PLANTAO ED39_MAI_JUN_2025

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POR QUE OS MÉDICOS DEVEM PASSAR POR

UM EXAME SEMELHANTE AO DA OAB

Ade responsabilidade do Conselho Federal de Medicina (CFM) e a aplicação ocorreria por meio dos CRMs responsáveis por cada jurisdição.

O projeto determina que os resultados sejam comunicados aos Ministérios da Educação e da Saúde pelo CFM, sendo vedada a divulgação nominal das avaliações individuais, que serão fornecidas apenas aos próprios participantes.

Saúde brasileira enfrenta um grande desafio: a má formação médica. A qualidade nem sempre adequada dos cursos de medicina no país já impacta o sistema de saúde e o atendimento aos pacientes. Uma das principais causas desse fenômeno é a educação oferecida atualmente pelas escolas de medicina, que por vezes parecem prezar mais pela quantidade de matriculados do que pela qualidade de ensino.

Para mitigar o problema, a aplicação de um exame ao término da faculdade, apelidado de a  “OAB dos Médicos” pela semelhança com a prova aplicada aos advogados, foi discutida entre os senadores nesta semana em Brasília. O projeto de lei (PL), que já tinha sido aprovado na Comissão de Educação e Cultura, passará por uma audiência pública.

Atualmente, há mais de 400 escolas médicas espalhadas pelo território nacional, a segunda maior quantidade do mundo – só fica atrás da Índia, nação que tem uma população mais de seis vezes maior que que a brasileira. Somente nos últimos dez anos, foram colocados em funcionamento 190 estabelecimentos de ensino médico, número igual ao de escolas abertas ao longo de dois séculos.

Mas a imensa maioria das novas faculdades não atende a critérios básicos para a formação do aluno, como a existência de leitos do SUS para a prática médica, programas de residência, hospital de ensino e corpo docente qualificado – já que não há o tempo necessário para a qualificação, levando em conta que, ao todo, a formação em medicina, englobando graduação, residência e especialização (mestrado ou doutorado), costuma levar entre dez e 12 anos, em média.

A ideia é que a proposta passe a valer um ano após sua eventual aprovação, apenas para novos egressos dos cursos de medicina. O exame vai avaliar diferentes competências, em âmbitos teóricos e práticos. A prova seria

de grandes grupos educacionais, autorizar o funcionamento de cursos privados de má qualidade junto ao programa Mais Médicos e interferir na Comissão Nacional de Residência Médica para aumentar, de forma inconsequente, o número de “especialistas”.

Se essa tendência continuar, estima-se que, em 2035, o Brasil terá mais de 1 milhão de médicos, segundo a pesquisa Demografia Médica no Brasil. No entanto, isso não garantirá médicos para todos: a distribuição dos profissionais continuará desigual, concentrada em grandes centros. Formar mais médicos, e não melhores médicos, apenas levará ao declínio da qualidade do atendimento à população.

Um médico com formação ruim onera o serviço de saúde como um todo, pois pode demorar mais para chegar a um diagnóstico e até mesmo solicitar exames desnecessários, o que gera altos custos tanto para o indivíduo quanto para o sistema, desperdiçando recursos.

A abertura de inúmeros cursos é irresponsável, pois formam-se aproximadamente 40 mil jovens todos os anos, e só há vagas para 20 mil residentes. Nesse cenário, muitos formandos nem buscam fazer residência, seja pela alta concorrência, baixa remuneração ou necessidade de pagar o financiamento estudantil ao término do curso, levando-os a começar a trabalhar rapidamente para quitar suas dívidas, em vez de aprimorar seus conhecimentos.

O governo também contribui com o sucateamento do ensino da medicina ao ceder à pressão econômica

Em meio a circunstâncias tão graves, a melhor forma de minimizar suas consequências seria aplicar um exame de proficiência obrigatório para egressos das escolas de medicina, nos moldes do realizado do realizado para futuros advogados.

O Exame Nacional de Proficiência em Medicina visa balizar o conhecimento adquirido pelo médico durante a graduação. O projeto de lei foi criado para garantir que os atendimentos médicos continuem sendo feitos com qualidade, visto que o número de profissionais formados está cada vez maior e a qualidade do ensino questionável.

A Associação Paulista de Medicina (APM) defende capacitar os estudantes e acompanhar a qualidade da formação médica que, nos últimos anos, vive uma grave crise.

BRASIL DEVE CHEGAR A 635,7 MIL MÉDICOS

ATÉ O FIM DE 2025, O BRASIL

DEVE REGISTRAR 635.706 MÉDICOS EM ATIVIDADE – UMA MÉDIA DE 2,98 PROFISSIONAIS POR MIL HABITANTES.

Onúmero permanece abaixo do recomendado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que são 3,7 profissionais por mil habitantes.

Dados do estudo Demografia Médica 2025, lançado nesta quarta-feira (30), mostram ainda que, pela primeira vez na história, as mulheres passarão a representar a maioria dos médicos atuantes no país, somando 50,9% do total de profissionais em atividade em solo brasileiro.

A projeção para 2035 é que o montante de médicos atuando no Brasil supere a marca de 1 milhão e chegue a 1.152.230 –uma média de 5,2 profissionais por mil habitantes. Além disso, a expectativa é que, em dez anos, as mulheres respondam por 55,7% desse do total de médicos em atividade no país.

O levantamento é conduzido há 15 anos pelo departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB). A edição de 2025 é a primeira realizada com o apoio do Ministério da Saúde.

A pesquisa reúne dados nacionais e internacionais sobre formação, distribuição e atuação de médicos, com projeções para os próximos anos. Os dados utilizados têm como base registros da Comissão Nacional de Residência Médica, do Ministério da Educação, e de sociedades de especialidades vinculadas à AMB.

DESIGUALDADES

De acordo com o estudo, as desigualdades na distribuição de médicos pelo país persistem. O levantamento mostra que 48 cidades com mais de 500 mil habitantes concentram 31% da população brasileira e 58% dos médicos em atividade em todo o território nacional.

que também concentram 31% da população brasileira contam com apenas 8% destes profissionais.

Além disso, 19 macrorregiões em saúde distribuídas pelo território nacional contam com menos de um médicos por mil habitantes, enquanto outras 15 macrorregiões registram uma média de mais de 4 médicos por mil habitantes.

Ao mesmo tempo, 4.895 cidades com menos de 50 mil habitantes e

Em 2035, a projeção é que o Distrito Federal, por exemplo,

CAPA

MÉDICOS EM 2025; MULHERES SÃO MAIORIA

contabilize 11,83 médicos por mil habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro, com 8,11 médicos por mil habitantes, e por São Paulo, com 7,17 médicos por mil habitantes.

RESIDÊNCIA MÉDICA

A pesquisa indica que as vagas de residência médica não acompanham a graduação – em 2024, cerca de 8% dos médicos do país cursavam algum programa de residência médica em 2024.

Os dados mostram que 51,5% dos médicos aguardam até um ano após a graduação para ingressar na residência médica; 22,1% até dois anos; 12,5% até três anos; 9,2% até cinco anos; e 4,7% mais de cinco anos.

MÉDICO GENERALISTAS

“Do total de 597 mil médicos em atividade no Brasil em 2024, 59,1% ou 353.287 eram especialistas, enquanto 40,9% ou 244.142 eram generalistas.

No mesmo prazo de dez anos, o Maranhão deve registrar uma média de apenas 2,43 médicos por mil habitantes, seguido pelo Pará, com 2,56 médicos por mil habitantes, e pelo Amapá, com 2,76 médicos por mil habitantes.

Os homens são maioria em 35 das 55 especialidades médicas, sobretudo em urologia (96,5%) e ortopedia e traumatologia (92%). As especialidades com maior presença feminina são dermatologia (80,6%) e pediatria (76,8%).

EXPANSÃO DA GRADUAÇÃO

Os dados mostram que, entre 2004 e 2013, 92 novos cursos de medicina foram registrados no país, com 7.692 novas vagas. Já o período de 2014 a 2024 contabilizou 225 novos cursos de medicina em todo o Brasil, com 27.921 novas vagas. Também foram registradas novas vagas em cursos de medicina já existentes – 697 no período de 2004 a 2013 e 11.110 entre 2014 e 2024.

Entre os médicos especialistas, 50,6% se concentram em sete áreas: clínica médica (12,4%), pediatria (10%), cirurgia geral (7,8%), ginecologia e obstetrícia (7,4%), anestesiologia (4,7%), cardiologia (4,3%) e ortopedia e traumatologia (4%).

Distrito Federal e São Paulo respondem pelas maiores razões de especialistas por 100 mil habitantes (453 e 244, especificamente), enquanto Maranhão e Pará respondem pelas menores taxas no país (68 e 70, respectivamente).

MAIS MÉDICOS ABRE 3,1 MIL

Fonte: Agência Brasil

Estão abertas as inscrições, até o dia 8 de maio, para os médicos interessados em aderir ao programa Mais Médicos. O novo edital foi lançado pelo Ministério da Saúde no último dia 2 de maio, com 3.174 vagas.

“A iniciativa tem o objetivo de fortalecer a atenção primária à saúde levando médicos até as regiões prioritárias, remotas, de difícil acesso e de alto índice de vulnerabilidade, onde há escassez ou ausência desses profissionais.

Os trabalhadores do Mais Médicos integram as equipes de Saúde da Família e oferecem atendimento e acompanhamento mais próximos da população. A meta do Ministério da Saúde é chegar a 28 mil profissionais até o fim de 2025.

DISTRIBUIÇÃO

No edital deste 41º ciclo do programa, a oferta das vagas do programa considerou o cenário atual de distribuição de profissionais no país, conforme dados do estudo Demografia Médica 2025, que aponta a proporção de médicos por habitante nas diferentes regiões do país.

Do total de vagas (3.174), 3.066 serão distribuídas entre 1.620 municípios e 108 destinadas a 26 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). As vagas do novo edital contemplam, em sua maioria, regiões vulneráveis de municípios de pequeno porte (75,1%), médio porte (11,1%) e grande porte (13,8%). As vagas disponibilizadas está publicada na página eletrônica, no link Quadro de Vagas.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também publicou em sua rede social as localidades nas cin-

co regiões do país que terão vagas do programa federal.

PERFIL DO PROFISSIONAL

As oportunidades no 41º ciclo do Mais Médicos estão distribuídas entre três perfis profissionais:

1. médicos formados no Brasil com registro no registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) ou com diploma revalidado no Brasil;

2. médicos brasileiros formados no exterior (intercambista brasileiro);

3. médicos estrangeiros com habilitação para o exercício da medicina no exterior (intercambista estrangeiro).

O Ministério da Saúde esclarece que para os dois últimos perfis, é obrigatória a aprovação no Módulo de Acolhimento e Avaliação (MAAv), um treinamento específico para atuação em situações de urgência, emergência e no enfrentamento de doenças prevalentes nas regiões de trabalho.

A documentação e as demais condições exigidas para os médicos brasileiros com registro no Brasil e para os intercambistas (brasileiros e estrangeiros) estão descritas no site. Entre elas: estar em situação regular na esfera criminal perante a justiça estadual e federal no Brasil, do local em que reside ou residiu nos últimos 6 (seis) meses;

TECNOLOGIA DO MICRO-ONDAS PROPÕE ALTERNATIVA MAIS CONFORTÁVEL E ACESSÍVEL

TRADICIONAL, MOSTRA ESTUDO

Um novo dispositivo para exames das mamas, que utiliza micro-ondas em vez de radiação ionizante, está sendo desenvolvido por pesquisadores da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). Ainda em fase de protótipo, a tecnologia promete ser uma alternativa menos dolorosa e mais acessível à mamografia tradicional.

O professor Bruno Sanches, do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Poli e pesquisador do Laboratório de Sistemas Integráveis, o LSI, explica que a proposta surgiu da vontade de criar uma solução acessível e prática para a realidade brasileira. “Nós queríamos fazer um dispositivo que fosse barato, que pudesse ser espalhado pelo País de maneira eficiente e que não precisasse de um radiologista para operar, então a gente queria um dispositivo na ordem de talvez R$ 1 mil.”

laridade maior com o exame de, talvez, ultrassom”, descreve Sanches.

O professor aponta algumas das vantagens do dispositivo, uma das que mais chamam a atenção é que o novo método não precisa comprimir os seios para a realização do exame. “O exame pode ser feito de uma maneira circular em volta da mama, sem apertá-la, sem causar esse incômodo”, explica. “Mas, além dessa vantagem de conforto, tem algumas outras. A mamografia funciona pelos raios X, atravessando ali o tecido e chegando no detector do outro lado. É um exame que tem alguns ângulos, geralmente são poucos. Nesse que a gente propõe, você pode ter muitos ângulos, da ordem de, talvez, 64, ou até centenas de ângulos.”

O protótipo chama atenção também pelo seu formato: “Ele tem mais ou menos a aparência de um sutiã, um pouco maior que um sutiã, e ele é operado manualmente. Ele é eletrônico, tem uma interface com computador, onde são mostradas as imagens. É um sistema inicial, ele não parece com um mamógrafo tradicional, no momento. Tem uma simi-

CUSTO E ACESSIBILIDADE

Além do conforto e da qualidade da imagem, o equipamento traz benefícios em termos de custo e acessibilidade. “Ele pode ter um acompanhamento, uma periodicidade melhor, já que não tem desconforto. Ele não precisa de um radiologista para operar. Isso vai ter um custo de operação menor”, ressalta Sanches. “E como a gente está utilizando circuitos eletrônicos, que podem ser produzidos em

À MAMOGRAFIA

massa, diferentemente do raio X convencional, do mamógrafo convencional, existe uma possibilidade maior de acessibilidade.”

Ele aponta, também, a vantagem da mamografia: “A mamografia tem uma vantagem, ela trabalha com ondas muito pequenininhas, vai conseguir detectar coisas muito, muito reduzidas. Mas ela tem esse problema de você não ter a visão, tem casos que a visão fica bem complicada. No nosso caso, as ondas têm uma energia menor, isso vai implicar uma resolução, muitas vezes, menor que a mamografia tradicional. Mas a gente tem a vantagem de saber o que é aquele tecido que está lá e, para isso, não é necessário nenhum tipo de medicamento ou contraste químico, nada disso, é só por causa das características dos tecidos envolvidos ali na mama”.

Sanches comenta ainda a respeito da importância da mamografia e de ser um exame presente em todo o país: “A gente fica muito feliz de colocar o Brasil no mapa dos seletos países que têm essa tecnologia. São bem poucos. Hoje em dia a mamografia é uma tecnologia que pode ser muito benéfica”.

PREVENÇÃO DO CÂNCER: VACINA DO HPV ESTÁ DISPONÍVEL DOS 9 AOS 19 ANOS E TERÁ CAMPANHA REFORÇADA

Avacina contra o HPV (papilomavírus humano) disponibilizada pelo Instituto Butantan no Sistema Único de Saúde (SUS) terá uma campanha reforçada neste ano, conforme anunciado pelo Ministério da Saúde em março. O objetivo é resgatar a imunização de jovens de 15 a 19 anos, que foram incluídos no Calendário Nacional de Vacinação de HPV no ano passado. Antes, o imunizante gratuito só estava disponível para meninas e meninos dos 9 aos 14.

A ação para adolescentes de 15 a 19 anos será realizada em fases, inicialmente nos 120 municípios com os maiores índices de jovens sem vacinação.

A meta do Ministério é vacinar 90% desse grupo, adotando locais estratégicos para as campanhas, como escolas, universidades, shoppings e ginásios esportivos, além dos postos de saúde. No estado de São Paulo, entre os municípios contemplados na estratégia de resgate, estão Bauru, Campinas, Carapicuíba, Cotia, Guarulhos, São Paulo, entre outros.

O HPV é o principal responsável pelo câncer de colo de útero e também causa outros tipos de câncer, como de vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe. A vacina, desenvolvida e aplicada mundialmente há 20 anos, é essencial para prevenir a infecção.

O vírus pode ser transmitido não apenas pela via sexual, mas também por meio do contato direto com qualquer região da pele ou mucosa infectada.

A ampliação da faixa etária veio em conjunto com a adoção da dose única, que substitui o antigo modelo de duas doses e facilita a adesão do público, além de ampliar a capacidade de imunização. O esquema passou a ser indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) após evidências mostrarem que uma dose pode fornecer proteção equivalente a duas ou três doses em crianças e adolescentes.

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