Uma caminhada na fé cristã


Organizadores
Alexandre Schossler Gustavo Amo Drews
Pesquisadores
Edelgard Drews Gertrud Schossler
Orlando Oldemai' Drews Paulo Schossler Augusto Pestana - 2003
Fotolitos e Impressão Kunde Indústrias Gráficas Ltda Santa Rosa - RS
Co-mAÁ/wíAi^^d^ ^voyyigélnyoa/ Sci/ntí/yy(/vwci/ TrCndcuie' la4aça/e^a/edLtçõ<>^c^^ ponto-CnloCcd/ dey lAAnx^ re<XApe4^cu^ãAy-d(^ m^AnórCoL/tey!rua/ coioio/t-g-a^çãoe/ O/ vCdco dey ,^et^ wioradore^ até'hxyje/ e/ nxy- futuro-. V&íto/forma/ írUfere/ ao-fínat de^to/ ohro/ um/ e^a^çoonÂ/e/ (yo/dAO/ IjeÁtor poú/erá/ (tar y^AÁ/ óLe^o-i/wierxtoapre^tentarxdrrlemhrariça^r'que/merecem/entrar joe^^o/ htítàrCa/ em/ futurouy eãtçõey ampliariam ow mamuoCnte^grar o- arquÃA/o- Irúmt&ríco- dro CorvuAAvOdrvd/e/. 'EycreÁ/a/ e/ remeta/ ac- endereço- OndÃcario-. €^o/ edtçãc- contou/com/ apoio-:
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Paro/ contatoy: Comunidade/ Evangélica/ SantíMímo/ Trindade/ Pincão-Seco987W-000 - Auguyto-peytano/'KS
07 09 Uma sementeira onde se gera 10 AUGUSTO PESTANA 12 RINCÃO SECO - Terra fértil para os Pioneiros COMUNIDADE EVANGÉLICA SANTÍSSIMA TRINDADE 17 A comunhão de Colonizadores Cristãos 23 TEMPLO DA IGREJA - Espaço para comunhão e louvor ESCOLA EVANGÉLICA SANTÍSSIMA TRINDADE - pela educação a busca da cidadania na visão cristã 32 JUVENTUDE EVANGÉLICA - O caminhar do jovem evangélico.39 ORDEM AUXILIADORA DAS SENHORAS EVANGÉLICAS RINCÃO SECO A solidariedade cristã pelas mãos das senhoras evangélicas A MÚSICA - Instrumento de integração, de louvor e de amparo...44 A COMUNIDADE HOJE - desafios para a caminhada com a Santíssima Trindade 04
41 47 BIBLIOGRAFIA 51 NOTAS 52
Fig. 1 - Foto que mostra o estilo de cobertura de residências na época (Primeira residência de Wilhelm Schunemann)
Fig. 2 - Fotos de Wilhelm Fiasse
Fig. 3 - Fotos de Emma Fiasse
Fig. 4 - Foto do sr. August Friederich Fiasse
Fig. 5 - Foto do casal Wilhelm e Emma Schunemann
Eig. 6 - Foto em que aparece Reinhold Schunemann
Fig. 7 - Foto que mostra a casa paroquial constmída em Serra do Cadeado .... 22
Fig. 8 - Foto do Sr. Paul Huth
Fig. 9 - Foto do prédio que abrigou o primeiro templo e escola da localidade..24
Fig. 10 - Foto que mostra um grupo de crianças em culto infantil
Fig. 11 - Foto do Templo da Comunidade Evangélica Santíssima Trindade - inaugurado em 1927
Fig. 12 - Ato de lançamento da pedra fundamental do novo templo
Fig. 13 - Foto do Ato inaugural do templo atual
Fig. 14 - Foto da Prof. Melitta com uma de suas turmas de alunos
Fig. 15 - Prédio da Escola inaugurada com turma de alunos conduzida pelo Prof Koester
Fig. 16 - Foto em que aparece o prédio da residência do professor
Fig. 17 - Prof Koester e sua esposa
Fig. 18 - Prédio atual da Escola Municipal Santíssima Trindade
13 14 14 14 15 15 23 27
Eig. 19 - Quadra de esportes da Escola Municipal Santíssima Trindade .. 39
Fig. 20 - Foto que mostra Grupo da Juventude Evangélica local -jovens que atualmente estão na feixa etária dos 55 a 70 anos
Fig. 21 - Foto de Grupo da Juventude Evangélica - década de 2000
30 31 32 34 35 36 37 39 40
41 42
Fig. 23 - Foto de Grupo da OASE em organização de evento
Fig. 24 - Foto de grupo da OASE quando do seu cinqüentenário em 1990
Fig. 25 - Foto de Lora Kunde ao órgão hoje existente - ao lado Meta Kunde
Fig. 26 - Coral Misto sob a regência de Oswaldo Kunz
Fig. 27 - Vergílio Ruwer - atuando em uma festa local
Fig. 28 - Foto de Integrantes atuais do Coral da OASE
Fig. 29 - Foto aérea da localidade de Rincão Seco
Quadro 1 - Relação de pastores da Comunidade Evangélica Santíssima Trindade
Quadro 2 - Texto das duas orações feitas em aulas da Escola Evangélica
Quadro 3 - Relação de professores que atuaram na Escola Evangélica Santíssima Trindade
36-
Quadro 4 - Relação de professores que atuaram na Escola Municipal Santíssima Trindade
Quadro 5 - Lista de sobrenomes de famílias que integram a Comunidade Evangélica de Rincão Seco
Uma comunidade delimita seu território, organiza seu sistema de vida, desenvolve a sua cultura, traça seus valores e vive a sua realidade. Olhar para uma situação recente de uma comunidade geralmente não dá a dimensão da trajetória que essa percorreu. Não se pode deduzir as proezas, as forças, as fragilidades, as ameaças que se interpuseram.
Retomar essas dimensões, muitas vezes permite refletir sobre as condutas e comportamentos repassados de geração a geração. Dá ênfase especial quando o tempo em que estas condutas e comportamentos se geraram somam os 100 anos. Com o espírito de homenagear a Centenária Comunidade Evangélica local nós, atuais dirigentes da Comunidade Evangélica Santíssima Trindade, da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas e Juventude Evangélica da mesma Comunidade, tomamos a iniciativa de designar membros para desencadear a pesquisa de dados para produzir uma obra bibliográfica que reproduzisse um pouco da história desses cem anos.
Damos início a uma integrada busca de dados. Inúmeros membros engajaram-se nesta obra. Foram investigados documentos já anteriormente produzidos, livros de registros de atas da Comunidade Evangélica, da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas e da Juventude Evangélica. Não faltaram também buscas junto a famílias de membros, os quais acolheram os pesquisadores com carinho e fraternidade.
Muitas informações, ceitamente, ainda poderiam ser incorporadas, mas o tempo, contudo, determinou que as buscas se encen-assem pois a organização das informações e a redação do documento final também precisariam ser feito a tempo de disponibilizar o livro aos membros quando das comemorações dos 100 anos.
Desta forma tem-se como meta editar este como uma primeira edição, abrindo-se desde já o desafio aos membros para coletar informações e proximamente fazer-se uma atualização, criando novas e sucessivas edições. A cada edição ter-se-á um enriquecimento desta história tão repleta que é a colonização do Núcleo de Rincão Seco.
Para tal cada membro pode buscar as informações sobre seus antepassados e repassar aos organizadores.
Quer-se, aqui, agradecer aos que se dispuseram a dar informações. Também agradecer aos pesquisadores e organizadores, pela disposição de contribuir na estruturação desta obra. Nominar a todos é impossível, mas por razões editoriais,faz-se necessário instituir a equipe de pesquisa e de organização, os quais estão anunciados na folha de rosto. A eles e aos demais que ficaram no anonimato, os parabéns pelo empenho.
As Diretorias da Comunidade Evangélica Santíssima Trindade de Rincão Seco
Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas de Rincão Seco Juventude Evangélica de Rincão Seco
O desafio que foi assumido pela equipe de pesquisadores no sentido de buscar as mais diferentes informações junto a Comunidade Evangélica Santíssima Trindade não pôde ser concluído na sua integralidade. O tempo para a conclusão da obra a que se propunha a pesquisa fez com que se suspendesse a coleta e se partisse para a redação do texto a compor a publicação que se almeja.
Várias formas de apresentar o texto foram testadas, mas ao final opta-se por esta que aqui está sendo introduzida. Inicialmente se pensou em estruturar o texto numa seqüência cronológica de fatos, sem se preocupar com uma seqüência por órgão da comunidade. Numa outra forma optou-se em criar seções que permitissem agrupar os fatos e acontecimentos, também numa cronologia - ou seja no tempo em que se deram ou se dão, mas segmentados por uma seqüência lógica.
Numa primeira seção busca-se resgatar o espaço geográfico procurado pelos imigrantes - no caso a Colônia Serra do Cadeado, mais tarde constituído como Município de Augusto Pestana. Procura-se, na segunda seção, mostraionde e como se insere o Núcleo de Rincão Seco - berço da centenária comunidade - nesse espaço geográfico.
Segue-se com uma nova seção que remete o leitor a um conjunto de informações sobre a própria Comunidade Evangélica Santíssima Trindade, falando de sua fundação, da assistência pastoral e relembrando alguns fatos importantes. Adiante conta-se sobre o templo que abrigou e abriga os cristãos em suas atividades religiosas, descrevendo as incidências dessas atividades com indicadores desses 100 anos.
Registra-.se na seção seguinte algo sobre uma das atividades julgadas extreniaiiienle iiiipurtaníc pela Comunidade que c a questeão da educação, do ensino. Tão importante que criara-se uma Escola particular, cuja história se conta, inclusive até os dias atuais, passando pela sua transferência para administração pública. a
Nas três seções seguintes dá-se espaço para falar das atividades dos grupos dejovens,do grupo de senhoras evangélicas e dos grupos de música,em especial o canto coral. E por fim faz-se um fecho para referenciar os desafios que a Comunidade tem para continuar tão honrada tarefa legada pelos imigrantes - a de dar vida a uma Comunidade que leva o nome do Trino Deus.
Falar do núcleo de Rincão Seco requer antes navegai'por lembranças sobre a origem do município de Augusto Pestana, toiTão maior em que se situa o núcleo. Significa retomar lembranças de antigos moradores quejá foram documentadas,como por exemplo por Lauxen(1976 e 1982), nas obras Augusto Pestana - o caminhar de um povo, respectivamente aos 10 e 16 anos. Fala Lauxen(1982)sobre a divisão da estmtura fundiáiia da localidade em posses adquiridas e agrimensadas por particulares, e especifica a passagem em 1892 de Heinrich Muller pela região, quando conheceu a posse de Bento Azambuja. Eram 86 hectares que foram adquiridos por Heim-ich Muller, em leilão público, representando ao que veio a ser a propriedade de Hugo Muller.
Avança o relato de Lauxen(1982) para o ano de 1901, considerado o ano em que efetivamente iniciou-se a colonização das teiTas de Serra do Cadeado. O território entre os rios Conceição e Ijuízinho, a sudoeste da Vila de Ijuí, era na época conhecido pela designação genérica de “capão”. As terras eram cobertas por uma riquíssima mata nativa, cheia de exemplares da flora e da fauna da Mata Atlântica do sul do Brasil. Entre as principais espécies de árvores comuns naquele tempo estavam o cedro, o louro, a cabriúva e a canafístula. Entre os animais há registros da presença de onças, tamanduás-bandeira e bugios.
Sob a coordenação do Dr. Augusto Pestana, vinculado a Diretoria de Terras da Colônia de Ijuí, aquelas terras foram agrimensadas em áreas de 25 hectares. Crescia à época a migração de colonos,imigrantes europeus ou descendentes destes que estavam lotados na Colônia Santo Ângeloregião de Cachoeira do Sul, para outras regiões do Estado. Assim também esta migração chegou, a partir daí, chamada Colônia Serra do Cadeado.
De Cachoeira do Sul a Cruz Alta, a viagem era feita por estradas. De Cruz Alta até Rincão Seco, os colonizadores vieram pelo campo, atravessando a propriedade do fazendeiro João Raimundo, conhecida como Fazenda do Cadeado.
A passagem era obrigatória para quem ia de um município ao outro, e o grande cadeado que havia em uma porteira da fazenda originou o primeiro nome da localidade - Colônia Serra do Cadeado.
O processo de colonização se deu, as famílias foram crescendo e juntamente a localidade foi se desenvolvendo. Houveram alterações em sua denominação vindo a ser chamada de Vila Dr.Pestana,enquanto distrito de Ijuí. Em 1964 foi criada a comissão emancipacionista, culminando com sua emancipação através de plebiscito, e criação através de Lei Estadual de n° 5030,em 17 de setembro de 1965,e sua instalação em 14 de maio de 1966, sendo esta a data comemorativa de sua emancipação políticoadministrativa. (Conrad, 2003).
Expõe, ainda Conrad (2003) que constituiu-se assim a Prefeitura Municipal de Augusto Pestana como uma organização Pública, localizada na Rua da República, n° 096, na cidade de Augusto Pestana, Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Desde a sua emancipação, até outubro de 1968, o município foi administrado por um interventor, que era nomeado pelo governo estadual. Apenas em 15 de novembro de 1968 foi eleito o primeiro Prefeito, Sr. Alfredo Schmidt.
O município faz parte da região da Amuplam - Associação dos Municípios do Planalto Médio - e possui as seguintes confrontações: ao Norte com o Município de Ijuí, a 15 Km;ao Sul,com o município de Jóia, a 23 Km; a Leste, com o município de Cruz Alta, a 52 Km; e ao Oeste, com o município de Eugênio de Castro, a 18 Km,e a 424 Km da Capital do Estado. Está localizado em uma área de 388,5 km2, na Microrregião Colonial de Ijuí, no Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
Conrad (2003) trás dados estatísticos, apurados pelo IBGE no censo do ano de 2000, que indicam para uma população aproximada de 8.351 habitantes neste município, sendo que 40% da população reside no perímetro urbano e 60% no meio rural.
A área rural em que vivem esses 60% da população subdivide-se diversos núcleos, alguns na condição de distritos. Dentre esses núcleos um tem a denominação de Rincão Seco, o qual é objeto deste ensaio histórico aqui apresentado.
Como se disse anteriormente Rincão Seco representou uma área de terras próxima ao trajeto natural dos migrantes que vinham de Cachoeira do Sul pai'a se instalai'nas posses da Colônia Serra do Cadeado.
A história do núcleo de Rincão Seco começa em 29 de setembro de 1901. Nesse dia chegai'am à esta localidade os primeiros colonizadores de origem alemã. Eram eles Wilhelm e Emma Hasse e família, August e Ida Hasse e família, Reinhold Schünemann e Wilhelm Schünemann. Foram eles os primeiros alemães a se estabelecer no território do que é hoje o município de Augusto Pestana* .
Esses primeiros moradores, procedentes da então Colônia Santo Ângelo-, município de Cachoeira do Sul,chegaram em carroças puxadas por cavalos, sob forte chuva, e traziam consigo ferramentas para o trabalho na roça, barracas para as primeiras moradias, armas para a proteção e alimentos. Eram todos evangélicos luteranos, alguns nascidos na província da Pomerânia, Alemanha, outros descendentes de pomeranos. Eles, ou seus pais, haviam chegado ao Rio Grande do Sul entre os anos de 1857 e 1882.
Os primeiros tempos foram de muitas dificuldades e privações, causadas principalmente pelo isolamento. Mas as famílias vindas fortificaram-se no amparo do Senhor, sempre apegados ao salmo 23 “Der Herr ist mein Hirte”, o que traduzido quer dizer “O Senhor é meu pastor”. Este amparo permitiu-lhes enfrentar as diferenciadas situações e na união de todos, sob a proteção do Pastor, dar andamento aos seus projetos de colonização local, pois convictos estavam quanto ao que Isaías escreveu em 43:2, ao expressar a bondade de Deus, dizendo que “Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão”.
Adquirida a terra, a providência mais urgente dos agricultores era derrubar uma parte da mata para iniciar o cultivo de alimentos e a criação de animais. Plantava-se feijão, milho, batata e cevada. Só depois as barracas que serviam de primeira moradia eram substituídas por modestas
construções, feitas com madeira rachada por machado ou táhuas cortadas à mão,em geral unidas por cipós. Na fig. 1 pode-se ver uma foto que mostra este tipo de habitação.
Fig.l - Foto que mostra o estilo de cobertura de residências na época (Primeira residência de Wilhelm Schunemann)
Fonte: arquivo da família.
Das primeiras quatro famílias, Wilhelm e Emma Hasse, August e Ida Hasse, Reinhold Schünemann e Wilhelm Schünemann recupera-se a seguir algumas informações que são importantes para constituir a história da colonização desta localidade.
Família de Wilhelm Hasse
Wilhelm Hasse adquiriu uma propriedade localizada a leste de onde está hoje a sede da comunidade,distante desta cerca de 2 quilômetros,e que pertence, até hoje, a seus descendentes. Ele nasceu em 24 de outubro de 1866, em NeuRestow, na Pomerânia, então território da Prússia, e faleceu em 30 de agosto de 1934, na então Serra do Cadeado. Foi o primeiro presidente da comunidade, cargo que ocupou desde a fundação até 1929. Exerceu também os cargos públicos de inspetor de quarteirão(a partir de 1905), subintendente de Serra do Cadeado (a pai'tir de 1920) e subprefeito. Sua esposa, Emma Hasse (nascida Hettwer), nasceu em 25 de agosto de 1875 em Mittelwalde, na Alemanha,e faleceu em 3
de janeiro de 1950 em Santa Rosa. Seu corpo foi sepultado em Rincão Seco. Tem-se registros fotográficos desses dois pioneiros, apresentados nas figuras 2 e 3.
Fig.2 e 3 - Fotos de Wilhelm e Emma Hasse, respectivamente
August Friederich Carl Hasse, irmão de Wilhelm, adquiriu uma propriedade contígua às terras do irmão. Ele nasceu em 23 de julho de 1871 em Neu-Restow, Pomerânia,e faleceu em 6 de janeiro de 1934 em Santa Rosa. Casou-se em 15 de dezembro de 1893,em Paraíso do Sul, com Ida Forsch, nascida em 16 de novembro de 1873 naquela localidade. A figura 4 mostra o Sr. August em uma tomada fotográfica da época.
Fig. 4- Foto do Sr. August Friederich Hasse
mWilhelm Schünemann, outro pioneiro, comprou uma propriedade em frente ao local que, mais tarde, abrigaria a sede da comunidade. Essas terras ainda hoje pertencem a seus descendentes. Ele nasceu em 19 de fevereiro de 1879 em Paraíso do Sul. Em 28 de julho de 1905 casou-se com Emma Steyding, nascida a 5 de abril de 1885 naquela localidade. Wilhelm faleceu em 28 de julho de 1955 e Emma,em 6 de abril de 1966, ambos em Rincão Seco.
Na figura 5 aparecem o casal Wilhelm e Emma Schunemann.
Eig. 5 - Eoto do casal Wilhelm e Emma Schunemann
uma
Este também comprou propriedade próxima à do irmão, Wilhelm. Ele nasceu em 28 de julho de 1874 em Paraíso do Sul e faleceu em 23 de novembro de 1934 na Serra do Cadeado. Casou-se em Serra do Cadeado com Sophie Krãulich, nascida a 9 de setembro de 1890. Sophie faleceu em 12 de fevereiro de 1957, em Três Passos. A figura ao lado é uma foto desse pioneiro.
Fig. 6- Foto em que aparece Reinhold Schunemann - ao lado
%
Fonte: arquivo da famíliaEm 1902, as notícias de terra abundante e fértil atraíram mais colonizadores, também oriundos da Colônia Santo Ângelo, também evangélicos luteranos. Nesse ano vieram as famílias de Gustav Ladwig, Paul Huth e Gustav Drews. No ano seguinte chegaram as famílias de Peter Kraulich e Ferdinand Ladwig. Os registros de fundação da Comunidade Evangélica apontam para outras famílias, como Ehlers, Lückemayer, Thiemann, François, Geiss, mas até aqui não se obteve registros quanto a sua chegada na localidade.
A chegada de novas famílias sempre representou um fortalecimento para, integradamente, desenvolverem as atividades. Muitas dessas atividades, se feitas no coletivo, tomavam-se menor fai‘do. O auxílio mútuo e a solidariedade eram necessários para a superação de dificuldades individuais e nisso estavam apoiados nas palavras de Hebreus 10:24-25,onde se lê ''Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e as boas obras. Não deixemos de
E foi com esse espírito que constituíram a comunidade evangélica, da qual se trará alguns fatos históricos na seção seguinte. congregar-nos...
O forte espírito de fé cristã e congregação de famílias logo fez sentir a necessidade de buscar a presença de um ministro da Igreja para aprofundar as reflexões nos encontros, por mais que estavam cientes de que “perto está o Senhor de todos os que o invocam...Ele acode à vontade dos que o temem; atende-lhes ao clamor e os salva”( Salmo 145:18-19). A formação cristã em comungar em cultos pôde se tomar realidade na nova terra quando em 1903 comparece ao núcleo o pastor Herrmann Rosenfeld, que nesse mesmo ano havia chegado da Alemanha, vinculado à Comunidade Evangélica Sinodal de Ijuí. Como ainda não havia um local específico para esse fim, as reuniões religiosas aconteciam nas casas de alguns colonizadores, principalmente nas dos senhores Peter Krãulich e Gustav Drews. Essas reuniões religiosas permitiram que se fortalecesse a compreensão de que em todos os dias a presença do Senhor se fazia sentir, como bem diz Mateus 28:20“E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século”.
Além das dificuldades materiais do início, também a fé unia os imigrantes e mostrava a eles a necessidade de se fortalecerem em uma comunidade,o que não tardou a acontecer. Eorte se fez o enunciado do salmo 133, 1,3b, quando diz ''Como é bom e agradável que o povo de Deus viva unido como sefossem irmãos...Pois é em Sião que o Deus Eterno dá a sua benção, a vida para sempre”. Forte porque em 5 de novembro de 1903, 12 famílias alemães evangélicas vivendo no território da atual localidade de Rincão Seco, se reuniram para fundar a Comunidade Evangélica Santíssima Trindade. Como o idioma predominante era o alemão a denominação original dava-se por Evangelische Kirchengemeinde und Gemeindeschule Heilige Dreieinigkeit.
Pode-se, assim, dizer que a história da Comunidade Evangélica Santíssima Trindade começa em 29 de setembro de 1901, quando da chegada à atual localidade de Rincão Seco dos primeiros colonizadores de origem alemã. Junto com aqueles os demais que chegaram constituíram o primeiro grupo de membros, que se menciona a seguir, como sendo: AdolfEhlers,Anton Lückemayer, August Hasse, Eritz Thiemann,Herrmann Drews, João François, Karl Geiss, Paul Huth,Peter Krãulich,Reinhold
Schünemann,Wilhelm Hasse,Wilhelm Schünemann. A Comunidade Evangélica Santíssima Trindade foi a primeira comunidade religiosa fundada no território do hoje município de Augusto Pestana.
Em 1929, Wilhelm Hasse deixou a presidência da comunidade, sendo substituído por Karl Kleinert.
Da sua fundação até hoje, ocuparam o cargo de presidente da comunidade os seguintes senhores; Wilhelm Hasse (1903 a 1929), Carl Kleinert (1929 a 1951), Alberto Emílio Drews (1951 a 1956), Alfredo Otto Drews(1956 a 1967 e de 1973 a 1977),Edvino Voigt(1967 a 1973), Helwin Gustavo Zollinger (1977), Aldino Voigt (1977 a 1981), Egon Pedro Heuser (1981 a 1985), Sighart Emi Drews (1985 a 1989), Egon Pedro Heuser (1989 a 1991), Orlando Oldemar Drews (1991 a 1995), Hubert A. Drews (1995 a 1999) e Amo B. Ladwig (1999 a 2003). O atual presidente é o senhor Darci Wrasse.
No decorrer destes 100 anos de existência a Comunidade Evangélica Santíssima Trindade contou, para a solidificação da fé cristã entre seus membros, com inúmeros ministros da Igreja. Todos esses sempre agiram imbuídos no que expressa 1 Timóteo 4:6“Expondo estas cousas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, alimentando com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido”. Contou a Comunidade na maior parte do tempo com a presença da hoje Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, por suas instâncias no Estado, a qual viabilizou a que os Pastores pudessem dar conta da ordem divina de“Ide, portanto,fazei discípulos de todas as nações...ensinandoos a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado” 28:19). Fez-se uma recuperação de informações sobre a presença desses ministros de Jesus Cristo e pode-se estruturar o quadro apresentado abaixo, mencionando nome daqueles pastores e respectivo período em que atuaram na Comunidade.
Nome
Há registros de que no ano de 1905, houve um desentendimento entre a comunidade e o Pastor Rosenfeld, que pertencia ao Sínodo RioGrandense'. O conflito fez com que os fiéis passassem a ser atendidos por reverendos ligados à Igreja Luterana originária de Ohio, no estado do Missouri, Estados Unidos^. De 1905 a 1922, prestaram serviços à comunidade os Pastores Wittrock, Müller, Ebelke e Dicke. Somente em 22 de julho de 1922, com o Pastor Sauer, a comunidade voltaria a ser atendida pelo Sínodo Rio-Grandense.
O pastor Unterbáumer é também um nome muito lembrado pelos membros mais antigos da comunidade, não apenas pelo seu atuante trabalho frente à igreja, mas também por ter sofrido as consequências da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado das forças aliadas, em 1942. Ele foi várias vezes preso por ser estrangeiro, tendo permanecido por mais de dois anos em uma ilha. Chegou a ser preso enquanto exercia suas atividades de pastor, em Rincão dos Müller.
Em 1942, com o afastamento do pastor Unterbáumer, encerra-se o período em que a comunidade fora atendida por pastores estrangeiros, todos alemães. As longas distâncias a serem vencidas entre a mata nativa da região impunham aos primeiros pastores dificuldades com as quais não estavam acostumados na sua terra natal e para as quais os seus anos de estudo de teologia certamente não os haviam preparado. Muitos não sabiam andar a cavalo e tiveram que aprendê-lo para que pudessem chegar até os fiéis. Somente em 1957 a paróquia adquiriu um carro para o deslocamento do pastor.
Lembranças: Fatos que marcaram a Comunidade
Sem dúvida inúmeros fatos perpassam à mente dos descendentes, alguns registrados em documentos e outros passam de geração a geração. Construir um relato disso é um desafio sem fim. Cabe,talvez, um esforço aos atuais membros para organizar as infonnações e dar continuidade ao que aqui se começa a sistematizar. O que aqui se trás são algumas lembranças que podem dar uma noção do muito que os pioneiros passaram.
Tem-se como um fato registrado aquele que relata sobre o desmatamento da área que seria a sede da comunidade, em que aparece a marca da tragédia. Vários homens da comunidade estavam envolvidos com o trabalho e muitos portavam armas, pois havia sempre o temor de um confronto com algum animal selvagem. Durante os trabalhos, um dos colonizadores,o senhor Gustav Drews,que participava dos trabalhos, sofreu um acidente com sua espingarda ao caminhar em meio às árvores caídas. A arma disparou, atingindo uma das pernas do imigrante.
Não havia atendimento médico nas proximidades, e a forte hemorragia na perna obrigou os familiares a levarem o senhor Gustav Drews, de carroça, até Cruz Alta, onde pôde ser atendido. Ele passou por sucessivas amputações na perna,sem sucesso. Faleceu em 23 de maio de 1904 e foi enterrado na sua propriedade, no alto de uma coxilha. Os restos mortais somente foram removidos para o cemitério da comunidade em 1925, depois do falecimento de sua esposa, Auguste Brach Drews.
Os primeiros anos do século passado também testemunharam o desenvolvimento da região onde hoje está a cidade de Augusto Pestana, que recebeu vários imigrantes vindos das colônias velhas, principalmente de Cachoeira do Sul, Venâncio Aires, Lajeado e Estrela. A localidade se desenvolvia,e surgiam casas comerciais, restaurantes, moinhos,serrarias e pequenas indústrias. Em 1908, na então Serra do Cadeado, atual sede do município, foi fundada a Comunidade Evangélica Santo André. Em 1923 houveram entendimentos entre a Comunidade Evangélica Santíssima Trindade e a Santo André para formar uma Paróquia Evangélica, vindo a ser criada a Paróquia Evangélica de Serra Cadeado, cujo primeiro pároco foi o pastor Sauer. Os esforços das duas comunidades permitiram construir a casa pastoral, sediada na então vila Serra do Cadeado. Tem-se na figura 7 uma visão fotográfica dessa casa pastoral.
Fonte: arquivo da Paróquia.
Em 1963, vários membros se desligaram da Comunidade Evangélica Santíssima Trindade e participaram da fundação da Comunidade da Paz, em Rincão dos Müller, que foi integrada à Paróquia Evangélica de Augusto Pestana. Em 1968, a Comunidade Evangélica Santíssima Trindade se filiou em definitivo ao Sínodo Rio-Grandense. No mesmo ano são aprovados seus estatutos.
A comunidade também guarda um grande caiinho pelos pastores Hilton e Christiane, que a atenderam até 2002, e reconhece a dedicação com que incentivaram a união e a manutenção do espírito comunitário de seus membros. Foi do trabalho deles que se originaram os grupos Reencontro de Casais, que visa renovar e fortalecer os laços que unem os casais reencontristas, e Legião Evangélica, integrado por homens, que se reúne para meditação e palestras. Os dois grupos funcionam em nível paroquial.
A comunhão dos pioneiros colonizadores se fez presente nestes 100 anos, não só no fato de manter-se a Comunidade Evangélica, de relembrar fatos, mas principalmente a cada tempo desenvolver-se todas as atividades inerentes e demandadas pelos membros. Eclesiastes 3:1-8 indica que '"Tudo tem o seu tempo.... Há tempo de nascer, e tempo de morrer... tempo de buscar, e tempo de perder". Assim a Comunidade edificou seu templo, planejou e desenvolveu as estratégias de educação de seus filhos, cuidou da fonnação cristã de seus jovens, desenvolveu ações de amparo aos seus membros que necessitavam e necessitam de conforto espiritual e por vezes material. Estas demandas serão objeto de apresentação de informações nos capítulos seguintes.
A fundação da Comunidade Evangélica formaliza a edificação da Igreja de Cristo. Uma Igreja não representada pelo material mas sim pelo ser cristão. Lê-se em Castelo Forte (2000) que “ Quem conhece e vive a verdade do amor de Deus, revelado em Jesus Cristo, éfüho e, como tal, é participante da verdadeira Igreja cristã, a comunhão dos santificados por Deus Espírito Santo''. Estes princípios do Trino Deus, denominação usada por esta Comunidade,evidencia também que é mais importante ao cristão ser Igreja, uma Igreja que consiste de uma edificação que tem Deus como pedra angular, e não estar na Igreja.
A comunidade ao ser Igreja também quer comungar. Comungar significa encontro e encontro requer espaço físico. Surge, então,também na Comunidade Evangélica Santíssima Trindade esta necessidade de um espaço para encontros, para ouvir a palavra de Deus. Impõe-se então o esforço de seus membros para iniciar a construção de um prédio que servisse de templo e também de escola, uma vez que a educação cristã era uma necessidade colocada. Ainda em 1903 foi adquirida do senhor Paul Huth, para esse fim, uma propriedade de 5 hectares'. Para se ter uma lembrança do Sr. Paul Huth apresenta-se uma tomada fotográfica que aparece na figura 8. Fig. 8 - Foto do Sr. Paul
Huth.
A construção do prédio, iniciada em 1904, exigiu um grande esforço de todos os membros. Toda a madeira utilizada foi serrada à mão e uma parte dela foi cedida pelo senhor Wilhelm Schünemann, que tinha a intenção de usá-la na construção de sua residência. O prédio foi concluído em 1905, e o pastor Rosenfeld, que ainda atendia a comunidade, pôde reunir os fiéis em um local apropriado aos cultos religiosos. A figura 9 mostra uma imagem fotográfica desse prédio.
Fig.9 - Foto do prédio que abrigou o primeiro templo e escola da localidade.
Deu-se, assim, a definição de um ponto físico, geográfico, para desenvolver as inúmeras ações de louvor, de busca de formação cristã. Muito havia a ser feito e os colonizadores guiaram-se por Colossenses 3:17, que diz “E tudo quefizerdes, seja em palavra, seja em ação,fazeio em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” E o verbo foi e está se cumprindo,as palavras foram e continuam sendo pronunciadas em louvor ao Senhor,e também as ações assim o são. Muitas dessas ações quer-se trazer a tona nas linhas seguintes, quando se fala sobre o culto infantil, o ensino confirmatório, as bênçãos matrimoniais, as intercessões pelas almas de membros e o amparo espiritual aos enlutados.
Ao reunir-se no templo as famílias que integram a Comunidade tem a oportunidade de estabelecer um diálogo com Deus, de conversar com Deus.São os cultos que permitem isso de uma forma coletiva,embora sempre presente a palavra bíblica de que Deus está em todos os lugares onde alguém o invoca. Mas, em especial, o culto no templo permite a comunhão das pessoas entre si e com Deus.
A tradição tem sido de contar nos cultos com a expressão musical e canto coral como instrumento de louvor. Por longos anos a expressão se dava pela língua alemã, até que houveram restrições legais no País que impediam manifestações em língua estrangeira, forçando então o uso do português. A proibição só foi revogada com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Então os cultos passaram a ser alternadamente em português e em alemão. Aos poucos,o idioma original foi perdendo espaço para a língua oficial do país, para desgosto dos membros que não dominavam o português.
É também nos cultos que os membros podem comungar com Deus através da Santa Ceia,regularmente opoitunizada. A Santa Ceia representa o acesso dos cristãos ao airependimento de seus erros, o que consolidam através do contato com o corpo e sangue de Cristo, representado pelo pão e pelo vinho, como expressa 1 Corintios 11:23-25 “O senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, tendo dado graças, o partiu e
disse: isto é o meu corpo, que é dado por vós;fazei isto em memória de mim, e por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo:fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim'\
Nesses 100 anos de sua existência a Comunidade Evangélica acolheu pelo ato batismal a 1.423 crianças,todas filhos(as)de membros.Esse ato de fé permitiu e permite, ainda,que se cumpra a palavra de Deus,quando expressa “ Deixai vir a mim as crianças, pois delas será o reino dos céus'\ O batismo nesta Comunidade sempre foi tido como um sinal incondicional do amor de Deus,e por ele Deus manifesta a sua misericórdia e perdoa a todos. Castelo Forte(2000).
Certamente a leitura de Efésios 6:4 fez inspirar os criadores do culto infantil, pois ali alerta a “ Pais....criai-os[vossosfilhos] na disciplina e na admoestação do Senhor". A isso vem se agregar a presença de 2 Timóteo 3:14-16 que reforça esta orientação ao expressar que“ Tu,porém, permaneces naquilo que aprendestes, e de quefoste inteirado, sabendo de quem o aprendeste, e que desde a infância sabes as sagradas letras....toda escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça"
Os cultos infantis foram iniciados ainda na década de 30 pelo pastor Müller,que dedicava os trinta minutos que antecediam o culto tradicional às crianças. Na década de 50 o Culto Infantil passa a ser oferecido para as crianças da comunidade nos mesmos horários do culto tradicional. A partir daí, nos anos 50, o Culto Infantil passa a ser conduzido pela esposa do pastor. Hoje é um serviço feito voluntariamente porjovens da comunidade e sustentado pela OASE,que financia a aquisição de livros, brinquedos, presentes e de todo material necessário. O objetivo do Culto Infantil é oferecer às crianças atividades lúdicas de cunho religioso. Para futuras lembranças registra-se na figura abaixo em foto um grupo de crianças que freqüentam o culto infantil.
Fig 10 - Foto que mostra um grupo de crianças em culto infantil.
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Fonte: arquivo da Comunidade
Em 1992, houve a desativação do prédio da Escola Santíssima Trindade,que naquela épocajá era pública e contava com prédio próprio. Assim a Comunidade pôde passar a usar esse prédio para algumas de suas atividades. Foi então decidido que o prédio passasse a ser utilizado pela comunidade, em especial para o Culto Infantil.
o ensino confirmatório é também um ato de educação do jovem evangélico para uma formação cristã. No batismo os padrinhos e pais respondem pela criança a aceitação de ser Igreja, de trilhar o caminho da Salvação,contudo na adolescência faz-se necessário preparar ojovem para encontrar-se com a sua Igreja, para seguir o que se lê em João 14:6 “....Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”. É no ato da Confirmação, um ato, um culto, que reúne a Comunidade para acolher o jovem a partir de sua confirmação, de viva voz, de que aceita ser membro da Igreja e professar a fé cristã. Nesses cem anos ocorreram 1.013 acolhimentos, isto é, 1.013 jovens que confirmaram a sua entrada no caminho para o Pai.
Há referências bíblicas de que Deus entendeu não ser bom que o homem viva só, respaldado pela criação de Eva para a companhia de Adão.O encontro do homem e da mulher para uma vida a dois representa a busca de comunhão. Opta esse casal por uma caminhada de afetos, de renúncias, de alegrias e provações. Sabem eles o quanto é necessário dar-se um ao outro. Para tal buscam a intercessão da comunidade e a benção de Deus. A Comunidade Evangélica de Rincão Seco pôde,nestes cem anos de sua existência, compartilhar a decisão de 316 casais que buscaram a benção matrimonial.
As festas como sinal de encontro
Inúmeras são as passagens bíblicas que fazem referências aos encontros de cristãos. Fala das bodas de Caná, na ceia de acolhimento aos discípulos, das festas das barracas. Encontros cristãos são formas de culto a Deus, pois as pessoas mostram a sua fraternidade, se abraçam, se comunicam. São formas de dar o descanso ao corpo e a mente, como bem o fez Deus ao descansar ao sétimo dia, após ter trabalhado na criação do mundo por seis dias.
O louvor pela colheita através da Festa da Colheita tem sido uma tradição na Comunidade. Trata-se de uma ação de graça a Deus por ter dado fertilidade à teiTa, à semente, por ter permitida a umidade e o oxigênio necessário ao brotar e ao crescer. Graças a Deus por ter oportunizado o pão de cada dia, pão não só para alimentar o coipo mas pão para a mente - no caso o acesso à sua palavra.
Inspirados na tradição dos pioneiros que buscaram nas festas da comunidade o momento do encontro, ainda hoje se cultiva a realização das mesmas. Anualmente ocorre a Festa da Comunidade, em setembro, e em 2003,em especial representa um momento de muito agradecimento pelo fato de a Comunidade Evangélica completar seu primeiro século, e pelo fato de que nesse século sempre se fez sentir a palavra de Deus escrita em Mateus 28:20, que diz “ E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”.
A comunhão dos membros da Comunidade também se fez forte nos momentos de dor e tristeza pela perda de integrantes. A formação de seus membros sempre teve presente o que está expresso em João 3:3 quando diz“Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus",e assim a morte de entes queridos, de membros da comunidade,é,em verdade,um nascer de novo,e portanto a grande graça de Deus de ver o seu Reino e nele habitar.
Nesses cem anos foram registrados 346 falecimentos de membros da Comunidade, e nestes casos há a presença da Comunidade nos atos de sepultamento e em especial na oferta de consolo espiritual aos enlutados. É comum que ocorram cultos em memória e de intercessão, onde a Comunidade compartilha a perda com os familiares.
Constam nos registros da Comunidade que o pequeno prédio de madeira que abrigara o primeiro templo, construído pelo árduo trabalho de todos os membros e do qual restam apenas fotos, serviu à comunidade até o ano de 1951, quando novos esforços já haviam erguido uma igreja e um novo prédio para a escola. Por volta de 1954 foi derrubado e sua madeira reutilizada na construção da Casa da Comunidade, na época conhecida por Gemeindehaus. A Casa da Comunidade era destinada a reuniões da Oase,da Juventude,do Culto Infantil e do coral e à realização de assembléias.
O templo que substituiu aquele fez-se necessário pelo crescimento da comunidade, que em 1926 já reunia cerca de 70 famílias. Naquele mesmo ano iniciou-se então a constmção de um novo templo, com um projeto em estilo gótico a cargo do engenheiro Walentowitz, de Ijuí'. Durante o período em que duraram os trabalhos, esteve ele hospedado na casa do imigrante Robert Drews.
A construção novamente envolveu toda a comunidade, que agora se via frente a um desafio ainda maior do que a construção do primeiro templo. Os mais antigos membros ainda se lembram do esforço necessário para tirar a água do poço e buscar a areia no rio Ijuizinho. Os tijolos vinham de carroça da olaria do senhor Robert Drews, na propriedade que hoje pertence à senhora Norma Drews, na atual localidade de Paraíso. A igreja foi concluída no ano seguinte e inaugurada em 4 de dezembro de 1927.
Alguns membros mais antigos lembram-se que a comunidade contratou um pintor em Ijuí, de sobrenome Dunte,para decorar as paredes internas da igreja. A pintura incluía, à esquerda de quem entrava no templo, uma imagem simbolizando a Santíssima Trindade (uma pomba sobre um triângulo, dentro do qual havia um olho e, abaixo, um cálice) acompanhada das palavras “Gottvater, Sohn und Heiliger Geist”. À direita, uma imagem de Jesus Cristo trazia uma citação bíblica: Lasset die Kinder
s íí zu mir kommen”. Havia ainda, sobre o púlpito, um semicírculo com a frase “Dein Wort ist die Wahrheit”. Essas pinturas foram removidas, provavelmente em 1942, quando a língua alemã foi proibida no Brasil. A figura 11 mostra a visão fotográfica desse templo.
Fig 11- Foto do Templo da Evangélica Santíssima Trindade - inaugurado em 1927.
Comunidade .»s ' .
Fonte: arquivo da Comunidade
Em 1953, para comemorar os 25 anos de sua construção, a igreja foi renovada,pintada e recebeu nova cobertura.Em 1986,o antigo prédio da Igreja foi demolido. Em setembro do mesmo ano,foi lançada a pedra angular da nova igreja. No ato estiveram presentes várias autoridades e pastores. A construção do novo templo foi realizada com a participação de todos os membros da comunidade, que contribuíram com dias de serviço e dinheiro. A figura 12 mostra o ato de lançamento da pedra fundamental deste prédio.
Fig.l2 - Ato de lançamento da pedra fundamental do novo templo
Fonte: arquivo da Comunidade
o novo prédio foi inaugurado em 13 de setembro de 1987, com uma grande festa. Foram escolhidos como 1° e 2° padrinhos os senhores Alfredo Drews e Teobaldo Menno Voigt. Como T e 2'' madrinhas foram escolhidas as senhoras Ema Wunder e Ema Voigt. A figura 13 mostra em foto um momento do ato inaugural do templo atual.
Fig. 13 - Foto do Ato inaugural do templo atual.
pela educação a busca da cidadania na visão cristã
Forte foi a preocupação dos pioneiros em oportunizar a transmissão de conhecimentos aos seus descendentes. Havia a necessidade de orientar os filhos para o exercício das atividades de cultivo,transmitir-lhes os valores morais, éticos, culturais e religiosos. Havia entre os pioneiros a percepção de que “ Feliz o homem que acha sabedoria e o homem que adquire conhecimento; porque melhor é o lucro que ela dá do que o da prata...do que o ouro mais/ino”(Provérbios 3:13-14). Essa força e inspiração permitiu a rapidez com que os colonos, reunidos em uma comunidade, fundaram uma escola. Tem-se nisso indicativos da grande fé dessas pessoas e da importância que davam à educação de seus filhos, características que se perpetuaram entre seus descendentes e se mantêm até hoje. A importância dada ao ensino é uma forte herança de Lutero, que traduziu a Bíblia do latim e defendeu a disseminação das letras para que todos pudessem lê-la.
Como se disse anteriormente o prédio que abrigaria o templo religioso também serviría para o funcionamento da escola. Assim o mesmo prédio mostrado na figura 9 representa, em mais uma evidência de pioneirismo, a primeira escola da então colônia Serra do Cadeado,posta em funcionamento em 1905. Em Janeiro daquele ano começaram as aulas, ministradas pelo professor Rux e assim se instala a Escola Evangélica Santíssima Trindade de Rincão Seco. A primeira turma era composta por 16 alunos: AdolfDrews, Albert Hasse, Alma Schmidt (nascida Huth), Anna Martens (nascida Hettwer),Arthur Drews,August François,Bemhard François,Carlos Hasse, Edmund Lückemayer,Erwin Hasse,Laura Lückemayer(nascida Krãulich), Luiza Bruxel (nascida Hasse), Max Hettwer, Paulina Milbradt (nascida Lückemayer), Walter Krãulich e Wilhelm Hettwer.
Os mais antigos membros da Comunidade Evangélica Santíssima Trindade lembram com carinho da professora Melita Henrich, a primeira oriunda do então seminário de São Leopoldo, e que serviu à comunidade de 1933 a 1939. Rigorosa, Melita exigia muita disciplina de seus alunos. A educação que se ministrava tinha profunda formação religiosa, pois no início e no final das aulas, ministradas em alemão, eram marcados por orações que, de tanto serem repetidas, se mantiveram na memória de seus alunos.
Isto é lembrado por uma das alunas, a senhora Erna Wunder, que rememorou as duas orações que diariamente eram feitas pai'a dialogar com Deus e pedir a sua proteção e auxílio no processo de ensinaraprender. Para fortalecer este histórico faz-se, no quadro abaixo, a transcrição em língua alemão, que era predominante na época.
Quadro 2-Texto das duas orações feitas em aulas da Escola Evangélica.
Lieber Gott und Herr, Gibt mir zum Gedachtnis, Neue Lust und Krãfte Greife du mich an Das ichfolg und leme, Das ich deine Bahn Treulich geh und gerne Amen. (No início das aulas)
Fonte: Ema Wunder (2003)
Wir gehen aus der Schulefort Herr bleib bei uns Mit deinem Wort Mit deinem reichen Segen Aufallen unseren Wegen Amen. (Nofinal das aulas)
Ainda como lembrança registra-se na figura 14 uma imagem fotográfica de uma das turmas de alunos onde aparece a Prof. Melitta.
Fig 14Foto da Prof. Melitta com uma de suas turmas alunos.
As atividades de educação funcionaram nesse pequeno prédio de madeira até o ano de 1951, quando um novo prédio se construiu para a escola. Nesse ano se comemoravam os 50 anos da colonização de Rincão Seco e foi nesta época em que os membros da Comunidade Evangélica Santíssima Trindade se organizaram para construir um novo prédio para a escola. Construído em alvenaria, no curto prazo de 42 dias, o prédio tinha 80 m“(8 metros x 10 metros) e custou aproximadamente Cr$ 42.000,00, pagos pelos membros da comunidade. Foi inaugurado em 17 de junho de 1951. Vê-se na figura abaixo uma foto desse prédio.
Fig 15 - Prédio da Escola inaugurada com turma de alunos conduzida pelo Prof Koester.
Para a inauguração, a comunidade organizou uma festa, que foi precedida de culto religioso e ato solene, com discursos de autoridades e leilão dos cargos de padrinhos. Estes foram arrematados pelo médico Orlando Dias Athayde, por Cr$ 1.300,00, pelo presidente da Câmara Municipal de Ijuí, Eugênio Michaelsen, por Cr$ 700,00, e pela senhora Anilda Drews, esposa do presidente da comunidade, Alberto Drews, por Cr$ 500,00.
Na condição de padrinho, o senhor Athayde delegou a honra de abrir a porta do novo prédio ao morador mais antigo da região na época,o senhor Teodoro Gehrke.
Fonte: Arquivo da ComunidadeEm 1954 foi iniciada a construção de um novo prédio, também de alvenaria, como mostra a foto na figura 16, que serviría de moradia para os professores da escola. A pedra fundamental do prédio foi lançada em 26 de setembro de 1954, durante as comemorações dos 50 anos de fundação da comunidade.
Fig. 16 - Foto em que aparece o prédio da residência do professor
Professor W. Benke 1932 1928
Professora Melita Henrich 1933 1939
Professora Irene Klever 1941 1943
Professor Florencio Berger 1944 1944 1966 Evaldo Koester 1944
Fonte: arquivo da Escola e da Comunidade
Os professores vinculados a essa Escola, além de educadores, desempenhavam também um papel de liderança comunitária, com forte envolvimento em atividades e projetos comunitários.Em especial retomase aqui a atuação do Prof Koester, visto na figura 17, uma vez que, juntamente com sua esposa Elli - neta de pioneiros - envolveram-se com o canto coral, educação de jovens, festas natalinas e outras atividades, o que os credencia para memoráveis lembranças de seus exalunos e de toda a comunidade local.
Eig 17esposa.
Prof . Koester e sua
No ano de 1957, a Escola Evangélica Santíssima Trindade passou a integrar a rede municipal de ensino de Ijuí, deixando de ser uma escola particular e mudando sua denominação para Escola Municipal Santíssima Trindade. A partir de então, os seus professores passaram a serem pagos pelo poder público municipal. Atuaram a partir daí os professores abaixo.
Em 1984,a Prefeitura de Augusto Pestana construiu um novo prédio para a Escola Municipal Santíssima Trindade. A área da nova escola é de 48 m“. Com isso, o antigo prédio passou a ser utilizado pela comunidade como sala de reuniões. Em 1989, a prefeitura, com apoio da comunidade e da Juventude,construiu uma quadra de esportes na sede da comunidade. Tem-se imagens dessa escola e da quadra nas figuras 18 e 19.
Eig 18 - Prédio atual da Escola Municipal Santíssima Trindade Eig 19 - Quadra de esportes da Escola Municipal Santíssima Trindade 4. Vr.l
Em 1992,o prédio deixou de abrigar a Escola Municipal Santíssima Trindade. O prédio passou a ser utilizado pela comunidade para o Culto Infantil, continuando, assim, o prédio com suas funções originais, ou seja, a serviço da educação.
O grupo de jovens da comunidade, conhecido como Juventude Evangélica, se reuniu pela primeira vez em 1950, organizado pelo pastor Radtke. Participam do grupo todos os jovens membros que já foram confirmados. Nos seus primeiros anos, a Juventude se reunia duas vezes por mês,em encontros de cerca de uma hora, para estudar a Bíblia, meditar e orar. Osjovens também se dedicavam a atividades lúdicas,como o canto, jogos e excursões. Desde o princípio, o grupo é coordenado pelo pastor da comunidade.
Fig. 20 - Foto que mostra Grupo da Juventude Evangélica localjovens que atualmente estão na faixa etária dos 55 a 70 anos.
Em 1954, com a construção da Casa da Comunidade, a limpeza e a conservação do prédio ficaram a cargo da Juventude. Em 1957, durante a r Assembléia Geral da Juventude,foram definidos e aprovados os estatutos que regulamentam os direitos e deveres dos membros do grupo de jovens.
Atualmente se mantém os trabalhos de envolvimento do jovem na Comunidade Evangélica. O grupo, em foto recente apresentada na figura 21,se encontra para estudos e reflexões da Palavra de Deus e para encontros sócio-cultural-esportivos.
SECO - A solidariedade cristã pelas mãos das senhoras evangélicas
O ano de 1940 é mai-cado pela fundação da Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas(Oase),conduzida pelo pastor Fríedrich Unterbãumer, que então atendia a comunidade. As fundadoras foram as senhoras Anna Boeck,Beitha Hasse,Elly Gehrke,Emma Hasse,Frida Müller,Lilly Kunde, Lina Hasse, Lora Kunde, Mathilde Kunde, Milda Müller e Olga Hettwer. Por ocasião das festividades de cinquentenário de fundação da OASERincão Seco fez-se a tomada fotográfica,figura 22,das senhoras fundadoras ainda atuantes,juntamente com o pastor Unterbãumer.
Fig 22 - Senhoras fundadoras da OASE ainda atuantes por ocasião do Cinquentário: da esquerda para direita: Elly Gehrke, Ana Boeck, Lora Kunde, Milda Heidrich, Frida Roepke, Lili Schunemann e Pastor Unterbãumer.
As primeiras reuniões da OASE eram mensais e oconiam na casa da primeira presidente, Mathilde Kunde,sob a orientação do pastor Unterbãumer. Desde sua fundação a OASE se dedica a prestar auxílio a jovens e idosos da comunidade, em especial àqueles que necessitam de auxílio ou amparo espiritual. Para isso, o grupo de senhoras obtém recursos com a venda de peças de artesanato e faz visitas a casas de pessoas que necessitem de atenção. Na figura 23 tem-se uma tomada fotográfica de um desses momentos em que as senhoras estavam envolvidas em serviços de apoio.
Em 1990, a OASE comemorou seus 50 anos de atividades. Para celebrar a data foi organizada uma grande festa com a presença do fundador do grupo da ordem nesta localidade,o pastor Unterbãumer,então residindo na Alemanha e que veio especialmente para as comemorações.
O grupo de OASE tem mantido expressivo número de senhoras envolvidas, como se vê em foto alusiva ao cinqüentenário, o que continua sendo uma realidade atual.
Fig 24 - Foto de grupo da OASE quando do seu cinqüentenário em 1990.
Fonte: arquivo da Comunidade
As seguintes senhoras foram presidentes da OASE,nos seus mais de 60 anos de atividade: Mathilde Kunde, Norma Voigt, Selma François, Ada Drews, Milda Schünemann, Edith François, Fora Kunde, Dolores Heuser, Hedi Wunder, Renate Drews, Wanda Hasse, Nelci Drews e Gertrud Drews. A atual presidente é a senhora Isolde Heuser. As demais membras que integram a diretoria são pela vice-presidente, Anélia Müller, pela secretária, Rosane Wrasse, pela vice-secretária, Sueli Gehrke, pela tesoureira, Edelgard Drews, e pela vice-tesoureira, Marli Rigon.
As senhoras da OASE reúnem-se todos os meses, sempre na primeira quarta-feira. A ordem congrega hoje 58 membros. A cada 30 dias, em média, a OASE organiza visitas a doentes, enlutados, idosos ou membros afastados da comunidade. Conta com um coral, dirigido pela senhora Lora Kunde,formado por 11 vozes, além da regente.
Desde o início da comunidade a vocação para a música e para o canto coral é expressiva. A professora Melita, além de professora, tinha grande interesse pela música, tanto que, aos sábados, ministrava aulas de canto para seus alunos. Também sabia tocar harmônio e como manifestou interesse em fazê-lo durante os cultos, a comunidade se organizou para adquirir o instrumento. Em 1934, uma festa arrecadou recursos para a compra de um harmônio da marca Bohn, modelo n° 4, da fábrica J. Edmundo Bohn, de Novo Hamburgo, até hoje utilizado.
A partir de 1939, com a saída de Melita do cargo de professora da comunidade, uma de suas alunas, Lora Kunde, se dispôs a tocar o instrumento durante os cultos,o que foi prontamente aceito pela comunidade. Lora, que aparece na foto da figura 25,juntamente com sua irmã Meta que a acompanhava no canto, desempenhou essa função de 1940 a 1995.
Fig.25 - Foto de Lora Kunde ao órgão hoje existente - ao lado Meta Kunde.
Fonte: arquivo de Lora Kunde
Também a forte tradição luterana para o canto teve suas manifestações na Comunidade Evangélica Santíssima Trindade, em dois momentos. O primeiro foi no final da década de 40(não se sabe ao certo se em 1948 ou em 1949), com o início das atividades do coral misto da comunidade.
Durante a sua existência, até 1985, o coral foi alternadamente dirigido pelos senhores Vergílio Ruwer e Osvaldo Kunz. A sua primeira apresentação aconteceu em 18 de novembro de 1949,durante um enterro. Os dois regentes aparecem nas fotos apresentadas nas figuras 26 e 27.
Fig. 26 - Coral Misto sob a regência de Oswaldo Kunz Fig. 27 - Vergílio Ruwer - atuando em uma festa local
da membros
Fonte: arquivo da Comunidade Mais tarde, também a OASE passaria a contar com um coral. Neste sentido um nome também lembrado pelos comunidade,e associado ao incentivo e à difusão do canto, é o do pastor Gaelzer. Foi ele quem,em abril de 1964, estimulou a criação do coral da OASE, do qual foi o primeiro dirigente. Desde seu início e até hoje, o coral participa de cultos, festas e visitas a doentes e enfermos. Na época, o dia 25 de julho. Dia do Colono, era comemorado todos os anos e fornecia uma oportunidade para encontros de corais da paróquia, todos regidos pelo pastor. Gaelzer tinha tanto gosto pelo canto que o instituiu também durante as cerimônias de confirmação, quando os confirmandos entravam na igreja cantando em duas vozes, dirigidos pelo pastor.
Com a saída do pastor Gaelzer da paróquia, em 1970, a esposa do pastor Junge passou a ser a nova dirigente do coral. O coral encerrou suas atividades em 1977, retomando em 1984, dirigido pela senhora Lora Kunde, que ocupa a função até hoje. Tem-se uma foto das atuais integrantes do Coral da OASE, na figura 28.
A Comunidade Evangélica Santíssima Trindade chega ao seu centenário reunindo 455 membros. Há, hoje, todo um complexo que funciona no espaço da Comunidade. Pode-se ter uma visão aérea da localização desse complexo através da figura 29, que mostra o núcleo de Rincão Seco.
Fig. 29 - Foto aérea da localidade de Rincão Seco.
Olhai' esse complexo e tentar retornai' na época do ano 1 da Comunidade permite a qualquer leitor ter uma noção do quanto representa a perservança de um povo. Com lutas e esforços pode-se construir. Nesse complexo podem ser visitadas as instalações físicas que abrigam:
- o templo da igreja; - um prédio para reuniões, que era o prédio da escola enquanto esta era municipal;
- uma residência, que era a antiga casa do professor; - um pavilhão de festas, construído em 1969 com o envolvimento de todos os membros, que doaram madeira, dias de serviço e dinheiro pai'a a constinção.
- uma churrasqueira, também construída em 1992; - uma quadra esportiva; e, - um prédio - o da escola, desativada em 1992, e hoje utilizado para os cultos infantis.
A Comunidade está hoje com diferentes frentes de trabalho, como:
a) cultos religiosos que ocorrem duas vezes por mês, ministrados pelos pastores Wagner Tehzy e Sandra Kamien Tehzy, que também atendem as outras comunidades que compõem a Paróquia Evangélica de Augusto Pestana;
no
j) Atuação da Legião Evangélica, integrado por homens, que se reúne toda terceira terça-feira do mês para atividades diversas, que incluem
' meditação e palestras. Também funciona em nível paroquial, e é aberto a participação de todos os membros paroquiais.
Ao encerrar-se este início de um contar de toda uma história querse enumerar os ramos de famílias que compõe o Núcleo de Rincão Seco. Isto acontece com a inscrição dos sobrenomes das diferentes faimlias que atualmente integram a comunidade no Quadro 5. A cada sobrenome pertencem várias famílias, as quais totalizam os números anunciados anteriormente.
Quadro 5-Lista de sobrenomes de famílias que integram a Comunidade Evangélica de Rincão Seco.
A essas famílias cabe o desafio da caminhada na Santíssima Trindade. Sim,como membros da Comunidade Evangélica Santíssima Trindade devem, contínua e permanentemente, refletir sobre o significado desse legado dos pioneiros. Devem crer e louvar o Deus- criador, aquele que se revela como o Deus da Vida, que em ato de amor criou o homem e a todas as criaturas. Devem viver a vida guiado pelo exemplo de Jesus Cristo - o Salvador. Este que fez milagres, morreu na cruz para salvar o homem,ressuscitou da morte e uniu-se ao Pai, no Céu, para junto com ele e na inspiração do Espírito Santo, iluminar o caminho de todos os cristãos que nele crêem. Está, pois, implícito no amor e respeito a esta Trindade, também o respeito ao legado dos pioneiros e a responsabilidade de levar adiante, por várias gerações, os valores, a fé, a cultura e o alto espírito empreendedor desses imigrantes.
Em assim o fazendo a Comunidade Evangélica Santíssima Trindade estará em especial glorificando a obra de Deus, comungando em Cristo e sob a luz do Espírito Santo, como bem traduz a mensagem trazida pelos Pastores Sandra Kamien Tehzy e Wagner Tehzy,atuais pastores da Comunidade,quando sob a inspiração de “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios”(Salmo 103.2) assim se manifestam:
“ 100 anos! Todo este tempo a Igreja de Jesus Cristo esteve presente nesta localidade. Pregando a Palavra de Deus, testemunhando a sua fé, levando às pessoas o Evangelho de Jesus Cristo, movida pelo Espírito de Deus que é o autor e consumador dafé. Desta história iniciada por Deus há 100 anos participaram muitas pessoas cjue, unidas pela sua fé, superaram desafios e dificuldades, concretizando a presença da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, no Rincão Seco - Augusto Pestana/RS. Ao comemorarmos este centenário somos gratos a Deus que concedeu ânimo e coragem àquelas primeiras famílias que aqui chegaram fazendo crescer efrutificar esta comunidade que hoje conta com Grupo de OASE, Culto Infantil, Juventude, Legião Evangélica, Reencontro de Casais, Grupo de Terceira Idade, Ensino Confirmatório, Coral da OASE,além das muitas lideranças envolvidas no trabalho comunitário. O presente livro nasceu do desejo dos membros da Comunidade de ver registrada esta sua história. E é olhando para esta história que pedimos que Deus continue abençoando esta sua comunidade, motivando pes.was ao serviço,fortalecendo a nossafépara que nunca esqueçamos que o único e maior objetivo da Igreja é levar adiante a Mis.são de Deus, testemunhando o Evangelho de Jesus Cristo a todas as pessoas.)Pa. Sandra Kamien Tehzy e P. Wagner Tehzy).
Athayde,Orlando Z)/fl5'(organizador). Álbum Comemorativo ao Cinquentenário de Dr. Pestana. Vila Dr. Pestana, 1951. Comissão Interluterana de Literatura. Castelo Forte 2000. Porto Alegre: Ed Concórdia Ltda. 2000.
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Conrad, Clóvis Depósito de Literatura Cristã. Calendário Devocional Boa Semente. São Paulo, 2001 Festschrift der Evangelischen Kirchengemeinde und Gemeindeschule Heilige Dreieinigkeit von Rincão Seco. Evangelische Gemeinde Heilige Dreieinigkeit. Vila Dr. Pestana, Ijuí, 1954. Festschrift zur Jahrhundertfeier der Deutschen in Serra do Cadeado. Serra do Cadeado, 1924.
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WERLANG, Willian. História da Colônia Santo Ângelo - Volume /, ed. Pallotti. Santa Maria, 1995.
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Há divergências em relação aos primeiros colonizadores de Augusto Pestana. A historiografia oficial do município registra as famílias Hasse e Schünemann como sendo não apenas os primeiros alemães a chegarem em Augusto Pestana, mas mesmo os primeiros imigrantes. Documento publicado pela prefeitura em 1976,quando Augusto Pestana completava dez anos de emancipação de Ijuí, traz pequeno texto, não-assinado,dando conta da vinda do imigrante Heinrich Müller, em 1892, ao território do município. Segundo o texto, a pesquisa foi feita pelo pastor Jürgen Guilherme Junge. De qualquer forma,a chegada dos imigrantes a Rincão Seco é considerado o marco inicial da colonização de Augusto Pestana.
-A Colônia Santo Ângelo foi criada pelo governo provincial em 1855. Em 1857 iniciou-se o fluxo de imigrantes alemães para a região, que se estendería até a década de 1880. A maioria era oriunda da região da cidade de Neu-Stettin, então província da Pomerânia, que pertenceu à Prússia até 1871 e à Alemanha após a unificação. Em 1945, com o final da Segunda Guerra Mundial, a Pomerânia Oriental, de onde vieram os imigrantes da Colônia Santo Ângelo, foi anexada pela Polônia. Os alemães foram então expulsos da região pelo exército polonês.
3 O Sínodo Rio-Grandense deu origem à atual Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil(lECLB),à qual a Comunidade Evangélica Santíssima Trindade hoje pertence.
É a atual Igreja Evangélica Luterana do Brasil (lELB).
^ Alguns membros afirmam que o sr. Paul Huth doou a propriedade onde se encontra a sede da comunidade.
® Além da Igreja, o engenheiro Walentowitz também projetou e construiu a casa de Robert Kunde.
LemJyrcm.ça^f'que/ merecem/ ertrar ne^^hMórCo/ Escreva aqui suas lembranças sobre a história do Rincão Seco para assim colaborar em uma futura edição ampliada desta obra: Nome/endereço completo; Entregue aos organizadores/pesquisadores desta obra ou encaminhe ao endereço abaixo:
Gustavo Arno Drews - Rua 14 de julho, 1220 - Bairro São Geraldo Fone 55-3332-4219 - 98700-000 - Ijuí - RS - e-mail: gadrews@unijui.tche.br