a autoconsciência crítica e de classe, através do mais avançado sistema de análise e pensamento para a açom anticapitalista. Concebemos o marxismo como sistema baseado na obra de Karl Marx e do seu camarada Frederico Engels, mas também nos contributos realizados por numerosos autores e autoras a partir daí, a par e passo das transformaçons e acontecimentos operados no próprio andamento do capitalismo até hoje. Tencionamos estudar individual e coletivamente para compartilhar e estender o conhecimento, como valor de uso que vai dotar-nos da mais importante ferramenta transformadora ao serviço da praxe revolucionária. Tentaremos oferecer versons simplificadas e claras, mas nom vulgarizadoras, das diferentes categorias marxistas, das mais acertadas análises e experiências que estám a ser feitas em diferentes pontos do planeta, avançando no conhecimento do pensamento revolucionário do nosso tempo como totalidade ao serviço da revoluçom galega e mundial.

Ao anterior, devemos acrescentar a necessidade do autoconhecimento nacional que como galegos e galegas nos corresponde protagonizar. A história, a língua, a composiçom e evoluçom da nossa formaçom social em torno da luita de classes como verdadeiro motor. Um património oculto, negado e manipulado polo poder espanhol, que tenta reduzir-nos a um território anexo do seu projeto sub-imperialista, convencendo-nos da nossa suposta incapacidade de autorrealizaçom como comunidade nacional. A formaçom ao serviço da superaçom do patriarcado será outra das vertentes do trabalho da Escola. O conhecimento da trajetória histórica da mulher na Galiza e no mundo, das suas luitas e das mais avançadas teorizaçons do pensamento revolucionário feminista. Cursos, seminários, elaboraçom de textos divulgativos e formativos, reproduçom doutros já disponíveis noutros idiomas, que tentaremos disponibilizar para o nosso povo trabalhador na nossa língua…. Recorreremos para isso a iniciativas presenciais, mas também a distáncia, mediante a aplicaçom das ferramentas tecnológicas de que pudermos dispor e da procura existente em cada momento.

Para mais informaçom http://primeiralinha.org/ENQCMR/


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Alternativa estrategica, 6 Congresso de Primeira Linha o

o

6

Congresso

de Primeira Linha

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COMPOSTELA, 26 DE ABRIL DE 2015

6ª Congresso de Primeira Linha também realizará umha revisom estatutária.

Processos congressuais previos

alternativa estratégica Sede Nacional: Rua Costa do Vedor 47, rés-do-chao. Compostela. Galiza Web: www.primeiralinha.org Correio-e: primeiralinhagz@gmail.com @primeiralinhaGZ

Compostela acolherá domingo 26 de abril 6º Congresso ordinário de Primeira Linha. As Tese Política que o máximo organismo de decisom do partido comunista combatente, patriótico e revolucionário vai debater analisará os movimentos operados no seio da esquerda patriótica desde o 5º Congresso (novembro 2010), atualizando a caraterizaçom realizada da esquerda independentista no 2º Congresso (junho 1999).

Posteriormente o 5º Congresso “Construindo o partido da Revoluçom Galega” (novembro 2010) tivo um caráter eminentemente estratégico, definindo a natureza, conteúdos e fases da Revoluçom Galega, e apostando pola via insurrecional e a complementaçom das formas de luita. Na 4ª Conferência Nacional (abril de 2013) “Melhorar a ferramenta política da Revoluçom Galega” ratificamos a vigência, utilidade e necessidade do partido leninista, aperfeiçoando o nosso singular e específico modelo, assim como refletimos como melhorar a intervençom de massas. A recente 5ª Conferência Nacional (novembro de 2014) abordou diferenças políticas sobre a conceçom e funcionamento do partido comunista que Primeira Linha está a construir desde 1996.

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Também abordará a política de alianças, concretamente os “perigos e as limitaçons do interclassismo disfarçado de unidade de açom da esquerda soberanista”, assim como a “fraude do postmodernismo no movimento popular”, ratificando a “atualidade e vigência da dialética do modelo partido-movimento social”.

Este Congresso prossegue com o desenvolvimento político-ideológico iniciado no 4º Congresso (dezembro 2006), que convocado sob a legenda “Revoluçom Galega”, revisou e clarificou alguns dos erróneos paradigmas sobre os que se foi construindo o movimento nacionalista galego há meio século, elaborando umha análise marxista da história nacional.

Aniversario da Internacional Comunista Na primeira semana de março de 1919 o Partido Bolchevique fundava o Comintern, a Terceira Internacional ou Internacional Comunista. Sob a direçom de Lenine um conjunto de partidos comunistas e organizaçons revolucionárias de diferentes países de 3 continentes acordárom por em andamento umha organizaçom supranacional para promover a luita revolucionária a escala mundial. A esta primeira reuniom fundacional assistírom os Partidos Comunistas da Rússia, Alemanha, Austria, Hungria, Polónia, Finlándia, Ucránia, Letónia, Lituánia, Bielorrúsia, Estónia, Arménia, a Regiom do Volga; o Partido Social Democrático de Esquerda da Suécia, representantes da Conferência de Zimmerwald, grupos comunistas checos, búlgaros, iugoslavos, británicos, franceses e suiços; socialdemócratas dos Países Baixos, o Partido Socialista Laborista de América, o Partido Laborista Noruaguês, a Liga de Propaganda Socialista dos Estados Unidos, o Partido Socialista dos

Trabalhadores da China, a Uniom de Trabalhadores da Coreia, e as Seçons do Buró Central soviético correspondentes a Turquia, Azerbaiyam, Geórgia, Pérsia e Turquestám. O seus objetivos eram claros: luitar pola superaçom do capitalismo, o estabelecimento da ditadura do proletariado e da República Internacional dos Sovietes, a completa aboliçom das classes e a realizaçom do socialismo, como umha transiçom para a sociedade comunista, com a completa aboliçom do Estado e para isso se utilizando de todos os meios disponíveis, inclusive armados, para derrubar a burguesia internacional. A IIII Internacional supujo a rutura com as posiçons chauvinistas da II Internacional na que a maioria dos seus partidos e organizaçons integradas tinham aderido à guerra imperialista de 1914-18 apoiando as suas respetivas burguesias nacionais. A Comintern realizou sete congressos mundiais. Enquanto Lenine viveu, os congressos eram anuais e fôrom realizados cinco deles, de 1919 a 1923. Após a morte de Lenine, este princípio da anualidade foi abandonado por Staline, que desconfiava do Comintern e desejava transformá-lo num mero instrumento da política externa soviética. Assim, sob Staline, o Comintern teria apenas dous congressos: o sexto, em 1928, e o sétimo e último, em 1935, antes de ser dissolvido em 1943. Perante a ofensiva imperialista e o caos ao que nos condena o capitalismo é imprecindível refundar umha Internacional Comunista.


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Escola de Formacom juvenil 20l5 decorreu na Corunha

"Somos semente de vencer" é o título da XII ediçom da Escola de Formaçom juvenil que promovida por AGIR e BRIGA tivo lugar na Corunha os dias 27, 28 e 29 de março. Nesta ocasiom o programa de reflexom e estudo do encontro de formaçom e debate –que de forma ininterrompida de 2004 organiza nos inícios da primavera a entidade estudantil e a juvenil da esquerda independentista– estivo centrado em três temas “questom nacional e marxismo”, “princípios básicos da teoria e a praxe marxistas”, e “ética revolucionária e atitude militante". Tal e como informa o blogue da Escola de Formaçom "Nesta ocasiom, aproveitando os 40 anos após o assassinato do jovem nacionalista e comunista Moncho Reboiras, será a sua figura como militante corajoso, disciplinado e rebelde a que inspire os conteúdos formativos deste encontro. Longe de pretendermos dedicar a Escola de Formaçom à aproximaçom da vida e luita de Reboiras, amplamente estudada noutros espaços, sim pretendemos reconhecer e preservar os referentes mais válidos da história da luita do nosso povo, aqueles que encarnárom os valores e atitudes revolucionárias que hoje tanto necessitamos desenvolver e otimizar adaptando-as à realidade dos nossos dias". Além do programa eminentemente de formaçom política-ideológica a Escola também oferta um roteiro, jogos formativos e tempo para o lazer, a confraternizaçom e o convívio militante.


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NÓS-Unidade Popular perante a detencom de Heitor Naia``Koala`` em Portugal A detençom hoje do patriota galego Heitor Naia “Koala” no aeroporto português do Porto quando segundo as autoridades lusitanas pretendia embarcar rumo a Caracas, é um claro expoente do conflito nacional que enfrenta Galiza com Espanha. Que um compatriota condenado a mais de 11 anos de prisom pola justiça espanhola tenha que exilar-se na América Latina retrotrai-nos àqueles períodos históricos em que a Venezuela foi um generosa terra de acolhimento para milhares de galegos que fugiam da repressom espanhola. A detençom de Heitor Naia polo Serviço Estrangeiro de Fronteiras (SEF) de Portugal, seguindo as diretrizes espanholas, é um má notícia, pois incorpora Portugal à colaboraçom com a repressom espanhola contra o independentismo galego. NÓS-Unidade Popular manifesta a solidariedade com Heitor Naia e solicita das autoridades portuguesas o escrupuloso respeito polos direitos legalmente reconhecidos do patriota galego detido, especialmente pola sua integridade física. Nom só solicitamos que o Estado português denegue a sua

extradiçom para evitar ser conduzido diante do tribunal político espanhol chamado Audiência Nacional, nem ser sujeito à habitual e ilegal política de dispersom, como também solicitamos a sua imediata liberdade. Sabemos que a detençom do Koala será utilizada polo Estado espanhol e os seus meios de comunicaçom ao serviço da classe dominante para relançar umha nova campanha criminalizadora contra a esquerda independentista galega e como cortina de fumo para ocultar a pobreza, miséria, desemprego e carência de direitos e liberdades a que nos condena o capitalismo espanhol. Apelamos a secundar todas aquelas mobilizaçons e iniciativas solidárias que nas vindouras horas se convoquem em apoio ao Koala. Liberdade patriotas galegos! A luita é o único caminho! Independência e Socialismo! Direçom Nacional de NÓS-Unidade Popular Galiza, 11 de março de 2015

LIBERDADE INDEPENDENTISTAS GALEG@S


Edita: Capítulo Galiza do Movimento Continental Bolivariano Tiragem: 1.000 exemplares Encerramento de ediçom: 30 de março de 2015 correio-e: mcbgaliza@gmail.com

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Moncho Reboiras l975-20l5 40 aniversario do seu assassinato

reclamamos a liberdade para o nosso povo -

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Independencia e Patria Socialista

Frankfurt

Turquia

Palestina

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``A razom e os costumes som para um povo livre, o que as cadeias e os calaboucos para um povo escravo. O certo e que inclusive a estes povos escravos, ninguem pode impedir-lhes pensar, e a pouco que pensem, compreenderam que a unica alternativa e a rebeliom armada`` Camilo Torres


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