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/ FEVEREIRO DE 2025
CÂNCER DE INTESTINO CRESCE ENTRE
OS
Apesquisa, realizada pela Sociedade Americana do Câncer, mostrou que a incidência do câncer colorretal de início precoce (entre os 25 e os 49 anos) está aumentando em 27 dos 50 países e territórios analisados. Os principais crescimentos anuais ocorreram na Nova Zelândia (4%), Chile (4%) e Porto Rico (3,8%). Em 14 dos 27 países, as taxas foram estáveis ou decrescentes entre adultos mais velhos. O estudo não incluiu dados do Brasil.
“O aumento do câncer colorretal de início precoce é um fenômeno global”, afirma Hyuna Sung, cientista principal sênior, pesquisa de vigilância do câncer na American Cancer Society e autora principal do estudo, em comunicado à imprensa. “Estudos anteriores mostraram esse aumento em países ocidentais predominantemente de alta renda, mas agora, ele está documentado em várias economias e regiões do mundo.”
COMO O ESTUDO FOI ELABORADO?
O objetivo principal do estudo era examinar as tendências de incidência de câncer colorretal em adultos jovens, em comparação com os mais velhos, usando dados até 2017 de 50 países ou territórios. Os dados foram compilados usando o Cancer Incidence in Five Continents Plus. As tendências foram examinadas para taxas de incidência padronizadas por idade, variando de 1943 a 2017.
As tendências temporais foram visualizadas e quantificadas pela idade no diagnóstico (25-49 anos e 50-74 anos). Mudanças percentuais anuais médias foram estimadas para os últimos 10 anos de dados. Play Video
Segundo a pesquisa, o aumento do câncer colorretal de início precoce foi mais rápido entre os homens do que as mulheres no Chile, Porto Rico, Argentina, Equador, Tailândia,
Suécia, Israel e Croácia. Já as mulheres foram as que apresentaram aumentos mais rápidos na Inglaterra, Noruega, Austrália, Turquia, Costa Rica e Escócia.
Nos últimos cinco anos, a taxa de incidência do câncer de início precoce foi mais alta na Austrália, Porto Rico, Nova Zelândia, EUA e República da Coreia (14 a 17 por 100.000) e mais baixa em Uganda e Índia (4 por 100.000).
Fonte: CNN Brasil
CAPA
JOVENS NO MUNDO, ALERTA ESTUDO
QUAIS SÃO AS CAUSAS DO CÂNCER DE INTESTINO E
COMO PREVENIR?
O câncer de intestino abrange os tumores que se iniciam no intestino grosso, chamado cólon, e no reto. Também é conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal. No Brasil, são estimados 45.630 novos casos por ano, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
“O escopo global dessa tendência preocupante destaca a necessidade de ferramentas inovadoras para prevenir e controlar cânceres ligados a hábitos alimentares, inatividade física e excesso de peso corporal. Esforços contínuos são essenciais para identificar os fatores adicionais por trás dessas tendências e desenvolver estratégias de prevenção eficazes adaptadas às gerações mais jovens e aos recursos locais
em todo o mundo”, acrescenta Sung.
“Aumentar a conscientização sobre a tendência e os sintomas distintos do câncer colorretal de início precoce (por exemplo, sangramento retal, dor abdominal, hábitos intestinais alterados e perda de peso inexplicável) entre jovens e prestadores de cuidados primários pode ajudar a reduzir atrasos no diagnóstico e diminuir a mortalidade.”
Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de intestino estão idade (acima dos 50 anos), sedentarismo, sobrepeso ou obesidade e alimentação pobre em frutas, vegetais e outros alimentos de contenham fibras. O consumo de ultraprocessados e a ingestão excessiva de carne vermelha também estão relacionados a um maior risco para a doença.
Além disso, de acordo com o Inca, história familiar de câncer de intestino, tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas também são fatores de risco, assim como doenças inflamatórias do intestino (como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn).
A prevenção do câncer de intestino deve ser feita com a manutenção do peso corporal adequado, com a prática de atividade física, alimentação saudável e composta com frutas, verduras, legumes e cereais integrais. Evitar o consumo de ultraprocessados e o tabagismo também são medidas preventivas.
MULHERES COM GLICEMIA NÃO CONTROLADA TÊM
Fonte: Agência FAPESP
Ao comparar os dados de quase 4 mil pessoas, pesquisadores identificaram que mulheres são mais suscetíveis do que homens a ter declínio cognitivo mais acelerado quando a glicemia não é controlada. No trabalho, curiosamente não foi identificada perda de memória entre os problemas cognitivos, mas sobretudo prejuízos nas chamadas funções executivas – processos cognitivos que envolvem o controle de emoções, o planejamento e a realização de ações e pensamentos.
“O declínio cognitivo pode ocorrer com o envelhecimento, como resultado de alterações no sistema nervoso central. Mas o que vimos no estudo é que ele se deu de forma mais acelerada em mulheres com diabetes e sem o controle adequado da glicemia. Entre os homens, não foi observada associação entre diabetes e declínio cognitivo, seja com glicemia controlada ou não. Isso mostra a importância de aprofundar o entendimento sobre como as doenças se dão de diferentes maneiras entre homens e mulheres e também, no caso do diabetes, sobre a importância do controle glicêmico adequado”, disse à Agência FAPESP Tiago da Silva Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e orientador do estudo, que foi apoiado pela FAPESP.
Publicado na revista Journals of Gerontology Series A, o estudo analisou os dados de 3.984 participantes com mais de 50 anos – sendo 1.752 homens e 2.232 mulheres – por oito anos. Os participantes integram o Estudo ELSA (acrônimo em inglês para Estudo Longitudinal Inglês do Envelhecimento). O ELSA coleta dados multidisciplinares de uma amostra representativa da população britânica e é conduzido pela University College London – UCL (Reino Unido). A pesquisa sobre diabetes e prejuízo da função cognitiva
foi desenvolvida pela pesquisadora Natália Cochar Soares, bolsista da FAPESP, com participação de coautores da Universidade de São Paulo (USP) e UCL, além da UFSCar.
O diabetes é uma doença com forte impacto em diferentes órgãos, como os rins, olhos, músculos, nervos e cérebro. Isso porque o excesso de glicose no sangue causa diversas lesões nos vasos sanguíneos, acarretando o aumento de fatores inflamatórios que podem levar a gangrena, amputação, insuficiência renal, comprometimento da visão e risco aumentado de doenças cardiovasculares. No caso do cérebro, os fatores inflamatórios podem acarretar atrofia, redução da quantidade de neurônios e alterações em áreas como o hipocam-
po e o córtex pré-frontal, relacionados a domínios cognitivos como as funções executivas.
“O declínio cognitivo nesses casos, portanto, está associado à doença de pequenos vasos cerebrais. Uma possível explicação para a aceleração observada apenas em mulheres sem controle glicêmico adequado são fatores hormonais. O estrógeno é um neuroprotetor conhecido, mas durante a menopausa ocorre uma redução desse hormônio nas mulheres, o que pode acarretar maior vulnerabilidade”, explica Soares.
“Mas há também fatores sociais. No estudo, os idosos britânicos tinham maior escolaridade que as mulheres. Sabe-se que a escola-
MAIOR RISCO DE DECLÍNIO COGNITIVO DO QUE HOMENS
ridade contribui para que haja uma maior reserva cognitiva, mecanismo possivelmente capaz de compensar os efeitos de uma lesão cerebral. Independente do motivo que leva a essa diferença entre homens e mulheres, os resultados chamam a atenção para a necessidade de um controle glicêmico adequado”, completa a pesquisadora.
adequado controle glicêmico. Já níveis de HbA1c acima de 7% correspondem a um pior controle glicêmico.
Um estudo anterior, realizado pelo mesmo grupo de pesquisadores mostrou que um controle glicêmico não adequado acarreta um maior declínio da velocidade de caminhada em pessoas idosas (leia mais em: https://agencia.fapesp.br/52183).
Soares explica que existem seis domínios cognitivos: função executiva, linguagem, atenção, memória, perceptomotor e cognição social. No estudo, os pesquisadores observaram declínio na cognição global e na função executiva, mas não encontraram prejuízos de memória.
“Isso foi um pouco surpreendente, pois geralmente o início do declínio cogni-
tivo tende a ocorrer na memória e não foi o que aconteceu nos casos estudados. Há uma explicação fisiológica para isso: as estruturas cerebrais que vão ser comprometidas por conta das alterações vasculares inflamatórias do diabetes são as responsáveis pela função executiva e não pela memória. O diabetes afeta áreas cerebrais mais associadas às funções executivas, como o córtex pré-frontal”, diz Soares.
No trabalho, o controle glicêmico foi avaliado por meio dos níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) no sangue – parâmetro que reflete a quantidade de açúcar circulante. Nos indivíduos com diabetes, a meta glicêmica é atingida quando os níveis de HbA1c estão entre 6,5% e 7%, o que caracteriza o
“Com esses dois trabalhos mostramos a importância do bom controle glicêmico para a cognição e mobilidade de pessoas idosas. Isso mostra a necessidade de um controle glicêmico mais rigoroso, independente da condição. Defendemos que o valor de HbA1c precisa ser mantido entre o 6,5%, que é o ponto de corte da normalidade, e o 7%, que é o bom controle da glicemia. O descontrole contínuo da glicemia pode gerar lesões a longo prazo nos vasos sanguíneos que resultam em uma série de problemas em diversos órgãos, inclusive de cognição e mobilidade”, diz Alexandre.
O pesquisador ressalta que o prejuízo cognitivo ocasionado pela falta de controle adequado da glicemia em brasileiras pode ser ainda maior que o observado no estudo.
“O estudo populacional foi realizado com pessoas idosas britânicas, mas acredito que no Brasil os dados poderiam ser um pouco piores do que o observado no Reino Unido por causa da questão da escolaridade. A média de escolaridade das pessoas idosas no Brasil é muito mais baixa que no Reino Unido e isso faz com que a reserva cognitiva, que seria um efeito protetor contra as lesões vasculares no cérebro, também seja menor”, afirma Alexandre à Agência FAPESP.
NICOTINA É ATÉ SEIS VEZES MAIOR EM QUEM FUMA CIGAR
OInstituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas (HC) da USP, em parceria com a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo e o Laboratório de Toxicologia da Rede Premium de Equipamentos Multiusuários da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), divulgou os resultados de uma pesquisa inédita sobre o uso de cigarro eletrônico. A análise revelou dados alarmantes: entre os participantes que relataram alto consumo diário de cigarro eletrônico, os níveis de nicotina chegavam a estar até seis vezes mais elevados do que os encontrados entre usuários de cigarro convencional que fumavam em média 20 cigarros por dia. Essa diferença significativa sugere que os cigarros eletrônicos podem representar um risco substancialmente maior para a dependência.
O estudo foi realizado com frequentadores de bares, shows e eventos em diversas cidades do Estado de São Paulo, incluindo a capital, e teve como foco a avaliação do comportamento, percepção de risco, perfil socioeconômico e hábitos dos usuários desses dispositivos, também conhecidos como vape. Além disso, o estudo mediu os níveis de nicotina e cotinina presentes nos produtos consumidos.
A pesquisa, intitulada Estudo do Cigarro Eletrônico InCor, Visa e Toxicologia, foi coordenada pela professora Jaqueline Scholz, diretora do Núcleo de Tabagismo do InCor.
“Pouco tempo de uso, de um a três anos, já leva [o usuário] a um reconhecimento da dependência e à tentativa de parar”
A professora diz que nunca viu valores tão altos de nicotina nos pacientes de cigarros convencionais como os detectados durante esse estudo em usuários de vape. Em um dos participantes, foram encontrados 2400µg de nicotina na corrente sanguínea, o que, em comparação aos 396µg de um fumante de 20 cigarros convencionais por dia, é seis vezes maior. O cheiro agradável e a falta de sensação de ardência na laringe causada pela fumaça são facilitadores do uso do cigarro eletrô-
nico. No entanto, Jaqueline Scholz chama a atenção para a “falta de conhecimento e entendimento da população sobre os riscos associados ao vape”.
Apesar dos efeitos ainda não amplamente entendidos, ela diz que a fumaça desses dispositivos “não se compara à do cigarro convencional, porque tem outros produtos químicos, como partículas ultrafinas, que vão para corrente sanguínea”. Para entender o cenário desse produto, a Vigilância Sanitária realizou a coleta de material biológico de fumantes restritos aos eletrônicos e um questionário, no qual obteve 417 participantes elegíveis.
O estudo também apontou que a maioria dos usuários tentou abandonar o dispositivo, mas revelou não ter tido sucesso, evidenciando a dependência e intensificando os impactos emocionais.
Os resultados completos foram apresentados por Maria Cristina Megid, responsável pela equipe de coleta de dados da Vigilância Sanitária, e Marcelo Filonzi dos Santos, do Laboratório de Toxicologia da Rede Premium de Equipamentos Multiusuários da FMUSP.
SAIS DE NICOTINA
Com o primeiro pod em 2003 – versão simplificada do vape -, mais de 20 anos se passaram desde a criação do cigarro eletrônico. Além do design atualizado, a forma como a nicotina é apresentada também mudou com o tempo. Desde a 4ª geração, o dispositivo deixou de adotar a nicotina freebase, a mesma presente no tabaco dos cigarros, e passou a utilizar os sais de nicotina. Esses sais são formados pelo processo de neutralização, no qual freebase, alcalina, é neutralizada com
Fonte: Jornal da USP
DO QUE 20 CIGARROS COMUNS POR DIA
ácidos diversos. “Em meus estudos, tenho conhecimento de seis, mas há pesquisadores que indicam mais de 20 ácidos diferentes”, diz Jaqueline Scholz.
Os sais utilizados são altamente concentrados e causam um processo de concentração plaquetária, estimulando a liberação de substâncias pró-inflamatórias, as citocinas. Eles também têm uma taxa de conversão no corpo para nicotinina menor, o que gera dúvidas sobre a metabolização desses sais. Além disso, eles atuam em diferentes canais dopaminérgicos, responsáveis pela sensação de euforia, o que estimula um maior consumo.
“Eu já atendi pessoas que nunca foram fumantes [de cigarro convencional] com níveis muito maiores de nicotina, maiores do que fumantes de longa data do cigarro convencional”, detalha a médica.
Foram dados assim que colheu atendendo jovens no Hospital das Clínicas à
dos quantitativos da concentração de nicotina, os pesquisadores aplicaram um questionário aos participantes.
Apesar de alguns responderem que só utilizavam aparelhos sem nicotina, “muitos cigarros eletrônicos apresentavam nicotina mas eles não sabiam”, conta Jaqueline Scholz. “Prepondera o uso dos [cigarros eletrônicos] descartáveis ou recarregáveis, que são os que possuem os sais de nicotina”, informa.
procura de tratamento para tabagismo que a motivaram a fazer as parcerias para a pesquisa. Para realizá-la, contou com auxílio do professor Marcelo dos Santos, toxicologista que desenvolveu um método menos invasivo para coleta das amostras. Normalmente realizado por exame de sangue, Santos explicou que optou-se por trabalhar com a saliva, por ser uma “matriz menos complexa, não invasiva ou estressante ao paciente, além da menor chance de adulteração”. Essa metodologia foi essencial para a coleta ser feita nos locais de interesse, como bares e eventos.
Após a coleta e preparação das amostras, a saliva passou por um método de análise chamado espectrometria de massas, para identificar e quantificar as substâncias. Para entender a relação dos indivíduos com o cigarro eletrônico de maneira qualitativa, complementando os da-
REGULAMENTAR E INFORMAR
Desde 2009, São Paulo conta com uma lei antifumo (Lei Estadual nº 13.541), que representa um avanço na discussão sobre o antitabagismo no País, mas os números apresentados no estudo revelam que o eletrônico é um novo desafio. Nos usuários com até um ano de uso, a média da concentração do grupo sem dependência foi de 188µg, enquanto nos dependentes a média foi de 435µg. Os resultados mostram que a percepção de dependência só aparece com níveis mais altos de nicotina.
A saúde mental também foi um parâmetro investigado pelo estudo, e foi possível observar uma relação entre problemas psíquicos e a dependência. Outra informação coletada com o questionário é que a maioria dos participantes teve seu primeiro contato com o vape por oferta de amigos ou familiares.
Apesar do cenário, Jaqueline Scholz aponta que “o Brasil já esteve à frente dessa discussão, então podemos ser referência também agora”. Ela destaca que são necessárias estratégias para informar dos riscos a amigos e familiares e outras abordagens centradas no usuário. A professora também defende a proibição. “Se liberar, barateia e o problema chega com mais força no SUS. Não se ganha mais imposto, ao contrário, se perde”, aponta.
AIDS: BRASIL TEM ALTA DE CASOS, MAS MENOR MORTALIDADE DESDE 2013
EM 2023, O BRASIL REGISTROU AUMENTO DE 4,5% NO NÚMERO DE CASOS DE HIV EM COMPARAÇÃO A 2022. NO ENTANTO, NO MESMO PERÍODO, A TAXA DE MORTALIDADE CAIU PARA 3,9 ÓBITOS, A MENOR DOS ÚLTIMOS DEZ ANOS, CONFORME DADOS DIVULGADOS NESTA QUINTA-FEIRA (12) PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE.
No total, foram registrados 38 mil casos da doença no ano passado. A Região Norte teve a maior taxa de detecção (26%), seguida pela Região Sul, 25%. A maioria dos casos foi registrada entre homens (cerca de 27 mil). Quanto à faixa etária, os casos ocorrem entre pessoas de 25 a 29 anos de idade. As mortes por aids chegaram a 10.338 em 2023, o menor registro desde 2013.
Segundo o Ministério da Saúde, a elevação de casos está relacionada à ampliação da oferta da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). “Uma vez que para iniciar a profilaxia, é necessário fazer o teste. Com isso, mais pessoas com infecção pelo HIV foram de-
tectadas e incluídas imediatamente em terapia antirretroviral. O desafio agora é revincular as pessoas que interromperam o tratamento ou foram abandonadas, muitas delas no último governo, bem como disponibilizar o tratamento para todas as pessoas recém diagnosticadas para que tenham melhor qualidade de vida”, diz nota da pasta.
Neste ano, o Brasil alcançou 109 mil usuários com tratamento PrEP, ante 50,7 mil em 2022. A profilaxia é distribuída, de forma gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo uma das principais estratégias para prevenir a infecção pelo HIV. O aumento dos diagnósticos fez
o Brasil alcançar mais uma etapa para eliminar a aids como problema de saúde pública até 2030, compromisso assumido com as Nações Unidas. Em 2023, 96% das pessoas infectadas por HIV e que não sabiam da condição foram diagnosticadas.
A meta da ONU prevê que 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas; 95% delas em tratamento antirretroviral; e, do grupo em tratamento, 95% com HIV intransmissível. Atualmente, os percentuais brasileiros para esses requisitos são 96%, 82% e 95%, respectivamente, conforme o ministério.
SAÚDE INCORPORA CINCO PROCEDIMENTOS CONTRA CÂNCER DE MAMA NO SUS
OMinistério da Saúde lançou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para câncer de mama. A estratégia passa a incluir, no Sistema Único de Saúde (SUS), cinco procedimentos a serem disponibilizados em centros especializados, além da realização de videolaparoscopia – técnica cirúrgica minimamente invasiva que permite aos médicos acessar órgãos internos por meio de pequenas incisões.
“Além dos benefícios para os pacientes, o uso da videolaparoscopia também impacta positivamente a gestão do sistema de saúde. Com tempo de internação mais curto e menor necessidade de reintervenções por complicações, a técnica contribui para a otimização de recursos, fundamental em um sistema com alta demanda, como é o caso do SUS”, avaliou a pasta.
Os cinco procedimentos incorporados no novo protocolo são: inibidores das quinases dependentes de ciclina (CDK) 4 e 6; trastuzumab entansina; supressão ovariana medicamentosa e hormonioterapia parenteral; fator de estimulador de colônia para suporte em esquema de dose densa; e ampliação da neoadjuvância para estádios I a III.
Ainda de acordo com a pasta e em razão da importância do diagnóstico precoce, a linha de cuidado do paciente com câncer de mama passa a ser totalmente integrada dentro do Programa Mais Acesso a Especialistas.
“A partir de agora, fica instituído o Protocolo de Acesso às Ofertas de Cuidado Integrado (OCI) na Atenção Especializada em Oncologia”.
“Com o novo PCDT, o tratamento do câncer de mama passa a ter parâmetros de padronização acessíveis a todas as pessoas que necessitam. É garantia de um diagnóstico oportuno, uniformidade e eficiência no tratamento, acesso igualitário a novos medicamentos e profissionais qualificados para atendimento”, destacou o ministério.
ENTENDA
Dados do ministério mostram que o câncer de mama é o tipo mais incidente e a primeira causa de morte por câncer em mulheres em todas as regiões do país. Ainda segundo a pasta, evidências científicas apontam que 15% dos pacientes atrasam o início do tratamento entre 30 e 60 dias, o que representa aumento de 6% a 8% na mortalidade. Cerca de 35% das pessoas atrasam o início do tratamento mais do que 60 dias, representando 12% a 16% de aumento na mortalidade na fila.
Cada OCI envolve um conjunto de procedimentos inerentes a uma etapa da linha de cuidado para um agravo específico. Exemplo: OCI – Diagnóstico de Câncer de Mama: consulta com o mastologista + mamografia bilateral diagnóstica + ultrassonografia de mama + punção aspirativa com agulha fina + histopatológico + busca ativa da paciente para garantir a realização dos exames + consulta de retorno para o mastologista + contato com a equipe de atenção básica para garantir a continuidade do cuidado.
“O objetivo é melhorar o acesso a diagnósticos e consultas, com fila única, da atenção primária à atenção especializada, utilização da saúde digital, integração dos serviços e nova lógica de financiamento, com foco na resolução do problema de saúde. O prazo que antes era de um ano e seis meses, em média, para início do tratamento, passando por várias filas até completar o ciclo de cuidado, agora será de 30 dias para diagnóstico do câncer.”
Até então, as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) que norteavam o cuidado com o câncer de mama não se restringiam às tecnologias incorporadas no SUS. A padronização das alternativas de diagnóstico, tratamento e acompanhamento das pessoas com a doença garante a orientação de profissionais do SUS e um norte de atendimento de qualidade para pacientes.
“Quando um tratamento não está incorporado ao SUS e é demandado via judicial, se dá o nome de judicialização. Por meio desse processo, é concedido o direito a medicamentos que beneficiam indivíduos de maneira desigual, o que cria desafios para sustentabilidade financeira do SUS, gerando deslocamento de grandes recursos destinados a políticas amplas para acesso individual”, avaliou o ministério.
“Por outro lado, no processo de incorporação de medicamentos no SUS, o governo federal garante um ciclo integral de cuidado: além do direito a medicamentos com eficácia comprovada garantido a todos os cidadãos, são criadas diretrizes e linhas de cuidado para a assistência dos pacientes. Isso promove melhoria em toda a jornada de acesso à saúde, desde o diagnóstico até o monitoramento dos resultados.”
NÚMERO DE MÉDICOS NO BRASIL AUMENTA 23,6% DE 2019 A 2023
Onúmero de médicos no Brasil teve um incremento de 23,6% de 2019 a 2023. É o que aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em nova pesquisa publicada nesta quarta-feira (4). De acordo com a divulgação, em 2023 o Brasil contava com 502,6 mil médicos, 363,1 mil enfermeiros e 952,6 mil técnicos de saúde.Os dados mostram ainda que no ano passado o Brasil tinha 23,7 médicos para cada 10 mil habitantes. Em 2022, eram 22,5 médicos por 10 mil habitante, abaixo, portanto, de países como México (25,6) e Canadá (25) e acima da República Dominicana (22,3 por 10 mil habitantes) e da Turquia (21,7).
ÓBITOS
No capítulo sobre saúde, a pesquisa reúne também dados sobre óbitos no país em 2023. Ao todo, foram 1,46 milhão, 8,4% a mais que os 1,35 milhão registrado em 2019, último ano antes da pandemia de covid-19. De acordo com o IBGE, esse crescimento sofre influência dos óbitos por câncer, que subiram 7,7% no período.
como os profissionais de saúde que mais cresceram durante o período que engloba a pandemia de covid-19. Eles saíram de 260,9 mil em 2019 para 363,1 mil em 2023, uma diferença de 39,2%.
Os números estão reunidos na Síntese de Indicadores Sociais 2024, que traz uma análise produzida pelo IBGE sobre as condições de vida da população brasileira. É um estudo amplo que aborda temas variados como mercado de trabalho, renda, educação, saúde e condições de vida. O intervalo de 2019 a 2023 compreende o período que ficou marcado pela pandemia de covid-19. O crescimento do número de médicos registrado nesses quinquênio é mais robusto do que o observado no anterior, que vai de 2015 a 2019, quando o avanço foi de 16,4%. O salto de 2019 a 2023 se deu de forma mais intensa na rede privada. O número de médicos que não atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu 29,7%. Já o grupo que atua na saúde pública recebeu um incremento de 21,2%. Mas são os enfermeiros que se consolidaram
“Os médicos têm maior interesse no mercado de trabalho privado, no mercado de trabalho não-SUS”, observa Clician do Couto Oliveira, analista do IBGE envolvida na pesquisa. O estudo reúne ainda outros dados que podem ser associados à pandemia de covid-19. O número de leitos complementares no país – destinados à assistência que exige características especiais como unidades de isolamento, isolamento reverso e unidades de terapia intensiva (UTI) ou semi-intensiva – totalizava 59,1 mil em janeiro de 2020, antes de o Brasil decretar a emergência sanitária.Em julho de 2022, esse número havia saltado para 76,9 mil, mantendo-se estável desde então. Assim, na comparação com o período pré-pandêmico, o país conta com mais de 30% do total de leitos complementares. O número de tomógrafos também aumentou na mesma proporção. Saiu de 2,3 por 100 mil habitantes em 2019 para 3 por 100 mil habitantes em 2023.
“Esse crescimento se deu em todas as unidades da federação. Mas se deu de forma heterogênea no território e manteve as desigualdades anteriores. Por exemplo, o Distrito Federal já tinha o maior indicador de tomógrafos por habitante e permaneceu como maior. Saltou de 4,6 para 7,2 por 100 mil habitantes”, analisa Clician.
Os tumores causaram 17% de todas as mortes do ano passado. Além disso, ao longo de 2023, a covid-19 teria feito mais de 10 mil vítimas, incrementando assim os dados de mortes por doenças virais que, em 2019, haviam sido apenas 173. “Se declarou o fim da da pandemia, mas a covid-19 ainda deixa um saldo significativo de mortes que não ocorriam antes. Em 2019, não havia essa causa”, destaca Clician.
A pesquisa também apresentou dados segmentados por raça e gênero. Chama atenção que, na faixa até 44 anos, morreram 44,2 mil pretos ou pardos em 2023. O resultado é 2,7 vezes acima do número de óbitos de brancos (16,1 mil). Clician chama atenção para o alto número de mortes externas envolvendo jovens pretos ou pardos.
“Esses dados não foram desagregados nessa pesquisa. Mas se sabe que eles são as maiores vítimas relacionadas com mortes violentas. Entre os brancos, a principal causa de morte externa é acidente com automotores – motos e veículos de modo geral”, afirma Clician.
Outro dado destacado pela analista envolvem as mortes por doenças do coração. Na faixa etária entre 30 e 69 anos, esses óbitos somaram 31,2 mil entre homens brancos, número similar aos de câncer.
Já entre homens pretos ou pardos na mesma faixa etária, foram 40,6 mil mortes por doenças do coração, bem acima das 29,9 mil envolvendo tumores. Entre as mulheres, o mesmo se repete: em 2023, as doenças do coração levaram a óbito 18,4 mil brancas e 24,5 mil pretas ou pardas.
BRASIL ATINGIU A MARCA DE 672 MIL PACIENTES
QUE SE TRATAM COM CANNABIS
Este ano, o Brasil atingiu a marca de 672 mil pacientes que se tratam com cannabis medicinal, número recorde e 56% superior ao do ano passado. O dado consta do anuário produzido pela Kaya Mind e divulgado nessa terça-feira (26). O segmento movimentou R$ 853 milhões, valor que ajuda a dimensionar sua força. Outro dado mencionado pelo relatório é o de que os pacientes estão espalhados por aproximadamente 80% dos municípios.
Segundo Maria Eugenia Riscala, CEO da empresa Kaya, que abriga a Kaya Mind, há mais de 2.180 produtos de cannabis medicinal, variedade que contempla diversas necessidades. “A expansão da cannabis medicinal é visível no Brasil, não apenas em números, mas na forma como a medicina integra essas opções de tratamento à rotina dos pacientes em todo o país”, diz. A quantia atingida este ano supera em 22% a do ano passado, de R$ 699 milhões. A projeção é de que o faturamento chegue a R$ 1 bilhão em 2025. Em 2021, o montante foi bem inferior, de R$ 144 milhões, passando, no ano seguinte, para R$ 364 milhões.
Para o chefe de Inteligência e sócio da Kaya, Thiago Cardoso, os progressos no campo da regulamentação da cannabis,
como a liberação, pelo Supremo Tribunal Federal quanto ao cultivo da planta (https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2024-11/stj-autoriza-cultivo-de-cannabis-para-fins-medicinais) têm colocado o Brasil em evidência. Ao todo, este ano, 413 empresas estrangeiras exportaram produtos para o país, o que significou, ainda, diversificação dos itens nesse mercado.
do Tocantins que oferece apoio a pacientes e familiares de pacientes que usam a cannabis medicinal, diz que observa até mesmo pessoas mais conservadoras compreendendo que se trata de algo verdadeiramente eficaz e abandonando o preconceito. “Estão quebrando [a visão preconceituosa ou de que é tabu] depois de ver pacientes”, afirma Jonadabe.
“Esse avanço permite que mais pacientes encontrem soluções terapêuticas adequadas às suas necessidades e posiciona o Brasil como um mercado competitivo e inovador no cenário global”, avalia Thiago. Os frascos com cápsulas e as embalagens de óleos, sprays e tópicos ainda não se sobressaem nas prateleiras por conta dos entraves relativos à legalização. Isso ajuda a explicar por que quase metade dos pacientes medicinais (47%) dependem da importação do produto que necessitam e que conseguem mediante prescrição médica. O restante recorre a farmácias (31%) e associações (22%), sendo que estas exercem um papel fundamental para quem não tem condições financeiras de cobrir os gastos.
Jonadabe Oliveira da Silva, vice-presidente da TO Ananda (https://www.instagram.com/toananda_/), associação
A organização completou dois anos, sempre mantendo o espírito de colaboração e de senso coletivo. Ele conta que a entidade surgiu a partir da experiência da presidente atual, que tomava um analgésico conhecido, bastante forte, para dor, durante muito tempo e resolveu se desintoxicar. Ela, então, conheceu o óleo de cannabis. “E aí, ela foi procurar pessoas que tinham alguma história com o óleo”, esclarece Silva.
Atualmente, a associação conta com o apoio da Defensoria Pública e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e, para o ano que vem, a expectativa é a de que fechem parcerias com laboratórios e instituições de ensino superior privadas. A ampliação da entidade tem dado segurança a Silva, inclusive, para trocar de carreira. “Eu atuo como cabeleireiro, mas estou em transição, estudando o cultivo, o mercado.”